Revista Pergunte E Responderemos No. 005 - Setembro De 1957

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Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESEISTTAQÁO DA EDigÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

5

ERGUNTE e

Responderemos SETEMBRO

1957

BMDICC

'

'

Páginas I.

1)

FILOSOFÍA

E

RELIGIAO

"Como se explica o mal no mundo? Parece incompatível com a existencia de Deus"

3

II. 2)

DOGMÁTICA

"Se afééum dom, porque algumas pessoas nao a tém, dizendo desejá-la tanto?"

IB

III. 3)

LITURGIA

"Porque é celebrada a Missa em latim?"

IV.

12

MORAL E DIREITO

4)

"Que responder quando as pessoas casadas dizem que nao podeiir ter filhos e, por isto, fazem tudo para evitá-los?" 17

5)

"Porque a Igreja proibe a cremacáo de cadáveres?

6)

"Nao se sabendo o que se passou no último instante entre a alma e Deus, porque nega a Igreja assisténcia religiosa (en

7) 8)

terro, Missa solene, etc.) aos suicidas?"

24

"Porque nao colaborar com a Legiáo da Boa Vontade?" .'.

25

"Porque é que os católicos nao aceitam a irmanaíáo de todas as Religióes?"

9)

20

,

y

2T

"Qual a posicáo da Igreja perante os concursos de beleza, táo comuns

em

nossos

tempos?"

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA í

— 2 —

29

«I

'PERGUNTE E RESPONDEREMOS" N.° 5 — Setembro de 1957 I. FILOSOFÍA E RELIGIAO

ARIEL (Rio de Janeiro):

1)

Como se explica o mal no mundo? Parece incompatí-

vel com a existencia de Deus".

A questáo é das mais disputadas de todos os tempos Contudo ela só admite urna solugáo, que vamos procurar expor refletindo serenamente. * Antes de perscrutarmos a origem e a razáo d« ser do mal faz-se mister definir o que é o mal.

'

1. Que é o mal?

1) _ O mal, longe de ser urna entidade positiva.é um nao-

-ser; nao constituí urna afirmagáo, mas urna negagáo.

Com efeito, nao há, nem pode haver, substancia cuja natureza seja por si essencialmente má; esta seria algo de estranho ou absurdo no mundo: nao poderia agir, porquanto nenhum ser age senáo em virtude de urna perfeigáo que ele possui e atua. A serpente, o escorpiáo, a bomba atómica... só produ-

zem sua acao nociva ou má porque néles há urna entidade posi

tiva que o naturalista ou o físico-químico admiram profundamente. O mal, portante, é urna negagao ou ausencia de ser 2) Nao é, porém, qualquer ausencia de ser; é apenas a ausencia do ser devido ou do ser pertencente á natureza de tal individuo (em caso contrario, todo individuo seria mau por nao possuir toda e qualquer das perfeigóes espalhadas pelo mundo). Na prática, ninguém diz que a ausencia de asas no homem é um mal ou urna desgraga, mas todos reconhecem que a falta de olhos ou a cegueira no mesmo é um infortunio, pois o homem nao foi feito para ter asas e* sim, para ter olhos- a criancinha, pelo simples fato de nao falar, nao está afetada'de um mal, ao passo que o adulto na mesma situacáo padece au

téntico mal.

V

Em outros termos: o mal é a falta de conformidade do sujeito com o respectivo arquetipo ou exemplar. Essa falta de conformidade pode-se verificar na ordem física (tem-se entao um corpo doente ou mutilado) ou na ordem moral (tem-se en

tao urna agáo alheia ao Fim último devido ou um pecado). _ 3 —

Resumindo esquemáticamente: Todo SFR por si é um BEM.

ou mera negado, ausencia de entidade nao devida:

p. ex., a falta de asas no homem. Nao é nem Bem nem Mal. ou carencia, privacáo de entidade devisa a natureza O NAO SER é \

na ordem física:

p.

ex.,

na ordem moral:

p.

ex.,

..... falta de vista no homem.

fülta de conformidade

do

ato humano a Deus, Fim

) v MAL FÍSICO, )

( MAL MORAL.

Ultimo.

3) Por conseguinte, o mal supóe sempre um bem, ao qual ele sobrevem; só se encontra onde ha um valor real, e tem proporcóes tanto mais vultuosas quando maior é o bem no qual esteja encravado; basta lembrar a hediondez da perversáo de um genio, da corrupcao de um santo. É o fato de que o mal está sempre aninhado no bem que Ihe dá a aparéncia de enti dade positiva.

A experiencia comprova que o mal nunca pode ser isolado Nao se encontra o mal como tal (a cegueira ou a surdez subsis tentes em si mesmas), mas alguém ou alguma coisa boa em

SEiSS?8 a lacuna'° maí, <° ólho Pr*ado de visáo, o aparelho auditivo carecente de audicao). Nao há quem veja as trevas

ÜÜSlm ° f

10; eSte/? SÓ Sá0 aPreendidos se se apreenderam

previamente os respectivos contrarios (luz e ruido).

Disto se segué que o mal nunca poderá, nem no indivi duo nem na sociedade, ser táo vasto que absorva e destrua todo o bem, pois em tal caso o mal extinguiría o suporte da sua exis tencia e aniquilaría a si mesmo. O mal só pode existir respeitando em certo grau o bem; jamaisrconseguirá triunfar total mente sobre o bem; para ter realidade, ele há de ser uma ne-

gacao menor dentro de uma afirmacao maior (concretamente isto quer dizer que os auténticos motivos de tristeza, como sao i 4

as calamidades físicas para o homem, nunca sao tao ponderosos que sobrepujem os auténticos motivos de alegría; no plano mo ral, nunca o pecado marcará decisivamente o curso da histo ria...)4) Onde há ser limitado, mesclado de nao-ser, há' possibilidade de passar do ser para o nao-ser, da vida para a morte,.

da integridade para a mutilacao. Sómente naquele que é o Ser simplesmente dito, que tem em si mesmo a justificacáo do sea ser, é que nao pode haver deficiencia ou mal; isto se dá apenas

em Deus.

Na raiz de cada criatura, ao contrario, há um vazio, um

nao-ser. A criatura hoje existente nao era, foi tirada do nada;

a sua fonte e razáo de ser estáo fora déla. Por isto ela pode!

tende mesmo, a recair no nao-ser donde procede. Traz em si um principio de deficiencia; é boa, viva, justa, bela até certo grau apenas. Nao se identifica com a Bondade, a Vida, a Jus-

tica, a Beleza... Por conseguinte, urna criatura por si mesma (abstracáo feita de prerrogativa concedida pelo Criador) inde

ficiente ou infalível é contradicao.

Eis brevemente o que se refere á existencia do mal. Pas-

semos agora a questáo:

2.

Donde vem o mal?

Até aqui consideramos o mal no plano abstrato da espe culado. Procuremos ver como entrou na realidade concreta,, histórica.

1) Deus, em seu designio eterno, quis difundir o seu Ser,, a sua Bondade, pois, segundo um axioma já formulado pelos

Neo-platónicos (séc. 3.° d.C), o Bem é essencialmente difusivo de si. Para isto, decretou tirar do nada criaturas que em grau

finito exprimissem, cada qual do seu modo, a infinita Perfei§áo Divina.

2)

Criou, pois, os mineráis, os vegetáis e os animáis irra-

cionais. Destinados a dar gloria ao Criador, éles sao movidos,, nao se movem própriamente, em demanda do seu Fim;_náo tént a capacidade de reconhecer^a Deus e de optar conscientemente-

por seu supremo objetivo.

Ácima dessas criaturas na escala dos seres, e justamente-

destinado a mové-las (suprindo o que lhes falta), acha-se o ho mem. Éste é dotado de conhecimento intelectivo e da liberdadede arbitrio daí decorrente (veja "Pergunte e Responderemos'" 5

3/1957, qu. 4). Deus chamou-o também a dar gloria ao Criador mas de maneira consciente e espontánea. ' A producáo de urna criatura livre representava (em lin-

guagem humana) certo "perigo" ou "risco" para o Criador Nao

há dúvida, ser livre é grande perfeicáo, maior do que ser autó-

mato; e foi esta perfeicáo que Deus visou ao conceber o homem. Todavía, a liberdade de arbitrio criada, justamente por ser criada, é falível, capaz de fraquejar na sua opcáo; represen ta, pois, urna arma de dois gumes...

3) Consoante o seu plano, o Criador, depois de ter feito o homem, colocou-o diante da opgáo: Deus ou a criatura (em ultima análise, o próprio Eu humano). Nesta consulta atuou-se a possibilidade menos feliz...: o homem quis ser como Deus rejeitando o Exemplar Divino. ' Os povos mais antigos costumam professar, sob forma de narrativas graciosas, a consciéncia de que ñas origens da his toria se deu urna desobediencia grave dos homens contra o So berano Senhor, donde resultaram os males crónicos que nos cercam. Cf. E. Bettencourt, Ciencia e Fé na historia dos pri mordios, 3.a ed. AGIR 1958, págs. 178-181. A Biblia refere a mesma verdade no episodio do pecado de Adao e Eva (Génesis 3): o homem livre cometeu urna aeáo (cujos pormenores nao se podem precisar) ,á qual faltava a coníormidade com o Modelo ou com a Palavra de Deus — o que era um mal moral, um pecado; e acrescenta que désse mal moral decorrem, a guisa de sancáo lógica, os males físicos (doencas miserias, morte); a desordem material foi, pois, acarretada

pela desordem espiritual. Donde

LIBERDADE DE ARBITRIO — MAL MORAL, PECADO — MAL FÍSI CO (SOFRIMENTO E MORTE).

Por conseguinte, o principio de toda desgrana vem a ser a livre vontade do homem, que, sem deixar de querer o bem, preferiu, por sua falibilidade natural, o bem aparente ao Bem Real. O primeiro de todos os males vem a ser o mal moral ou pecado; donde se segué que pior é cometer a iniustica (mal mo ral) do que a padecer (mal físico).

Hoje em dia os homens sofreni e morrem poraue o pri meiro pai pecou (afastou-se da Felicidade e da Vida, que é Deus) e transmitiu a seus descendentes urna natureza desregrada, além do mais colocada num mundo em que os seres in feriores nao servem sempre ao homem (como o primeiro no»

— 6 _

mem nao serviu a Deus). Nem todo sofrimento é conseqüéncia

de um pecado pessoal, mas reduz-se, em última análise, á deso

bediencia de Adáo.

4) E porque Deus nao impediu que Adáo pecasse? O Senhor deu ao primeiro pai os meios suficientes para nao pecar; nao quis, porém, intervir na vontade do homem, forgando-a a escolher o Bem Real, pois isto equivaleria a retirar ou mutilar um dom outorgado em vista de maior dignidade e gloria do género humano. Deus é Pai, nao ditador, e quer ser considerado como Pai. Ora, na parábola que Jesús narra em Le 15, 11-32, o pai deixa partir o filho que lhe pede a heranga para ir gozar da vida; embora anteveja os desmandos que o jovem está para cometer, deixa-o ir, justamente porque é pai, nao tirano, e quer usar de confianga ao tratar o seu filho; espera ao menos que éste, fa-

zendo as suas experiencias livremente empreendidas, reconhega mais livre e conscientemente a felicidade que há em aderir ao

Pai. Assim Deus deixou (e deixa) o homem partir pela via do pecado, segundo a sua livre opeáo, pois o que Deus quer é o amor filial do homem, nao a adesáo inconsciente de u'a má quina.

5)

E porque Deus, sabedor dos pecados de Adáo e dos

seus descendentes, nao fez, nem faz, sómente individuos fiéis ao Fim Supremo?

O Senhor certamente poderia proceder assim; só haveria criaturas boas, sem que o Criador tivesse que coagir alguma. Fazendo isso, porém, Ele desfiguraría, mutilaría o conceito de livre arbitrio. Éste implica duas possibilidades opostas urna á outra: o Sim e o Nao. Mais precisamente, em se tratando dos-

homens: implica o Sim ao Criador (o que é o Sumo Bem) ou o

Nao ao Criador (o que é o Sumo Mal). Por conseguinte, é nor

mal, decorrente do conceito mesmo de criatura, e criatura livre, que no conjunto da historia parte dos homens diga Sim a Deus,

optando pelo Bem Real, outra parte diga Nao, falhe, escolhendo

o bem apenas aparente ou o mal; nao se poderia esperar, outro resultado, a menos de um retoque artificioso, pelo qual Deus solaparía a idéia de livre arbitrio; urna historia do género hu mano em que todos só escolhessem o bem, nao representarla mais a natureza da criatura livre, o exercício da liberdade com todas as suas riquezas e sutilezas (a experiencia ensina que, onde muitos tém a possibilidade de fazer alguma coisa, alguns realmente a fazem; num veículo, por exemplo, onde quarenta pessoas tenham a possibilidade de fumar, urna porcentagem de — 7 —

fato fuma; o resultado contrario seria estranho, nao correspon dería á idéia de liberdade de que goza cada qual dos passageiros). ^ 6)

Mas entáo Deus nao será de algum modo culpado do

pecado que o homem comete?

Nao; a culpa do pecado nao recai sobre Deus. Vejamos bem: em todo ato mau (pecaminoso) há sempre urna entidade positiva, boa, pois todo ato é afirmagáo de perfeigóes (só o ser imperfeito nao age ou age pouco); ésse valor positivo se deve, sem dúvida, ao Criador, pois nao há entidade que nao se derive de Deus. O mal sobrevém a essa entidade ou a ésse bem, como sabemos, pois o pecado nada mais é do que um ato (um valor) que carece de algo..., que carece de conformidade com o seu

Exemplar, com o Sumo Bem (Deus). Ora essa carencia ou lacuna nao se deriva, nem pode derivar, de Deus (porque é um vazio); deve-se únicamente á criatura que, oriunda do nao-ser, traz a tendencia ao náo-ser, a tornar o s~er lacunoso. — A título de ilustracao, admitamos que um músico se ponha a tocar com urna flauta desafinada; empregará toda a sua arte para pro-

duzjr a mais bela das melodías com tal instrumentos resultado porém, nao codera deixar de ser desarmonioso, nao por defeito

musical do artista, mas em virtude da "má disposicáo" do ins trumento. Assim Deus, tendo criado o homem livre e aplicando-lhe a mogáo suficiente para o bem, nao o fará produzir um ato bom, se o homem nao estiver bem disposto (o que depende 4e sua vontade livre) a receber a boa dádiva do Senhor.

Como se vé, o mal, em última análise, se assenta sobre o misterio da liberdade humana, que pode escolher o erro sob a aparéncia de bem. É verdade que" Deus quis criar essa li berdade sem desconhecer o "risco" que isso acarretava; Ele o quis, porém, únicamente em vista de um bem maior..'. E Deus sabia que ésse bem maior jamáis seria frustrado, mesmo que a liberdade humana falhasse. Nesta hipótese, o pe

cador se tornaría, sem dúvida, infeliz por causa do seu próprio pecado, mas Deus ainda assim seria proclamado e glorifi cado por ele, pois, em última análise, se o pecador sofre pelo pecado, sofre porque a sua natureza feita para Deus protesta ■contra a violentacao, a detorsáo que a livre vontade do indivi duo lhe impós. Ésse sofrimento vem a ser a afirmagáo solene de que Deus é o Sumo Bem; ora desde que a criatura o afirme, mesmo que esteja infeliz, ela tem pleno sentido no

conjunto dos seres criados, pois o centro em vista do qual tudo

íoi feito e ao qual tudo se destina, recebendo déle seu significa-

-8-1

do auténtico, é Deus, nao o homem (veja-se o que está dito a

S5££° d° *?ferno no fascículo «Pergunte e Responderemos" qu. 5).

7) A última palavra, porém, em se tratando do mal, é dita pela Redencáo e pelo Cristo crucificado. Esta figura pro

jeta luz que penetra todos os aspectos do problema, mesmo os mais misteriosos.

Sim; Deus nao quis ficar indiferente á desgrana do ho

mem. Voltaire dizia a Júpiter que, ao criar-nos, tinha feito "une froide plaisanterie", um frió gracejo. Quanto isto é errado!

Deus levou muito a serio o drama do homem. Embora nao

precisasse da criatura, quis salvar o género humano. Em vista disto, tomou a miserável carne humana fazendo-se "Filho do

Homem", Jesús Cristo, e padeceu a nóssa sorte, morrendo. Cristo, porém, nao ficou na morte; atravessou-a, venceu-a ressuscitando. Com isto comunicou sentido novo e inestimável va lor aos nossos padecimentos; se aquilo que Deus toca nao pode deixar de ser divinizado, a dor e a morte foram divinizadas depois que Cristo as experimentou; deixaram de ser mera sancáo

a fim de tornar-se canal, passagem para nova vida, para a glo ria eterna. Hoje em dia a iustiga cumpre-se no cristao quando este sofre e morre em conseqüéncia do pecado; mas nao é a justica que enfecha a historia do homem; é o amor de Deus Pelos seus padecimentos e morte aceitos em uniao com o Re dentor, o cristao desdiz ao egoísmo, identifica-se com a Justiga do Senhor, tornando-se apto a participar da efusao do amor do Pai Celeste.

Para o homem fiel só há urna desgrasa auténtica: a perda da uniáo com Cristo ou o pecado, pois, enquanto está unido a Deus, o cristao vence com proveito ou mérito os maiores sofrimentos (doenga, pobreza, perseguigóes e morte).

Em conclusáo: o Cristo pregado a Cruz vem a ser o testemunho mais eloqüente de que a existencia do mal, como a conhecemos, nao é incompatível com a existencia de Deus; para quem considera o Filho de Deus crucificado, torna-se vá'qualquer tentagáo de acusar de in/ustiga ou maldade o Criador pelo fato de que Éste permite o sofrimento livremente acarretado pelo homem sobre si mesmp. "Ninguém tem maior amor do que aquéle que dá a vida por seus amigos", dizia Jesús (Jo 15,13). Fora, porém, da perspectiva da Cruz de Cristo o mal constituí problema insolúvel, como atesta Voltaire: — 9 —

"A felicidade é apenas um soiho, e a dor é a reaüdade. Ha vinte e quatro anos que o experimento. Nao sei tomar outra atitudte senfio a de me resignar e dfcer que, assün como as moscas nasceram para ser consu

midas pelas aranhas, assim também os homens naeceram para ser devorados pelo sofrimento".

ó homem, nao queiras sofrer a tal ponto! Lembra-te de

Deus,... de Deus que se revelou em Cristo, e... alegra-te! (Pode-se consultar, a respeito, P. Siwek, O Problema do Mal. Rio de Janeiro 1942, na "Biblioteca Francesa de Filoso

fía" de Desclée de Brouwer).

II.

DOGMÁTICA

I. M. H. (Rio de Janeiro):

2)

"Se a fé é um dom, porque algumas pessoas nao a tém,

dizendo desejá-la tanto?"

Quem sinceramente diz que desejava ter fé. já a tem, em-

"bora disto nao seja consciente.

Em verdade, a fé nao é o produto de um raciocinio que,

tem arquitetado, mova inelutávelmente a inteligencia a dizer "Sim". As verdades que se podem provar racionalmente sao verdades naturais, que nao ultrapassam a exigua capacidade do intelecto humano. Ora as verdades da fé sao estritamente sobrenaturais, transcendem (nao contradizem, porém) nossa fraca compreensáo; elas sao por si evidentes a Deus, e sómente a Deus. Por isto, ninguém de mente sá poderá negar que "dois e dois sao quatro"; esta proposicáo por sua evidencia se impóe ao intelecto, queira-o ou nao o queira a vontade. Ao contrario, a proposlgáo "Deus é uno em sua natureza e trino em suas pes soas" nao é por si evidente de modo a forcar a inteligencia á aceitacáo; o assentimento fica, no caso, dependente da vonta de; e a esta que compete mover a razáo a dizer "Sim" ou "Nao" Donde se vé que, em última análise, o ato de fé depende do

"querer"; nao se espere que decorra de urna iluminacao extra ordinaria da inteligencia (um "estalo") que dissipe as trevas. A fé também nao se identifica com ó deleite, a vibracao sensível, o entusiasmo natural, que alguém possa experimentar quando lhe é enunciada urna verdade sobrenatural. É sempre a vontade que impele á fé; e éste impulso é válido..é a^radável a Deus independentemente das reacóes da nossa sensibilidade mesmo na aridez, na noite dos sentidos. O que a inteligencia

pode fazer, é preparar o ato de fé. examinando as credenciais das proposicñes reveladas (a autoridade de quem revelou, de *

— 10 —

quem transmitiu, os frutos produzidos pelo Evangelho na his

toria, etc.) ou ainda certificando-se, pela análisé dos termos,

propostos, de que os artigos de fé háo sao absurdos nem contraditórios a razáo, mas antes plausíveis.

Justamente porque o ato de fé depende da vontade é que o homem se pode engañar: muitos dos que dizem que desejariam ter fé, na verdade nao qucrcm (talvez sem ter plena consciéncia disto) assumir as conseqüéncias práticas de um ato de fé;

deveriam dizer "Adeus" a um prazer ilícito, e isto éles nao ó

querem ou julgam nao o poder (tenham confianga, porém, e

déem o passo; Deus nao lhes faltará com a sua graga!).

Por conseguinte, quem deseja ter fé saiba que, já por éste simples desejo, encontrou a Deus ou recebeu de Deus o dom da fé ("Nao me procurarías se já nao me tivesses encontrado",

dizia muito bem Pascal, interpretando o próprio Senhor). Só resta a essa pessoa assegurar-se do conteúdo da Revelagáo, das. suas credenciais (caso lhe seja necessário) e dizer o seu "Sim" ao credo, um "Sim" interior devidamente exteriorizado. Doravante tal pessoa procurará viver conforme a doutrina revelada e seus mandamentos; a principio, isto talvez exija grande es-

fórgo; aos poucos, porém, Deus se vai manifestando a quem Lhe é fiel; Ele se dá a conhecer mais e mais pela experiencia, pelo contato vivido. Assim, a fé se vai tornando cada vez maisprofunda e influente na conduta do cristáo.

Alias é importante frisar que a fé tem sua certeza muito firme; esta certeza, porém, nao se deriva da visáo direta do objeto de fé. Donde entao provém? Ela decorre do fato de que "estou unido a Alguém que vé, ou seja, a Deus". É pela doagáo generosa de toda a personalidade da criatura á infinita Personalidade do Criador que o homem mais e mais vé as coisas que Deus vé, como Deus as vé. Saindo de si e do seu egocentrismo

para se entregar ao Senhor, o cristáo se identifica com o modo-

de ver do Altíssimo; e é nesta identificagao que consiste a fé. A minha crenga será firme na medida em,que eu estiver unido por todo o meu teor de vida, (nao sómente pela inteligencia) Aquele que vé a plena verdáde.

Para ilustrar o que é a vida de fé, vem muito a propósito o episodio de Sao Pedro a caminhar sobre as aguas (Mt 14,2333): certa noite, quando remavam sobre o mar da Galiléia, os Apostólos viram ad longe um clarao pouco distinto que os deixou assustados; Jesús, porém, sem demora lhes disse que era

Ele quem assim se manifestava. Entao Pedro, crendo no Se— 11



nhor, langou-se as aguas para Lhe ir ao encontró; e — coisa

inesperada — o mar o sustentou, permitindo-lhe

caminhar

para Cristo. Pedro assumira o risco da fé, e tal risco era bem sucedido... Quando, porém, se achava a meio-caminho, pós-se a considerar o perigo que corría, mais do que a voz do Mestre; em conseqüéncia, inspirado pela visao meramente natural das coisas, concebeu médo e logo... comegou a afundar. Foi entao que Jesús o tomou pela máo e disse: "Porque duvidaste, homem de pouca fé?". A fé de Pedro conseguirá o que o cálculo huma no veio a perder.

Esta passagem do Evangelho contém profunda mensa-

gem: quem quer abrasar a fé, saiba que Deus dá a todo homem

a luz, os sinais suficientes para comec.ar a praticar. Faga entao um ato de fé conseqüente, movendo-se para o Senhor. Isto nao poderá deixar de representar para a pobre razáo humana um salto no "semi-obscuro"; na verdade significa perder consisten cia no "eu" imperfeito para ganhar esteio em Deus Perfeito. Passo ante passo, o individuo percebe o valor do "arriscar-se" por Deus; a Personalidade do Primeiro Ser se lhe vai tornando cada vez mais manifesta, dando-lhe já aqui na térra um ante gozo do Bem Infinito, que sacia os justos no céu. III.

LITURGIA

ISOLINA ROCHA (Belo Horizonte): 3)

"Porque é celebrada a Missa em latim?"

Como é evidente, nao há preceito divino concernente ao idioma do culto cristáo. Jesús na última ceia instituiu a S. Eu caristía falando aramaico, a linguagem usual doseu povo. Do mesmo modo os Apostólos e as gerac.óes subseqüentes de cris-

táos, propagando o Evangelho fora da Palestina, celebravam a Liturgia servindo-se do idioma local: grego, armenio, etíope, geórgio, etc. Com o decorrer dos tempos, porém, foram-se diversificando as circunstancias da vida civil no Oriente e no Ocidente.

No Oriente, os bispos e missionários nao hesitaram em ce

lebrar o culto em novas línguas, desde que correspondessem aos costumes dos povos a quem pregavam. Assaz significativo

é o caso dos Santos Cirilo e Metódio; estes, provindo de Constantinopla, no séc. 9.° puseram-se a evangelizar os eslavos da Moravia; seguindo o costume dos missionários bizantinos, tra— 12 —

duziram a S. Escritura e as preces da S. Missa para o eslavónico, língua materna dos recém-convertidos! Alguns cristaos, porém, duvidaram da liceidade desta praxe; alegando que o título da cruz do Senhor fóra redigido em hebraico, grego e latim apenas, concluiam que só estas tres línguas eram dignas de louvar a Deus. Ao argumento respondeu em 880 o Papa Joáo VIII:

"Nao é contrario á reta fé e doutrina cantar a Missa ou ler as Escrituras do Antigo e do Novo Testamento bem traduzidas e interpretadas, nem sal modiar as horas canónicas, em língua eslava, pois Aquéle que fez as tres íinguas principáis, criou também todas as outras para o Seu louvor e gloria" <Bula "Industriae tuae").

Conservando o costume tradicional até nossa época, os missionários bizantinos (separados de Roma ou cismáticos desde o séc. 11) adotam no cuito a língua dos povos recém-catequizados: ñas regioes bálticas recorrem ao alemao, ao estonio,

ao letónio; ñas térras do Alaska e vizinhangas, ao esquimo é

até a idiomas dos indios; na China e no Japáo, ás respectivas línguas... Também certos grupos de cristaos orientáis e esla

vos unidos a Roma guardam suas línguas litúrgicas próprias (grego, sirio, etíope, páleo-slavo).

No Ocidente, a historia tomou rumo diverso. No decorrer do séc. 3.°, a língua grega, comum no Imperio Romano, foi ■cedendo ao latim, de sorte que a liturgia crista, a partir do séc. 4.°, já era exclusivamente celebrada em latim. Nos sáculos seguintes, o Imperio Romano sofreu as invasoes dos germanos, vindo Roma a cair em 476. Sobre as ruinas

da antiga civilizagáo formou-se outra, a qual, aproveitando os valores da cultura romana, obedecía a urna inspiracfio funda

mentalmente crista. Assim o latim, idioma do antigo Imperio do Ocidente, ficou sendo a língua de nova civilizacao ou da civilizacáo ocidental crista e, por conseguinte, também o idio ma da liturgia. Ñas diversas regioes da Europa através da Ida-

de Media iam-se formando línguas neo-romanas e germánicas,

pobres, porém, e insuficientes para exprimir o sentido rico das .fórmulas latinas. Por isto até o fim da Idade Media nao se

punha própriamente a quéstáo do idioma a ser usado no culto; embora as línguas novas fóssem enriquecendo o seu vocabula

rio e literatura, o latim cbntinuava a ser na Europa a língua

dos documentos governamentais, dos tribunais, dos estudos, em urna palavra: o idioma da vida seria, ao passo que as novas

línguas serviam principalmente para a literatura popular < novelas, folclore).

— 13 —

No séc. 16, porém, o latim já nao era entendido senáo pelos eruditos; principalmente os humanistas, á guisa de élite, o cul-

tivavam. Istolevou o rei Francisco I da Franca a decretar em 1536 que para o futuro todos os documentos oficiáis seriam

redigidos em francés; o latim, porém, continuou em uso ñas

Universidades, ñas casas dos eruditos e na Igreja.

Foi no mesmo século que os protestantes tentaram reme

diar á separagáo que havia entre a língua vulgar e a do culto,

propugnando a celebragáo da liturgia em vernáculo. Lutero, a

principio, hesitou bastante sobre o problema,'dada a formagáo humanista de que estava imbuido; em 1923 publicou em latim a "Formula Missae et Communionis pro Ecclesia Wittembergensi"; em breve, porém, teve que ceder as tendencias dos outros ps.-reformadores da Alemanha e da Suica (Zwingli, Calvino), que desejavam total mudanga do culto.

A adogáo do vernáculo na oracáo oficial dos cristaos nácr constituía tese em si condenável (antes, correspondia á praxe antiga da Igreja). Contudo as circunstancias em que os ps.-re formadores a propunham só podiam provocar suspeita por par te do Magisterio eclesiástico; com efeito, ao postulado da lín gua nacional na liturgia se prendiam falsas idéias dos Protes

tantes relativas ao culto cristao: entendiam a liturgia como simples instrumento de catequese e pedagogía para o povo, ne gando o valor transcendente da Missa e dos sacramentos; por isto julgavam que, se o culto nao fdsse celebrado em vernáculo carecería de todo valor e utilidade. ' Esta maneira de por o problema fez que as autoridades da Igreja se manifestassem contrarias á tese protestante; o Conci lio de Trento (1543-1565) recusou-se formalmente a mudar a língua da liturgia; esta, mesmo celebrada em latim e nao sem-

pre compreensível para o povo, nao se tornaría inútil, pois os seus frutos nao dependem tanto da compreensao humana ou

do "opus operantis" como do poder santificador da graca e dos

sacramentos ("opus operatum").

De resto, a tese dos Protestantes fóra precedida de dois movimentos análogos durante a Idade Media. Nos séc. 11/12 eram os Albigenses ou Cataros, corrente herética fanática, que pror pugnavam aadogao da língua popular na liturgia; mas o ri tual-francés que áp'resentavam, estava longe de ser a tradugao

das fórmulas latinas; constava quase únicamente de leituras do Novo Testamento e da recitagáo do "Pai Nosso", que os Al

bigenses julgavam ser a única prece válida. Como se entende, 14

a inovagáo propugnada nao logrou aceitacáo por parte da Igreja. No séc. 15, os Valdenses (discípulos de Pedro Valdes). tendo-se unido aos tchecos Hussitas (seguidores de Joao Huss), puseram-se também a apregoar a mudanc,a da língua do culto sagrado; contudo esta tese era veiculada com um conjunto de heresias, que so serviam para a desacreditar aos olhos da autoridade eclesiástica.

Depois do solene pronunciamento do Concilio Tridentino, o vernáculo foi de novo reivindicado para a liturgia, sempre, porém, por correntes heréticas e como expressáo capciosa de erros dogmáticos.

Tal foi, por exemplo, a atitude dos Jansenistas nos séc. 17/18; desejavam a celebragáo do culto em francés a fim de

propagar de maneira mais suave e penetrante idéias heréticas.

A artimanha désses inovadores chegava ao ponto de só pro-

pugnarem explícitamente a recitagáo do Canon (parte princi

pal) da Missa em voz alta; caso isto fósse praticado (uso que parecía de todo inocente), esperavam que o povo em massa se pronunciasse em favor do vernáculo na liturgia. Aconteceu

mesmo que em 1709 o Cónego Ledieu editou o "Missal Melden-

se" ou "deMeaux", com a seguinte particularidade: no Canon

da Missa as palavras da Consagrado eram seguidas do sinal

B./ (resposta) e de "Amen"; o mesmo "R/ Amen" se via no fim de todas as preces do Canon que terminam em "Per Christum Dominum Nostrum"; dando lugar explícito ás respostas dos fiéis, o novo Missal coagia o celebrante a recitar o Canon em voz alta.

As astutas cavilares foram decididamente rejeitadas pelos Sumos Pontífices; o Papa Alexandre VII aos 12 de Janeiro de 1661 chegou a condenar urna traducáo francesa do Missal e proibiu fóssem feitas outras, mesmo para o uso particular dos

fiéis; ainda no século passado, Pió IX por duas vézes rejeitou

traducoes vernáculas do Ordinario e do Canon da Missa (nao, porém, de outras partes do Missal). A atitude da Santa Sé se

enrijeceu quando no fim do séc. 18 o movimento de Pistóia (Italia), também imbuido de heresias, reafirmou o postulado ■de vernáculo na liturgia;. Pió VI o rejeitou em 1794.

Eis, porém, que, passada a onda jansenista-galicana, a partir de fins do século passado térh sido levantadas algumas das proibicóes antigás: em 1877, por exemplo,-a Sagrada Congregacáo dos Ritos permitiu de novo o uso de traducóes ver náculas do Missal devidamente aprovadas pelos bispos. Em

jiossos dias de maneira geral as traduces dos livros da sagra— 15 —

da liturgia nao sómente nao sao proibidas, mas tém sido mais e mais incentivadas pela autoridade da Igreja e multiplicadas por teólogos e filólogos eminentes. Mantém-se, porém, o latim como língua oficial da Liturgia Romana.

Éste breve esbóco histórico dá a ver que a adesáo fiel da

Santa Sé ao latim nao se deve a motivos dogmáticos, mas úni

camente á intengáo de preservar incontaminado o dogma ca tólico, do qual a S. Liturgia é expressivo porta-voz. A historia atesta um fato (contingente, nao há dúvida, mas real): os inovadores da língua do santuario no Ocidente foram geralmente corruptores da fé que se queriam servir da liturgia paira propa gar o erro. Temendo éste perigo, a Santa Sé, do século 16 para

cá, renunciou ao costume de fazer coincidir o idioma do culto com o idioma contemporáneamente falado pelo povo. O latim, principalmente nos séc. 16/18, tornou-se a pedra de toque da ortodoxia. Contudo pode muito bem dar-se que, urna vez cessado o risco de heresia, as autoridades eclesiásticas adotem os idiomas nacionais na liturgia. É, de resto, o aue era parte já tem acontecido em diversos países, inclusive o Brasil: algumas secgoes do ritual do batismo, do matrimonio e dos sacramen

táis sao ditas na língua local. Em 1920, por exempío, foi conce dida aos católicos da Tcheco-Slováquia a celebragáo da S. Mis-

sa de certas festas em língua páleo-slávica; quanto ao idioma vernáculo, é usado oficialmente na Tcheco-Slováquia e na Franga por ocasiáo das Missóes solenes, para se cantar a epís tola e o Evangelho depois que tenham sido cantados em latim. Contudo, ao encerrar o Congresso Internacional de Litur gia celebrado em Assis no mes de Setembro de 1956, o Santa Padre Pió XII declarava:

"Serla supérfluo lembrar ainda urna vez que a Igreja tem graves motivos para manter firmemente no rito latino a obrigacáo incondicional, para a sacerdote celebrante, de usar a língua latina, e de desejar igualmente, quando o canto gregoriano acompantoa o santo Sacrificio, que isto se faca na lin-

gua da Igreja" (o texto completo se pode encontrar na "Revista Eclesiástica

Brasileira" XVI [1956] 1004-1014).

É certamente a solicitude pela unidade do rebanho que

leva o Santo Padre a se manifestar em tais termos. Por ora,

enquanto se'lhes pede que participem da Liturgia em latim,.

saibam os fiéis que a mudanga de língua está longe de ser condigáo essencial para usufruirem os beneficios da S. Eucaristía; esta é por excelencia o "misterio da fé". A fé, portante, será,

sempre o instrumento primordial para se perceber o conteúdo» da'SJ'Missa e beneficiar do imenso dom de Deus. Donde se vé a — 16 —

imperiosa conveniencia que há em renovar, juntamente com oidioma da Liturgia, a fé, a formac.áo crista da sociedade con temporánea. Aquéle empreendimento sem éste nada resolvería. IV.

MORAL E DIREITO

LEGIONARIA (Rio de Janeiro): 4) "Que responder quando as pessoas casadas dizem que nao podem ter filhos e, por isto, fazem tudo para evitá-los?"

A atitude que convém a cónjuges católicos (e a seus inter locutores) em tal situado depende evidentemente do conceito

cristáo de matrimonio. Para o discípulo de Cristo, o casamen to é um estado que ele assume por chamado d* Deus, nao pelo mero desejo ou pela necessidade de satisfazer á natureza; ma trimonio, portante, vem a ser tarcfa, missao. Os atos da vida conjugal nesta perspectiva nao sao regidos pelos caprichos nem pela procura do gozo, mas pela Lei de Deus, que visa fazer désses atos o instrumento de santificacao dos cónjuges e de procriacáo de novos cidadáos para o Reino de Deus. Destarte sa

crificio e abnegagáo entram necessáriamente no programa de vida conjugal de um católico. Em particular, no que diz respeito á procriacáo, que é o fim primario do casamento, há de se fazer sentir essa exigencia de heroísmo. O Senhor Deus em sua sabedoria quis associar á fungáo

sexual ou aos atos da reprodujo da especie um certo prazer, como o associou também ao ato de comer, que visa a conservagao do individuo. Ésse deleite tem o sentido de mero estímulo para facilitar o preenchimento da fungáo ou a consecucáo de determinado fim; nao pode ser cobicado como finalidade ex clusiva; a reta ordem manda que o homem só consulta no prazer do ato conjugal caso aceite a possível fecundagáo que lhe está anexa; jamáis, portanto, empregue meios artificiáis para gozar sem ter que arcar com as graves responsabilidades

da paternidade ou da maternidade. De "resto, a idéia de que as

fungoes da procriacáo sao' algo de que o homem nao pode dispor a seu contento, maB' de que deve prestar contas ao seu

Autor, está tao arraigada ña consciéncia dospovos que, explí

cita ou implícitamente, era afirmada ñas religioes antigás; estas costumavam associar a fecundacáo a urna intervengáo da Divindade e cercavam de respeito religioso tal fungáo. Déstes principios .decprre que dqis cónjuges católicos nao dirao fácilmente que nao podem ter filhos. Veraáde'é que nin—

17 —

guém está obrigado a procriar (o preceito "Crescei e multiplicai-vos" se. dirige á especie humana, nao a todo e qualquer in dividuo); aqueles, porém, que Deus chamou ao matrimonio-

sao muito especialmente incumbidos desta fungáo pelo Cria dor, e déste recebem a graca necessária para satisfazer a tal

«encargo. Por conseguinte, nem o comodismo nem o egoísmo covarde nem a vaidade seráo motivos válidos para que um

cónjuge ou um casal católico pense em "limitacáo de prole". Admita-se, porém, que motivos reais existam para dissuadir a procriagáo; tais seriam débil saúde da esposa, perigo de transmissáo de doencas, penuria de recursos financeiros, difi«uldades para educar a prole, etc. Em tais casos, os cónjuges ■católicos recorrem

a) ou á continencia total, que ao menos transitoriamente, <em período de crise esporádica, poderá ser praticada sem gran de dificuldade;

b) ou á continencia periódica, regrada segundo a tabela de Ogino-Knaus ou conforme os métodos ainda mais recentes de medicáo da temperatura ou da glicose. Ésses processos, in dicando as fases em que a mulher é fecunda, possibilitam aos

«esposos escolher, para a realizacáo do ato matrimonial üni-

.camente os períodos de esteriiidade natural. Com efeito, a partir de 1928 os médicos K. Ogino, japonés, <e H. Knaus, austríaco, fizeram estudos que hoje em dia perünitem calcular quais os dias de infecundidade da mulher. Ser- ■ Tóndo-se déste recurso por motivo serio, os cónjuges nao pe•cam, pois de modo nenhum mutilam a natureza para evitar a prole (e nisto se diferenciam daqueles que separam da consumacáo do ato o prazer anexo a éste); praticam o comercio sexual em pleno acordó com as leis do organismo, aproveitan-

do-se exclusivamente dos períodos de esteriiidade natural. Esta •exclusividade nao lhes pode ser censurada desde que razoes imperiosas o ditem; a Lei de Deus nao exige "nascimentos em
"Podem os ídnjugos ser dispensados dessa obriga^áo positiva (de procelas) anesmo por multo tempo, até mesmo pela duratáo inteira do matrimonio, por motivos serlos, como os de índica?áo médica, eugénica, económica, social.

Honde se segué que a observancia das" épocas Infecundas pode ser lícita sob
— 18 —

consoante um juízo razoável e justo, nao há semelhantes motivos gravea,, quer pessoais, quer decorrentes das circunstancias exteriores, a vontade, nosesposos, de evitarem habltualmente a fecundidade da sua uniao, embora continúen» a satisfazer plenamente a sua sensualidade, só pode provir de

urna falsa apreciacáo da vida e de motivos estranhos ás regras da sá moral. Contudo talvez insistáis agora, observando que, no exercíclo da vossa profissáo, vos achais ás vézes diante de casos multo delicados, em que naose pode exigir se corra o risco da maternidade e em que mesmo esta últi ma deve ser absolutamente evitada, casos em que. p-r outro lado, a obser vancia dos períodos agenésicos ou nao proporciona seguranza suficiente ou nao'

pode ser praticada por outros motivos

E perguntais como é que entáo ainda

se pode falar de um apostolado a servico da maternidade.

Se segundo o vosso juizo, seguro e experiente, as condicóes requerem. absolutamente um "nao", isto é, a exclusáo da maternidáde, seria um erro e

um mal impor ou aconselhar um "sim".

De fato, trata-se aqui de fatos-

concretos e, por conseguinte, de urna questáo nao de teología, mas de medi

cina; ela é, pois, da vossa competencia... Mesmo nesses casos extremostoda manobra preventiva e todo atentado direto á vida e ao desenvolvimento do germen sao proibidos em consciéncia e excluidos;... um só caminho fica aberto: o da abstencáo de toda atividade completa da facuMade natural. Ai o vosso apostolado obriga-vos a ter um juízo claro e seguro c uma calma firmeza.

Mas objetar-se-á que uma tal abstencáo é impossivel, que semelhante

heroísmo nao é praticável... E, para provar isso, aduz-se o seguinte racio cinio: Ninguém é obrigado ao impossivel e nenhum legislador razoável pode

ser suspeito de querer obrigar por sua Jei mesmo ao impossívCK Mas, para, os esposos, a continencia de longa duragáo é impossivel. ESgo nSo sio

obrigados á continencia; a Lei Divina nao pode ter éste sentido.

Assim de premissas parcialmente verdadeiras tira-se uma conseqfiéncia:

falsa. Para disto nos convencemos, basta inverter os termos do raciocinio: Deus nao obriga ao impossivel. Ora Deus obriga os esposos a continencia, se a sua uniáo nao se pode efetuar segundo as regras da natureza. nestes casos a continencia é possível

Logo

Por conseguinte, no exercicio da vossa profissáo e no vosso apostolado-

nao vos deixeis perturbar por ésse termo pomposo de impossibilidade... É.

fazer injuria aos homens e as mulheres do nosso tempo consiaera-los incapazes de um heroísmo continuo. Hoje em dia por muitos motivos... o heroís

mo exerce-se em grau e em medida que nos tempos passados se tóriaitn.

acreditado impossíveis":

(Pode-se ler o discurso por inteiro na "Revista

Eclesiástica Brasileira" Xn [1952] 193-208).

As palavras do Santo Padre, suficientemente claras, pensam comentarios. Em última análise, constituem uma. exorta§áo a que os cónjuges cristáos nutram entre si o espirito? de fé, diferente da merítalidade do mundo.

Ainda se pode observar qué a doutrnia exporta" nada-tem

que ver com o Malthusianismo, como é comumente entendido" restricáo da natalidade mediante o emprégo de meios artifi

ciáis. De resto, o ministro anglicano Roberto Malthus. em sea

livro '*An essay -on the. principie jof pqpulation" (1798), mostrava-se preocupado com as desoladoras condicóes éconómi— 19 —

«as em que viviam os povos e propunha-se remediar ao mal

pela diminuicao do número de nascimentos; nao entendía, porém, de modo nenhum o uso de meios anticoncepcionais mas apenas a abstencao de relagóes sexuais anteriores ao casa

mento, a continencia por parte dos cónjuges que nao pudessem

gerar ou educar filhos sadios de corpo e alma'; Malthus chegava mesmo a aconselhar o celibato casto. O verdadeiro arauto e

sistematizador do controle de natividade é, antes, o filósofo e matemático N. Caritat, marqués de Condorcet, fautor e depois vituna da Revolucáo Francesa; a ele se deve a doutrinacáo concernente ao emprégo dos meios anticoncepcionistas. C. S. F. (Rio de Janeiro):

5)

"Porque a Igreja proibe a cremacao de cadáveres?"

Para se entender aposicáo da Igreja, será útil breve esbo

zo histórico da maneira de tratar os cadáveres

Na medida em que se pode julgar, o homem da pré-história praticava a inumacáo dos mortos, como o atestam as ossa-

das fósseis encontradas ñas cavernas: em Aurillac, Cro-Magnon, Mentón, teráo existido lugares de sepultura'regular á entrada dos quais havia restos de sacrificios e banquetes cele brados em honra dos mortos. Contudo a cremacao parece ter

estado em uso na mesma época, pois se encontram também onzas de cadáveres humanos.

Nos tempos históricos anteriores a Cristo, o modo de tratar

os corpos dos defuntos variava de povo a povo, com predomi nancia, porém, da inumacáo.

Entre os romanos, a praxe mais antiga era o sepultamento. Sob a República, porém, comecaram a aplicar o fogo aos cadá veres, julgando que assim ajudariam o espirito a se libertar do

corpo; a cremagáo contudo nunca suplantou por completo o

rito primitivo; a Lei das Doze Tábuas no ano de 308 da fun-

dagáo de Roma reconhecia a plena legitimidade de um e outro costume.

Os semitas em geral, inclusive os israelitas, nao queima-

vam, mas sepultavam os seus mortos. A Lei de Moisés manda-

va inumar os supliciados no dia mesmo da execugáo capital (cf. Dt 21,22s); os judeus só incineravam em casos extraor-' dinários de guerra ou peste; tenham-se em vista a sorte/do&cadáveres de Saúl e seu filhos (1 Sam 31,12s) e a profecía de

peste consignada por Amos 6,9s.

Eis o fundo ao qual sobreveio o Cristianismo. — 20 —

Éste nunca praticou senáo a inumagao. Até mesmo com perigo de vida os antigos discípulos de Cristo' recolhiam os

restos moríais dos seus mártires para os sepultar. Os pagaos por vézes se compraziam em violar os túmulos dos cristáos; embora o pudessem evitar praticando a cremagáo, os fiéis nao adotavam éste costume. Os perseguidores, em certas casos, mandavam mesmo queimar os cadáveres dos mártires e atirar suas cinzas ás aguas ou aos ares, entendendo assim combater a fé crista na ressurreigáo; ao que retrucavam os fiéis que nem por ésse recurso ficaria coibida a Onipoténcia Divina, que prometeu ressuscitar os mortos.

Terminada a era antiga, Carlos Magno em 789 publicava severa lei contra a cremagao ainda praticada esporádicamente como reminiscencia do paganismo; ao transgressor seria im posta a pena de morte.

Em plena Idade Media (séc. 13/14) tem-se noticia de cris

táos que faziam ferver os cadáveres em agua, principalmente

os de dignitários e nobres, a fim de separar carne e ossos e os

transportar mais cómodamente para a sepultura! Contra tal uso, tachado pelo Papa Bonifacio VIII de "ímpio e cruel", a

Igreja reagiu punindo de excomunháo os que assim procedes-

sem (Extravag. com. 1. III, t. VI, Decretal." "Detestandae feritatis").

Na Idade Moderna, representantes da Revolugáo France

sa, mediante urna petigáo apresentada ao Cónselho dos Quinhentos no dia 21 do Brumário do ano V (11 de Novembro de 1796), tentaram implantar a cremagáo na Franca, sem encon trar, porém, o devido apóio : Finalmente, a partir de fins do século passado, a Magonaria, propugnando tal praxe, tem con seguido o reconhecimento oficial da mesma por parte de alguns governos. A campanha se abriu na Italia, onde Bru-

netti em 1872 fez algumas experiencias; em 1873 o Senado Ro mano permitiu ás familias recorrer a tal rito. Em conseqüén-

cia, o primeiro caso de cremagao legal se registrou em Miláo aos 22 de Janeiro de 1876. Por essa pcasiáo, fundaram-se em Dresden, Zürich, Gotha, Londres e París, numerosas socieda des que visavam propagar a praxe. O sucesso por elas obtido explica a existencia, nos'nossos dias, de estabelecimentos e fornos crematorios na Europa, nos Estados Unidos e em outras nágoes; contudo, fora do Japáo (onde a incineragáo parece ser praticada sem repugnancia alguma por parte do povo), o seu funcionamento é relativamente exiguo; os que desejam ser incinerados ainda constituem urna excegáó. — 21



E essa excegáo, por muito que se queira justificar, conti

nua sendo reprovada pela Igreja, a qual manda aos seus fiéis: 1) abstenham-se de mandar queimar os seus próprios ca dáveres ou os de outras pessoas;

2)

tenham por inválida a ordem de cremagao do próprio

4)

nao déem seu nome a sociedades promotoras da inci-

cadáver expressa por outrem, quando ainda em vida; 3) os serventes e oficiáis subalternos nao colaborem em cremagáo a nao ser que conste claramente que tal servigo, no caso dado, nao significa reprovagáo da doutrina católica nem profissáo de ideología acatólica; neragáo.

Em particular, a respeito de membros (bragos, pernas, etc.) amputados em intervengóes cirúrgicas, Religiosas que trabalhavam num hospital dos Estados Unidos da América, nao sabendo como proceder, interrogaram a Santa 3é a propósito; aos 3 de Agosto de 1897 receberam em resposta as seguintes normas: seria desejável, ñas dependencias do hospital se reservasse pequeño espago de térra, que, após a béngao do Ritual,

ficasse destinado a receber os membros extraídos de católicos; caso, porém, esta praxe fósse difícil ou inexeqüivel, se conformassem aos costumes vigentes no lugar, ou sepultando em térra profana ou, se os médicos o mandassem, recorrendo á cremagáo.

E quais os motivos de tal atitude da Igreja?

Nao é própriamente o dogma, nem mesmo o da ressurrei-

gáo dos corpos, que a inspira; o cristáo sabe perfeitamente que na ccnsumagáo dos tempos o Senhor poderá reconstituir o corpo próprio a cada alma humana, independentemente da sorte que tenha tocado ao cadáver.

Contudo a Igreja se deixa mover

1)

pelo respeito á natureza. O senso cristáo reverencia as

obras de Deus; julga nao lhe ser lícito retocar o curso natural das coisas instauradas pelo Criador; é esta urna norma geral que se aplica ao caso da decomposigáo dos cadáveres e (com muito mais preméncia ainda) a tudo que diz respeito á geragao de novo ser humano; 2) pela consciéncia da dignidade sobrenatural do corpo humano. O Filho de Deus, encarnando-se, tccou e santificou a carne. Mais ainda: esta, pelo-batismó; é feita portadora de Deus, templo da Santíssima Trindade; a Eucaristía a póe em

contato íntimo com o corpo santíssimo de Cristo. Sendo assim,

repugna espontáneamente ao cristáo tratar o corpo humano, principalmente o corpo de quem pelo sacramento foi exertado i'

— 22 —

no Cristo, como se trata urna porgáo de materia tornada inútil, lancada ao lixo e destruida pelo fogo; a carne que* conforme Santo Agostinho, "o Espirito Santo usou para toda obra boa" (De cura pro mortuis gerenda 2), merece respeito, respeito que os antigos já na pré-história tributavam aos seus mortos, em-

bora se inspirassem em motivos diferentes. Ó sepultamento ex

prime bem a fé na ressurreicao ou a idéia de que a morte é, como diziam os antigos, um sonó; e o cemitério (koimetérion, em grego), um dormitorio, onde os defuntos aguardam o dia de

despertar e ir ao encontró do Senhor. Se é com a morte que co-

meca a verdadeira vida, porque praticar com os cadáveres um rito que insinúa a total dissolugáo do sujeito?

3) Acresce que nos tempos modernos o movimento pro-cremacao tem sido inspirado pela ideología racionalista da Eeyolucao Francesa e da Maconaria, e freqüentemente equi vale a urna profissáo de fé anti-catóüca ou de materialismo. Os que propugnam a incineracúo em nossos tempos nao raro

visam em primeiro lugar incutir concepgóes filosóficas contra rias ao Cristianismo.

Sao estes os motivos da posicáo da Igreja. Em casos espo

rádicos, porém, principalmente quando se trate de salvaguar dar o bem comum ameacado por guerra ou epidemia, as auto ridades eclesiásticas nao se opoem á crema§áo.

A éste propósito nao se poderia objetar que, mesmo fora dos casos de epidemia, a cremagáo, suprimindo o perigo de

emanaeoes nocivas dos cadáveres, é mais condizente do que a

Inumacáo com a higiene pública. Os peritos médicos ensinam

que a putrefagáo normal no seio da térra equivale a lenta cre-

macáo, cujos produtos, quer parciais, quer definitivos, sao inócuosi nao acarretando perigo nem para as aguas nem para a atmosfera; com efeito, o poder natural de depuracáo do solo impede que as aguas provenientes de terrenos de inumacáo

venham á flor da térra contaminadas; também se tem averi guado que a composicáo do ar dos cemitérios nao difere da das cidades adjacentes. Naturalmente, para garantir essa imunidade, impóem-se cautelas de higiene (certa distancia das aglomeracóes de casas,^drenagem adequada...) a que se deve conformar qualquer projeto de cemitério.

Ademáis pesa em favor do sepultamento um motivo de in-

dole médico-legal: excetuados certos casos de envenenamento,

a crema§áo extingue qualquer vestigio de morte violenta e torna-se impossível um ulterior exame do cadáver; o sepultamen_ 23 —

to, ao contrario, sempre deixa margem a urna autopsia judiciaria. 6) "Nao se sabendo o que se passou no último instante entre a auna e Deus, porque nega a Igreja assistencia religiosa (enterro, Missa solene, etc.) aos suicidas?"

A legislacáo da Igreja, no assunto, se pode circunscrever nos seguintes termos: a)

visa apenas aqueles que recorrem "de maneira delibe

rada, deliberato consílio" (cf. can. 1240 § 1 n. 3) ao suicidio; o que, na interpretacáo comura dos canonistas, significa "aque les que se suicidam sem estar em reconhecidas condicóes de

amencia ou neurastenia crónica, aguda", pois tais já nao sao

responsáveis por seus atos. Embora nao se possa dizer que todo suicida carece do uso de suas faculdades mentáis, muitas vézes é difícil averiguar se algüém se suicidou "de maneira delibera da", como diz o Direito Eclesiástico; sómente Deus vé a consciéncia e os fatores que em grau maior ou menor a inibem.

Desde, porém, que conste que o suicidio nao foi premeditado nem voluntario, nao se aplica a sancáo eclesiástica; b) supóe-se que tais suicidas nao tenham dado sinal de retratacáo e penitencia antes de expirar. O Papa Gregorio XVI em sua carta "Officium" de 16 de Fevereiro de 1842 declarou nao ser lícito admitir, sem mais, que todo suicida nos últimos instantes se arrepende de suas faltas. Para se afirmar isto em

determinado caso, requerem-se indicios explícitos, como o ós

culo do crucifixo, o desejo de estar com um sacerdote ou algu-

ma atitude semelhante. Caso se tenha verificado algum déstes sinais, é preciso torná-lo notorio, a fim de evitar o escándalo público;

c) tém-se era vista únicamente os suicidas reconhecidos como tais. Por conseguinte, para tratar alguém como suicida, nao basta encontrar um cadáver enforcado, afogado, morto por urna arma, aínda que esta se ache junto aos despojos do defunto. Pois bem; a quem morra ñas circunstancias de delito áci ma enunciadas, a Igreja de modo nenhum atribuí a condenagáo eterna. Sómente Deus sabe o que sé dá no foro interno da alma, quais as suas últimas disposicóes depois de desferir o golpe mortal; um suicida que se tenha sinceramente arrepen-

dido, embora nao haja podido manifestar-se como tal, recebe de Deus o pleno nerdáo. •/

— 24 —

Contudo, abstrapo feita do foro interno, a Igreja, a.bom direito, julga que nao pode dar aos seus fimos que morrám

em aberta contradicho a Deus e á natureza o mesmo tratamente que aos demais; a ac.áo má (na medida em que ela apa rece ao público) deve ser denunciada e repudiada. Por isto é que os cánones eclesiásticos privam de certas honras os ditos delituosos, negando-lhes o ritual da sepultura eclesiástica e a celebragáo pública, solene, da Santa Missa em sua intencáo; nao lhes recusam, porém, a aplicacao do S. Sacrificio em ca-

ráter particular ou privado. Ora os católicos sabem aue os frutos do Sacrificio Eucarístico de modo nenhum depéndem da solenidade externa que se dá ao rito; sendo assim, o suicida nao é destituido dos sufragios que se costumam fazer na Santa Igreja em prol dos defuntos; caso esteja no purga

torio, pode ser beneficiado como as demais almas ai existen tes.

Vé-se, pois, que a legisla§áo eclesiástica nao

implica

algum juízo sobre o destino eterno da alma do suicida. BOA VONTADE (Teófilo Ottoni, Minas):

7) Porque nao colaborar com a Legiáo da Boa Vontade?"

Há certas palavras que fazem vibrar o íntimo da alma hu

mana, pois representam elevado ideal; tal, por exemplo, a ex-

pressáo "Boa Vontade". É o que em grande pairte explica a di-

fusáo da "Legiáo da Boa Vontade" entre nos. Esta sociedade parece estimular ao extremo a nobreza de afetos; dir-se-ia que •o "legionario" é o homem magnánimo por excelencia, capaz de abracar a todos e a tudo em sua mente dilatada, ao passo que os adversarios da LBV fazem o papel de mesquinhos, into lerantes. .. Atraídos por tal cartaz, muitos católicos aderem á Legiáo. Na realidade, quem reflete um pouco percebe que a cam-

panha da LBV é um dos mais requintados fatores da destruigáo de qualquer empreendimento. Vejamos bem. Aquilo que tanto seduz na campanha de Alziro Zarur, a

pregac,áo da caridade, nao | em absoluto próprio da Legiáo da

3oa Vontade; o Santo Evangelho já há vinte séculos o ensina através da Igreja Católica; nesta nao faltam instituí?,oes de be neficencia (orfanatos, asilos, colegios, etc.) que, talvez por serem tradicionais, menos chamam a atengáo e as vézes se váo

.sustentando com dificuídade. "Quotidiana vilescunt", diz o _ 25 —

adagio; o que é costumeiro perde o seu caráter interessante, nem se nota mais; ao contrario, as novidades seduzem as massas, que pouco refletem. Nao é preciso, pois, que um católico se inscreva na Legiáo da Boa Vontade para que tenha ocasiáo de trabalhar em prol dos necessitados; torne-se, antes, um católico de fibra, o qual nao se dá por satisfeito com rótulos ou palavras apenas.

O que caracteriza o movimento de Zarur é "querer desconhecer a filosofía ou a religiao que cada um professa", é querer

fundir todos os que créem (no que quer que seja) e os que nao créem, mima só campanha.

Mas nao seria isto ótima coisa?

Tal postulado implica necessáriamente o fracasso do bem

ou da boa vontade. Com efeito, nenhum homem pode prescin dir de urna certa ideología que lhe dé urna explicacáo da vida e oriente os seus passos; todos procuram espontáneamente a resposta para certas perguntas básicas: "Donde vimos? Para

onde vamos? Que significa o homem, com o qual devo tratar? Que vem a ser o bem? Que é o mal e donde vem?" É a solu-

cáo dada a estas questoes que vai nortear a conduta de cada

um. Quem eré em Deus, encara a vida diversamente de quem nao eré; quem aceita a doutrinagáo espirita, nao considera a vida presente como o católico. Ora cedo ou tarde, em qualquer empreendimento de relevo vém á tona tais interrogacóes; e, se os colaboradores nao lhes dáo a mesma resposta, separam-se, nao podem continuar a obra. Quantas vézes nao se ouve falar de iniciativas que falharam por causa de desentendimentos! Nem se poderia esperar outra coisa. Como nao riñamos se alguém nos dissesse: "Vamos trabalhar juntos em tal painel ou na caiagáo de tal paréde, sem pensar na luz que ilumine

nossa oficina, nossas máos' e nosso material"? Trabalhar

sem levar em conta o fator "luz", só atendendo ao fator "ener-

gia", é impossível; a luz é anterior ao emprégo da energía; torna-se indispensável que os operarios tenham todos o mesma tipo de olhos, iluminados pela mesma luz (branca, azul, ver-

melha, etc.), de modo a verem como vermelho o que é vermelho, como grande o que é grande, como redondo o que é re dondo, etc. Se nao se preenche previamente esta condicáo, é impossível' comegar a colaboracáo. — Pois bem. Tal observacáo, verídica no plano do trabalho material, é igualmente (ou mais ainda) verídica no plano das atividades espirituais, caritati vas, etc. A luz que se deve acender previamente para que haja — 26 —

beneficencia, sao certos principios doutrinários (o que é a

vida, quem é o homeme qual o seu destino...); se os"preten

sos colaboradores nao sao todos iluminados pelas mesmas pro-

posigóes, assemelham-se a cegos que querem

atingir em

comum o mesmo objetivo, atirando cada um conforme o seu próprio parecer, arranjado ou improvisado. Que pode resultar disso? De resto, pelas afirmagoes da Legiáo da Boa Vontade verifica-se que esta sociedade nao se pode furtar a propor certas idéias e combater outras; a tese da reencarnacao, por exemplo, parece ser um de seus principios prediletos; e essa tese nos leva para as regióes do espiritismo e do hinduísmo. Já se tem propa lado mesmo que "Alziro Zarur é Elias redivivo"... talvez para preparar o fim do mundo. Quantas idéias se váo assim incutindo a quem. se chega a Legiáo da Boa Vontade! No mínimo, o "legionario" irá formando em si um conceito relativo ou cético de Verdade. E isto é tremendo, pois solapa totalmente o ardor e a alegría. O homem possui tal grandeza de alma que

só se pode satisfazer dando-se Aquele que é o Absoluto; ora o Absoluto é um só, tem urna só face, a qual fala nao sómente de Amor, mas também de Verdade única, inconfundível. GERALDO (Sao Paulo):

8)

"Porque é que os católicos nao aceitam a irmanagáo

de todas as Religioes?"

O católico nao denega boa vontade ou amor a nenhum dos seus semelhantes, pois sabe que todos valem o prego do sangue de Cristo. Nao recusará, portante, aliviar as indigencias espirituais e corporais de um protestante, de um espirita ou de

um budista.

A Legiáo da Boa Vontade, porém, sob o pretexto de fomen

tar a caridade e a uniáo das fórgas benéficas, propóe "irmanacjío das religioes", querendo colocar práticamente no mesmo piano todas as crengas. Ora isto é totalmente desarrazoado. Com efeito. Refutamos um pouco: admita-se que tres engenheiros desejem colaborar entre si na construgáo de urna pon te. O primeiro, porém, afirma que "dois e dois sao quatro"; o

segundo, na sua matemática, diz que "dois e dois sao tres", e o terceiro que "dois e dois sao cinco". Ora está claro que, divergindo assim sobre os principios do cálculo, nao se poderáo con

jugar para fazer um projeto de ponte, por maior que seja a sua caridade mutua ou a sua vontade de auxiliar aos concidadaos. — 27 —

Aquéle que pensa "dois e dois sao quatro", tendo a evidencia

de estar com a verdade, preferirá dispensar a colaborado dos dois colegas, pois sabe que esta só poderá ser nociva, acarretando falhas e vicios na obra. Alias, é o próprio bem comum que pede que o engenheiro possuidor da verdade nao queira fazer como se estivesse no erro. Quanto áquele que julga que "dois e dois sao cinco", pelo fato de se achar no erro, nao estará se guro na sua posigáo (o erro nunca é evidente por si mesmo); por conseguinte, nao terá dificuldade em proceder como se

"dois e dois fóssem tres"; a fusao com as opinioes de outros

pode ser vantajosa para quem está no erro. É isto que nao se dá com quem está na verdade; sabe que, para empreender urna

a?áo comum fecunda, deve haver entré os colaboradores con cordia baseada sobre a VERDADE.

Tal caso explica bem a situagáo dos católicos perante a chamada Legiao da Boa Vontade. Esta, por estar no erro (é de

fundo espirita ou meramente liberal), pode propor aos cató licos, esquecam na prática as verdades que diferencian! o seu credo dos outros credos e procedam como se nao pensassem de

outro modo... A Igreja responde que um tal nivelamento é ilusorio; comprometería o sucesso da agao, pois o BEM está fundado na VERDADE. Só aquéle que afirma "dois e dois sao quatro" é capaz de conceber e executar urna ponte sólida; se ele se comportar como se "dois e dois fóssem cinco" para satisfazer ao seu companheiro, ele deixará de ser amigo désse companheiro e o Bem Comum protestará, porque será violado. Assim se entende porque os católicos, embora amem (e justamente porque amam) profundamente a qualquer protes tante ou espirita, nao podem aceitar a "irmanacáo das religióes"; tém que afirmar a verdade inteira, sem dissimular o que ela possa apresentar de alheio as crengas de outrem, por que, do contrario, estariam pondo o candieiro debaixo da mesa e prejudicando a todos. Sómente em pontos que nao impliquem desdita aos grandes principios doutrinários da Verdade ( como o combate ao materialismo e ao bolchevismo), pode haver ac.So comum entre católicos e náo-católicos.

Ainda se deve notar quao confusa é a expressáo "religioes irmanadas". Dá a entender que cada religiáo é produto do bom senso de um povo ou de um grupo de homens e que cada indi viduo escolhe a sua religiáo segundo a sua boa vontade. Longe disto, porém, está a verdade. "Religiáo" significa "ligagáo, intercambio entre Deus e os homens". Neste intercambio é Deus quem tem a primazia,. — 28 —

pois, por definigáo, Ele é o Senhor do homem. Por conseguinte,

é Deus quem dita o modo como a criatura O deve procurar e atingir, é Deus quem revela a religiáo; nao toca aos homens a tarefa de conceber a religiáo ideal. Ora, já que a religiáo é ditada por Deus, e Deus é um só para todos os homens, so pode haver urna Religiáo; os outros cultos ou credos sao sistemas humanos que nao merecem ser chamados "Religiáo", muito menos irmanados com esta.

E a única Religiáo é a que Deus mesmo ensinou (e conti nua a ensinar), tendo-se feito homem após longa preparagáo e prolongando o seu ensinamento até hoje na Sua Igreja sempre vital e fecunda. GAUCHO (Cachambi):

9)

Qual é a posicáo da Igreja perante os concursos de

beleza, táo comuns em nossos tempos?"

Os concursos de beleza internacionais, tais como se tém realizado em nosso século, só podem merecer formal desaprovagáo por parte da consciéncia crista. Levando em conta ape nas a beleza física, só fazem excitar vaidade e concupiscencia

desregrada; haja vista a serie de criterios estabelecidos (até

mesmo exames médicos sao prescritos) para se atribuir a vi-

tória a tal ou tal candidata. A mentalidade que inspira ésses torneios parece ser profundamento paga ou paganizante. Pode contudo haver quem hesite em aceitar éste juízo, vis

to que o Santo Padre Pió XII recebeu a senhorita

Carletti,

jovem italiana vencedora em recente concurso de beleza. É

de notar, porém, que por tal gesto Sua Santidade se dignou reconhecer o significado de um certame diferente dos habi tuáis, ou seja, de um concurso em que nao se considerou ape

nas o físico humano, mas também se deu alto apréco as quali-

dades de espirito das concorrentes. Com efeito, a agencia tele gráfica United Press transmitiu ao mundo a seguinte noticia: "A

audiencia de hoje, á quSl a jovem Carletti foi acompanhada por

seus pais e duas irmás, é considerada como expressáo de estímulo do Papa

aos concursos em que também se levam em considerac&o outros dotes pessoais, sJém da beleza física.

A esbelta senhorita Carletti, que costurou ela próprta o vestido com que eompareceu á audiencia no Vaticano, nao possui apenas a beleza, mas tam bém os seguintes predicados, que contribuirán! para que lhe íósse concedido

o titulo: sabe lavar e passar a ferro, encerar a casa e limpá-Ia com aspira-

— 29 _

<dor de pó; faz excelentes pastéis, guisados e spaghetti; sabe costurar, bardar, «te.; é. decoradora, nadadora e ciclista; nao fuma; danga com moderac&o; nao tem interésse especial pelos automóveis; nao lé historias em quadrínhos; está sempre de bom humor e goza de perfeita saúde".

Como se vé, a exigencia e a apreciasao de tais qualidades em uma jovem denotan um conceito de natureza humana que

já nao é o do pagáo antigo ou moderno. Diante de concursos que contribuam para que as jovens se apliquem ao trabalho, ao calejamento das máos (se necessário), levando-as a preencher a sua fungao na sociedade e a alcangarem o seu Fim Su premo, a Moral crista nao se mostra infensa; tais certames, longe de degradar, só fazem aprimorar a consciéncia; em vez de prostrar as pessoas interessadas na moleza frivola, mórbida, estimulam o cultivo da virtude. Nada impede que, juntamente com esta- se leve em aprégo, dentro de certos limites, o as pecto físico das concurrentes, já que a natureza humana consta

nao sómente de alma, mas também de corpo (corpo, porém, que em tudo há de ser subordinado ao espirito). Sabemos, alias, que a gra$a sobrenatural existente em uma alma pode chegar a "transparecer" no rosto do justo, comunicando-lhe um en canto, uma gra<ja natural, que deleita os homens (antecipa-se assim em termos pálidos o que se dará na final ressurreic.áo da carne); a Sagrada Escritura mesma menciona a éste propósito os exemplos de Judite e Ester; a hagiografía registra, entre outros, o famoso caso do Cura d'Ars.

Vé-se, pois, que a audiencia concedida pelo Santo Padre Pió XII tem o significado de estimular o desenvolvimento das qualidades de ánimo da mulher no mundo moderno, nao impli cando, em absoluto, ratificagáo dos lascivos certames de beleza meramente corpórea que empolgam a sociedade contempo ránea. D. Esteváo Bettencourt — O. S. B.

r

30 —

ERRATA Concernente a"P.R." 5/1957

A RedacSo de "Pergunte e Responderemos", consciente de erros 'tipográficos que tém ocorrído em números anteriores da Revista, pede desculpas aos seus leitores e envia-lhes a seguinte lista de correcóes a ser feitas em "P. R." 5/1957:

:

Pág. 2, 1. 5: em vez de Deus?", ler Deus". " "1. 10: em vez de o Missa, 1er a Missa. Pág. 3, 1. 6: em vez de Deus?", ler Deus". •" " 1. 12: em vez de í. O que..., ler 1. Que... " " 1.5 de babeo para cima: em vez de ao passo que adulto, ■ ler ao passo que o adulto. ¡ " " 1.2 de baixo para cima: em vez de exemplo, ler exemplar.



Pág. 4: eis a figura auténtica do quadro sinótico: SER por si é um BEM.

Todo

ou

ou O NAO-SER é

mera negagáo, ausencia de entidade nao devida: p. ex., a falta de asas no homem. Nao é nem BEM nem MAL. carencia, privagáo de entidade devida á natureza na ordem fisica: por ex.,

falta de vista no homem.

MAL FÍSICO

na ordem moral: por ex.,

falta de conformidade do ato humano a Deus, Fim Último.

MAL MORAL

Pág. 4, 1. 21: em vez de vultosas, ler vultuosas. Pág. 5, no sub-título: em vez de II, ler 2. Pág. 6, 1. 1 no inicio: ler 3/1957, qu. 4.

"

" 1. 22: em vez de podem precisar á quál, ler podem preci-

Pág. 8, última linha: em vez de afirma, ler afirme. Pág. 9, 1. 4 e 5: ler "Pergunte e Responderemos" 3/1957,qu. 5). Pág. 11, 1. 16: em vez de tivesse, ler tivesses.

Pág. 12, no enunciado da questáo: ler latim?" Pag. 13, 1. 1: em vez de Mirávia, ler Moráuia.

" " 1. 21: em vez e Japáo. ler e no Japáo. Pág. 15, 1. 14: ler Jansenistas.

" " 1. 34: em vez de Pió XI, ler Pió IX. Pág. 17, 1. 3: ler juntamente com o idioma. Pég. 19, 1. 12: em vez de agnésicos, ler agenésicos.

Pág. 20, L 5 de baixo para cima: ler Dt 21,22s. Pág. 21, .1. 3: em vez de pagóes, ler pagóos. " " 1. 12: em vez de 189, ler 789. " " 1. 20: em vez de Bonifacio VII, ler Bonifacio VIII. 1 " " 1. 6 de baixo para cima: em vez de crematorios, ler __,

Pág. Pág. Pég. " Pág.

22, 24, 25, " 26,

,

crematorios.

1. 23: em vez de ou, os médicos, ler ou, se os médicos. 1. 12: em vez de neurastenia, ler neurastenia. 1. 5: em vez de a repudiada, ler e repudiada. 1. 17: em vez de prejuízo, ler jufzo. 1. 2: ler diz o adagio; o que.

Caro amigo, nao há quetn nao se panha a pensar e nao conceba sem demora importantes problemas ("Afinal que faco neste mundo? Qual o sentida da vida presente? Que se Ihe seguirá?"). Nao sufoque nem despreze essas questóes. Sem luz sobre tais assnntos ninguém se pode sentir plenamente tranquilo e feliz.

Para o ajudar na procura das solucóes que Ihe interessam, V. S. tem a sua dlsposicáo urna Caixa Postal e um fascículo mensal de 40 páginas publicado sob os cuidados de D. Estéváo Bettencourt O. S. B. Poderá propor questóes filosóficas, moráis e religiosas ao seguinte enderéco:

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Caixa Postal 2666 Rio de Janeiro

A resposta será enviada gratuitamente a V. S. em fascículo impresso. Queira, pois, indicar enderéoo e pseudónimo. A colecáo dos fascículos "Pergunte e Responderemos" pode-sc obter também por assinatura (a serie se iniciou em mar?o de 1957). Preso da assinatura anual: CrS 100,00. Número avulso:

Cr$ 10,00. Pedidos ao Instituto Pío X, Rúa Real Grandeza 108, Botafogo — Rio de Janeiro (tel.: 26-1822). N. B.: — Tudo que se refere a REDACAO dcve, ser enviado

a D. Estéváo Bettencourt O. S. B. (bu "Pergunte e Respondere mos"), Caixa Postal 2666, Rio de Janeiro.

O que diz respeito

á ADMINISTRACAO seja dirigido a Diretoria do Instituto Pió X, Rúa Real Grandeza 108, Botafogo, Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro: Instituto Fio X do Rio de Janeiro — R. Real Grandeza, 108 — Botafogo. LIvraria "Lumen Christi" — Caixa Postal 2666; Livraria "Vozes Ltd." — R. Senador Dantas,118-A; Livraria Missionária — R. 7 de Setembro, 65-A; Livraria Agir — Caixa Postal 3921; r

Livraria Dom Bosco — R, da Gloria, 106 • Sao Paulo (Capital). Edi«5es Paulinas — PraQa da Sé 184 — 1.° Andar. • Rio Grande do Sul: Livraria Tabajara C. Postal 1918 — Porto Alegre • Minas Gerais: Livraria Editora "Lar Católico" — C. Postal 73 — Juiz de Forft.

"PERGÜNTE REDACAO

Postal 2666 Rio de Janeiro

E

RESPONDEREMOS" ADMINISTRA^AO

p. Real Grandeza, 108 — Botafogo Tel.: 26-1822 — Rio de Janeiro

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