Ano Xxxviii - No. 422 - Julho De 1997

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  • Pages: 54
Projeto PERGUNTE

E RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor

com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoríam)

APRESENTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir

(1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar

•r -

consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propoe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade

controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortaleca no Brasil e no mundo. Queira Oeus abengoar este trabalho assim como a equipe de

Veritatis Splendor que respectivo site.

se encarrega do

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio

com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

filosófica

"Pergunte

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo

da

revista

teológico

-

Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

ANOXXXVm

JULHO 1997

A Primeira Hora do Dia

A Igreja e os Divorciados de Novo Casados

"Separados, Divorciados. Urna Esperanca Possível", por Paúl Salaün

Métodos Naturais e Paternidade Responsavel A Atividade Humanitaria de Joáo Paulo II

"Eunucos pelo Reino de Deus", por Uta RankeHeinemann

A "Folha Universal" diz a Verdade? O Livro de Urantia

A Igreja e a Mulher "Deus é como um grande estilista..."

JULH01997

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

NM22

Publica?áo Mensal

SUMARIO

Diretor Responsável Estéváo

Bettencourt OSB

Autor e Redator de toda a materia publicada

neste

periódico

Hildebrando P.

Martins OSB

Ed¡9óes "Lumen Christi" Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar-sala 501 (021) 291-7122

Fax (021) 263-5679 Endereco para Correspondencia: Ed.

"Lumen

290

de Novo Casados

Testemunhos eloqüentes: "Separados, Divorciados. Urna Esperanca Possível", por Paúl Salaün 297

Administracáo e Distribuicáo:

Tel.:

289

Fala o Papa: A Igreja e os Divorciados

Diretor-Administrador:

0.

Á Primeira Hora do Dia

Christi"

Caixa Postal 2666 CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" na INTERNET: http://www.osb.org.br.

Fala o Médico: Métodos Naturais e Paternidade Responsável

309

Com o Coracáo Dilatado: A Atividade Humanitaria de Joáo Paulo II

313

Contestacáo preconcebida: "Eunucos pelo Reino de Deus", por Uta Ranke-Heinemann

318

O Jornal da Igreja Universal: A "Folha Universal" diz a Verdade?

325

Fantasía em alto grau:

ImpressSoe EncademacSo

O Livro de Urantia

328

A Igreja e a Mulher

332

"Deus é como um grande estilista..."

336

"margues saraiva" C0M APROVAQAO ECLESIÁSTICA • GRÁFICOS E EDITORES Ltda.

Tels.: (021) 273-9498/273-9447

NO PRÓXIMO NÚMERO:

«Quando Deus andou no mundo, a Sao Pedro disse assim...». - Batismo em favor dos mortos? - Preservativos ñas Escolas. - Esterilidade Involuntaria. -"Aborto Legal? Isso

nao existe". - Quem sao os Ciganos? - Um Cigano Beatificado. - Transplante de Órgáos e doacáo compulsoria. - Conciliarismo: que é? - A "Folha Universal".

(PARA RENOVACÁO OU NOVA ASSINATURA:

(NÚMERO AVULSO

R$ 25,00).

R$ .2,50).

O pagamento poderá ser á sua escolha: 1. Enviar em Carta, cheque nominal ao MOSTEIRO DE SAO BENTO/RJ. 2. Depósito em qualquer agencia do BANCO DO BRASIL, para agencia 0435-9 Rio na C/C 31.304-1 do Mosteiro de S. Bento/RJ, enviando em seguida por carta ou fax, comprovante do depósito, para nosso controle.

3. Em qualquer agencia dos Correios, VALE POSTAL, enderecado ás EDICÓES "LUMEN CHRISTI" Caixa Postal 2666 / 20001-970 Rio de Janeiro-RJ

Obs.: Correspondencia para:

Edicóes "Lumen Christi" Caixa Postal 2666 20001-970 Rio de Janeiro - RJ

y

A PRIMEIRA HORA DO DÍA O Cardeal Joseph Bernardin, arcebispo de Chicago (U.S.A.) falecido aos 14 de novembro de 1996, deixou em suas "Memorias" urna observacáo digna de especial atencáo:

"Aprendí, há muitos anos, que a única forma de darqualidade á oragáo era levantar-me cedo pela manha... Assim prometí a Deus e a mim mesmo que dedicaría á oragáo a prímeira hora de cada día, antes que telefone e campaínhas tocassem, antes que o correio chegasse".

Nota aínda o prelado que tal prática Ihe custou esíorcos: as preocupacóes e distracóes nao deixavam de o assaltar, como se tivesse que resolver problemas administrativos precisamente naquela hora do dia... Mas acrescentava: "Nao estou certo de que possa evitar isso... O importante é que nao darei aquele tempo a ninguém".

A experiencia desse homem de Deus, muito solicitado por afazeres vultosos, vale como licáo para todo bom cristáo envolvido ñas tarefas deste mundo, mas desejoso de sair da ratina e ter urna vida de uniáo com Deus mais profunda e saborosa. Para quantos Deus nao tica sendo urna palavra mais ou menos vazia, urna fórmula metafísica... até o fim da vida, sem chegar a tornar-se um TU dialogante?! A vivencia crista vem a ser entáo urna bagagem pesada ou um dever sufocante. Na verdade, porém, Deus nao é um simples vocábulo; Ele é a prímeira Sabedoria, o primeiro Amor, a primeira Santidade, da qual tudo mais é reflexo mais ou menos pálido. Ele nao pode

deixar de falar e se manifestar a quem O procura, pois Ele conhece a cada um desde todo sempre e Ihe quer bem pessoalmente. - O problema é que as coisas visíveis e sonoras sao táo atraentes e absorventes que a escala de valores, para muitos, se inverte: a verdade parece estar ñas coisas coloridas e sensiveis, enquanto Deus é urna realidade supletiva, "para quem nao tem mais nada que fazer". - Ora é tempo de reagir, pois a qualquer momento os véus da fé podem rasgar-se e nos fazer comparecer diante dele, que é o único valor que nao passa, ao invés das criaturas táo brilhantes, mas transitorias.

E as distracóes? - Nao impedem de rezar. Elas acometem até os San

tos, como reconhece Santa Teresa de Ávila: "Nao julgueis que tudo está per

dido quando vos distraís um pouco. Tenho andado, ás vezes, bem apertada por causa dessa barafunda das distracóes" (Castelo Interior, Quarta Morada 1,7 e 8). O que importa, é nao Ihes dar consentimento; é querer permanecer na presenca de Deus durante todo o tempo previsto, ainda que seja em luta

constante contra as distracóes. O simples fato de as repelir é eloqüente ato de fé; é oracáo, á qual Deus saberá dar a resposta adequada, Ele que é o primei ro a procurar o homem através dos tempos.1

Sirva a experiencia do Cardeal Bemardin a todo discípulo que deseja sair de urna "santa mediocridade" para viver urna santa profundidade! E. B. 1 Ver a propósito p. 296 deste fascículo: "Na Confluencia das Escrituras". 289

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXXVIII -N° 422 - Julho de 1997 Fala o Papa:

A IGREJA E OS DIVORCIADOS DE NOVO CASADOS

Em síntese: O S. Padre Joao Paulo II, em 24/01/97, proferíu urna alocugao em que afirma a solicitude da Igreja pelos casáis divorciados e de novo casados. Exorta-os a nao cair no desánimo nem no desespero perante Deus. Freqüentem a Igreja, assistam a S. Missa, entreguem-se a

oragao e á prátíca de alguma atividade caridosa em prol dos pobres ou enfermos. Os pastores da Igreja tém o deverde os acolhercom benevo

lencia fraterna (que nao significa conivéncia bonacha), assim como os demais membros da comunidade eclesial. Os familiares de tais casáis colaborem para estimularessaspessoas a mantera féeo vínculo com a Santa Igreja. *

*

*

É doloroso o drama de pessoas católicas que vivem em situacao conjugal nao reconhecida pela Lei de Deus; casaram-se legítimamente na Igreja, d¡vorciaram-se e contrairam nova uniao (essa, meramente ci vil). Se o primeiro casamento foi válido e consumado camalmente, é indissolúvel, de modo que a nova uni§o carece de valor perante o Evan-

gelho e a Igreja (cf. Me 10,5-9, par). Muitos desses casáis, privados dos sacramentos por viverem em conúbio religiosamente ilegal, sofrem pro fundamente, guardam a fé e a consciéncia do que Ihes ocorre. N§o raro

um dos cónjuges foi vítima mais do que réu do fracasso do primeiro ma trimonio. Outros se afastam da Igreja, porque, desesperanzados, julgam

que as portas Ihes estáo fechadas e levam urna vida alheia aos valores religiosos. Ora, visto que o problema é cada vez mais freqüente, a Igreja tem-

se dedicado com especial atencáo ao mesmo, procurando reconfortar os casáis divorciados de novo casados, estimulando-os a nao se afastarem da Igreja, onde devem encontrar acolhida caridosa (embora nao coni290

A IGREJA E OS DIVORCIADOS DE NOVO CASADOS

3

vente) e a oportunidade de trabalharem pelo Reino de Deus numa obra

social ou numa Pastoral em favor dos irmáos. Consciente da problemáti ca, e no intuito de despertar esperanga e confianca, o S. Padre Joáo Paulo II, aos 24/01/97, proferiu um discurso aos participantes da 13a Assembléia Plenária do Pontificio Conselho para a Familia, discurso em que tracava linhas de acáo oportunas para reconfortar os casáis irregu larmente unidos. Eis o teor de tal alocucao:

I. A PALAVRA DO PAPA «Senhores Cardeais, Amados Irmáos no Episcopado, Caros Irmáos e Irmas, 1. Estou feliz por vos acolher e vos saudar por ocasiao da Assem-

bléia Plenária do Pontificio Conselho para a Familia. Agradego ao Cardeal-Presidente Alfonso López Trujiiio as gentis palavras com as quais quis comegar este encontró, que se reveste de grande importancia. Com efeito; o tema da vossa reflexáo - A Pastoral dos Divorciados de novo Casados - está hoje em dia no centro das preocupacóes e da atencao da Igreja e dos pastores encarregados da cura de almas, os quais nao cessam de prodigalizar sua solicitude pastoral aqueles que sofrem por causa das difíceis situacdes que afetam as respectivas familias.

A Igreja nao pode ficar indiferente a esse doloroso problema, que diz respeito a tantos de seus filhos. Na Exortacáo Apostólica Familiaris Consortio, eu já reconhecia que, já que se trata de um flagelo que aflige sempre mais os ambientes católicos, 'é preciso enfrentar urgentemente o problema com a máxima solicitude' (n° 84). A Igreja, Mae e Mestra, procura o bem e a felicidade dos lares e, quando estes sao destruidos, qualquer que seja o motivo, ela sofre com isto e procura urna solucáo, acompanhando essas pessoas num trabalho pastoral em absoluta fidelidade aos ensinamentos de Cristo.

2.0 Sínodo dos Bispos de 1980, tratando da Familia, levou em con-

sideracáo essa situagáo penosa e indicou as orientagoes pastorais opor tunas para as respectivas circunstancias. Na Exortagáo Apostólica Familiaris Consortio, levando em conta reflexdes dos Padres Sinodais, escrevi: 'A Igreja, instituida para levar á salvagáo todos os homens, es

pecialmente os batizados, nao pode abandonar aqueles que, já unidos pelos vínculos do sacramento do matrimonio, quiseram passar para outras nupcias. Por conseguinte, ela deve esforgar-se incessantemente por

colocar á sua disposigáo os meios de salvagáo que Cristo Ihe entregou' (n6 84).

É neste quadro marcadamente pastoral que se situam as reflexóes do vosso encontró, as quais procuram ajudar as familias a descobrir a 291

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

grandeza da sua vocacáo batismal e a viver as obras de piedade, canda-

de e penitencia. A assisténcia pastoral, porém, pressupoe que a doutrina da Igreja, claramente exposta no Catecismo, seja reconhecida: 'Nao está no poder da Igreja pronunciar-se contra as dísposicoes da Sabedoria Di vina' (n° 1640).

Que todos esses homens e essas mulheres saibam que a Igreja os ama, que Ela nao está distante deles e sofre com a sua situacáo. Os divorciados que de novo se casaram, sao e permanecem membros da Igreja, pois receberam o Batismo e conservam a fé crista. Por certo, urna nova uniáo após o divorcio vem a ser urna desordem moral, que contrasta com as exigencia precisas da fé, mas isto nao deve constituir obstáculo para que os divorciados se dediquem á oracao e ao testemunho ativo da caridade.

3. Como escrevi na Exortacáo Apostólica Familiaris Consortio, os divorciados que se casaram de novo, nao podem ser admitidos á Comunháo Eucarística, 'pois o seu estado e a sua condicáo de vida estáo em contradicáo objetiva com a comunháo de amor existente entre Cristo e a Igreja tal como ela se exprime e torna presente na Eucaristía' (n° 84). E isto em virtude da autoridade mesma do Senhor, Pastor dos pastores, que procura sempre as suas ovelhas. Isto vale igualmente para o sacra

mento da Penitencia, cujo significado duplo e unitario de conversáo e reconciliacáo é contraditado pela condicáo de vida dos divorciados de novo casados.

Todavía nao faltam caminhos pastarais apropriados para ir ao en contró de tais pessoas. A Igreja considera os sofrimentos e as graves dificuldades ñas quais se angustiam; e no seu amor materno Ela se inqui eta tanto por essas pessoas quanto pelos filhos do casamento anterior; privados do direito de fruir da presenca de seus dois genitores, sao as

primeiras vítimas desses dolorosos acontecimentos.

É preciso logo e com urgencia ativar urna pastoral de preparagáo e

de sustento oportuno dos casáis no momento da crise. O anuncio do dom e do mandamento de Cristo está em jogo. Os pastores, os párocos em particular, devem, de coracáo aberto, acompanhar e sustentar tais ho mens e tais mulheres, dando-lhes a compreender que, mesmo que nao

tenham respeitado o vínculo do matrimonio, nao devem desesperar da grasa de Deus, que vigia o seu caminho. A Igreja nao cessa de "convidar seus filhos que se encontram em tais situacoes dolorosas para que se aproximem da misericordia divina por outros caminhos... enquanto nao estáo ñas condicoes necessárias para receber os sacramentos" (Exorta cáo Apostólica Reconciliacáo e Penitencia n° 34). 'Os pastores sao cha

mados a fazer sentir o amor de Cristo e a proximidade maternal da Igreja; 292

A IGREJA E OS DIVORCIADOS DE NOVO CASADOS

5

acolham com amor tais pessoas, exortando-as a se entregarem á miseri cordia divina e sugerindo-lhes com prudencia e respeito caminhos con cretos de conversáo e participacáo na vida da comunidade eclesial' (Car ta da Congregacáo para a Doutrina da Fé sobre a Comunháo Eucarística e os Fiéis Divorciados de novo Casados, 13/10/1994, n° 2). O Senhor,

impelido pela misericordia, vai ao encontró de todos os que dele precisam, ao mesmo tempo que mantém a exigencia da verdade e o óleo da caridade. 4. Como nao acompanhar com inquietacáo a situacáo das muitas

pessoas que, especialmente nos países desenvolvidos, vivem em condicoes de abandono por causa da sua separacáo, principalmente se se

trata de pessoas a quem nao se pode atribuir o fracasso do casamento? Quando o casal que estava em situacáo irregular, volta á prática cris ta, é necessário acolhé-lo com caridade e benevolencia, ajudando-o a

esclarecer o estado concreto de sua condicáo mediante um trabalho claro e elucidativo. Essa pastoral de acolhida fraterna e evangélica é de grande importancia para aqueles que haviam perdido o contato com a Igreja: é o

primeiro passo para os inserir numa prática de vida crista. É necessário

aproximá-los da escuta da Palavra de Deus e da oracáo, inclui-los ñas

obras de caridade que a comunidade crista realiza em favor dos pobres e marginalizados e estimular o espirito de arrependimento mediante obras de penitencia que preparem o seu coragáo para acolher a graca de Deus. Um capítulo muito importante diz respeito á formacáo humana e crista dos filhos da nova uniáo. Dar-Ihes a conhecertodo o conteúdo da sabedo-

ria do Evangelho segundo os ensinamentos da Igreja é obra que prepara

maravilhosamente o coracáo dos genitores que receberem a forca e a luz necessárias a fim de superarem as dificuldades reais que se encontram

na caminhada e para reencontrarem a plena transparencia do misterio de Cristo que o matrimonio cristáo significa e realiza. Urna tarefa particular

mente difícil, mas necessária, toca aos outros membros que, de modo próximo ou remoto, fazem parte da familia. Mediante aproximacáo, que nao deve ser confundida com condescendencia, háo de procurar ajudar os seus familiares, especialmente os filhos destes; em virtude de sua pouca

idade, sao os filhos os mais afetados pelas conseqüéncias das opgoes de seus genitores.

Caros Irmáos e Irmas, a recomendacáo que hoje procede do meu coracáo é a de terdes confianca naqueles que vivem situacoes táo dramá

ticas e dolorosas. É preciso que nunca deixemos de 'esperar contra toda esperanca1 (Rm 4,8) que aqueles que se acham em situacáo nao confor me á vontade do Senhor, possam, eles também, obter a salvacáo de Deus, desde que perseverem na oragáo, na penitencia e no verdadeiro amor. 293

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

Para terminar, eu vos agradeco a colaborado em prol da prepara do do Segundo Encontró Mundial das Familias que ocorrerá no Rio de Janeiro aos 4 e 5 de outubro pf. Dirijo as familias do mundo inteiro o meu convite paternal para prepararem esse Encontró pela oracáo e pela reflexáo. Para os casáis que nao poderáo comparecer a tal assembléia, sei que foi preparado um instrumento útil a todos; trata-se de catequeses que serviráo para esclarecer os grupos paroquiais, as associacóes, os movimentos familiares, estimulando urna reflexáo apropriada sobre os gran des temas referentes á familia. Eu vos asseguro de que me recordarei de vos na oracáo, a fim de que vossos trabalhos contribuam para restituir ao sacramento do matri monio todo o conteúdo de alegría e vigor eterno que o Senhor Ihe conferiu, elevando-o á dignidade de sacramento. Augurando que sejais testemunhas generosas e atentas da solicitude da Igreja pelas familias, eu vos concedo de todo o coragáo a minha Béncao estensiva a todas as pessoas que vos sao caras». II. REFLETINDO...

Procuremos agora compendiar em poucas sentencas as grandes linhas do discurso do S. Padre: 1) A Igreja se preocupa com os casáis divorciados e de novo casa dos. Compreende a angustia de seus coracóes e exorta-os a nao cairem no desánimo ou desespero frente a Deus. Se a Igreja nao pode derrogar á leí divina da indissolubilidade do matrimonio, Deus pode fazer que a situacáo irregular venha a ser legitimada mediante a ocorréncia de um fato novo (viuvez de urna ou de ambas as partes).

2) Muitos casáis irregularmente unidos nao se podem separar, de vendo continuar a viver sob o mesmo teto por causa da educacáo de

filhos aínda pequeños. Estáo impossibilitados de comungar em tal situa cáo; mas, se consentirem em víver como irmáo e irmá sob o mesmo teto,

poderáo receber os sacramentos da Reconciliacáo e da Eucaristía; ver Familiaris Consortio n° 84.

3) Tais casáis freqüentem a Igreja; assistam á S. Míssa. Dediquemse á oracáo e á prática da caridade, exercendo alguma obra social da paróquia, a fim de manterem vivo o vínculo com a comunidade eclesíal.

4) Eduquem os filhos na fé católica. O fato de nao estarem legalmente unidos perante Deus nao os deve impedir de procurar o Batismo para seus filhos e de Ihes ministrar instrucáo religiosa. Esta norma vale tanto para os filhos do matrimonio legítimo fracassado como para os da segun

da uniáo. A Igreja nao deve recusar o Batismo de tais enancas, visto que 294

A IGREJA E OS DIVORCIADOS DE NOVO CASADOS

7

nao tém culpa do modo de vida dos genitores. O que interessa á Igreja, no caso, nao é a situacáo legal ou ilegal dos pais, mas a probabilidade de educacáo religiosa da enanca batizada; se esta for assegurada pelos próprios pais, pelos padrinhos ou pela paróquia, nao há por que excluir da graca do Batismo tais chancas.

5) Tenham os pastores da Igreja o zelo da acolhida (que nao será conivéncia bonachá) para com tais casáis. O mesmo amor fraterno esteja no coracáo dos demais membros da comunidade paroquial frente a tais pessoas.

6) Os familiares dos casáis irregularmente unidos desempenhem um papel de ajuda crista em favor tanto dos genitores como dos filhos de tais pessoas. Procurem estimular os adultos a nao perderem a confianca na Providencia Divina e tenham interesse pela educagáo religiosa das enancas. 7) Os pastores da Igreja acompanharáo com especial solicitude os casáis legítimamente unidos que estejam em crise. Déem-se-lhes apoio

e estímulo para evitar o desastroso desfecho da separacáo conjugal. Como se vé, a Igreja se interessa ao máximo pelos casáis divorcia dos de novo casados e procura atrai-los ao convivio da paróquia, na esperanca de que Deus responda as preces de tais pessoas, abrindo-lhes o caminho para a legitimacáo de sua situacáo e para a salvacao eterna.

APÉNDICE A fim de completar os dizeres do Santo Padre atrás transmitidos, parece oportuno transcrever aqui trechos da Exortacáo Apostólica Familiaris Consortio, a que alude S. Santidade e que foi publicada com a data de 22/11/1981:

«Exorto vivamente os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudaros divorciados, promovendo com caridade solícita que eles nao se

considerem separados da Igreja, podendo, ou melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o Sacrificio da Missa, a perseverar na oragSo, a

incrementaras obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor dajustiga, a educaros filhos na fé crista, a cultivar o espirito e as obras de penitencia para assim implorarem, día a dia, a graga de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mae misericordiosa e sustente-os na fé e na esperanga.

A Igreja, contudo, reafirma a sua praxis, fundada na Sagrada Escritu ra, de nSo admitirá comunháo eucarística os divorciados que contraíram nova uniáo. Nao podem ser admitidos, do momento em que o seu estado e condigóes de vida contradizem objetivamente aqueta uniáo de amoren295

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

tre Cristo e a Igreja, significada e realizada na Eucaristía. Ha, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas á Eu caristía, os fiéis seriam induzidos em erro e confusSo acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimonio. A reconciliagáo pelo sacramento da penitencia - que abriría o caminho ao sacramento eucarístico - pode ser concedida só aqueles que, arrependidos de ter violado o sinal da Alianga e da fidelidade a Cristo, estao sinceramente dispostos a urna forma de vida nao mais em contradigao com a indissolubilidade do matrimonio. Isto tem como conseqüéncia, concretamente, que, quando o homem e a mulher, por motivos serios -

quais, porexemplo, a educagáo dos filhos-nao se podem separar, assumem a obrigagao de viver-em plena continencia, isto é, de absterse dos atos próprios dos cónjuges.

Igualmente o respeito devido querao sacramento do matrimonio quer aos próprios cónjuges e aos seus familiares, querainda á comunidade dos fiéis proibe os pastores, por qualquer motivo ou pretexto mesmo pastoral, de fazerem favor dos divorciados que contraem urna nova uniáo, cerimónias de qualquer género. Estas dariam a impressáo de celebragao de novas nupcias sacramentáis válidas, e conseqüentemente induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimonio contraído validamente.

Agindo de talmaneira, a Igreja professa a própria fidelidade a Cristo e a sua verdade; ao mesmo tempo comportase com espirito materno para com estes seus filhos, especialmente para com aqueles que sem culpa, foram abandonados pelo legítimo cónjuge.

Com firme confíanga ela vé que, mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderao obter de Deus a graga da conversáo e da salvagao, se perseverarem na oragáo, na penitencia e na caridade».

Na Confluencia das Escrituras. Iniciagáo á Lectio Divina, por Ghislaine Salvail. Tradugao de María Stela Gongalves e Adail Ubirajara Sobral. Colegao "Temas de Espirítualidade" n° 29.-Ed. Loyoia, Sao Paulo (SP) 1996, 140x210mm, 79 pp.

A oragáo é a respiragao da alma e o termómetro da vida espiritual. Tomase, porém, difícil ao homem entreter-se com Deus, que é invisível. Daí o recurso a métodos e escolas de oragáo. Entre outros, acha-se a Lectio Divina (leitura divina ou leitura espiritual); é urna tática muito antiga e fácil, que consiste em ler e meditar (de preferencia, a S. Escritura) para prorromperem oragáo e contemplagáo. O iivro de Ghislaine Salvail expóe

com muita clareza as etapas do método, tomándose útil subsidio a quem deseja progredirnas vias da oragáo. 296

Testemunhos eloqüentes:

"SEPARADOS, DIVORCIADOS.

UMA ESPERANQA POSSÍVEL"

por Paúl Salaün

Em síntese: O livro de Paúl Salaün é urna coletánea de depoimentos de pessoas infelizes em seu casamento, mas fiéis ao mesmo, apesar

da separagáo e do divorcio civil. O próprio autor do livro propóe seu testemunho pessoal e se estende em consideragóes sobre as razóes alegadas (sem consistencia) para fundamentar nova uniáo de pessoas divorciadas. Percebe-se, através de suas páginas, o caréterde um cristáo fiel, corajo so e humilde, acompanhado de muitos homens e mulheres que compartiIham seu modo de ver. A leitura de tais depoimentos, como também de cada página de Paúl Salaün, é rica em sugestóes e abre ao leitor horizontes ignorados, pois o que mais salta aos olhos de quem acompanha a sociedade de hoje, sao sombras e ¡acunas; é realmente gratificante averiguar que, ao lado délas,

existem focos de verdadeiro amor, fiel até a morte, amor, porém, que nao

faz o alarde que o mal costuma fazer.

Paúl Salaün é um fiel católico leigo francés, que fez a experiencia de um casamento infeliz, o qual acabou em divorcio civil no ano de 1979, nove anos após contraído; tinha entáo trinta anos de idade. O sofrimento foi grande, mas Paúl encontrou em Deus a forca para manter fidelidade ao vínculo sacramental, que o divorcio civil nao rompeu. Foi procurar re

conforto na Abadía de Timadeuc (Morbihan), onde o Pe. Guilherme Ihe

assistiu valiosamente a ponto de chegarem a fundar com outros divorcia dos nao recasados a "Comunháo Nossa Senhora da Alianca". Após seis anos de existencia, esse grupo contava mais de urna centena de membros (dos quais um terco de homens) provenientes da Franca mesma e da Bélgica.

O autor relata num livro precioso1 a sua experiencia pessoal, assemelhando-a á da Paixao de Cristo (pp. 25-69); a seguir, apresenta elo1 Paúl Salaün, Separados, Divorciados. Urna Esperanga Possível. Tradugao do

francés pelo Pe. Joáo Augusto da Silva C.SS.R. - Ed. Santuario, Rúa Padre Claro Monteim342, 12570-000 Aparecida, 1997, 138x207mm. 220 pp. 297

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

qüentes testemunhos de pessoas que também passaram por experiencia

conjugal infeliz e guardaram fidelidade ao vínculo sacramental (pp. 71136); porfim, tece consideracoes, cita outros textos e testemunhos sobre cristáos separados e divorciados que continuam a sua vida de cristáos na Igreja Católica (pp. 137-209). Encerra a obra com indicacoes bibliográfi cas e oracdes (pp. 211-220).

O livro é precioso. Revela fé, coragem e lealdade nao somente do autor, mas de multas pessoas que por ele falam e que sao desconhecidas, pois em nossos días o que mais salta aos olhos é a dissolucáo de unióes matrimoniáis, as quais outras se sucedem, nem sempre felizes, provocando o drama tanto dos cónjuges como dos filhos do primeiro, do

segundo, do terceiro... casamento. É realmente interessante tomar conhecimento de quanto escreve ou transcreve o autor. As ponderacdes que este faz, analisando os argumentos em prol de sucessivas unioes, evidenciam lucidez de mente, clara escala de valores e intrepidez na vi vencia da fé católica. Nao sendo possível comentar todos os aspectos positivos dessa obra, deter-nos-emos, ñas páginas seguintes, em alguns traeos especial mente significativos.

1. Dados Numéricos Com relagáo á Franca, o autor afirma que em vinte e cinco anos o número de divorcios se triplicou, passando de 35 mil em 1965 a cerca de

110 mil... O problema é cada vez mais ampio, afetando numerosos cris táos; cf. p. 177. A pressáo social em favor de novo casamento dos sepa

rados é muito forte, dificultando a fidelidade nao somente na sociedade civil, mas também no interior da Igreja. Aos 22/04/1987, o jornal La Croix publicou os resultados de urna sondagem segundo a qual 69% dos cató licos desejavam que a Igreja autorizasse os divorciados a se casar de novo sacramentalmente, se o desejassem; só 22% nao queriam que mudasse sua posicáo. O autor refere-se também a um questionário que perguntava a se parados ou divorciados se tinham sido aconselhados a se casar de novo. Vinte dentre eles (um terco) responderam que sim, nove vezes por um

padre, onze vezes por outras pessoas. É da familia que, antes do mais, parte o convite; dizia alguém:

"Foram os membros da minha familia ou da de meu sogro que me falaram em novo casamento, sem dúvida, para se desculpabilizar e para

que eu me casasse e os deixasse tranquilos" (p. 191).

Também os filhos fazem a mesma proposta: "Minha filha mais veIha me aconselhou a assumir alguém" (p. 191). 298

"SEPARADOS, DIVORCIADOS. UMA ESPERANQA POSSlVEL"

11

Os amigos "bem intencionados" diziam o mesmo: "Algumas amigas me estimularam a refazer a minha vida, dizendo-me: 'Nao é culpa tua, se estás só; foi ele que te deixou cair'" (p. 192).

Em idéntico sentido falam pessoas que projetam seus próprios pro blemas: pessoas solitarias, divorciadas, pessoas que tém familiares recasados. Prescindem da fé e valem-se de argumentos meramente hu manos.

A esta altura é de notar que á Igreja nao é lícito modificar os escri tos do Novo Testamento, que sao peremptórios ao afirmar a indissolubilidade do casamento; cf. Me 10,11s; Le 16,18; 1Cor 7,10s; Mt 5,31 s; 19,9.1 Por isto também nao compete aos padres aconselhar novas nupcias aos cónjuges separados; nem mesmo a compaixáo bem intenci onada pode prevalecer sobre a disposicáo da lei de Deus. De resto, o autor refere outrossim a atitude de padres que estimulam a fidelidade matrimonial; apoiam-na também os grupos de Oracáo, os Focolares, Re ligiosas, casáis cristáos.

Paúl Salaün analisa alguns dos argumentos aduzidos em prol do recasamento.

2. O Problema da Solidáo

A solidáo como tal é penosa para muitos divorciados. O problema se torna mais grave quando acompanhado de poucos recursos materiais, dificuldades para conseguir emprego, fadiga do trabalho fora de casa e em casa, ausencia de parceiro(a) para educar os filhos ("eles precisam de presenta masculina/feminina"). Há psicólogos que recomendam novo casamento como necessário para o desabrochamento sexual da pessoa.

O problema se torna ainda mais pungente quando a separagáo ocor-

re em idade ainda jovem: "Tu és jovem (27 anos), podes refazer tua vida"; "Tu és jovem, acaba com tua solidáo, casando-te de novo"; "Pensa em teus dias de velhice"; "Tu nao podes envelhecer na solidáo" (p. 113). Responde Paúl Salaün:

«Os que dao tais conselhos projetam sua própria angustia e tém tendencia de confundir solidáo e isolamento. Está-se só em nossas cidades superpovoadas, mas o eremita em seu deserto nao está só, porque

está em comunhao com Deus e, místicamente, com toda a humanidade. De fato, tudo está na maneira de vivera solidáo: 'Pessoalmente, nao acho que seja difícil viversó. Sinto-me agora mais feliz, mais equilibrada, mais bem acompanhada, mais bem abastecida na vida de oragáo e na Eucaris1 Os textos de Mt 5,31 s e 19,9 tém suas peculiaridades que, devidamente considera das, nao autorizara a dissolugáo do casamento. VerPR 408/1996, pp. 216-218. 299

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

tía freqüente. Fago catequese e distribuo a Comunháo aos membros da

Fratemidade dos doentes'.

Acontece mesmo que a situagao se inverte: 'Com muita gentileza, alguns amigos temiam que a solideo para mim fosse muito difícil de ser vivida. Doravante o problema se inverteu: acontece-me refletir com ca sáis para ajudá-los a acabar com... a solideo!'» (pp. 193s). 3. O Direito á Felicidade

O segundo grande argumento apresentado para justificar o recasamento é o do direito á felicidade: "Um padre me disse que Deus quer a felicidade dos homens e que Ele nao pode aceitar tal sofrimento. Ele me aconselhou a casar-me de novo e foi por isto que o fiz. Mas foi um novo fracasso" (p. 194).

O autor nota que "o nosso mundo fez da vida sexual urna condicáo sine que non da felicidade; é urna forma de idolatría" (p. 196). "Nosso mundo diz: 'Felizes os que tém vida sexual bem sucedida". Hoje muitos imaginam que, para serfeiiz, basta trocar o Evangeiho pelas obras de Freud ou dos seus discípulos, os livros de moralistas pelos dos sexólogos... Mas, se aspessoas sao liberadas em relagao a sexualidade, nem por isto sao felizes, e o número impressionante dos divorciados ai está para o confirmar" (pp. 9s).

Paúl Salaün nota que a felicidade verdadeira está, antes do mais, em manter fidelidade a Deus. Este nao se subtrai jamáis a quem O pro cura; promete até "a bem-aventuranca aos que tém um coracáo puro, porque veráo a Deus" (Mt 5,8). Há testemunhos muito eloqüentes neste

sentido: "Quando me encontram serena, surpreendem-se por ver que vivo sozinha há dezesseis anos e que jamáis tive amante, Meu amor é o Cristo Ressuscitado" (p. 197).

Há quem alegue o direito ao erro e a obrigagáo de cada um ser fiel

a si mesmo. Sao duas alegacóes ambiguas.

Está claro que todo ser humano é falível e está sujeito a errar, mas

isto nao quer dizer que tenha sempre o direito de recomecar. Quando,

por exemplo, alguém em juventude estraga a sua saúde, com ou serti

culpa própria, nao tem como recomecar a ser jovem e sadio. - A fidelida de de alguém a si mesmo geralmente é entendida em sentido subjetivo e egocéntrico - o que nao acarreta felicidade a ninguém. Com efeito; ninguém é suficiente referencial para si mesmo. Todo ser humano é pequeno demais para as capacidades do coracáo humano, de modo que, se alguém faz de seus interesses o criterio de seu comportamento, cedo ou

tarde experimentará tedio e dolorosa frustracáo. 300

"SEPARADOS, DIVORCIADOS. UMA ESPERANZA POSSÍVEL"

13

O Santo Padre Joáo Paulo II, em York (Grá-Bretanha), aos 31/05/

1982, assim se expressou a propósito:

«O próprío Cristo, fonte viva de graga e de misericordia, está perto daqueles cujo casamento conheceu a provagao, o sofrimento, a angus tia. No decurso dos séculos, inúmeros esposos hauriram no misterio pascal da Cruz do Cristo e de sua Ressurreigño a forga de dar como cristáos ás vezes em momentos muito difIcéis - o testemunho da indissolubilidade do casamento cristáo. E todos esses esforgos do povo cristáo para testemunhar fielmente a leí de Deus nao foram em vao. Esses esforgos sao a resposta humana dada com o auxilio da graga a um Deus que nos amou primeiro e que se deu por nos.

Como jé expliquei em minha Exortagao Apostólica Familiaris consortio, a Igreja sente-se envolvida de maneira vital pelo cuidado pas toral da familia nos casos dificéis. Devemos inclinar-nos com amor - o amor do Cristo - sobre os que conhecem o sofrimento do fracasso no casamento, sobre os que conhecem a solideo quando é preciso educar sozinho urna familia, sobre aqueles cuja vida familiar é dominada pela tragedia ou pelas doengas do espirito ou do corpo. Louvo todos os que

ajudam as pessoas feridas pelo fracasso de seu casamento, mostrandoIhes a compaixáo do Cristo e aconselhando-os segundo a verdade» (p 150).

4. A Severidade da Igreja Eis alguns títulos de acusacáo feita á Igreja:

1) A Igreja é tida como "desumana", intransigente, retrógrada. "A fidelidade está ultrapassada; estamos no século XX" (p. 197). Ao contra rio, Deus seria todo misericordia e perdáo. Em resposta, lembra Paúl Salaün que hoje há quem atribua a Deus urna misericordia que desdenha as leis que Ele mesmo estabeleceu. Je sús nunca separou Amor e Verdade; nao condenou a mulher adúltera, mas nem por isto aprovou o adulterio, pois Ihe disse: "vai e nao peques mais" (Jo 8,1-11). De resto, a Igreja tem manifestado especial solicitude para com os divorciados e recasados, como atestam as pp. 291-293 deste fascículo.

Refere o autor o seguinte episodio: «Um homem, tendo ficado só com filhos novos depois da saída de sua esposa, vivia em coabitagao com urna mulher, mas sentía urna culpabilidade que nao podía evitar. Esperava do padre urna atitude firme; ora,

seu pároco, achando a Igreja severa demais, aprovava sua coabitagao e o escusava, 'jé que tinha sido abandonado por sua esposa, quepartiu com 301

114

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

um outro'. Mas este homem nao estava convencido por este falso argu mento: 'Para mim, em toda ruptura de casal, os dois cónjuges tém sua parte de responsabilidade'» (pp. 198s).

2) Há também quem acuse a Igreja de ser mais intransigente do que os cristáos ortodoxos e protestantes.

Pode-se reconhecer a veracidade de tal alegacáo. Mas observa Salaün que os «irmáos ortodoxos ou protestantes ficam murtas vezes irritados com as reflexóes simplistas dos que os interpelam sobre este

assunto: eles mantém a fidelidade em alta estima e neo aceitam o recasamento senáo como urna concessSo á fraqueza humana. Além disso, entre os ortodoxos, o ritual das segundas nupcias traz oragóes de penitencia» (p. 199).

3) Também acusam a Igreja de fazer discriminacáo, pois aceita o

casamento religioso dos padres reduzidos ao estado laical. Em resposta, é de notar que o sacramento da Ordem nao é, por si,

incompatível com o do Matrimonio; no OrieTite o clero católico é casado (casa-se antes de receber o sacerdocio, nao depois). Ao contrario, o sa cramento do Matrimonio é, por sua própria índole, indissolúvel. A Igreja pode.reconhecer a nulidade de um casamento, desde que se evidencie que foi contraído com algum impedimento dirimente (disparidade de cul to, profissáo religiosa, dolo...); mas nunca anula um casamento validamente contraído e consumado, pois isto escaparía á sua jurisdicáo. «Os cristSos que escolhem a fidelidade sao mais numerosos do que se eré, e, como sublinha Joao Paulo II, seu testemunho tem um valor profético. Sua atitude de perdáo interpela seu círculo de relagoes: 'Nao se compreende que eu nao tenha rancor de meu marido nem de sua amante porsuas ofensas a minha pessoa. Muitos gostariam que eu tivesse urna atitude mais violenta'. Seu testemunho de fidelidade atualiza a missao de Oséias e, se alguns nao a compreendem, ao menos a respeitam» (p. 201). «Os separados e divorciados nao recasados nao só tém o direito de comungar, mas podem aínda exercer todas as fungóes abertas aos leigos: animagao, leitura, distribuigao da comunhao, coral. Como todos os balizados, eles podem também participar na manu-

tengao da igreja e nos servigos, visitar os doentes, fazer a catequese, peregrinagóes, sermembros de equipes de agao católica e de grupos de oragáo...

Bem mais, no seio da comunidade, dáo 'um auténtico testemunho de fidelidade' (Joao Paulo II, Familiaris consortio, 20,6) e muitos foram 302

"SEPARADOS, DIVORCIADOS. UMA ESPERANZA POSSlVEL"

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convidados a manifestar publicamente ou a professar este testemunho: diante dosjovens que sepreparampara a Crisma; num encontró deA.C.O. (Agáo Católica Operaría); por ocasiSo de urna reuniáo de casáis; num fim de semana diocesano das Equipes de Nossa Senhora; numa assembléia diocesana de oragéo pelas familias; em reunióos da Renovagáo; num lar de Carídade; diante de um grupo de padres...» (p. 186). 5. O Drama dos Filhos

«Hoje, 1,5 milháo de changas vivem divididas entre seu pai e sua máe.

Quando seus pais separados se encontram e discutem diante dele, um menino se interpóe e diz: 'Parem de brigar, voces dois!' Chancas, morando em Brest, nao véem senáo cada dois anos seu pai que mora em Toulon.

Tres adolescentes, cujos pais estáo separados há sete anos, ja máis reviram seu pai, que mora muito perto, mas nao se interessa por eles.

Um rapaz explode em solucos diante de um lar unido, porque o

marido tem o mesmo nome e exerce o mesmo oficio que seu pai.

Urna adolescente diz a seus pais: 'Sou vossa filha e vós'me cortastes em duas; mas nao escutais meus gritos1. 'Muitas changas apresentam disturbios de comportamento: enurese,

disturbios intestinais, insónia, retardamento escolar e até cleptomanía para compensar seu sentimento de abandono' (urna juíza).

'Os filhos de divorciados tém muita dificuldade de se imaginar mais tarde como um casal feliz" (urna psicanalista). 'Muitas changas cujos pais s3o separados, vivem um episodio depressivo nos anos que seguem' (urna psicóloga). O divorcio nao é acolhido como um alivio senáo quando p6e fim a urna situacáo anterior intolerável (alcoolismo, violencia...). Para ajudar o filho, a atitude dos pais é essencial. Ora, eles mesmo

estáo extremamente perturbados ou ausentes... Duas atitudes negativas os espreitam: ou o abandono, que é mais freqüentemente o caso dos pais; ou urna atitude possessiva, que mais comumente é o caso das máes. Algumas, com efeito, levantam seus filhos contra o pai, exigem que es-

colham entre ele e elas e ás vezes reconstituem urna especie de casal com um filho ou de casulo com os filhos, onde o pai nao tem lugar. 303

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

É preciso que o filho possa ver regularmente cada um dos pais, fora

do clima de tensáo; e que receba de cada um deles a afeicáo de que tem sede. Efetivamente, o maior temor do filho quando a ruptura do casal é de se sentir abandonado por seus pais e as vezes ele até se senté culpado por esta ruptura; entáo, tem necessidade de ser tranquilizado!» (pp. 21 s). 6. Dois Depotmentos eloqüentes

Por último, extraímos do livro de Paúl Salaün dois depoimentos al tamente expressivos de dor, coragem e Vitoria dos valores cristáos. 6.1. «Preferí a Eucaristía ao Recasamento

Encontrei-me só aos trinta e um anos, com dois filhos para cuidar (oito e nove anos). Sem ajuda financeira, porque separada de fato, com meu marido quase sempre sem trabalho ou tendo poucos rendimentos. Nada de resposta aos meus cartóes de festas, aos convites da escola etc. Era duro. Urna ou duas vezes por ano, urna visita de um ou dois dias e era tudo. Recebíamos meu marido do melhor modo, os filhos tendo aceitado (a contragosto) este pai que vivia longe deles. Contudo, eles o tratavam com carinho, tendo aprendido, com a graca de Deus, a amar sem julgar. Assim se foram os anos, com o desejo de guardar fielmente a imagem da felicidade fúgida. Mas, a separacáo de corpos tendo vindo depressa, veio também a tomada de consciéncia mais profunda de um náoretorno. Neste momento, porque eu era mais vulnerável, ou talvez por que o amor tivesse desaparecido, eis que um outro homem entrou em minha vida. Foi rápido, inesperado, desconcertante. Ele me propunha o casamento, o conforto, a ternura. Era um ho mem decidido, que, contrariamente a meu marido, tinha fé, podia partiIhar comigo urna dimensáo espiritual. Era aberto e aceitava meus filhos. Ele mesmo era divorciado, mas nao se colocava nenhum problema quanto

á sua prática religiosa.

Eu me pus a amá-lo (nao era senáo paixáo, soube-o mais tarde); mas como, na esperanca reencontrada (eu diría agora: no sonho), anali-

sar seus próprios sentimentos? Nao coabitávamos, pois este homem vi

via ainda por alguns meses no estrangeiro; mas nos escrevíamos de dois em dois dias, as vezes todos os dias. Minhas cartas eram totalmente cheias de alegría e de esperanca ou cheias de dúvida, de tristeza, de desejo de abandonar este projeto de vida futura. Ele compreendia que eu estava muito indecisa, dava-me mil razóes para acalmar minha cons ciéncia, escrevendo-me ás vezes duas cartas por día. Por que eu nao era feliz? Por causa de minha fé! A fidelidade ao sacramento do casamento tinha alimentado minha vida durante tanto tem304

"SEPARADOS, DIVORCIADOS. UMA ESPERANCA POSSlVEL"

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po que renunciar a ela era para mim uma dilaceracáo. Porém, outras vezes, me parecía uma dilaceragáo mais profunda aínda abandonar esse novo amor. Eu estava táo perturbada que meus filhos, percebendo-o, me pediam que resolvesse a questao de uma vez por todas: 'Se amas e pensas ser feliz, entáo nao penses mais no passado, mamae1; ou 'Se tens medo de ser infeliz, entáo é preciso romper; mas nao esperes mais, mamáe, porque estás te destruindo'. Caros filhos, como os amava! Eu tinha-lhes ensinado a amar seu pai sem o julgar; como eu os amava por

sua delicadeza e sua abnegagáo!

Entáo escrevi a amigos, a todos os meus amigos padres, a Roma, de onde recebi uma resposta por intermedio do bispado e de meu pároco. Nenhuma resposta definitiva: remetiam-me á minha consciéncia e

isso era bem mais terrível. Á minha consciéncia, isto é, á minha verdadeira relacao com o Senhor.

Entáo tomei uma decisáo. Eu conhecia a posicáo da Igreja diante do casamento; sabia que nao se pode ir comungar em sua própria paróquia sem dar um mau testemunho; e eu nao quería causar um mal á Igreja da qual era uma filha querida, sobretudo durante meu sofrimento nesse periodo.

E o que sabia, sobretudo, é que me era impossível viver sem Je sús. Para mim Jesús nao estava ñas nuvens nem era alguém que eu aceitava como amigo, com a condicáo de que nao me ¡ncomodasse de-

maís. Oh! nao; para mim Jesús era 'o Vívente' presente junto de mim; eu tinha necessidade do alimento que ele me dava em seu Corpo e Sangue, tinha necessidade desse alimento ao mesmo tempo espiritual e concre to. E de repente compreendi que era esse Corpo Sagrado que era minha vida, meu essencial. Só ele podía fazer inclinar a balanca da decisáo que eu tinha de tomar.

Certamente, nao foi fácil; rezei a Deus, chamei-o em socorro de todas as minhas forcas. Eu sabia que, se me casasse de novo, nao poderia mais comungar. Entáo, para saber se poderia víver sem receber a Eucaristía, varios domingos em seguida tentei assistir á Missa sem co mungar; aplícava-me a rezar mais, a comungar espiritualmente... Foi pre ciso que me rendesse á evidencia: nao poderia, todo o resto de minha vida, suportar os sofrímentos da separacao sem meu Jesús na Eucaris tía. Ir comungar ás escondidas em uma outra paróquia... de que me servi ría? Meu coracáo nao estaría em paz. Meu amor era Jesus-Hóstia e, esse amor, eu quería poder vivé-lo ás claras.

Entáo tomeí minha decisáo; escrevi mínha carta de ruptura. O homem nao ficou, apesar de tudo, por demais decepcionado: tinha aprendí305

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

do a me conhecer e, já havia muito tempo, duvidava um pouco de minha escolha, embora guardando um tanto de esperanca.

Essa renuncia nao foi táo fácil como talvez pareca nestas linhas.

Mas quantas gracas me foram dadas após essa renuncia! É-me impossível narrá-las todas para vos. Dizer-vos a alegría de meu marido, também nao posso dizer.

Mas o que posso dizer-vos é que nao a lamentei jamáis. E dou gracas ao Senhor pela ternura profunda que nasceu entre mim e meu marido, para nossos encontros, para nossos telefonemas, para nossa confianca mutua. Ele nos admira, meus filhos, meus netos e a mim mesma, mas ele, nao obstante seu re-casamento, nao é muito feliz; é possível? Rezo sobretudo para que meu marido tenha um dia a alegría de conhecer o Senhor.

Em todo o caso, a Eucaristía é verdadeiramente 'o caminho, a verdade e a vida'. Wanda» (pp. 117-119) 6.2. «Encontrei o Amor Verdadeiro

Pensó que no fim de dezessete anos de separacáo de Claudio, depois de altos e baixos, é-me necessário precisar a situacao para que, através destes anos que Deus me deu, eu possa louvá-lo e agradecerIhe todos os beneficios de que me cumulou. Tudo remonta, pensó, a agosto de 1954, quando, após um acidente, nosso pequeño Bernardo, segundo filho, voltou para seu Criador. Es perando María Paula, eu me agarrei física e moralmente a Claudio, como a urna tábua de salvacáo. Oito meses de cama, urna crianca doente treze meses, o nascimento de urna outra crianca doente: tive de cuidar deles

durante muitos anos. Custei muito a me recuperar do desaparecimento de Bernardo, apegando-me a Claudio, mas apesar de tudo rezava sempre, ou melhor, exercitava-me.

Vivemos nossa vida de casal no meio de múltiplas dificuldades de

filhos e de trabalho: Claudio estava terminando seus estudos, depois veio

o sen/ico militar, depois mais estudos, depois dois anos como médico, tres anos em duas residencias médicas, depois urna doenca que o obrigou a mudar de profissáo, depois mais estudos em diversos lugares. Depois do diploma, um emprego de tres anos, depois outro.

Tudo isso nos leva a maio de 1968!

Eu havia aceitado essas mudancas por amor a Claudio, com o sentimento de que era a vcntade de Deus para nos. 306

"SEPARADOS, DIVORCIADOS. UMA ESPERANZA POSSÍVEL"

19

Nao me haviam dito: 'Deus nao pede mais do que podemos supor

tar; é urna graga do Senhor que nos prova assim seu Amor por nos; é preciso ganhar o seu Céu sobre a Térra", etc. Estávamos verdadeiramente cheios de g ragas! Mas, infelizmente, as confusoes de maio de 68 iam fazer soar o golpe de graga de nosso casamento com a chegada em nossa casa de urna prima em dificuldades, com tres filhos de quatro anos a dezoito me

ses; espancada por seu marido, ela havia fúgido de seu lar e nos podía mos arranjar-lhe trabalho, comida e teto, e eu podia ocupar-me com seus

filhos. Essa prima, pouco tempo depois, encontrou Claudio para consolála...

Pensó agora (sem por isso o aprovar) que ela fez Claudio desper tar de um longo sonó, ou que ele saiu de nossa relacáo como um cao sai da agua bufando. Tinha eu um amor demasiado manipulador? fechando nosso casamento sobre si mesmo e sobre os filhos? com problemas de saúde e de trabalho? na rotina de urna vida monótona? Diante desta rui na, na qual meu amor e minha boa vontade tinham também sua responsabilidade, fiz tres tentativas de suicidio, crendo que meu desaparecimento, devolvendo a Claudio sua liberdade, Ihe permitiría ocupar-se enfim com os meninos. Infelizmente, extasiado com suas novas descobertas, ele nos abandonou.

Eu estava ao mesmo tempo no fundo do poco e no inicio de minha luta pela vida e por eles: 'Pegar o touro pelos chifres ou morrer, nao há outra solugáo'.

Legalmente, pedi apenas a separacáo de corpos em 1972, e conti nua sempre assim. Luto com mais baixos do que altos, mais desespero que alegría; mas, gracas ao Padre Pascal, pude comecar a transformar meu amor, perdoando o melhor possível a Claudio, decidindo ficar-lhe fiel e tentando cumprir sozinha o que tinha prometido diante de Deus ao me casar 'para o melhor e para o pior'. Eu estava com Jesús no Jardim das Oliveiras, meditacao que foi a minha durante muitos anos em que, única oracSo com a Eucaristía, eu oferecia ao Senhor minha impossibilidade de amar meu esposo, meus filhos, e de rezar por eles. Eu era '5' sozinha.

Por ocasíáo de um retiro, encontrei meu antigo assístente da ENS (Equipes de Nossa Senhora); depois que Ihe contei o que eu tentava viver e disse que nao tinha encontrado na ACGF e na "Renascenga" (Agáo Católica Geral Femínina e "Renascenga": Movimento cristáo de mulheres separadas, divorciadas) as exigencias espirituais de que tinha necessidade, ele me aconselhou a tentar entrar de novo numa equipe de Nos307

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TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

sa Senhora. Obediente, passei urna tarde na casa de um casal responsável pelas equipes.

Conhecia Ana Maria desde 1981, na "Renascenca", já á procura do

que seria mais tarde a "Comunháo Nossa Senhora da Alianca".

Primeiramente encontrei minha unidade no Senhor. 'O Senhor te escolheu, ele te chamou por teu nome, ele te fez caminhar em seus caminhos.' 'Com a menor das sementes o Senhor faz brotar a mais bela das árvores'. 'Se tivesses a Fé, grande como urna sementé de mostarda, des locarias as montanhas'. 'Se o grao nao morrer...1 (Retiro de Délémont na Suíca, pregado para divorciadas; éramos 15).

Em seguida, encontrei a liberdade dos filhos de Deus. Os meus, que

tanto amo, tinham acabado de me sufocar.

No nascimento da 'Comunháo Nossa Senhora da Alianca', quando

Ana Maria me propós fazer parte, pulei de alegría porque tinha enfim en contrado o que procurava havia muito tempo: um lugar de reabastecimen-

tb espiritual e de trocas com meus semelhantes, irmáos e irmás na separacáo e no divorcio.

Gracas á oracáo e a numerosos pequeños sinais, reencontrei o Amor verdadeiro, Amor humano e divino, mesmo com um passo atrás, dois á

frente!

Estou numa Paz profunda e agradeco todos os dias ao Senhor num Magníficat, imperfeíto certamente, mas sincero.

Que seria de mim se nao tivesse tido este sofrimento? Nao sou eu

que o posso dizer. Mas pensó, malgrado tudo, que por meio dele reencon

trei um sentido para o Amor, urna liberdade total, um sentido profundo de minha vocacáo de esposa diante de Deus, de máe e agora de avó, numa alegría que nao tinha experimentado antes e que vivo agora plenamente. Desejo a todos e a todas que reencontrem, gastando menos tempo

que eu, este Amor, esta Paz, esta unidade, esta liberdade que Deus nos dá, mesmo e sobretudo ñas situacdes mais penosas ou difíceis. María Paula» (pp. 83-85)

A leitura de tais depoimentos, como também de cada página do livro de P. Salaün, é rica em sugestóes e abre ao leitor horizontes ignora dos, pois o que mais salta aos olhos de quem acompanha a sociedade de hoje sao sombras e lacunas; é realmente gratificante averiguar que, ao lado délas, existem focos de verdadeiro amor, fiel até a morte, amor, porém, que nao faz o alarde que o mal costuma fazer. 308

Fala o Médico:

MÉTODOS NATURAIS E

PATERNIDADE RESPONSÁVEL

Em síntese: O Dr. Joao Evangelista dos Santos Alves mostra que

os métodos naturais de contengáo da natalidade sao os únicos que indiscutivelmente nao prejudicam a saúde da mulher, além do que proporcionam ao casal urna cooperagao que os métodos artificiáis dispensam, geralmente com detrimento para a mulher que recorre a meios artificiáis.

Continuamos a publicar a serie de artigos do Dr. Joao Evangelista dos Santos Alves, ginecologista e mastologista (CRM 52 01135-7), a respeito da reprodugáo humana. Após ter abordado os meios artificiáis de contengSo da natalidade, inclusive o aborto, o autor considera agora os métodos naturais. 1. Os Métodos Naturais: como funcionam

É obvio que a fertilidade humana nao constituí doenca a ser tratada. Pelo contrario, é sinal de saúde e por isso mesmo convém ser cuidadosa mente preservada. Nao se justifica, ética e científicamente, qualquer tipo de procedimento clínico ou cirúrgico que direta e intencionalmente prejudique a fecundidade humana. Nao significa isso que urna paciente portado ra de doenca no útero, ñas trompas ou nos ovarios nao possa ser devidamente tratada, se a melhor conduta consistir na retirada desses órgáos, o que resultaría em esterilidade definitiva. O mesmo ocorreria em relacáo ao homem e a seus órgáos reprodutores. Nao há dúvida de que pode e deve receber o tratamento adequado, do mesmo modo que pode, com fim terapéutico, submeter-se a urna gastrectomia (retirada cirúrgica do estó mago) ou a urna amputacSo de perna, etc. No caso da extirpacáo dos órgáos reprodutores doentes a esterilidade seria urna conseqüéncia inevitável e n§o o propósito do procedimento terapéutico. Da mesma forma é lícita a prescricáo de pílulas hormonais ou outros medicamentos, para o tratamento adequado de alguma doenga, ainda que cause, como conse

qüéncia inevitável, a esterilidade. Aplica-se, nesses casos, o principio do duplo efeito, que esclarece e justifica a atitude ética, sempre que se pratica um ato bom ou indiferente (no caso, a retirada de um órgáo doente ou a prescricao de um remedio) para se alcancar um fim bom (a cura do porta309

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

dor da doenca), mas que provoca, paralelamente, urna conseqüéncia má, porém inevitável (a esterilidade).

A própria expressáo paternidade responsável excluí, por ser incoeréncia, a utilizacáo de métodos contraceptivos, posto que estes, por si, negam a mesma paternidade.

É bom, porém, que a fértil¡dade feminina - com seus longos perío dos inférteis - seja bem conhecida pelos casáis, para que estes, no exercício da paternidade responsável, a possam controlar fisiológicamente, optando pela abstencáo sexual no período fértil, utilizando apenas o pe

ríodo infértil para a expressao física do amor conjugal, desde que, por moti vo justo e nao egoísta, se vejam obligados a espagar a geracao de filhos. A muiher normal apresenta um ciclo menstrual1 com variacáo perió dica dos níveis hormonais no sangue, o que influencia todo o organismo.

Mais ou menos no meio do ciclo menstrual, ou melhor, entre 12 e 16 dias antes do inicio da menstruacáo seguinte, o ovario libera um óvulo, o qual só se mantém fecundável durante o tempo máximo de 24 hs. Os espermatozoides mantém a capacidade fecundante durante o período de 3 a 5 dias. Somados estes dias ao da ovulacáo e a mais dois ou tres dias de garantía após a data ovulatória presumida, o período fértil se estenderia por 6 a 9 dias, sendo todos os demais dias do ciclo considerados

inférteis, num total de 19 a 24 dias em cada ciclo de 28 a 30 días. O reconhecimento dos dias férteis nao é difícil, pois, durante os dias que precedem á ovulagáo, as células cilindricas do coló uterino2 secretam um muco catarral, escorregadio e filante, tipo "clara de ovo cru", que desee através da vagina e pode ser fácilmente identificado pela muiher nos seus órgáos genitais externos, caracterizando o período fértil, pois o muco desapare ce após a ovulacáo (período infértil).

Outros síntomas - como a dor pélvica no período ovulatório, a dis creta elevacáo da temperatura basal e a dor mamaria no período pósovulatório, etc. - podem servir de parámetros para auxiliar a identificacáo dos períodos férteis e inférteis em certos casos (chama-se método sinto-térmico). Na grande maioria das mulheres, basta a observacáo do muco cervical para a identificagáo do período fértil (chama-se método

Billíngs em homenagem a seu descubridor, ou método do muco cervical ou método da ovulacáo).

1 MENSTRUAQÁO - Fluxo sanguíneo periódico (geralmente mensal) procedente da cavidade uterina - devido á descamagao da mucosa que a reveste (endométrio) - e que se exterioriza através das vias genitais da muiher.

2 COLÓ UTERINO - Parte mais estreita e inferior do útero, que se projeta na parte superior da vagina. O coló uterino é atravessado por um conduto (o canal cervical) revestido por urna mucosa secretora, que produz o muco cervical. No trabalho de parto o coló se dilata e se apaga para darpassagem ao bebé. 310

MÉTODOS NATURAIS E PATERNIDADE RESPONSAVEL

23

As observares práticas feitas pelas próprias mulheres, identifican do o muco catarral e, portanto, o periodo fértil, foram checadas com exa mes ginecológicos e com dosagens hormonais no sangue e na urina, comprovando-se científicamente a validade do método. Pode-se afirmar que o método natural é o único verdaderamente científico, pois se funda menta na fisiologia do aparelho reprodutor, preservando sua integridade e respeitando a natural realizacáo e evolucao do ato sexual.

Inclui-se também entre os métodos naturais o chamado método do calendario ou da "tabela" ou método de Ogino-Knaus. Foi muito usa do tempos atrás e aínda o é hoje, mas sua eficacia é menor que a dos modernos métodos naturais atrás referidos.

A eficacia do método Billings é considerada das mais elevadas (98,5%), quando corretamente usado. Foi comprovada pela Organizacáo

Mundial de Saúde, que o aplicou em países como india, Filipinas, Nova

Zelandia, El Salvador e Irlanda.

Esse método tem a vantagem de ser inocuo, de n§o necessitar de

algum tipo de medicamento ou de instrumento, nem de calendario. É útil,

além disto, porque a mulher pássa a conhecer melhor o seu organismo e aprende a identificar a sua própria fertilidade.

O aprendizado é fácil e nao exige pessoal especializado, podendo 0 próprio casal ensinar a outro casal, ou servir de instrutor para grupos de

casáis. É pequeño o número de falhas, mas, ocorrendo - o que pode acontecer em qualquer método.-, a mulher saberá respeitar a nova vida humana concebida em seu ventre, pois aprendeu, com o método, a res peitar as próprias fontes da vida.

Nos casos em que a possível ocorréncia de urna gravidez cor responder a serio risco para a máe, o índice de eficacia do método Billings poderá ser elevado a praticamente 100%, desde que se amplié o número de dias considerados férteis. E ainda mais seguro será, se for associado ao método da temperatura basal corporal, reduzindo-se a quase zero o Índice de falha, embora com diminuicáo dos dias ¡nférteis. O método Billings é prático, porque pode ser aplicado em todas as situacóes da fisiologia feminina: na menacme (período da vida em que a mulher menstrua), nos ciclos regulares ou irregulares, na pré e pós-meno-

pausa1, no puerperio2, na amamentacáo, etc. 1 MENOPAUSA - CessagSo fisiológica da menstruagáo, que ocorre geralmente entre

os 40 e 55 anos. Ocorrendo antes dos 40 anos, chamase menopausa precoce. Se ocorre devido a urna intervengao cirúrgica (retirada dos ovarios ou do útero), chama se menopausa cirúrgica,

2 PUERPERIO - Estado da mulher após o parto. Periodo de aproximadamente 6 semanas, tempo suficiente para o útero voltar ao seu volume nonval. 311

24

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

O conhecimento do período fértil é útil também para facilitar a gravi dez, quando for este o desejo do casal, usando-se, entáo, para este fim, os dias mais férteis, com muco mais abundante e mais filante. "De acordó com a OMS, mulheres de todos os padróes culturáis e educacionais podem aprenderá observare usar o aspecto do muco cervical para reconhecer quando elas ovulam" (BRITISH MEDICAL JOURNAL, 307: 725.1993)1.

2. Filosofía Básica dos Métodos Naturais

Os métodos anticoncepcionais (contraceptivos) de controle da natalidade manipulam as fontes da vida, quebrando o primeiro elo de respeito á vida humana; estimulam a promiscuidade sexual, promovendo assim a difusáo de doencas venéreas e favorecendo a prática do aborto; por tudo isso contribuem para banalizar a sexualidade humana e minar a estrutura básica da familia e da sociedade.

Outra é a filosofía dos métodos naturais de planejamento familiar, conforme os principios da paternidade responsável:

- O Método Natural n§o é anticoncepcional, porque nao utiliza nenhum tipo de contraceptivo, pois respeita as fontes da vida e o processo biológico da reproducáo humana, optando pela realizacao do ato sexual somente no período infértil.'com abstencáo no período fértil; - Respeita a mulher e o homem em sua mutua fertilídade, integridade e dignidade;

- Promove o diálogo conjugal, favorecendo o conhecimento mutuo

dos cónjuges e urna atitude conjunta e responsável diante da sexualida de;

- Possibilita um controle generoso do número de filhos pelo conhe cimento dos períodos férteis e inférteis; a identificacáo do periodo fértil

favorece a concepcáo, quando for esse o desejo do casal;

- Valoriza o amor conjugal, reforcando a uniáo de almas e o enten-

dimento mutuo, a fim de possibilitar a periódica abstencáo sexual; - Enobrece a sexualidade humana, assumindo-a, ambos, como fonte de amor mutuo e nao de egoísmo, e respeitando sua natureza e finalidade intrínsecas.

1 "According to the WHO. womem of all cultural and educational backgrounds can team to use cervical mucus symptom observation to recognise when they ovulate" (BRITISH MEDICAL JOURNAL, 307:723 - 726, 1993 - "NATURAL FAMILY PLANNING").

312

Com o Coracáo Dilatado:

A ATIVIDADE HUMANITARIA DE JOÁO PAULO II

Em síntese: Mediante órgaos adequados, o S. Padre Joao Paulo II te/77 exercido intensa atividade caritativa no mundo inteiro, sem distingáo de religiáo, em favor de povos ou regióes flageladas por calamidades naturais ou pela guerra. A América Latina, inclusive o Brasil, tém sido considerados com generosidade, como demonstram estátisticas recémpublicadas pela Santa Sé.

Diz o Senhor: "Nao saiba a tua mao esquerda o que faz a tua direita" (Mt 6,3), proibindo assim alardear a caridade praticada. Todavía o próprio Senhor também exortou: "Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, giorifiquem vosso Pai, que está nos

céus" (Mt 5,16). É preciso que os homens se possam regozijar com as

boas obras de seus irmaos e dar gracas a Deus por causa délas. Ora a Igreja Católica exerce urna atividade beneficente pouco divulgada; é rea lizada através de organismos fundados precisamente para atender ás gran des necessidades de populacóes flageladas ou carentes em qualquer parte do mundo, sem distingáo de raga ou religiáo. O principal desses organis mos é o Pontificio Conselho Cor Unum (Coracao Uno), que tem por pre

sidente Mons. Josef Cordes e por Secretario Mons. Iván Marín; abre-se amplamente a diversos tipos de calamidades. Além desse, existe tam bém a Fundacáo Joáo Paulo II para o Sahel, voltada para os projetos de

luta contra a seca e a desertificacáo no Norte da África; foi fundada por

Joáo Paulo II em 22/02/1994. Há outrossim a Fundacáo Populorum Progressio, criada em 22/02/1984, para as populacoes afro-americanas, indígenas, mesticas e agrícolas pobres da América Latina e do Caribe, o Santo Padre o Papa é o constante animador dessas instituicoes de assisténcia; sempre que se registra algum fenómeno calamitoso no mundo,

tem-se feito presente pela sua palavra e pelos subsidios que a Santa Sé envia aos povos flagelados.

Assim tém sido aplicadas notáveis quantias de dinheiro ao alivio das condicdes de penuria existentes em varios países. Especialmente o Conselho Cor Unum tem-se dedicado ao problema da fome, que afeta 800.000.000 de pessoas sobre a face da térra. Faz-se oportuno divulgar os beneficios efetuados por tais vias, a fim de que os homens giorifiquem o Pai, que está nos céus, como diz o Evangelho. 313

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

26

Seguem-se dois quadros que a presenta m o montante enviado ás regioes flageladas em 1996'. I. COR UNUM

1o Semestre de 1996

País

Catástrofe

Quantia enviada

Bangladesh

Furacao e InundacBes

Bósnia-Herzegovinia

SituacSes de urgencia no in

Burundi

Vitimas de conflitos armados

Chile

Sitúa?oes de urgencia devidas

China

Terremoto na Provincia de

Colombia

Familias sem teto

15.000

Coréia

InundacSes

20.000

Costa Rica

Inundacdes

15.000

Equador

Terremoto

15.000

Guatemala

Inundacóes em 1995

15.000

Italia

Assisténcia alimentar aos ¡mi

Líbano

Refugiados

Libéria

Assisténcia sanitaria ás vitimas

Madagascar

Ciclone

Nigeria

Ajuda ás vitimas de conflitos

República Centro-africana

Refugiados ruandenses

15.000

Ruanda

Alojamento para repatriados

60.000

Tailandia

Refugiados vietnamitas

10.000

Trinidad e Tobago

Incendio

10.000

US$

30.000 30.000

vernó

socorridas com alimentos ao problema habitacional

15.000

50.000

15.000

Yunnan

5.000

grantes

da guerra

15.000 15.000

15.000

tribais

15.000

2o Semestre de 1996 Camboja

Refugiados

Camaroes

Camponeses refugiados

10.000

Colombia

Terremoto

10.000

Croada

InundacSes

10.000

4.000

1 Tais noticias sSo extraídas do jornal L'Osservatore Romano, edigSo francesa de 4/ 3/1997, pp. 6e7. 314

A ATIVIDADE HUMANITARIA DE JOAO PAULO II Guiánia

Inundares

1 raque

Situares de urgencia ligadas

27

15.000 20.000

á saúde e á alimentacáo

Estudantes de Ruanda e do

Italia

10.000

Burundi

10.000

Quénia

Seca

Mongólia

Incendio

10.000

Inundacóes

20.000

Paquistáo

Inundacóes

15.000

Perú

Terremoto

15.000

50.000

Nepal

Ruanda

Refugiados repatriados

Tanzania

Refugiados

5.000

Zaire

Refugiados

15.000

II. FUNDACÁO POPULORUM PROGRESSIO 1996

País Antilhas Bolívia Brasil Chile Colombia Costa Rica Cuba El Salvador Equador Guatemala Haiti

Número de Projetos1 1

Financiamento US $

10.000

18

127.650

8 13 1 1 9 22 6 3

66.900 98.100 104.000 10.000 5.000 81.200 71.975 52.700 29.000

México

12

94.500

Nicaragua Panamá Paraguai

11 5 3

76.300 49.400

Perú

17

136.300

República Dominicana Uruguai

9 2

84.900 19.600

Venezuela

3

30.000

Honduras

13

1

10.000

22.300

1 Tratase de projetos para a agricultura, a irrigagao, a saúde, a venda e o transporte de produtos, a educagáo e a formagao profissional, a promogáo das muiheres, as vias de comunicagao... 315

28

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

A Santa Sé assim redistribuiu as contribuicoes que os fiéis do mundo inteiro Ihe enviam anualmente1. Deseja intensificar tais obras de atendimento em vista do ano de 1999, que será dedicado especial mente á caridade em preparacáo do ano 2000. A solidariedade com os que sofrem é condicao Índispensável para urna auténtica celebracáo do ano bimilenar. Vé-se deste modo que a Santa Sé, dependente ela mesma da caridade alheia, sabe dar um lúcido testemunho de amor aos homens.

APÉNDICES I. 800 milhoes de pessoas sofrem de desnutrió.áo

Segundo o Fundo das Nacóes Unidas para a Agricultura e Alimentacáo (FAO), 800 milhoes de pessoas sofrem de desnutriólo crónica no mundo, e 200 milhoes de crianzas até 5 anos tém deficiencias agudas por falta de alimentos.

Sao 82 os países em estado mais grave, sendo 47 na África, 19 na

Asia e no Pacífico, sete na América Latina e no Caribe e nove na Europa.

Sao estes os 12 que abrigam mais famintos no planeta, ressaltando-se que o Brasil figura em 15° lugar, com 9,7 milhoes de vítimas (6% da populacáo): 1o

Afeganistao

2o

Somalia

6,4 milhóes

(72%)

3o

Haití

4,6 milhóes

(69%)

4o

Burundi

2,9 milhóes

(50%)

5o

Bolívia

2,9 milhóes

(40%)

6o

Zaire

14,9 milhóes

(39%)

T

Senegal

2,3 milhóes

(30%)

8o

Nicaragua

1,0milháo

(25%)

12,9 milhóes de famíntos

(73% da populacho)

1 Sabemos que essas contribuigóes destinadas ao exercicio da caridade por parte do

Santo Padre sao enviadas anualmente á Santa Sé sob o titulo de Óbolo de SSo Pedro. Este é coletado em todas as partes do mundo todos os anos na festa dos SS. Apostó los Pedro e Paulo (29/06).

A contribuigao do Brasil para o Óbolo de Sao Pedro tem aumentado gradativamente

nos últimos quatro anos. Em 1994, foi de US$ 294.194,10; em 1995, de US$ 919.591,56;

e em 1996, de US$ 989.155,53. O Brasil ocupa o décimo segundo lugar entre os

países que mais tém contribuido para o Óbolo de SSo Pedro; sao estes, em ordem

decrescente de contribuigao: Estados Unidos, Italia, Alemanha, Franga, México, Espanha, Manda, Países Baixos, República da Coréia e Hong-Kong. Como se vé, ácima

do Brasil estSo países com número bem menor de dioceses e de populagao católica. 316

A ATIVIDADE HUMANITARIA DE JOÁO PAULO II

9o

Chile

2,9milh5es

(22%)

10° india

184,5 milhóes

(21%)

5,9 milhóes

(18%)

188,9 milhóes

(16%)

11° Colombia

12° China

29

II. Joáo Paulo II, O Homem do Ano de 1996

O jornal suí?o L'Écho de Lausanne, em sua edicáo de 18/01/1997, publicou a seguinte noticia:

"O hebdomadario americano Newsweek escolheu o Papa Joáo Paulo II como o homem do ano no cenário internacional, em seu número con sagrado ás cem personalidades maís em evidencia no ano de 1996. Base-

ando-se sobre urna mensagem junto aos leitores, Newsweek identifica como integrantes do grupo das pessoas mais fascinantes e mais impor tantes do ano também o ator Tom Cruise, o presidente Bill Clinton e o doutor suicida Jack Kevorkian.

No plano internacional o Papa está á frente do líder iraquiano Sadam Hussein, conforme a sondagem de Newsweek, que indica que, para a maioria dos norte-americanos, o Iraque é o país mais perigoso para os Estados Unidos.

A revista estima que, durante os dezoito anos do seu pontificado, Joáo Paulo II 'dominou o cenário internacional, viajando mais longe e mais freqüentemente do que qualquer Chefe de Estado1. Como personagem público que suscita interesse internacional, 'é o único que tenha proposto urna filosofía coerente dos direitos do homem', e traz 'urna visáo de espe ranza para a humanidade num momento em que o mundo se aproxima de novo milenio'".

"...E vos, quem dizeis que eu sou?". Um esclarecimento para o

Povo, por Egionor Cunha. Serie "Verdade". - Ed. Ave-María, Rúa Martim Francisco 656, 01226-000 Sao Paulo (SP) 1996, 140x210mm, 80 pp. O Pe. Egionor Cunha é o autor de urna serie de livros que visam a

habilitar os fiéis católicos a responder ás objegóes das Testemunhas de Jeová. O presente volume trata de Jesús Cristo, que as Testemunhas tém na conta de criatura. Ao refutaras concepgóes das Testemunhas, o autor expóe a nogáo católica de Jesús Cristo, de modo que o livro se torna um

bom manual de iniciagáo á Cristologia. Alias, os dez volumes da serie muíto se recomendam pelo estudo profundo que fazem dos temas "imagens, María SSma., inferno, fim do mundo, SSma. Tríndade...". 317

Contestacáo preconcebida:

"EUNUCOS PELO REINO DE DEUS" por Uta Ranke-Heinemann

Em síntese: O livro da Sra. Uta Ranke-Heinemann parte do preconceito de que o prazer consiste únicamente (ou quase únicamente) na cópula sexual. Ora a Igreja terá odiado o prazer e, poristo, tere feito cons

tantes restrigóes á vida sexual de seus fiéis, sacrificando especialmente

as mulheres. A autora, em conseqüéncia, admite que Jesús foi casado (comopoderia nao ter a alegría da cópula conjugal?) e nega a virgindade de María ao conceber e depois do parto de Jesús (como nao terá tido o prazer da uniáo camal?). A partir destas premissas preconceituosas, a

Sra. Uta percorre a historia da Igreja tentando apontar casos de odio ao

prazer por parte dos clérigos celibatários. Ao fazé-lo, foge aos trámites de

um trabalho científico, serio e objetivo, para realizar urna obra passional e tendenciosa. O livro pode impmssionaro leitorporsua erudigáo, mas "langa areia nos olhos" sem convencer a quem tenha algum senso crítico e conhega um pouco o assunto. *

*

*

A Sra. Uta Ranke-Heinemann, "considerada a maior teóloga do mun do" (Rose Marie Murara) escreveu um livro veemente com o título "Eunucos pelo Reino de Deus" e com o subtítulo "Mulheres, Sexualidade e Igreja"1. Acusa a Igreja, especialmente a sua hierarquia, de ter menosprezado as mulheres, odiado o prazer sexual e desfigurado a mensagem de Cristo. O livro tem tido grande repercussáo; editado na Alemanha pela primeira vez em 1988, chegou á terceira edic§o no Brasil em 1996. É obra farta em documentacáo; a autora leu muito a respeito da historia da Moral na Igreja,

de modo que suas páginas, á primeira vista, se impóem ao leitor como se fossem a última expressáo da erudigáo teológica.

Na verdade, o livro, aparatoso como é, nao resiste a um exame atento de suas afirmacóes, que se revelam preconceituosas e passionais

ou isentas de objetividade. É o que passamos a ver.

1 TradugSo do alemSo por Paulo Froes. - Editora Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro 1996 (3a. edigao), 140 x 210 mm, 383 pp.

318

"EUNUCOS PELO REINO DE DEUS"

Percorrendo a Obra...

A autora considera o uso do sexo ou a genitalidade1 com olhar me ramente humano, como se fosse um imperativo inelutável e a grande fonte de prazer para o ser humano. NSo leva em conta os apelos típicamente cristáos para a vida una ou indivisa, que Sao Paulo formula em 1Cor 7,2535 (texto jamáis citado ñas 383 páginas do livro). Quem lé a obra, espon táneamente se recorda das palavras do Apostólo:

"O homem psíquico (entrege únicamente á sua natureza) neo aceita o que vem do Espirito de Deus. Para ele, é urna ioucura, neo o pode com-

preender, pois isso deve serjulgado segundo o Espirito" (1Cor 2,14).

Entende-se entáo que, abstraindo da luz do sobrenatural ou da fé, a Sra. Uta nao compreenda a posicáo da Igreja frente á genitalidade. Dal a interpretacáo distorcida e tendenciosa que ela propSe para os documen tos da Igreja. Analisemos alguns casos em que isto ocorre. 1. Jesús Casado?

Um espécimen muito significativo da argumentacáo da Sra. Uta aparece logo no inicio do livro.

Á p. 15 cita ela urna sentenca do Tribunal Distrital de Hamburgo, secgáo 144, proferida aos 14 de julho de 1981,... sentenca que termina afirmando que Jesús "foi livre de qualquer pecado e de qualquer prazer sensual". A Sra. Uta traduz estas palavras como se significassem que Jesús nao teve alegría em sua vida terrestre (pp. 15 e 17). E nao teve, porque nao gozou do prazer sensual. A alegría estaría na sensualidade. Se a traducáo brasileira, devida a Paulo Froes, está correta, isto significa que alegría só existe na sensualidade, palavra que, conforme o Dicionário de Aurelio, querdizerlubricidade, volúpia, lascivia, luxúria, amor aos pra-

zeres materiaís". É para desejar que tenha havido um equívoco de tradu jo; caso, porém, nao o haja, revela-se o ponto de partida da Sra. Uta: nao se diga que ela proclamou a felícidade exclusiva para a libertinagem sexual, mas, sim, que ela só vé a felicídade na prática da genítalidade ou no consorcio sexual.

Em conseqüéncia, a autora admite que Jesús foi casado, pois o casamento era comum entre os judeus, a ponto que os próprios rabinos o contraiam:

1 Usamos a palavra genitalidade no sentido do uso do sexo, á diferenga de sexual!dade, que indica o ser sexuado (masculino ou feminino), e que caracteriza todo ser humano (timbre de voz, tipo de pele, cábelos, dedos, andar...). Enquanto a sexualidade é comum a todos, a genitalidade ó algo que sobrevém, podendo ser livremente posta em prática. 319

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

"A/So nos deve surpreender por nada ouvirmos sobre o casamento de Jesús, pois também nada ouvimos sobre a sua educagáo enquanto ch

anga, sobre o seu treinamento e prática vocacionais. Só ficamos sabendo que retomou a Nazaré para vivera vida absolutamente normal de umju-

deu"(p.57).

O texto se estende tongamente no intuito de insinuar que Jesús foi casado. Ora tal proposicáo foge por completo a quanto a TradicSo oral e escrita ensina a respeito de Jesús; é totalmente gratuita e arbitraria. De resto, Jesús, mesmo celibatário, foi alegre, como refere Sao Lucas no seu Evangelho: "Naquele tempo Jesús exultou de alegría sob a acao do Espirito Santo e disse: 'Eu te louvo, ó Pai...1" (10,21); cf. Jo 17,13: "Tenham a minha alegría completa em si mesmos". 2. María e o prazer sexual

A autora desenvolve as suas premissas considerando María SSma. Afirma que Maria nao foi vírgem nem ao conceber Jesús nem após o respectivo parto, porque isto a privaría do prazer de ter relacóes sexuais com Sao José e de ter mais filhos. E concluí a Sra. Uta pretendendo inter pretar a doutrina da Igreja:

"Terfilho é, portanto, urna falta de continencia, um mergulho no pra zer, conceber urna crianga, exceto pelo Espirito Santo, é urna violagáo e urna imundície" (p. 17).

A própria conceicáo virginal de Jesús é tida como lenda e como metáfora (p. 42). O Protoevangelho de Tiago, apócrifo que data de 150 aproximadamente, terá sido o primeiro testemunho de que "os irmáos e irmás de Jesús foram transformados em meios-irmáos ou em filhos de um primeiro casamento de José, que, viúvo, se tería casado com Maria" (P-43).

Ora estas afirmacQes manifestam claramente o modo de pensar da

Sra. Uta. É quase obsessiva; em tudo ela procura defender o prazer genital

e acusar a Igreja de o ter condenado. Assumindo preconceitu osa mente a idéia de que alegría e felicidade vém táo somente do prazer carnal, ela combate tudo o que nos Evangelhos e na Tradicáo do Cristianismo seja pregacáo de continencia em vista do Reino dos céus. Chega a imaginar Jesús casado, contradizendo o quanto sempre ensinaram as geracoes cristas durante vinte séculos. A estima crista da continencia e da vida una seria devida á influencia da literatura paga, da filosofía estoica e do gnosticismo dualista. Afirmando isto, a autora mutila b pensamento de Sao Paulo, que apregoa a virgindade e o celibato (nao como praxe obrigatória para todos os cristáos, mas como carismas ou dons de Deus); o Apostólo justifica a sua posicáo evocando o fato de que o Eterno já se fez 320

"EUNUCOS PELO REINO DE DEUS"

33

presente no tempo, dando inicio ao Reino de Deus; por conseguinte, o interesse do cristáo que tem consciéncia disto, consiste em livrar-se de tudo o que o possa dividir para consagrar-se inteiramente ao sen/ico do

Reino na vida una ou indivisa: "Eis o que vos digo, irmaos: o tempo sé fez curto. Resta, pois, que aqueles que tém esposa, sejam como se nao tivessem; aqueles que choram, como se nao chorassem; aqueles que se regozijam, como se nao se regozijassem; aqueles que compram, como se nao possuissem; aqueles

que usam deste mundo, como se nao usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo.

Eu quisera que estivésseis isentos de preocupagóes. Quem nao tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Se

nhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agra dar á esposa, e fica dividido. Da mesma forma, a mulher nao casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fím de serem santas de corpo e de espirito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido" (1Cor 7,29-34).

3. AIgreja e o Casamento A Igreja nunca foi contraria ao casamento; nunca o julgou algo de impuro, nem o poderia julgar, pois a S. Escritura refere que o matrimonio

é "um misterio (sacramento) grande em vista de Cristo e da Igreja" (cf. Ef 5,32); o marido faz as vezes de Cristo e a esposa as vezes da Igreja no lar cristáo, conforme esta significativa passagem de Sao Paulo. Em 1Cor 7,2, o Apostólo chega a aconselhar o casamento para que o homem e a mu

lher possam atender a seus impulsos naturais; pouco adiante, o mesmo autor afirma: "O marido nao cristáo é santificado pela esposa e a esposa nao crista é santificada pelo marido cristáo. Se nao fosse assim, os vossos

filhos seriam impuros, quando na realidade sao santos" (1Cor 7,14). Em 1Tm 4,2 o autor sagrado condena os gnósticos que rejeitam o casamento como se fosse algo de impuro. Estas idéias bíblicas nunca perderam seu significado na Igreja. Acon tece, porém, que na própria S. Escritura é apresentada a vida una ou

indivisa como atitude lógica de quem sabe que o Reino de Deus já chegou; cf. 1Cor 7,25-35. Ora esta outra perspectiva também calou fundo no

ánimo dos cristáos, dando origem á vivencia do celibato e da virgindade consagrados a Deus, desde os tempos mesmos do Apostólo, que escre-

via aos corintios em 56. Entre os Padres da Igreja, especialmente nos séculos IVA/, houve quem enfatizasse excessivamente a excelencia da vida una, dando a en tender urna certa depreciacáo do consorcio conjugal, sem, porém, o con321

34

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

denar como algo de indigno para o cristáo. A Sra. Uta se volta com veeméncia contra S. Agostinho (t 430), que ela tem na conta de neurótico juntamente com outros autores antigos (ver p. 88):

"O homem que fundiu o Cristianismo com o odio ao sexo e aoprazer numa unidade sistemática foi o maiordos Padres da Igreja, S. Agostinho" (P- 88). Na verdade, é falso atribuir a S. Agostinho e ao Cristianismo em geral odio ao sexo e ao prazer. O próprio celibatário nao odeia o sexo nem a genitalidade; apenas pratica a continencia por urna vocacáo especial... vocagáo muito justificada e nobre. A-Sra. Uta freqüentemente repete a expressao "odio ao prazer" como se fosse atitude permanente e normal da Igreja - o que nao é correto (ver pp. 18.31. 313. 351).

Nao se pode negar que S. Agostinho tenha ido longe demais ao afirmar a deterioracáo humana como efeito do pecado original. Todavía neste ponto ele nao é referencial para a Teología. A Sra. Uta pode criticar S. Agostinho, mas nem por isso ela está criticando a Igreja, já que esta nao endossa integralmente as proposicSes de Sto. Agostinho. N3o há dúvida, os autores cristáos antigos e posteriores nao souberam valorizar a mulher como ela o merece. Todavía as afirmacoes que punham a mulher em segundo plano, nunca foram dogmas; eram devidas a fatores culturáis de épocas passadas e, por isto, mudado o contexto cultural em nossos días, a Igreja nao hesita em proclamar a dignidade e o importante papel da mulher no passado e no presente da historia; tenhase em vista a Carta Apostólica de Joao Paulo II sobre a Dignidade da Mulher (1988) como também a Carta do mesmo dirigida a todas as muIheres do mundo antes da Conferencia Internacional de Pequim (1995); nesta última, lé-se, entre outros trechos importantes, o seguinte:

"Fago votos, caríssimas irmSs, para que se reflita com particular ateng§o sobre o tema do genio da mulher, nao só para nele reconhecer os tragos de um precioso designio de Deus, que há de seracolhido e honra do, mas também para Ihe darmais espago no conjunto da vida social bem como no da vida eclesial" (n° 10).

4. A Continencia Periódica

Á p. 97, a autora aborda a questáo dos métodos naturais e antinaturais

(ou artificiáis) para conter a natalidade. E afirma: "O Papa pede aos teólo gos que descubram a diferenca entre uns e outros, onde nao há nenhuma diferenca, teológicamente falando, sendo táo somente médica a única dis-

tincáo".

É estranho que a Sra. Uta nao veja a diferenca entre seguir a nature-

za e contrariara natureza; há ai urna diferenca contraditória, como ensina 322

"EUNUCOS PELO REINO DE DEUS"

35

a Lógica. Ora a natureza foi criada por Deus, que Ihe imprimiu as leis do seu funcionamento; por isto nao é lícito ao ser humano aplicar métodos

que contrariam a natureza, pois eles violam a Lei de Deus. É nisto que se

baseia a Moral católica ao rejeitar os anticoncepcionais. Para se compre-

ender quanto esses sao nocivos tanto no plano moral quanto no plano fisiológico, basta Iembrar que a pílula é um preparado farmacéutico dado a um organismo que funciona bem para que nao funcione bem; ora isto nao pode deixar de fazer mal á mulher.

Ao contrario do que julga a Sra. Uta (p.97), o Papa tem o direito e o dever de se pronunciar sobre a limitagao da prole e os métodos usuais, na medida em que tal assunto tem conotagóes éticas ou se prende de algum modo á Lei de Deus. A Igreja é chamada a ser a porta-voz dos ditames do Senhor para o bem da humanidade.

A Sra. Uta surpreende-se ao averiguar que a Moral católica permite a cópula sexual entre esposo e esposa nos dias de esterilidade da mu lher. Julga que isto é urna concessáo ao prazer - o que contraria, segundo ela, o odio ao prazer alimentado pelos celibatários (clérigos). - Este trago

do iivro da Sra. Uta bem manifesta que a Igreja nao tem odio ao prazer. A

natureza mesma anexou o prazer a certas funcóes do organismo a fim de que a pessoa as execute com mais espontaneidade; tais sao as funcoes

do comer e de se reproduzir sexualmente. É lícito ao homem desfrutar esse prazer, contanto que o faga segundo as leis da natureza; por conse-

guinte, mesmo que a própria natureza permanega estéril em varios dias do mes, fica sendo permitido ao casal o relacionamento sexual; este tem porfinalidade nao somente a prole (que a natureza nem sempre proporci ona), mas também a complementagao mutua psíquica e física. Nao há por que rejeitar o prazer, se ele é derivado da natureza e vivenciado con forme as leis da natureza1. 5. Observagoes Complementares

1) Ainda outra expressáo preconceituosa da Sra. Uta é a frase seguinte: "Jesús foi um amigo das mulheres, o primeiro e praticamente o

último amigo que as mulheres tiveram na Igreja" (p.132). - Ora nao há

quem nao perceba quanto estes dizeres sao falsos. Nao é preciso refletir muito para Iembrar os Santos e Santas que se ajudaram mutuamente na

procura da perfeigáo: Sao Bento e Santa Escolástica, Sao Francisco de Assis e Santa Clara, Sao Francisco de Sales e Santa Joana Frémiot de Chantal... Deve-se mencionar outrossim a ascendencia que varias mu lheres exerceram na historia da Igreja: assim Santa Hildegarda de Bingen

(t 1179), consultada por reis, príncipes, Bispos e Papas; Santa Catarina 1 Esta afírmagño nao pretende invalidara ascese e a penitencia. Estamos tratando do

problema especifico das relagoes matrimoniáis dentro do casal. 323

36

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

de Sena (t 1380), que obteve a volta, do Papa, de Avinháo para Roma em

1376; Santa Teresa de Ávila (f 1582), a reformadora do Carmelo. Escreve

a propósito o Papa Joao Paulo II:

"Em cada época e em cada país encontramos numerosas mulheres perfeitas (cf. Pr 31,10), que - neo obstante perseguigóes, dificuldades e discríminagóes - participaram na missáo da Igreja. Basta mencionar aqui Ménica, mae de Agostinho, Macrína, Olga de Kiev, Matilde de Toscana, Edviges da Silesia e Edviges de Cracovia, Eiisabete da Turíngia, Brígida da Suécia, Joana d'Arc, Rosa de Lima, Eiisabete Seaton e Mary Ward, O testemunho e as obras de mulheres cristas tiveram um influxo significativo na vida da Igreja como também na da sociedade. Mesmo dian te de graves discriminagóes sociais, as mulheres santas agiram de modo

livre, fortalecidas pela sua uniao com Cristo.

Também em nossos dias a Igreja nao cessa de enriquecerse com o testemunho das numerosas mulheres que realizan) a sua vocacao á santidade"(n°27).

2) Nao se compreende que a Sra. Uta, teóloga como é, diga que a Igreja anula casamentos, como se lé as pp. 358s (ou haveria erro de traducáo?). - A Igreja nao tem o poder de anular ou cancelar um contrato matri monial válido e consumado, pois isto contrariaría ao Evangelho (cf. Me 10, 5-12; Le 16,18; Mt 5,32; 19,9; 1Cor 7,1 Os). Mas a Igreja pode, mediante um processo, tentar averiguar se determinado casamento foi validamente contraído. Caso se comprove que houve um impedimento dirimente por ocasiáo do contrato matrimonial, a Igreja simplesmente declara que tal contrato foi nulo; simplesmente verifica um fato que estava latente e se

torna patente.

Murtas observacóes poderiam ser feitas á obra da Sra. Uta Ranke

Heinemann. É falha por sua tendenciosidade obsessiva ou cega, que a

leva a tomar posicoes arbitrarias, nao fundamentadas e, por conseguirte, pouco científicas. Pode "lancar areia nos olhos do leitor", pois ¡mpressiona por sua erudicáo e pelo grande número de documentos e fatos que cita. O sarcasmo e o deboche também podem calar no ánimo do leitor despreve nido; mas deve-se notar que nao é em tom passional e zombeteiro que se defende urna posicao doutrinária merecedora de consideracáo; o sarcas mo e a ironía sao as armas dos fracos, como se costuma dízer. Em suma, é para desejar que aqueles que venham a ter em máos esse livro, estejam conscientes de que é unilateral e tendente ao deboche. Nao há dúvida, muitos tragos de verdade ai se encontram, mas o leítor há de exercer um certo senso crítico para distinguir da verdade o que de subjetivo e preconcebido se encontra ñas explanacoes da autora. 324

O Jornal da Igreja Universal:

A "FOLHA UNIVERSAL" DIZ A VERDADE?

Em síntese: O Sr. Alberto Rivera, escrevendo no jornal "Folha Uni versal" da Igreja Universal do Reino de Deus, comete grave faina, ou seja, cai na inverdade de afirmar que "debaixo da basílica de Sao Pedro em Roma existem varios quilómetros de tunéis, com milhóes de livros e docu mentos desde os primordios da humanidade". Ora quem conhece a basílica de Sao Pedro sabe que em seu subsolo há um cemitérío romano antigo no qual foi sepultado Sao Pedro; tendo sido recentemente escavado esse subsolo, apareceram vestigios da tumba do Apostólo e urna ossada que

pode ser de Pedro. É descabido supor que em baixo disso naja muitos quilómetros de tunéis. Ademáis nos primordios da humanidade nao havia livros nem documentos, pois os homens da pré-história nao conheciam nem o papiro nem o pergaminho. - Estas inverdades colhidas em flagrante na "Folha Universal" sugerem a pergunta: seríam inverdades ¡soladas, sin gulares? Ou nao será que fazem parte do estilo da "Folha Universal", que preconcebidamente tenta denegrirá Igreja Católica?

O jornal "Folha Universal" do Sr. Edyr Macedotem publicado artigos e noticias altamente agressivas á Igreja Católica. Em varios casos, verifica-se que se trata de afirmacoes superficiais, chavóes transcritos sem o mínimo senso crítico ou sem interesse pela verdade, no intuito principalmente de denegrir ou atacar inescrupulosamente. Em particular, os artigos de alguém que assina "Dr. Alberto Rivera, ex-padre jesuíta" sao polémicos efantasiosos. Nao é costume da Igreja Católica envolver-se em polémica, descendo ao plano dos que preconcebidamente a agridem. Parece mais nobre guardar o silencio de quem sabe que se trata de falsas acusacóes e nao se perturba com a malvadeza dos agressores. Todavía por vezes

essa agressividade é táo baixa e falsaria que se faz necessário esclare cer o público a respeito, pois muitas pessoas despreparadas se dáo por perplexas com a leitura de tais invectivas e pedem elucidado.

Vamos, pois, ñas páginas subseqüentes, examinar um artigo de Alberto Rivera, espécimen muito significativo do pensamento e do estilo desse autor como também de seu jornal. Tem por título "A historia de Semíramis" e foi publicado na edigao de domingo 6/4/1997, p. 2. O autor, que se diz ex-jesuíta, refere-se ao seu passado e escreve: 325

38

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

«Durante décadas de estudo, tive acesso a maior e mais completa biblioteca do mundo: a do Vaticano. Localizada exatamente sob a Basílica de Sao Pedro, o maior arquivo histórico do planeta se estende por varios quilómetros de tunéis, com milhóes de livnos e documentos, desde os primordios da humanidade. Ali estáo registrados os nomes de todos os "espías" da instituigao católico-romana ao longo da Historia; seus cargos, a "defesa indefesa"de suas vitimas, as torturas e as respectivas execugóes». Este texto sugere alguns comentarios:

1) Quem conhece a basílica de Sao Pedro, em Roma, sabe que ela foi construida sobre um antigo cemitério romano, onde ainda no século I (67?) foi sepultado o Apostólo Pedro após ter sofrido o martirio. Sob Pió XII (1939 -1958) foram feitas escavacóes profundas no subsolo da basílica, que chegaram ao nivel mais baixo, onde se encontrou o presumido túmu lo de SSo Pedro, identificado por inscricóes de fiéis visitantes e urna ossada que bem pode ser do Apostólo; ver nosso livro "Diálogo Ecuménico", Ed. Lumen Christi, pp. 102s. Por conseguinte, nao tem cabimento dizer que sob a basílica de SSo Pedro existem varios quilómetros de tunéis; a superficie da basílica nao enquadra os varios quilómetros de tunéis nem estes seriam possíveis em tal local. Somente a ignorancia do Sr. Alberto Rivera ou (pior) a má fé ou o desejo de denegrir (ainda que caluniosamente) explicam a afirmacao publicada na "Folha Universal". Tal procedimento nao é cristáo. 2) Quanto á alegagáo de que nesses quilómetros de tunéis existem milhóes de livros e documentos desde os primordios da humanidade, observamos que os primordios da humanidade ocorreram há cerca de dois milhóes de anos; os mais antigos fósseis foram descobertos em

Quénia (África). Os primeiros homens nao usavam livros nem documen

tos, pois nao conheciam nem papiro nem pergaminho. Daí o despropósto de falar de livros e documentos desde os primordios da humanidade.

3) Cabe aqui urna interrogacáo: as inverdades colhidas em flagran te no artigo que analisamos, nao seriam um espécimen da mentalidade que inspira os artigos de Alberto Rivera? A inverdade só se encontra urna vez sob a pena desse autor, e nunca mais em seus artigos? Ou será a

falsidade preconcebida para tentar destruir a Igreja Católica urna das linhasmestras de tal autor? O próprio título "Dr. Alberto Rivera, ex-padre jesuíta" corresponde a um personagem real histórico? Ou será um pseudónimo pom poso utilizado por algum pastor da Igreja Universal desejoso de ganhar status e pretensa autoridade? E nao se pode dizer que a "Folha Universal" segué o mesmo estilo da mentira?... mentira cujo pai é Satanás, conforme Jo 8,44.

4) A associacáo de Maria SSma. e Semíramis, deusa paga, é abso lutamente arbitraria. Para inicio de conversa, pode-se lembrar que urna 326

A "FOLHA UNIVERSAL" DIZ A VERDADE?

39

¡magem de María SSma. com o Menino Jesús nos bracos foi atribuida a Sao Lucas evangelista. Embora esta concepgáo nao seja fidedigna, ela revela que os antigos cristáos retrocediam até o evangelista para explicar a representacáo de Maria SSma. com seu Divino Filho nos bracos. Será que Rivera ignora tal tradicáo?

Quanto a Semíramis, já foi considerada em PR 412/1996, p. 426. É

figura lendária da Assíria datada do século IX a.C. Terá tido influencia sobre os cristáos nove séculos após ter sido proposta pelos antigos mesopotámios?

Os bons autores sao muito sobrios em relacáo a Semíramis, em vez de a apresentar como Rainha-Máe adorada por todos os povos do Oriente. Doutro lado, é muito compreensível que, a partir das próprias prerrogativas de Maria apontadas pelo Evangelho, se tenham desenvolvi do a veneracáo á Santa Máe de Deus. Longe de a adorar, os fiéis católi cos reconhecem a grandeza única que Ihe cabe em virtude de sua funcáo de Máe de Deus... Máe que Jesús quis fosse também a Máe dos homens (cf. Jo 19,25-27).

Temos indicios de veneracáo a Maria, Máe de Deus, nos fins do século I ou no comeco do século II, quando S. Inácio de Antioquia (t 107) escreveu:

"Nosso Deus, Jesús Cristo, tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus...

Permaneceu oculta aoprincipe deste mundo (cf. Jo 12,31; 14,30) a virgindade de Maria e seu parto, como igualmente a morte do Senhor, tres misterios de grande alcance, que se processaram no silencio de Deus" (aos Efésios n' 18 e 19).

Embora S. Inácio combata os docetas, que negavam a realidade plenamente humana do corpo de Jesús, nao deixou de afirmar o modo singular como essa humanidade foi concebida e nasceu: a Máe de Jesús foi Virgem. - O santo julga que este misterio ficou oculto ao demonio, como haviam de pensar outros escritores antigos. Por falta de dados mais precisos referentes ao demonio, nao nos é possível aprofundar a afirmacáo de Inácio sobre esse "silencio de Deus". É, pois, evidente que, desde o inicio da era crista, a veneracao a

Maria SSma.'já era elemento integrante da piedade crista, decorrente de

fiel compreensáo da Palavra de Deus. Donde se evidencia quáo despro positado é afirmar que a figura de Maria, Máe de Deus feito homem em seu seio, tem algo a ver com a lendária deusa Semíramis. Donde se evidencia também quáo inescrupuloso ou falso é o jornal que abona mentiras e calúnias. 327

Fantasías em alto grau:

O LIVRO DE URANTIA

Em síntese: O Livro de Urantia, do qualsáo apresentados textos em brochura difundida no Brasil, pretende revelar urna cosmología nova, com universos numerosos sobrepostos em tres degraus. O nosso planeta se chamaría Urantia e sería o cenárío da vida de Micael, que neste mundo é conhecido como Jesús de Nazaré. O livro narra urna pretensa viagem de Jesús, anteríorao seu ministérío público na Palestina, pelas regioes do Mediterráneo, epropóe a expectativa de urna nova e mais ampia revelagao de Jesús depurada de dogmas religiosos. - Tal obra é expressao de alta fantasía descontrolada e foge aos trámites de um trabalho sérío, de índole

científica, que merega consideragao.

Está sendo difundida no Brasil urna obra intitulada "Trechos de O Livro de Urantia", sem indicacao de data de edicáo, sob a responsabilidade da Urantia Foundatlon, que tem sua sede central em Chicago (EE. UU.); essa entidade se ramifica na Inglaterra, na Franca, na Espanha, na Finlandia e na Australia. Visto que tal obra tem impressionado varios leito-

res, segue-se breve resenha da mesma.

1. O Conteúdo da Obra

Urantia, segundo se depreende do texto, é o planeta Térra. Este se acha localizado, junto com muitos outros planetas, no chamado "Universo local de Nebadon". Este, por sua vez, juntamente com outros similares,

constituí o Supremo Universo de Orvonton, cuja capital é Uversa. Há "sete superuniversos evolucionários do tempo e do espaco que circulam a criagao sem principio e sem fim da perfeicáo divina - o universo central de

Havona. No coracáo deste universo eterno e central encontra-se a estaci

onaria ilha do Paraíso, o centro geográfico da infinidade e a morada do

Deus eterno". - Estes dizeres, que se encontram logo no inicio da obra em foco, sao um espécimen de como é complexo e difícil ou obscuro o pensamento de quem confeccionou o livro; tem urna concepcao cosmológica altamente fantasiosa, que a ciencia nao comprova e que nao tem respaldo

em nenhum dado objetivo.

As demais especulacoes ou teorías de ordem filosófico-religiosa que o livro propoe, sao do mesmo estilo: recorrem a muitos adjetivos, que pouco significam, e apresentam-se em frases que carecem de nexo lógico 328

O LIVRO DE URANTIA

41

entre si, de modo que formam o que se poderia chamar urna "verborragia" (efusáo de palavras vazias), sem conteúdo apreciável. Eis mais duas amostras deste trago característico:

«Os Ajustadores sao a realidade do amor do Pai encamado ñas al mas dos homens; sao a verdadeira promessa da carreira eterna do homem, aprisionada dentro da mente mortal; sao a esséncia da personalidade finalista aperíeigoada do homem, a qual ele pode pressentir no tempo á medida que domina progressivamente a técnica divina de chegara vivera vontade do Pai, passo a passo, através da ascensáo de universo a univer so até que realmente alcance a presenga divina de seu Pai do Paraíso... Todo mortal que tenha visto um Filho Criador viu ao Pai Universal, e o mortal que é habitado por um Ajustador divino é habitado pelo Pai do Paraíso» (p. 71).

A brochura intitulada "Trechos de O Livro de Urantia", com suas 101 páginas, 150 x 220mm, apresenta trechos de um livro mais ampio dito "Livro de Urantia". Este consta de quatro partes: 1) O Universo central e os Superuniversos; 2) O Universo local; 3) A Historia de Urantia; 4) A Vida e os Ensinamentos de Jesús. As tres primeiras partes tém em vista descrever o ambiente no qual se diz que Jesús apareceu, ou seja, pretendem preparar a quarta parte da obra, que é a principal. O que pode chamar a atengáo nesta quarta parte, é a descrigáo de

urna imaginaria viagem de Jesús pelas regióes do mar mediterráneo e

pelo Oriente próximo (o texto chega a insinuar que Jesús esteve na india;

ver p. 68),... viagem anterior ao ministerio público de Jesús. Nessa via gem Jesús terá aprendido muitas coisas, que Ele apregoou na Palestina por ocasiáo de seus ensinamentos aos Apostólos e ás'multidoes.

O ministerio público de Jesús n§o é relatado nos "Trechos de O Livro de Urantia". Todavía, como se lé á p. 97 desta obra, o Livro tenciona apresentar "a vida e os preceitos de Jesús em sua forma original, livres de tradicoes e dogmas"; espera-se "urna nova revelagáo de Jesús", "urna ressurreigáo de Jesús, que sairá do sepulcro da teología tradicional e será apresentado como o Jesús vivo á Igreja que carrega seu nome e a todas as outras religióes". Isto tudo é afirmado sem o mínimo comprovante ou em tom absolutamente gratuito.

2. Comentando...

Os trechos do Livro de Urantia fogem ás normas da seriedade lite

raria e científica. Nada dizem que mereca consideracSo mais atenta. O que sé refere á viagem de Jesús anterior ao seu ministerio público, é ro mance', e romance altamente imaginoso. Jesús vem apresentado como "soberano do nosso universo local; seu nome é Micael, o Filho de Deus e 329

42

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

o Filho do Homem, conhecido neste mundo como Jesús de Nazaré" (cf. p. 96). A expectativa de nova revelagáo de Jesús é arbitraria e infundada. Nao há por que nos detenhamos sobre o assunto.

Quanto á parte filosófico-religiosa especulativa da obra, é táo sem nexo que difícilmente se pode depreender o que o texto quer dizer, como se percebe através da leitura dos trechos atrás transcritos. O Livro de Urantia vem a ser mais uma expressáo dos anseios do homem contemporáneo, que deseja uma renovacáo do mundo e da his toria. Circulam atualmente numerosos escritos, de índole esotéricoocultista ou nao, que apregoam uma intervencáo de Deus no curso dos acontecimentos. O fim de um milenio sugere, quase inconscientemente, a quem está insatisfeito, uma entrada drástica de Deus na historia da humanidade a fim de por termo á perversáo e inaugurar uma fase de paz

e bonanca sobre a térra. Esta expectativa é uma especie de consolacáo para quem nao vé solucáo a partir dos recursos convencionais (ciencia,

ética, educacáo...) do género humano,... consolacáo precaria, porém, porque nao se pode crer que os problemas da humanidade se resolverá© pondo-se de lado o raciocinio, o bom senso e o espirito crítico, para dar expansáo á fantasía romancista descontrolada.

É de estranhar que a Fundacáo Urantía tenha seus núcleos em

países do Primeiro Mundo, países em que o grau de cultura costuma ser elevado, ou países nos quais os cidadáos estáo acostumados a usar da sua inteligencia para estudar e trabalhar. Tem-se a impressáo de que, no tocante á filosofía de vida e á cosmovisáo, toda a humanidade está hesi tante; táo ingentes sao os problemas da hora atual que qualquer "profe ta", anunciando "Boas Novas" a partir de uma fonte oculta e inédita, encontra audiencia.

Somente a fé no Evangelho como é guardado e proclamado pela Igreja que Cristo fundou e entregou a Pedro, pode trazer uma solucáo para os problemas da humanidade. Muito a propósito escreveu o S. Pa dre Joáo Paulo II na sua Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente: «36. Numerosos Cardeais e Bispos desejaram que se fizesse um

serio exame de consciéncia, principalmente sobre a Igreja de hoje. No limiardo novo milenio, os cristáos devem pór-se humildemente diante do Senhor, interrogándose sobre as responsabilidades que Ihes cabem também nos males do nosso tempo. Na verdade, a época atual, a par de muitas luzes, apresenta também muitas sombras.

Como calar, por exemplo, a indiferenga religiosa, que leva tantos

homens de hoje a viverem como se Deus nao existisse ou a contentaremse com uma religiosidade vaga, incapaz de se confrontar com o problema 330

O LIVRO DE URANTIA

43

da verdade e com o dever da coeréncia? A isto, há que ligar também a

difusa perda do sentido transcendente da existencia humana e o extravio, no campo ético, até mesmo de valores fundamentáis como os da vida e da familia. Impóe-se, pois, um exame aos filhos da Igreja: em que medida

estao eles também tocados pela atmosfera de secularismo e relativismo ético? E que parte de responsabilidade devem eles reconhecer, quanto ao progressivo alastramento da irreligiosidade, por nao terem manifestado o

genuino rosto de Deus, pelas deficiencias da sua vida religiosa, moral e social?

Realmente nao se pode negar que, em muitos cristSos, a vida espiri tual atravessa um momento de incerteza que repercute nao só na vida moral, mas também na oragao e na própría retidáo teologal da fé. Esta, jé posta a prava pelo confronto com o nosso tempo, vé-se ás vezes ainda desorientada porposigdes teológicas erróneas, que se difundem também por causa da crise de obediencia ao Magisterio da Igreja».

Estas palavras do Papa Joáo Paulo II s§o aptas a suscitar a genuína resposta que os fiéis católicos háo de dar ás fantasiosas divagacóes do Livro de Urantia e a escritos congéneres.

Catecismo Integral, porLadisIau Dybowski, Curitiba 1995. Livro do Catequista: 140x210mm, 172 pp.; Livro do Aluno: 140x210mm, 175pp. O autor, em colaboragáo com peritos da Catequética, publica valiosa obra em preparagao para a Primeira Eucaristía. O que distingue os dois volumes dos congéneres, é que propóem a doutrina da fé ao comentarem os livros do Antigo e do Novo Testamento. Assim oferecem tanto urna iniciagáo ao Credo católico como um bom aprendizado bíblico. O método peda gógico é válido, pois, além do texto doutrinário, apresenta, após cada ¡¡gao, perguntas para o diálogo entre o mestre e os discípulos, texto para canto, urna oragao. Em Apéndice encontram-se as principáis preces do cristao. A obra é muito recomendável, principalmente pelo fato de propor re almente a doutrina da fé sem se deterpreponderantemente no plano huma

no e social. Observa o Papa Joáo Paulo II na sua Exortagáo sobre A

Catequese Hoje: "Algumas obras catequéticas desorientam os jovens e

até mesmo os adultos, querpela omissao, consciente ou inconsciente, de elementos essenciais á fé da Igreja, querpela importancia excessiva dada a certos temas, com prejuízo de outros, sobretudo por vma perspectiva demasiado horizontalista, nao conforme ao ensino do Magisterio da Igreja". Os pedidos podem ser dirigidos á Livraria da Sociedade do Verbo Divino, Caixa postal 1108, 80001-970 Curitiba (PR). Fone: (041) 222-0136. 331

A IGREJA E A MULHER

Realizou-se em margo pp. no Rio de Janeiro o 8o Congresso Inter nacional voltado para o tema "Mulher e Saúde". Foi ocasiáo de severas críticas á Igreja e ao Papa, como sendo intensos ao bem-estar da mulher, visto que nao aceitam a prática do aborto e condenam intervencoes artifi ciáis no curso da natureza humana. As invectivas partiram principalmente de urna sociedade dita "Católicas pelo Direito de Decidir", presidida pela

Sra. Francés Kissling, ex-Religiosa. Tal entidadefoi fundada nos Estados Unidos com o nome "Catholics for a Free Choise" (CFFC), e publica em Montevideo um boletim intitulado "Católicas por el Derecho de Decidir". Trata-se de urna organizacáo abortista, nao reconhecida pela Conferen cia dos Bispos dos Estados Unidos, cujo presidente, o Cardeal William H. Keeler, declarou em 16/03/1995:

"Nenhum grupo que promova o aborto pode legítimamente chamar se católico. Usar o nome católico para promover a eliminagao da vida inocente é ofensivo nao apenas para a Igreja Católica, mas também para quantos esperam retidáo no discurso público".

O Cardeal Keeler retomou urna observacáo da mesma Conferencia dos Bispos americanos, que, sem meio-termos, já em 4 de novembro de 1993, afirmava que a organizacáo CFFC "nao tem filiacao nem formal, nem de outra natureza, com a Igreja Católica". E acrescentou claramente:

"Com efeito, a CFFC está associada ao lobby pró-aborto de Wa

shington, DC. Ela atrai a atengao pública porsuas agressoes contra prin cipios básicos da moral e da doutrína católica; suas agressoes alcangaram dimensóes de destaque por sua divulgagáo na mídia, querendo dar, assim, á CFFC aparéncia de urna respeitável voz de dissenso católico". Também a Santa Sé, em declaracáo de 21 de margo de 1995, devi da ao seu Observador Permanente junto as Nacóes Unidas, afirmava: "A palavra 'católico' significa 'universal', no sentido de 'se manter com o todo' e significa uniáo com o ensinamento da Igreja Católica, do

Papa e dos Bispos. Essa organizagao promove o assassinato de changas náo-nascidas, o qual diretamente contradiz o ensinamento da Igreja, do Papa e dos Bispos. No entanto, a Santa Sé nao pode aprovar o credenciamento de um grupo que pretende ser católico e, ao mesmo tempo, falha 332

A IGREJA E A MULHER

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no reconhecimento e na defesa da dignidade e do valor de cada ser huma no. Além disto, cabe somente a jurísdigáo da Santa Sé e da hierarquia católica determinar quais organizagóes podem usar o título de 'católico'." A seguir, reproduzimos um artigo publicado pelo O GLOBO aos 20/ 03/97 em resposta á Sra. Francés Kissling, que no mesmo diario escreveu sobre o Papa e a Saúde da Muiher em 14/03/97: O Papa e a Dignidade da Muiher

"O Papa e a Saúde da Muiher", eis o título de um artigo polémico da Sra. Francés Kissling, que causou especie porsuas afirmacóes passionais, n§o comprovadas, mas levianamente redigidas em assunto de máxima importancia. Acusa "a lideranca hierárquica da Igreja Católica Romana de ser um dos mais persistentes opositores aos avancos das mulheres" (O GLOBO, 14/03/97, p. 7). De modo especial, é atingido o Papa Joáo Paulo II.

A bem da verdade, impoem-se consideracoes de ordem genérica e outras de caráter mais particular.

De modo geral, deve-se dizer que o Papa Joáo Paulo II, em seus ditames de ordem moral, nao está seguindo concepcóes pessoais, subje tivas, mas, sim, o legado da Palavra de Deus, que Ihe é transmitida pelas Escrituras e a Tradicáo; ele é ministro e servidor da Palavra, que Ihe com pete transmitir incólume aos homens de hoje. Isto nem sempre é condizente com as tendencias do mundo de nossos dias; daí o caráter espinhoso da missáo da Igreja que, precisamente por isto, mostra guardar

fidelidade a Cristo, sem comprar o favor dos homens. Pode-se lembrar que em 1534 a Igreja perdeu o reino da Inglaterra por nao ter concedido o divorcio ao rei Henrique VIII, divorcio que o Evangelho nao aceita (ver Me 10,5-11 e paralelos).

Ademáis quem considera a historia universal com olhar objetivo e sem preconceitos, pode observar que a muiher na Idade Media crista exerceu, nao raro, papel de relevo. Com efeito, para nao nos alongarmos, diremos que a rainha era coroada como o rei. A última rainha a ser coro-

ada foi Maria de Mediéis em 1610 na cidade de Paris. Algumas rainhas

medievais desempenharam ampias funcoes, dominando a sua época; tais foram Leonor de Aquitánia (t 1204) e Branca de Castela (t 1252); no caso da ausencia, da doenca ou da morte do rei, exerciam poder ¡ncontestado, tendo a sua chancelaria, as suas armas e o seu campo de atividade pessoal. A enciclopedia mais conhecida do século XII se deve a uma muiher, ou seja, á abadessa Herrade de Landsberg; tem o título "Hortus Deliciarum" (Jardim de Delicias) e fornece as informacóes mais seguras sobre as técnicas do seu tempo. Algo de semelhante se encontra ñas obras 333

46

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 422/1997

de S. Hildegarda de Bingen. Foi somente no fim do séc. XVI, por um de creto do Parlamento Francés de 1593, que a mulher foi explícitamente afastada das funcóes públicas naquele país. E isto, por influencia do Direito Romano, que mais e mais ia sendo adotado pelas legislacóes pós-medievais; foi entáo confinada áquilo que outrora e sempre foi o seu dominio privilegiado: o lar e a educacáo dos filhos.

Nos tempos atuais a Igreja se mantém fiel aos principios do Senhor Deus. Estes, além de formulados ñas Escrituras e na Tradicáo, estáo ins critos na lei natural, que todo homem traz em si. Daí o Nao ao aborto, que nao só é um homicidio ou o assassinio de um inocente, mas também vem a ser um trauma infligido á mulher; esta tem a sensibiiidade apurada para

a vida, de modo que o assassinio do própfío filho costuma causar-lhe

graves seqüelas psicológicas (arrependimento, depressáo, pranto,...) por

longos anos, como demonstram pesquisas médicas; a propósito pode-se ler o relatório da Dr11 Mary Simón, psicóloga da Clínica Ginecológica de Würzburg (Alemanha) publicada na Revista Deutsche Tagespost (04/ 07/92). Pouco se pensa no fato inegável de que o aborto fere a própria máe: a angustia posterior ao aborto é pior do que a angustia anterior ao mesmo, como já se tem dito em órbita médica.

A Igreja também é contraria aos preservativos e aos métodos anticoncepcionais em geral, porque contribuem para violar a índole do amor humano; este por si é unitivo (une os cónjuges entre si) e fecundo; excluir a fecundidade significa contrariar a natureza, cujas leis provém do Cria dor e constituem sadio referencial para o comportamento do homem e da

mulher. Ademáis a imprensa mesma vem noticiando a ineficacia do pre servativo em muitos casos, a ponto que o Ministerio da Saúde tem retira do de circulacáo sucessivos modelos de preservativo, cujos poros sao maiores do que o virus do HIV ou mesmo do que o espermatozoide. Contraria aos anticoncepcionais, a Igreja nao é natalista; ela apregoa a paternidade responsável ou o planejamento familiar, a ser levado a efeito mediante a aplicagáo dos métodos naturais, mais favoráveis á saúde da mulher; nem mesmo a necessidade de mais sacerdotes sugere a procriacao indiscriminada de filhos.

O artigo termina com a citacáo de dizeres misóginos atribuidos res

pectivamente ao abade Odo de Cluny e a S. Tomás de Aquino. Infelizmen te a Sr3 Francés Kissling nao indica as respectivas fontes - o que dá ás suas alegacóes um caráter de gratuidade, que nao pode ser levado em conta por quem deseja argumentar com seriedade e exatidao científica.

Alias, o artigo menciona pretensos pronunciapnentos do Papa em Uganda e no Brasil, sem precisar as suas referencias. Isto enfraquece ou

mesmo invalida a argumentacáo. Seria para desejar que, em materia de 334

A IGREJA E A MULHER

47

tanto peso, as afirmacóes fossem fundamentadas e comprovadas para poderem merecer consideracáo. Da maneira como foram feitas pela arti culista, carecem do valor desejável para se poder formular um juízo obje tivo sobre o assunto.

De resto, o pensamento de Joáo Paulo II a respeito da mulher é formulado com muita énfase na carta assinada por S. Santidade aos 29/ 06/95, em vista da Conferencia de Pequim, da qual seja citada a seguinte passagem: "Obrigado a ti, mulher, pelo simples fato de seres mulher! Com a percepcáo que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreen-

sáo do mundo e contribuís para a verdade plena das relacóes humanas" (n° 2).

Pe. Estéváo Tavares Bettencourt O.S.B.

Dando prosseguimento ao debate, foi publicada urna carta no O GLOBO de 25/04/97:

«Em resposta á Sra. Carolina Teles Lemos em seu artigo sobre a lgreja e o aborto, desejo observar que toda a argumentacáo em favor do aborto caí por térra desde que se considere que o aborto é um homici dio..., e homicidio tal como nao ocorria nem mesmo nos campos de concentrac&o nazistas (onde havia cámaras de gas e fuzilamentos). No abor to a crianca é dilacerada, despedacada...; tem urna tesoura fincada no seu pescoco; o seu cerebro é sugado, de modo a causar o colapso do bebé, que vem finalmente arrancado do seio materno. E isto tudo é cometido geralmente a pedido da máe ou com o consentimento déla. Tal prática fere nao somente a crianca, mas também o senso humanitario de qualquer criatura mentalmente sadia; fere principalmente o senso maternal da mu lher. Muito mais nobre, da parte da máe, é nao matar o filho, deixá-lo nascer e entregá-lo a um casal ou a urna instituicáo (se nao o quer ou nao o pode educar). Alias, quem é contrario á pena de morte para um criminoso, com mais razáo deve ser contrario á pena de morte para urna crianca inocente. Quanto á posicáo da lgreja frente ao aborto através dos séculos, a Sra. Carolina faz alegacóes sem indicar as fontes - o que debilita o arrazoado. O fato é que a lgreja sempre considerou ilícito o aborto, mes mo quando se pensava que a animacáo do feto se dava no 40° ou no 80° dia; seria sempre o morticinio de um ser humano em formacáo».

Pe. Estévao Tavares Bettencourt O.S.B.

335

"DEUS É COMO UM GRANDE ESTILISTA. EU O SEI, PORQUE MUITO DESFILEI"

Com estas palavras apareceu no dia 9/5 pp. num palco da sala Nervi no Vaticano a ex-modelo Antonella Moccia, feita noviga de urna Congregacáo Religiosa. Isto ocorreu no encerramento de um Congresso sobre Vocacoes Religiosas, durante o qual tomaram a palavra algumas pessoas de vulto que ingressaram na Vida Religiosa.

Quanto a Antonella Moccia, foram primeiramente exibidas cenas de seus desfiles em passarela ao ritmo de Blue Eyes (Olhos Azuis); os seus trajes refletiam todas as cores do arco-iris. Depois disto, entrou em cena, ao vivo, a própria Antonella, com seus trinta anos de idade, contrastando

fortemente com as imagens anteriores; vestia-se modestamente, embora muito digna.

Agradeceu a Jesús, que "a fitou nos olhos como o mais belo dos jovens deste mundo". Agradeceu á Virgem SSma., que, pelo Santo Rosa rio, Ihe prestou ajuda constante. Com profunda religiosidade, disse ainda: "Nao me bastarao os anos para agradecer a Deus o ter-me chamado para ser sua esposa... A fé me levará aonde eu nao sei; existe Alguém que me

quer levar por um caminho que ainda estou por descobrir". Agradeceu outrossim ao seu diretor espiritual, porque "todos precisamos de alguém que nos guie e leve nao para onde queremos, mas para onde Ele quer, a fim de testemunharmos sempre mais vivamente o amor de Deus".

Ainda pediu desculpas á numerosa platéia que assistia, dizendo: "Muita gente falou de mim. Mas espero que isto sirva para proclamar que Deus existe".

Finalmente um coro de quatrocentas novicas entrou no palco. Por último, apareceu o Santo Padre Joáo Paulo II, que proferiu palavras de

saudacáo e estímulo.

(Noticias extraídas do jornal "Corriere della Sera" de 10/5/97, p. 19) Estéváo Bettencourt O.S.B.

336

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Clemente da Silva Nigra."

De D. Abade Inácio Barbosa Accioly:

"Hoje o Mosteiro é realmente a áncora da cidade do Rio de Janeiro. É igual mente foco de luz ardente que, sem qualquer ostentacáo ilumina todos aqueles que aqui vivem, que aqui vém louvar o Senhor ou que aqui encontram alimento para a chama misteriosa de sua fé - pois o Mosteiro nao é um simples monumento ou ummuseu, mas urna casa viva a irradiar a presenca de Deus."

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