Ano Xxxix - No. 439 - Dezembro De 1998

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  • Pages: 66
P rojeto

PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE Apostolado Veritatis Spiendor com autorizacáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (7/7 memoriam)

APRESENTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa

esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos

bombardeados

por

numerosas

correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

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Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio

com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo da revista teológico filosófica "Pergunte Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

e

A d. Estéváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

Ano xxxix Dezembro 1998 "Na Plenitude dos Tempos" (Gl 4,4)

Iminente vinda de Cristo? A data do Rm do Mundo: Previsóes Martinho Lutero ontem e hoje Luteranos e católicos em diálogo Espiritualidade oriental e catolicismo Santo Expedito: quem foi? Pedido que urna enanca faz a seus pais

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

DEZEMBRO1998

Publica9áo Mensal

Diretor

N°439

SUMARIO

Responsável

Autor e Redator de toda a materia

"Na Plenitude dos Tempos" (Gl 4,4)

publicada neste periódico

Profecías e admoestagóes:

Estéváo

Bettencourt OSB

Iminente vinda de Cristo?

Diretor-Administrador:

e

A data do Fim do Mundo: previsóes .... 540

Distribuicáo:

Edicóes "Lumen Christi" Rúa Dom Gerardo, 40 - 5° andar - sala 501 Tel.: (021) 291-7122

Fax

(021) 263-5679

Endereco

para

530

Predigóes constantes:

O. Hildebrando P. Martins OSB Administracáo

529

Correspondencia:

Ed. "Lumen Christi"

Caixa Postal 2666 CEP 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ

Visite o MOSTEIRO DE SAO BENTO e "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Figura controvertida: Martinho Lutero ontem e hoje

548

Sobre a Justificacáo: Luteranos e católicos em diálogo

557

Pe. Anthony de Mello S.J.: Espiritualidade Oriental e Catolicismo.. 563 Devocáo popular:

Santo Expedito: quem foi?

574

Pedido que urna crianza faz a seus país

576

índice Geral de 1998

578

na INTERNET: http://www.osb.org.br e-mail: LUMEN.CHRISTI @ PEMAIL.NET ImpressSo e EncadernacSo

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA "MARQUES SARAIVA "

GRÁFICOS E EDITORES Ltda.

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Tels.:(021) 502-9498

O filme "Contato". - Hipnose e fenómenos mediúnicos. - "O Dogma da Infalibilidade" (M. Schultze). - O Cardeal Rossi e Aníbal Pereira dos Reis. - "Por Amor aos Católicos

Romanos" (R. Jones). - Ordena?áo de Mulher na Irlanda? - Os perigos do tabagismo.

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Obs.:

Correspondencia

para: Edicóes "Lumen Christi" Caixa Postal 2666 20001-970 Rio de Janeiro - RJ

>

NA PLENITUDE DOS TEMPOS... (Gl 4,4) Sao Paulo nos diz que "na plenitude dos tempos Deus enviou seu Filho á Térra" (Gl 4,4).

"Plenitude dos tempos" é expressáo derivada do uso do relógio de agua ou de areia: um cilindro cheio de agua ou de areia deixava pingar regularmente, por um orificio pequeño, o seu conteúdo dentro de outro cilindro vazio. Quando este se achava cheio, dizia-se que o tempo estava preenchido ou que chegara a ple nitude do tempo. - Pois bem: na linguagem paulina, a mesma expressáo designa o tempo adequadamente preparado pela Providencia Divina para a vinda do Sal vador do mundo.

E como foi preparado? - Nao por um aperfeicoamento constante do género humano, de tal modo que a humanidade estivesse em ótimas condicóes éticas para receber o Messias. Muito ao contrario, o Apostólo mostra o triste cenarlo da humanidade em Rm 1,18-2,29: com efeito, o mundo greco-romano, dado á idolatría, havia-se entre gue a todo tipo de perversáo moral: Irocaram a gloria do Deus ¡ncorruptível pelas imagens do homem corruptível, de aves, quadrúpedes e reptéis... Por isto foram entregues a paixóes aviltantes" (Rm 1,23-27). Quanto ao povo judeu, nao era idólatra, mas se ensoberbecía frente aos pagaos, julgando-se condutor de cegos, quando ele mesmo estava sujeito a graves faltas (cf. Rm 2,17-24). Além do qué, dominado pelos romanos, achava-se dividido em varios partidos: fariseus, saduceus, herodianos, zelotes, sicarios... Em suma, a humanidade se encontrava em baixo nfvel moral e filosófico, presa de erros doutrinários, ecleticismo, ceticismo e vicios moráis. Ora foi precisamente tal época que o Senhor Deus quis escolher para enviar seu Filho ao mundo. Ele veio nao para ser o remate ou o vemiz de urna humanidade bem estruturada e auto-satisfeita, mas para preencher o vazio dos

homens cansados de procurar urna resposta para os seus anseios. Havia, alias, na época de Cristo prurridos que anunciavam discretamente a vinda de algo novo que transformaría a historia (ver pp. 540s deste fascículo). Jesús Cristo veio para responder aos anseios mais profundos do ser humano desejoso de Verdade,

Amor, Felicidade, Vida... É o que explica a rápida propagacáo da Boa-Nova no

ambiente hostil e perseguidor do Imperio Romano. O jurista Tertuliano (t após

220), convertido do paganismo á fé crista, podia exclamar: "Ó testemunho da

alma humana naturalmente crista!". Tertuliano e muitos outros verificavam que o ser humano tinha demandas que só a mensagem do Evangelho podia preencher.

O Senhor Jesús prolonga sua vinda, procurando atualmente cada coráceo humano. Ele nao espera encontrar coracoes satisfeitos consigo mesmos, mas a consciénda espontánea de que todo homem é pecador e precisa da misericordia divina. O que Ele quer de cada um de nos, é um coracáo de pobre que ele possa preencher com a heranca da vida eterna! 529

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXXIX - Nfi 439 - Dezembro de 1998

Profecías e admoestacdes:

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

Em síntese: Varías "profecías" modernas prevéem a instauragáo de um reino de paz e bonanga sobre a Térra, estando Satanás acorrentado. Restaurase assim a doutrina do milenarísmo ou quiliasmo, que teve cer ta voga nos prímeiros séculos do Cristianismo, mas foi rejeitado pela Te ología a partir de S. Agostinho (f 430). Este santo doutor entende os mil anos de paz em sentido espiritual; significam a históría mesma da Igreja na medida em queja desfruta, pela graga, o penhor da bem-aventuranga definitiva.

Nao cessam de aparecer as previsóes de abalo da historia em virtude de iminente vinda de Cristo sobre a Térra, a fim de instaurar um reino de paz e bonanga, estando Satanás acorrentado: nao haverá mais pecado, como dizem, e a morte será urna transicáo suave para vida meIhor. Nao se prediz propriamente o fim do mundo, mas o fim de urna era e o comeco de mil anos de felicidade terrestre. A seguir, proporemos o teor das "profecías" assim concebidas, tais como circulam em folhas volantes entre fiéis católicos, e Ihes teceremos

alguns comentarios. 1. As previsóes

A mensagem é assim sintetizada em páginas enviadas aos fiéis: "Nao há que esperar nenhuma nova revelagao pública ANTES da gloriosa manifestagao de Nosso Senhor Jesús Cristo." (DV2- Catecis mo da Igreja Católica n° 66). Todavia depois...: 530

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

"DEPOIS do Glorioso Retorno de Jesús, anunciado insistentemen

te por Nossa Senhora - especialmente ao Pe. Gobbi - pode haver Nova Revelagáo Pública. Pode haver um 3S Testamento. Essa Nova Revelagáo pode ser estudada ou ratificada no que alguns denominam de Conci

lio Vaticano III, mas que seria melhor significada por CONCÍUO DE JERUSALÉM (23 ?), pois, com a conversáo dos Judeus, é possível que lá fique a Sede da Igreja".

A síntese assim proposta é explicitada pelos dizeres de alguns vi dentes tanto do Brasil como do estrangeiro. Eis os principáis desses orá culos: 1) Vidente John Leary:

"... quando viero Meu Reino Glorioso voces se rejubilaráo por ver o Meu Dia, entáo Me veráo TODO PODEROSO e Sata em cadeias. Vos-

sas vidas, a partir daf, será O CEU NA TÉRRA. Rezem agora para esta-

rem preparados para a provagáo. A recompensa que receberáo valerá qualquer sacrificio queporMinha causa fizerem, porpiorque seja."(John Leary 1,21)

"Será um tempo semelhante ao vivido antes do pecado de Adáo, em urna térra renovada. Oprocesso de envelhecimento cessará aos trin ta - os idosos rejuvenesceráo - as críangas atingiráo a plenitude aos trinta anos. Os animáis e as pessoas viveráo em harmonía porque todos cresceráo em períeigáo naquele tempo. Em qualquer momento que Me

chamarem EU responderei e estarei presente. TERÁO PLENO CONHE-

CIMENTO DO UNIVERSO. Viveráo até urna idade avangada e muitos

até o fim da Era de Paz. Sentiráo Meu Amor e Paz, SERÁ O CEU NA

TÉRRA. Naquele tempo o mundo será como sonhei que fosse, sem o mal. Quando virem a gloria da Minha Criagáo, procuraráo agradar-Me em todos os momentos da vida."

"O tempo continuará, mas nao haverá mais guerras porque cada um amará seu próximo como amam a MIM. Somente os meus fiéis ressuscitaráo em corpos glorificados. Teráo tempo para adorar-Me e servirMe todos os dias. O vosso agradecimento será continuo por terem sido admitidos nesta Era. Esta é urna mensagem de esperanga que Ihes dou. Os que forem purificados gozaráo como premio o Esplendor do Meu Rei nado." (John Leary, I, 28)

"Quando EU vier novamente, urna grande mudanga ocorrerá em toda a térra. Sata será derrotado e renovarei a térra, tornando-a igual a

que era antes da queda de Adáo. Alegrem-se porque MEU dia chegará logo para dissipar as trevas e destruir os maus. Entáo vossa felicidade será sem limites, e Me daráo gragas e louvores por Minha Vitoria. Te531

TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

nham esperanga, Minhas criangas, e, com Minha ajuda, permanegam fir mes na provagáo contra os homens maus e os demonios."

"Meu amor se derramará sobre todos os animáis, de modo que homens e animáis viveráo em harmonía. Assim como cuidei dos animáis no tempo de Noé, assim também agora os salvarei. A beleza se estende

rá sobre tudo, homens e natureza. Protegerei ambos do fogo da Tribuíagao." (JL I, 33)

"Sata serájogado no inferno com todos os seus demonios, e renovarei a Térra. Reinará grande paz e amor por mais de mil anos. O mal nao

terá mais poder algum e Eu reinarei triunfante." (John Leary II, 1) 2) Fala o vidente de Jacareí (SP):

"Em breve, quando Eu (María) vencer o inimigo, expulsare'! para sempre o pecado da face da Terral Vtráo novos céus e térras!" (Jacareí, 25/9/93)

"No Triunfo do Meu imaculado Coragáo, OS PECADOS SERÁO

EXTINGUIDOS, junto com o seu autor, e chegará, finalmente, a Era da Graga, esmagando a Nova Era de Lucifer que agora quer destruir nossa Santa Igreja." (Jacaréf, 27/1/94) "Haverá um 2B Grande Pentecostés que há de renovar Céus e Tér

ras. O PECADO SERÁ BANIDO UMA VEZ POR TODAS DA FACE DA TÉRRA e vira o Reino de Cristo com sua Gloría" (Jacareí, 4/6/94)

"No dia do Triunfo do Meu Imaculado Coragáo TUDO SERÁ LI

BERTADO DO MAL E DO PECADO". (Jacareí, 1/1/95)

"Nunca mais ouviráo falar de prostituigáo, nunca mais ouviráo falar de roubos nem de mortes. Porque tudo e todos amarao a Deus, pois o

Espirito Santo descera em um segundo Pentecostés mundial..." (Jacareí, 7/9/95)

3) Fala o Manual do Movimento Sacerdotal Mariano "Entao (na Nova Era de María) toda a Criagáo, LIBERTADA DA

ESCRAVIDAO DO PECADO E DA MORTE (?!!!). Conhecerá o esplen dor de um Segundo Paraíso TERRESTRE." (Movimento Sacerdotal Mariano, p. 699)

"A vossa libertagáo coincidirá com o FIM DA INIQUIDADE, com a COMPLETA libertagáo de toda a Criagáo da escravidao do PECADO e

domal." (MSMp. 790)

"O Filho instaura (NA NOVA ERA) o seu Reino de Graga e de San-

tidade, libertando TODA A CRIAQÁO da escravidao do mal E DO PECA DO." (MSM p. 742)

532

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

"De modo que (o Universo Criado) seja COMPLETAMENTE liber tado de todo espirito do mal, DE TODA SOMBRA DE PECADO, e assim possa abrirse ao encanto de um novo Paraíso TERRESTRE."(MSMp. 801) "A Cidade Santa deve, enfim, recolher a humanidade remida e sal

va depois que... tiver sido COMPLETAMENTE libertada da escravidáo de Satanás, DO PECADO e do mal." (p. 805)

4) John Leary novamente: "Os que morrerem ressuscitaráo com corpos gloriosos e jamáis morreráo (Ap 20,4), e os que sobreviverem á Tríbulagáo teráo urna vida

longa sobre a Térra na Nova Jerusalém. O fim desta Era vira com a Minha Purifícagáo. No Fim da Era de Paz vira o Julgamento (Juizo Final)." (II45) "Depois que as pragas da Revelagáo passarem, EU acorrentarei sata, os demonios e todos os impíos no Inferno. EntSo a Térra será reno vada e EU trarei de volta Meus fiéis e comegará a Era da Minha Paz. Alegrem-se, porque os que viverem gozaráo do paraíso na térra como no tempo de Adáo" (idem, John Leary II, 55).

"Aqueles que permanecerem fiéis a MIM durante a Tríbulagáo viveráo Comigo na Era da Paz. Todos os presentes ficaráo admirados com a imponencia e beleza da Criagáo na térra renovada. Tudo será providen

ciado para voces e ficaráo maravilhados com o Novo Jardim do Paraíso. Voces ME louvaráo e glorificaráo todos os días, como os anjos. Voces Me agradeceráo continuamente por viver no Novo Mundo da Paz, sem a presenga do mal."

"Com a proximidade da Minha Era de Paz, todos alcangaráo a perfeigáo necessária para serem admitidos no Paraíso. EU vos preparare'! para o Céu enquanto se aperíeigoam na Era da Paz. Meus santos ensinaráo a voces tudo o que devem aprender para alcangara perfeigáo no paraíso. Estes professores seráo os que foram martirizados por cau sa do Meu Nome e que EU ressuscitarei (Ap 20, 4). Regozijem-se, pois seráo graduados no paraíso terrestre para alcangar o paraíso celes te. Para os Meus fiéis será urna recompensa além de toda expectativa." (John Leary, 4/5/98) "Meu povo, alegrem-se com antecedencia pela Minha Era de Paz, quando meus fiéis nela viverem. A temperatura será perfeita todo o tem po. Voces gozaráo a beleza da Criagáo com um completo conhecimento de como funciona a vida. Viveráo vidas longas porque estaráo no Meu

Jardim do Éden com todos os elementos vitáis. Tenham esperanga e con-

fianga no tempo da provagáo, e a alegría do mundo perfeito será vossa para usufruir. Esta ó outra cena da Era da Paz, voces experimentado Templos de Luz e lugares de Adoragáo para adorar-ME a qualquer hora 533

6

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

do dia ou da noite. Nao haverá mais qualquer medo de guerra. O medo dos animáis desaparecerá e poderao acariciá-los sem perigo de mordi

das ou picadas (vide Is 11,6-9). A harmonía deste mundo será além do que podem imaginar ao verem como tudo pode ser sem a presenga do

mal" (John Leary, 11/6/98). 5) Videntes de Pedralva (MG):

"Em 1999 Satanás será langado no abismo mais profundo do Infer no. Voces, queridos filhos, nao veráo mais sangue, angustia, maldade. Voces nao vio precisar mais de dinheiro. Vira o Espirito Santo. Voces,

queridos filhos, veráo tanta beleza na natureza!" (23/1/95, Aparigóes a Lázaro e María do Carmo em Pedralva, MG) 6) Vidente de Camboriú (SC): "Eu (Jesús), meu filho, só irei dar protegáo, com os Meus Anjos, para os que Me obedecerem, cumprindo as Minhas leis. Esses, nada irá atingir. A Minha cidade santa descera do céu como uma noiva que se preparoupara o seu noivo, toda ornamentada, com esplendor saindo de Mim. Alf será o lugar para todos os Meus servidores. Será o ponto de partida para toda a térra, dando atengáo aos filhos que forem dignos do Meu amor. Ninguém precisará mais de passaporte para ir a outro lugar,

porque tudo será uma térra livre. Os próprios animáis nao feriráo nin guém. Os frutos seráo dados em abundancia. Cresceráo na térra sem precisar mais de adubos ou inseticidas. Em muitos lugares correráo /e/te e mel em abundancia. Filho nenhum passará fome. A morte sumirá da

face da térra com o seu autor, que é o diabo." (Revelagoes a Bento Conceigao em Camboriú - Santa Catarina: 18/5/96) "Quero ser o Vosso Amigo aqui e depois. A sementé que EU plantei tem que ser colhida. Ela ME pertence. Só falta voces ME ajudarem, porque, depois, todos seráo bem recompensados. Um Rei, que tudo criou, nao deixará nenhum filho de máos vazias, na hora de receber o seu galardáo. A alegría será geralpara todos que MEseguem. Nunca houve festa maiordo que esta, que está táo próxima. Os convidados sentaráo a mesa todos iluminados com suas vestes todas brancas feitas pelo seu Criador. A fisionomía de cada um será como a de umjovem de 20 anos. Cada filho ou filha que estiver dentro deste banquete, nada mais se lem-

brará do passado, porque Eu sou a Vida e o Caminho. Lamentagoes, dor ou morte, isto nao vai mais existir. O Pao da Vida que Sou Eu faz que

Meus filhos sejam eternos, como Eu Sou, tornando todos uma familia só." (o mesmo, em 12/6/96) Pergunta-se: que dizer dessas diversas "profecías", táo belas e táo minuciosas? 534

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

2. Refletindo...

2.1.0 texto de Ap 20,1-10

Verifica-se que os oráculos em foco pretendem basear-se em Ap 20,1-10, texto que foi, durante os primeiros séculos, fundamento de teorias ditas "do milenarismo ou do quiliasmo" e que ainda hoje inspiram algumas denominacoes de origem bíblica. - Eis o que diz o autor sagra do:

20,1 "Vi descer do céu um anjo, que trazia na máo a chave do abismo e urna grande corrente. 2 Capturou o dragáo, a serpente antiga, que é o Diabo e Satanás, e acorrentou-o por mil anos, 3 e atirou-o no abismo; ele o fechou á chave e o selou, a fim de que nao seduzisse mais as nagdes até que se tivessem passado os mil anos. Depois disto, deverá ser soltó por um pouco de tempo.

4 A seguir, vi tronos sobre os quais se assentaram aqueles a quem foi dado o poder dejulgan eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesús e por causa da Palavra de Deus, e os que nao adoraram o Animal nem a sua imagem, nem receberam o seu sinal sobre a fronte e a máo. Voltaram á vida e reinaram com Cristo durante mil anos. 5 Os outros morios nao voltaram á vida antes que os mil anos se tivessem passado. É esta a prímeira ressurreigáo. 6 Feliz e santo aquele que tem parte na prímeira ressurreigáo! Sobre estes a segunda morte

nao tem poder; seráo sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarao com Ele durante os mil anos.

7 Quando os mil anos se tiverem passado, Satanás será soltó da sua prisáo. Sairá para seduzir as nagóes que se acham ñas quatro extre midades da térra, Gog e Magog, a fim de as reunir para o combate; seu número é como o da areia do mar. 8 Subiram ao interior do país e investiram contra o acampamento dos santos e a cidade bem-amada; 9 toda

vía, do céu caiu fogo, que as devorou. E o Diabo, que as seduzia, foi atirado ao lago de fogo e enxofre, onde estavam a Besta e o falso profe ta; 10 lá seráo atormentados dia e noite pelos séculos dos séculos". 2.2. Ap 20,1-10: Interpretares questionáveis

No inicio da era crista, o texto de S. Joáo foi por vezes interpretado á luz de concep$5es judaicas. Ora, os profetas no Antigo Testamento propuseram a vinda do Messias como inicio de urna era de grande pros-

peridade para Israel; cf. Is 9,1-6; 11,1-9; 54,2s; 60,1-22; Ez 40,1-48; Dn 7,1-28; 12,1-13. Os escritores judaicos subseqüentes, autores de livros apócrifos, deram colorido muito vivo a tais vaticinios; descreveram o rei nado do Messias como período de abundancia e felicidade material neste mundo; os homens viveriam um número de anos maior do que a cifra 535

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

de seus días de outrora: "Nao haverá mais anciáo, ninguém que nao seja saciado de días; seráo todos enancas e jovens" (cf. Is 65,20). Enquanto alguns judeus identificavam esse bem-estar terrestre com a bemaventuranca definitiva do homem, outros assinalavam-lhe um termo após o qual se dariam o juízo final e a consumacáo de todas as coisas. A duracáo do reino messiánico assim concebido era, nao raro, calculada em funcáo dos sete días em que se julgava ter sido criado o mundo: a historia anterior ao Messias se estenderia por 6.000 anos; o sétimo mile nio seria o período do reino messiánico, em que os justos neste mundo gozariam de repouso e bem-estar, paralelos ao repouso de Deus após a obra de criacáo. Terminados os sete milenios, dar-se-ia finalmente a en trada de cada criatura no seu estado definitivo. Eis o sistema escatológico que, na base de Ap 20, construíram os milenaristas cristáos antigos: 1) segunda vinda de Cristo (em gloria e majestade);

2) primeira ressurreicáo (para os justos apenas); 3) juízo universal;

4) reino messiánico de mil anos, ou milenario; 5) ressurreicáo segunda ou geral (para os demais homens); 6) juízo final;

7) premio ou sancáo definitiva.

A primeira ressurreicáo será concedida únicamente aos justos. Ressuscitados, estes se assentaráo com Cristo como assessores no juízo que logo a seguir se efetuará. Este é dito universal porque seráo julgados os povos como coletividades, nao os individuos de per si. Após tal solene julgamento, inaugurar-se-á urna fase de mil anos ou mais; Satanás es tando impedido de exercer sua acáo nociva, os justos ressuscitados reinaráo com Cristo na cidade de Jerusalém, renovada e gloriosa, gozando de toda bonanca; em torno deles, no restante do mundo, viveráo os ho mens aínda nao ressuscitados, usufruindo de melhores condicóes de vida do que nos tempos anteriores á segunda vinda de Cristo. Terminando tal período, Satanás moverá a derradeira perseguicáo contra o reino de Cristo,

e será definitivamente prostrado. Dar-se-á entáo a ressurreicáo segun da, a dos homens que nao tiverem tomado parte na primeira, e procederse-á ao juízo final, juízo de cada individuo em particular, juízo em que Cristo nao terá assessores, mas examinará tanto os pecadores como os justos. Este julgamento final é também dito juízo dos morios, enquanto o anterior (o universal) é chamado, outrossim, o juízo dos vivos.1 Eis os traeos característicos do Quiliasmo;2 nem todos os pontos do sistema

1É distinguindo assim que os milenaristas interpretam a fórmula das Escrituras (2Tm

4,1; At 10,42; 1Pd 4,5) e do Símbolo de 16: Cristo há de virjulgaros vivos e os morios. * Quiliasmo vem do grego chillo! = mil. 536

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

sao devidamente esclarecidos pelos seus fautores: nao indicam, por exemplo, que tipo de relacóes teráo entre si os homens ressuscitados e os nao

ressuscitados; como poderá o exército diabólico fazer a guerra ao reino

de Cristo glorioso, etc.

O sistema apresenta-se sob duas modalidades: a) o Mílenarismo grosseiro, que faz consistir a bem-aventuranca

do reino terrestre de Cristo nos prazeres da carne: uso e abuso do matri monio, da comida e da bebida... Esta forma foi propalada por gnósticos heréticos no séc. II d.C. e mereceu a condenacao unánime dos Padres e Doutores da Igreja. Depois de ter caído em esquecimento a partir do séc. III, a teoría foi ressuscitada por ¡novadores religiosos do séc. XVI; b) o Milenarismo espiritual ou mitigado, que concebe a felicidade em termos mais dignos; afirma que os justos, após a ressurreicáo primeira, já nao se casaráo nem seráo sujeitos á fome ou á dor, segundo o que diz Jesús em Le 20,35.

Nos primeiros séculos, o Milenarismo espiritual era doutrina pro-

fessada por varios Padres e escritores da Igreja.1 Sto. Agostinho, depois de Ihe ter aderido em seus primeiros escritos, propós novo modo de en tender Ap 20, excluindo o reino milenario2. A autoridade do Santo Doutor fez com que o sistema caísse em descrédito na sá tradicáo crista; defenderam-no, porém, na Idade Media, escritores "iluminados", fanáticos, e ainda o professavam recentemente alguns estudiosos católicos. Estes reivindicavam para a sua doutrina o nome de Milenismo, a fim de serem devidamente diferenciados do Milenarismo crasso, erróneo. 2.3. Ap 20,1-10: o Magisterio da Igreja

O Magisterio da Igreja, embora nao tenha formalmente condenado 0 Milenismo, é-lhe francamente desfavorável. Com efeito, recentemente ainda foi apresentada ao Santo Oficio a seguinte questáo: "Que pensar do sistema dito 'Milenarismo mitigado', o qual ensina que o Cristo Senhor, antes do jufzo final, há de vir á Térra para reinar 1 Assim S. Justino (t cerca de 165), Sto. Irineu (t cerca de 202), Tertuliano (t após 220), Latáncio (f após 317), S. Metódio de Olimpo (f 311). Urna das expressóes mais fortes da mentalidade milenarísta mitigada tem-se, por

exemplo, na seguinte descrígáo que, do reino terrestre de Cristo, dá Papias (f cer ca de 130):

"Viráo dias em que as videiras cresceráo, tendo cada qual dez mil cachos; em cada cacho, haverá dez milbagos; e cada bago espremido dará vinte e cinco medidas de vinho. E, quando algum dos santos colher um cacho, outro clamará: Sou cacho de melhor qualidade; toma a mim; por mim bendize ao Senhor. Da mesma forma, o grao de trigo..." (Na obra de Sto. Irineu, Adversus haereses 5,33). 8 Cf. De clvltate Del 20,7-9. 537

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

visivelmente, quer se admita, quer nao, a ressurreigáo previa de mu'rtos

justos?"

Ao que a Santa Sé respondeu em 1944:

"O sistema dito 'Milenarismo mitigado' nao pode ser ensinado sem perigo para a fé. - Systema millennarismi mitigati tuto doceri non potest.m

Com efeito, nao se vé como conciliar o Milenarismo com a doutrina geral da Sagrada Escritura e dos símbolos de fé, que associam a segun da vinda de Cristo com o juízo final e a inauguracáo de estados definiti vos, sem que fique margem para um reino de Cristo intermediario entre o juízo universal e o final, entre o juízo dos vivos e o dos mortos.2 2.4. Ap 20,1-10: A Interpretacáo mais comum

Após S. Agostinho (t 430), a interpretacáo mais comum dada a Ap

20 é a seguinte:

Considere-se tal texto á luz de um paralelo encontrado em outra obra de S. Joáo (autor do Apocalipse) e que é Jo 5,25.28.29:

"2S Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora -eé agora - em que os mortos ouviráo a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem, viverao...

28 Nao vos admiréis por feto: vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros, ouviráo a voz19 e sairáo; os que tiverem feito o

bem, para urna ressurreigáo de vida; os que tiverem cometido o mal, para urna ressurreigáo de julgamento".

Como se vé, S. Joáo fala ai de duas ressurreicoes, como também

em Ap 20.

A primeira ressurreicáo dá-se agora (v. 25), ao passo que a outra nao ocorre agora (v. 28).

Como entender essas duas ressurreicoes? - A primeira é sacramental; é a passagem da morte espiritual para a vida espiritual crista mediante o Batismo; esta se dá agora, isto é, no 1 Acta Apostolicae Sedis 36 (1944) 212. Cf. G. Gilleman, Condamnation du mlllénarisme mltigé, em "Nouvelle Revue Théologique" (1945) 239.

2 Basta lembraras palavras de Jesús:

"O Filho do homem há de vir na gloria de Seu Pal com os anjos, e retribuirá a cada

um conforme as suas obras" (Mt 16,27). S. Pedro também é claro:

"Os céus devem recebar (o Messias, Jesús) até o momento da restauragáo de todas as coisas, de que Deus falou pela boca de seus santos profetas" (At 3,21).

A volta do Senhor e a consumacáo de todas as criaturas sao ¡mediatamente associadas entre si nestes dois textos.

538

IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

decorrer da historia da Igreja. A outra será a ressurreicáo corporal, que ocorrerá no fim dos tempos, consumando a ressurreicáo sacramental. Ora a primeira ressurreicáo, de que fala Ap 20,5, vem a ser a primeira ressurreicáo de Jo 5,25; é a batismal. A segunda ressurreicáo (im

plícitamente mencionada em Ap 20,13) identifica-se com a ressurreicáo corporal a que se refere Jo 5,28. - Entre a ressurreicáo batismal, que ocorre em cada batizado, e a ressurreicáo corporal, o Apostólo coloca um reino de Cristo milenar sobre a térra, estando Satanás acorrentado. Esse milenio significa o tempo da Igreja (que vai para 2000 anos!) na medida em que é um tempo penetrado pela Vitoria de Cristo sobre o pecado (mil tem um simbolismo de bonanca); Satanás é, conforme S. Agostinho, um cao acorrentado, que pode ladrar, mas nao pode morder senáo a quem se Ihe chega perto.

No fim dos mil anos de Ap 20,7, ou seja, no fim da historia da Igre ja, dar-se-á o assalto final de Satanás contra os membros da Igreja, a fim de arrebatá-los para o mal. Mas o Senhor Jesús vira na sua gloria e os morios ressuscitaráo (ressurreicáo segunda) para o juízo universal. A segunda morte, de que fala Ap 20,6, é a morte espiritual ou a ruina defi nitiva do inferno. Eis esquemáticamente o paralelismo:

Jo 5,25: ressurreicáo 1a

Jo 5,28: <

>

ressurreicáo 2a

1000 anos de reinado de Cristo sobre a térra (o penhor da vida eterna nos foi dado; Ef 1,14)

Ap20,5: ressurreicáo 1a

Ap 20,13: <

>

ressurreicáo 2a

Tal paralelismo e a interpretado que dele fazem os teólogos, nao surpreendem a quem conhece o estilo simbolista de Sao Joáo. - Verdade é que o recurso a simbolismo pode ser, muitas vezes, arbitrario e preconcebido. No caso presente, porém, tem respaldo no linguajar mesmo do Apocalipse e do Evangelho segundo Sao Joáo. Por conseguinte, carecem de fundamento sólido as férvidas ex pectativas de próxima vinda de Cristo á térra para instaurar um reino milenar de paz e bonanca.

539

Predicóes constantes:

A DATA DO FIM DO MUNDO: PREVISÓES

Em síntese: Em nossos dias há quem preveja o fim do mundo ou, ao menos, o fim de urna era para breve oupara o ano 2000. A expectativa de fim do mundo ou de urna era ocorre freqüentemente na historia da humanidade. Deve-se a urna reagáo psicológica diante da inclemencia

dos tempos. Muitos pensam: "Só Deus dá um jeito!" e imaginam aconte-

cimentos drásticos que marcaráo a intervengáo de Deus na historia dos homens maus. Até hoje aspredigóes de fim do mundo foram desmentidas pelos acontecimentos. - O artigo subseqüente propóe um elenco de tais "profecías" desde a época pré-cristá.

Periódicamente, em épocas calamitosas, e nao somente em nos-

sos dias, os homens sao propensos a admitir a proximidade do término da historia, com flagelos e acidentes múltiplos. Trata-se de urna necessidade psicológica ou de urna reagáo espontánea á inclemencia dos tem pos; os homens assim criam para si urna garantía ou seguranza mera

mente humana na falta de perspectiva de tempos melhores. Nao será inútil percorrer a lista das principáis "profecías" já enunci adas sobre o assunto. Esta visáo de conjunto facilitará um juízo sobre o que se deva pensar no tocante á data do fim do mundo. 1. Na Antigüidade paga O mundo pagáo, nos decenios que cercam o nascimento de Cristo, estava impregnado de forte expectativa de catástrofe e renovacáo; o que

em muitos individuos produzia acentuado pessimismo; em outros, ao contrario, esperanca jubilosa.

O brilho e a prosperidade que o Imperio romano atingirá sob Augusto (t 14) e Tiberio (t 37), comecaram a declinar rápidamente sob Calígula

(t 41), monarca pouco idóneo; Claudio (t 54) permitiu que mulheres de pravadas (Messalina, Agripina) e seus cortesáos cometessem crimes de ambicáo e vinganca que muito infelicitavam a vida pública. A isto pareciam associar-se estranhos fenómenos na natureza; falava-se de cometas de mau agouro recém-avistados, chuvas de sangue, partos monstruo sos, pestes, inundacóes, raios que espedacavam estatuas de Imperado res e templos da divindade. Em conseqüéncia, julgava-se que o mundo 540

A DATA DO FIM DO MUNDO: PREVISÓES

13

caminhava para o seu fim. Nao faltavam, porém, vozes que procuravam

reerguer os ánimos abatidos; do Oriente soprava uma onda de expectati va otimista; pelos oráculos das Sibilas (figuras mitológicas e proféticas dos orientáis) propalava-se a idéia de que viria uma nova fase da histo ria; um ser divino-humano, nascido de uma virgem, apaziguaria a cólera da divindade provocada pelos homens e introduziria no mundo uma era

de bonanca, era de Saturno - ou de ouro. Esta crenca, recebida diretamente da Sibila de Cuméia, foi adotada e elegantemente formulada pelo poeta romano Virgilio (t 19 a.C.) em sua famosa quarta écloga. Aos olhos da fé, esta expectativa de renovacáo no limiar da era crista tem caráter providencial. Suscitando-a, Deus preparava os ánimos para receberem o Salvador, que haveria de ser apregoado ao mundo como a resposta auténtica aos anseios do género humano; poria, de fato, um fim e um novo inicio na Historia universal. 2. Entre os judeus antigos

Contemporáneamente ao que se dava entre os pagaos, também no povo judaico era forte a crenca de que próximo estava o "dia do Senhor", ou seja, a vinda do Messias, que havia de se tornar o Chefe religi oso e político de seu povo. Libertaria a este e exerceria juigamento punidor sobre os pagaos que o oprimiam, restaurando, por fim, a era paradisíaca (cf. 4 Esdr 5,1-20; 5,35-7,45). Donde o grande número de falsos messias que surgiram pouco antes e depois de Cristo. 3. Entre os cristaos do século I

Nao há dúvida de que as idéias ventiladas por pagaos e judeus concorriam para avivar entre os fiéis a expectativa de que o Senhor Je sús nao tardaría a voltar; tenham-se em vista as epístolas aos Tessalonicenses, aos Hebreus e a 2Pd (69/8s decenios d.C), em que os Apostólos procuraram reanimar os pusilánimes, que, diante da demora de Cristo, perdiam a esperanca, e também a fé, no Evangelho. Em Tessalónica, os cristaos, esperando o Senhor de um dia para outro, já nao trabalhavam mais, entregando-se ao ocio e ás divagacdes da fanta sía; isto disseminava a inquietude entre os irmáos e acarretava graves desordens moráis (cf. 2Ts 3,10-12). 4. No Cristianismo até o inicio da Idade Medía A tensáo escatológica chegou ao extremo em fins do séc. II e inicio

do III na Asia Menor. Montano e suas duas profetisas, Priscila e Maximila,

apregoaram a vinda iminente do Paráclito, prometido por Jesús em Jo 16; acabar-se-ia entáo o mundo presente para dar lugar ao Reino de 541

14

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

Deus. Demonstracoes de fanatismo se produziram em conseqüéncia.1 Todavía, a expectativa de um iminente fim do mundo se foi dissipando com o decorrer dos tempos. Isto nao impedia que certos cristáos procurassem, por cálculos e conjeturas, perscrutar a época da catástrofe final, que, se nao estava as portas, nao podia tardar muito... Assim: O Ps. Barnabé, em fins do séc. I ou inicios do II, afirmava que o ano 6000 após a criacáo do mundo seria o ano terminal da historia. Razáo alegada: conforme Gn 2,2, Deus consumou o mundo em seis dias; ora um día para Deus equivale a mil anos dos homens, segundo SI 90,4. Donde se seguia que, no seu ano 6000, a historia deste mundo deveria estar consumada (cf. epist. 15,4). Sto. Irineu (t cerca de 202) repetía a mesma tese;2

S. Hipólito de Roma (t 235), partindo dos mesmos principios, ainda precisava que o ano final seria o 500, já que entre Adáo e Cristo haviam decorridos 5500 anos;3

S. Ambrosio (t 397) e S. Hilario de Poitiers (t 367) apoiavam a tese do Ps. Barnabé sobre o tato de que Jesús se transfigurou sobre o Tabor seis dias depois de ter dito aos discípulos: "Em verdade vos digo:

há alguns aqui presentes que nao provaráo a morte antes de ter visto o Filho do homem vindo em seu reino" (cf. Mt 16,28 e 17,1). A transfiguracao, produzida seis dias mais tarde, significaría, no caso, a volta do Cris to glorioso;4

S. Gaudéncio de Bréscia (f após 405) indicava o ano 7000 (I) após a criacáo como data para a ressurreicáo universal. Apoiava-se no preceito da Lei mosaica que manda cessem todas as obras deste mundo no 7a dia da semana e entrem os fiéis no repouso de Deus (cf. Ex 12,16); ora, já que um dia de Deus equivale a mil anos dos homens (cf. SI 90,4), ' Eis o que refere Hipólito Romano no inicio do séc. III: "Um bispo na Siria persuadiu muitos irmáos a irem para o deserto ao encontró de Cristo, com suas esposas e seus filhos; estes vaguearam pelas montanhas e ao

longo das estradas; pouco faltou para que o Govemo o$ mandasse prender como salteadores... No Ponto, outro bispo, homem piadoso e humilde, mas demasiado confiante em suas visdes, teve tres sonhos e pós-se a profetizan 'Acontecerá isto e aquilo'. E, por fim: 'Sabei, irmáos, que ojufzo se realizará dentro de um ano, e, caso nao aconteca o que vos digo, nao deis mais fé as Escrituras, mas procedei como bem quiserdes'. Ora, nada do previsto se verificou; o bispo se viu confuso, os irmáos se escandalizaram, as virgens se casaram e os que haviam vendido seus campos foram obrigados a mendigar" (In Danielem 3,18s). 2 AdvHaer. 5,23,2

3 In Danielem 4,23. 4 Cf. Sto Ambrosio, In Le 7,7; Sto. Hilario, In Mt 17,2. 542

A DATA DO FIM DO MUNDO: PREVISÓES

15

o ano 7000 seria o da cessacáo definitiva das obras deste mundo e o da ressurreicáo dos corpos.1 No séc. V a idéia da iminéncia do fim do mundo foi de novo avivada pelo desenrolar dos acontecimentos: invasdes dos Godos assolavam o Imperio Romano e sua capital, até que, em 476, Odoacre se apoderou de Roma, destituindo o último Imperador, Rómulo Augusto. A queda da cidade que até entáo fora um foco da civilizacáo, uniáo e bem-estar entre os povos, parecia ser prognóstico eloqüente de que o mundo nao subsis tiría; como poderia continuara historia sem a orientacáo de Roma? Estes anseios sao calorosamente testemunhados por S. Jerónimo (f 420), S.

Joáo Crisóstomo (t 407), S. Leáo Magno (t 461 ).2

Ainda nos séc. VI/VI I, S. Gregorio Magno (t 604) em suas pregacóes indicava como próxima a vinda de Cristo, já que as guerras e as miserias da época pareciam ser os sinais precursores da parusia.3

5. Na Idade Medía No séc. X fizeram-se ouvir pressentimentos de próximo fim do mundo, pressentimentos cujas proporcóes tém sido por vezes exagera das por historiadores e romancistas. Alguns escritores e pregadores medievais julgavam que no ano 1000 o Anticristo seria desencadeado sobre o mundo e, em breve, se teria o juízo universal; a sentenca se baseava principalmente em Ap 20,1-15, texto que fala de um reino milenario de Cristo, após o qual se deve dar a ressurreicáo final.4 Em fins do séc. XII, o Abade Joaquim de Fiore (f 1202) distinguía tres idades do mundo: a do Pai, correspondente ao Antigo Testamento; a do Filho, que duraría desde o inicio da era crista até 1260, já que 42 sao as geracóes indicadas na árvore genealógica de Cristo em Mt 1,17 (gera-

cóes a cada urna das quais Joaquim de Fiore atribuía 30 anos); em 1260 comecaria nova fase, a do Espirito Santo, caracterizada por um entendi*Serm. 10 2 Cf. S. Jerónimo, Ep 71,11 (o Santo Doutor comenta 2Ts 2,5); Latáncio (t após 317) já antes escrevera: "Esta (Roma) ó a cidade que ainda tudo sustenta" (Divinae Institutiones 7,25,5). Vejam-se também S. Joáo Crisóstomo, in Mt20,6; In lo 34,3: S. Leáo Magno, serm. 19.1. 3 Moral. 17,9,11.

* Multo significativo é o episodio seguinte: Na Lorena corría o rumor de que o mundo terminaría em 970, pois nesse ano a sexta-feira santa cairia a 25 de margo, festa da Anunciagáo do Anjo a María; ora, certos crístáos nao podiam compreender que o mesmo dia assinalasse simultanea' mente a conceigáo e a morte do Senhor. Felizmente, porém, houve quem demonstrasse que o mesmo "paradoxo'já se verificara mais de urna vez, particularmente em

908, sem que o mundo, por isto, tivesse cessado de existir! 543

16

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

mentó mais profundo e espiritual das Escrituras Sagradas; seria a era definitiva, norteada pelo "Evangelho eterno" de que fala Ap 14,6. Estas

idéias encontraram larga difusáo, principalmente em círculos dados á alegoría e a um esplritualismo unilateral.

Das obras de S. Tomás (t 1274), colhe-se a informacáo seguinte: alguns doutores medievais julgavam que os astros cessaráo de se mover

no fim dos tempos, para ocupar exatamente a mesma posicáo que tinham no inicio do mundo, de sorte que nenhuma trajetória astral ficará incompleta. Ora, os sabios atribuíam entáo a duracáo de 36.000 anos á revolucáo de alguns corpos celestes. Donde se previa que a historia aín da duraría mais 30 mil anos aproximadamente! A S. Tomás um futuro táo extenso parecia pouco provável...1

O séc. XV foi mais urna vez marcado por expectativas de consumacáo iminente. O desejo de nova era, lancado ao público por Joaquim de Fiore e seus numerosos amigos, encontrava terreno propicio para grassar em meio ás desordens religiosas e políticas dos séc. XIV e XV (transferencia dos Papas para Avinháo, grande Cisma do Ocidente cristáo; novas teorías relativas ao governo da Igreja, do Estado). A evocacáo do fim do mundo servia freqüentemente de tema aos pregadores para excitar os homens á penitencia e ao mutuo entendimento. S. Vicente Ferrer (t 1418), talvez mais por artificio oratorio, assinalava-lhe o ano de 1412. Principalmente em fins do séc. XV esperava-se urna ¡ntervencao apocalíptica de Deus; oráculos e profecías aterradores se difundiam fe brilmente; as numerosas narrativas de fenómenos portentosos excitavam ñas imaginacóes o desejo de os ver, mesmo á custa de arduas peregrinacóes e penitencias; falava-se de um Papa angélico, etc. Os ánimos fermentavam cada vez mais... A explosáo deu-se realmente em 1517, nao por urna catástrofe cósmica (fim do mundo), mas pela irrupcáo do luteranismo e da reforma protestante. Esta, sem dúvida, pos fim a muitos valores veneráveis da Idade Media, e deu ocasiáo a que novos valores surgissem por obra da auténtica Reforma, empreendida pelo Concilio de Trento (1545-63). 6. Na Idade Moderna

Nao faltam igualmente individuos e correntes de pensamento que se propóem prever a data final. Assim:

Pico de Mirándola (f 1494) humanista famoso, colocava a volta de Cristo no ano de 1994, baseando-se em pressupostos de mística neoplatónica e cabalística.

Tiago Nacchiante O.P. (t 1569), bispo de Chioggia, predizia o fim 1 Cf. Suma Teol. Supl. III91, a.2 ad 8. 544

A DATA DO FIM DO MUNDO: PREVISÓES

17

do mundo para o ano de 1800. Sobre a dita "Profecías de S. Malaquias", veja-se nosso Curso sobre Ocultismo, Módulo 32.

Cornélio a Lapide (f 1637), exegeta católico, em 1626 julgava que próximo estava o fim do mundo, apelando, entre outras razóes, para um oráculo comum entre os turcos: a religiáo de Maomé haveria de durar

mil anos; ora, pouco faltava para se preencher esse prazo; o Islamismo, pois, haveria de mover em breve a última perseguicáo contra a Igreja e sofrer o seu golpe mortal pela vinda de Cristo. Joáo Bengel (t 1752), exegeta luterano da corrente pietista, propunha o seguinte cálculo, todo baseado em presumidas indicacóes cro nológicas da Biblia:

Desde a criacao do mundo até o nascimento de Cristo decorreram 3943 ou, redondamente, 3940 anos. Ora, segundo 1 Pd 4,7, "o fim de todas as coisas está próximo"; o que significa que a era iniciada por Cris to deve ser de menor duracao que a anterior. Esta nossa era crista, porém, certamente há de compreender, antes do juízo universal e da consumacáo do mundo, os 2000 anos de que fala Ap 20 (um milenio, duran te o qual Satanás permanecerá ligado no abismo, e outro milenio, em que os santos reinaráo com Cristo sobre a Térra); por conseguinte, o inicio do primeiro milenio nao podia distar muito da época em que Bengel

vivia (1740 + 2000 = 3740; a era crista devia durar menos de 3940 anos!). Ulterior precisao: o número 7 tem preponderancia ñas indicacóes crono lógicas da Sagrada Escritura, donde Bengel julgava poder concluir que a duracao total da Historia será de 7777 anos. Ora, se esta é a duracáo total da historia, nao se pode atribuir á era crista extensao maior do que 7777 - 3940, isto é, 3837 anos; o que implicava que o primeiro milenio devia comecar no ano 3837 - 2000, ou seja, em 1837. Por conseguinte, vivendo no séc. XVIII Bengel esperava para 1837 a próxima vinda de Cristo, que inauguraría urna nova ordem de coisas, provisoria, até a consumacáo definitiva da historia no ano de 3837 (7777, a partir da criacáo do mundo).

Os adventistas foram fundados por Guilherme Miller (t 1849), que, depois de aderir ao racionalismo de sua época, se conveliera á corrente protestante dos batistas. Partía do principio de que todas as profecías bíblicas referentes ao Messias se devem cumprir ao pé da letra. Ora, já que o Messias foi pobre e mal recebido em sua primeira vinda, há de voltar urna segunda vez á Térra, e estabelecerá um reino glorioso milenario, que será a realizacáo verbal da era messiánica profetizada pelo Antigo Testamento; terminado o milenio, verificar-se-á o juízo final (cf. Ap 20). 545

18

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

E quando se dará a vinda inaugurativa do reino milenario? Miller lia em Dn 8,14: "(A abominacáo durará) até duas mil e trezentas tardes e manhás; a seguir, o santuario será purificado". Neste texto muito enigmático, tomando as lardes e manhás" por anos, julgava que Cristo viria instaurar o milenio no ano 2300 a partir da data do orácu

lo, ou seja, a partir de 457 a.C; o que equivalía a dizer que o Senhor voltaria para instaurar justíca e paz no ano 1843 da nossa era ou, mais precisamente, entre marco de 1843 e marco de 1844. Quando em 1831 a profecía de Miller comecou a ser propalada, suscitou muitos adeptos en tusiastas, principalmente entre batistas e metodistas, os quais passaram a ser chamados adventistas (urna chuva de asteroides, em 1833, parecía ser o abalo de estrelas - prenuncio do fim). Todavía, o ano de 1843 trouxe a grande decepcáo aos 50.000 discípulos! Miller continuou a afirmar que o Senhor nao tardaría; S. Snow refez os cálculos, anunciando o fim do mundo para 22 de outubro de 1844; em conseqüéncia, em certas regioes dos EEUU da América do Norte, camponeses e operarios abandonaram o trabalho e passaram as noites ao relente, esperando com

impaciencia febril a vinda de Cristo: a desilusáo sofrida aínda foi mais amarga. Os adventistas ató hoje conservam a crenca no próximo regresso do Senhor; alguns dizem que o prazo previsto por Daniel de fato terminou em 1844, mas que Cristo ainda está a purificar o santuario; vira logo depois de completar esta obra.

Os "Serios Estudiosos da Biblia" ou, a partir de 1931, as "Testemunhas de Jeová", fundados por Charles Russell (t 1916), sofreram a influencia dos adventistas. Conforme os cálculos fantasistas de Russell, os sete días da criacáo (cf. Gn 1) significam que o mundo durará um múltiplo de sete; a cronología bíblica revela que nao estamos longe de findar este período. Pois que deve haver um paraíso terrestre de 1.000 anos antes da consumacáo, Russell afirmava que a sua geracáo nao

passaria sem ter visto o Reino de Deus. Aguardava, pois, a segunda vinda de Cristo, espiritual e invisível, para 1874; a partir deste ano até 1914, o Senhor faria a colheita dos seus fiéis; em 1914 inauguraría o reino milenario, ao qual no ano de 2914 se seguiriam os céus novos e a Térra nova. Russell repartía a historia do mundo em tres fases: a antiga, desde a criacáo até o diluvio; a atual, subdividida em período patriarcal (do diluvio até o Patriarca Jaco), período judaico (de Jaco até Cristo), período cristáo (desde Cristo até o inicio do milenio); a fase futura compreenderia o milenio (1914-2914) e a era do mundo renovado, definitivo. O cálculo foi refeito: apontaram o ano de 1925; depoís, o de 1975! Mas até hoje nada do previsto aconteceu!

Em 1917, já que as profecías nao se cumpriam, Alexandre Freytag (t 1947) separou-se da seita e fundou o ramo dissidente dito "dos Ami546

A DATA DO FIM DO MUNDO: PREVISÓES

19

gos do Homem" ou "dos Amigos do Eterno" ou "dos Discípulos de Cristo". Pós-se a pregar e escrever, anunciando a vinda próxima do Rei no de Deus, no qual todos os homens habitariam em vilas dotadas de todo o conforto e higiene; nao haveria nem proprietários nem patróes; tudo seria dado a todos gratuitamente...; haveria vegetacáo abundante, temperatura amena e uniforme em todo o globo, etc. 7. Em nossos dias

Últimamente a proximidade do ano 2000 tem inspirado a varios videntes novas "profecías"; há quem preveja tres dias de trevas, que somente velas bentas poderáo iluminar. "Urna só vela será suficiente para os tres dias, mas ñas casas dos ímpios nao arde rao. Durante os tres dias de trevas os demonios aparece rao com as formas mais odiosas e espan tosas. Ouvír-se-ao pelos ares as blasfemias mais horrfveis. Nuvens vermelhas como o sangue percorreráo o céu; os estrondos do trováo sacudirao a térra; raios sinistros sulcaráo as nuvens em urna época em que eles nunca se produziram... O sangue correrá com tanta abundancia que os homens o teráo até a cintura. A térra se transformará num ¡menso

cemitério... Haverá prodigios diabólicos nos ares. Corpos se elevaráo no ar...".

Há varios paralelos deste tipo de "profecía", que nao tem o caráter de autenticidade, mas de invencio fantasiosa. As auténticas profecías, que sao as bíblicas, sao sobrias e recatadas. Como dito, tais "profecías" sao urna réplica natural e espontánea á ingratidáo dos tempos; popular mente se diz: "Só Deus pode dar um jeito neste mundo!".

(Continuacáo da p. 573):

dade humana é permanente em toda a historia da Igreja. Disto, porém, nao se segué que o fiel católico possa ou deva minimizar o magisterio da Igreja; hoje, mais do que nunca, os pronunciamentos do magisterio, mes-

mo quando nao definem dogmas, sao cuidadosamente preparados por

estudos e pesquisas de varios peritos e sempre acompanhados pela assisténcia do Espirito Santo. Sé um fiel católico tem algo a observar ao magisterio, faga-o pelos cañáis oficiáis, evitando a contestagio pública e escandalosa. Procure, também, ver sempre na Igreja o Sacramento pelo qual Cristo continua a exercersua obra redentora e santifícadora através dos séculos. O livro em foco nao pondera estes dados; nao distingue os pronun ciamentos da Igreja com suas modalidades próprias, tornándose assim tendencioso e um tanto caricatural. 547

Figura controvertida:

MARTINHO LUTERO ONTEM E HOJE

Em síntese: A personalidade de Martinho Lutero é, a seguir, consi derada pelo sabio historiador que é o Prof. Ricardo Garcia-Villoslada, da Universidade Gregoriana (Roma). O autorprocura sertáo imparcial quanto possível; por feto poe em relevo diversos aspectos da figura de Lutero,

freqüentemente contrastantes entre si. Écerto, porém, que Lutero quería

revestirse de autoridade indiscutível, que nao aceitava o diálogo e injuriava com palavras de baixo cálao nao somente os católicos, mas também os reformadores que nao pensassem como ele. -Jamáis Lutero aceitaría ser canonizado pela Igreja Católica; ele preferiría "o maior dos ultrajes diabólicos", como ele mesmo diz. O brado revolucionario de Lutero den tro da Igreja Católica encontrou ampia ressonáncia e reforgo por parte da nagáo alema, que alimentava um complexo anti-romano e passou a ver

em Lutero o porta-bandeira da identidade germánica. *

*

*

Últimamente tém-se aproximado luteranos e católicos, realizando coloquios a respelto de temas teológicos que motlvaram a separacáo de Lutero em relacáo á Igreja Católica. As conversares tém chegado a resultados positivos e alvissareiros. Em conseqüéncia há quem diga que Lutero foi reabilitado ou será reabilitado e até ... canonizado ... Tais sentencas nao partem de quem conhece adequadamente a figura e o pensamento de Lutero; sao extrapolacóes emotivas mais do que racionáis. Eis por que, ñas páginas subseqüentes, proporemos as

consideracóes de abalizado estudioso de Lutero, que procura ser impar cial ao ponderar a figura do reformador. Trata-se do Professor da Univer sidade Gregoriana Ricardo Garcia-Villoslada, autor da obra Martín Lutero, em dois volumes publicados na colecáo "Biblioteca de Autores Cristianos" em Madrid. Tal autor escreveu em seu volume I (1976) as reflexóes que váo abaixo traduzidas para o portugués. 1. Martinho Lutero: quem é?

"Sempre suscitará altercacóes esse alemáo 'puro sangue', esse

filho da Saxónia, intimamente apegado ao seu país e, doutro lado, arauto

de mensagem universal, superadora de fronteiras, pregador da angustia desesperada e, ao mesmo tempo, nuncio de interna consolacáo produzida pela fé, advogado da absoluta liberdade evangélica e, simultaneamente, da incapacidade do livre arbitrio e das obras humanas para levar 548

MARTINHO LUTERO ONTEM E HOJE

o crente á salvacáo; doutor de intuicóes religiosas táo profundas quanto unilaterais e táo vivamente sentidas que, ao dar-lhes expressáo, fazia perder a paciencia a quem o ouvisse; teólogo popular e sublime, prisioneiro da palavra de Deus, como ele mesmo disse em Worms (capta conscientia in verbis Del), mas, ao mesmo tempo, desligado e soltó por sua interpretacáo pessoal, muitas vezes subjetiva e arbitraria, da Escritu ra Divina..., Escritura Divina que ele exaltou constantemente e que, ao

mesmo tempo, ele recortou e depauperou; homo religiosus, que, vivendo a religiáo crista mais trágicamente do que nínguém, nao se deu conta de que tendía a secularizá-la, porque, ao emancipar-se da hierarquia e do magisterio para depender somente de Deus, caia num individualismo humano demasiadamente humano, exposto á anarquía doutrinal, as ilusoes pseudomísticas e á idolatría da razáo por ele táo odiada; monstro sagrado - especie de dragáo mitológico, mésela de serpente, de leáo e de anjo -, que guardava zelosamente o templo santo do Deus das mise ricordias e soprava fogo abrasador, odio e maldicóes contra aqueles que se recusavam a aceitar a sua verdade.

A respeito de Lutero pode-se afirmar que era isto, isso e aquilo, e também o contrario. Todos os qualif¡cativos sao verídicos e falsos, se entendidos de maneira absoluta. As imagens desenhadas por seus ami gos e seus inimigos háo de ser sobrepostas urnas ás outras, para que nos

proporcionem urna terceira imagem, mais próxima da realidade" (pp. 15s).

Pouco adiante o Prof. R. Garcia-Villoslada se refere á historiografía de Lutero.

2. Como apresentar Lutero? Eis o que responde o autor:

"O historiador fará o possível para que os feitos narrados sejam auténticos; ao interpretá-los, será sempre possível o erro. Cortamente a eliminacáo de todo preconceito e a imparcialidade absoluta sao inalcancáveis tanto de urna parte como de outra; mas é evidente que a historiografía crítica progride e, na medida em que se fazem novas investigacoes sobre um problema ou sobre um personagem, mais e mais luz aflora; assim dá-se um passo adiante no conhecimento da verdade objetiva... Explico-me:

Se urna mulher foi caluniada, vilipendiada, ultrajada, e amaldicoada por um homem poderoso e influente, é natural que, quando tal homem passa para a historia, nao será fácil a um filho daquela mulher escrever a biografía serena, imparcial, objetiva, fríamente crítica... do ultrajador, esbofeteador e execrador de sua máe, ainda que aplique a essa tarefa a máxima boa vontade. Pois bem; é coisa manifesta - muitas 549

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vezes ignorada pelo comum dos protestantes, que apenas léem livros de edificacáo - que Lutero passou os últimos vinte e sete anos de sua vida (aneando, sem cessar, em suas publicacóes, em suas cartas, em suas conversas de familia, maldicóes ferozes, ultrajes indizíveis, acusacóes moráis e doutrinais, as vezes absolutamente falsas, outras vezes desme didamente exageradas, contra a Igreja e o Pontífice de Roma, contra

todos os Bispos, contra todos os monges e monjas e sacerdotes, contra todos os que ele denominava 'papistas', asnos papáis, seguidores do anticristo e da prostituta babilónica. E tudo isto sem a mínima intencáo

de compreender o adversario.

Nao conheco em toda a historia um transbordamento táo atroz e persistente de odio (refiro-me ás expressóes verbais, nao ao fundo do coracao, que talvez se mantivesse inocente e sem fel) para com urna instituicáo sagrada que o havia amamentado com seu leite e Ihe tinha dado o melhor que Ihe podia dar: a Biblia, os sacramentos, a Tradicáo apostólica, o símbolo da fé, as oracóes da Liturgia. Nesses continuos

ímpetos de odio, irracional á primeira vista, era ele plenamente sincero?

Fazia-o por imperativo de sua consciéncia ou, antes, por instinto de caudilho e tática de guerra, a fim de desacreditar o inimigo, criando-lhe um ambiente desfavorável frente ao povo, de modo que ninguém sonhasse

em retornar á obediencia a Roma, poco e arcabouco de todas as alucinacoes? Se era esta a meta que ele tinha em vista, é certo que ele a alcancou. E, em conseqüéncia, a Igreja Católica, aquela Igreja que havia civi lizado e educado cristámente o grande povo alemáo dos séculos anteri ores, ficou marcada, para todo crente luterano, até nossos días, com o estigma de meretriz do Apocalipse e de prostituta do diabo...

Lutero caí ñas gracas de muitos católicos hodiernos...; é tornado simpático, de modo que nao duvidam em elogiá-lo, mesmo que nao tenham lido urna página de seus escritos. Qualquer livro ou artigo de revis ta que ponha ñas nuvens a sua profunda religiosídade, proclame seus protestos irados contra os abusos e desordens da Igreja e até canonize

sua 'ortodoxia dogmática', é lido com entusiasmo e aplaudido em toda parte1. Ao contrario, quem tenha a incrível ousadia de chamá-lo herege ou cismático ou falsificador de algumas passagens da Escritura, censu-

1 "Que dizer dos que - com humor ou inconsciencia - falam de canonizar Martinho Lutero? Lutero mesmo se levantaría do túmulo para protestar furiosamente contra tamanha 'abominacao e idolatría'. Que é que se canonizaría nele? Suas obras e virtudes, como as dos outros Santos? Precisamente essa santidade das obras (Werkheiligkeit) é que ele esteve continuamente amaldigoando... Ao hipotético Papa que tentasse inscrevé-lo no catálogo dos Santos, ele replicaría sem hesitan 'Prefiro, querido papa, o maior dos ultrajes diabólicos. - Mache nur míen zum helligen,

lieberPapst, umbmeiner Werkwlllen, derTeufel beschiesse mich" (WA 41, 165). Esta frase, ele a proferíu num sermao de 29 de maio de 1535. Nem mesmo se pode pensar na hipótese de que um Papa venha a anular o decreto de excomunhao pelo 550

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rando-o de algum modo, será condenado ao ostracismo ou aos cárceres do silencio como réu de desobediencia aos sinais dos tempos ou refratário á atualizacáo pos-conciliar.

Estes facéis louvadores do reformador nao o conhecem bem. Os

que no frade de Wittenberg contemplam nao a imagem do protestante,

mas a do moderno contestatario, enganam-se de ponta a ponta. Nada sabem de sua intolerancia total em questóes de fé, nem dos seus preceitos de submissáo quase servil á autoridade do Estado, ainda que este seja opressor e tiránico, nem do seu absoluto desinteresse pela política (praedicator non debet politica agere, o pregador nao deve fazer política). Aos que alegremente Ihe estendem a máo - sem, porém, ter a intencáo de passar para os seus acampamentos -, ele respondería com

urna bufada de touro ou com urna maldicáo de profeta. Creio que aquele

frade agostiniano (que muito de frade conservou sempre até a morte no

seu modo de pensar, na sua piedade e no seu estilo), aquele saxáo de granito e ardente dogmatismo levantaría a cabega em nossos dias, flagelaría sem compaixáo, com o chicote ruidoso da sua palavra, certas irenistas ami gos de conciliar o inconciliável, como flagelou em seu tempo o humanista Erasmo (dignus odio magno, digno de grande odio), e os que nao queriam entender luteranamente o Evangelho: Zvinglio e Ecolampádio (nlmium blasphemi, demasiado blasfemos); entre outros, Lutero muito mais ain da rejeitaria os que apregoavam um profetismo revolucionario, como Karlstadt (diabo encarnado) Münzer (assassino e arquidemónlo), e ou tros 'fanáticos', contra os quais langou o vocábulo de Schwarmer (faná ticos). Frei Martinho nao tolerava oposicáo nem quería diálogo. Dizia ele a Erasmo na disputa contra o livre arbitrio: "Nao dialoguei contigo, mas afirmei e continuo afirmando, e a ninguém permitirei que seja meu juiz!" Para falar bemou mal de Lutero, é preciso primeiramente estudá-

lo com seriedade e devagar... As obras completas do reformador, em sua última edicáo crítica, compreendem cerca de cem volumes in folio, parte

em latim e parte em alemáo antigo" (pp. 20-22). Seráo citados pela sigla WA (= Weimarer Ausgabe).

A seguir, vai urna apreciacáo de urna das principáis obras de Lutero, que tem por título

3. De Captivítate Babilónica (A respeito do Catíveiro Babilónico) "Murtas coisas surpreendem neste tratado demolidor da teología tradicional... qual Leáo X o declarou herege".

O redator desta revista observa que a retirada da excomunháo significaría a volta

de Lutero á comunhao com a Igreja peregrina na térra. Ora Lutero já nao ó peregrino; pertence a outra jurisdigáo; Deus o tem sob o seu santo juízo. 551

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Para Lutero, nao existe a dúvida, nem a tolerancia para com a opiniáo contraria, mesmo que esta seja doutrina corrente e certa em todas as Faculdades de Teología da Europa. Nao se pode entender a Sagrada

Escritura se nao no sentido em que ele a entende. Nao vacila em aceitar todas as conseqüéncias teóricas e todos os resultados práticos, desprezando anatemas e excomunhóes de urna Igreja que até pouco antes ele amava. A resposta que ele dá a todas as questóes, é taxativa, clara e

categórica, como se a tivesse meditado durante anos e anos, embora na realidade seja algumas vezes quase improvisada. Sente-se arrebatado por um furacáo misterioso, que o empurra nao sabe para onde; impelido por urna forca superior á razáo e á prudencia humana, forca á qual Ihe é impossível resistir.

Outra coisa surpreendente para o leitor que raciocina, é a superioridade majestática com que ele se ergue ácima de todos, como um orá culo inapelável. Ninguém tem direito a objetar-lhe a mínima dificuldade. O papado romano é o anticristo desde o momento em que ele é o antiLutero. A palavra deste se identifica com a palavra de Deus. Por isto ele estabelece e afirma suas teses mais temerarias como evidentes e indubitáveis, derrubando com bofetadas as teorías mais fundamentadas e tidas como certas por milhares de doutores. Que os Santos Padres e os Concilios e os mais eximios teólogos tenham dito o contrario durante longos séculos e após discutir atentamente os argumentos, que a Igreja inteira com todo o povo cristáo tenha sentido diversamente do professor de Wittenberg, que todos os Códigos Civis estabelecam urna praxe pou co conforme com a mente luterana, e, por fim, para usar urna expressáo hiperbólica de Lutero, que venha um anjo do céu para ensinar doutrina diferente, nada disso o demove nem Ihe provoca a mais leve sombra de dúvida, pois todos se equivocaram, mas Lutero nao pode errar, já que a palavra de Deus nao admite outra interpretacáo senáo a de Freí Martinho Lutero. Tal atitude mental nao toca as raías do patológico?" (p. 483s). Eis o que o Prof. García-Villoslada apresenta a respeito da figura

religiosa de Lutero após prolongados estudos, que procuraram ser táo ¡mparciais quanto possível. Em grande parte, o brado revolucionario de Lutero dentro da Igreja foi bem sucedido porque encontrou a nacáo ale ma preparada para se voltar abertamente contra Roma em virtude de tendencias nacionalistas e políticas existentes desde a Idade Media. O mesmo Prof. Garcia-Villoslada descreve os acordes nacionalistas das teses de Lutero nos seguintes termos: 4. O Brado á Nacáo Alema

"A obra An den christlíchen Adel deutscher Nation (Á Nobreza Crista da Nacáo Alema) foi por Lutero escrita em junho e publicada em meados de agosto de 1520, quando o reformador esperava de um mo552

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mentó para outro a excomunháo que viria de Roma e podia atingir seu

protetor, o príncipe Frederico da Saxónia. É um escrito em que o político

e o social prevalecem sobre o teológico. Redigido em alemáo nutria épo ca de grande excitacáo e com linguagem dura e áspera, esse livro nao é dirigido aos doutos e eruditos de qualquer nacionalidade como os anteri ores escritos latinos, mas aos compatriotas leigos de Lutero, comecando pelo Imperador Maximiliano e pelos príncipes, principalmente os cavaleiros germánicos, que eram os mais dispostos a urna revolucáo social e religiosa. A obra, que bem revela o estado efervescente do ánimo de Lutero no ano mais crítico de sua vida, assim comeca seu discurso aos nobres:

"Antes do mais, a graga e a forga de Deus! Altezas Sereníssimas, benignísimos e diletos Senhores,

Nao é por mera impertinencia ou temeridade que um pobre homem

como eu ousa falar a vossas Altas Excelencias. Os agravos e as angus tias que oprimem toda a Cristandade, especialmente os países germánicos, movem a mim e a qualquer homem a clamar, pedindo ajuda, e agora me obrígam a gritar e vociferar para que Deus conceda a alguém 0 ánimo e a vontade de estender sua máo a esta miserávei nagao. Já foi tentado algo neste sentido por meto de Concilios, mas a astucia de uns poucos homens o impediu hábilmente, e a situagáo se tornou pior. Agora, com o favor de Deus, tenciono por em relevo esta astucia maligna, a fím de que, revelada, nao possa mais causar daño ou estorvo" (WA 6, 409ss). A obra continua, procurando demolir a autoridade da Igreja Católica. No mesmo ano de 1520, Frederico da Saxónia enviou a Lutero duas cartas de Roma que pediam a este príncipe procurasse colaborar para trazer de volta á casa paterna o filho pródigo desgarrado. Lutero respondeu ao capeláo da corte, Jorge Spitlitz, o seguinte, com a data de 9/7/1520:

"Espero que o ilustríssimo príncipe responda de tal maneira que essas cabegas romanas entendam que a Alemanha, por oculto juízo de Deus, foi até agora oprimida nao por causa de sua própria rudez, mas por causa da rudez dos italianos" (Bríefe I1134-136). O nacionalismo de Lutero se tornava ainda mais transparente quando no dia seguinte (10/7/1520) escrevia:

"Desojaría que o príncipe, em sua carta ao Cardeal de Sao Jorge, insinué que, se, com seus anatemas, me rechagarem de Wittenberg, nao

conseguirao senáo agravara situagáo, visto que nao na Boémia1, mas no

1 Na Boémia, Joño Hus (1372-1415) havia levantado a bandeira do nacionalismo anti-romano. (N.d.R.). 553

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meló da Alemanha, existem aqueles que me pedem e querem defender, a revelia de Roma, contra os raios desta... Da minha parte, a sorte está ¡angada; desprezo tanto o furor como o favor de Roma. Nao quero reconciliar-me nem estar em comunháo com eles por toda a eternidade. Condenem e queimem meus livros; eu condenarei e queimarei publicamente, enquanto tiver fogo na máo, todo o Direito Pontificio, esse lamagal de heresias... Como seria bom se o príncipe acrescentasse que a doutrina luterana está táo propagada e arraigada dentro e fora da Alemanha, que, se os romanos nao a vencerem com a razio e a Escritura, entendam que, com as violencias e as censuras, só conseguiráo fazer da Alemanha uma

segunda Boémia! Eles já sabem que os germanos sao ferozes por sua própria índole (germanorum ferocia ingenia); sao tais que, se ninguém os convence pela Escritura e a razáo, será perigoso para os Papas irríta

los, principalmente agora, quando as letras e as linguas reinam na Ale manha, e até os seculares (leigos) comegam a instruirse. Portanto, ele, como príncipe crístáo, os admoeste e Ihes dé a saber que nao confiem em suas torgas e nao deixem de dar razáo do que fazem, a fim de que nao suscitem contra simesmos um tumulto irremediável" (Bríefe I1137). Os alemaes que em seus castelos prometiam defesa e protecáo a Lutero, eram os nobres cavaleiros Francisco de Sickingen e Silvestre de

Schaumberg, além do príncipe Frederico da Saxónia. Á sombra da tutela destes maiorais, podía Lutero desafiar qualquer autoridade" (pp. 466s).

Vejamos agora a repercussáo da figura de Lutero na posteridade. 5. O Herói Nacional No fim da vida dizia Lutero aos seus amigos em tom confidencial: "Há mil anos, Deus a nenhum Bispo concedeu táo grandes dons quanto a mim (In mille annis Deus nulli episcopo tanta dona dedit ut míhi. Gloriandum est enim de donis Dei)" (Tischreden 5494 V 189).

O mesmo foi repetido pelos discípulos do reformador, que, alias, dizia: "Ego propheta Germaniae (Eu sou o profeta da Alemanha)" (WA 41,706). Quando ele morreu em 17/2/1546, elevou-se um coro sinfónico de elogios ao mestre, embora já houvesse dissensóes e rupturas entre os seus seguidores. Na própria Universidade de Wittenberg, onde Lutero ensinara, ocorria a infiltracáo de doutrinas calvinistas, favorecidas pelo

príncipe Augusto da Saxónia, que governou de 1553 a 1586.

1) A ortodoxia luterana ou a fidelidade a Lutero se estendeu por todo o século XVII. Na Alemanha e fora da Alemanha foi acatada. Em 1617, primeiro aniversario das 95 teses, foram cunhadas medalhas festi

vas com dizeres de panegírico. Lutero foi celebrado como mestre. Suas reliquias eram veneradas como as dos Santos medievais mais popula res. O século XVII, alias, foi a época do estilo barroco, de tal modo que a 554

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piedade do povo luterano tinha suas expressoes exuberantes, como re fere o historiador Boehmer em Luther im Lichte 7: "O povo contava maravilhas a respeito de suas profecías, de seus milagres, de suas ¡magens; na casa de Lutero em Wittenberg, se cortavam com grande zelo pequeñas lascas dos postes de madeira como sen do algo de poderoso, como nos países católicos se veneravam as reliqui as de Santa Apolónia para eliminar a dor de dentes". Foram publicados livros com títulos cheios de adjetivos: Thaumasiander (Taumaturgo) et Triumphator Lutherus (Leipzig 1610), da autoría de M. Hoe; Memoria Thaumasiandri Lutheri renovata (Estrasburgo 1661), de J. C. Dannhauer e J. F. von der Strass; e em traducáo portuguesa: Delicioso aroma de rosas da vida imaculada e do nome duradouro do fiel homem de Deus Dr. Lutero, de boa memoria (1695), de P. Kawerau, que atribuí a Lutero os epítetos de Santo, Admirável, Taumaturgo, Taumasiandro, Herói. Em alemáo: Lieblicher Rosengeruch des unbefleckten Wandls und immer wáh renden Ñamen des weiland teuren Mannes Gottes Dr. Luther;

Der wunderbare, wunderthátige und wundersame Luther, de J. Kraus (Praga 1716).

O poeta F. G. Klopstock venerava "o santo Lutero, que fez da lín-

gua patria urna língua de anjos", tendo em vista a traducáo alema da Biblia feita pelo reformador.

2) O século XVIII ofuscou essa gloria, pois foi marcado pelo pietismo, que muito enfatizou práticas de piedade e devocáo, sem se preocu par com dogmas teológicos; mais do que a fé fiducial, os pietistas pregavam a pureza de coracáo e as-boas obras, reagindo contra a imoralidade que campeava na Alemanha por efeito da guerra dos Trinta Anos e de dogmas mal entendidos como o de "somente a fé". Lutero era apreciado por suas cancóes religiosas e nao por seus escritos polémicos e dogmatizantes.

Juntamente com o pietismo, o lluminismo ou Aufklárung (Racio nalismo) contribuiu para empalidecer a figura de Lutero no século XVIII.

O lluminismo nao admitía a revelacáo crista; negava o milagre, a inspiracáo divina da Biblia e o sobrenatural - o que equivalía a negar radical mente Lutero. Este, portanto, foi tido como doente mental e seus dogmas como extravagancias medievais. Frederico, rei da Prússía, considerava Lutero e Calvino como "pobres diabos". G. E. Lessíng o censurava por sua intolerancia religiosa e seu autoritarismo.

Os burgueses racionalistas reconheciam em Lutero um modelo de 555

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virtudes domésticas e bom pai de familia, obediente aos príncipes, convi va humorista e amigo dos prazeres da vida. A respeito escreveu o poeta J. E. Voss em sua ode An Vater Luther (1775), pondo nos labios de Lutero os seguintes versos, que se inspiram em Tíschreden (Conversas de Mesa) 3476 III 344: "Quem nao ama o vinho, o canto e a mulher,

Louco por toda a vida haverá de ser".

3) No século XIX floresceu o romantismo, que reconhece os geni os, os homens origináis e dá largas a intuicáo e á fantasía. A estes tragos associou-se um sentimento nacionalista e patriótico, que restaurou a imagem de Lutero como herói nacional.

O filósofo J. G. Fichte, grande patriota e lutador contra a invasáo napoleónica, em 1845 propós Lutero "como o homem alemáo", "o proto tipo dos alemáes" (Reden an die deutsche Natíon, disc. 6). Em 1817, terceiro aniversario das 95 teses, os protestantes de modo geral se uniram na proclamacao de Lutero como "o herói germánico da fé". Era fervoroso luterano "o chanceler de Ferro" Otto von Bismarck, que fez a unificacáo da Alemanha após a vitória sobre a Austria (1866) e a Franca (1870), potencias católicas. Com ele cresceu enormemente o nacionalismo germánico e, conseqüentemente, o culto de Lutero; muitos governantes e escritores tendiam a identificar sempre mais Lutero com o espirito, o caráter e a religiosidade do povo alemáo. 4) Todavía o racionalismo no século XX prevaleceu, ameacando apagar por completo a figura de Lutero, pois negava a inspiracáo bíblica, o pecado original e a Redencáo efetuada por Cristo.

O reformador, porém, reviveu na mente germánica por ocasiáo da primeira guerra mundial (1914-18): estes anos de tragedia nacional levaram a apelar para "Lutero germánico", "Generalíssimo da guerra", "o maior dos alemáes". Ser antiluterano equivaleria a ser antigermánico e vice versa. Em 1917 R. Seeberg escreveu que o luteranismo era a ¡nterpretacáo germánica do Cristianismo. Durante a mesma guerra o Imperador alemáo Guilherme II vía em Lutero o genio unificador do seu povo e da sua raca.

Hoje em dia Lutero continua sendo exaltado por sua genialidade alema; no plano teológico, porém, percebe-se que suas teses foram, em parte, inspiradas pelas circunstancias em que ele pessoalmente (angus tiado por nao saber se era predestinado ou nao) e a nacáo alema se achavam no século XVI. O diálogo entre luteranos e católicos tende a superar as divergencias e favorecer a aproximacáo dos irmáos separa dos. Queira Deus inspirar os dialogantes!

Esta temática continuará a ser explanada no artigo seguinte. 556

Sobre a Justificacáo:

LUTERANOS E CATÓLICOS EM DIÁLOGO Em síntese: O luteranismo afirma que o homem se torna justo di ante de Deus ou amigo de Deus apenas pelo lato de que Cristo o recobre com o seu manto dejustiga e santidade, fícando, porém, o homem sempre pecador ou vendido ao pecado. O Catolicismo, seguindo a Biblia e a Tradigáo, afirma que a justificagáo se faz mediante urna regeneragáo ontológica ou a infusáo de vida nova, que póe o cristáo em comunháo com a vida trinitaria. Teólogos luteranos e católicos tém estudado conjun tamente a questáo, chegando a pontos de convergencia; falta, porém, aínda esclarecer alguns tópicos que váo apontados na Resposta da Igreja Católica á Declaragáo conjunta de teólogos luteranos e católicos, resposta cujo texto vai publicado a seguir. *

*

*

Justificacáo, na linguagem do Novo Testamento, significa tornar justo ou amigo de Deus. Todo homem é pecador, mas pode receber o per-

dáo de seus pecados e vir a ser justo ou amigo de Deus. Como se dá ¡sto?

1) A tese bíblica e tradicional afirma que, quando o pecador se arrepende sinceramente, Deus, pelo Batismo ou o sacramento da Reconciliacáo, Ihe infunde a sua graca, que é urna nova realidade ontológica ou urna comunháo de vida com Deus; o homem justificado recebe o Es pirito, que o faz filho no Filho e pelo qual ele clama: Abba, Pai!; cf. Rm 8,15; Gl 4,6. Trata-se de um principio de vida nova, que tende a desabro

charla criatura, absorvendo o que é velho e transfigurando-o, como ensina Sao Joáo:

"Vede que prova de amor nos deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus. E nos o somos!... Caríssimos, desde já somos filhos de Deus,

mas o que nos seremos, aínda nao se manifestou. Sabemos, que, por

ocasiáo dessa manifestagáo, seremos semelhantes a Ele porque O vere mos tal como Ele é" (Uo 3,1s).

Essa comunháo de vida com Deus co-existe no cristáo com os

resquicios do "velho homem" (cf. Ef 4,22-24), de modo que o cristáo sente dentro de si a concupiscencia ou a cobica desregrada. Esta, porém, se é sentida, mas nao é consentida ou aceita (se é rechacada), nao constituí pecado. O pecado propriamente dito é sempre um ato consciente e vo luntario; se falta voluntariedade ou aceitacáo por parte da vontade, nao há pecado. 557

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2) Ora, a partir do século XVI, o luteranismo ensina que nao há regeneracáo ontológica no Batismo; o Batismo nao infunde urñ principio de vida nova, porque a concupiscencia desregrada permanece por toda a vida do cristáo; o homem está vendido ao pecado. Ele é justificado ou feito amigo de Deus porque Jesús Cristo o recobre com o seu manto de justica e santidade, de modo que, diante do Pai, o homem assim recoberto passa por justo ou goza de urna justificacáo forense ou jurídica; Deus nao Ihe imputa os seus pecados. Entáo ele é simultáneamente justo e pecador-justo por fora e pecador por dentro. Esta tese luterana deve-se ao fato de que Lutero se atormentava por nao poder vencer a cobica desregrada, que ele julgava ser pecado. 3) Pois bem. Passados mais de 450 anos após a morte de Lutero (1546), luteranos e católicos se encontram para estudar as divergencias relativas ájustif¡cacao. Após longas sessóes de diálogo, chegaram a certo acordó, que foi assinado em 1997. Levado á autoridade oficial luterana, tal acordó foi aprovado integralmente pela Federacáo Luterana Mundial. - A Igreja Católica examinou o texto em dois de seus órgáos: A Comissáo para o Diálogo com os Cristáos e a Congregacáo para a Doutrina da Fé. Deste exame resultou urna Resposta á Declaracáo Conjunta, que exprime regozijo pela convergencia de idéias em varios pontos, mas indi ca algumas questóes importantes a ser aínda ulteriormente estudadas.

Já em PR 437/1998, pp. 463-464 fizemos alusáo a tais fatos, que a imprensa leiga julgou equivalerem a um consenso de parte a parte. A bem da verdade, seja, a seguir, reproduzida a Resposta á Declaracáo Conjunta, que bem evidencia o que deverá ser ulteriormente aprofundado nos próximos tempos.

RESPOSTA Á DECLARACAO CONJUNTA A "Declaracáo Conjunta sobre a doutrina da Justificacáo entre a Igreja Católica e a Federacáo Luterana Mundial" ("Gemeinsame Erkláruncf') representa um progresso notável na compreensáo mutua e na aproximacáo das partes em diálogo: ela mostra que numerosos sao os pontos de convergencia entre a posicáo católica e a luterana sobre urna questáo tao debatida durante sáculos. Pode-se certamente afirmar

que se atingiu um alto grau de acordó, no que se refere quer á aborda-

gem da questáo, quer ao juízo que ela merece... É justa a constatacáo de

que existe "um consenso em verdades fundamentáis da doutrina da Jus tificacáo11.

A Igreja Católica, contudo, considera que aínda nao se pode falar de um consenso tal que elimine todas as diferencas entre os católicos e os luteranos na compreensáo da justífícacáo. A própria Declaracáo Con junta faz referencia a algumas destas diferencas. Na realidade, nalguns pontos as posicóes aínda sao divergentes. Tendo por base, entáo, o acordó 558

LUTERANOS E CATÓLICOS EM DIÁLOGO

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já alcancado sobre muitos aspectos, a Igreja Católica pretende contribuir para a superacáo das divergencias ainda existentes, oferecendo em se guida um elenco de pontos, citados segundo a ordem de importancia, que sobre este tema ainda impedem um entendimento em todas as ver

dades fundamentáis entre a Igreja Católica e a Federacáo Luterana Mun dial. A Igreja Católica espera que as seguintes indicacóes possam ser um estímulo para continuar o estudo dessas questóes, no mesmo espiri to fraterno que caracterizou nos últimos tempos o diálogo entre a Igreja Católica e a Federacáo Luterana Mundial. Esclarecimentos 1. As maiores dificuldades para poder afirmar um consenso total entre as partes sobre o tema da justificacáo verificam-se no parágrafo 4.4 Das Sündersein des Gerechtfertigterí (cf. nn. 28-30). Embora tendo em consíderacáo as diferencas, em si legítimas, resultantes de aborda-

gens teológicas diferentes sobre o dado de fé, do ponto de vista católico já o título suscita perplexidades. Segundo a doutrina da Igreja Católica, com efeito, no batismo é cancelado tudo o que é verdadeiramente peca do, e por isso Deus nao odeia nada naqueles que nasceram de novo. Daí resulta que a concupiscencia, que permanece no batizado, nao é propriamente pecado. Por isso, para os católicos a fórmula "zugleich Gerechter und Sündei", (ao mesmo tempo justo e pecador), tal como é explicada no inicio do n. 29 ("Er ist ganz gerecht, weil Gott ihm durch Wort und Sakrament seine SOnde vergibt... In Blick auf sich selbst aber erkennt er... dass er zugleich ganz Sünder bleibt, dass die Sünde noch in ihm wohnt...f, nao é aceitável. Esta afirmacáo nao parece, de fato, compatível com a renovacáo e a santificacao do homem interior, de que fala o Concilio de Trento. O termo "oposicáo a Deus" (Gottwidrigkeif), que se

usa nos nn. 28-30, é entendido de modo diverso pelos luteranos e católi cos, e torna-se por isso, na realidade, um termo equívoco. Neste mesmo sentido, pode ser também ambigua para um católico a frase do n. 22 "... rechnet ihm Gott seine Sünde nicht an und wirkt in ihm tátige Liebe durch den Heiligen GeisV3, visto que a transformacáo interior do homem nao

aparece com clareza. Por todas estas razóes permanece, portante, difícil ver como se pode afirmar que esta doutrina sobre o "simul iustus et peccator"4, no estado atual da apresentacáo que se faz na Declaracáo Conjunta, nao é tocada pelos anatemas dos decretos tridentinos sobre o 1 Sündersein...: o ser pecador do homem justificado (N.d.R.) 3 Ele ó todo justo, porque Deus Ihe perdoa seu pecado mediante a Palavra e o Sacra mento... Mas, olhando para si mesmo, ele reconhece que, ao mesmo tempo fica sendo todo pecador, pois o pecado ainda habita nele (N.d.R.) 3 Deus nao Ihe imputa o seu pecado e nele opera um atuante amor por obra do Espirito Santo (N.d.R.) 4 Ao mesmo tempo, justo e pecador (N.d.R.) 559

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

pecado original e a justificacáo. 2. Oütra dificuldade encontra-se no n. 18 da Declaracáo Conjunta, onde se evidencia urna clara diferenca na importancia que a doutrina da justificacáo tem para os católicos e os luteranos, enquanto criterio para a vida e para a praxe da Igreja. Enquanto para os luteranos esta doutrina assumiu um significado muito singular, no que se refere á Igreja Católica a mensagem da justificacáo, seguindo a Escritura e desde os tempos dos Padres, deve ser orgánicamente inserida no criterio fundamental da "regula fidei"1, isto é, a confissáo de Deus uno e trino, cristologicamente centrada e enraizada na Igreja viva e na sua vida sacramental. 3. Como se afirma no n. 17 da Declaracáo Conjunta, luteranos e católicos compartilham a conviccao comum de que a vida nova vem da

misericordia divina e nao de um nosso mérito. Porém, é preciso recordar, como se diz em 2Cor 5,17, que esta misericordia divina opera urna nova

criacio e, portanto, torna o homem capaz de responder ao dom de Deus, de cooperar com a graca. A respeito disso, a Igreja Católica considera com satisfacáo que o n. 21, em conformidade com o can. 4 do Decreto sobre a Justificacáo do Concilio de Trento (DS 1554), afirma que o ho mem pode rejeitar a graca; mas dever-se-ia também afirmar que a esta liberdade de rejeitar, corresponde urna nova capacidade de aderir á vontade divina, capacidade justamente chamada "cooperatio"2. Esta nova capacidade, dada na nova criacáo, nao permite o uso da expressáo "mere passive" (n. 21 )3. Por outro lado, o fato de esta capacidade ter caráter de dom, é bem expresso no cap. 5 (DS 1525) do Decreto tridentino, quando diz: "ita ut tangente Deo cor hominis per Spiritus Sancti illuminationem, ñeque homo ipse nihilomnino agat, inspirationem Mam redpiens, quippe qui Mam et abicere potest, ñeque tamen sine gratia Dei moveré se ad iustitiam coram Mo libera sua volúntate possif.4 Na realidade, também da parte luterana, no n. 21 afirma-se urna plena participacáo pessoal na fé {"sein volles personales Beteiligtsein im Glauberí'). Seria necessário, porém, um esclarecí mentó sobre a compatibilidade desta participacáo com o acolhimento da justificacáo "mere passive", a fim de determinar com mais precisáo o grau de coincidencia com a doutrina católica. Depois, quanto á frase final do n. 24: "Gottes Gnadengabe in der Rechtfertigung unabhángig bleibt von menschlicher 1 Regra ou Norma da fé (N.d.R.) 2Cooperagáo (N.d.R.) 3 De modo meramente passivo (N.d.R.)

4 Quando Deus toca o coracáo do homem pela iluminacño do Espirito Santo, o ho mem que recebe essa inspiragao nao pode fícar inerte, pois ele a pode rejeitar, como também pode por sua livre vontade moverse para serjusto diante de Deus, mas nao sem a graga de Deus (N.d.R.) 560

LUTERANOS E CATÓLICOS EM DIÁLOGO

33

Mitwirkuncf'\ ela deve ser entendida no sentido de que os dons da graca de Deus nao dependem das obras do homem, mas nao no sentido de

que a justificacáo pode ocorrer sem a cooperacáo humana. A frase do n. 19, segundo a qual a liberdade do homem "¡st keine Freiheit auf sein Heil hin"2, deve análogamente ligar-se com a impossibilidade do homem de aceder á justificacáo com as próprías forcas. A Igreja Católica afirma também que as boas obras do justificado

sao sempre fruto da graca. Mas, ao mesmo tempo, e sem tirar nada á total iniciativa divina, elas sao fruto do homem justificado e transformado interiormente. Por isso, pode-se dizer que a vida eterna é, ao mesmo tempo, tanto graca como recompensa dada por Deus pelas boas obras e os méritos. Esta doutrina é conseqüéncia da transformacáo interior do homem, de que se falou no n. 1 desta "Nota". Estes esclarecimentos ajudam a justa compreensáo, sob o ponto de vista católico, do parágrafo 4. 7 (cf. nn. 37-39) a respeito das boas obras do justificado. 4. Na continuacáo do estudo dever-se-á tratar do sacramento da Penitencia, do qual faz mencáo o n. 30 da Declaracáo Conjunta. Segun do o Concilio de Trento, com efeito mediante este sacramento o pecador pode ser de novo justificado (rursus testifican): o que implica a possibilidade, por meio deste sacramento, distinto do batismo, de recuperar a

justica perdida. Nem todos estes aspectos se encontram suficientemen te observados no mencionado n. 30.

5. Estas observacóes tém em vista mostrar com clareza o ensinamento da Igreja Católica a respeito daqueles pontos sobre os quais se chegou a um acordó total, e completar alguns dos parágrafos que expóem a doutrina católica, para melhor por em evidencia a medida do consenso a que se chegou. O alto nivel de acordó alcancado aínda nao permite afirmar que todas as diferencas que separam os católicos e luteranos na doutrina acerca da justificacáo, sao simples questóes de expressáo ou de linguagem. Algumas se referem a aspectos de conteúdo e, portanto, nem todas sao reciprocamente compatíveis, como ao con trario se afirma no n. 40.

Se é verdade, além disso, que naquelas verdades sobre as quais um consenso foi alcancado, as condenacóes do Concilio de Trento já nao se aplicam, as divergencias que se referem a outros pontos devem, porém, ser superadas antes de se poder afirmar, como se diz de maneira

geral no n. 41, que esses pontos já nao recaem sob as oondenacdes do Concilio de Trento. Isto vale em primeiro lugar para a doutrina sobre o "simul iustus etpeccatoi" (cf. n. 1, ácima). 1 Na justificagáo a graga de Deus permanece independente da cooperagáo humana (N.d.R.)

2 Nao é liberdade para realizar a sua própria salvagáo (N.d.R.) 561

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TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

6. É necessário, enfim, observar o caráter diverso, sob o ponto de vista da representatividade, dos dois signatarios, que assinaram esta Declaracáo Conjunta. A Igreja Católica reconhece o grande esforco feito pela Federacáo Luterana Mundial, para chegar ao "magnus consensué' através da consultacáo dos Sínodos, a fim de dar um verdadeiro valor eclesial á sua assinatura; permanece, porém, a questáo da autoridade real desse consenso sinodal, hoje e também amanhá, na vida e na dou trina da comunidade luterana. Perspectivas para o trabalho futuro 7. A Igreja Católica deseja reafirmar o seu auspicio de que este importante passo avante, rumo a um acordó na doutrina acerca da justi

ficacáo, seja seguido por ulteriores estudos que permitam esclarecer, de modo satisfatório, as divergencias ainda existentes. Em particular, seria para desejar um aprofundamento do fundamento bíblico que constituí a base comum da doutrina da justificacáo, tanto para os católicos como

para os luteranos. Esse aprofundamento deveria estender-se ao conjun to do Novo Testamento, e nao só aos escritos paulinos. Com efeito, se é verdade que Sao Paulo é o autor neotestamentário que mais falou sobre este argumento, o que requer urna certa atencáo preferencial, nao faltam

consistentes referencias a este tema também nos outros escritos do Novo Testamento. Quanto aos diversos modos com que Paulo descreve a nova condicáo do homem, mencionados pela Declaracáo Conjunta, poder-seiam acrescentar as categorías da filiacáo e da heranca (Gl 4, 4-7; Rm 8, 14-17). A consideracáo de todos estes elementos poderá ser de grande ajuda para a mutua compreensáo e permitir resolver aquelas divergenci as na doutrina acerca da justificacáo, que ainda subsistem. 8. Por fim, deveria ser preocupacáo comum de luteranos e católi cos encontrar urna linguagem capaz de tornar a doutrina da justificacáo

mais compreensível também aos homens do nosso tempo. As verdades fundamentáis da salvacáo dada por Cristo e acolhida na fé, da primazia da graca sobre qualquer iniciativa humana, do dom do Espirito Santo que nos torna capazes de viver de acordó com a nossa condicáo de fi-

Ihos de Deus, etc., sao aspectos essenciais da mensagem crista que deveriam iluminar os crentes de todos os tempos.

Esta Nota, que constituí a Resposta católica oficial ao texto da De claracáo Conjunta, foi elaborada de comum entendimento entre a Congregagaopara a Doutrina daFéeo Pontificio Conselhopara a Promogáo

da Unidade dos Cristáos, e é assinada pelo Presidente do mesmo Ponti ficio Conselho.

562

Pe. Anthony de Mello S. J.:

ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

Em síntese: O Pe. Anthony de Mello S. J., indiano, falecido em 1987, deixou obras de teología dogmática e de espiritualidade queestáo em aberto contraste com o pensamento católico. Tais obras sao difundi das em varias tradugoes, que tém deixado muitos leitores perplexos. Tocam em temas de relevo como o conceito de Deus, o de religiáo, o de oragáo, o de vida postuma... Dai a necessidade de um pronunciamento da Congregagao para a Doutrina da Fé, que vai abaixo publicado junta mente com urna Nota Ilustrativa do caso. *

*

*

A espiritualidade oriental, principalmente a da india, tem penetrado

no Ocidente, encontrando acolhida em grupos católicos. Um espécimen da tentativa de fundir pensamento religioso oriental e pensamento católi co está ñas obras do Pe. indiano Anthony de Mello S. J., que, já falecido, deixou diversas obras de teología e espiritualidade traduzidas para algumas línguas. Visto que tais escritos tém provocado dúvidas e indagacóes, a Congregacio para a Doutrina da Fé houve por bem pronunciar

se a respeito, apontando as divergencias entre o pensamento do Pe. de Mello S. J. e a doutrina católica. Atendendo a um pedido da Santa Sé e em vista da problemática existente também no Brasil, publicamos, a se

guir, o texto oficial da Congregacáo para a Doutrina da Fé, que veio acompanhado de urna Nota Ilustrativa, a qual explica mais detidamente os porqués da nao aceitacáo da espiritualidade proposta por Anthony de Mello.

CONGREGAQÁO PARA A DOUTRINA DA FÉ NOTIFICACÁO SOBRE OS ESCRITOS DO PADRE ANTHONY DE MELLO SJ

«O Padre jesuíta indiano Anthony de Mello (1931-1987) é muito conhecido pelas suas numerosas publicacóes, que, traduzidas para di

versas línguas, tiveram urna notável difusáo em muitos países, mesmo se nem sempre se trata de textos por ele autorizados. As suas obras,

quase sempre em forma de pequeños contos, contém elementos váli dos, provenientes da sabedoria oriental, que podem ajudar a adquirir um auto-controle, a romper os lacos e afetos que nos impedem de ser livres, 563

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

a enfrentar com serenidade os acontecimentos bons e maus da vida. Sobretudo nos seus primeiros escritos, o Padre de Mello, embora já evi denciando uma clara influencia das correntes espirituais budistas e

taoístas, manteve-se todavía dentro das linhas da espiritualidade crista. Nesses livros, trata dos diversos tipos de oracáo: de peticao, de intercessáo e louvor, bem como da contemplacáo dos misterios da vida de Cris to, etc.

Já porém em algumas passagens dessas primeiras obras, e cada vez mais ñas sucessivas publicacóes, nota-se um progressivo afastamento dos conteúdos essenciais da fé crista. A revelacáo, feita em Cris to, é substituida por uma intuicáo de Deus, sem forma e sem imagens, a ponto de falar de Deus como de um puro vazio. Para ver a Deus, basta olhar diretamente para o mundo. Nada se pode dizer de Deus; o único

conhecimento é o nao conhecimento. Por a questáo da existencia de Deus é já um sem-sentido. Um tal apofatismo radical leva também a ne

gar que naja na Biblia afirmacóes válidas sobre Deus. As palavras da

Escritura sao indicacóes que deveriam servir apenas para chegar ao si lencio. Em outras passagens, o juízo sobre os livros sagrados das religioes em geral, sem excluir a própria Biblia, é ainda mais severo: tais livros impedem as pessoas de seguir o próprio bom senso, fazendo com que

se tornem obtusas e cruéis. As religióes, inclusive a crista, sao um dos

principáis obstáculos á descoberta da verdade. Jamáis se poderá, alias, definir essa verdade nos seus conteúdos precisos. Pensar que o Deus da própria religiao é o único, é puro fanatismo. "Deus" é visto como uma realidade cósmica, vaga e onipresente. O seu caráter pessoal é ignorado

e praticamente negado.

De Mello mostra ter apreco por Jesús, de quem se diz "discípulo". Considera-o porém um mestre ao lado dos outros. A única diferenca frente aos outros homens é ser Jesús "esperto" e totalmente livre, quando os outros nao o sao. Nao é reconhecido como Filho de Deus, mas simplesmente como aquele que nos ensina que todos os homens sao filhos de

Deus. Também as afirmacoes sobre o destino definitivo do homem susci-

tam perplexidades. Por vezes, fala-se de uma "dissolucáo" no Deus im-

pessoal, como a do sal na agua. Em diversas ocasioes, considera-se irrelevante também a questáo do destino depois da morte. Só a vida pre sente é digna de interesse. E nesta, uma vez que o mal é apenas igno rancia, nao existem regras moráis objetivas. O bem e o mal sao só valorizacoes mentáis impostas á realidade.

Coerentemente com quanto foi dito, pode compreender-se como, segundo o Autor, qualquer credo ou profissáo de fé, tanto em Deus como em Cristo, só serve para impedir o acesso pessoal á verdade. A Igreja, fazendo da palavra de Deus na Sagrada Escritura um ídolo, acabou por 564

ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

37

expulsar Deus do templo. Por conseguinte, perdeu a autoridade de ensinar em nome de Cristo.

Com a presente Notificacáo, esta Congregacáo, no intuito de tute lar o bem dos fiéis, vé-se na obrigacáo de declarar que as posicóes áci ma expostas sao incompatfveis com a fé católica e podem causar graves danos.

O Sumo Pontífice Joáo Paulo II, na Audiencia concedida ao abaixo-assinado Prefeito, aprovou a presente Notificacáo, decidida na Sessáo Ordinaria desta Congregacáo, e mandou que fosse publicada.

Roma, sede da Congregacáo para a Doutrina da Fé, 24 de Junho de 1998, solenidade do Nascimento de Sao Joáo Batista. + Joseph Card. Ratzinger Prefeito + Tarcísio Bertone, SDB,

Arcebispo emérito de Vercelli Secretario

NOTA ILUSTRATIVA* Introducáo

Os escritos do jesuíta indiano Padre Anthony de Mello (1931 -1987) alcancaram urna notável difusáo em muitos países e entre pessoas de diferentes condicóes1. Neles, num estilo direto e de leitura fácil, sendo a maior parte em forma de breves narracoes, recolheu alguns elementos válidos da sabedoria oriental, que podem ajudar a conseguir o dominio de si, romper aqueles lacos e afetos que nos impedem de ser realmente livres, evitar o egocentrismo, enfrentar com serenidade as vicissitudes da vida sem nos deixar influenciar pelo mundo exterior, e ao mesmo tem-

po perceber a riqueza do mundo que nos circunda. É justo assinalar es

tes valores positivos, que se podem encontrar em muitos dos escritos do Pe. de Mello, sobretudo ñas obras que sao dos seus primeiros anos de atividade como diretor de retiros. Embora revelando evidentes influénci• A divisáo do texto se deve á ñedacáo de PR.

1 É preciso assinalar que nem todas as obras de A. de Mello foram publicadas por ele

mesmo. Algumas foram publicadas depois da sua morte, tendo por base os seus

escritos, anotacóes ou gravagoes de conferencias. Na presente Nota Ilustrativa referimo-nos á edigáo italiana, exceto quanto ao texto «La iluminación es la espiritualidad. Curso completo de autoliberación interior» (Vida nueva 1987, pp. 27/ 1583 - 66/1622). 565

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

as das correntes espirituais budistas e taoístas, ele manteve-se em muitos aspectos aínda dentro das linhas da espiritualidade crista: fala da expectativa, no silencio e na oracáo, da vinda do Espirito, puro dom do Pai (Incontro con Dio, 11-13). Apresenta muito bem a oracáo de Jesús e a que Ele nos ensina, tomando como base o Pal Nosso (ibid, 40-43).

Fala também da fé, do arrependimento, da contemplacáo dos misterios da vida de Cristo segundo o método de Santo Inácio. Na sua obra Sádhana. Un cammino verso Dio, publicada pela primeira vez em 1978, sobretudo na sua parte final (La devozione, pp. 175-235), Jesús ocupa um lugar central: fala-se da oracáo de súplica, da oracao de intercessáo, tal como Jesús a ensina no Evangelho, da oracao de louvor, da invocacáo do nome de Jesús. O llvro é dedicado á Bem-aventurada Virgem María, modelo de contemplacáo (pág. 11).

Evolucáo do Pensamento

Mas já neste llvro ele desenvolve a sua teoría da contemplacáo como autoconsciéncia (ou conhecimento), que nao parece isenta de

ambigüidade. No inicio da obra, a nocáo da revé lacao crista é equipara da á de Lao-Tse, com certa preferencia pela deste último: ««"O silencio é a grande revelacáo", disse Lao-Tse. Segundo o nosso modo comum de pensar, a Revelacáo encontra-se na Sagrada Escritura. E é assim. Mas hoje quereria que descobrisses que a revelacáo pode-se encontrar no Silencio» (pág. 15; cf. pág. 18). No exercícío da consciéncia (ou conheci mento) das nossas sensacóes corpóreas, entramos já em comunicacáo com Deus (pág. 44). Urna comunicacáo que é explicada nestes termos:

«Muitos místicos dizem-nos que, além da mente e do coracáo com que ordinariamente comunicamos com Deus, somos, todos nos, dotados de urna mente mística e de um coragáo místico, urna faculdade que nos torna capazes de conhecer Deus diretamente, de O captar e intuir no seu próprio ser, embora duma maneira obscura» {ibid). Mas esta intuicáo, sem imagens nem forma, é a de um vazio: «O que é que fixo quando contemplo Deus? Urna realidade sem imagens, sem forma. Um vazio!»

(pág. 45). Para comunicar com o infinito, é necessário «fixar um vazio» Assim se chega á conclusáo, «aparentemente desconcertante, de que a concentracáo no vosso respiro ou ñas vossas sensacóes corpóreas

é urna ótima contemplacáo, no sentido estrito da palavra» (pág. 51)1. 1 A este tipo de propostas parece fazer referencia a Carla da Congregagio para a Doutrína da Fé «Orationis formas», de 15 de Outubro de 1989, n. 12 (cf. AAS 82

[1990] 369): «Alii demum temeré audent aequare absolutum illud, sine imaginibus et conceptibus, quod est proprium ¡heoriae Buddhisticae, Dei maiestati, in Christo

revelatae, quae supra res finitas elevatur». É oportuno recordar a respeito disso os ensinamentos sobre a Inculturagáo e sobre o diálogo inter-religioso da Carta Encícli ca de Joño Paulo II Redemptorís mlssio, nn. 52-57; cf. AAS 83 [1991] 299-305. 566

ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

39

Noutras obras sucessivas fala-se do «despertar», da iluminacáo interior ou do conhecimento: «Como despertar? Como saber se alguém está a dormir? Os místicos, quando véem aquilo que os circunda, descobrem urna grande alegría que brota do coracao das coisas. Concordes, falam desta alegría e do amor que inunda tudo... Como chegar a isto? Mediante a compreensáo, libertando-nos das ilusoes e das idéias erra das» {Istruzioni di voló per aquile e polli, 77; cf. Chiamati all'amore, 178). A iluminacáo interior é a verdadeira revelacao, muito mais importante do que aquela que nos chega mediante a Escritura: «Um gurú prometeu a um estudioso urna revelacáo muito mais importante do que qualquer outra contida ñas Escrituras... Quando tens o conhecimento, usas urna tocha para iluminar o caminho. Quando tens a iluminacáo, tu mesmo te tornas urna tocha» (Lapreghiera della rana, vol. I,126-127). «A santidade nao é urna conquista, a santidade é urna Graca. Urna Graca chamada 'Conhe cimento', urna Graca que é 'olhar', 'observar', 'entender'. Se tu aceitasses acender a luz do conhecimento e te observasses a ti mesmo e cada coisa que está ao teu redor na vida de cada dia; se te visses refletido no espelho do conhecimento do mesmo modo como vés o teu rosto refletido num espelho... sem emitir juízo algum ou qualquer condenacjio, haverias de perceber as maravilhosas mudancas que acontecem em ti» (Chiamati

all'amore, 176). Nestes escritos sucessivos, o Pe. de Mello chegou progressivamente a concepcoes sobre Deus, a revelacáo, Cristo, o destino final do homem, etc. que nao sao compatíveis com a doutrina da Igreja. E, dado que muitos dos seus livros nao se apresentam sob forma de ensinamento, mas como colecáo de pequeñas narracoes, com freqüéncia muito engenhosas, as idéias subjacentes podem fácilmente passar inobserva das. Torna-se, portante, necessário chamar a atencáo para alguns as pectos do seu pensamento, que, de diversas formas, afloram no conjunto da sua obra. Servir-nos-emos dos textos do Autor, que, mesmo com as suas

características particulares, mostram com clareza o pensamento de fundo. O Conceito de Deus

O Pe. de Mello em diversas ocasióes faz afirmacoes sobre Deus que ignoram, ou até mesmo negam de modo explícito, o seu caráter pessoal e O reduzem a urna vaga realidade cósmica omnipresente. Ninguém nos pode ajudar a encontrar a Deus, assim como ninguém pode ajudar o peixe a encontrar o océano (cf. Un minuto di saggezza, 77; Messaggio per un'aquila che si crede un pollo, 115). De maneira análoga, Deus e nos nao somos urna coisa só, mas também nao somos duas, assim como

o sol e a luz, o océano e as ondas nao sao urna coisa só, mas também nao sao duas (Un minuto di saggezza, 44). Com clareza ainda maior, o problema da Divindade pessoal é posto nestes termos: «Dag 567

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

Hammarskjóld, ex-Secretário-Geral das Nacóes Unidas, disse urna frase muito bonita: "Deus nao morre no dia em que deixamos de crer numa divindade pessoal..."» (Messaggio per un'aquila..., 140; o mesmo em La iluminación es la espiritualidad, 60). «Se Deus é amor, entáo a distancia entre Oeus e ti é a exata distancia entre ti e o conhecimento de ti mesmo» (Shock di un minuto, 287).

Critica-se e faz-se muitas vezes ironia principalmente a respeito de toda tentativa de linguagem sobre Deus, a partir de urna refutacáo unila teral e exagerada, conseqüéncia da concepcáo de divindade menciona da ácima. A relacáo entre Deus e a criacáo exprime-se freqüentemente com a imagem hindú do bailarino e da danca: «Vejo Jesús Cristo e Judas, vejo vítimas e perseguidores, os algozes e os crucificados: urna única melodia de notas contrastantes... urna única danca feita de passos dife rentes... Por fim, ponho-me diante de Deus. Vejo-0 como o bailarino e toda esta realidade louca, insensata, hilariante, agonizante, espléndida a que chamamos vida como a sua danca...» (Alie sorgenti, 178-179; cf. // canto degli ucceili, 30). Que é ou quem é Deus e que sao os homens nesta «danca»? «Se queres ver Deus, observa diretamente a criacáo. Nao O rejeites, nao refutas sobre Ele. Limita-te a olhar» (pág. 41). Nao se vé como possa entrar aquí a mediacáo de Cristo para o conhecimento do Pai. «Deus nada tem a ver com a idéia que tendes d'Ele... Há só um meio para O conhecer: o nao conhecimento» (Istruzioni di voló per aquile e polli, 11; cf. idib. 12-13; Messaggio..., 136; Preghiera della rana, vol. 1, 351). Sobre Deus, portanto, nada se pode dizer: «O ateu erra ao negar Aquele sobre o qual nada se pode dizer... E o teísta comete o erro de afirmá-l'O» {Shock di un minuto, 30; cf. ibid. 360). A Sagrada Escritura

Nem sequer as Escrituras, sem excluir a própria Biblia, fazem co nhecer Deus; sao apenas urna especie de placa indicadora, que nao me diz nada sobre a cidade para onde me dirijo: «Chego diante de urna pla ca onde está escrito "Bombaim"... Aquela placa nao é Bombaim, nem se

parece com ela. Nao é um retrato de Bombaim. É urna indicagáo. As

Escrituras sao isto: urna indicacáo» {Istruzioni di voló..., 12). Prolongan do a metáfora, poder-se-ia dizer que a indicacáo se torna inútil quando chego ao lugar de destinacáo. E é o que parece afirmar A. de Mello: «A Escritura é a parte excelente, o dedo indicador que aponta a Luz. Usa mos as suas palavras para ir mais além e chegar ao silencio» (ibid. 15). A revelacáo de Deus paradoxalmente nao se exprime na sua palavra, mas no seu silencio (cf. também Un minuto disaggezza, 129, 167, 201, etc.; Messagio per un'aquila che sicrede un pollo, 112-113). «Na Biblia é-nos indicado apenas o caminho, como sucede com as escrituras muculma568

ESPIRITUAUDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

ñas, budistas, etc.» (La iluminación es la espiritualidad, 64). Proclama se, portante-, um Deus impessoal que está ácima de todas as religióes, ao mesmo tempo que se movem objecóes ao anuncio cristáo de Deus amor, que seria ¡ncompatível com a necessidade da Igreja para a salva cáo: «O meu amigo e eu fomos á feira. A feira internacional das religi óes... No balcáo hebreu, deram-nos boletins que diziam que Deus era compassivo e os hebreus eram o seu povo eleito. Os hebreus. Nenhum outro povo era táo eleito como o povo hebreu. No balcáo muculmano,

aprendemos que Deus era misericordioso e Maomé o seu único profeta. A salvacáo vem da escuta do único profeta de Deus. No balcáo cristáo, descubrimos que Deus é amor e nao há salvacáo fora da Igreja. Entra na

Igreja ou correrás o perigo da condenacáo eterna. Enquanto nos afastávamos, perguntei ao meu amigo: "Que pensas de Deus?" Ele respondeu: «É beato, fanático e cruel». Tendo retornado á casa, eu disse a Deus: "Por que predispóes.este género de coisas, Senhor? Nao vés que desde sáculos Te proporcionam urna má fama?" Deus respondeu: "Nao fui Eu quem organizou a feira. Envergonhar-Me-ia até de a visitar"» (// canto degli uccelli, pág. 186s., a narracáo La fiera internazionale delle religionr, cf. também pp. 190-191, 194). A Salvacáo do Homem

O ensinamento da Igreja sobre a vontade salvífica universal de Deus e a salvacáo dos náo-cristáos nao está exposto de modo correto. E tam bém o que se refere á mensagem crista de Deus amor: «"Deus é amor. E ama-nos e recompensa-nos para sempre, se observarmos os seus man-

damentos". "SE?", disse o mestre. "Entáo a noticia nao é assim táo boa, nao?" (Shockdiun minuto, 218; cf. ibid. 227). Toda religiáo concreta é um impedimento para chegar á verdade. Da religiáo em geral diz-se aquilo que foi afirmado a respeito das Escrituras: «Todos os fanáticos queriam agarrar-se ao seu Deus e fazé-l'O o único» (La iluminación es la espiritualidad, 65; cf. ibid. 28; 39). O que importa é a verdade, quer ela venha de Buda, quer de Maomé, visto que «o importante é descobrir a verdade onde todas as verdades coincidem, porque a verdade é urna só» (ibid. 65). «A maior parte das pessoas, infelizmente, tem bastante religiáo para odiar, mas nao a suficiente para amar» (La preghiera della rana, vol. 1,146; cf. ibid. 56-57; 133). Quando se enumeram os obstácu los que impedem de ver a realidade, a religiáo ocupa o primeiro lugar: «Primeiro, a tua fé religiosa. Se tu consideras a vida como comunista ou capitalista, como muculmano ou entáo como hebreu, vives a vida duma maneira preconcebida e tendenciosa: eis urna barreira, urna carnada de gordura entre a Realidade e o teu espirito, que já nao chega a vé-la nem tocá-la diretamente» (Chiamati all'amore, 62). «Se cada ser humano fosse dotado de um coracáo assim, ninguém mais se etiquetaría a si mesmo 569

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

como "comunista" ou "capitalista", "cristáo" ou "muculmano" ou "budista". A lúcida clareza da sua visáo revelar-lhes-ia que todos os pensamentos, todos os preconceitos, todas as crencas sao lanternas carregadas de trevas, nada mais do que sinais da sua ignorancia» (ibid. 172; cf. também Un minuto disaggezza, 169; 227, sobre os perigos da religiáo). O que se afirma a respeito da religiáo, diz-se concretamente também das Escritu ras (cf. // canto degli uccelli, 186s; Shockdi un minuto, 28). Jesús Cristo

A filiacáo divina de Jesús dilui-se na filiacáo divina dos homens: «Ao que Deus replicou: "Um dia de festa é sagrado, porque demonstra que todos os dias do ano sao sagrados. E um santuario é santo porque demonstra que todos os lugares sao santificados. Do mesmo modo, Cristo

nasceu para demonstrar que todos os homens sao filhos de Deus"» (//

canto degli uccelli, 188). A. de Mello mostra certamente urna adesáo pessoal a Cristo, do qual se declara discípulo (Alie sorgenti, 13, 99), no qual eré (pág. 108) e com o qual se encontra pessoalmente (pág. 109ss; 117ss). A sua presenca transfigura (cf. pág. 90s). Mas outras afirmacóes sao desconcertantes: Jesús é mencionado como um mestre entre muitos: «Lao-Tse e Sócrates, Buda e Jesús, Zarathustra e Maomé» (Un minuto di saggezza, 13). Na cruz, Jesús aparece como aquele que Se libertou per-

feitamente de tudo: «Vejo o Crucificado despojado de tudo: Privado da sua dignidade... Privado da sua reputacáo... Privado de todo o apoio... Privado do seu Deus... Enquanto olho para aquele corpo sem vida, compreendo pouco a pouco que estou a olhar para o símbolo da libertacáo suprema e total. Precisamente porque pregado na cruz, Jesús torna-Se vivo e livre... Assim agora contemplo a majestade do homem que se li bertou de tudo aquilo que nos torna escravos, que destrói a nossa felicidade...» (Alie sorgenti, 92-93). Jesús na cruz é o homem livre de todos os lagos, tornou-Se portante o símbolo da libertacáo interior de tudo aquilo a que estávamos apegados. Mas Ele é algo mais do que o homem livre? É Jesús o meu salvador ou me remete simplesmente para urna realidade misteriosa que O salvou? «Entrarei porventura em contato, Senhor, com a fonte da qual derivam as tuas palavras e a tua sabedoria? Encontrarei talvez as fontes da tua coragem?» (ibid. 116). «O aspecto melhor de Je sús ó que Se encontrava á vontade com os pecadores, porque entendía que em nada era melhor do que eles... A única diferenca entre Jesús e os pecadores era que Ele estava despertó e eles nao» (Messagio per un'aquila che si crede un pollo, 37; também La iluminación es la espiritualidad, 30; 62). A presenca de Cristo na Eucaristía nao é senáo um símbolo, que remete para urna realidade mais profunda, a presenca de Cristo na criacáo: «Toda a críacáo é Corpo de Cristo, e tu acreditas que só está na Eucaristía. A Eucaristía indica essa críagáo. O Corpo de 570

ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

43

Cristo está em toda parte, e tu so reparas no seu símbolo que está a indicar-te o essencial que é a vida» (La iluminación es la espiritualidad, 61). A Sorte Final do Homem O ser do homem parece destinado a urna dissolucáo, como a do sal na agua: «Antes que aquele último pedacinho se dissolvesse, a bo-

neca (de sal) exclamou admirada: "Agora sei quem sou!"» (// canto degli uccelli, 134). Noutros momentos declara-se irrelevante a questáo da vida para além da morte: «"Existe a vida depois da morte?... e essa a ques

táo!", respondeu o mestre de maneira enigmática» {Un minuto disaggezza,

93; cf. ibid. 37). «Um bom sintoma de que estáis acordados é que nao vos importa nada daquilo que acontecerá na próxima vida. O pensamen-

to nao vos perturba; nao vos importa. Nao vos interessa... e basta» (Messagio per un'aquila che sicrede un polio. 50-51; também Messagio..., 166). Talvez ainda com maior clareza: «Para que preocupar-se com o amanhá? Há urna vida depois da morte? Sobreviverei após a morte? Para que preocupar-se com o amanhá? Entrai no presente» (Messagio..., 126). «A idéia que a gente tem da eternidade é estúpida. Pensa que dura para sempre porque está tora do tempo. A vida eterna é agora, está aqui» (La iluminación es la espiritualidad, 42). A Igreja

Em diversos pontos dos seus livros, sao criticadas de modo indiscriminado as instituicoes eclesiásticas: «Profissionais assumiram completamente o controle da minha vida religiosa...» (// canto degli uccelli, 74s). A funcáo do Credo ou a profissáo da fé é julgada de maneira nega tiva, como aquilo que impede o acesso pessoal á verdade e á iluminacáo. Assim aparece com diversos matizes em ibid. pág. 50; 59; 52s; 212. «Quando já nao te fizer falta agarrar-te ás palavras da Biblia, esse será o momento em que esta se converterá para ti em algo muito bonito e

revelador da vida e da sua mensagem. Ó mais triste é que a Igreja oficial

se dedicou a configurar o ídolo, a encerrá-lo, defendé-lo, coisificando-o sem saber contemplar o que realmente significa» (La iluminación es la espirítualid, 66). Idéias semelhantes sao expostas em La preghiera della rana, vol. 1,21; 133; 135; 139: «Um pecador público foi excomungado e foi-lhe proibido entrar na igreja. Ele foi lamentar-se com Deus. "Nao me deixam entrar, Senhor, porque sou um pecador". "De que te lamentas?", disse Deus. "Nao sequer Me deixam entrar a Mim!"» (ibid. 148). O Pecado

O mal é apenas ignorancia, falta de iluminacáo: «Quando Jesús olha para o mal, chama-o com o seu nome e condena-o sem hesitacáo. 571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

Só que onde eu vejo maldade, Ele vé ignorancia... «Pai, perdoa-lhes..." (Le 23, 34)» (Alie sorgenti, 191). Certamente, este texto nao reflete todo o ensinamento de Jesús sobre o mal do mundo e sobre o pecado; Jesús

acolheu os pecadores com profunda misericordia, mas nao negou o seu pecado, antes convidou á conversao. Noutras passagens, encontramos afirmacóes ainda mais radicáis: «Nada é bom ou mau, é o pensamento que assim o torna» (Un minuto di saggezza, 115). «De fato, nao existe nem bem nem mal, nos homens ou na natureza. Existe apenas urna avaliacáo mental imposta a esta ou áquela realidade» (Istruzioni di voló per aquile e polli, 100; ibid. 104-105). Nao há motivo para se arrepender dos pecados, urna vez que a única coisa que conta é despertar para o conhecimento da realidade: «Nao choréis sobre os vossos pecados. Por que chorar pelos pecados que cometestes no sonó?» (Messaggio per un'aquila che si crede un pollo, 33; ibid. 51, 166). A causa do mal é a ignorancia (Shockdiun minuto, 260). O pecado existe, mas é um ato de loucura (La iluminación es la espiritualidad, 63). Assim o arrependimento consiste em voltar á realidade (cf. ibid. 48). «O arrependimento é urna mudanca da mente: urna visáo radicalmente diversa da realidade» (Shock di un minuto, 262).

Entre estas diversas afirmacóes existe, certamente, urna conexáo interna: se se póe em questáo a existencia de um Deus pessoal, nao tem sentido que Ele Se nos dirija com a sua palavra. A Escritura, portante nao tem um valor definitivo. Jesús é um mestre como os outros; só ñas primeiras obras do Autor é que aparece como o Filho de Deus. Esta afirmacáo teria pouco sentido dentro da concepcio de Deus a que nos aca bamos de referir. Conseqüentemente nao se pode atribuir valor ao ensi namento da Igreja. A nossa sobrevivencia pessoal para além da morte é

problemática, se Deus nao é pessoa. É claro que tais concepcóes sobre Deus, sobre Cristo e sobre o homem nao sao compatfveis com a fé crista. Portante nao podia faltar urna tomada de posicáo esclarecedora por parte de quem tem a responsabilidade de tutelar a doutrina da fé, para por de sobreaviso os fiéis quanto aos perigos presentes nos escri tos do Padre A. de Mello ou, em todo o caso, a ele atribuidos. Refletindo...

Como insinúa a Nota Ilustrativa em sua Conclusáo, a raíz das di vergencias entre o pensamento de Anthony de Mello e o pensamento católico está no conceito de Deus. A nocáo de um Deus impessoal con trasta com a nocáo bíblica de um Deus pessoal... Pessoal, nao porque tenha configuracao humana, mas porque é um Serperfeitíssimo, imaterial, dotado de inteligencia e vontade. Segundo as Escrituras, Deus é distinto do homem; conhece-o e ama-o. Deus criou cada ser humano por amor 572

ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E CATOLICISMO

45

gratuito, a fim de o levar ao consorcio da bem-aventuranca divina; acompanha cada qual com a sua graca no decorrer desta vida, porque seu amor é irreversível, apesar das deficiencias da criatura. Alias, o nome com que Deus se revelou ao povo santo é Javé - o que quer dizer: "Eu sou Aquele que está contigo"; "estou contigo" é expressáo que retorna freqüentemente no texto bíblico. Desta verdade se segué a re-criacáo do homem após o pecado dos primeiros pais mediante a obra de Jesús Cristo, verdadeiro Deus, que assumiu tudo o que é do homem para darIhe um sentido positivo. Segue-se a continuacáo da obra de Cristo no Grande Sacramento da Igreja, que tem por centro a Eucaristía, penhor da vida eterna.

O cristáo nao é seu próprio salvador; ele conta com a iniciativa de Deus, que Ihe suscita confianca e paz na luta de cada dia.

A Autoridade da Verdade, por José Ignacio González Faus. Tradugáo de Gilmar Saint Clair Ribeiro. - Ed. Loyola, Sao Paulo 1998, 160 x 220 mm,283pp.

O livro tem por subtítulo "Momentos obscuros do magisterio eclesi ástico". Enumera trinta e seis casos em que o magisterio da Igreja parece terse engañado. O livro impressiona o leitorporsua erudigáo, pondo em foco episodios da historia da Igreja, que váo desde o século IX até nossos tempos (atitude perante o nacional-socialismo). A conclusáo que, á primeira vista, vem sugerida, diría que é preciso relativizar o magisterio da Igreja. Todo cristáo teña o direito dejulgaro magisterio, colocándose ácima dele. - Tal atitude seria deletéria, redundando no esfacelamento da Igreja, de que é vítima o protestantismo. - Na verdade, devemos dizer que o Senhor Jesús quis garantirá sua Igreja (a minha Igreja, conforme Mt 16,18) a indefectibilidade em materia de fé e Moral, de modo a assegurar a transmissáo incólume do depósito da Revelagáo divina; cf. Mt 16,16-19; Le 22,31s; Jo 21,15-17; Jo 14,26; 16,13-15. Afirmou: "Estarei convosco até a consumagáo dos séculos" (Mt 28,20), referindose aos Apostólos e seus sucessores. Em questóes que nao afetam diretamente

o Credo, os Bispos podem estar sujeitos ás limitagóes humanas; González

Faus aponta os casos de Joana d'Arc, Galileo Galilei, a supressáo da Companhia de Jesús, a oposigáo aos principios da Revolugáo Francesa, á democracia, ao mundo moderno, ao ecumenismo, a Teilhard de Chardin... Sao questóes portadoras de facetas diversas, que outrora podiam ser consideradas de modo diferente da maneira como hoje as enca ramos. Também nao se pode negar que tenha havido erros cometidos

por prelados eaté por Papas em materia nao explícitamente ligada á fé; o misterio da Encarnagáo ou do Deus que fala e salva mediante a fragili(Continua na p. 547) 573

Devocio popular:

SANTO EXPEDITO: QUEM FOI? Em síntese: A devogao popular venera Santo Expedito como

patrono das causas urgentes. Na verdade, pouca coisa de ceño se sabe a respeito deste Santo, cuja existencia mesma é posta em dúvida, como

se depreende de quanto vai, a seguir, ponderado. É de estranhar que a

comunidade oriental ortodoxa convide os católicos para venerar Santo Expedito, Santo latino (?), numa igreja oriental. *

*

*

O jornal O DÍA, edicáo de 1s/9/98, publicou a seguinte noticia pro veniente da Igreja Oriental Ortodoxa do Rio de Janeiro situada á Rúa Leopoldina Regó 917 (Penha): Santo Expedito Venerado na Igreja

Se vocé está com algum PROBLEMA DE DIFÍCIL SOLUCÁO e

precisa de AJUDA URGENTE, pega ajuda a SANTO EXPEDITO, que é o Santo dos Negocios que precisam de Pronta Solugáo e cuja invocagáo nunca é tardía.

OragSo1 - Meu Santo Expedito das causasjustas e urgentes, interce da por mim junto ao nosso Senhor Jesús Cristo, socorre-me nesta hora de afligao e desespero. Vos que sois o Santo dos desesperados, Vos que sois

o Santo das causas urgentes, proteja-me, ajuda-me, dai-me forga, coragem e serenidade. Atenda ao meu pedido. Tazer o pedido"; Meu Santo Expedito! Ajuda-me a superar estas horas difíceis, proteja-me de todos que possam me prejudicar, proteja a minha familia, atenda ao meu pedido com urgencia. Devolva-me a Paz e a tranquilidade. Meu Santo Expedito! Serei grato pelo resto de minha vida e levareiseu nome a todos que tem fé. Muito obrigado. Rezar um Pal Nosso, urna Ave Mana e fazer o sinal da Cruz. Tal noticia sugere algumas reflexóes:

1) Santo Expedito é conhecido no Ocidente como um grande

taumaturgo, patrono das causas urgentes que váo sendo proteladas, pois 0 nome Expedítus em latim quer dizer despachado, rápido. 2) Quem foi Santo Expedito?

A resposta é lacónica. O Martirologio Romano (catálogo de San tos), aos 19/4 registra os nomes de seis Santos, entre os quais Expedi-

to, sobre o qual nao refere noticia alguma. O próprio nome é de origem

1 Nao podemos deixar de registrar os varios erros de concordancia que há nesta oragáo (N.d.R.)

574

SANTO EXPEDITO: QUEM FOI?

47

discutida, pois a pessoa de Expedito nao é conhecida na historia. Encontram-se duas explicares para tal nome: a) Seria devido a um erro de copista, que nave ría escrito Expeditas em lugar de Elpidius, nome este que se encontra em algumas recensóes do Martirologio Romano.

b) A outra explicacáo narra que um caixote portador de reliquias retiradas de catacumbas da Italia foi enviado a um convento de Religio sas de Paris. A data da respectiva remessa estava assinalada mediante a palavra italiana spedito (expedido, entregue ao Correio), mas as Irmas teráo confundido esse vocábulo funcional com o nome do presumido mártir cujas reliquias estariam dentro do caixote. Em conseqüéncia teráo pro

pagado a devocáo a esse pretenso Santo. O respectivo nome Ihe terá valido o título de patrono das causas urgentes, mas proteladas. - Esta explicacáo é pouco verossímil, merecendo mais crédito a anterior. O fato é que no século XVIII os católicos da Alemanha tinham San to Expedito como tutor das causas demoradas. Algumas imagens o representavam a esmagar um corvo debaixo dos pés, pois o corvo costu-

ma gritar Cras! Cras! - o que em latim significa Amanhá! Amanhá! O

corvo era considerado como o símbolo dos adiamentos ou das pro-cras-

tinacóes dos negocios deixados para o dia seguinte. O nome e a imagem de Santo Expedito significariam a prontidáo ou a rapidez da solucáo.

Pode-se ainda notar que em 1781 a cidade de Aureale na Sicilia tinha Santo Expedito como padroeiro. Em suma, a devocáo a Santo Expedito tem origem obscura; talvez nunca tenha existido tal Santo. A Igreja Católica nao se opóe á devocáo a S. Expedito considerado como patrono das causas urgentes. Nada de herético ai se pratica. Mas a Igreja reconhece que nada se sabe a respeito desse Santo, cujo nome pode estar equivocado. Muito menos se pode dizer que foi guerreiro, como sugere a oracáo transcrita atrás. É estranho que urna comunidade oriental nao católica chame os fiéis católicos para venerar Santo Expedito (Santo latino?) num templo oriental. Algo de semelhante se dá com a invocacáo de S. Antonio de

Categeró (franciscano de Cartago, África, que nunca foi canonizado) na mesma igreja oriental nao católica. (Continuagáo da pág. 576):

Nao tenham vergonha de dizer que me amam. Eu necessito desse carinho e amor para poder transmití-lo a voces e aos outros.

Nao desistam nunca de me ensinar o bem, mesmo quando eu pare

cer nao estar aprendendo. Insistam através do exemplo e, no futuro, voces veráo em mim o fruto daquilo que plantaram. Autor Desconhecido. 575

48

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 439/1998

PEDIDO QUE UMA CRIANZA FAZ A SEUS PAÍS Nao tenham medo de ser firmes comigo. Pref¡ro assim. Isto faz com

que eu me sinta mais seguro.

Nao me estraguem. Sei que nao devo ter tudo o que peco. Só estou

experimentando voces.

Nao deixem que eu adquira maus hábitos, dependo de voces para

saber o que é certo e o que é errado.

Nao me corrijam com raiva nem na presenca de estranhos. Aprenderei muito mais se me falarem com calma em particular. Nao me protejam das conseqüéncias de meus erros, ás vezes eu

preciso de aprender pelo caminho áspero.

Nao levem muito a serio as minhas pequeñas dores. Necessito de-

las para poder amadurecer.

Nao sejam irritantes ao me corrigirem. Se assim o fizerem, eu poderei fazer o contrario do que me pedem. Nao me facam promessas que nao poderáo cumprir depois. Lembrem-se de que isto me deixa profundamente desapontado.

Nao ponham á prova a minha honestidade, sou fácilmente levado a

dizer mentiras.

Nao me apresentem um Deus carrancudo e vingativo, isto me afas-

taria d'Ele.

Nao desconversem quando faco perguntas; senáo serei levado a procurar as respostas na rúa todas as vezes que nao as tiver em casa.

Nao se mostrem para mim como pessoas infalíveis. Ficarei extre mamente chocado quando descobrir um erro de voces. Nao digam simplesmente que meus receios e medos sao bobos.

Ajudem-me a compreendé-los e vencé-los.

Nao digam que nao conseguem controlar-me. Eu me julgarei mais

forte que voces.

Nao me tratem como urna pessoa sem personalidade. Lembrem-se

de que eu tenho o meu próprio modo de ser.

Nao vivam apontando-me os defeitos das pessoas que me cercam, isto irá criar em mim, mais cedo ou mais tarde, o espirito de intolerancia. Nao se esquecam de que eu gosto de experimentar as coisas por mim mesmo. Nao queiram ensinar tudo para mim. (Continua na pág. 575) 576

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índice Geral de 1998

ÍNDICE (Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página)

ABORTO- ACADEMIA DE MEDICINA DO PARAGUAI

433/1998, p. 282

"CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR" (CDD)... 430/1998, p. 115 E BERNARD NATHANSON

429/1998, p.

E CRUELDADE DOS ADULTOS FATO REAL

438/1998, p. 526 438/1998, p. 526

70

PAPA E BISPOS ALEMÁES ACCATTOLI, LUIGI - "QUANDO O PAPA PEDE PERDÁO" ACORDÓ LUTERANO-CATÓLICO SOBRE A JUSTIFICACÁO ...

434/1998, p. 303 434/1998, p. 463 437/1998, p. 470

ANTHONY DE MELLO S.J. E CATOLICISMO

439/1998, p. 563

APOSTA DE BLAISE PASCAL

437/1998, p. 434

AGOSTINHO E FLÓRIA EMÍLIA ANTICRISTO: QUEM É ELE?

433/1998, p. 275 436/1998, p. 411

B

BALASURIYA, TISSA E EXCOMUNHÁO

433/1998, p. 256

BETTO, FREÍ: "QUERIDO PAPA"

430/1998, p. 101

BÍBLIA: A IGREJA ACRESCENTOU LIVROS?

432/1998, p. 194

CAMELO E FUNDO DE AGULHA

431/1998. p. 146

MAGNÍFICAT DE MARÍA

435/1998, p. 383

RESSURREICÁO DE LÁZARO, SIMBÓLICA?

435/1998, p. 383

BOFF, LEONARDO: INFERNO EXISTE?

432/1998, p. 212

"BRIDA" DE PAULO COELHO

438/1998, p. 509

CALENDARIO DAS RELIGIÓES ABRAÁMICAS

431/1998, p. 173

CAMELO E FUNDO DE AGULHA

431/1998, p. 146

CANON BÍBLICO CATÓLICO DOS CRISTÁOS ORIENTÁIS CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA: EDigÁO OFICIAL E LIMITACÁO DA PROLE

p. p. p. p.

194 234 74 78

E PENA DE MORTEA

429/1998, p.

79

E HOMOSSEXUALISMO

429/1998, p.

77

E TRANSPLANTE DE ÓRGÁOS

CATOLICISMO E ESPIRITUALIDADE ORIENTAL

CATÓLICOS E LUTERANOS EM DIÁLOGO 578

432/1998, 432/1998, 429/1998, 429/1998,

429/1998, p. 77 439/1998, p. 563

439/1998, p. 557

ÍNDICE GERAL DE 1998

NO MUNDO: ESTATÍSTICA

51

429/1998, p. 91

PELO DIREITO DE DECIDIR (CDD)

430/1998, p. 115

CÍRCULOS DA FÉ E OBRAS SOCIAIS: que é?

428/1998, p. 35

CLONAGEM E IMPLICACÓES

428/1998, p. 29

HUMANA?

CÓDIGO DE DIREITO CANÓNICO COMPLEMENTADO COELHO PAULO: "BRIDA"

433/1998, p. 242

438/1998, p. 496 438/1998, p. 496

"ÑAS MARGENS DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI"

438/1998, p. 515

COMUNHÁO EUCARÍSTICA E DIVORCIADOS RE-CASADOS

COMUNISMO: QUEDA DO

431/1998, p. 162

433/1998, p. 251

COMUTACÓES DE PENITENCIA CONCEITOS DE DEUS: AMBIGÜIDADES

437/1998, p. 459 438/1998, p. 516

CONGELAMENTO DE CADÁVERES HUMANOS

435/1998, p. 378

CONCETTI, GINO: ESPIRITISMO E IGREJA CATÓLICA

434/1998, p. 325

CURAS PORTENTOSAS E CHARLATANISMO

428/1998, p.

24

DECLARAQÁO DO RIO DE JANEIRO SOBRE A FAMÍLIA

429/1998, p. 50

"DER STELLVERTRETER" (O REPRESENTANTE): pega de Rolf Hochhut

434/1998, p. 290

DEVOQÁO POPULAR: SANTO EXPEDITO

439/1998, p. 574

"DÍA DO SENHOR": CARTA APOSTÓLICA DE JOÁO

PAULO II

DÍAS SANTOS DE GUARDA

438/1998, p. 482

438/1998, p. 490

DIVORCIADOS RE-CASADOS E COMUNHÁO

DÍZIMO E IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS DONOHUE, WILLIAM A.: PIÓ NAO SE CALOU DOUTORES DA IGREJA: ELENCO

EUCARÍSTICA

431/1998, 436/1998, 438/1998, 429/1998,

LUTERO" "DUAS BABILONIAS" por Mary Schultze

437/1998, p. 464 437/1998, p. 473

DUARTE, LENEIDE: "A RECONCILIAQÁO DO VATICANO COM :

ESPIRITISMO: IGREJA RESOLVE ACEITAR? ESPIRITUALIDADE ORIENTAL E PADRE ANTHONY DE MELLO, S.J

ESPÓRTULAS DE MISSA: QUE SAO? "COLETIVAS"

p. 162 p. 417 p. 528 p. 87

434/1998, p. 325 439/1998, p. 563

435/1998, p. 345 435/1998, p. 355

EVOLUCÁO DEMOGRÁFICA: REALIDADE E RESPONSABILI DADES EXPEDIDO, SANTO: QUEM FOI?

579

435/1998, p. 366 439/1998, p. 574

52

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

FÁMÍLIA: DECLARACÁO DO RIO DE JANEIRO E ORGANIZACÓES INTERNACIONAL

429/1998, p. 50 429/1998, p. 56

FESTAS DAS RELIGIÓES ABRAÁMICAS

431/1998, p. 173

FERRAMENTAS DO DIABO

432/1998, p. 237

FIM DO MUNDO E ANTICRISTO

436/1998, p. 411

DATA DO

439/1998, p. 540

IMINENTE VOLTA DE CRISTO? "FOLHA UNIVERSAL": GRAVES ERROS

439/1998, p. 530 435/1998, p. 372

"AS DUAS BABILONIAS"

437/1998, p. 473

CURIOSIDADE SOBRE OS PAPAS

435/1998, p. 375

IMPERIO ROMANO E VATICANO SEGUNDO A BÍBLIA JURAMENTO DOS JESUÍTAS

435/1998, p. 372 434/1998, p. 335

FUNDAMENTALISMO MUQULMANO

437/1998, p. 466

GLENDON, MARY ANNE, E FAMILIA

429/1998, p.

GONQALVES DO AMARAL, EDVALDO, E DIVORCIADOS RECASADOS

436/1998, p. 431

GOBBI, PE. STEFANO E LOCUCÁO INTERIOR

56

436/1998, p. 408

H HIV E PRESERVATIVOS HOCHHUT, ROLF: "DER STELLVERTRETER"

438/1998, p. 523

434/1998, p. 290

HOMEM E MACACO: DIFERENQAS PSÍQUICAS HORÓSCOPO: FALHAS HORRELL, J. SCOTT: "MACONARIA E FÉ CRISTA"

428/1998, p. 21 432/1998, p. 216 430/1998, p. 124

I

IGREJA CATÓLICA E ESPIRITISMO

434/1998, p. 325

E DINHEIRO

435/1998, p. 350

NORMAS DE COMPORTAMENTO NA

435/1998, p. 383

OPINIÁO PÚBLICA

433/1998, p. 283

PESSOA E PESSOAL

434/1998, p. 306 e

POR SER FIEL A

435/1998, p. 362

435/1998, p. 361

SANTIDADE E PECADO NA

435/1998, p. 363

UNIVERSAL DO REINO DE DEUS

434/1998, p. 335

UNIVERSAL E DÍZIMO

580

436/1998, p. 417

ÍNDICE GERAL DE 1998

53

IMAGENS SAGRADAS E JOÁO PAULO II INCESTO: "VOCÉ DECIDE" INDULGENCIAS: QUE SAO? INFERNO: EXISTENCIA INQUISICÁO EM PORTUGAL E PODER REGIO

430/1998, 432/1998, 437/1998, 432/1998, 435/1998,

INQUISIDORES, MANUAL DOS

436/1998, p. 392

JESUÍTAS: "MÓNITA SECRETA" JOÁO PAULO II: ABORTO BÉNCÁO PAPAL

434/1998, p. 335 434/1998, p. 316 430/1998, p. 411

COMUNISMO ELENCO DAS OBRAS CARITATIVAS IMAGENS SAGRADAS

"PARA TUTELA DA FÉ"

p. p. p. p. p.

98 224 457 212 338

433/1998, p. 251 434/1998, p. 308 430/1998, p. 98

438/1998, p. 492

"SALVOU-ME A VIDA" JOSEPH, MONS. JOHN - PROTESTO DE UM BISPO

432/1998, p. 210 437/1998, p. 465

JUSTIQA E PAZ: DOCUMENTO SOBRE REFORMA AGRARIA..

434/1998, p. 328

JURAMENTO E PROFISSÁO DE FÉ

JUSTIFICACÁO: LUTERANOS E CATÓLICOS EM DIÁLOGO ....

438/1998, p. 492

439/1998, p. 557

K KRAMER, HENRICH E JAMES SPRENGER "O MARTELO DAS FEITICEIRAS"

436/1998, p. 392

LARRAÑAGA, FREÍ IGNACIO - OFICINAS DE ORACÁO

436/1998, p. 386

LECOMTE, BERNARD: "O PAPA QUE VENCEU O COMUNISMO"

433/1998, p. 251

LEIGOS E CLÉRIGOS: COLABORACÁO LIMITACÁO DA PROLE E CATECISMO

431/1998, p. 152 429/1998, p. 78

LUTERO, MARTINHO: AS 95 TESES

437/1998, p. 439

LOCUCÁO INTERIOR: QUE É? LUTERANOS E CATÓLICOS EM DIÁLOGO E MARÍA SANTÍSSIMA

436/1998, p. 408 439/1998, p. 557 429/1998, p. 81

ONTEM E HOJE RICARDO GARCÍA VILLOSLADA

439/1998, p. 548 437/1998, p. 456

M MACCARI, CARLO: "A NOVA ERA DIANTE DA FÉ CRISTA" 581

430/1998, p. 136

54

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

"MAQONARIA E FÉ CRISTA" (J. SCOTT HORRELL)

430/1998, p. 124

MAGIA E PAULO COELHO

438/1998, p. 509 e

"MALLEUS MALEFICARUM" ("O Martelo das Feiticeiras") MANUAL DOS INQUISIDORES: ("O Martelo das Feiticeiras")

MARÍA SANTÍSSIMA E LUTERO

515

436/1998, p. 392 436/1998, p. 392

429/1998, p. 81

MARTÍNEZ GARCÍA E BÁRRELA TREBOLLA: "OS HOMENS DE QUMRAN"

432/1998, p. 203

MATERNIDADE: DIREITOS

426/1998, p.

MATLARY, JANNE HAALAND: DIREITOS DA MATERNIDADE .. MELLO, S. J. PADRE ANTHONY DE

428/1998, p. 2 439/1998, p. 563

MISSA: ESPÓRTULAS DE MISSAS "COMUNITARIAS" PARTICIPAQÁO MEDIANTE TV E RADIO PRECEITO DOMINICAL VALOR INFINITO, FRUTOS LIMITADOS

MÓNITA SECRETA (ADMOESTACÓES SECRETAS) MÓRMONS: QUEM SAO? MORTE E MADRE TERESA DE CALCUTA "MUNDO EVANGÉLICO": FALHAS

2

435/1998, p. 345 435/1998, p. 355 438/1998, p. 487 438/1998, p. 485 435/1998, p. 348

434/1998, 433/1998, 431/1998, 428/1998,

p. p. p. p.

335 263 184 46

N "NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI" de

NATALIDADE DECLÍNIO DA NA AMÉRICA LATINA

PAULO COELHO

NATHANSON, BERNARD E ABORTO

438/1998, p. 515

435/1998, p. 366 435/1998, p. 369 429/1998, p.

433/1998, 437/1998, 430/1998, 428/1998,

OBJEgÁO DE CONSCIÉNCIA OFICINAS DE ORACÁO: RECONHECIDAS E APROVADAS

428/1998, p. 48 436/1998, p. 386

OPINIÁO PÚBLICA E IGREJA ORACÁO - OFICINAS DE ORAQÓES E COPA DO MUNDO

433/1998, p. 283 436/1998, p. 386 437/1998, p. 470

PAPA E IMAGENS SAGRADAS

430/1998, p.

"O MARTELO DAS FEITICEIRAS" (Manual dos Inquisidores)

582

p. p. p. p.

70

NATURIVIDA: QUE É? NECROMANCIA E CONTAMINAgÁO NOVA ERA E FÉ CRISTA (C. MACCARI) NUNES, ISMAEL ESTÉVÁO DA SILVA - quem é?

262 478 136 35

436/1998, p. 392

98

ÍNDICE GERAL DE 1998

55

E PRIMADO DE PEDRO NO NOVO TESTAMENTO

436/1998, p. 424

PEDE PERDÁO PAPADO, ORIGEM DO PAQUISTÁO E FUNDAMENTALISMO PARÁBOLAS NAO BÍBLICAS PASCAL, BLAISE: A APOSTA DE

PECADO ORIGINAL E POVOS PRIMITIVOS PEDIDO QUE UMA CRIANCA FAZ A SEUS PAÍS PENA DE MORTE NO CATECISMO

434/1998, p. 303 436/1998. p. 423 437/1998, p. 465 432/1998. p. 235 437/1998, p. 434

e

PENITENCIA: COMUTAQÓES DE

PEREIRA, JADER: "UM ANJO FALA COMIGO: UNJA OS

DOENTES"

PIÓ XII E OS JUDEUS em "DER STELLVERTRETER"

E WILLIAM A. DONOHUE PIUS WASNT SILENT - PIÓ NAO SE CALOU PLÍNIO O JOVEM A TRAJANO IMPERADOR PODER REGIO E INQUISICÁO EM PORTUGAL

PRESERVATIVOS E HIV PROFECÍAS. ADIVINHAQÁO E REALIDADE HISTÓRICA DE FIM DE ANO DE LOCUCÁO INTERIOR IMINENTE VOLTA DE CRISTO? SETEMBRO 1998: MES SINISTRO?

PROFISSÁO DE FÉ E JURAMENTO PROSPERIDADE MATERIAL E RELIGIÁO

PROTESTANTISMO E MARÍA SANTÍSSIMA

PROTESTO DE UM BISPO

PSIQUISMO: DIFERENCAS NO HOMEM E NO MACACO

429/1998, p. 94 439/1998, p. 576 429/1998, p. 75 79

437/1998, p. 459 428/1998, p.

40

434/1998, p. 290

438/1998. p. 528 438/1998, p. 528 432/1998. p. 230

435/1998, p. 338

438/1998, p. 523 437/1998, p. 470 431/1998. p. 192

436/1998, p. 408 439/1998, p. 530 436/1998, p. 405

438/1998, p. 492 438/1998, p. 504 429/1998, p. 81

437/1998. p. 465 428/1998, p. 21

«QUANDO O PAPA PEDE PERDÁO": LUIGI ACCATTOLI

434/1998. p. 303

QUMRAN: "OS HOMENS DE QUMRAN"

432/1998, p. 203

"QUERIDO PAPA" (FREÍ BETTO)

RATZINGER, JOSEPH: "SAL DA TÉRRA"

ESCLARECIMENTO AO MOTU PROPRIO AD

TUENDAMFIDEM

NOTIFICACÁO SOBRE ESCRITOS DO PE. ANTHONY DE MELLO. S.J

REFORMA AGRARIA E DOCUMENTO DA SANTA SÉ RELIGIÁO- FATOR DE PROSPERIDADE MATERIAL?

RIQUEZA E SABEDORIA

583

430/^9f' P' 1J1

431/1998, p. 188 438/1998, p. 498

439/1998, p. 563

434/1998. p. 328 438/1998, p. 504

438/1998. p. 506

56

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

"SAL DA TÉRRA" (JOSEPH RATZINGER)

SALVAQÁO DO HOMEM E ANTHONY DE MELLO FORA DA IGREJA VISÍVEL SEGUNDO A MAQONARIA

"MISSÁO DO REDENTOR"

431/1998 p 188

439/1998* p 569

438/1998 p 499 430/1998 p 128

438/1998 p 502

SANTIDADE E PECADO NA IGREJA

435/1998 p 363

SCHULTZE, MARY - "AS DUAS BABILONIAS"

437/1998* p 473

SfJA!

438/1998,'p. 507

"CUIDADO COM A BÉNQÁO DO PAPA"

SÉNECA E VALOR DO TEMPO

SEPARADOS E RE-CASADOS

:

SETEMBRO 1998: MES SINISTRO?

SEXO SEGURO?

430/1998, p. 111

429/1998 p

96

436/1998 p 429

436/1998* d' 405

438/1998¡ £ 523

SÍMBOLOS RELIGIOSOS E PUBLICIDADE SUICÍDIO E PROTESTO DE UM BISPO

432/1998 p 219 437/1998* p. 465

TEMPO NA CONCEPQÁO JUDAICO-CRISTÁ

429/1998 p

93

TESES DE MARTINHO LUTERO, AS 95 TERESA DE CALCUTTÁ (ME.) E MORTE LISIEUX, DOUTORA DA IGREJA

437/1998* p 439 431/1 ggs' p 184 429/1998* p 187

TRANSPLANTE DE ÓRGÁOS E CATECISMO

429/1998* p. 77

TISSA BALASURIYA E EXCOMUNHÁO

433/1998 p' 256

u UM RATO REAL (testemunho)

"UM POUCO DE ETIQUETA NAO FAZ MAL"

VIDENTES - IMINENTE VOLTA DE CRISTO?

VILLOSLADA, R. GARCÍA, E LUTERO

"VITA BREVIS"

438/1998 p 526

435/1998,' p. 383

439/1998 p 531

437/1998* D 456

433/1998; £ 275 W

WEISS, KARL - GRAVES ERROS DA "FOLHA UNIVERSAL" "JURAMENTO DOS JESUÍTAS" 584

435/1998 p 372 434/1998, p. 335

ÍNDICE GERAL DE 1998

57

"WOJTYLA SALVOU-ME A VIDA"

432/1998, p. 210

ZIRER, EDITH: "KAROL WOJTYLA ME SALVOU A VIDA"

432/1998, p. 210

EDITORIAIS A DAMA SABEDORIA A PARÁ-OIKIA (PARÓQUIA) DO CRISTÁO CHAMADOS AO HEROÍSMO

432/1998, p. 193 429/1998, p. 49 436/1998, p. 385

"NA PLENITUDE DOS TEMPOS" (Gl 4,4) O CORAQÁO ABERTO

439/1998, p. 529 433/1998, p. 241

"Ó MORTE, ONDE ESTÁ A TUA VITORIA?" (1Cor 15,54)

438/1998, p. 481

"EIS QUE FAQO NOVAS TODAS AS COISAS" (Ap 21,5)

O CORPO HUMANO

O OITAVO DÍA QUEM É O MAIOR?

"RESSUSCITOU AO TERCEIRO DÍA..." (1Cor 15,3)

VENCER

428/1998, p.

1

435/1998, p. 337

437/1998, p. 433 430/1998, p. 97 431/1998, p. 145

434/1998, p. 289

LIVROS APRECIADOS

ACCATTOLI, LUIGI. QUANDO O PAPA PEDE PERDÁO AQUINO, PROF. FELIPE. "A MINHA IGREJA"

ENTRAI PELA PORTA ESTREITA

433/1998, p. 287 437/1998, p. 477 437/1998, p. 477

FAMÍLIA "SANTUARIO DA VIDA" .... BATTISTINI, F. O CAMINHO DA FELICIDADE

437/1998, p. 480 435/1998, p. 382

BATEREM Á SUA PORTA" BRUN, PE. NADIR JOSÉ. GRANDES ORACÓES FAUS, JOSÉ IGNACIO GONZÁLEZ. A AUTORIDADE DA VERDADE JOURNET, CHARLES. DEUS ESPÍRITO SANTO

437/1998, p. 456 435/1998, p. 371

MAILER, NORMA. O EVANGELHO SEGUNDO O FILHO

436/1998, p. 416

BONGERIE, DENIS. "SETESTEMUNHAS DE JEOVÁ

LEWIS, C.S. MERO CRISTIANISMO

MARIA-JESUS, PEDRO DE. MENSAGEM DA "MISERICORDIA INFINITA"

MARTIN-PRÉVEL, MICHEL REFAZER A VIDA? CARTA

ABERTA A UMA DIVORCIADA

PAGELS. ELAINE. ADÁO, EVA E A SERPENTE 585

439/1998, p. 573 438/1998, p. 508

428/1998. p. 28

435/1998, p. 384 436/1998, p. 410

428/1998, p. 45

58

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

PAGNONCELLI, MARÍA LUCIA DE CARVALHO. ENCONTROS DE CATEQUESE - CRISMA PAIVA, MARÍA DE PIEDADE MEDEIROS. CASAMENTO, PRA QUE TE QUERO?

PASSOS, ANTONIO CARLOS DE MORAES E ISABEL

CRISTINA LABATE MARCONDES. HIPNOSE .... SILBERSTEIN, AUGUSTO E PAULO MARCOS BRANCHER. PERGUNTE AO PAPA, 50 PERGUNTAS A

432/1998, p. 223 428/1998, p.

39

437/1998, p. 469

JOÁO PAULO II

429/1998, p. 80

DOUTRINA CRISTA

437/1998, p. 456

TANNUS, ROBERTO ANDRADE. O ESPIRITISMO E A

VALDÉS, ARIEL ÁLVAREZ. QUE SABEMOS SOBRE A BÍBLIA? 429/1998, p. 73 VARIOS AUTORES. GUIA LITERARIO DA BÍBLIA 437/1998, p. 438 JESÚS

431/1998, p. 187

AOS AMIGOS

CARO(A) LEITOR(A), JÁ QUE SE APROXIMA O NATAL, POR QUE

NAO PENSAR EM OFERECER A SEUS AMIGOS UMA ASSINATURA DE

PR, QUE TORNE VOCÉ PRESENTE A CADA UM(A) DELE(A)S TODOS

OS MESES DE 1999? A NOSSA REVISTA PRETENDE SER UM INFOR MATIVO QUE AJUDE A PONDERAR OS PROBLEMAS DE NOSSOS DÍAS. TODOS PRECISAMOS DE PENSAR PARA MAIS AMAR O NOSSO

IDEAL.

VOCÉ TAMBÉM TEM A SUA DISPOSICÁO DEZESSEIS CURSOS

POR CORRESPONDENCIA, QUE LHE PERMITIRÁO CONSOLIDAR A

SUA FE, TAO SOLICITADA POR PROPOSTAS RELIGIOSAS HETERO

GÉNEAS, E AJUDAR SEUS AMIGOS A DESCOBRIR A VERDADE. O

MAIS RECENTE DESSES CURSOS É O DE DEUS EM SUA UNIDADE E TRINDADE. EIS OS DEMAIS: INICIACÁO BÍBLICA, INICIACÁO TEOLÓ

GICA, TEOLOGÍA MORAL, HISTORIA DA IGREJA, LITURGIA, DIÁLO

GO ECUMÉNICO, OCULTISMO, PARÁBOLAS E PÁGINAS DIFÍCEIS DO

EVANGELHO, DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, ESCATOLOGIA, FILO SOFÍA, CRISTOLOGIA, MARIOLOGIA, ECLESIOLOGIA, ANTROPOLO GÍA TEOLÓGICA.

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VOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS E A FIGURA DE JESÚS CRISTO.

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586

ÍNDICE GERAL DE 1998

59

AO LEITOR E COLABORADOR

AMIGO, SE ESTA REVISTA LHE FOI ÚTIL, QUEIRA DIFUNDI-LA. LEMBRE-SE DE QUE MUITOS SEMELHANTES SOFREM DE PROBLE MAS QUE ELES NEM SABEM EQUACIONAR POR FALTA DE DADOS

BÁSICOS. PR DESEJA OFERECER MATERIA PARA REFLEXÁO.

QUEM OBTIVER TRES ASSINATURAS NOVAS.TERÁ DIREITO A QUARTA ASSINATURA GRATUITA. QUEIRA, POIS, DESTACAR ESTA FOLHA E ENVIÁ-LA A PR, CAIXA POSTAL 2666, 20001-970 - RIO DE

JANEIRO (RJ), DEVIDAMENTE PREENCHIDA, COM O NUMERARIO DAS ASSINATURAS.

ASSINATURAS NOVAS

1) Nome:

Enderezo completo:

2) Nome:

Endereco completo:

3) Nome:

Endereco completo:

ASSINATURA DE CORTESÍA Nome: Endereco completo: Doador:

587

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 439/1998

NO PRÓXIMO NATAL E NO DECORRER DO ANO VINDOURO,

TORNE-SE PRÉSENTE AOS SEUS AMIGOS DANDO-LHES O PRESENTE DE UMA ASSINATURA DE PR.

É AJUDANDO OS OUTROS A DESCOBRIR A BOA-NOVA DE JESÚS CRISTO

QUE SOMOS MAIS E MAIS PENETRADOS POR ESSA BOA-NOVA.

SANTO NATAL E FELIZ 1999,

CHEIO DE GRACAS E BÉNCÁOS

EM PREPARACÁO DO TERCEIRO MILENIO,

É O QUE DE CORACÁO DESEJA A TODOS OS AMIGOS

A DIRECÁO DE PR

588

Ediles "Lumen Christi" Báf3 AB EXCELSIS é um CD de música sacra interpretada por D. Félix Ferrá, osb, contendo arranjos instrumentáis de quatorze composicoes de Palestrina e Lassus, os dois maiores músicos católicos de todos os tempos «512,00. - O MOSTEIRO DE SAO BENTO DO RIO DE JANEIRO EM VÍDEO R$ 30,00. Urna visita á igreia do Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro, guiada por Dom Marcos Barbosa, OSB ao som dos sinos, do órgáo e das vozes de seus monges em canto Quatrocentos anos de trabalho e louvor em 20 minutos, frutos da paz e paciencia beneditina. Roteiro e locucáo: Dom Marcos Barbosa, OSB. Producáo: Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro

^^

ALGUNS LIVROS DE DOM ESTÉVÁO, DISPONÍVEIS EM NOSSA LIVRARIA: - CRENCAS RELIGIÓES & SEITAS: QUEM SAO? Um livro indispensável para a familia católica (Coletánea de artigos publicados na revista "O Mensageiro de Santo Antonio ) 2a edicáo. 165 págs. 1997 R5 7)ÜU- CATÓLICOS PERGUNTAM. Coletánea de artigos publicados na secio de cartas da revista "O Mensageiro de Santo Antonio". 1997. 165 págs ■. RS 7,00. - PÁGINAS DIFÍCEIS DO EVANGELHO. (O livro oferece-nos um subsidio seguro para

esclarecer as dúvidas mais freqüentes que se levantam ao leitor de boa vontade, trazendo-nos criterios claros e levando-nos a compreender que todas as palavras de Cristo sao de aplicacáo perene e universal), 2a edicáo. 1993, 47 págs RS 5,00.

- DIÁLOGO ECUMÉNICO, TEMAS CONTROVERTIDOS. Seu autor, D. Estéváo Bettencourt, considera os principáis pontos da clássica controversia entrecatohcos_e protestantes, procurando mostrar que a discussáo no plano teológico perdeu muito de

sua razio de ser, pois, nao raro, versa mais sobre palavras do que sobre conceitos ou proposicóes. 3a edi?áo. 1989, 380 págs K* ™>wPedidos pelo Reembolso Postal ou pagamento conforme 2a capa. AOS AMIGOS

CAROfM LEITOR(A) JÁ QUE SE APROXIMA O NATAL, POR QUE NAO PENSAR EM OFE-

RECERA SEUS AMIGOSTuMA ASSINATURA DE PR, QUE TORNE VOCÉ PRESENTE A CADA

SeLE(A)S^^ODOS OS MESES DE 1999? A NOSSA REVISTA PRETENDE SER UMWFOJ KoQUEAJuDEAPONDERAROSPROBLEMASDENOSSOSDIAS-TODOSPREa

MES DE NOVEMBRO DE 1998 MAIS O ANO DE 1999, POR APENAS R$ 30,00. PARA ISTO MANDE-NOS: NOMES E ENDEREQOS COMPLETOS DOS NOVOS ASSINANTES E O RESPECTIVO PAGAMENTO.

RENOVAQÁOOU NOVA ASSINATURA 1999: NÚMERO AVULSO

PARA PAGAMENTO, VEJA 28 CAPA. Pergunte e Responderemos ano 1997:

Encadernado em percalina, 590 págs. com índice (Número limitado de exemplares) R$ 50,00.

SU'!»" *

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N O V I D A D E Dom BENTO SILVA SANTOS, O.S.B. A imortalidade da alma no "Fédon" de Platáo. Porto Alegre, EDIPUCRS (em preparacáo).

Trata-se de um estudo sobre a dimensáo místico-ascética de Platáo, isto é, acerca

da conviccáo da existencia de uma vida para além da morte. "Na morte de Sócrates homem justo, Platáo deixa entrever ao leitor um lampejo de imortalidade e simultaneamente a sua concepcáo radical da filosofía como 'exercício de morte' (...) Mesmo que

seja afirmada através de raciocinios inseguros e limitados, a imortalidade da alma traduz na obra de Platáo uma ansia profunda de busca de explicacóes acerca do problema existencial humano de todos os tempos: com a morte termina tudo ou há uma vida para

além da dissolucáo do corno?" (Conclusáo do livro).

Outros livros de Dom Bento Silva Santos, O.S.B.:

; ;jpéP!f>9lfá
JaldemirVitório, S. J., Carta, 3.07.1995).

"Os escritos de Dom Bento demonstram uma ampia e bem organizada leitura das obras importantes para os estudos que vem fazendo. A questáo que o presente volume estuda é o da relacáo entre fé e sacramentos. 'A salvacáo provém de uma confianca subjetiva (sola fides) ou de uma mediacáo sacramental?1" (Padre Paschoal Ranqel S.D.U., Atualizagáo 256 [1995] 382).

'

"Este hvro dá continuidade a duas obras precedentes do autor, que versam sobre os escritos joaninos, adotando sempre a mesma metódica: explanar o sentido religioso ou teológico do texto sagrado... explanacáo esta que deve ser o ponto de partida da exegese

católica. Exorta o Concilio Vaticano II: 'A Sagrada Escritura há de serlida e interpretada segundo aquele mesmo Espirito por quem foi escrita'(Const Dei Verbum, ne 12)" (Dom Estéváo Bettencourt, O.S.B., Apresentagáo da obra).

Pedidos pelo Reembolso Postal ou pagamento conforme 2a capa.

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