Revista Pergunte E Responderemos No. 006 - Outubro De 1957

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Projeto PERGUNTE

E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESENTTAQÁO DA EDI9ÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir {1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas

correntes

filosóficas

e

religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristao a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abencoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A

d.

Esteváo

Bettencourt

agradecemos

a

confiaga

depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

6

ERGUNTE Responderemos (OIJTUBRO

1957

I. 1)

FILOSOFÍA E RELIGIAO

"Quais as provas da existencia de Deus?"

II. 2)

3.

DOGMÁTICA

"Dada a transcendencia de Deus, qual o sentido da expressio ofensa a Deus?"

3)

9

"Como pode Maria, urna criatura, ser Máe de Deus?"

III. 4)

"Porque se diz

1S

ESCRITURA SAGRADA

que

a "Biblia protestante"

difere

da

Biblia

Católica?"

15

5)

"Que vém a ser livros canónicos e livros apócrifos?"

17

6)

"Desejava a explicacáo dos textos de Sao Mateus 1,18: "Es tando Maria desposada com José, antes de coabitarem, achou-sc ter concebido do Espirito Santo" (isto quer dizer que depois coabitaram?);

1,25: "E ele (José) nao a conheceu, enquanto ela nao deu á

luz o seu filho primogénito "(isto quer dizer que depois a conheceu e déla teve filhos?)"

TV. 7)

HISTORIA

DO

ljj>

CRISTIANISMO

"As igrejas luterana, balista e metodista pertcncem a um mesmo

núcleo? Sao elas que constituem a sociedade

dos chamados

Protestantes? E estes serlo assim designados porque protestam contra a virgindade de Nossa Senhora?"

21

8)

"Qual é afinal a diferenca entre Igreja e Seita?"

22

9)

"Será lícito, na Moral crista, o aborto terapéutico?"

V. 10)

MORAL 2*

"Porque é que a Igreja impóe o Índice dos Livros Proibidos?

Há inconveniente em se ler obra de outra religiáo ou moral, com a finalidade de melhor conhecer a divergencia daquela para a nossa

(católica)?"

VI.

26

LITURGIA

11)

"Qual o significado da vela acesa a urna imagem?"

12)

"Porque os católicos acendem velas durante o día sobre os altares?"

29 29

COM APROVAC.AO ECLESIÁSTICA — 2 —

"PERGUNTE

E RESPONDEREMOS" N.° 6 — Outubro de 1957

I.

FILOSOFÍA E RELIGIAO

MAURÍCIO (Rio de Janeiro): 1)

"Quais as provas da existencia de Deus?"

Os argumentos clássicos em favor da existencia de Deus,

já parcialmente esbocados pelo filósofo grego Aristóteles (t322 a. C), podem-se resumir ñas tres seguintes vias: 1.

A contingencia do movimcnto.

a) Há no mundo movimento e mudanzas contingentes, transitorios. Proposigáo evidente, ditada pela experiencia cotidiana. b) Ora todo ser que se mova contingentemente, é mo vido por outro. Com efeito, "entrar em movimento" ou "mudar" signi fica "receber urna perfeigáo ou determina§áo nao possuída". Doutro lado, "mover" implica "dar tal perfeigáo". É, porém, impossível que o mesmo ser receba e dé ao mesmo tempo a mesma perfeigáo, pois, para receber, é preciso nao ter; para dar, requer-se que tenha. Dada a impossibilidade de ter e nao ter ao mesmo tempo o mesmo objeto, conclui-se que todo ser que entra em movimento ou se move contingentemente (após um estado de inercia), recebe de outro (causa eficiente ou mo

triz) o principio de seu movimento. Se ele fósse o próprio principio adequado de.seu movimento, estaría sempre em movimento e mover-se?ia necessariamente, nao contingente mente, deveria estar agindo antes de comegar a agir — o que é absurdo.

c) Na serie das causas motrizes, deve haver urna, Su prema e Absoluta, que explique o movimento das demais e por nenhuma outra seja explicada. Urna serie infinita de causas

motrizes dependentes e contingentes nada explicaría, cada, qual seria mera transmissora, nenhuma apresentaria a razáo .3

de ser do movimento; tal serie se poderia comparar a um canal

que se prolongasse muito, mas fósse destituido de fonte; ora,

se nao há fonte, nao há nem intermediarios (ou canal) nem há efeito. Um conjunto numeroso (diga-se: infinito) de espelhos a refletir urna imagem nao dá conta, por si só, da imagem néles refletida; cada um apresenta urna figura espelhada dependente, a qual supóe a figura que se espelha, absoluta.

Poder-se-ia replicar que o processo do movimento se veri fica desde toda a eternidade; por isto, nao tem principio. Neste caso, porém, seria desde toda a eternidade que a serie dos moventes dependentes exigiría um Movente Absoluto, independente; o simples fato de haver movimento o pede; o tempo ou a duracáo é apenas medida do fato, mas nao constitui urna fonte de energia.

Existe, portante um Principio de todo movimento, o qual por si mesmo pcssui a sua atividade, sem depender de outro. E tal Movente Absoluto é chamado Deus. 2.

Os graus de perfeicáo dos seres.

a) Observa-se que nada no mundo é absolutamente perfeito, mas tudo parece aproximar-se "mais ou menos" da per feicáo simplesmente dita ou do ideal. Quem se serve dos bens desta térra, vive num perpetuo "encanto desencantado", pois só encontra valores que se desvalorizam. O homem mais pren dado de bens materiais e espirituais aínda tem capacidade

para apreender mais alguma coisa; também o homem mais santo se vé sempre inferior aos seus propósitos. b) Ora o relativo supoe necessáriamente o Absoluto. Todo homem que fala de "mais" e "menos (bom, belo, ve raz. ..)", só o faz porque tem em mente, implícito, o conceito do Máximo, daquilo que é "por excelencia", sem restricáo nem limitacáo. Quem experimenta o caráter relativo das coisas, reconhece a presenca de um Ser Absoluto e Exemplar; é sómente a existencia déste que justifica a apreciagáo mais ou menos favorável que se faz dascoisas relativas.

Em linguagem mais técnica, as consideracóes ácima se poderiam assim formular: observem-se as perfeieñes que por si

mesmas nao dizem imperfeicáo alguma — a bondade, a beleza, a justica, a ciencia (há, sim, perfei§6es que em si implicam

imperfeigáo; assim o "arrepender-se", o conhecimento sensi tivo, sempre restrito, o "raciocinar progressivamente", sempre sujeito a erros...). Aquelas perfeigóes em seu conceito nao incluem negacáo nem lacuna; se a incluissem, dever-se-ia dizer — 4 —

que a bondade é, por sua própria esséncia, a maldade,... que a beleza é, por sua esséncia, a feiura, etc. Se, portante, existe no mundo bondade, mas bondade restrita; se existe beleza, mas beleza restrita déste ou daquele modo; se existe vida, mas vida limitada em tais e tais seres reais, estes seres supoem neGéssáriamente outro que néles tenha limitado a bondade, a be

leza, a vida, e que por nenhum outro seja limitado. Em outros

termos: supoem outro que néles tenha feito a composigáo da bondade, da beleza... com aquilo que as restringe, pois tal composi?ao nao se explica pela natureza da bondade mesma

nem

pela

da

beleza

mesma.

E

ésse

Composi

tor há de ser a Bondade Absoluta, irrestrita, a Beleza Absoluta, a Justica Absoluta — medida e causa eficiente dos seres li mitados.

c)

Existe, pois, a Perfeicáo Ilimitada.

O parágrafo b), ácima, levava a concluir: existe o abso lutamente Belo, o absolutamente Bom, o absolutamente Ve raz, etc.

Contudo, se se reflete mais um pouco, verifica-se que Bon dade, Beleza, Verdade nao sao senao modalidades do ser; significam o ser sob determinado aspecto (o ser comparado á in teligencia, o ser comparado á vontade, o ser comparado ao

senso estético...). Em conseqüéncia, afirmar-se-á: há um Ser que é ao mesmo tempo Bom sem limite (a Bondade mesma), Veraz sem limite (a Verdade mesma), Belo sem limite (a Be leza mesma). Éste Ser nao recebe sua Bondade nem sua Veracidade nem sua Existencia de urna fonte extrínseca, mas file as tem de per si, por sua própria entidade; se as recebesse de fora, file so as poderia receber de maneira limitada, partici pada (ou em parte). Por conseguinte, ésse Ser nao tem, mas é, sua própria Perfeicáo. A Ele se atribui o nome de Deus. 3.

A ordem e a finalidade existentes no universo.

a) Quem considera o universo, nao pode deixar de néle verificar ordem estupenda e tendencia de múltiplos elementos (por si indiferentes a múltiplas possibilidades de concate

nado) em demanda de um fim bem determinado.

O "macrocosmos", por exemplo, ou o mundo dos astros apresenta um conjunto de corpos sabiamente coordenados dentro de proporgóes "astronómicas", ou seja, que escapam as cifras com que o homem habitualmente lida na térra. O "microcosmos" ou o mundo do átomo reproduz simé tricamente a estrutura do "macrocosmos" ou, mais precisa— 5 —

mente, do sistema solar; as minúsculas dimensóes e as enor

mes velocidades dos corpúsculos que giram dentro de um átomo atingem por sua vez cifras astronómicas.

No mundo dos viventes, a harmonía dos

elementos que

constituem um vegetal ou um animal causa surprésa, dada a complexidade das funcóes concatenadas em vista da conseryacao e da defesa da vida. Basta recordar a estrutura de um

ólho, de um ouvido. Tenha-se em vista outrossim que, quando

se extrai um rim de um organismo doentio, o outro logo se desenvolve além das proporcóes necessárias ao metabolismo normal. Porque isto? — Porque a natureza parece querer pos-

suir urna reserva, "prevendo" o caso eventual de se tornar necessário o trabalho equivalente ao de dois rins. Tais exemplos se poderiam multiplicar.

b) Táo maravilhosa ordem, táo segura tendencia a um fim supóem exista urna Inteligencia que as tenha concebido e produzido.

Ordem significa adaptacáo de diversos elementos entre si em vista de certa finalidade a ser obtida. Ora a adaptacáo . supóe a intuicáo de um efeito ainda nao existente na realidade concreta, mas existente idealmente, ou seia, num intelecto, de modo espiritualizado, superior ao modo corpóreo, sensívei. ,Ordem supóe a intuigáo da natureza intima ou da esséncia de cada um dos seres que estáo para ser adaptados; supóe o .conhecimento daquilo que é perene e latente sob os fenóme nos sensíveis e variáveis que cada corpo dá a ver. Sómente quem percebe a estrutura íntima dos seres, sabe utilizá-los como meios para obter determinado efeito. Pois bem; um conhecimento tal é característico de um es pirito ou de um ser dotado de inteligencia (inteligencia e espirito se evocam mutuamente; cf. "Pergunte e Respondere mos" 3/1957, qu. 1). Só a inteligencia é capaz de comparar e apreender as qualidades que podem relacionar ou ligar ele mentos aparentemente desconexos entre si. Quem realiza a análise física e química de um relógio, parece explicar perfeitamente as propriedades de cada urna d'as suas pecas: a resistencia dos metáis, a fórca das molas, o processo das alavaneas, etc. Ccntudo . ésse estudioso nao explica a escolha de tais pecas, nem a sua associacáo em um maquinismo apto á contagem do tempo.

A razáo de ser de tal as

sociacáo nao é indicada pela análise das pepas do relógio; nao se ficha latente em nenhuma de suas molas; nenhuma, por sua natureza, explica

porque está assim correlacionada com as demais. Tal razáo de ser está, sim, contida fora do relógio, num Ser real existente; foí éste que por sua inteligencia concebeu e realizou a combinaqáo de elementos necessárm ao fim preconcebido de marcar o tempo. f

— 6 —

..

O ser inteligente que por via déstes raciocinios se chega a descobrir há de ser absoluto, ilimitado, incriado, pois a Ele se deve nao apenas o ato de dispor em ordem alguns ou muitos seres preexistentes (deixando de parte outros, como poderia

fazer um homem), mas igualmente o de conceber e realizar

o plano do universo inteiro e de cada um de seus componen

tes. A inteligencia que concebe e dá existencia real a cada ente desde as raízes do seu ser (das quais emanara suas propriedades e atividades), só pode ser o Ser simplesmente dito, o Infinito, que por definigáo se chama Deus.

Dir-se-á, porém: quem sabe se todas essas estruturas e poderiam ser igualmente produto do

suas atividades nao

acaso?

Nao há serio pensador que hoje em dia aínda recorra ao acaso; éste expediente implicaría um sofisma clamoroso. De fato; o acaso nao é urna causa, nem um agente, mas o cruzamento nao necessário de causas independentes urnas das outras; vem a ser, portante, urna relacáo entre elementos pree xistentes, um mero acontecimento verificado entre estes. A intervencáo do acaso nao explica a origem dos agentes que "ca sualmente" se encontram e combinam. O seguinte exemplo, muito famoso, aínda concorre para evidenciar o absurdo da Tiipótese do acaso: considere-se urna só molécula de proteína, substancia que entra na constituicáo de qualquer corpo vivo; suponha-se, para simplificar os cálculos, que tenha o peso mo

lecular 20.000 e conste de 2.000 átomos pertencentes a duas es pecies apenas. A probabilidade de se formar por acaso urna tal

molécula se reduz a - 321

2,02 x 10

1

ou 2,02 x

. O volume de substancia 321

10

Tiecessária para que urna tal probabilidade se realize, seria 82

o de urna esfera cujo raio exigiría 10 anos de luz para lhe percorrermos a distancia. Quem lancasse ao acaso os áto

mos componentes de tal molécula de proteína

ao ritmo

de

500 trilhoes de vibracq'es por segundo, dispondo de um vo243

mme de átomos igual ao da esfera terrestre, precisaría de 10 bilhóes de anos para obter urna só molécula de proteíná. ííáo ■esquecamos, porém, que a Térra só existe há dois bilhoes de anos e que a vida nela apareceu há cérea de úm bilháo de arios apenas! Leve-se outrossim em conta que um ser vivo se compoe 7

de bilhoes de células de proteína e que, segundo a linguagera dos fósseis, bilhoes de seres vivos tiveram origem sobre a térra em lapso de tempo notávelmente breve. É o que leva a rejeitar perentoriamente a origem aleatoria do mundo. Os tres grandes argumentos ácima, de índole metafísica,

sao confirmados pelo testemunho da natureza humana mesma:

a) todos os povos através dos séculos professaram a crenga em Deus. Esta proposigáo foi lancada em descrédito no século passado, quahdo Dárwin comunicou ao mundo ter encon trado na Terrado Fogo um grupo de indios, os Yamana, desti

tuidos de religiáo (1834). Novas explorares, porém, empreendidas no século 20 por estudiosos austríacos, mais competentes em Etnología do que o naturalista Darwin, levaram a ver que os mencionados aborígenes tém religiáo, e religiáo assaz pura. Ulteriores pesquisas entre as tribos primitivas do mundo atual incutiram mesmo a conclusáo seguinte: quanto mais simples é o grau de cultura de um clá, tanto mais simples e puro é também o seu conceito de Deus; o politeísmo, a magia sao desvirtuamentos da religiáo primitiva, desvirtuamentos que o nomem é tentado a realizar quando entra em contato [mais assíduo com as fórgas da natureza; tende entáo ilógicamente a esfacelar o conceito de Deus e distribuir os atributos divinospelos seres materiais de que ele depende para efetuar sua in dustria e seu comercio; b) também merece atencao o brado de todo individuo humano em demanda de bem-aventuranca. Nao há quem nao queira ser feliz, e feliz sem limites, pela posse de um bem que nunca se acabe. Ora tal sede inata só se explica razoávelmente se de fato existe o Objeto infinitamente bom a ela correspon dente; a natureza se manifesta em tudo harmoniosa, coerente consigo mesma. É o Bem Infinito que fala pela consciéncia de todo individuo, chamando-o a si mediante a norma gravada

no íntimo de cada um: "Faze o bem, evita o mal". É ésse mes mo Ser que se faz ouvir pelo remorso conseqüente a urna violágáo da consciéncia. ó grandeza do homem, a de nao estar condenado a viver e morrer de si para si! É, ao contrario, entre o Alfa e o Omega que ele se move neste mundo! Sobre o

tema

f

•; .(

abórdíwlo'nesta

"r

resposta,

pode-se

consultar

com pro-

reito: • P. Cerruti, A Camlnho da Verdade Suprema. Universidades Católica do Rio de Janeiro 1954, 461-584. J. A. O'Brien, Deus existe? Editora Vozes de Petróoolis 1949.

. "l*comte du Noüy, O homem e o seu destino. cional. Porto 1953. {

_ 8 —

Editora Educacáo Na

,

II.

DOGMÁTICA

NELANDIA (Belo Horizonte):

2)

"Dada a transcendencia de Deus, qual o sentido da

«xpressao ofensa a Deus?"

A resposta crista a esta questáo aparecerá com toda a clareza se se focalizar primeiramente o que o homem ante

rior a Cristo entendía por "pecado".

Os povos primitivos manifestam a consciéncia de culpa ou desobediencia a Deus; exprimem-na, porém, acompanhada de erros e deformacoes evidentes. Os indios da América, por

exemplo, identificam nao raro impureza fisiológica ou ritual com pecado; a violacáo das tradigóes convencionais do clá é considerada ofensa á Divindade, porque os aborígenes tsm essas tradicóes na conta de instituidas e tuteladas pelos deu ses (os ancestrais e os heróis do cía sao freqüentemente en-

deusados após a sua morte); por conseguinte, julgam que derrogacáo aos costumes da tribo acarreta a vinganca dos deuses; o suicidio pode assim tornar-se ato de expiagáo espon tánea, agradável á Divindade.

As concep?oes dos antigos gregos exigem mais atencáo da

nossa parte, dadas as suas relacóes com o Cristianismo.

A raiz grega hamart, correspondente á nocao de pecado,

significa originariamente "falhar o objetivo, errar o alvo aberrar". Por conseguinte, a acepQáo primaria de pecado (hamártema) para o grego é a de urna falha contra a técnica, contra a estética, a lingüística, a política, a higiene, falha que provém de impericia ou inabilidade, mas em si mesma nao en-

volve culpa moral.

No séc. 5.° a. C, Sócrates (t399 a.C.) voltou toda a sua

atencáo para o problema da virtude e as faíhas cometidas contra esta. Afirmava que a derrogacáo á virtude ou o pecado

tem sua raiz na ignorancia; é, portante, isento de culpa mo ral, pois ninguém peca voluntariamente (!); o homem que saiba em que consiste a virtude, pratica-a; a virtude vem a

ser urna ciencia, que acarreta necessariamente um ato bom.

Assim o pecado toma índole estritamente intelectual; muito tenue, quase nulo se terna o senso de responsabilidade moral.

Platlo (^347 a.C.) mitigou um tanto o intelectualismo

ético de seu mestre.

— 9 _

Apesar disto, Aristóteles (f322 a.C), que se assentou na escola de Platáo, nao possuia a consciéncia de "pecado —

culpa moral". No setor da Ética, julgava que o pecado nao éinjustica, mas um ato pouco hábil, golpe de vista infeliz, que* alguém executa de boa fé; reduz-se a ignorancia inculpada, (cf. Et. Nic. II p 1106b 28ss; Et. Eud. VIII 1 p 1246a 32ss; Polit. III 11 p 1231b 28).

Qual a razáo de ser de táo manca nogáo de pecado em um. filósofo que tanto se elevou na Metafísica?

A raiz da deficiencia é o conceito que de Deus tinha Aris tóteles. Embora haja reconhecido a existencia de um Primeiro Motor Imóvel, o filósofo grego julgava que éste move osdemais seres de maneira inconsciente ou apenas como causa, final, como objeto que, contemplado pelos entes inferiores, os-

atrai pelo simples fato de existir, e existir como tipo do ser perfeito. A Divindade, portanto, nao tem conhecimento dos; homens nem lhes impóe as leis da Ética, que os encaminham. para o seu Ideal Supremo; é- sim. o próprio homem que, na base de seu raciocinio e experiencia, tem de formular

as normas

da

sua conduta

neste mundo.

Estes princi

pios tiram á Moral o seu caráter transcendente, tornando-a, muito dependente da habilidade do homem, que só aos poucos. (sem poder evitar tropegos) vai aprendendo a arte de caminhar na vida. Em urna tal filosofia entende-se que o

pecado-

se reduza a impericia, longe de ser violacáo de urna- ordem di vina ou de ser urna ofensa a Deus. Toda a Ética de Aristótelestem que ser antropocéntrica, pois visa apenas tornar o homem. perfeito (sem levar em conta a gloria de Deus); se, pois, tal ou tal individuo humano nao se quer elevar na prática da virtude, é ele só quem sofre as conseqüéncias da sua recusa. Posteriormente a Aristóteles, os estoicos envolveram no> conceito de pecado a nocao de Deus. Faziam-no, porém, na. base do seu panteísmo: identificando o logos ou a razáo hu mana com a Divindade, concluiam naturalmente que desprezar as normas da razáo era desprezar a Divindade. É de notar' que, para afirmar isto, o estoico tinha que deprimir ou des

virtuar espantosamente a idéia de Deus apregoando o pan teísmo. Por fim, no limiar da era crista, urna religiosidade nova, a. dos "cultos de misterios (de Cibele, Isis, Mitra..,)", vinda do» Oriente, avivou nos pagaos a consciéncia de que o pecado h nódoa hedionda e obstáculo á salvagáo. Tendiam, porém, a

identificá-lo com impureza ritual, cúltica, nao dando suficién— 10 —

te atenc.áo ao aspecto moral do ato, á responsabilidade da consciéncia.

Foi sobre éste fundo de idéias que surgiu o Cristianismo, acarretando profunda mudanza ñas concepgoes religiosas da género humano.

Para o cristáo, urna verdade básica é que Deus se identi fica com o Amor, e o Amor que primeiro amou os homens; fé-los imagem e semelhanga sua e imprimiu-lhes na conscién cia as normas universáis para conseguirem o seu Fim Último;

pela consciéncia o único Deus fala a todo homem, de qualquer época ou nagáo que seja, chamando-o, atraindo-o a Si. Dista se segué que burlar a voz da consciéncia nao equivale simples-

mente a transgredir urna lei da sabedoria humana, mas é repulsa de um chamado do Amor, e do Amor que tem absoluto direito a ser o primeiro amado. O pecado é um ato que atinge a natureza humana (como de certo modo já o percebia o pagáo) e, além disto, atinge também a Deus. com a diferenga, porém, de que a natureza humana é maltratada, punida pelo

seu próprio pecado, ao passo que Deus nao sofre detrimento em conseqüéncia da revolta do homem (Deus nada perde nem ganha, nem tem sentimentos ou paixSes); mas, na medida mesma (medida plena) em que Deus é Valor (o Primeiro Valor), pode-se dizer que Deus é o primeiro injuriado e ofen dido pelo pecado; éste equivale a um atentado contra os direitos do Sumo Bem, visando rebaixá-lo e colocar um ser inferior no lugar do Supremo.

É dentro desta perspectiva que a Sagrada Escritura, desde os seus livros mais antigos, inculca insistentemente que

Deus tem horror ao pecado (cf. Dt 12,31; 17,1; 18,12; Prov

3.32; ll,l.2O; 12,22; 15,3s.26). Nao se trata, porém, de um horror que leve simplesmente a condenar e criar distancia entre o Santo e o réu. Ao contrario, o Deus que repudia o pe cado, nao repudia o pecador; por isto o Criador se quis fazer também o Redentor do homem culpado, numa efusao de amor aínda mais estupenda do que a que deu origem ao mun do. É ao contemplar Cristo sofrendo os horrores da agonia no horto das Oliveiras que se compreende quanto e como

Deus horroriza a culpa: o pecado vem a ser morte, e Deus é a Vida mesma; mas nem por isto Deus feito homem se recusou

a experimentar a morte a fim de libertar os que esta detinha cativos sob o seu imperio.

Destas verdades se depreende que o concertó cristáo de pecado envolve estritamente a idéia de Deus, e Deus que é

surpreendentemente bom. Por causa de tal pressuposto é qu& _

11 —

por vézes custa ao homem crer no pecado e conceber a autén

tica nocáo do mesmo. Se Deus fósse apenas Primeiro Motor Imóvel, frió e fechado em sua majestade, seria lícito acreditar

que o pecado nao O ofende; mas Deus, além de ser o Movente Absoluto dos filósofos, é também o Pai de Nosso Senhor Je sús Cristo e dos irmáos adotivos do Salvador. Ninguém ne

gará seja misterio (o misterio da iniqüidade; cf. 2 Tes 2,7) o

fato de que o homem possa dizer Nao ao seu Deus, pois até a última fibra de seu ser e agir a criatura é dependente do Todo-Poderoso; o seu Nao, ele só o profere prevalecendo-se do Amor que o sustenta; o pecado é, pois, a revolta da criatura contra o Amor sem o qual ela nao existiria. é contradicho fla grante localizada no mais íntimo do homem. Eis o que dá ao pecado o seu caráter táo trágico e terrível.

No séc. 17 houve doutores cristáos que quiseram, por assim dizer, mitigar a nocáo crista, distinguindo entre pecado filosófico e pecado teológico. Aquéle seria um ato contrario á natureza humana e á reta razáo; por muito vultuoso que

fósse, nao seria ofensa a Deus, desde que o pecador,, ao cometé-lo, nao pensasse no Senhor; tal culpa nao rompería a ami-

zade com Deus nem seria merecedora do inferno. Sómente o

pecado teológico ou urna transgressáo livre da lei divina reconhecida como tal separaría do Pai celeste e acarretaria a

ruina da alma. Essa distincáo foi condenada pelo Papa Ale-

xandre VIII em 1690 (cf. Dz 1290) como contraria á doutrina

do Evangeiho. Nao se pode, pois, ofender a natureza humana

ou a lei natural sem ofender também a Deus. Disto aínda se segué urna verdade muito bela: a sanc,áo infligida ao pecador

nao decorre de urna sentenca arbitraria e reformável de Deus, mas é, antes, a reacao, o protesto existencial da nalureza hu mana e das demais criaturas violentadas pelo livre arbitrio

do pecador.

A fim de ainda melhor evidenciar a significado do pe

cado na teología católica, seja permitido referir como o Isla

mismo (única religiáo que professa um Deus único e pessorl, fora do Cristianismo) concebe o mesmo ponto de doutrina. O Isláo considera o homem lamentável muito mais por causa de sua insignificancia física ou metafísica do aue por motivo

de sua miseria moral; inculca que Deus é grande e o homem

pequeño mais do que o fato de que Deus é- o Santo e o homem o nao-santo. Em conseqüéncia, nao tem cabimento, para o

muculmano, a idéia de um Deus que procure a ovelha desgar

rada. Diz-se. alias, que nisto está a diferenca psicológica essencial entre o maometano e o cristáo. O Islamismo nao dá i



12 _

grande atencáo ao pecado; considera só haver uma falta im portante; a de nao crer na unidade de Deus e na divina mis-

sáo dos profetas. É éste o kofr ou o chirk, o pecado caracte rístico dos infiéis. Qualquer outra falta é tida como infracáo

de um interdito (haram), remissível com facilidade; somente os infiéis seráo entregues ao fogo do inferno. Como se vé, o Cristianismo tem do pecado uma concep§áo muito mais pungente, dilaceradora. É que nela entra o grande paradoxo: a nocao de um Deus que é Amor..., e naturalmen te Amor Perfeito, forte como a morte (cf. Ct 8,6) ou, melhor, mais forte do que a morte! METODISTA (Sao Goncalo):

3)

"Como pode María, uma criatura, ser Máe de Deus?"

A afirmacáo de que Maria é Máe de Deus pode parecer paradoxal: seria Maria anterior a Deus?... algo mais do que o próprio Deus? O aparente paradoxo, porém, é mera conseqüéncia do misterio de Cristo ou da reta fé em Cristo. Mere ce atencáo o fato de que os teólogos comecaram a focalizar a Maternidade Divina por ocasiao de seus estudos sobre Cristo; foi, pois, por causa de Cristo, e para corroborar verdades concernentes a Cristo, que Maria se tornou objeto de consideracáo especial da teología e da piedade cristas, táo intimamen te está ela associada a Jesús! — É o que passamos a ver. No inicio do séc. 5.° em Constantinopla o Patriarca Nestório pós-se a explicar de modo erróneo o misterio de Cristo: atribuía a Jesús duas naturezas e duas personalidades, afir mando assim uma uniáo assaz vaga entre o Divino e o huma no no Redentor. O Filho de Deus estaría contido no homem Jesús como a estatua está no templo. A conseqüéncia disto era que Maria nao deveria ser chamada Máe de Deus (Theotókos), como se fazia desde tempos remotos; seria apenas a máe do homem Jesús, ao-qual sobreveio a pessoa do Filho de Deus para néle habitar em uniáo meramente moral, em con cordia semelhante á que se pode dar entre duas pessoas justapostas. No máximo, idizia Nestório, Maria poderia ser dita

Máe de Cristo (Christdtókos), pois gerou uma pessoa huma

na que, uma vez unida a Deus, se chama Cristo. O Patriarca assim resumía toda a sua doutrina na negacáo da Materni dade Divina de Maria; rejeitando o título Theotókos, julga-

va ter afirmado sua nova Cristologia. A tese de Nestório, porém, nao satisfazla aos dados da Revelacáo, a qual afirma uniáo muito mais íntima entre o hu_ 13 —

mano e o Divino em Cristo; a nossa Redengáo implica uma consagracáo muito mais rica do humano. Em conseqüéncia, os bispos e teólogos da Igreja reunidos no concilio geral de

Éfeso (Asia Menor) em 431 declararam, inspirando-se na fé

tradicional, haver em Cristo duas naturezas, sim, (a divina e a humana), mas uma só Pessoa (a Divina). Que significa exatamente esta fórmula? Por "natureza" entende-se a esséncia de um ser, aquela

estrutura íntima que faz que ele seja tal e atue como tal; é, pois, em linguagem técnica, o principio radical da atividade de um ser. A natureza do homem, por exemplo, aquilo que faz que ele seja nomem. nao é nem a sua estatura ereta, nem a

sua linguagem, mas a sua racionalidade; é desta que decorre

o modo de agir característico do homem no conjunto das cria turas. Todos os homens tém necessáriamente a mesma natu

reza, como se entende; em caso contrario, deixariam de ser

homens.

Sabemos, porém, que na realidade concreta nao se encontram animáis racionáis simplesmente ditos, indiferenciados uns dos outros; o ser racional só subsiste revestido de notas que o individualizam e o distinguem dos outros individuos possuidores da mesma natureza. Sim; Pedro, Paulo e Joao sao homens, tém a mesma natureza humana, mas cada um tem sua personalidade própria, que o individualiza; é sómente debaixo de tais personalidades individuáis que a natureza se encontra no mundo.

Distingue-se, portanto, da natureza a personalidade. Esta é o que da subsistencia real aquela; é o Eu que, com suas modalidades individuáis, utiliza as faculdades da natureza

ou do fundo comum a todos os homens. Pois bem; a fé ensina que em Cristo havia duas nature zas ou dois principios de ac.áo — o Divino e o humano — nao mutilados, mas íntegros. Acrescenta, porém, que a natureza

humana em Cristo nao subsistía por efeito de uma persona lidade humana e, sim, porque a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Ihe dava subsistencia ou personalidade; esta

mesma Pessoa, em virtude da Encarna§a.o, passou a subsistir em duas naturezas: a Divina, na qual se achava desde toda a eternidade, e a humana, que ela tomou no seio de Maria Santíssima. Táo íntima era a uniáo do humano com o Divino em Cristo que o Eu de Jesús nao era um Eu humano, mas Eu divino. Destas premissas se concluí que Maria pode e deve

ser

dita Mác de Deus. De fato, pelo S. Evangelho sabemos que — 14 —

«la gerou a Cristo, ésse individuo que subsistia em virtude de oima personalidade divina. Ora, visto que quem gera, gera urna pessoa, nao urna natureza abstraía, Maria, gerando a •natureza humana de Cristo, gerou também a personalidade divina que lhe estava unida; gerou-a nao de maneira a lhe ■dar o ser simplesmente, mas gerou-a como Pessoa Divina subsistente na natureza humana. Nao basta, portanto, dizer que Maria é Máe de Cristo ;(na acepgáo nestoriana). Quem lhe denega o título de Máe de Deus, nega ao mesmo tempo o misterio de Cristo e a sublime .maneira pela qual o Pai Eterno quis realizar a Redencáo do nosso género; esta nao implica menos do que a divinizagSo

da natureza humana, segundo a bela concepgáo dos Santos Doutores: "Para que os homens nascesíem de Deus, nasceu Deus primeiramente <dos homensCristo é Deus e Cristo naEceu dos homens. Na térra só prccurou máe, porque já tinha Pai no céu. Nasccu de Deus aquéle por quem havíamos de ser formados, e nas.ceu da mulher aquéle por quem havíamos de ser reformados... O

Verbo quis

naícer

do

homem...,

para

que

tu

realmente nascesses

de Deus e díssesses a ti mesmo: 'Nao foi em váo que Deus quis nascer do liomem. Apreciou-me como se eu fó?se coisa importante, a ponto de me .tomar imortal, nascendo Ele mortalmente por meu amor" (S. Agostinho,
Vé-se assim que a fórmula "Maria, Máe de Deus" vem a ser urna breve síntese das verdades centráis da fé católica. III.

ESCRITURA SAGRADA

DEOIrINDO (Belo Horizonte):

4) "Porque se diz que a "Biblia protestante" difere da •"Biblia católica"?" Quem abre o índice de moderna edigao protestante da Sa ngrada Escritura verifica nesta a ausencia de sete livros con-

tidos ñas edigóes católicas, a saber: Baruque (com a

epístola

•de Jeremías), Tobías, ffudite, 1.° e 2.° dos"Macabeus, Sabedo-

lia, Eclesiástico; faltam outrossim as segoes segúintes: Ester 10,4-16,24; Daniel 3,24-90; 13,1-14,42. Donde vem tal diferenga?

Entre os judeus estavam em vigor dois catálogos dos li aros inspirados: um, usual na Palestina, era o catálago resírito. que excluia os sete livros e os fragmentos ácima referi—

15 _

des. C outro se achava em uso na florescente colonia judaica de Alexandria no Egito; era o catálogo ampio, que re:onhecia es escritos ácima mencionados. A razáo de ser desta dupla recensáo é provávelmente a seguinte: até o inicio da era crista os judeus, tanto da Palestina como da Diáspora (Dispersáo), muito estimavam todos os seus escritos sagrados, inclusive os sete ácima recenseac'íos. No século 1.° da nossa era, porém, quiseram definir oficialmente o catálogo bíblico (empreendimento que até entáo nao os preocupara). Os fariseus entáo, que orientavam a opiniáo pú blica na Térra Santa, fizeram prevalecer seu espirito reacionário contra qualquer influxo estrangeiro (como se sabe, em ccnseqüéncia da tentativa de paganizacáo que Israel sofreu

per parte dos sirios em meados do séc. 2.° a. C. os Farisaus cultivavam urna religiosidade nacionalista, fechada em si, ten dente a esterilidade espiritual). Parece, pois, que. inspirados pela hostilidade ao helenismo e, em particular, aos Hasmoneus (dinastía liberal que governou Israel durante o séc. 2.°/

1.° a.C.), estipularam quatro condic.6es para que um livro fósse reconhecido como inspirado por Deus: 1) fósse conforme com c Feniateuco ou a Leí ds Moisés (entendida no sentido assaz formalista dos fariseus): 2) fósse antigo, isto é, nao posterior a Esdras

<séc.

5.°/4.° a.C); 3) tivesse sido redigido e conservado em hebraico, nao

nao em aramaico (sirio) nem em grego; 4) tivesse tido origem na Palestina, nao no estrangeiro. Aplicando estes criterios, os fariseus quase eliminaram do

catálogo bíblico o livro de Ezequiei, por fríes parecer destoar

da Lei de Moisés. Excluiram o Eclesiástico, o 1.° e o 2.° dos Macabeus, por serem posteriores a Esdras. Por motivo de idio ma, rejeitaram a Sabedoria, ás referidas seccoes de Ester e

taníbém o 2.° dos Macabeus. escritos em grego; Tobías e Ju-

dite, provávelmente redigidos em aramaico após os tempos de Esdras. Por ter-se originado fora da Palestina, nao reconheceram, a novo título, o livro da Sabedoria. Quanto á profecía de Baruque, á epístola de Jeremías e aos mencionados frag mentos de Daniel, no inicio da era crista só eram conservados

em grego, por se haver perdido o seu texto original. Em Alexandria, ao contrario, nao se verificou a reagáo dos Fariseus; por conseguinte, a colonia israelita, de menta-

lidade muito mais simples e aberta, nao consebeu dificuidades. para recenhecer oficialmente como inspirados os seis mencio nados livros que eram lidos com os demais do Antigo Testa—

16 —

meneo e faziam parte da ed'.cáo da Sagrada Escritura intitu lada ".. .dos Setenta Intérpretes" (edigáo grega confecciona da em Alexandria por tradutores e escritores diversos, entre

300 e 130 a.C.)

É esta a sentenca que com mais probabilidade explica a

existencia de dois catálogos bíblicos em uso entre os judeus. Ora os cristáos, desde o inicio da sua historia, usaram a edigáo grega dos LXX; os Apostólos mesmos, escrevendo os S. Evangelhos e suas epístolas, reíerem o Antigo Testamento nao segundo o texto hebraico, mas recorrendo á versáo dos

LXX; das 350 citacoes do Antigo Testamento que ocorrem no Novo, 300 sao tiradas do texto dos LXX (mesmo quando éste diverge acitíentalmente do hebraico; cf. p. ex. Hebr 10,5-7). A

traducáo grega dos LXX gozava de extraordinaria autoridade entre os próprios judeus (mesmo na Palestina). Em conseqüéncia, também o catálogo de livros sagrados estipulado iv>

sa edicáo"— catálogo ampio — foi naturalmente adotado pe

los cristáos (embora um ou outro escritor manifesta ose suas dúvidas a respeito) e sancionado pela autoridade da Igreja, á qual o Espirito Santo assiste. Tal catálogo representa a linha auténtica da fé judaica, ao passo que a recensáo restrita dos fariseus da Palestina se parece ressentir dos exageras de urna faegáo reacionária. Por toda a antigüidade até fins da Idade Media estsve em voga na Igreja o catálogo ampio. Eis, porém, que no séc. 16 Lutero o rejeitou, dando preferencia á lista restrita. Seguiram-no os outros ps.-reformadores (Calvino, Zwingli e os modernos fundadores de seitas). É esta a razáo principal poi que a Biblia editada pelos protestantes difere da católica. Deve-se, além disto, observar que a "Biblia protestante" nao costuma ter notas explicativas do texto, mas apenas refe rencias a textos da Sagrada Escritura paralelos a determinada passagem. A Igreja Católica, porém, exige que toda edicáo dos livros sagrados seja ilustrada por breves observac.6es que ajudem a en*^nder os versículos mais dificéis, removendo os possíveis erros de interpretado.

MARÍA TELLER (Niterói): 5)

"Que vém a ser livros canónicos e livros apócrifos?"

A terminología livros canónicos e livros apócrifos tomou no séc. 16 as suas modalidades hoje vigentes. Fercorramo-las brevemente: 17

Canon (em grego. kanón) significava "medida, norma" ■e, por extensáo, "catálogo, índice, registro". A partir do séc.

4.° aplicou-se o vocábulo ao catálogo dos livros inspirados por Deus no Antigo e no Novo Testamento.

Dos livros canónicos (isto é, catalogados) ou inspirados por Deus, era preciso na antiga Igreja distinguir outros, que, embora tivessem grande semelhanca de estilo com as Escri turas Sagradas, eram obra meramente humana, por vézes -edificante, por vézes herética ou fantasista. Para estes li vros se reservou o título de "apócrifos" (apókryphoi, em gre

go) , isto é, ocultos, nao lidos no culto público oficial (embora fóssem lidos em caráter particular); tais eram a "Ascensáo de Isaías", o "Evangelho de Pedro", o "de Nicodemos", os "Atos de Tomé", os "de Paulo com Tecla", etc.

No séc. 16 introduziu-se entre os teólogos católicos a distingáo meramente terminológica entre livros protocanonicos

•e deuterocanónicos. Ela se deve a Sixto de Sena (1520-1569),

judeu que, urna vez batizado, se tornou franciscano e depois ■dominicano. Éste autor, na sua "Bibliotheca Sancta", chamou -"protocanonicos", em grego "primeiramente

(introduzidos)

no canon", os livros sobre cujo valor inspirado nunca se registraram dúvidas; "deuterocanónicos", isto é, "em segundo

lugar (inseridos) no canon", aqueles escritos que só depois de

hesitares foram oficialmente recenseados no catálogo bí blico. Como se vé, a distin§áo significa apenas diferenca crono lógica, de modo nenhum implicando menor autoridade ou menor grau de inspiracáo para os "deuterocanónicos".

Entre os deuterocanónicos, contam-se, além dos sete li vros do Antigo Testamento nao incluidos no canon palestinense (Baruque com a epístola de Jeremías, Tobias, Judite, 1.° e 2.° dos Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico), os sete seguintes escritos do Novo Testamento: a epístola aos Hebreus, a de Sao Tiago, a 2.a de S. Pedro, a 2.a e a 3.a de Sao Joáo, a de Sao Judas e o Apocalipse. As hesitacóes sobre o valor de tais livros dos Apostólos eram devidas principalmente aos abusos que désses documentos faziam os herejes; prolongaram-se nesta ou naquela regiáo até os séc. 4."/5.°. Em 393,

porém, o concilio regional de Hipona (África

Setentrional)

definia o catálogo dos livros sagrados, incluindo néie tanto os protocanonicos como os deuterocanónicos do Antigo e do Novo Testamento. Esta declaragáo foi repetidamente inculcada pelo Magisterio da Igreja nos séculos subseqüentes até os nossos dias.

_

18 —

Os Protestantes, nao reconhecendo os livros deuteroca-

nónicos do Antigo Testamento, usam de outra nomenclatura, que vai abaixo confrontada com a dos católicos:

Católicos

Protestantes

LIVROS PROTOCANÓNICOS CANÓNICOS (simplesmente) DEUTEROCANÓNICOS APÓCRIFOS

APÓCRIFOS

PSEUDO-EPIGRAFOS

"Pseudo-epígrafos" significa "falsos títulos" ou livros fal samente intitulados, falsamente atribuidos a tal ou tal homem

de Deus (Henoque, Sao Tomé, Nicodemos.. .)• Donde se vé que, no concernente ao termo "apócrifos" em particular, se requer especial atenerlo: quando os Protestantes falam de "apócrifos", referem-se a livros que na verdade sao

inspirados por Deus; o mesmo nao se dá quando é um católico que usa tal vocábulo.

Mais precisamente, eis as razóes por que no iníe'o da era crista fot posta em dúvida a canonicidade de sote escritos do Novo Testamento: a epístola aos Hebreus era nos séc. 2.°/3.° falsamente utilizada por rigoristas (Montañistas e Novacianos), os quais, apelando para Heb 6,4 aíirmavam haver pecados irremissiveis. Os defensores da fé, em vez de refutar o erro propondo a genuina exegese do texto, as vézes preferiam negar a índole inspirada da epístola aos Hebreus; o Apocalipse também era explorado por herejes, os quais do c. 20 deduziam que, entre a segunda vinda de Cristo e a consumacáo da his

toria, haverá na térra um reino glorioso do Senhor, protrafdo durante mil

anos. Em conseqiiéncia, alguns autores ortodoxos, visando tirar a ¡lutoridade ao texto mal interpretado, negavam ser Sao Joáo o autor do Apo calipse; outros simplesmente excluiam éste livro do catálogo bíblico; a epístola de Sao Tiago, principalmente em 2,14-26 (inculcando h inutilidade da fé, sem as boas obras) parecía contradizer a Rom 3,27s: 4,1-íi (o primado da té sobre as obras expresso em linguagem paulina...}, pelo que alguns cristáos duvidavam da orlgem divina da carta de Sao Tiago; a 2.a epístola de Sao Pedro, a 2.a e a 3.» de Sao Joáo sao documentos breves, que nao apresen tam doutrina característica e raramente eram ci tados;

a carta de Sao Judas, citando no seu v. 14 o fantasista livro "de Henoque", parecía a alguns leitores pouco fidedigna.

I. T. A. (Carangola):

6) "Desejaria a explicacáo dos textos de Sao Mateus: 1,18: "Estando María desposada com José, antes de coabitarem. achou-se ter concebido do Espirito Santo" (isto quer dizer que depois coabitarám?); 1,25: "E ele (José) nao a conheceu, enquanto cía nao deu á luz o seu filho primogénito" (quer dizer que depois a conheceu e déla teve filhos?)"

1. A respeito do primeiro texto, note-se a distincáo entre noivado e casamento, pressuposta pelo Evangelista: aquéle —

19 _

era um contrato realizado em vista déste; as leis rabínicas o valorizavam altamente: a noiva infiel era punida pela lapi-

dagáo, á semelhanca da esposa culpada; era equiparada a uma viúva, caso lhe morresse o noivo; o filho por ela conce bido de seu noivo era considerado prole legítima. Contudo noivo e noiva nao coabitavam, aguardando, para isto, o con trato matrimonial (cf. Dt 20,7).

Subentendidos estes costumes, Sao Mateus dá a saber que Maria concebeu durante o período de noivado, sem a par-

ticipacáo de José, por intervengo direta do Espirito Santo (cf. 1,18). Acrescenta que, passada a perplexidade do varáo justo, a quem o anjo tranqüilizou, os dois noivos contrairam matrimonio e coabitaram, como o dá a entender a historia da infancia de Jesús (cf. Mt 1,24; 2,13. 19-22). Será que esta coabitacáo implicou consorcio carnal? A sadia exegese dos textos bíblicos, corroborada pelo con tinuo ensinamento da tradicáo crista, leva a afirmar que nao; Maria nao teve filho além de Jesús, embora ha i a vivido sob o mesmo teto com José, que fazia as vézes de tutor do Menino Deus e de Maria. A respeito dos chamados "irmáos de Jesús", veja-se "Pergunte e Responderemos" 3/1957 qu. 13. 2. Note-se ainda o sentido de Mt 1,25. A expressáo que neste versículo se traduz por "enquanto ela nao deu á luz"

(na versáo de Ferreira de Almeida: "até que deu a luz..."), corresponde ao grego heos hou e ao hebraico 'ad ki. Ora sao

conhecidas as passagens da Sagrada Escritura onde essas par tículas ocorrem para designar apenas o que se deu (ou nao se deu) no passado, sem se indicar o que se havia de dar no futuro. Tenha-se em vista, por exemplo:

Gen 8,7: o corvo que Ñoé soitou no fim do diluvio, nao

voltou á arca "até que as aguas secassem". Significaría isto que depois do diluvio a ave voltou á arca? Salmo 109, 1: Deus Fai convida o Messias a sentar-se á sua direita "até que Ele faga dos inimigos do Messias o supe dáneo dos seus pés". Quer isto dizer que, depois de termi nada a luta e vencidos os inimigos no fim da historia, o Mes sias deixará de se assentar á direita do Fai? Ainda hoje na vida cotidiana nao se recorre a semelhante modo de falar, quando por exemplo se diz: "Tal homem morreu antes de ter executado os seus planos" ou "ante; de

ter pedido perdáo"? Poderia alguém concluir disto que, de pois da morte, o defunto executou os seus designios ou pediu perdáo? Diz-se outrossim: "O juiz condenou o acusado antes de o ter ouvido"; seria lícito deduzir destas paiavras que o

— 20 —

ouviu depcis de o ter condenado? — Estes sao casos em que se faz referencia ao passado- prescindindo do futuro. Tal lo

cuelo era freqüente entre os semitas e constituí, sem dúvida,

a base pressuposta do texto de Mt 1,25, como alias bem reconhecem críticos protestantes do valor de Klostermann. Em conseqüéncia, a traducáo mais clara da passagem de Mt 1,25 seria: "Sem que ele (José) a tivesse conhecido (isto é, toma

do em consorcio carnal, marital), ela (Maria) deu á luz...". Análogamente diríamos para explicar as frases ácima citadas: "Tal homem morreu sem ter executado seus designios"; "o juiz condenou o acusado sem o ter ouvido"; "as aguas do di-

iúvio secaram sem que o corvo regressasse á arca". Quanto ao vocábulo "primogénito", ele nao se encontra no original de Mt 1,25, mas ai foi introduzido por influencia de Le 2.7: "Maria deu á luz seu filho primogénito, envolveu-o em faixas e deitou-o nu'a mangedoura". O Evangelista sublinha o caráter milagroso, virginal dessa natividade, fazendo notar que Maria mesma dispensou os primeiros cuidados ao recém-nascido. O termo "primogénito" nao significa que a Máe de Jesús tenha tido outros filhos após Ele. Em hebraico bekor, primo génito, pedia designar simplesmente o "bem-amado", pois o primogénito é certamente aquéle dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo o amor dos pais; além disto, o primogénito era pelos hebreus iulgado objeto de especial amor per parte de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor desde es seus primeiros dias (cf. Le 2,22; Éx 13,2; 34.19). Mesmo fora de Israel podia-se chamar "primogénito" o menino que nao tivesse irmáo nem irmá mais iovem; é o que atesta urna inscri(jáo descoberta em Tell el-Yedouhieh (Egito) no ano de 1922: lé-se ai que urna jovem mulher, chamada Arsinoé, morveu "ñas dores do parto de seu filho primogénito". Nótese de novo nestes textos o modo de falar que observamos a respeito de Mt 1,25: "primogénito" vem a ser apenas o filho antes do qua! nao houve outro, nao necessáriamente aquéle apes o qual houve outros.

IV.

HISTORIANDO CRISTIANISMO

WALTER (Matías Barbosa, M. G.): 7) "As igrejas luterana, batista e metodista pertencem a uin mesmo núcleo? Sao cías que constituem a sociedade dos chamados Protestantes? E estes seráo assim designados porque protestani contra a virgindade de Nossa SesnJhora?" _ 21



8)

"Qual é afinal a diferenga entre Igreja e Seita?"

As perguntas nos levam a reconstituir sumariamente a historia do movimento religioso que comeca com Lutero (1483-1546).

Éste em 1517, julgandq que quinze séculos de vida haviam corrompido a mensagem do Evangelho, quis cancelar de seu horizonte a tradigao crista e colocou-se ¿mediatamente diante da Sagrada Escritura; comegou a interpretá-la exclusivamen te á luz do que lhe parecía certo, sem levar em conta a autoridade de um milenio e meio de magisterio. Assim fazendo, jul-

gava "redescubrir" o Cristo encoberto pela tradigao; o Senhor Deus teria permitido que através dos séculos se perdesse o genuino senso do Cristianismo.

A principal doutrina que Lutero "achou" na Biblia, doutrina nuclear de toda a ideología luterana, é a seguinte: o pecado nunca é apagado na alma, pois o cristáo continua

sempre a sentir a concupiscencia, e esta é o próprio pecado. Por conseguinte, nao se pode falar de graca santificante que

transforme ou regenere ontológicamente o homem batizado; apenas Deus se digna nao imputar o pecado, atribuindo-nos como simples título extrínseco os méritos de Cristo. Disto sesegue, outrossim, que as boas obras

(tao entravadas

pela

concupiscencia) nao sao necessárias á salvagáo; basta crer ou ter confianga inabalável no Cristo para ser salvo. A

negagáo da virgindade de Maria, a rejeigáo das imagens e outras teses do luteranismo vém a ser pontos secundarios em comparagáo com esta doutrina central. O movimento de Lutero tomou o nome de Protestantismo por motivo assaz acidental: o Parlamento alemáo instalado em Espira no ano de 1529 decretou que a pretensa "Reforma"

luterana seria detida em seus progressos (nao, porém. cance lada) até se reunir um concilio ecuménico para julgar a situagáo; entrementes o culto e os direitos dos católicos continuariam a ser reconhecidos ñas regióes onde nao haviam sido supressos. Tal medida provocou o protesto de seis príncipes e quatorze cidades da Alemanha aos 19 de Abril de 1529. Donde a designagáo de Protestantes daí por diante atribuida aos

discípulos de Lutero; embora os "reformados" tenham repe

tidamente deplorado éste título, ele prevaleceu. Lutero encontrou entre os seus contemporáneos quem. de perto lhe seguisse o exemplo, encabecando semelhantes movimentos inovadores, de modo a formar, fora da Alemanha, blocos religiosos mais ou menos congéneres; tais eram Ulrico= — 22 —

Zwingli (1484-1531) na Suica alema (Zürich) e Joáo Calvino (1509-1564) na Suica francesa (Genebra) e na Franca. As

doutrinas passaram para a Inglaterra pouco depois que o rei Henrique VIII em 1534 se separou da Igreja Católica por mo tivo de seu divorcio; lá constituiram o bloco anglicano. É a estas modalidades da Ps.-Reforma oriundas da primeira raetade do séc. 16 e ainda hoje existentes (o Zwinglianismo sefundiu em breve com o Calvinismo) que se costuma atribuir

o nome de Igrejas Protestantes (tenha-se. consciéncia, porém, de que esta denominacáo é impropria, pois só pode haver urna

Igreja de Cristo: aqueía que remonta ininterruptamente até os

Apostólos e o próprio Cristo). Sao animadas por um espirito

assaz serio e tradicional; conservam certa etiqueta e nobreza

próprias do tipo angio-saxáo; seus adeptos tém contribuido com estudos valiosos para o progressu da filología e da exegese bíblicas. Contudo o que no Brasil e no mundo contemporáneo em geral tem chamado a atengáo por seu espirito proselitista nao e o Protestantismo das Igrejas Protestantes; sao facc,5es reli giosas que nos sáculos 17/20 (mormente no séc. 19) se separa-

ram de umá Igreja Protestante, produzindo urna "reforma da

Reforma", urna "heresia da heresia"; as vézes só tém de comum com o Luteranismo, o Calvinismo ou o Anglicanismo o

repudio da tradigáo, o principio da livre interpretacáo da Bi blia. Sao para o Protestantismo aquilo que as superstigóes eheresias sao para o Catolicismo. A tais grupos dissidentes se atribui a denominado de sci-

tas; existem centenas destas (sómente nos Estados Unidos da. América do Norte se contam 343 reservadas á populacho de ra§a branca; as seitas dos cidadáos de raga negra ainda sao mais numerosas). As mais famosas sao as dos Batistas, Meto distas, Presbiterianos, Adventistas, Testemunhas de Jeová, Pentecostais, etc. Compreende-se muito bem ésse fracionamento progressivo do bloco protestante; urna vez admitido o principio de Lutero segundo o qual todo cristáo, por seu livre exame, independentemente de algum magisterio tradicional,

é intérprete das Escrituras, "cada Protestante, tomando a Bi blia ñas máos, se tornou Papa" (ou cabera de urna Ps.Igreja), como diz Boileau (Sátira XII 224). As Federagóes Protestan tes da Europa e da América geralmente nao admitem em seu gremio as seitas; por sua vez, algumas destas se opóem tantoao Catolicismo como ao Protestantismo tradicional. Há na verdade sobe i o motivo para se manter a distingáo?

entre "Igrejas" e "seit.V' do Protestantismo, pois estas últi— — 23 —

mas sao animadas por mentaüdade bem característica: em geral originaram-se de urna reacáo contra o aburguesamiento de um dos antigos blocos protestantes (a atitude psicológica

básica de um fundador de seita freqüentemente é a de recomecar a partir do zero, como se ninguém entendesse mais o

Evangelho em sua época): seu entusiasme é, nao raro, des pertado e alimentado peio anuncio de urna nova revelacáo, que se justapoe á Revelacáo bíblica (e as vézes chega a sufocá-la); também acontece que as seitas esperem o fim do mun do para breve, baseando-se em exegesc rebuscada de textos bíblicos; apresentam-se como a arca em meio á corrupeáo

universal; por vézes prcmetcm, e parecem realizar, curas maravilhosas; em geral seus membros se deixam guiar mais pela experiencia subjetiva c pelo sentimento do que por sólida

cempreensáo das Escrituras e do Cristianismo!

Por fim, nao se uoderia deixar de notar que o pulular das seitas modernas tem seu significado positivo: é urna aíirmacáo vibrante da alma humana naturalmente religiosa, sequiosa do Místico e do Transcendente, em reacáo contra os credos materialistas e mecanicistas que tém sido apresentarios as geragóes dos séculos 19 e 20. V.

MORAL

CAPICHABA (Vitoria):

9)

"Será licito, na Moral crista, o aborto terapéutico?"

Por "aborto terapéutico" entendemos abaixo a intervencao médica que tem por objeto extrair do seio materno um feto vivo, ainda nao viável. a título de salvar a vida materna.

Trata-se, pois, de urna acáo que atinge dirctamente a vida da enanca, extinguindo-a;

pouco imperta, no caso, que nao se

vise como íinalidade suprema da intervencáo a morte do feto como tal, mas a preservacáo da vida da gestante. Cerno pe ; errpreende. urna tal operacáo apresenta foros de liceidade ? w.ente que nao possui o aborto vulgar, praticado por cemocii: nio ou outro motivo baixo. Em vista disto, as leis recentes o:1 a'^umas nacces tem permitido e oficializado o aborto terapéutico. A Moia: criü.ia. porém. condena formalmente tal praxe, pois com pler-i r;v;;ic a tem na conta de assassínio di reto. O

fato de se iníenv 'or:.ir um termo ulterior mediante o mortici

nio nao e?.rc?b¡ :

eviavidade do mesmo. A esta norm?. de Mo

ral é preciso acrexjr.lar a seguinte observacáo: na basa de

experiencias modernas, pode-se afirmar que o aborto dito

"terapéutico" nao se impóe como necessário ao tratamento de molestia alguma. Entre outros testemunhos, seja lícito citar o de numerosos médicos especialistas que se reuniram

em estudos na Academia de Deontologia Médica de Madrid nos anos de 1933 e 1934; concluiram com urna dcclaracáo acompanhada de sólido aparato científico, a qual afirma "nao haver indicagáo nem da obstetricia nem da cirurgia em geral que leve a tachar de terapéutico o aborto provocado" (cf. Surbled, La Moral en sus relaciones con la Medicina. Barcelona 1950, 292-3).

A fim de tornar plenamente persuasivo éste testemunho, os estudiosos tém reexaminado os principáis casos para a tera péutica dos quais se costumava outrora apontar o aborto. Chamam em nossos dias a atencáo para os recursos de qus dispoe

a Medicina moderna para curar eficazmente, sem recurso ao aborto, tanto os vómitos incoerciveis como a anemia perniciosa e a tuberculose pulmonar; quanto as lesoes cardíacas, a técnica permite dizer que exigem cuidados especiáis durante o processo de gestagáo e maternidade, mas nao o impedem. Em suma, eis eloqüente estatística publicada pelo "Catholic Medical Quarterly" de abril de 1956, 89-90. No "Margaret Hagne Hospital" (U. S. A.), entre os anos de 1944 e 1951 veri-

ficaram-se 66.101 partos, sem que se haia cometido um só abor to "terapéutico"; ora a mortalidade materna, em tais circuns tancias, atingiu as proporcóes de 0,103% apenas. Em outros dois grandes hospitais norte-americanos, onde se praticava o aborto "terapéutico", a mortalidade materna chegou a 0,12% num total de 21.990 casos e a 0,21% em outra serie de 20.679 casos. O Dr. Samuel Cosgrove, abalizado obstetricista, que solicitou aos hospitais os dados da estatística ácima, concluiu nao se poder legitimar por título nenhum o aborto dito "terapéu tico" (cf. "Theological Studies", marco 1953, 42). Por conseguinte, o médico que esteja realmente disposto a tratar da cliente, tem recursos científicos para fazé-lo, recursos que poupam a vida da crianca e sao mais dignos do que o aborto.

Escaparía ao ámbito da questáo tratar aqui do aborto pro vocado por razóes de eugenesia, ou seja, em vista de evitar in

dividuos defeituosos ou sélécionar os tipíos raciais. mais fortes. Seja apenas dito que também tal modalidade de intervengo é,

como assassínio injusto, repudiada pela Moral crista. Esta parte

do principio de que o homem nao é gerado meramente a fim de servir á sociedade; ele tem o direito de receber do seu semelhante algo mais do que a paga dos prestimos que llie possa — 25 —

tributar. Independentemente das suas possibilidades de pro-

duzir, a criatura humana possui urna personalidade baseada

em sua natureza espiritual e destinada a um finí postumo; todo e qualquer individuo tem o direito e o dever de passar por esta

vida temporal em demanda da eterna: "Os homens nao sao gerados primariamente para a térra e o tempo, mas para o céu e a eternidade", ensina Pió XI na encíclica "Casti connubü". Ademáis, quem praticasse o aborto por eugenesia, nao teria motivo para nao querer outrossim eliminar da sociedade os doentes incuráveis, os anciáos, aqueles cuja existencia pareca (segundo um criterio qualquer) carecer de valor. A respeito da prenhez ectópica, veja "P. R." 8/1957

qu. 12.

LEONARDO (Sao Paulo):

10) "Porque é que a Igreja impóe o índice dos Livros Proibidos? Há inconveniente em se ler obra de outra religiáo ou moral, com a finalidade de mclhor conhecer a divergencia daquela para a nossa (católica) ?"

Os livros sao "o eterno alimento da alma", como diz vene-

rável documento medieval (a Regra dos Cartuxos). As idéias

que éles veiculam nao podem deixar de ter influencia na formacáo dos leitores. Se a Palavra de Deus é Vida (cf. Jo 6,64), a Palavra do Erro é certamente veneno (grangrena, diz Sao Paulo em 2Tim 2,17) portador de morte. "As más companhias

corrompem os bons costumes", como iá verificava o poeta grego Menandro citado por Sao Paulo (cf. 1 Cor 15,33); ora o

livro sempre foi considerado um dos companheiros mais ínti mos do homem... "Nao há talvez poder de sugestáo compa-

rável ao da leitura, pois nao há outro que tanto se aproxime da auto-sugestáo" (J. Forget, índex, em 1>Dictionnaire Apolo-

gétique de la Foi Catholique" II. Paris 1911, 706). Sendo assim, entende-se nao ser desejável que qualquer pessoa leia qualquer livro, mesmo que o faca com intengáo de

defender a verdadeira religiáo; seo leitor nao possui sólida formacáo (coisa que nao se pode sem mais supor na multidao dos homens), deixa-se fácilmente enredar pelo erro. É esta a razáo por que a Santa Igreja, consciente da sua missáo de san tificar o mundo, vigia sobre os livros que seus filhos escrevem

e léem, impondo-lhes oportunas restfigóes. Nao há pai nem

máe que nao detenham seus filhos de brincar com o fogo ou manusear urna arma perigosa. — De resto, e isto é muito im

portante, a própria leí natural, anteriormente a aualquer de— 26 —

claracao positiva, nos diz que pessoa nenhuma tem o direito de continuar a ler um livro que ela perceba estar-lhe causando efeitos nocivos; esta proibicáo do Direito natural foi parti cularmente inculcada pelo Santo Oficio em 1943; a Santa Sé deseja que os Srs. Bispos a recordem aos fiéis (cf. "Acta Apostolicae Sedis" XXXV 144 s). Nao há dúvida, maior é o núme ro de iivros proibidos pela lei natural do que o de obras vedadas pelo índice da Igreja.

O desejo da preservar do erro (real ou presumido) pare ce ditado pela mesma lei natural a toda sociedade que estima seus valores. Foi, sim, posto em orática desde remota anti-

güidade pelas autoridades religiosas nao cristas: já antes de Cristo, por exemplo, os rabinos proibiam aos jovens de Israel, de menos de vinte anos de idade, a leitura do Cántico dos Cán ticos, assim como a de varios capítulos do Génesis e de Ezequiel, por julgarem que tais textos poderiam excitar perigosamente a imaginacáo dos adolescentes. Conforme refere o

historiador cristáo Eusébio de Cesaréia (t 339), o rei Ezequias de Judá (716-687) mandou atirar ao fogo livros que, falsamen te atribuidos a Salomáo, eram aptos a levar a idolatría. Entre

os pagaos, semelhantes cautelas estavam em vigor: referem

Cicero (De natura deorum 1,23) e Latáncio (t após 317 d. C,

De ira Bei 9) que o demagogo Protágoras de Abdera (t411 a.' C.) foi banido de territorio de Atenas por haver publicado um escrito com os seguinles dizeres: "A existencia dos deuses eis algo que eu nao saberia nem afirmar nem negar". A obra

foi queimada em plena praca pública. Tito Lívio (L. XXV 1) cita um decreto do pretor romano M. Attilius, que mandava destruir os livros de profecías dos cartagineses. — No séc. 16,

os preprios "reformadores" protestantes nao hesitaran! em se guir tal praxe: Lutero lancou ao fogo o 'Corpus Juris Canonici'; seus discípulos proscreveram as obras dos "reformados" zwingliancs e calvinistas, provocando igual reacáo por parte déstes.

Na Igreja Católica a condenagáo de livros, ao menos sob

forma esporádica, é oraticada desde os primeiros tempos. Conhece-se o chamado •Fragmento de Muratori", documento redigido por volta do ano de 196, em que, ao lado de livros bíbli

cos e outros edificantes/sao mencionadas obras herejes, "as quais nao podem ser aceitas na Igreia". No séc. 5.° o "Decreto Gelasiano" apresentava semelhante catálogo. Foi, porém, a partir do séc. 15, após a descoberta da imprensa, que se mulliplicaiam es livros nocivos, exigindo vigilancia mais assídua por parte das autoridades: o Imperador Carlos V, recorrendo

á colaboracáo dos teólogos da Universidade de Lovánia, man— 27 —

dou em 1529 redigir um catálogo de livros a ser proibidos nos Países Baixos. O Papa Paulo IV por sua vez publicou em 1557 e 1559 um índice de livros vedados. Para assegurar a tarefa de

censura, o santo Pontífice Pió V em 1571 fundou em Roma a dita "Congregacáo do índice", a qual exerceu suas atribuigoes até que em 1917 o novo Código de Direito Canónico as transferisse para a Congregacáo do Santo Oficio (á qual toca a cen sura das doutrinas e dos costumes em geral). Hoje em día. além dos livros explícitamente proibidos pelo índice, outros há que sao proscritos por cláusulas gerais do

Direito Canónico, independentemente de qualquer declaragao especial da autoridade eclesiástica (cf. can- 1399). Tais sao, em resumo:

a) as obras que diretamente ataquem a religiáo, a fe crista ou os bons costumes;

b) os escritos que tratem explícitamente de assuntos las civos e obscenos, seja sob a forma de narrativa, seja sob a de

tratado sistemático (está claro que nem todo romance de amor cai sob esta categoria);

c) os livros e brochuras que narram aparicóes, revelacóes, visóes, profecías, milagres ou preconizam novas devocóes, sem ter sido previamente submetidos á aprovacáo eclesiástica (cf. can. 1385 § 1);

d) os livros que ensinam ou recomendam a supersticáo, a adivinhacáo, a magia, a evocacáo dos espíritos e práticas aná

logas;

e) as edigóes da Sagrada Escritura que nao apresentem notas explicativas nem aprovagáo eclesiástica. Como se compreende, a intencáo da Igreja, ao impor restricóes á leitura, nao é em absoluto a de dominar pelo obscu rantismo nem retardar o progresso da ciencia. Por isto os fiéis, principalmente os que estudam. lecionam e escrevem, podem obter licenga para ler obras proibidas. desde que apresentem válidos motivos. Em vista disso, é necessário se dirijam ao Bispo diocesano de que dependem, o qual dará autorizagáo em casos urgentes (cf. can. 1402), ou encaminhará ao Santo Ofi cio o pedido, acompanhado da respectiva justificagáo e reco-

mendagáo. Freqüentemente os Nuncios e Delegados Apostó licos possuem as faculdades para conceder a devida permissáo. A fim de simplificar c trámite, recomenda-se aos fiéis interes-

— 28 —

sados consultem seu Pároco ou seu confessor, que lhes dará a

orientado precisa a seguir. V.

LITURGIA

PEDRO (Rio de Janeiro): 11)

"Qual o significado da vela acesa a urna imagam?"

JULIA (Barbacena):

12)

"Porque os católicos acendem velas durante o dia

sobre os altares?"

O fogo tem, por sua natureza, rico valor simbólico. Sen do fonte de luz e calor, está intimamente ligado com a vida, e representa aptamente a alma humana dotada de inteligencia (luz) e amor (caler) naturais ou dotada de fé e caridade sobrenaturais. Além disto, o fogo, ardendo enquanto consomé a materia, é sinal da reverencia e homenagem que alguém queira tributar a personagem muito estimado. Isto explica que o fogo, ardendo em cirios ou velas, tenha sido utilizado desde a era pré-cristá para exprimir o senso re ligioso do homem. Em particular, interessam-nos os testemunhos dessa praxe entre os romanos: Cicero, por exemplo, men ciona o incensó e as velas que se acendiam no culto sagrado (De officiis III 80); o historiador romano Amiano Marcelino (i 440 d.C.) refere que o filósofo Asclepíades, em visita ao tem

plo de Apolo em Dafnes, acendeu velas diante da estatua em sinal de veneractáo (Rer. gest. 1. XXII14). Em dadas ocasióes, velas acesas eram levadas processionalmente diante de digni-

tários do Imperio Romano; a imagem do soberano era por vézes exposta sobre u'a mesa quadrada, juntamente com quatro velas (julga-se eme o uso de se levarem velas processional

mente diante do. Santo Evangelho ou diante do Sumo Pontí

fice e de bispos provém désse costume romano). Entre os iudeus, a Lei mosaica prescrevia solenemerrte

que dia e noite ardesse urna lamparina de óleo na

tenda do

Senhor (cf. Éx 27,20s; Lev 24,2s). Estava igualmente em uso

o candelabro de sete brac'os, confeccionado de ouro puro se

gundo o modelo indicado a Moisés sobre o monte, objeto de grande estima na piedade de Israel (cf. Éx 20, 31-40; 39,37; Lev. 24,4; Núm 8,4). No templo de Salomáo havia o candela bro de ouro puro junto ao "Santo dos Santos" (cf. 3 Rs 7,49; 2 Crón 4,7). A Casa do Senhor restaurada após o exilio (cf. 1 Mac 4,49) tinha, cerno outrora, o tradicional candelabro de — 29 _

sete bracos. Por fim, sao sete candelabros que Sao Joáo no Apocalipse (note-se bem: temos aquí um texto do Novo Tes tamento) vé em torno do Filho do homem, realzando a Majestade do Senhor Jesús (cf. Apc l,12s).

Instruidos por estes precedentes, os cristáos nao hesitaram, desde os inicios da Igreja, em fazer uso de velas, lamparinas e candelabros para exprimir a fé e o ardor de sua alma.

Junto ao altar, principalmente por ocasiáo do S. Sacrificio da Missa, as velas acesas atestam a adoracáo prestada a Deus. Quando se acendem diante de imagens de santos ou simplesmente em honra déstes, as velas e lamparinas significam a

atitude de alma congruente, ou seja, veneraeáo (nao adoracao) aos amigos de Deus. Junto aos cadáveres ou túmulos dos defuntos, exprimem o respeito dos vivos perante o misterio da morte, sobre o qual só Deus tem poder; para os católicos, equivalem a uma profissáo de fé na imortalidade da alma e na ressurreicáo dos corpos. Nem mesmo os liberáis se recusam a

exprimir reverencia aos mortos mediante uma lamparina sempre arden te; é o que se verifica em mais de uma n&qao, por exemplo, junto ao túmulo do "Soldado desconhecido". Deve-se mencionar ainda o costume, vigente em familias católicas, de colocar ñas máos do moribundo uma vela acesa.

Que pode significar isto? — Supce-se que a veia tenha sido benta na igreja; tornou-se destarte um sacramental, isto é, objeto que a Santa Igreja seqüestrou do uso profano, pedindo ao Senhor que todos aqueles que déle usem com fé e devogáo obtenham gragas para a alma e para o corpo; sobre tal objeto pesa, por assim dizer. o valor da prece da Igreja, a qual nao

pode deixar de ser agradável a Deus e meritoria para os homens. Por conseguinte a fé e a devocáo dos fiéis que, diante da morte, recorrem ao sacramental da vela benta, se revestem de nova eficacia para impetrar as gracas de um santo desen lace. De modo semelhante, alias, a agua benta, o pao bento, a

medalha benta (que sao outros tantos sacramentáis...), usados com piedade, dáo novo esteio á oragáo dos fiéis; a Santa Igreja mesma como que se empenha de modo especial juntamente com quem usa dos sacramentáis, por obter efeitos salu tares.

Vé-se, pois, que o uso de velas nada tem que ver com superstigáo. É claro, porém, que se podem verificar abusos; as almas simples lhes atribuem as vézes efeitos desproporcionáis; é ' que se deve de todo modo evitar nos santuarios católicos.

D. Estéváo Bettencourt O.S.B. — 30 —

E RRA TA Concernente a "P. R." 6/1957

Juntamente com nossas desculpas, aprese'ntamos aos nossos esti mados leitores o pedido de levarem em conía as seguintes corregóes: Pág. 2, n.° 6): ler 6) "Desejaria a explicacao dos textos de Sao Mateus 1,18: "Estando María desposada com José, antes de coabitarem, achou-se ter concebido do Espirito Santo" (isto quer dizer que depois coabitaram?);

1,25: "E ele (José) nao a conheceu, enquanto ela nao deu á luz o seu filho primogénito" (quer isto dizer que depois a conheceu e déla

teve filhos?)"... Pág.4, 1. 5 de baixo para cima: depois de "raciocinar progressivamente", acrescentar: "sempre sujeitu a erros...). Aquelas perfeigóes em seu conceito nao incluem...". Pág. 4, 1. 4, de baixo para cima : cni vez de cíizer a bondade, ler dizer que a bondade...

Pág. 4, 1. 1.a de baixo para cima : em vez de rstrita, ler restrita.

Pág. 5, 1. 23: depois de mas, acrescentar: "Ele as tem de per si, por sua própria entidade; se as recebesse de fora,..." Pág. 6, 1. 9: em vez de citar indefinidamente, ler multiplicar. " " '1. 27 no inicio: ler mos" 3/1957, qu. 1. Pág. 7, 1. 5 de baixo para cima : em vez de dispende, ler dis pondo. Pág. 8, 1. 13: em vez de compreendidas, ler empreendidas. " " 1. 16/17: em vez de Ulteriormente, ler Ulteriores. " " 1. 25: em vez de industria seu, ler industria e seu. Pag. 10, 1. 3: em vez de orna, ler torna. " " 1. 8: após Ética, acrescentar julgava que. Pág. 11, 1. 29/30: as citacóes bíblicas sao Dt 12, 31; 17,1; Prou 3,32; 11,1.

20; 12, 22; 15, 8 s. 2C.

Pág. 12, 1. 17: em vez de vultoso, ler vultuoso. " " 1. 8 de baixo para cima: em vez de inculta, ler inculca. Pág. 15, 1. 8 de baixo para cima: em vez de 3,24190, ler 3,24-90. Pág. 16, 1. 20: ler o seguinte trecho omitido : "... nao posterior a Esdras (séc. 5.°/4.° a.C);

3) tivesse sido redigido e conservado em hebraico, nao em aramaico (sirio) nem em grego;".

Pág. 16, 1. 29); em vez de Por ter originado, ler Por se ter ori ginado.

Pág. 17, 1. 13: em vez de ígreja; a qual ler Igreja, á qual. Pág. 18,

Pág. 19,

12: ler "Bibliotheca Sancta". 19: ler de modo nenhum implicando.

22: em vez de incluido, ler incluidos. 32: no fim: ler como os deuterocanónicos. 3: ler Nicodemos. 1. 25: ler inutüidade da fé sem as boas

obras),

parecía ■ ■ •

Pág. 20, 1. 18 no fim: ler 3/1957, qu. 13. " 1. 30: ler Salmo 109, 1:

Pág. 22, 1. 10: em vez de Biblia doútrina, ler Biblia, doutrina. " " 1. 25: em vez de pretendida, ler pretensa. " 1. 36: em vez de Ihes, ler Ihe.

Pág. 23, 1. 30: em vez de "Cada, ler "codo.

" 1..4 de baixo para cima: em vez de seitas, ler seita.

Pág. 25, 1. 26: em vez de nenhum aborto, ler nenhum o aborto.

1. 7 de baixo para cima: em vez de Ihes, ler Ihe. Pág. 27, 1. 12: ler historiador cristáo Ensebio de Cesaréia.

" 1. 33/34: após Igreja", ler No séc. 5." o "Decreto Gelasiano" apresentava semelhante catálogo. Foi, porém, a partir..."

"

" " Pág. 29, Pág. 30,

1. 38: em vez de Jovánia, ler Lovánia. 1. 40/41: em vez de 1557 o, ler 1557 e. penúltima linha: em vez de com, ler cottio. 1. 1: ler Novo Testamento) vé em torno...

" 1. 14: ler para os católicos, equivalem a urna profissdo... .,

A

REDACÁO

"Pergunte e Responderemos" Caro amigo, nao há quena nao se ponha a pensar e nao conceba sem demora importantes problemas ("Afinal que faco ueste mundo? Qual o sentido da vida presente? Que se lhe seguirá?"). Nao sufoque nem despreze cssas questóes. Scm luz sobre tais assunlos ninguém se pode sentir plenamente tranquilo e feliz.

I'ara o ajudar na procura das solucóes que lhe interessam, V. S. tcm a sua disposicáo urna Caixa Postal e um fascículo mensal de 40 páginas publicado sob os cuidados de D. Esléváo Bettcncourt O. S. B. Poderá propor questóes filosóficas, moráis c religiosas ao seguintc endereco:

«PERGÜXTE E RESPONDEREMOS" Caixa

Postal 2666

Rio de Janeiro

A resposta será enviada gratuitamente a V. S. em fascículo impresso. Qucira, pois, indicar endereco c pseudónimo. A colecáo dos fascículos "Perpunte e Responderemos" pode-sc obter tambem por assinatura (a serie se iniciou em marco de 1957). Prpco da assinatura anual: Cr$ 100,00. Número avulso: Cr$ 10,00. Pedidos ao Instituto Pió X, Rúa Real Grandeza 108, Bolafogo — Rio de Janeiro (tel.: 26-1822). N. B.: — Tudo que se refere a REDACAO deve ser enriado (ou "Pergunte e Kespo.idcrc-

a D. Estéváo Bettencourt O. S. B.

inos"), Caixa Postal 2666, Rio de Janeiro.

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á ADMINISTRACAO seja dirigido á Dirctoria do Instituto Pió X, Rúa Real Grandeza

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