Ano Xxvii - No. 295 - Dezembro De 1986

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Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESEISTTAQÁO DA EDigÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir {1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabal no assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Estevao Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Estevao Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A

d.

Estéváo

Bettencourt

agradecemos

a

confiaga

depositada em nosso trabal no, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

SUMARIO

O Paradoxo Cristao Do nada a Cristo

Feminismo e Marxismo O divorcio na Irlanda

"Origem dos dogmas e inovacoes da Igreja Romana" Sacerdocio comum dos fiéis e sacerdocio ministerial

"Horizonte de esperanca. Teología da libertacao" índice Geral de 1986

ANO

XXVII

-

DEZEMBRO

1986

295.

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

DEZEMBRO - 1986

Publicado mensal

N9295

SUMARIO Diretor-Responjável:

Estévao Bettencourt OSB Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico

0 PARADÓXO CRISTAO

1

Fala Tatjana Goritcheva: DO NADA A CRISTO

2

Testemunhos Vivos:

Dirator-Administrador D. Hildebrando P. Manins OSB

FEMINISMO E MARXISMO

11

Nao foi aprovado

O DIVORCIO NA IRLANDA

Administracao e distribuicao:

15

Será verdade?

Edicoes Lumen Christi

Dom Gerardo. 40 - £? andar, S/501 Tel.:<021) 291-7122 Caixa postal 2666 20001 - Rio de Janeiro - RJ

"ORIGEM DOS DOGMAS E INOVAC0ES DA IGREJA"

24

Quem pode celebrar a Eucarfetica?

SACERDOCIO COMUM DOS FIÉIS E SACER DOCIO MINISTERIAL

36

Um livro veemente:

"HORIZONTE DE ESPERANCA. TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO" 41

Composl;So a Imprasado

"MARQUES-SARAIVA"

litAUitcmiNtOl «fiMOf

I *.

ftn ama Rooima. 240 -

EKfctodSiÜSs

ASS1NATURA EM 1987: Até 31 de dezembro de 1986 A partir de Janeiro de 1987 Número avulso:

Cz$ 190,00 Cz$ 200.00 Cz$ 20.00

Queira depositar a importancia no Banco do Brasil para crédito na Conta Córrante

n- 0031 304-1 em nome do Mosteiro de

Sao Bento do Rio de Janeiro, pagável na Agenda da Praca Mauá (n?0435) ou en viar VALE POSTAL pagável na Agencia Central dos Correios do Rio de Janeiro.

RENOVÉ QUANTO ANTES ASUA ASSINATURA

LIVROS EM ESTANTE

44

ÍNDICE GERAL DE 1986

51

NO PRÓXIMO NÚMERO 296-Janeiro- 1987 A Fé, a Igreja, a Vida (o Papa aos jovens de Liáo). - "Meu Deus, em quem con fio" (Jacques Loew). - Intercomunhao Cató lico-protestante. - A Igreja, Povo de Deus. Secularizado e secularismo. - As novas traducóes da Biblia.

COM APROVAQÁO ECLESIÁSTICA

COMUNIQUE-NOS QUALQUER MUDANCA DE ENDERECO

CARO

LEITOR, SE ESTA REVISTA

LHE FOI

ÚTIL,

QUEIRA DIFUNDI-LA SABEMOS QUE MUITAS PESSOAS TEM PROBLEMAS PELO SIMPLES FATO DE QUE NAO DIS-

PÓEM DE INFORMACÓES EXATAS SOBRE O ASSUNTO EM PAUTA. A SOLUCÁO CONSISTE EM APRESENTAR-LHES NOCÓES CLARAS, PRINCIPALMENTE QUANDO SE TRATA DE FILOSOFÍA E RELIGIÁO. ORA O PROGRAMA DE PR É PRECISAMENTE O DE ATENDER Á NECESSIDADE DE ES CLARECIMIENTOS.

QUEM OBTIVER TRES ASSINATURAS NOVAS, TERÁ DIREITO Á QUARTA ASSINATURA GRATUITA. QUEIRA, POIS, DESTACAR ESTA FOLHA E ENVIÁ-LA A PR, CAIXA

POSTAL 2666, 20001 RIO
DA, COM O NUMERARIO DAS ASSINATURAS.

ASSINATURAS NOVAS

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O paradoxo cristáo Todo mes de dezembro pode assustar a quem sobre ele refuta. Com efeito, a verificacio de que mais um ano se passou e mais um ano se abre faz pensar na rapidez com que se esvai a vida na térra. O cristáo,

porém, descobre nessa sucessáo dos tempos um convite a crescer e se revigorar interiormente, mesmo que o peso dos anos se faca sentir. Sim; o cristáo é um ser "paradoxal", conforme o próprio Apostólo S. Paulo: "Nao nos deixamos abater. Pelo contrario; embora em nos o homem exterior vá definhando, o homem interior se renova dia-a-dia" (2Cor 4,16). 0 Apostólo assim fala porque sabe que duas vidas existem dentro do cristáo: a biológica, que percorre seu arco e conhece o seu ocaso na tural; e a espiritual, iniciada pelo Gatismo e alimentada pela Eucaristía; esta é a vida dos filhos de Deus, que nos póe em comunháo com as tres Pessoas Divinas (cf. Gl 4,6); tende a se desabrochar cada vez mais para atingir as suas dimensóes definitivas ou "o estado de homem perfeito, a

medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4,13). É esta segunda vida

que deve, antes do mais, importar ao cristáo; já que ela se torna cada vez mais forte nos fiéis, ela pode transfigurar a própria existencia biológica; os anos de velhice deixam de ser tediosos e vazios, para tornar-se o pe riodo mais penetrado pelos valores eternos. Poderíamos gráficamente assim reproduzir tais idéias:

C3 Hptcn (XTCMS

Nesta figura, o cone que se fecha para a direita representa o definhar de nossa vida biológica, ao passo que o outro, abrindo-se constan temente também na mesma direcáo, significa a vida da graca ou a comu nháo com a SS. Trindade; esta segunda imagem desemboca no océano

da bem-aventuranca celeste ou da vida sem fim. - O programa da vida crista é precisamente viver o paradoxo destes dois cones, fazendo que o segundo projete sua dinámica sobre o primeiro. Que o próximo Natal seja para nos o penhor do revigoramento do nosso homem interior e a certeza de um 1987 mais rico dos valores defi nitivos!

SANTO NATAL E FELIZ ANO NOVO! E.B. 529

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" ANO XXVII - n? 295- Dezembro de 1986 Fala Tatjana Gorítcheva:

Do nada a Cristo Em símese: A ProP mssa Tatjana Gorítcheva esteve no Brasil em outubro pp., onde fez palestras que apresentavam o seu testemunho de vida. Mi

litante marxista ardorosa, tornou-se descrente da ideología soviética e niilista; leu entáo as obras de Sartre e Camus, cheias de desespero e revolta. A se guir, voltou-se para a prática da Yoga (proibida na URSS) e descobriu o Par Nosso entre as fórmulas adotadas pelos mestres de exercfcbs da Yoga. Tal

prece foi a ocasiao para que Deus se Ihe revelasse. Tornou-se crista entu siasta e mistante. Isto Ihe valeu a perseguicáo por parte da policía, que acabou expulsando Tatjana da URSS. Hoje vive na Franga, onde leciona Filosofía e dá o testemunho do surto religioso que se verifica na Rússia á revelia de to das as campanhas de ateísmo. O povo russo, diz Tatjana, está decepcionado; o medo, porém, o obríga ao silencio.

Esteve no Rio de Janeiro participando de um Congresso Interna

cional sobre a Mulher na Igreja e na Sociedade, de 2 a 5 de outubro de 1986, a professora e escritora russa Tatjana Gorítcheva, de 39 anos de

idade. Realizou algumas palestras, que davam o testemunho de sua vida e de sua alma arden te; é alguém que conheceu em cheio o ateísmo mar xista; procurou assimilá-lo nos anos de sua juventude como membro do Komsomol; todavia percebeu espontáneamente o vazio da ideología marxista e finalmente descobriu o Cristo. Tatjana disse mais de urna vez que na Rússia nao sao os homens que procuram Deus (pois nao tém roteiro nern sinalizagáo para chegar a Deus; ao contrario...), mas é Deus quem procura os homens, apesar de toda a militáncia atéia e irreligiosa que tende a ensurdecer as criaturas para os valores transcenderíais.

A seguir, transmitiremos o conteúdo de urna palestra proferida pela Prof- Tatjana Gorítcheva na Faculdade Eclesiástica de Filosofía Joáo 530

DO NADA A CRISTO

Paulo II aos 6/10/86. Trata-se de anotacóes tomadas no decorrer da exoosicáo, procurando reproduzir, tanto quanto posslvel, as palavras e a seqüéncia de idéias da conferencista.

UM DEPOIMENTO: DO NADA A CRISTO

O Fundo de cena Os governantes soviéticos decidiram esmagar a Igreja na Rússia. E quase o conseguiram. No fim da década de 1930 nenhum mosteiro exis tia entre nos e poucas eram as ¡grejas. Eis, porém, que a guerra de 1939-

45 nos ajudou, pois Stalin quis entáo excitar o patriotismo dos conterrá neos, valorizando, de algum modo, o patrimonio religioso russo. A guerra, portanto, acarretou certa distensio na oolltica anti-religiosa so viética.

Sobreveio, porém, a época de Nikita Krutchev na década de 60, que se caracterizou pela recrudescencia da perseguido. Foi fechada urna ter ca parte das igrejas entao abenas, ficando 7.000 templos para um país enorme. Krutchev mandou prender muita gente, tachando os cristaos de loucos; inventaram-se horrendos processos de tortura, além da internacáo de cristaos e dissidentes em hospitais psiquiátricos, onde eram sub-

metidos a tratamentos de "recuperado".

A Igreja e a cultura crista sofreram grandes perdas. Apesar disto, verificou-se mais urna vez o que dizia Tertuliano: "O sangue dos mártires é sementé de cristaos". Muitos e muitos cidadaos, sob a pressáo sufocadora que experimentavam, sentiram-se cansados das mentiras oficiáis e do vazio que elas deixam nos respectivos ouvintes. O marxismo havia tentado construir o reino do homem sem Deus, mas evidenciava o seu fracasso; o antigo Deus - Stalin - estava morto, e, com ele, havia morrido a confianza dos cidadaos no próprio marxismo; os russos nao sao rnar-

xistas convictos nem acreditam em aiguma ideología; todas, tanto as de

direita como as de esquerda, Ihes parecem ultrapassadas; o preco pago pelos cidadaos para construir o paraiso soviético foi caro demais, e, errf última análise..., decepcionante.

Por isto a era de Krutchev suscitou auténtico surto de fé religiosa na Rússia: numerosas pessoas puseram-se a procurar o Absoluto ou Deus, Aquele que está para além das ideologias. E tal demanda foi animada por verdadeiro heroísmo, disposto a enfrentar os obstáculos e contradicóes levantadas por parte do Estado. O nome de Jesús Cristo passou a ser, para eles, um ponto de atracjo e convergencia. Perguntavam onde poderiam encontrar algo sobre Jesús Cristo...; os sacerdotes, as igrejas e os exemplares da Biblia eram (e sao) pouqulssimos naquele país. A Biblia 531

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

vem a ser um Mvro de mercado negro, e o mais caro dentre todos. Muitas vezes sao os turistas que levam o Novo Testamento ou a Escritura para

dentro do territorio russo, se nao sao confiscados pelos policiais na fronteira.

"Digo que procuramos Deus, mas é mais correto dizer que Deus nos procura a nos, russos, já que nao temos itinerario nem setas para descobrir Deus".

Tragos autobiográficos

Tatjana nasceu em 1947, ou seja, após a Segunda Guerra Mundial. Pertence, pois, á primeira geracáo dos novos cristáos.

"Sou o caso típico de urna mulher soviética. Nasci de familia atéia soviética em Leningrado (antiga S. Petersburgo). Meus pais sao gente boa, mas viviam (e vivem) com medo, pois o regime ameaca qualquer dissidéncia".

Na escola, Tatjana era incitada a ser das primeiras alunas e a exercer certa lideranca - o que bem correspondía ao seu temperamento. Destacou-se, pois, como jovem dinámica, que, na idade prevista, entrou no Komsomol (Juventude Soviética), como todos os jovens tém que en

trar. "Nao fui conformista. Era urna das últimas románticas, porque tinha a esperance de modificar a vida soviética, que parecía sufocadora. Isto, porém, foi um sonho infantil. Procurei de todo modo, mas em váo, con tribuir para a formacio de urna sociedade nova. Como eu, existem muítos e muitos na Rússia".

A invasáo da Tchecoslováquia por tropas da URSS em 1969 desiludiu grande parte da populacáo soviética. Alias, desde 1968 os cidadios russos perderam as suas ilusóes políticas, quando precisamente o Ocidente se politizava em sentido esquerdista. Muitos estudantes russos foram entao encarcerados.

Sentindo o vazio da vida, Tatjana voltou-se para a filosofía ocídental do níilismo, ou seja, de Jean-Paul Sartre e Camus; "tal modo de pen sar correspondía á nossa situacao soviética: nao sabíamos de onde vi-' nhamos nem para onde (amos, ou melhor, nao tlnhamos ponto de parti da nem ponto de chegada". Convicta de que a vida nao merece ser vivi da, disse Tatjana que ela se autodestruia: "Bebí muito, entregando-me ao alcoolismo; cometí toda especie de loucuras ou transgressóes moráis e jurídicas. Quería mostrar que era livre e que a vida nao tem sentido". Está claro que isto valeu para Tatjana a repressáo governamental. Já era entao professora universitaria; mas, como ensinava urna filosofía dife532

DO NADA A CRISTO

rente da oficial, foi demitida da cátedra e, por pistoleo, transferida para o servico da Biblioteca da Universidade, onde seu trabalho devena ser

ideológicamente inocuo; todavia, já que ela nao se calava, foi ''nomeada" ascensorista..., cargo ainda mais inocuo!

A esta altura da vida, Tatjana procurou saber qual a resposta das pessoas religiosas para o problema da vida. Nao se dirigiu ao Cristianis mo, porque este Ihe parecía clássico demais; "eu cacoava das velhas mulheres que freqüentavam a igreja, pois as julgava alienadas ou co mandadas infantilmente". Interessou-se, pois, por correntes religiosas

novas, como o Budismo, a Yoga, o Chintolsmo...; sao escolas de filosofía religiosa proibidas na Rússia; "pus-me a praticar Yoga, que fascina os jovens, mas é perseguida mais do que o Cristianismo. No liyro de treinamento de Yoga deparei-me com um exercfcio que se chamava Pai Nosso; esta foi a primeira fórmula de oracáo que encontrei na vida; alias, nunca tinha entrado numa igreja. Li com frieza tal prece; reli-a, sempre com frieza. Aos poucos, porém, o Pai do céu me veio ao encontró. Recebi a resposta; fui esclarecida; compreendi que Ele existe e que eu existo por Ele. Tinha entáo 26 anos. Tal foi para mim a revelacáo do amor, da plenitude do amor; senti que Deus quería que eu ame. Perguntei-me, a se guir, o que devia acontecer, pois eu era obrigada a dizer que era crista; de resto, eu já tinha urna vaga idéia do que é o Cristianismo através da leitura de obras de filósofos ocidentais.

Há milhares de conversóes inesperadas, como foi a minha. Em tor no de mim muitas pessoas setornaram cristas; descobriram o Evangelho e a sua vitalidade aos 20, 30..., 60 anos de idade; o corpo inteiro treme

quando se lé o Evangelho. Hoje o Evangelho e os Padres da Igreja cons-

tituem a literatura mais importante na Rússia. A oracáo, para nos, vale

mais do que o ar; é ela que nos dá forca para transformar o mundo. Num Estado totalitario, vivemos sob cerco constante, mas, quando rezamos, sentimo-nos livres. A experiencia da prisáo é pavorosa, mas os nossos

prisioneiros se julgam ainda muito feiizes porque sao perseguidos por

amor a Cristo... Voc&s nao podem imaginar a forca que Deus dá ás pes soas em extrema necessidade".

"O cristianismo tornou-se quase moda na URSS; ser intelectual e

ser cristáo é praticamente a mesma coisa. É curioso como se encontra li-

berdade na Igreja, onde nao há riqueza, nem poder, mas onde existe a forca dos valores místicos. A Igreja quase nao existe como instituicao,

mas sim como um corpo vivo, purificado pelo sofrimento e o martirio. É

por isto que ela atrai tanto. - Nao podemos dizer quantos cristáos existem na URSS: trinta milhóes, ou mesmo, segundo o Patriarcado de Mos cou, cinqüenta milhóes... O número nao importa; o fato é que nem todos os convertidos se dizem cristáos, pois tém medo das represalias; fre533

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

qüentam a ¡greja, mas nao se mostram dissidentes em relagao ao regime soviético. Há outros, como eu, que se tornam dissidentes, porque nao podem ocultar a alegría de ser cristáo; é preciso levar o Evangelho ao resto do povo russo. Perdemos todo medo; organizamo-nos em pequenos grupos; verdade é que temos poucos padres; menor aínda é o nú mero dos sacerdotes que tém a coragem de liderar a juventude; o padre que se destaque, é encancerado e os seus filhos sao enviados para educandários do Estado ou para prisóes de enancas. Em Leningrado temos cinco padres que trabalham com a juventude convertida; correm grande risco.

Organízei um clube de mulheres, ao qual dei o nome de María

(nem podía ser outro, oois queríamos honrar a Rain ha do céu e da Rús-

sia). Este clube tinha por objetivo ajudar-nos a perseverar na fé, já que ¡sto é difícil. Em nossas reunióes falávamos de Cristianismo, já que quase

ninguém sabe o que é isto: ...Cristianismo e Cultura, Cristianismo e His

toria... Éramos 50 ou até 200 pessoas no meu apartamento, sempre na

espreita de que a Policía interviesse para nos prender; muitos amigos nos abandonaram por medo; outros se admiraram de que nao éramos encarceradas, pois nos Jhes parecíamos loucas. Na verdade, o nosso grupo era vigiado pela KGB dia e noite, finalmente alguns dos seus membros aca-

baram presos, e outros expulsos da URSS".

Alexandre e Vladimir

"Désejo falar do meu amigo Alexandre. Este levava vida livre e niilista, mas tornou-se cristáo. Em conseqüencía, foi enviado para a Sibéría, onde se acha há oito anos. Em sua última carta escreveu-me: 'Vivi a vida inteira como bandido, mas quero morrer como cristáo'. Na verdade, está morrendo aos poucos, sem dentes, sem cábelos, meio-cego, com 35

anos de idade; e isto porque na prisáo continua firme no Cristianismo e ajuda muitos colegas; dal ter sido sempre reprimido nesses oito anos;

para ele, a experiencia do cárcere tornou-se a experiencia da cruz e da alegría.

Outro caso importante é o de Vladimir... Quando foi julgado no tri bunal de Leningrado, os seus amigos nao puderam entrar na sala do jul-

gamento, porque esta se achava cheía de agentes da KGB. Éramos urna

centena de cristáos e ateus que queriam entrar, mas tivemos que ficar fora, no corredor. Vladimir foi condenado. Quando os soldados o fizeram

Tatjana se refere ao clero ortodoxo oriental, que tem autorizapao para se casar.

2KGB é a sigla da Policía Secreta Russa. 534

DO NADA A CRISTO sair da sala, todos nos cantamos: "Cristo ressuscitou!", e Vladimir respondeu: "Ressuscitou realmente!". Naquela casa de lágrimas, houve entáo festa e sentímentos de vitória para nos. Assim é que temos sucessivamente a experiencia da derrota e da vitória. Expulsáo Finalmente expulsaram-me da URSS; a causa próxima deste gesto foi o nosso Moví mentó María. Com efeito, após tres meses de prisáo, propuseram-me ou ser deportada para a Sibéria ou autoexilar-me no

Ocidente. Tal tratamento muito brando e raro se explica pelo fato de que o nosso Movimento Maña era conhecido no Ocidente; qualquer brutali-

dade maíor repercutiría mal na opiniáo internacional. Éramos feministas,

alias o único movimento de mulheres na URSS...; nao, oorém, feministas no sentido ocidental. A muiher soviética é heroína como muiher ou na sua feminilidade. Sim, o salario que o marido ganha, é insuficiente para sustentar a familia; por isto a esposa deve trabalhar fora de casa; visto que a vida é ardua, o homem se entrega freqüentemente ao alcoolismo (temos 40 milhóes de alcoólatras registrados na URSS); em conseqüéncia, a muiher arca quase sozinha com todo o trabalho da casa, além de ter seu emprego fora do lar. O marido pouco ajuda. Na URSS existe grande estima pelo povo brasíleíro. Verdade é que os russos o conhecem pouco por falta de informacoes. Para estabelecer contato pessoal com eles, voces tem que ir lá, porque eles nao podem vir ao Brasil. Precisamos de encontrar cristaos; precisamos de livros e de

propaganda religiosa crista; precisamos de sacerdotes (sao 6000 apenas na URSS; em algumas regióes, há sacerdotes ordenados clandestina mente)". Terminada a palestra, a Professora Tatjana Goritcheva respondeu a indagacóes que Irte foram propostas por membros da assembléia. Váo abaixo apresentados os principáis tragos dessas respostas.

Respondértelo as perguntas 1) Nao será que na Rússia a grande massa da populacao se acomodou ao estado de coisas vigente e nao levanta as objecóes que a classe intelectual levanta?

- "Nao posso falar por todos os russos. Apenas posso dizer que ninguém gosta do poder soviético totalitario; principalmente sao horrori zados o Kremlin e a KGB, que é cínica. A populacáo simples sofre e leva dura vida. Um russo sobre quatro vive na URSS como em favelas. So535

8

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

mente a classe alta dos dirigentes, a chamada Nomenklatura. vive muito bem. 0 povo, porém, está exausto.

0 grande número de alcoólatras do pafs bem mostra que a popula cho está descontente. A pesar disto, nada diz porque tem medo; sabe que o primeiro passo em demanda de mudanga talvez também seja o último. O medo pode tornar-se a segunda natureza da pessoa. A ideología so viética tem apoio no medo; é este que explica nao haja movimentos dissidentes na URSS; todos foram esmagados. Há, porém, personalidades corajosas que despertam para um novo ideal e se póem a fazer algo; trabalham, muitas vezes, a sos, porque faltam tempo e tranqüitidade para se reunirem".

2) Por que o marxismo tanto atrai os ocidentais? - "Nao o posso explicar com poucas palavras. Alias, trata-se do misterio da iniqüidade dentro do misterio da historia. Entre os ocidentais, existem cristáos que precisam de experimentar a oposito e a dramatícidade; querem luta, e encontram no marxismo a ocasiáo de se satisfazer. A Igreja no Ocidente é calma ou normal demais. Na Franga e na Alemanha o marxismo está derrotado. De um lado, isto acontece porque lá nao há problemas sociais graves; de outro lado, estSo perto da URSS para poder apreciar o que lá acontece. No Brasil, a

populacáo está longe da URSS, de modo que aínda se arrisca a fazer bobagens." 3) Como repercute na URSS o fenómeno de Medjugorje com as suas mensagens mañanas? - "Na Rússia nada se sabe sobre Medjugorje. Mas lá ocorrem aparicóes... A diferervja é que lá os sacerdotes e bispos nao realizam inquéritos para averiguar a autenticidade das visóes e mensagens, ao passo que no Ocidente a Igreja se interessa por tal tipo de indagapóes.

Em Fátima Nossa Senhora disse que a Rússia espalharia a sua ideología sobre o mundo, mas finalmente o Corafáo de María triunfaría. Ora vemos que no Ocidente o comunismo se expande; há marxistas con victos no mundo inteiro, exceto na Rússia; esta se vaí convertendo ao "ristianismo por apáo da grapa nos corapóes". 4) Como se desenrola a propaganda soviética no interior da URSS? - "Ñas escolas existe urna vez por semana o que se chama a aula

e "conhecimentos da comunidade humana" (em alemáo, Gemein536

DO NADA A CRISTO schaftskunde). Consiste em dizer que na Rússia a populacáo vive bem,

tem direito a casa, alimentagáo, trabalho, assisténcia médica... ao passo que, se isto existe no estrangeiro, é pago a elevados pregos. Há severas críticas contra as nacóes estrangeiras do Primeiro Mundo, ou seja, contra o imperialismo norte-americano, o revanchismo alemáo... Em conseqüéncia, a populacho simples é levada a crer que a Rússia é seriamente ameacada por inimigos que a querem invadir ou destruir. Embora muitos

desconfiem de tais noticias, há sempre aqueles que Ihes dio crédito. Existem dois cañáis de televisio na URSS: o telejornal é sempre redigido segundo a ótica do Governo; os demais programas (filmes, concertos, teatro...) se equiparam aos da tevé francesa ou alema.

É perigoso ouvir emíssóes radiofónicas ou televisivas do estran geiro.

Os jornalistas sao os soldados da ideología; devem formar o povo na filosofía política e antropológica do Estado. Este apregoa a democra cia no sentido de que todos sao iguais na Rússia, mas alguns sao mais iguais!"

5) Existem favelas na URSS, como no Brasil? - "Existe a sub-habitagáo na URSS, que é algo que se aproxima das favelas. Assim, por exemplo, urna quarta parte da populacho dispde de um apartamento, no qual há um pequeño quarto para quatro ou mais pessoas, um corredor, um banheiro e urna cozinha... Quando os jovens se casam, ficam normalmente em casa dos pais do rapaz ou da moga; é em grande parte por isto que o divorcio se tornou realidade táo freqüente na URSS. Em toda parte há filas na Rússia. Sao o sinal de que faltam os ele

mentos primordiais para a sobrevivencia dos cidadáos. Para escapar das filas ou para ser mais bem aquinhoado, é preciso ter boas relagóes com os funcionarios do Governo". 6) Como se acham os estrangeiros na URSS?

- "Há estudantes que v8o estudar na URSS alimentando simpatía pelo regime; sao marxistas enquanto estao na Faculdade; todavía, quan do deixam a Rússia, freqüentemente se revelam antimarxistas.

Sao muitos os turistas, sempre acompanhados por guías do Go verno, que nao Ihes permitem ¡r aonde querem; por exemplo, nao podem 537

10

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

visitar urna aldeia russa. Verdade é que quem tem o enderego de amigos na URSS, pode obter a autorizacáo de visitá-los". 7) Como se acha o recrutamento do clero na URSS?

- "Temos lá tres Seminarios e duas Faculdades de Teología. A quantidade de vocacóes é muito grande. Quando deixei Leningrado, havia cinqüenta candidatos para cada vaga na Faculdade. A concorréncia para entrar no curso de Teología é mais intensa do que nos outros cur sos. O Estado dificulta a entrada de um rapaz no Seminario porque tem medo de nos. Quem tem formacao universitaria, nunca obterá licenca para fazer-se sacerdote. Esta perspectiva se torna mais fácil para os filhos de sacerdotes e os filhos das aldeias. Em geral, os sacerdotes sao homens de fé e de zelo; há, porém, aqueles que se deixam manipular pela KGB".

Mensagem final

"Os cristáos devem sempre procurar viver o impossfvel do Evangelho. No Ocidente vé-se que as pessoas sao demasiado 'normáis', alheias a loucura do Evangelho. Ora é preciso que vivamos este com toda a coragem. Na URSS os cristáos sao reconhecidos pelo semblante. No Ocidente é mais difícil reconhecé-los. Pactuam mais fácilmente com as ideologias; só no último instante, quando é tarde demais, reconhecem o erro político que cometeram; lamentam-se, mas a situacáo é irreversível.

Urna tristeza existe em mim: a de nao ter conseguido o martirio. Mas excerco, com a béncao do meu diretor espiritual, o apostolado que Deus me deu; quero viver a grande aventura de ser amada por Deus e de amara Deus".

Tal é o impressionante depoimento de Tatjana Goritcheva. Revela

rara tenacidade unida a profunda fé em Cristo... Fé que nao Ihe foi suge rida pela educacáo nem pelo ambiente de vida, mas pelo Espirito de Deus, que fala no Intimo de cada coracio humano... Fé que é sustentada pela conviccáo de que realmente fora dos pardmetros da Palavra de Deus nao há esperaga para o homem nem sentido para a vida. Quem ouve ou lé tal testemunho, nao pode deixar de pedir ao Senhor Deus que continué a falar nao só no Intimo dos cidadios da URSS, mas também no coracio dos ocidentais e, específicamente, dos cristáos do Ocidente, para que se lembrem de que tém urna missáo honrosa a cumprir: "Sois o sal da tér ra... Se o sal perder o seu sabor, com que se há de salgar?" (Mt 5,13). 538

Testemunhos vivos:

Feminismo e Marxismo

Em slntese: Segue-se o depoimento de mulheres russas, membros do Clube Feminista María, extinto pela Policía Soviética e sobrevivente no exilio. Tais pessoas dizem o que a experiencia concreta do marxismo Ihes sugere.

O Clube Feminista María foi criado em Leningrado por Tatjana Goritcheva, loulia Voznessenskaia, Natalia Malakhovskaia, Sofía Sokolova e outras mulheres. Fundaram um periódico ou boletim secreto como tam-

bém o jornal María (ambos transmitidos pela rede clandestina samizdat}. 0 Clube foi dissolvido, suas sócias expulsas ou para a Sibéria ou para o Ocidente. Na Alemanha e na Franca, essas corajosas mulheres tém edita do os textos de suas palestras e reflexóes realizadas outrora (1980-1981)

na Rússia. Temos em máos o livro intitulado "María. Journal du Club Féministe María. Leníngrad", editado em Paris na sede do Clube em exi lio: 2 Rué de la Roquette, 75011 Paris (Franca). Desse volume extraímos algumas secóes, que váo, a seguir, publicadas em tradugio portuguesa.

Eis o texto de um debate ocorrido em Leningrado sobre o tema

"Feminismo e Marxismo":

Tatiana Gontcheva: No Ocidente, os movimentos feministas estáo ligados a diversas correntes de esquerda, inclusive á corrente marxista. Vi jomáis franceses reproduzirem as fotografías dos autores do alma naque "Mulheres e Rússia" (Femmes el Russie) ao lado de retratos de Lenine. Hoje, portante, vamos tentar precisar nossa concepcáo do mundo, nossa relacáo com o marxismo e definir as características que, segundo nos, deve ter um movimento feminista na Rússia. Sofia, por favor, dize-nos qual é para ti a significacáo do movi mento feminista. 539

12

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986 S. Sokolova: Imagino o movimento feminino como urna fraterni-

dade baseada no amor cristáo. T. Gorilcheva: E que responderías á questáo do teu relacionamento com o marxismo? S. Sokolova: Respondería que tenho um relacionamento muito ne gativo. Por que no marxismo nio há lugar para os valores espirítuais, nao há principio de amor... O cinismo existe em alta escala... O marxis mo é urna teoría que nao conhece o amor. Oucam apenas o seu voca bulario: "Classe, Partido, Vamos!, Batamos!, Venceremos!" No Ocidente, os movimentos feministas podem estar freqOentemente ligados ao marxismo; aqui, porém, isto é imposslvel.

I. Voznessenskaia: Quero guardar fidelidade aos principios pura mente democráticos... Eu considero todas as manifestares extremistas como um crime. Nao julgo as pessoas segundo a teoría que professam, mas segundo o seu comportamento em relacáo ao próximo. Nao sou

contraria as teorías, mas contraria ás acdes criminosas, ao bolchevismo e á violencia. A teoría nada decide; quanto mais teorías houver, tanto

menos haverá perigo de que urna predomine. É indispensável sermos

tolerantes para com o homem, mas devemos ser intolerantes para com o crime...

M. Tchelnokova: Os ocidentais nao tém, como nos, a experiencia do marxismo. No marxismo nao há nem Moral nem moralidade. Lenine disse: "Nao devemos lutar contra os adversarios, mas aniquilá-los". /. Voznessenskaia: Lenine nao pregava o marxismo, mas o bandi tismo bolchevista... Sou contraria ao bolchevismo, pois é banditismo... T. Goritcheva: Na Rússia o marxismo nao pode ser vivo e inspira

dor. Ele conseguiu enterrar-se e sobre o seu túmulo levanta-se um gi

gantesco Gulag;1 nada mais se move. Os únicos a pregar o marxismo na Rússia sao carreiristas, vendidos e malvados. Mas também nao creio no marxismo de rosto humano, que é apregoado no Ocidente, pois a

base do marxismo é o cinismo, o odio nao dissimulado do homem. Em nossas circunstancias, o marxismo tornou-se urna forca evidentemente satánica... L Vassitieva: O marxismo é grave doenca da consciéncia de aue sofreram milhóes de seres humanos, mas nao haverá recaída. Mesmo

Campo de concentragáo na URSS. 540

FEMINISMO E MARXISMO

13.

que a realidade se projete sobre nos com suas leis, seus slogans, seu modo de vida marxista, mesmo que ela nos oprima e nos esmague, tudo será inútil. Pois a consciéncia de muitos já se libertou dessa mentira

e se abriu aos valores esplrituais. É muito lamentável que a ilusáo rio

marxismo continué a existir no Ocidente, apesar da nossa terrivel expe riencia, apesar dos apelos de Soljentisyne e de outros progressistas. Eu nao quisera que a Europa atravesse a provacáo do marxismo... NMalakhovskaia:

... Entre nos, tudo é feito "para o bem do ho-

mem, para o cidadáo de Estado abstrato" de Marx, para o bem de alguém que nao existe, as custas do bem dos que vivem. Os eurocomunistas deveriam pensar nisto e indagar se nao devem revisar os seus sentimentos marxistas antes que seja tarde demais. A meu ver, o mar

xismo é popular no Ocidente apenas por causa do estilo cansativo de Marx, que faz que as massas nao possam ler suas obras imortais na forma original; as pessoas preferem dar crédito aos vulgarizadores, que nao sao sempre imparciais. Poderlamos também refletir sobre o fato de que o nosso Governo assinou a DeclaracSo dos Oireitos do Homem, mas esta Declaracáo é sempre confiscada, quando a Policía faz suas perquisicoes; além do qué, nunca é encontrada ñas bibliotecas.

T. Mikhailova: Para mim, a muiher é, antes de tudo, máe; por isto é que ela tem urna funcao protetora; ela protege o lar contra a desgraca. Mas hoje a muiher nao é apenas a míe de seus filhos; ela é também a máe do seu marido. Parece-me que nosso Movimento deve trabalhar em prol do renascimento dos homens; as mulheres estáo cansadas de ter que carregar tudo sobre os seus ombros. Nos queremos, sem dúvi da, ser máes; mas queremos também ser esposas. Outrora os país confiavam a sua flor querida (a sua filha) a um marido para que ele a amasse e acariciasse; hoje os homens é que sao confiados a urna esposa, pa ra que ela os ame e os acaricie... Existem na Rússia mulheres notáveis, que tém o direito de plei tear a felicidade. O movimento feminino deve lutar pela plenitude da vida, em favor das fontes feminina e masculina, reunidas numa familia normal.

L Vassilieva: O movimento feminista foi suscitado pela nossa épo ca. Em nosso país, as mulheres se encontram em situacio extremamen

te aflitiva, acabrunhadas pelo modo de viver, dobrando a nuca sob o jugo social e sexual (os homens infelizes se descarregam da sua fraqueza e do seu medo da realidade sobre a muiher). Aínda nao vejo clara mente urna solucáo concreta; ela há de se esbocar com o tempo. Mas as mulheres devem unir-se para mostrar os seus problemas ao mundo e, antes do mais, a si mesmas, a fim de os resolver ¡untas no amor e na 541

14

"PERGUNTEE RESPONDEREMOS" 295/1986

colaborado. Na hora atual, nao será o homem que ajudará a mulher a

se encontrar. N6s, porém, as mulheres, apesar do biologismo do reba-

nho feminino, podemos e devemos ajudar-nos urnas ás outras. Isto s6 será posslvel na perspectiva de um aperfeicoamento espiritual, para ca da urna em particular e para todas conjuntamente. Os depoimentos aqui transcritos corroboran* os dizeres de Tatja-

na Goritcheva quando falou no Brasil. É para desejar que a experiencia

das pessoas que assim se exprimem, sirva de referencial e baliza para se interpretaren) as sedutoras teorías do marxismo.

Continuado da pag. 48

conversar com um estrangeiro em sua intimidade, as limitacóes impostas, camufladamente, a quem entra na ilha, tudo isso me provocou o desejo incontido de levantar um pouco a cortina da repressáo e dar urna pequeña espiada

no que existe por tras dos bastidores" (p. 21). Daísurgiu o livro, resultante de observacóes, inadgacóes e conversas por parte do autor frente á realidade e

á populagao de Cuba. Os títulos dos diversos capítulos já dizem, de algum modo, qual o conteúdo da obra: "Os Estados Unidos, nao; seus dólares, sim"; "A discriminacáo racial"; "O fanatismo político"; "A pressao dos problemas económicos"; "O culto aos ditadores"; "Exemptos da ineficiéncia e dos ardis do sistema"; "As restricóes que o regime impbe"; "O anseio de liberdade"... A esta primeira parte do livro, segue-se outra parte, que aprésenla os depoi mentos de dois cubanos dissidentes: o ex-vice-ministro Manuel Sánchez Pé

rez e o escritor Carlos Alberto Montaner. Após haver falado sobre "os tortura dos, os mutilados, os assassinados nos cárceres sombríos da Cuba de Fidel Castro, idealista que nao soube manter-se fielao seu ideal", o livro se encerra

com a reflexáo seguinte: "É preciso comovera consciéncia do mundo em face

de regimos que, á esquerda ou á direita, esmagam os direitos humanos, e fazem da liberdade um sonho impossfvel na áspera caminhada do homem sobre a face da Ierra" (p. 160).

Pena de Morte Já, peto Pe. EmSio Silva. - Revista Continente Editorial Ltda., Avenida 13 de Mato 23/209 andar, sala 2025, Rio de Janeiro (RJ), 160 x 245 mm, 218 pp.

O Pe. EmíSo Silva é prolessor de diversas Universidades do Brasil e do estrangeiro. Acaba de publicar em portugués um livrojá editado na Espanha e no México, cuja traducáo italiana está sendo preparada. O texto portugués

traz o Prólogo do Des. ¡talo Galli. As páginas da obra sao densas em documentagáo e argumentos que tendem a incutir a necessidade de se introduzir

sem demora a pena de morte no Brasil e, em geral, ñas legisfacóes civis. "A pena de morte é exigencia de milhóes de brasileims que choram hoje as vñimas da impunidade" (faixa de rosto do livro). Continua na pág. 23

542

Nao foi aprovado

0 divorcio na Irlanda

Em símese: Aos 26/06/86 reaSzou-se um plebiscito na Irlanda referente

ao divorcio, com os seguintes resultados: 63,1% de sufragios contrarios á

dissolugao do casamento;.36,6% favoráveis, e 0,3% de votos nulos. O Governo Szera certa pressáo em favor da dissolugao do matrimonio tencionando assim equiparar a Irlanda aos demais países do Mercado Comum Europeu, que sSo divorcistas. A tempera católica da populagáo fez-se assim sentir numa atitude de coeréncia, que o episcopado irlandés havia preconizado enfáti camente. Os bispos, rejeitando o évórcio, nSo se véem menos obrigados a interessar-se pela sorte dos casáis infelizes ou mesmo fracassados; tém pro curado dar-lhes a devida assisténcia para minorar seus sofrimentos e man-

tó-tos em contato com as fontes da grapa de Deus. - Alias, em 1983 outro plesbiscito ocorreu na Irlanda a respeito do aborto, redundando em rejeicio de tal prática. Desta maneira o povo irlandés oferece ao mundo um testemunho de corajosa coeréncia nao só com o Evangelho, mas também comadignlda' de humana.

Aos 26/06/1986 realizou-se um plebiscito na Irlanda a respeito da aceitacáo ou nao do divorcio na Constítuicao nacional. O resultado revelou a vontade popular de nao modificar a Constituicio vigente desde 1937

no país..., Constituicáo que nao incluí a prática do divorcio, á diferenca do que se dá em todos os países europeus.

A imprensa leiga européia comentou pejorativamente o fato, ta-

chando-o de "vitória da intolerancia" (Le Monde,29-30/06/86). Os bispos

irlandeses foram tidos como "agentes da Inquisicáo e da guerra santa", como é costume dizer-se sempre que reafirmam a pureza da ménsagem

do Evangelho num mundo carente de Deus. Alias, nota-se que a ¡mprensa sabe elogiar os bispos quando se opdem a injusticas sociais, mas nao

os compreende quando se pronunciam a respeito de problemas de cons-

ciénda ou de foro interno; isto se explica pelo fato de que os observado

res léem a realidade preponderantemente em chave política ou como 543

16

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

teatro de interesses partidarios que se defrontam; ao contrario, os bispos tém em vista as consciéncias e propugnam a dignidade da pessoa huma na, desde que é concebida no seio materno, ¡ndependentemente do que

ela produza ou nao produza no plano da eficiencia ou do pragmatismo. Ñas páginas subseqúentes examinaremos de perto o curso dos acontecimentos recentes na Irlanda. Antes do mais, porém, ¡mpóe-se breve elucidario a respeito da situacao política daquele país. Habitada por celtas, e nao por anglo-saxdes, a Irlanda esteve inte gralmente sujeita ao dominio británico até 1921. Nesta data, a ilha foi partida pelo "Government of Ireland Act": 80% do territorio tornou-se independente, tendo o seu Parlamento em Dublin (é a atual República da Irlanda, 95% católica), ao passo que 20% do territorio setentrional da ilha ficaram ligados a GrS-Bretanha; constHuem o Estado de Ulster, com ca

pital em Belfast, governado por um Partido protestante, dito "de Orange"; este conserva até hoje a antiga legislagáo discriminatoria em materia de religiáo, favorecendo a populacSo protestante com prejufzo de 500.000 católicos que lá residem. Daf os constantes choques entre católicos e protestantes registrados na Irlanda do Norte ou em Ulster.

1. O problema divorcista A Irlanda é atualmente governada pelo Primeiro Ministro Garret FitzGerald do Partido Fine Gael (Partido Unido), membro da Democracia Crista Internacional; é faccáo política de centro-esquerda. Governa em coalisáo com outros Partidos, entre os quais o Hanna Fail (Soldados do Destino) e o Labour Party (Partido Trabalhista). Embora o Governo ir landés seja de inspiracáo católica, tem tomado atitudes de abertura ao di vorcio e ao aborto, talvez por pressao dos Partidos Trabalhista e Socia lista; estes desejam que a Irlanda, tendo entrado no Mercado Comum

Europeu, se equipare aos demais países desta ¡nstituicáo, que sao todos divorcistas e abortistas.

É o que explica na Irlanda a campanha pro-aborto, que teve o seu

desfecho mal sucedido em 1983 (ver o Apéndice anexo a este artigo) e a campanha pró-divórcio, diretamente considerada nestas páginas. Em marco de 1986, o Primeiro-Ministro Garret FitzGerald convidou representantes do Catolicismo, do Anglicanismo, do Presbiterianismo, do Metodismo, do Judaismo e dos Quakers para participarem de urna as-

sembléia que discutirla o divorcio. Á frente dos delegados católicos esta-

vam o arcebispo de Armagh, Primaz da Irlanda, Cardeal Thomas Ó Fiaich, e o arcebispo de Dublin, Mons. Kevin McNamara; estes, embora opostos 544

O DIVORCIO NA IRLANDA

17

á tese divorcista, nao se opuseram a proposta de um plebiscito nacional referente ao assunto.

0 plebiscito foi realmente anunciado aos 23/04 para se realizar aos 26/06/86. Propor-se-ia ao povo irlandés o seguinte:

- emenda do artigo 41 da Constituicáo de 1937, que exclui o divor cio, de modo que este seria legítimo em poucos casos bem definidos; - reconhecimento da legitimidade de filhos nascidos dos casa-

mentos até entáo considerados ¡legítimos. Na verdade, a legislacáo irlan desa só concede a separacáo legal dos cónjuges sem a possibilidade de novas nupcias; em conseqüéncia, muitos irlandeses desquitados se casam de novo no exterior, principalmente na Grá-Bretanha, ou vivem em unióes nao legitimadas; tais cidadáos seriam 30.000 aproximadamente, segundo as informacóes do Governo, mais de 70.000 conforme os cálcu los de instituicóes particulares.

O Primeiro-Ministro, apresentando tal projeto de lei, observou: "A sociedade será beneficiada pela abolicáo do banimento do divorcio".

Diante de tal situacáo, os bispos irlandeses se reuniram em Mainouth aos 11/06/86, reafirmando a condenacáo do divorcio, pois este enfraquece a familia e o casamento; enfatizavam a necessidade de acompanhar os casáis ameacados pela discordia, devendo a Igreja e o Estado dar mais atencáo a tal problema; cada fiel católico era, por fim, convidado a votar segundo a sua consciéncia.

Mais explícito foi o arcebispo de Dublin, Mons. McNamara, numa carta que foi lida em todas as igrejas da arquidiocese aos 22/06. Mesmo que aplicada só em casos ¡r recuperaveis, dizia o prelado, a ¡nstituicáo do divorcio solapa a estabilidade do casamento e pode ter serias conseqüéncias moráis e sociais:

"Nao resta dúvida, nao será para o bem da nossa sociedade a ¡nsercáo de urna cláusula divorcista em nossa Constituicáo. Nao vejo co mo a legislacáo divorcista possa ser compatfvel com a existencia de casamentos bons e estáveis; nao vejo como possa ser compatlvel com os direitos fundamentáis dos cónjuges e da prole. A quanto me parece, tal

Mais precisamente: o divorcio seria concedido se cumprídas tres exigen cias: 1) verificagáo do absoluto fracasso do casamento em pauta; 2) separa cáo previa dos cónjuges durante cinco anos: 3) acordos adequados em favor do conjuga mais carente e dos filhos. 545

1g

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

legislacáo há de multiplicar os traumas e as desgrapas das rupturas ma

trimoniáis. Também muito me preocupam as conseqüéncias moráis que o divorcio pode acarretar... Receto que, urna vez introduzido o divorcio, as pessoas nao se interessaráo, do mesmo modo, por viver em uniáo com Deus, nesta vida e na outra. Por estes motivos direi Nao á propos ta de emenda da Constituicáo".

Entre outras vozes que se fizeram ouvir, convém assinalar também a do bispo de Killala, Mons. Thomas McDonnell; este observava que o

Govjrno "teria procedido melhor se tivesse procurado dar todo apoio posslvel a instituicáo do matrimonio, em vez de pensar em introduzir o divorcio na Irlanda". Fez eco aos bispos o Anti-Divorce Action Group, movimento de leigos que proclamou: "Os trabalhadores precisam de em prego, e nao de divorcio; as criancas necessitam de seguranca, e nao de divorcio". - Alguns deputados do próprio Partido do Governo, o Fine Gael, se pronunciaram em termos semelhantes; em nome de mulheres irlandesas, a Sra. Alice Glee declarou que, "para qualquer mulher, votar em favor do divorcio seria como se um perú votasse em favor do Natal para acabar morto na panela". As previsóes do resultado do plebiscito a principio indicavam a grande vitória da proposta de emenda da Constituicáo, a tal ponto que o Divorce Action Group, movimento divorcista, comecou a proclamar a próxima introducáo do divorcio no pais. Com o passar do tempo, porém, o entusiasmo arrefeceu diante das ¡mpressóes causadas na populacáo pelas ponderales dos bispos. Como quer que fosse, os prognósticos eram de vitória por pequeña margem para qualquer das duas opcóes. Muito diversos, porém, foram os resultados: 63,1% dos votantes se pro

nunciaram contra o divorcio; 36,6% a favor, enquanto 0,37o votaram nulo. O comparecimento ás urnas foi de 62,7%, um percentual pouco mais ele vado do que o de outras votacóes. Evidenciou-se assim, mais urna vez, a vitalidade religiosa do povo

irlandés, que conta 95% de católicos convictos e se pode gloriar de haver difundido e fortalecido o Catolicismo nos Estados Unidos mediante os

seus ¡migrantes. A fibra católica do povo irlandés está muito ligada a identidade mesma da nacáo, pois, afirmando a sua fé católica, os irlande

ses durante mais de quatro sáculos, tém afirmado a sua nacionalidade frente aos dominadores ingleses, que sao protestantes. O principal Parti do de oposicáo na Irlanda, o Fianna Fail, é faccáo de centro-direita, fortemente nacionalista; ao mesmo tempo propugna a tradicáo cultural celta

da populacáo e o Catolicismo, que consolidou a coesáo dos irlandeses diante dos colonizadores ingleses.

O Primeiro-Ministro FitzGerald viu bloqueadas as suas intencóes de "modernizar" a Irlanda, adaptando-a ao pensamento e aos hábitos do 546

O DIVORCIO NA IRLANDA continente europeu. Outros problemas Ihe aflorariam em lugar da questáo divorcista:

- o desemprego, que atinge a cota de 17%; dissemina a pobreza em ampias carnadas da populacáo e faz que mais de um milháo de irlandeses (numa populacáo de pouco mais de tres milhóes) dependam de subsidios públicos;

- o longo confuto do Ulster ou da Irlanda do Norte, em vista do

qual foi assinado o acordó de Hillsborough entre os Governos da Irlanda

e da Grá-Bretanha; a um ano de distancia (a partir de 15/11/85), tal pacto nao está dando os frutos esperados; - a mais alta taxa de inflacáo da,Europa; - as drogas e o alcoolismo.

A coalisáo de Partidos que governa atualmente a Irlanda, está fran

camente abalada pelos resultados do plebiscito. O Gabinete do PrimeiroMínistro por pouco nao caiu; falta-lhe atualmente o apoio da populacáo para desenvolver o seu programa administrativo. As próximas eleicóes para o Parlamento ocorreráo em 1987.

2. Um comentario do arcebispo de Dublin Aos 12/07/86 o jornal italiano Awenire publicou urna entrevista do arcebispo de Dublin a respeito do plebiscito. Eis alguns de seus tópicos principáis:

O jornalista tendo perguntado ao pastor se os irlandeses nao ti-

nham rejeitado o divorcio por medo, Mons. McNamara respondeu que,

em parte, sim, houvera medo "dos danos reais que o divorcio acarreta. Tal medo, que havia influenciado a populacáo, nao era medo de fantas

mas, e sim de perigos concretos. Com efeito; as conseqüéncias do divor cio haviam sido longamente explanadas pela Anti-Divorce Campaign. Por conseguinte, a populacáo foi movida por um temor sadio. Como se compreende, os adeptos do divorcio alegam que receios totalmente in fundados foram suscitados nos ánimos da populagáo - o que nao é verdade".

No inicio da campanha, notava ainda o prelado, os irlandeses pro-

vavelmente julgaram que o divorcio diria respeito apenas a pequeño nú

mero de pessoas e nao acarretaria mudancas para a instituicáo matrimo nial. Aos poucos, porém, tomaram consciéncia de que a emenda da 547

20

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Constituicáo mudaría realmente a sociedade irlandesa, modificando os conceitos de casamento e familia; além do qué, teria repercussáo negati va ñas condigóes económicas dos cidadáos, especialmente das mulheres: "A mulher repudiada pelo divorcio poderia tornar-se vítima de grave empobrecimento do seu quadro de vida, o que a tornaría dependente de subsidios estatais". Indagou o repórter a respeito dos elementos que influenciaram a opgáo negativa da populagáo, colocando em foco a atitude dos bispos, e, particularmente, o NSo de Mons. McNamara. - O prelado respondeu que muitos fatores foram levados em conta pelos votantes e que seria interessante fazer urna análise dos mesmos; reconhecia, porém, que o seu Nao encontrara grande acolhida porque equivalia a um testemunho... conciso, mas claro, que pode ser compreendido por todos. O arcebispo observou outrossim que nenhuma noticia de reacio contraria chegara ao seu conhecimento. Acrescentou Mons. McNamara: "Sem dúvida, foram os teigos que asseguraram o sucesso desta campanha antídivorcista... Creio que nos acontecimentos deste referendum po demos ver os sinais do amadurecimento do laicato católico, do crescimento, entre os teigos, da consciéncia de que eles sao responsáveis pelo bem da lamilla..., pelos valores sociais e moráis que eles herdaram e guardaran) ciosamenle e que eles agora estáo defendendo. Sabem que esta tárela nao compete apenas aos presbíteros e aos bispos. Creio que muitos aprenderam esta licáo por ocasiáo do outro referendum em 1983 concemente ao aborto.

Estes dois plebiscitos foram duas etapas importantes na caminhada do laicato católico irlandés em direcáo da mais profunda compreensáo do seu papel na Igreja e da sua responsabilidade dentro da sociedade".

0 repórter quis ainda interrogar se a Irlanda pode ser considerada um modelo, para o mundo ocidental, daquele retorno as raizes cristas da Europa, de que freqüentemente fala Joáo Paulo II. - Mons. McNamara

respondeu que o divorcio nao é urna solucao para o problema das crises conjugáis, mas, ao contrario, gera "muito mais problemas do que os resolve". "Assim também deve ficar claro que o aborto é um grande crime, é urna tremenda mancha sobre a consciéncia da civilizapáo ocidental... Creio que os cidadáos de outras nagóes já se dao conta disto. Tal vez se

sintam incapazes julgando que nada podem fazer para remediar-lhe. Mas o fato de ver que num país como a Irlanda o povo, em maioria esmagadora, rejeita o divorcio á revelia mesmo da forte pressáo que sofreu, acompanhada de argumentos varios..., ver também o que aconteceu em 1983... isto tudo dá esperanza a outros povos". O jornalista indagou outrossim se a insistencia na indissolubilidade conjugal e no respeito a vida do nascituro nao sao valores superados...

548

O DIVORCIO NA IRLANDA Ao que o arcebispo respondeu que o menosprezo de tais valores se deve a preconceitos. Na verdade, trata-se de "valores perenes... arraigados no próprio significado do homem, na verdade... e na dignidade mesma da pessoa humana tal como ela proveio do Criador".

Mais: um jornal inglés definiu como "vitória de Pirro" a dos antidivorcistas irlandeses... - Observou entáo Mon. McNamara que tal expressáo devia significar, para quem a formulara, que a Igreja no futuro estava fadada a perder a sua capacidade de influencia sobre os povos. Mas continuou - a Igreja certamente nao perde a sua influencia por tomar posicáo em favor da verdade. A Igreja existe para ¡sto. A Igreja nao racioci na em fungió daquilo que é conveniente para o seu poder ou prestigio; Ela pensa, antes do mais, em servir á verdade. E, se Ela serve á verdade, certamente Ela nao perde terreno aos olhos dos seus fiéis; antes, o ganha a longo prazo.

O resultado do plebiscito, porém, obriga-nos a pensar "ñas pessoas que sofrem crises conjugáis e se encontram em perigo de ver fracassar o seu casamento ou mesmo já nao vivem o seu matrimonio". E preciso ir-lhes ao encontró. Como também é necessário contrabalancar a cul tura materialista e individualista, projetada pelos meios de comunicacáo social, numa nació que fica entre os Estados Unidos, de um lado, e a

Grá-Bretanha e a Europa Ocidental, de outro lado. É mister, portento,

defender e reforgar a inspiragáo crista dos irlandeses, dando sempre maior responsabilidade aos leigos; há longa caminhada a percorrer, es pecialmente no tocante á cultura.

"Por exemplo. a Igreja como tal nao tem acesso á televisio e ás emissoras radiofónicas; nao temos imprensa católica forte, nem um co tidiano católico; temos dois jomáis semanais, que deveriam ser reforca-

dos e desenvolvidos de maneira significativa. Temos um periódico quin-

zenal, de bom nivel intelectual, que escreve sobre questóes políticas, sociais, educativas, do ponto de vista católico, e tenho boas esperanzas

de que para o futuro se possa tomar influente. Estamos também na situacáo de quem possui Universidades, mas sem Faculdades de Teolo gía".

A última parte da entrevista versava sobre o problema da Irlanda do Norte, espinhoso para o Governo da República Irlandesa; a sua solu-

cáo nao pode ser entregue apenas aos governantes, mas requer a partici pado de todos os irlandeses numa atitude de paciencia a clarividencia. Mons. McNamara frisou a importancia da apio da Igreja no caso; me

diante os seus sacerdotes, Ela tem estado próxima dos cidadáos sujeitos a perseguicáo. Digna de mencáo é também a atividade ecuménica, freqüentemente mais intensa da parte dos católicos do que do lado dos 549

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

protestantes, pois os ministros protestantes sao nao raro detldos pelos seus fiéis para que nao partícípem do diálogo ecuménico. "Por certo, a Igreja Católica tem trabalhado, pedindo sempre a paz e condenando os ultrajes, solicitando justica e solucóes políticas para a Irlanda do Norte". Eis, em poucas páginas, o relato e os ecos de urna facanha digna de nota pela sua coeréncia e coragem dentro do contexto da nació irlande sa. Possa servir de sinal e estímulo para a populacáo católica do Brasil e do mundo inteiro!

APÉNDICE

A CAMPANHA PRO-ABORTO NA IRLANDA Na Irlanda urna leí datada de 1861 proibe o abortamento. Todavía, como era amplamente praticado, apesar das advertencias do episcopado irlandés, em 1980 iníciou-se urna campanha em favor do aborto, encabecada por alguns políticos e urna parle minoritaria da opíniáo pública, sustentada pela imprensa. Frente a tal movimento, um grupo de leigos, especialmente médicos, ginecologistas e juristas, com o apoio do episco pado, prepararam um projeto de emenda ao artigo 40 da Constituidlo,

a fim de consolidar a posicáo antiabortista do mesmo.

Aos 27/04/1983 a Cámara dos Deputados aprovou, por 87 contra 65, urna proposta de plebiscito sobre o assunto, proposta que foi ratificada pelo Senado. - O referendum ocorreu realmente aos 07/09/83, com urna porcentagem de votantes pouco superior a 50%. Registraram-se entáo 841.233 votos (65%) favo reveis a emenda da Constituigáo no sentido de corroborar a sua atitude antiabortista, contra 416.136 votos (35%) contra

rios ao fortalecimento do artigo antiabortista. Estava, pois, evitada a ameaca de legaüzagio do aborto. A emenda vitoríosa no plebiscito reconhecía tanto o direito do nascituro como o da máe á vida. O Governo fizera forte pressáo em favor do aborto; todavía mais fortes foram os clamores em defesa do nascituro. Mu ¡tos católicos votaram contra a emenda antiabortista ou porque nao estavam satisfeitos com a sua formulacáo ou porque a consideravam um novo obstáculo á uniáo de Norte e Sul do país ou ainda porque supunham que ela acabaría favorecendo o abortamento ilegal já praticado na Irlanda.

Dentre os protestantes houve os que aprovaram a proposta de emenda, enquanto outros a rejeitaram.

550

O DIVORCIO NA IRLANDA

23

Como se vé, o plebiscito nao versava diretamente sobre a introdu cto do aborto na Irlanda. Tal proposta teria sido rejeitada pela grande maioria da populacáo. Após o resultado do referendum, o episcopado desenvolveu forte atividade em prol da fundagáo de centros de assisténcia a máes e enancas postas em dificuldades. Assim é que a Irlanda fica sendo o único pafs da Comunidade Eu

ro péi a em que o abortamento é proibido. É um testemunho de coeréncia nao só com o Evangelho, mas também com a própria dignidade humana. A propósito muito nos valemos do artigo de G. Rulti: Referendum nella Repubblica d'lrlanda: un popólo unito contra il divorcio, em La Clvilta Cattolica, n*3270, 20/09/86, pp. 528-535.

ContinuafJo da pég. 14

A tese do Pe. Emitió Silva éade urna correrte de pensadores. Mas nao representa a posigáo oficial da Igreja. Esta nao condena a pena de morte, pois ela pode ser a legitima defesa da sociedade contra um criminoso, injusto agressor. Com efeito; pode acontecer que a onda de crimes se/a talnuma so ciedade que a execucSo de um ou majs criminosos intimide os restantes; em tais casos, a pena de morte 6 medicinal, pois concorre para sanar o ambiente no qual vivem os cidadáos. A própria S. Escritura fundamenta a pena de mor te, prescrevendo-a em diversos casos; ver Lv 20,1-18. - Na prática, porém, a aplicagáo da pena de morte suscita dúvidas: Será que talpunícéo é realmente

medicinal? É meto apto a conter os criminosos? Nos pafses que aboliram a

pena de morte, o índice de crimes nao é maior do que naqueles que a conservam. - Conclusao: A pena de morte é, em principio, moralmente licito. Todavía feto nSo quer dizer que deva ser aplicada. A aplicagáo da mesma depende de saberse é realmente medicinal para a sociedade.

Psicoterapia e Sentido da Vida, por Viktor Frankl - Ed. Quadrante, Rúa Iperoig 604, 05016 Sao Paulo (SP) 1986.

Este livro já foi tongamente comentado em PR 281/1985, pp. 329-340; 278/1985, pp. 61-65. Saudamos a sua reedigSo, que veio atender aos pedidos de muitos dos nossos leitores. E.B.

551

Seráverdado?

"Origem dos dogmas e inovacóes da

Igreja Romana" Em sfntaso: Os protestantes espalham no grande público panfíetos que pretendem apontar desvíos cometidos pela Igreja Católica em retaceo á pure za do Evangelho. Quem analisa tais escritos, concebe de pronto a impressáo de que sSo inspirados por grande desconhecimento dos assuntos abordados, assim como por urna animosidade preconceituosa. Apresentam erros de his toria, tormulagóes vagas, contraécóes..., que só corttribuem para depor con tra o valor desses impressos. Dado, porém, que perturbam os leitores, pro pomos, a seguir, atguns comentarios sobre um de tais panfletos.

A propaganda

protestante faz-nos freqüentemente chegar as

máos folhetos que acusam a S. Igreja Católica de haver deturpado a mensagem do Evangelho; em conseqüfincia, os católicos deveriam tornar-se protestantes, na lógica de tais impressos.

Seria de bom alvitre nao fazer caso desses panfletos, se eles nao tivessem repercussao no povo de Deus. Acontece, porém, que nSo poucas pessoas, impressionadas pelo que leram, vfim pedir-nos explicacóes a respeito das objac&es protestantes. Eis por que n&o nos fuñaremos a le var em conta mais um desses panfletos*, atendendo a pedidos dos leito res. Intitula-se "Slntese Histórica por Ordem Cronológica da Origem dos Dogmas e Inovacóes da Igreja Romana" sob a responsabilidade de Christian Trtumph Company,Texas, USA.

Já em PR 264/1962, pp. 378-401 foi abordado urn, folheto semeIhante.

1. Consideracóes gerals

A primeira impressfio que se tem ao ler tais folhetos e, em especial, o que atrás foi citado, é a de que sSo inspirados por preconceitos apaixo552

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

25

nados e cegos, que querem destruir (se possível fosse) a S. Igreja de Cristo. Para tanto, fazem afirmares (acusacóes) em materia grave sem a mínima documentado ou comprovacáo. Trocam nomes, dates; usam de

expressóes vagas, imprecisas... e de mau portugués (que decorre de im-

perfeitas traducóes do inglés). Eis alguns exemplos típicos dessa levian-

dade preconceituosa:

1) No folheto em foco lemos:

"Em 998. É estabelecida a festa aos mortos, dia de finados, por

Odilon.

Em 1003 o Papa Joio XÍV aprova a festa das almas 'fiéis defun-

tos', que Odilon creara primeiro".

Ora quem entende um poucqda linguagem e da prática litúrgica da Igreja, observa logo que nunca houve "festa aos mortos" na Igreja, mas, sim, "comemoragSo" dos fiéis defuntos. - O que o santo abade Odilon, de Cluny, reatizou, foi dedicar um dia do ano (2 de novembro) aos sufra gios ou ás oracdes em favor dos fiéis defuntos. Como há um dia do ano (19 de novembro, este instituido no secuto IX pelo Papa Gregorio IV, 827844), em que se celebra a festa de Todos os Santos, haveria também um dia do ano em que os cristáos pensariam em todos os irmáos falecidos a fim de pedir a Deus que Ihes dé o'repouso eterno. Tal prática se prende á nocáo de purgatorio, da qual trata PR 200/1976, pp. 359-365.

2) O teor de ignorancia da temática do folheto se evidencia espe

cialmente na seguinte afirmacáo:

"Em 670. Comeca a falar-se em latim á missa, llngua morta para o

povo, pelo Papa Vitélio".

A propósito observamos:

a) de 657 a 672 foi Papa S. Vitaliano, e nao Vitélio (Vitélio foi Im

perador Romano de 68 a 69 d.C);

b) a Ifngua grega era a língua do Imperio greco-romano. O latim

era, a principio, o dialeto do Lacio (provincia de Roma); com o crescer da importancia de Roma, o latim foi tomando vulto e substituiu o grego na liturgia da Igreja. Esta substituicao deve ter sido efetuada paulatinamente a partir do século III; nao há documentacáo muito precisa a tal respeito. Aos poucos a linguagem popular foi deformando o latim, de modo a produzir as línguas neo-latinas (italiano, espanhol, portugués, francés...),

mas até o comeqo da Idade Media o latim era a única Ifngua que se es553

26

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

crevia (táo rudes que eram as Ifnguas neo-latinas). Em conseqüéncia, a Liturgia da Igreja continuou a ser celebrada em latim por toda a Idade

Media, visto que nao havia outro instrumento adequado de expressáo culta e escrita.

Donde se vé que nao foi em 670 que se comecou a celebrar a Missa em latim, nem naquela época o latim era "Ifngua morta para o povo".

3) É significativo também o seguinte tópico: "Em 370. Principia o uso dos altares e velas pelo fim do século III".

Há nesta noticia urna incoeréncia: o ano de 370 nSo pertence ao século III, mas 80 século IV. Além disto, é de notar que o uso de altares e velas comecou nos tempos do Antigo Testamento; ver Gn 12,7; 13;18; 22,9 (textos da vida de AbraSo); Ex 17,15; 27,1; 29,13 (textos da vida de Moisés); Nm 7,1 (Moisés ungiu o altar por ordem do Senhor); Mt 5,23

(Jesús diz que, se alguém se aproxima do altar para oferecer os seus dons e se lembra de que tem urna contenda com seu irmáo, deve primeiramente reconciliar-se); Hb 13,10 (diz o Apostólo: "Temos um altar"); Ap 63; 8,3 (mencSo de altares no céu). Quanto ás velas, basta lembrar o candelabro confeccionado por or dem do Senhor, conforme Ex 25,31.37. O Senhor se refere á luz que br¡Iha sobre um candelabro em Mt 5,15; Cristo aparece entre candelabros em Ap 1,13; 2,1.

4) Diz ainda o panfleto:

"Em 1200. O Concilio de Latráo impóe a transubstanciacáo e conflssio auricular". Seja licito lembrar que houve cinco Concilios ecuménicos do La tráo. Em 1200 nenhum deles se realizou. O autor do panfleto parece ter em vista o quarto Concilio (1215). Quanto á transubstanciacao e é confissáo auricular, ver o livro de E. Bettencourt: Diálogo Ecuménico, Ed. Lu men Chrísti, Caixa Postal 2666,20001 - Rio (RJ). Examinemos agora mais detidarnente aiguns dos muitos pontos abordados pelo folheto como sendo deturpacóes da mensagem crista. 554

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

27

2. Os pontos principáis 2.1. O culto dos Santos

Segundo o panfleto, "em 370, o culto dos santos foi introduzido por Basilio de Cesaréia e Gregorio Nazianzeno. Também apareced pela primeira vez o uso do incensó e turíbulo na I g reja, pela influencia dos pro sélitos vindos do paganismo". Ora o uso do incensó é profundamente bíblico: os sacerdotes o ofereciam no culto do Antigo Testamento, conforme Lv 21,6; Ex 29,13; 30,7; Zacarías o oferecia também, conforme Le 1,9-11; no Apocalípse, as oragóes sao comparadas ao incensó que sobe ao céu (cf. Ap 8,3s). Quanto ao culto dos Santos, tem suas rafzes também na tradigáo do Antigo Testamento. Com efeito; Judas Macabeu (no século II a.C.) viu o profeta Jeremías, falecido quatro séculos antes, interceder pelos justos que lutavam na térra (cf. 2Mc 15,11-16). Desde o século I da nossa era, os cristáos invocavam os mártires, tidos como heróis da fé e valiosos intercessores em favor de seus irmáos; é o que atestam as escavacóes feitas junto ao túmulo de S. Pedro na colina do Vaticano (cf. PR 252/1980, pp. 487ss), como também as numerosas inscricoes encontradas ñas cata cumbas (cemitérios, que os cristáos visitavam, especialmente no aniver

sario do martirio de seus heróis}. É espontáneo ao cristáo pedir as preces dos grandes amigos de Deus, que gozam da visáo face-a-face do Senhor; a morte nao interrompe a comunháo existente entre os membros do Corpo de Cristo; na térra, na gloria ou no purgatorio, os cristáos sao soli darios entre si, inseridos como estáo na "comunháo dos Santos". De resto, o culto aos Santos nao é o de adoracáo, que so a Deus compete, mas o de veneracáo (que também aos amigos muito caros é tributado). Lé-se ainda no mesmo folheto:

"Em 609. O culto á Virgem María é obra de Bonifacio IV. E a in vocado dos Santos e Anjos é posta como lei da Igreja".

Estes dizeres revelam certa contradicáo com os que anteriormente citamos. Com efeito; a Virgem Maria é urna Santa, e a mais venerável dentre todas. Se, pois, o culto dos Santos foi introduzido em 370 (como afirmava um item anterior do panfleto), o da Virgem María nao fez exce-

cáo. Alias, em 431 o Concilio de Éfeso, fazendo eco á antiga crenga dos cristáos, proclamou Maria Santíssima Theotokos (= Máe de Deus); a ve

neracáo a Maria entáo era corrente na Igreja. Já no século II os escritores cristáos lancaram os fundamentos da piedade a María, deduzidos da própria S. Escritura. Assim, por exemplo, escrevia S. Justino (f ca. de 165): 555

28

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986 "Entendemos que o Filho de Deus se fez homem por meio da Vir

gem; assim p6s fim & desobediencia oriunda da serpente pela mesma via que introduzira a desobediencia no mundo. Eva era virgem e incor rupta; concebendo a palavra da serpente, gerou a desobediencia e a morte. A Virgem María, porém, concebeu fé e alegría quando o anjo

Gabriel Ihe anunciou a Boa Nova de que 6 Espirito do Senhor viria so bre ela... e déla nasceria o Filho de Deus. Portento da Virgem nasceu Jesús, de quem falam tantas Escrituras... "(Diálogo com Trifáo n- 100).

S. Ireneu (t ca. de 202), por sua vez, escreve: "A seducao de que Eva fora vltima, quando ainda virgem destina da ao seu marido, foi dissipada pela Boe Nova da verdade magnificamente anunciada pelo anjo a María, também virgem desposada. Assim como Eva foi seduzida pela palavra de um anjo, a ponto de se afastar de Deus e transgredir sua palavra, também María foi instruida sobre a Boa Nova pela palavra de um anj'o e, por obediencia a esta palavra, chegou a ser portadora de Deus. Assim como Eva foi seduzida para de sobedecer a Deus, María se deixou persuadir para obedecer a Deus, de sorte que ela - a Virgem María - se tornou a advogada de Eva...; foi contrabalancada a desobediencia de urna virgem pela obediencia de outra" {Contra as Heresias V 2,19).

Como se vé, o primeiro titulo da grande estima de Maña por parte dos cristáos está no fato bíblico de que ela é a nova Eva, aquela que reali za com fé e fidelidade o papel que Eva renegou dando atencio ás palavras do anjo tentador. Oeste predicado de Nova Eva, importante na his toria da salvacáo, decorrem todos os outros tftulos de veneracio a María SS. Quanto ao Papa Bonifacio IV (608-615), foi Pontífice DÍedoso e dili gente. Obteve do Imperador Foca de Constantinopla o antigo Panteón de

Agripa, que fora templo da deusa Cibele até 399 em Roma; dedicou-o como ¡greja católica ao Senhor Oeus em honra da Virgem SS. e de todos os mártires. Por conseguirle, nao introduziu entre os cristáos a venera-

ció a María, mas encontrou-a já vigente na Igreja.

2.3. O primado do Papa Reza o folheto em pauta:

"Em 607. O assassino imperador Phocas d¿ ao bispo de Roma o

direito de primazia universal sobre a cristandade, depois do II Concilio de Constantinopla".

5S6

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

29

Para comegar, é oportuno observar que o Concilio de Constantinopla II ocorreu em 553, ao passo que o Imperador Focas reinou em Constantinopla de 602 a 610.0 seu reinado muito distava do Concflio, como se pode perceber.

O que o Imperador Focas fez, foi reconhecer á sé episcopal de Ro ma o titulo de caput omnium ecclesiarum, ou seja, diocese capital (lite ralmente: cabeca de todas as Igrejas). O reconhetimento do tftulo nao deve ser confundido com outorga ou concessáo do tftulo: a funcáo de diocese primacial foi sendo exercida por Roma desde os primeiros séculos da Igreja, como ¡á foi demonstrado em PR 264/1982, pp. 396-400. 2.4.0 purgatorio Lé-se no folheto em foco: "Em 400. Paulino de Ñola ordena que se reze pelos defuntos... Em 590. Gregorio o Grande origina o purgatorio... Em 1438. O Concflio de Florenca abre a porta ao purgatorio/que Gregorio o Grande havia anunciado". Quem lé estes dizeres, pode.perguntar: afinal de contas, quantas

vezes "teve origem" o purgatorio? Em 400? Em 590? Em 1438? - Na verdade, a oracáo pelos defuntos supóe estejam num estado postumo cha mado '.'purgatorio". A incoeréncia das afirmacóes do panfleto bem mostra que se trata de escrito destituido de objetividade e criterios científicos. O Papa Gregorio Magno (f 604), conforme o panfleto, ora "origi na", ora "anuncia" o Purgatorio. Nao sao estas duas coisas distintas? Anunciar é proclamar algo que aínda é futuro. Entre 590 e 1438 o purga

torio esteve fechado...? Foi b Concilio de Florenca que em 1438 Ihe abriu a porta? - Talvez o proprio autor do panfleto nao soubesse responder, pois parece nao entender da vida da Igreja; fala sem conhecimento de causa, repetindo noticias que ele mal assimilou e mal formulou.

Na verdade, a crenca na existencia do purgatorio tem suas primeiras expressóes na tradicáo judaica pré-cristá. Com efeito, o texto de 2Mc 12,39-45 nos diz que Judas Macabeu mandou fazer urna coleta a fim de se oferecerem sacrificios em Jerusalém em favor de soldados judeus que haviam falecido em campo de batalha, lutando pelas suas tradicóes religio sas, mas tinham cometido a incoeréncia de trazer pequeños ídolos em suas vestes. Este pecado, que nao Ihes havia tirado o amor a Deus e as

suas observancias religiosas, deveria ser expiado após a morte no estado 557

30

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

que chamamos "purgatorio". Os cristáos receberam da tradigáo bíblica veterotestamentária a crenc.a no purgatorio, que se exprimiu desde cedo nos monumentos da Igreja. - Os fundamentos bíblicos e teológicos dos sufragios pelos morios já foram explanados em PR 264/1982, pp. 381 -386. Ver também os livros de Estéváo Bettencourt: "Diálogo Ecuméni co" (Ed. Lumen Christi, Rio de Janeiro) e "Conversando sobre 15 questóes de fé" (Ed. Santuario, R. Pe. Claro Monteiro 342,12570 Aparecida, SP). 2.5.0 Cdnon bíblico

Lemos aínda o seguinte parágrafo: "Em 1563. O Concilio de T rento... aceitou os livros apócrifos co mo canónicos". Trata-se dos seté livros deuterocanónicos do Antigo Testamento:

Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1/2 Macabeus e dos fragmentos Est 10,4-16,24; Dn 3,24-80; 13,1 -14,42.

Brevemente o valor destes livros foi outrora discutido pelos seguintes motivos: Até o fim do século I a.C. os judeus nao se preocupavam com a ca

talogado dos seus livros sagrados. Todavía no século I da era crista, deu-se um fato importante: comegaram a aparecer os livros cristaos (cartas de S. Paulo, Evangelhos...), que se apresentavam como a continua(3o dos livros sagrados dos judeus. Estes, porém, nao tendo aceito o Cristo, trataram de impedir que se fizesse a aglutinagáo de livros judeus e livros cristaos. Por isto reuniram-se no sínodo de Jámnia ou Jabnes ao sul da Palestina, por volta do ano 100 d.C, a fim de estabelecer as exigen cias que deveriam caracterizar os livros sagrados ou inspirados por Deus.

Foram estipulados os seguintes criterios: 1) o livro sagrado nao pode ter sido escrito fora da térra de Israel; 2) ... nao em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico;

3) ... nao depois de Esdras (458-428 a.C); 4) ...nao em contradicho com a Tora ou a Lei de Moisés. Em conseqüéncia, os judeus da Palestina fecharam o seu canon sa

grado sem reconhecer livros e escritos que nao obedeciam a tais criterios. Acontece, porém, que em Alexandria (Egito) havia próspera colonia ju558

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

31

daica, que, vivendo em térra estrangeira e falando lingua sstrangeira (o grego), nao adotou os criterios nacionalistas estipulados pelos judeus de Jámnia. Os Judeus de Alexandria chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 e 100 a.C, dando assim origem á versáo

grega dita "Alexandrina" ou "dos Setenta Intérpretes". Esta edigao grega

bíblica encerra livros que os judeus de Jámnia nao aceitaram, mas que os de Alexandria Mam como palavra de Deus; assim os livros de Tobías, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico (ou Siracides), 1/2 Macabeus, além de Est 10,4-16,24; Dn 3,24-90; Dan 13-14.

Podemos, pois, dizer que havia dois cánones entre os judeus no ini cio da era crista: o restrito da Palestina, e o ampio de Alexandria. Ora acontece que os Apostólos e Evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego, citavam o Antigo Testamento, usando a tradugáo grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto he braico; tenham-se em vista Mt 1,23 (Is 7,14); Hb 10,5 (SI 39,7). Esta tornouse a forma comum entre os cristáos; em conseqiiéncia, o canon ampio, incluindo os sete livros atrás citados, passou para o uso dos cristáos. Nos sáculos II/IV houve dúvidas entre os escritores cristáos com referencia aos sete livros, pois alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar. Finalmente, porém, prevaleceu na Igreja a consciéncia de que o canon do Antigo Testamento deveria ser o de Ale xandria, adotado pelos Apostólos. Em conseqüéncia, os Concilios regionais de Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419), Trulos (692) definiram sucessivamente o canon ampio como sendo o da Igreja. Esta definicáo foi repetida pelos Concilios ecuménicos de Florenca (1442), Trento <1546), Vaticano I (1870).

No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo

contestar a Igreja, resolveu adotar o canon dos judeus da Palestina, deixando de lado os sete livros deuterocanónicos que a Igreja recebera dos

judeus de Alexandria. É esta a razio pela qual a Biblia dos protestantes nao tem os sete livros e os fragmentos que a Biblia dos católicos incluí.

Vé-se, poís, que o Concilio de Trento nada ¡novou quando em 08/04/1546 reafirmou o canon já promulgado desde o século IV. Os pro testantes poderiam convencer-se disto se se lembrassem de que até o século XIX as Sociedades Bíblicas protestantes ¡ncluiam os livros deutero canónicos em suas edicóes da Biblia; assim a Sociedade Bíblica de Lon dres, combatida na Inglaterra por estar publicando os livros deuteroca nónicos, insistiu em seu procedimento e, para assegurá-lo, fundou a "Sociedade Bíblica Francesa e Estrangeira", que continuou a editar os sete livros impugnados pelos protestantes, mas que finalmente cedeu ás pressóes contrarias.

559

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

O próprio Lutero traduziu os deuterocandnicos para o alemáo; com efeito, na sua edigio completa da Biblia datada de 1534 encontram-seos textos de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque e 1/2 Macabeus, assim como os fragmentos de Ester, Daniel e aínda a "Oragio de Manassés" (oracáo que a tradigáo crista nao incluiu no seu canon). A per sistencia dos livros deuterocandnicos ñas edicóes protestantes de Lutero e de seus seguidores durante séculos bem mostra que nao foi o Concilio

dé Trento que introduziu esses escritos no catálogo bíblico, mas Lutero e a tradicáo protestante os receberam da tradigáo crista medieval e antiga ou mesmo dos próprios judeus de Alexandria.

2.6. A transubstanciacáo e a Missa No folheto analisado l§-se o seguinte:

"Em 818. Aparece pela primeira vez nos escritos de Pascásio Radberto a doutrina da transubstanciacáo e a Missa". 1. A doutrina da transubstanciacáo é a que ensina a conversio da

substancia (ou da realidade Intima) do pao na substancia (ou na realidade Intima) do corpo de Cristo. Tal doutrina é táo antiga quanto os EvangeIhos ou quanto o próprio Cristianismo, pois ela decorre das palavras mesmas de Jesús na última ceia; ver Mt 26,26-28; Me 14,22-24; Le 22,19s; 1Cor 11,23-26. Nestes quatro textos, através de fórmulas sinónimas, Je sús quer dizer que o pao se torna seu corpo e o vinho seu sangue..., cor po e sangue imolados em sacrificio para a remissáo dos pecados. Mais:

Jesús mandou que a sua última ceia, com as palavras da consagragáo do pao e do vinho, fosse repetida "em memoria dele" (cf. 1Cor 11,24s; Le 22,19). Desta ordem os Apostólos e as geracóes seguintes concluiram que, todas as vezes que renovavam a ceia do Senhor, realizavam a oferta de urna vltima (Cristo) ou de um sacrificio. Este, porém, nao pode ser a

repeticáo do sacrificio da Cruz, pois Jesús se imolou urna vez por todas, conforme Hb 7,27; 9,12.25s.28; 10,12.14. A ceia, por conseguinte, nao po

de ser senáo o ato de "tornar presente" (sem multiplicar) através dos

tempos o único sacrificio do Calvario oferecido há vinte séculos atrás. 2. O que houve de especial no século IX, foi a controversia entre Ratramno e Pascásio Radberto. Contradizendo a Tradicáo, Ratramno negava a real conversáo do pao no corpo e do vinho no sangue de Cristo; Pascásio entáo escreveu o "Líber de Corpore et Sanguine Domini" (Livro

do Corpo e do Sangue do Senhor), cuja segunda ediejo saiu em 844; opunha-se a Ratramno, defendendo a identidade do Corpo Eucarlstico com o Corpo histórico de Jesús, nascido de María Virgem, ou seja, de fendendo a real presenta. Assim procedendo, Pascásio nada inovava. 560

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

33

O vocábulo "transubstanciagao", apto a designar tal conversáo professada pelos cristáos até entáo, aparece pela primeira vez no século XII (quase tres séculos após Pascásio Radberto) e foi assumido nos docu mentos oficiáis da Igreja a partir do Concilio do Latráo IV (1215). O primeiro a usá-lo parece ter sido o jurista Ronaldo Bandinelli (depois Papa Alexandre III t 1181) na frase: "Verumtamen si, necessitate eminente, sub alterius pañis specie consecraretur, profecto fieret transubstantiatio" (Sententiae), o que quer dizer: "Mas, se em caso de necessidade ¡minen te, se fizesse a consagracáo de outro pao, havería transubstanciacáo". Por conseguinte, nao foi Pascásio Radberto quem introduziu o vocábulo na linguagem teológica.

Em 818 (data indicada pelo folheto) Pascásio Radberto, nascido em 790, tinha 28 anos - idade que nao corresponde á de sua controversia

teológica (que se deu a partir de 840). - Donde se vé que outro erro afeta

o folheto em pauta.

Quanto á Missa, é realidade ocorrente desde a última ceia de Jesús Cristo. Os livros do Novo Testamento atestam a sua celebracáo desde os tempos apostólicos; cf. At 2,42; 20,7-11; ICor 10,14-22; 11,23-29; 16,1s.

3. O nome "Missa" nao se deve a Pascásio Radberto. É palavra lati

na equivalente a missio (missao ou envió); significava a despedida ou o envió dos catecúmenos para fora de igreja, quando terminava a homilia ou a liturgia da Palavra. Aos catecúmenos nao era lícito participar da Eu caristía propriamente dita. O nome Missa, que designava tal momento da Liturgia, foi no século IV aplicado todo o rito eucarfstico, de modo que este hoje se chama Missa. O primeiro a usar a palavra Missa no sen

tido atual foi provavelmente S. Ambrosio (t 397) na epístola 20,4. S. Agostinho (t 430) escrevia: "Eis que após o sermáo faz-se a missa (= despedida) dos catecúmenos; ficaráo apenas os fiéis (batizados)" (serm. 49,8).

2.7. A retitacao da "Ave Marra" Reza o folheto:

"Em 1317. Joáo XXII ordena a reza 'Ave María' ".

Algumas confusóes estáo subjacentes a esta afirmacáo, como se

verá a seguir: A primeira parte da "Ave María" tem sua origem no próprio texto bíblico, onde se léem as palavras do arcanjo Gabriel: "Ave, cheia de grapa, o Senhor está contigo; és bendita entre as mulheres" (Le 1,28) e as de Elisabete: "E bendito é o fruto do teu ventre" (Le 1,42). Vése, pois, que é a oracio mais nobre do Novo Testamento após o Pai Nosso, que nos é ensinado pelo próprio Cristo. 561

34

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Os primeiros testemunhos que demonstrem o uso de tal fórmula na piedade crista, datam dos sáculos IV/V: trata-se de duas conchas ou placas de argila (ostraka) encontradas no Egito e portadoras do texto grego da "Ave María" (primeira parte). Também as fórmulas litúrgicas

(ou as Liturgias) atribuidas a S. Tiago, S. Marcos e S. Basilio dáo testemunho do uso de tal prece nos séculos IV/V.

Em latim a saudacáo angélica ocorre na Liturgia do IV domingo do Advento, que data dos tempos de S. Gregorio Magno (t 604). No fim do século XII aparecem as primeiras prescricóes relativas á recitacáo da Ave Maria na Liturgia das Horas e na devocáo popular.

A segunda parte de tal oracáo ("Santa Maria, Máe de Deus, rogai por nos...) aparece em uso num Breviario (Liturgia das Horas) dos sécu los XIV/XV; foi a partir de entáo que se tornou habitual na devocáo dos

fiéis.

O que se atribui ao Papa Joáo XXII, nao é a ordem de rezar a "Ave Maria", mas a recomendacáo de se reverenciar a Encarnacáo do Verbo de Deus mediante a recitacáo do Pai Nosso e da Ave María ao toque do sino no fim do dia. Tal recomendagao data de 1327 e nao de 1317, como

afirma o folheto em pauta.

Outros pontos importantes abordados pelo panfleto já foram estu-

dados em PR. Assim, por exemplo,

- a confissáo auricular: ver PR 264/1982, pp. 300-6;

- a infalibilidade pontificia: ver ibd., pp. 396-400; - as indulgencias; ver ibd., pp. 389s; - o celibato do clero; ver ibd., p. 400;

- a Igreja e a leitura da Biblia; ver PR 282/1985, pp. 385-401. Passamos agora a urna

3. Conclusáo

Verifica-se que o folheto analisado é de baixo nivel científico e teo lógico; está prenhe de erros e imprecisóes. Nao é assim que se promove a causa de Cristo, que disse: "Eu sou... a Verdade e a Vida" (Jo 14,16). 562

"ORIGEM DOS DOGMAS..."

35

Nao é com animosidade preconcebida e obcecada que se dá testemunho de Cristo, que nos ensinou a praticar o amor fraterno e a compreensáo mutua.

Infelizmente, porém, a mentira sempre cala no ánimo do grande público, como dizia Voltaire: "Mentí, menti! Porque sempre fica alguma coisa!"

É de notar que, ao lado de pretensas ¡novagóes dogmáticas (que nunca existiram), o folheto aponta outras, de caráter disciplinar. Estas, de

fato, ocorreram (nem sempre segundo as fórmulas do panfleto). Era na tural e necessário que ocorressem (desde que se conservasse a integridade da fé e da Moral), pois a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espirito de Cristo, que do seu tesouro de vitalidade sabe tirar "coisas novas e veIhas" (Mt 13,52); urna Igreja que hoje se apresentasse com a face exterior que tinha no século I, seria urna "múmia" e nao urna sociedade viva; novos tempos exigem novas respostas da parte de Cristo, que vive na Igre ja. O próprio Jesús no Evangelho assemelhou a sua Igreja á sementé de

mostarda que, de pequenina, se torna enorme árvore, desdobrando e expandindo as suas virtualidades no decorrer dos tempos.

É, pois, lamentável que a ignorancia religiosa, alimentada por pai-

xóes desregradas, lance ao público panfletos de tal tndole. Queira o Espi

rito de Deus iluminar aqueles que pcofessam a fé em Cristo, para que o conhecimento da verdade Ihes mostré o rebanho do Bom Pastor!

A propósito serviráo de instrumento para ulterior esludo os seguintes l¡vros:

E. Bettencourt, "Diálogo Ecuménico". Ed. Lumen Christi, C. p. 2666, 20001 - Rio (RJ).

ídem, "Conversando sobre quinze quesíóes de fé". Ed. Santuario, Rúa Pe. Claro Monteiro 342, 12570-Aparecida (SP). Serie de folhetos "Nos e Nos" sobre as diversas denominacóes pro testantes. Ed. Santuario, endereco ácima.

A respeito de urna noticia publicada pela revista VEJA, ed. de 05/11/86, p. 99, referente ao Cardeal Jean Daniélou, observamos que a au téntica versio dos fatos se acha exposta em PR 178/74, pp. 405-408. 563

Quem pode celebrar a Eucaristía?

Sacerdocio comum dos fiéis e sacerdocio ministerial Em slntese: Vai, a seguir, transcrita a Notificado da Congregacáo para a Doutrina da Fé a respeito da teoría do teólogo holandés Bdward Schillebeeckx O. P., que ¡ende a apagar a distíngáo entre o sacerdocio comum dos fíéis e o sacerdocio ministerial. A Igreja foi por Cristo incumbida de guardar e transmitir incólumes as verdades da fé (cf. Mt 28,18-20).

Sabe-se que todos os cristáos, pelo fato mesmo de serem batiza dos, tém participado no sacerdocio de Jesús Cristo; por isto estáo habi

litados a oferecer o Santo Sacrificio da Missa na qualidade de povo sa

cerdotal; cf. 1 Pd 2,5.

Cristo, porém, além da forma batismal, instaurou outra maneira de participado no seu sacerdocio, instituindo o sacramento da Ordem. Com efeito; na última ceia, quando consagrou o páo.e o vinho eucarlsticos em presenta dos Apostólos (e táo-somente dos Apostólos), Jesús preceituou aos mesmos: "Fazei isto em memoria de mim" (cf. Le 22,19; 1Cor 11,23-25). Em conseqüéncia, aos Apostólos e aos ministros que deles recebem, direta ou indiretamente, a ordenacao sacramental, compete con

sagrar a Eucaristía e exercer outras fungóes sacerdotais; esta competen cia está estritamente ligada ao sacramento da Ordem,'de modo que nao pode ser exercida por quem nao tenha sido validamente ordenado. Em conseqüéncia, a teologia católica distingue o sacerdocio comum dos fiéis (derivado do sacramento do Batísmo, ao qual se associa em muítos cris táos o sacramento da Confirmapáo ou da Crisma) e o sacerdocio ministe rial (decorrente do sacramento da Ordem). O Concilio do Vaticano II propós mais urna vez, de modo explícito, esta clássica doutrina:

"Cristo Senhor... fez do novo povo 'um reino e sacerdotes para Deus Pai' (Ap 1,6; cf. 5,9s). Pois os batizados, pela regenerado e uncSo do Espirito Santo, sao consagrados como casa espiritual e sacerdocio 564

SACERDOCIO COMUM E S. MINISTERIAL

37

santo, para que por todas as obras do homem cristáo oferecam sacrifi

cios espirituais e anuncien* os poderes daquele que das trevas os chamou a sua admirável luz (cf. IPd 2,4-10). Por isto todos os discípulos de Cristo, perseverando em oracáo e louvando juntos a Deus (cf. At 2,42-47), oferecam-se como hostia viva, santa, agradável a Deus (cf. Rm12,1). Por toda parte déem testemunho de Cristo. E aos que o pedirem, déem as razóes da sua esperance da vida eterna (cf. 1Pd 3,15).

O sacerdocio comum dos fiéis e o sacerdocio ministerial ou hJe rárquico ordenam-se um ao outro, embora se diferencien! na esséncia e nao apenas em grau. Pois ambos participam, cada qual a seu modo, do

único sacerdocio de Cristo. O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que goza, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrificio eucarlstico na pessoa de Cristo e o oferece a Deus em non» de todo o povo. Os fiéis, no entanto, em virtude do seu sacerdocio regio, concorrem na oblacio da Eucaristía e o exercem na recepcáo dos sacramentos, na oracáo e na acáo de gracas, pelo testemunho de urna vida santa, pela abnegacáo e pela caridade ativa" (Constituicio Lumen Gentium n« 10).

Acontece, porém, que nos últimos decenios alguns teólogos católi

cos tém procurado apagar a diferenca entre sacerdocio comum e sacer docio ministerial. Isto se deve talvez ao desejo de remediar á penuria de

vocacóes sacerdotais na Igreja contemporánea; afirmam, pois, que, se al-

guma comunidade de fiéis católicos* carece da presenca de um ministro

validamente ordenado, é lícito escolher dentre os membros desse grupo alguém que celebre a Eucaristía; receberá da comunidade a delegacáo para consagrar validamente o pao e o vinho eucarfsticos. Assim estaría extinta a distincáo esséncia I entre sacerdocio comum e sacerdocio mi nisterial: qualquer fiel batizado poderia celebrar a Missa desde que para tanto recebesse a incumbencia da parte de seus ¡rmáos.

Ora esta doutrina contradiz frontalmente a quanto até hoje ensinou a Tradicáo católica, Tradicáo que bercou e que acompanha a Escritura do Novo Testamento durante quase vinte séculos. Nota-se a( um traco de Protestantismo; com efeito, Lutero nao quis reconhecer o sacerdocio mi nisterial, apregoando apenas o sacerdocio comum dos fiéis. Entre os teólogos católicos ¡novadores neste setor, está o domini cano holandés Edward Schillebeeckx, que há anos vem defendendo a te se contraria aos ensinamentos da Igreja. A propósito a Santa Sé já piiblicou urna Carta transcrita em PR 272/1984, pp. 28-48. Como desfecho de conversares havidas entre o teólogo e a Congregacáo para a Doutrina

da Fé, esta houve por bem, em setembro pp., publicar urna Notificapáo, que aponta o grave erro teológico existente nos últimos escritos de

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38

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Schillebeeckx. Segue-se o texto deste documento da Santa Sé, devidamente aprovado pelo S. Padre o Papa Joáo Paulo II:

NOTtFICAgÁO Depois de ter examinado o livro "Pleidooi voor Mensen in de Kerk. Chrístalijke Identíleit em Amblen in de Kerk", do Proi. Edward Schillebeeckx, O.P., a Congregagáo para a Doutrina da Féjulga necessárío tomar pública a seguirte Notificagáo:

1. O Professor Edward Schillebeeckx, O.P., nos anos 1979-1980, publicava dois estudos sobre o ministerio na Igreja: primeiro, urna contribuicáo ao volunte coletivo Basls en Ambt (Nelissen, Bloemendal, 1979, pp. 43-90), depois, um livro intitulado Kerkelijk Ambt (mesmo editor, 1980). N estes dois escritos ele julgava ter estabelecido a "possibilidade dogmática" de um "ministro extraordinario" da Eucaristía, no sentido de que comunidades cristas sem sacerdotes poderiam escoiher de entre os seus membros um presidente, que estaría, por este fato mesmo, plenamente habilitado a presidir á vida destas comunidades e, portante-, a consagrar a Eucaristía ali, sem contudo ter recebido a orde nado sacramental na sucessáo apostólica.

2. A 13 de junho de 1984, a Congregado para a Doutrina da Fé enviava ao Professor Schillebeeckx urna carta em que se Ihe observava que as posicóes sobre o ministerio, por ele desenvolvidas nos dois es tudos em questüo, nao eram conciliáveis com o ensinamento da Igreja recordado de maneira autorizada pela Carta Sacerdotium Ministeriate de 6 de agosto de 1983 (cf. AAS 7S/2,1983,1003-1009). Por conseguinte, a Congregacao notificava ao Professor Schillebeeckx que a sua posteáo sobre o "ministro extraordinario" da Eucaristía nao podía ser conside

rada como urna "questao livre", e pedia-lhe que acertasse publicamente sobre este ponto a doutrina da Igreja, manifestando a sua adesáo pessoal ao conteúdo daquele Documento. 3. Na sua resposta de 5 de outubro de 1984, o Professor Schille beeckx anunciava a próxima publicacio de um novo livro sobre a ques tao; assegurava que nesse livro nada contradiría á Carta Sacerdotium Ministeriate, que nao se falaria mais de um "ministro extraordinario" da Eucaristía, e enfim que, para evitar qualquer mal-entendido, o tema da sucessáo apostólica seria analisado com maior amplitude.

4. Ao publicar - contemporáneamente com a sua própria carta o parágrafo essencial desta resposta (cf. L'Osservatore Romano, edicáo 566

SACERDOCIO COMUM E S. MINISTERIAL

39

quotidiana, de 11 de Janeiro de 1985, p. 2), a Congregado para a Doutrina da Fé fazia presente que se reservava fazer conhecer ulterior mente o seu parecer sobre a obra anunciada e publicada pouco depois

com o titulo Pletdooi voormensen in de Kerk (Nelissen, Baarn, 1986).

5. A propósito deste livro a Congregacáo julga fazer agora, quan-

to ¿ questáo do ministerio, as seguintes observacdes:

a) Efetivamente, a questio do "ministro extraordinario" da Euca ristía nao é mais tocada. Todavía, se é verdade que a Carta Sacerdotium Ministeriale nao constituí o objeto de urna rejeicáo formal, ela nem sequer é o objeto dé urna declaracio de adesáo, mas sim de urna análise critica.

b) Sobre o problema de fundo, deve-se constatar com tristeza que o Autor continua a conceber e a apresentar de tal modo a aposto-

licidade da Igreja que a sucessáo apostólica, por meio da ordenacáo sa cramental, representa um dado nao essencial para o exerclcio do minis

terio, e por conseguinte para o ato de conferir o poder de consagrar a Eucaristía - isto em oposicáo com a doutrina da Igreja. c) Quanto ao método seguido na obra, e em particular ao recurso aos argumentos históricos tirados da Escritura, limitar-nos-emos aqui a

recordar o ensinamento da Constituidlo Dei Verbum (n. 12, parág. 3),

segundo o qual, depois de ter aplicado com atencao todos os recursos da exegese e da historia, "deve-se atender com nao menor diligencia ao conteúdo e á unidade de toda a Escritura, levadas em conta a Tradicio

viva da Igreja toda e a analogía da fé. É dever dos exegetas esforcar-se

dentro destas diretrízes para entender e expor com maior aprofunda-

mentó o sentido da Sagrada Escritura, a fim de que, por seu trabalho como que preparatorio, amadureca o julgamento da Igreja. Pois todas estas coisas que concernem á maneira de interpretar a Escritura, estáo sujeitas em última instancia ao juizo da Igreja, que exerce o divino mandato e ministerio de guardar e interpretar a Palavra de Deus".

6. Por estas razóes, a Congregacáo para a Doutrina da Fé vé-se obrigada a concluir que a concepcSo do ministerio, tal como é exposta pelo Professor Schillebeeckx, continua em desacordó com o ensinamen to da Igreja sobre pontos importantes. A sua missao em relacáo aos fiéis obriga-a, portanto, a tornar público este julgamento. Durante audiencia concedida ao subscrito Prefeito, Sua Santidade o Papa Joao Paulo II aprovou esta Notificacáo decidida numa reuniáo ordinaria da Congregacáo para a Doutrina da Fé, e determinou que a mesma fosse publicada.

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Roma, na sede da Congregarlo para a Doutrina da Fé, 15 de se-

tembro de 1986.

Joseph Card. Ratzinger Prefeito + A. Bovone Secretario

E sempre doloroso para o magisterio da Igreja intervir no trabalho dos teólogos. A Santa Sé, porém, o faz por fidelidade a Cristo e ao povo

de Deus. A doutrina da fé nao é urna filosofía humana, que possa ser julgada e adaptada segundo criterios da razáo, mas é a própria Palavra de Deus revelada por Jesús Cristo e confiada aos Apostólos - especialmente a Pedro - para que fosse guardada e transmitida incólume a todas as geracóes. Por conseguinte, toca á Igreja a dura missáo de apontar os desvios cometidos contra essa Palavra todas asvezes que ocorrem. O magisterio da Igreja nao intervém em discussóesque nao afetem as ver dades da fé, mas nao pode deixar de se pronunciar quando estas correm risco de deterioracao. Os fiéis católicos sao gratos á Sé de Pedro por exercer essa ardua funcáo com a coragem que o Espirito Santo Ihe ins pira.

i CURSOS POR CORRESPONDENCIA 1) Curso Bíblico, em 45 Módulos: Introducao Geral á S. Escritura, Introducáo ao Novo Testamento, Introducáo ao Antigo Testamento (sempre o estudo de livro por livro), Exegese de Textos seletos (Génesis 1-11); 2) Curso de Inidacáo Teológica, em 35 Módulos, que percorrem todos os tratados da Teología, desde a T. Fundamental ("Por que creio..."} até o estudo da consumacao do homem e do universo. 3) Curso de Teología Moral, em 28 Módulos: Moral Fundamental e

Moral Especial.

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prazo para terminá-los, ficando o cursista á vontade para realizar seus

estudos dentro do ritmo que Ihe convém.

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Um livro veemente:

"Horizonte de Esperanza. Teología da Libertario" por Juvenal Arduini

O livro recente de Juvenal Arduini vem a ser urna apología da Teologia da Libertacáo escrita por um teólogo de cabedal cultural. Infe lizmente nao menciona nem utiliza a Segunda Instrucáo da Congregacáo para a Doutrina da Fé sobre Liberdade e Libertacáo, embora seja datado de 1986.

A impressáo que se tem ao ler tal obra, é a de que nao há outra al ternativa para o cristáo senáo a de se fazer adepto da Teologia da liberta-

cao de Leonardo e Clodovis Boff, Gustavo Gutiérrez, Jon Sobrino... (au

tores freqüentemente citados).1 Quem nao aceita tal corrente, é filiado ao

capitalismo opressor e a interesses políticos norte-americanos. A argumentacáo do autor é erudita e aparentemente persuasiva. A respeito sejam feitas algumas observacóes:

1) O autor nao diz urna palavra sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI); parece ignorá-la ou querer ignorá-la. Como entender isto, se J. Arduini é táo cioso de abertura a todos os sistemas, até ao marxismo? Cf. pp. 151-159. Especialmente, se tivesse utilizado a Segunda Instrucáo so bre Liberdade e Libertacáo, teria percebido que o magisterio da Igreja está perleramente a par das situacóes injustas do continente latino-ame ricano, que J. Arduini denuncia, e tem urna resposta para as mesmas: a doutrina contida ñas Encíclicas papáis e nos demais documentos oficiáis da Igreja. Paulo VI, Joáo XXIII e Joáo Paulo II tém sido muito concretos e exigentes ao formular as normas de acáo social dos fiéis católicos. Por que entáo ignorar a DSI? Será por preconceitos, isto é, porque a DSI nao aceita a utilizacáo do marxismo, a luta de classes, a politizacáo da pasto ral, a divisáo da Igreja segundo as posses económicas dos seus mem-

bros, o secularismo...? Será que só se pode atender ao problema social recorrendo aos principios da Teologia da Libertacáo extremada? - A ASás, o autor acha que nao se devem distinguir diversas "Teologías da Libertagáo", de modo que prefere empregar tal expressáo sempre no singular.

Cf. pp. 8s. 569

42

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Igreja responde que nao; Ela deduz do Evangelho, sem mésela de siste ma político, as diretrizes do comportamento social cristáo; estas, postas em prática, seriam mais eficientes do que as da Teologia da Libertacáo, pois nao levariam a ditaduras e ao totalitarismo, como ocorre na Nicara

gua e em Cuba.

O silencio mantido sobre a DSI nao significa que a Teologia da Li

bertacáo só aceita reformas de estilo totalitario, ditatorial, marxista, julgando que outras sao ineficientes?

Alias, a bandeira da promocáo dos pobres nao é própria nem ex clusiva da Teologia da Libertacáo, como dáo a entender, em geral, os adeptos desta. A Igreja, antes de Gustavo Gutiérrez, iniciador da TL em 1968 (cf. p. 13), tinha publicado varios documentos sobre o assunto. Para dissipar o impasse dos debates sobre TL, seria preciso que nao se julgasse que a TL tem a patente dos interesses pelo problema social. A ambigüidade que geralmente reina sobre o assunto, faz que muitos entendam o problema como se se tratasse do dilema: "ou TL ou capitalismo opres-

sor dos pobres". É sobre essa ambigüidade que muitos defensores da TL constroem as suas apologías.

2) O livro de Arduini explana longamente a maneira de elaborar

teologia (cf. pp. 7-17). Todavía parece só levar em conta a formutacao da

Teologia Moral ou da Etica Social Crista; esta, sim, parte da realidade

concreta socio-económica e projeta sobre ela a luz da fé (cf. pp. 41 s). Mas pergunta-se: essa fé que ilumina a realidade social, como deve ser enten

dida? Quais sao os artigos da fé? - É a Teologia Sistemática que os explí cita e elabora após recebé-los da S. Escritura e da Tradicáo. Ora no livro de J. Arduini nao há urna palavra sobre a Teologia Sistemática ou sobre o aprofundamento das verdades da fé consideradas em si mesmas ou

como tais. E isto se deve ao fato de que a TL nao estuda os artigos da fé em si mesmos, mas á luz da própria praxis ou da acáo transformadora da sociedade; com efeito, Jesús a! é tido como o Modelo do Revolucionario polftico, a Igreja como a sociedade democrática cujos pastores sao insti tuidos pelo povo e para o povo, as fórmulas de fé sao verídicas na medi da em que tém forca para transformar a sociedade... A praxis é anterior ao logos ou á doutrina como tal. Por conseguinte, quando J. Arduini nos diz que a fé, na TL, ilumina a realidade social latino-americana, entendase:... a fé já repensada em funcao de criterios sócio-polltico-econdmicos. A igreja, porém, ensina que as verdades da fé devem ser estudadas na sua identidade perene ou eterna (Teologia Sistemática ou Dogmática) para poderem orientar a agáo ética dos cristáos (Teologia Moral). 570

"TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO"

43

3) A fé, na TL, é nao raro secularizada ou esvaziada de seu conteúdo transcendental. O transcendental vem a ser urna dimensáo relativa mente secundaria para os agentes de transformado social da TL; Deus já

está implícito no homem, de modo que servir ao homem já é servir a Deus (era assim, alias, que se exprimiam os teólogos da morte de Deus, da qual a TL é, consciente ou inconscientemente, herdeira). Tenha-se em vista o seguinte diálogo extraído do livro "Da Libertacáo. O teológico das libertacóes socio-históricas" de Leonardo e Clodovis Boff:

"Lufz (militante): Eu acho que a coisa mais importante da fé crista nao é a parte religiosa: oragSo, missa, sacramentos, etc. Coisas assim os fariseus também faziam. E muitos fariseus de neje continuam fazendo. Para Jesús, o que contava mesmo era o amor, ajustiga, a sinceridade. Cristianismo é práti-

ca. Isso ele o deu a entender mais dé urna vez. 'Quero a misericordia e nao o sacrificio'. E depois: 'NSo é o que diz: Senhor, Senhor, que entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai'. Vicente (Vigário):... Só quero dizer que um movimento de libertacáo só tem peso sobrenatural, de salvagáo, quando é vivido com a consciéncia disso. Pois há muitos movimentos de libertacSo que nao tém nenhuma dimensáo maior - a dimensáo religiosa. Sao fenómenos meramente profanos. Tome, por exemplo, a revolucáo russa, chinesa ou cubana. Sao revolugóes feitas sob o signo do ateísmo marxista. Desse ponto de vista, nao só nao tém dimensáo nenhuma de transcendencia, como se-podem dizer propriamente anti-humanas.

Carlos (teólogo):... Tal é o plano de Deus: que quando futamos pelos homens, sobretudo petos oprimidos, luíamos por Ele, quer o saibamos, quer nao. Entáo nao é a presenca dos cristáos que confere a um movimento histó rico o seu caráter sobrenatural. Depende da retidáo ética de seus agentes... A participagao dos cristáos na lula do povo se baseia no valor intrínseco dessa htta, que, como vimos, tem para um cristáo dimensáo divina objetiva... A fé é um potencial de luz e torga de primeira grandeza. Ela pode se investir sobre

as práticas da luta popular, sob a forma de inspiragáo, de ettios, de mística

poderosa.... Nao é ela que confere um sentido sobrenatural ou divino á futa. É o inverso que ocorre: é esse sentido objetivo intrínseco que confere á fé sua

torga. Nao é porque o cristáo vai é luta animado pela fé sobrenatural. É o con

trario que acontece: é porque a própria luta já é em si mesma urna grandeza

sobrenatural que o cristáo vai a ela animado pela fé" (pp. 102-107). Notemos que o secularismo nao nega Deus, mas o oculta dentro do humano e o torna funcáo do humano.

4) Infelizmente, J. Arduini (como, alias, varios teólogos da Li bertagao) opóe entre si o Cardeal Joseph Ratzinger e o Papa, insinuando que a 571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

sua posicáo é concorde com os ensinamentos pontificios (cf. pp. 117.148s) e discorde apenas de um Cardeal conservador, suscetível de se veras criticas (ver pp. 168-172).

- Na verdade, o Cardeal Joseph Ratzinger é o Prefeito da Congre

gado para a Doutrina da Fé e pessoa de confianca do Papa; os docu mentos emanados desta Congregagáo nao sao artigos de revista publica dos pelo Cardeal Ratzinger, mas sao pronunciamentos do magisterio da Igreja, caso por caso aprovados pelo Sumo Pontífice. Sao, pois, merece dores de pleno respeito. Por isto nao se entende que o livro censure táo acerbamente a Instrucáo Libertatis Nuntius, que nao foi escrita levianamente, mas representa o pensamento oficial da Igreja; menos ainda se

entende que um arcebispo, especialmente quando colocado em funcáo de tanta responsabilidade na Igreja do Brasil, tenha escrito táo calorosa Apresentacáo recomendando o livro de J. Arduini (pp. 5-6). Onde está a colegialidade epi xopal? Onde está o respeito ao magisterio da Igreja?

É a contragosto que fazemos tais observacóes. Muito mais agradá-

vel é exaltar e elogiar... Todavia trata-se de coeréncia; atacar o magisterio

da Igreja em nome de lucidez mais esclarecida é ousado, temerario e agressivo a toda a Igreja. As proposicóes teológicas nao se elucidam apenas mediante argumentacao racional (que no livro em foco nem sempre é ¡mpecavel, como vimos atrás), mas estao sujeitas a criterios de fé

ou a referenciais transcendentes. Possa o público estudioso perceber as lacunas do livro, lendo-o em profundidade, sem se deixar impressionar pela veeméncia de certas de suas afirmacóes!

Estéváo Bettencourt, O.S.B

Lívros em estante Génesis 1 a 11 na Catequese, por Inés Broshuis e Irma Oazir da Rocha

Campos. Colecáo "Encontró com a Biblia". - Ed. Paulinas, Seo Paulo 1986, 155 x 225 mm, 67 pp.

Este livro se destina é catequese de changas de 10 a 13 anos de idade.

Procura expor o conteúdo dos onze primeiros capítulos do Génesis (com ex-

cegáo deGnSe 10) em termos simples, tecendo comparacóes com a época moderna. A Parte I (pp. 7-32) é um "cursinho de iniciagSo bíblica"; a Parte II (pp. 33-67) oterece subsidios catequélicos (gráficos, historia do Antigo Tes tamento, sugestóes de atividades, cantos...).

A intengáo das duas autoras é pedagógica. Infelizmente, porém, o con

teúdo deixa a desejar em pontos de importancia essencial: 572

___

LIVROS EM ESTANTE

45

1) Repetidamente está dito que Gn 1-11 "nao pretende relatar fatos

históricos" (pp. 12.24). Ora, se nao há crónicas em Gn 1-11, há todavía o que se chama "a historia religiosa da humanidade primitiva " " (ver Carta da Pontifi cia Comissáo Bíblica de 16/01/1948 dirigida ao Cardeal Suhard de París), ou seja. urna trama histórica apresentada de modo a transmitir urna mensagem religiosa. - As autoras equiparam Génesis 1-11 a parábolas (p. 12); ora urna

parábola nada tem de histórico; nao se diga o mesmo a respeito de Gn 1-11,

onde se lé a historia da etevacao do homem é fíliagáo divina logo depois de criado, o convite a se manter nesse estado de "¡ustiga original", a perda da

graga por causa do pecado dos primeiros país, o fratricidio...

2) Graveé o silencio a respeito da elevagáo dos primeiros homens á

santidade original ou á ordem sobrenatural. Tudo é narrado como se o género

humano estivesse vivendo simplesmente a ordem natural. Verdade é que va rios autores hoje querem apagar a distingáo entre "natural" e "sobrenatural", sob a falsa alegagao de que seja dualismo. Ora "sobrenatural" e "natural" nao constituem dualismo (antRese), mas dualidade (realidades complementares). Com efelto: o sobrenatural é a participagáo do ser humano na vida do próprio Deus, condigáo esta que excede as exigencias da natureza humana. Écerto

que Deus quis, no inicio, dar ao homem mais do que o que ele podía esperar; este designio de Deus, violado pelo pecado, é, de novo, restaurado pelo Se-

ríhor Jesús Redentor.

3) Os demais tópicos de Gn 1-1] sao expostos de maneira vaga, como se fossem tentativas de explicar situacóes das épocas de Salomáo ou poste nores, sem admitir um passado real ou a pré-história bíblica. Tal posigáo é

inspirada por obras recentes relativas ao paraíso terrestre (saudade ou espe ranza?).

É pena que tal obra, de aprimorada didática, seja táo deficiente em seu

conieúdo.

A orafáo ao Deus da Biblia, por Luis Carlos Araujo e outros autores.

Colegio

"Estudos Bíblicos" n9

160 x 130mm, 80 pp.

10.

- Ed.

Vozes,

Petrópolis

1986,

1. A colegio "Estudos Bíblicos" obedece aos principios da Teología da Libertagao. Contém cortamente páginas de grande valor exegético e teológico, como as pp. 8-57 deste volume n910, mas nao delxa de manifestar cá e lá as

teses incompativeis com a té da Igreja. É o que ocorre ás pp. 6-7 do mencio

nado volume, onde se lé:

"Primordialmente nao se chega á prática através de Deus e sim a Deus mediante a prática. Porque é al que Deus se revela e, de algum modo, se alcatifa.

573

46

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Assim também nao é Oeus que primordialmente justifica a prática dos que o seguem, mas vice-versa a vida dos crentes da razáo de

Deus...

Para o Deus da Biblia, a religiio e suas expressoes nao sao consi deradas práticas que, de per si, Ihe sao agradáveis. A prática agradável a Yaweh diz respeito á construcáo da sociedade; ela é necessariamente social e política. A religiáo so Ihe é agradável na medida em que for expressáo dessa vida... O culto e a oracio, em seu conteúdo e em suas expressoes, devem-se alimentar da própria prática dos crentes, trazen-

do para o diálogo com Deus a experiencia de sua presenca no coráceo da luta" (Luis Carlos Araujo, pp. 6-7).

Com outras palavras, feto quer dizer que a praxis "libertadora" ou a

agáo social e política é o primeiro dever do homem; mesmo aqueles que nao tém té, se lutampela reforma da sociedade, estáo dando gloria a Deus: "o seu

Deus é Yaweh nao porque nele creiam ou professem alguma religiáo, mas porque a sua prática coincide com o mandamento do Senhor" (p. 6). Quem assim procede, pode dar ulterior dímensáo é sua praxis: a dimensáo da oragao, a qual será válida se incluir em suas fórmulas a temática da luta política. Acontece, porém, que a agáo sócio-polltíca, mesmo sem té, já é culto a Deus.

Tem-se assim o secularismo ou a fé reduzida ás expressoes seculares sociopolíticas: "Deus passou todo inteiro para o homem", segundo Roger Garaudy em "Parole d'Homme", p. 236. A proñssáo de fé e de amor a Deus vém a ser algo de adventicio; nao éafé que dé valora agio dos cristáos, mas é a agáo secular, leiga, sócio-polftica que dá valor á fé dos cristáos. Desta maneira é professado o primado da praxis sobre o Logos, consoante o principio estabaleddo por Kart Marx: "Os filósofos até agora pensaram o mundo; chegou o momento em que teremos de transformá-b".

2. Ora a doutrina da Igreja ensina que afee sua mensagem tém a primazia sobre a praxis ou a Ética do homem; a verdade é a luz dos oassos

concretos do ser humano. A praxis sócio-politica é mesmo algo de ambiguo em si; pode ser realizada por Deus e para Deus, como também pode ser efetuada contra Deus; neste caso ela carece de todo valor. Em conseqüéncia, nao é lícito fazer da agáo sócio-polilica um absoluto; ela só tem sentido se é

desenvolvida em fungió do Reino de Deus (imánente e transcendente), que, este sim, é um vator absoluto.

Verdade é que podem alguns cristáos professar a fé sem a traduzir em

atos ou podem fazer da fé a falsa cobertura de seu pmcedimento iniquo. 7o-

davia estes casos sao caricaturáis e nao representam a auténtica posigáo da Igreja; esta professa a primazia da fé ou do culto a Deus estritamente inspira do por verdades eternas (a consciéncia de que Deus é trino e nos envolve na comunhao da sua vida, mediante Jesús Cristo e os sacramentos); afirma, po574

LIVROS EM ESTANTE

47

rém, que a religiáo se deve manifestar em obras de amor e justica para com o

próximo (cf. Tg 1,27).

É de lamentar que o livro em foco se abra com tais ponderacóes extre

madas e inaceitáveis á fé católica. O restante da obra é, com excecáo de alguns poucos trechos, aceita vel.

A mulher faz teología, por Ivone Gebara e María Clara Lucchetti Bingemer. Colegáo "Teotogia Orgánica" ns 18. - Ed. Vozes, Petrópolis 1986, 115 x 160mm, 79 pp.

O livro é escrito por duas teólogas, que propóem o papel da mulher e dos valores femininos na Igreja de nossos días. Oprimeiro trabalho (pp. 7-27), de Ivone Gebara, salienta o estudo da teología por parte de mutheres, que assim se habilitam a exercer nova influencia sobre a face humana da tgreja.remodelarño "formulacóes teológicas marcadamente machistas e dissiparáo a necessidade de legitimacáo masculina para que as coisas acontecam ñas

Igrejas" (p. 27). Tais dizeres sao ambiguos; precisaríam de ser explanados

um pouco mais, a fím de que nao se confunda o misterio da Igreja com urna sociedade fundada e regida únicamente por homens e mulheres.

O segundo estudo, de María Clara (pp. 31-79), recothe dados bíblicos e patiisticos que valorizam a mulher como símbolo de Deus e, de modo espe cial, do Espirito Santo; as suas consideracóes merecem respeito, embora cá e lá sejam sutis e discutiveis ou toreadas. Muito chama a atengSo a freqüente referencia ao "dualismo" corpo x alma, que María Clara impugna e deseja eliminar da teotogia (verpp. 35.73-78). Na verdade, porém, nao há teólogo que

possa discordar de María Clara, pois nenhum admite o "dualismo" cor po x alma; este significada antagonismo entre alma (espiritual) como se esta

fosse boa por si ou ontologicamente, e o corpo (materia) como se este fósse mau por si ou ontotogicamente. Ora dizemos que o corpo e a alma sao criatu ras de Deus, que os fez ontologicamente bons. Negando, porém, o dualismo entre corpo e alma, o católico nao caí no monismo (como Mana Clara insinúa),

mas afirma a dualidade de corpo e alma, ou se/a, a real distincáo de um e outro; corpo e alma neo se identifícam entre si, mas foram feitos para se com

pletar mutuamente.

Atgumas das consideragóés de María Clara que tendem a identificar corpo e alma entre si, carecem de veracidade e oportunidade; pretenden/ ex cluir um eno prolessando outro erro. É o que faz que seu estudo perca muito

do valor que poderia ter.

575

48

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

Espiritismo. Orientacáo para os Católicos, por Frei Boaventura Kloppenburg O.F.M. - Ed. Loyola, Sao Paulo 1980, 140 x 210 mm, 203 pp.

O grande perito em Espiritismo, Frei Boaventura Kloppenburg (hoje Bispo de Novo Hamburgo, RS), aprésenla um manual elucidativo do Espiritismo e de certas práticas mediúnicas. Aborda a origem e a doutrina do Espiritismo, a evocagSo dos morios, a reencamagáo, o curandeirismo, a psicografia, aposigáo da Igreja Católica perante o Esplritualismo e, por fím, a doutrina crista re ferente ao Além.

É obra de valor, que vem preencher urna ¡acuna em nossa bibliografía,

pois as obras anteriores de Frei Boaventura, datadas da década de 1950, já estavam esgotadas. Especialmente interessantes sao as páginas em que o autor analisa a psicografia ou a escrita automática, que tem em Chico Xavier a sua figura mais expressiva: Frei Boaventura faz minuciosa análise de urna mensagem psicografada, mostrando que, "á luz dos atuais conhecimentos, cada um dos seus elementos constitutivos está perfeitamente dentro do ám bito das potencias e facuidades naturais da alma humana, sem precisar, para a sua realizacáo, do concurso de espiritas ou almas desencamadas" (p. 145). Chama-nos a atengáo também a explicagio dada para os fenómenos de cura mediante passes, agua flutdica e ritos do kardecismo: o olhar do parapsicólogo e dentísta descobre nesses fenómenos a ibsSo, geralmente alimentada pela boa fé, mas prejudicial á saúde dos pacientes (pp. 121-134). Desejamos salientar outrossim as páginas referentes aos "efeitos nega tivos da evocagSo dos mortos": esta prática nao somente nao póe os vivos em comunicacao com os falecidos, mas, por ser ilusoria, é apta a desenca-

dear obsessáo nervosa e graves males psíquicos: "A treqüéncia ás sessóes esputas se encontra amiúde entre os fatores predisponentes e desencadeantes das psicoses e das reacoes psicopatokigicas" (Dr. José Lema Lo pes, citado á p. 59). O exercfcb da mediunidade é, pois, segundo o parecer de numerosos médicos citados ás pp. 50-62, poderoso elemento geradorde dis turbios mentáis.

Saudamos o livro como precioso subsidio para o esclarecimento das questóes ¡angadas pelo Espiritismo; além do que, vem a ser manual de catequese sobre a maneira como os católicos entendem céu, inferno, limbo, pur gatorio, arijos bons e maus... Cuba num retrato sem retoques, por Luciano Bivar. - Ed. Barristeis,

Rúa Sao José, 46, s. 1105 - Rio de Janeiro 1986, 135x210mm, 167 pp.

O autor é um brasileiro que, aos 05/02/86, desembarcou em Havana

(Cuba) na qualidade de turista como outro qualquer. Aospoucos, porém, concebeu intencóes mais "curiosas": "a mitifícacáo política, o temor do povo de Continua na pág. 14

576

ERGUNTE Responderemos

ÍNDICE de

1 986

ÍNDICE 1986

51

ÍNDICE (Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página) A

"A ARTE DO ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO" por Rollo May ABORTO: discussáo filosófica na Irlanda

ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO

289/1986, p.274. 284/1986, pp.26 e 40; 295/1986, p. 550.

289/1986, p. 274.

ACULTURACÁO

294/1986, P. 526.

ALMA HUMANA: realidade

286/1986, p. 128.

ÁFRICA DO SUL E "APARTHEID" "A IGREJA DA LIBERTACÁO"- filme "A MEMORIA DO POVO CRISTAO" - por Eduardo Hoornaert

293/1986, p. 464. 289/1986, p. 286.

290/1986, p. 311.

AMIZADE ENTRE SEXOS ANIMÁIS IRRACIONAIS E HOMEM: diferencas . . . ANTROPOCENTRISMO: crítica "ANTROPOLOGÍA DO SOFRIMENTO" - por Hubcrt

286/1986, p. 119. 287/1986, p. 170. 286/1986, p. 130.

Lepargneur "APARTHEID" E COMUNISMO

289/1986, p. 252. 293/1986, p. 464.

"AVE MARÍA" - origem da prece

295/1986, p. 561.

ARTES NA IDADE MEDIA ATRIBUigÁO DO NOME-rito soviético

289/1986, p. 264. 292/1986, p. 420.

B

BELLI, HUMBERTO, E NICARAGUA

287/1986, p. 157.

BOTAS, PAULO, E IGREJA

286/1986, p. 144.

BÍBLIAS TRANSFORMADAS EM PAPEL HIGIÉ-

291/1986, p. 379.

BIOÉTICA, PROBLEMAS DE

284/1986, p. 25.

BATISMO - efeitos BETTO, FREÍ, E FIDEL

BÍBLIA - como interpretar

285/1986, p. 77. 286/1986, p. 98.

287/1986, p. 153.

NICO

CANON BÍBLICO: discussáo

"CARNIS RESURRECTIONEM": traducao 579

295/1986, p. 558.

292/1986, p. 387.

52

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

CARISMA E INSTITUICÁO

290/1986, P. 315: 292/1986, p. 431.

CASAMENTO E CONTROLE DA NATALIDADE . .

286/1986, p. 122

CATECUMENATO: movimento eclesiai CATEQUESE HOJE: crise

290/1986, p. 306. 284/1986, p. 4.

NO RITO SOVIÉTICO

CATÓLICO E MACÓN? CEMITÉRIOS: jardins de lazer?

292/1986, p. 422.

291/1986, p. 347. 293/1986, p. 475.

CHARBONNEAU, PAUL-EUGÉNE, E LIBERTACÁO

288/1986, P. 217.

CLUBE FEMINISTA "MARÍA", NA RÚSSIA COMUNICACÁO DOS IRRACIONAIS

295/1986, p. 539. 287/1986, p. 175.

CLERO NA URSS - recrutamento CLONAGEM: experiencias

COMUNISMO, BEM-ESTAR E LIBERDADE

CONCÍLIO VATICANO II: Eclesiologia CONFISSÓES - por que há menos? CONSCIÉNCIA DE JESÚS SI MESMO

DO DIREITO Á PRIVACIDADE ...

"CONTRA TODA ESPERANCA" - por Armando Va-

295/1986, p. 538. 284/1986, p. 31.

286/1986, p. 102.

293/1986, p. 460. 284/1986, p. 12. 294/1986, p. 482. 287/1986, p. 180.

291/1986, p. 370.

ladares CREDO SANDINISTA CRISE NA CATEQUESE

288/1986, p. 201. 287/1986, p. 163.

CRISTIANISMO E MARXISMO: convergem? CUBA: presos políticos

286/1986, p. 99. 288/1986, p. 201;

"CRISTÁOS SOB FOGO" -por Humberto Belli

284/1986, p.

2.

287/1986, p. 157. 293/1986, p. 446.

CULTO DOS SANTOS: origem CURRAN, CHARLES: censura

295/1986, p. 555. 294/1986, p.498.

"DA TEOLOGÍA AO HOMEM" - por Paul-Eugéne Charbonneau DEMOCRACIA E ESCOLA PARTICULAR

288/1986, p. 217. 284/1986, p. 36.

DEMONIO ADVERSARIO (= SATA) - EXISTENCIA E ACÁO DEMONIOS E CONSORCIO CARNAL DEPÓSITO DA FÉ: imutável DIREITO Á PRIVACIDADE

285/1986, p. 88; 294/1986, p. 502. 286/1986, p. 111. 284/1986, p. 8. 291/1986, p. 366;

DISCRIMINACÁO ANTICRISTÁ DIVORCIO NA IRLANDA DOADOR-CADÁVER

291/1986, p. 379. 295/1986, p. 543. 284/1986, p. 32.

VERDADE INTEGRAL DIREITOS DO HOMEM E DIGNIDADE HUMANA .

-VIVO "DOMINUM ET VIVIFICANTEM"

284/1986, p. 3. 286/1986, p. 125.

284/1986, p. 33. 293/1986, p. 434. 580

ÍNDICE 1986 DONS E CARISMAS

DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA E LIBERTACÁO .

53 285/1986,p. 52.

289/1986, p. 247.

E

EDUCACÁO - direito de todos NA NICARAGUA

284/1986, p. 36. 288/1986,p. 227.

"EM CUBA NAO HÁ TORTURA" ENGENHARIA GENÉTICA

293/1986, p. 446. 284/1986, p. 29.

SEXUAL ADAPTADA A CRIANCA

ENSINO DOS MANDAMENTOS RELIGIOSO INTERCONFESSIONAL "ENTRE HOMEM E MULHER" - por Dietrich von

284/1986, p.

7.

284/1986, p. 6; 289/1986, p. 285.

Hüdebrand "ESCATOLOGIA CRISTA" - por J.B. Libánio e M.C. Bingemer ESCOLA PARTICULAR E E. ESTATAL ESCRITURA - autentica interpretado

286/1986, p. 115.

ESTADO DO VATICANO

292/1986, p. 402;

ESPÍRITO SANTO: encíclica E EDUCAQÁO

ESTRANGEIROS NA URSS EVANGELHO DE MARCOS ANTES DE 50?

EVANGELIZACÁO RECONCILIADORA EXIGÉNCJAS EVANGÉLICAS DE TRANSFORMACÁO

EXORCISMO HOJE

:

291/1986, p. 338. 284/1986, p. 37. 284/1986, p. 10.

293/1986, p. 434. 284/1986,p. 37. 295/1986, p. 537. 288/1986, p. 194.

290/1986, p. 295. 289/1986, p. 249.

285/1986, p. 91; 294/1986, p. 502.

F

FALCÁO, JOSÉ CABRAL

290/1986, p. 334.

FAMfLIA E EDUCACÁO FÁTIMA: segredo

284/1986, p. 37. 292/1986, p. 410;

"FATOS E MITOS SOBRE A VIRGEM MARÍA"? . . . FAVELAS NA URSS

FÉ: imutável

FEMINISMO E MARXISMO FEUDALISMO: que é?

"FIDEL E A RELIGIÁO"- conversas com Freí Betto . .

FINANCAS DA SANTA SÉ FREUD E RELIGIÁO FUNERAIS NO RITO SOVIÉTICO

295/1986, p. 536.

294/1986, p. 510. 295/1986, p. 537.

284/1986, p.

8.

295/1986, p. 539. 289/1986, p. 265.

286/1986, p. 98.

292/1986, p. 401. 289/1986, p. 278. 292/1986, p. 424.

G GORETTI, MARÍA: canonizagáo GORITCHEVA, TATIANA: depoimento GRACA DIVINA - conceito 581

292/1986, p. 398. 295/1986, p. 530. 285/1986, p. 76.

54

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986 H

HELENIZACÁO DO CRISTIANISMO

290/1986, p. 319.

HOMEM E ANIMÁIS IRRACIONAIS: diferencas . . .

287/1986, p. 170.

HISTORICIDADE DO PARAÍSO

"HOMOSSEXUALIDADE: CIENCIA E CONSCIÉNCIA" - por Marciano Vidal e outros

285/1986, p. 72.

288/1986, p. 233.

HOORNAERT, EDUARDO, E HISTORIA

290/1986, p. 311.

BERTACÁO" - por Juvenal Arduini HUMANISMO NA NICARAGUA

295/1986, p. 569. 287/1986, p. 167.

"HORIZONTE DE ESPERANCA. TEOLOGÍA DA LI-

I

IDADE MEDIA: aspectos

289/1986, p. 262.

IGREJA CATÓLICA LIBERAL

293/1986, p. 468.

"IGREJA DA LIBERTACÁO" IGREJA E TESTES PSICOLÓGICOS INCRÉDULO E MENSAGEM DE FÉ

289/1986, p. 286. 291/1986, p. 366. 289/1986, p. 258.

DE JESÚS CRISTO: única QUE SOFRE - seus títulos

293/1986, p. 458. 291/1986, p. 378. 292/1986, p. 402.

ÍNCUBOS: demonios e sexualidade INDEPENDENCIA DO CRISTÁO

286/1986, p. 110. 291/1986, P. 380.

INSEMINAC.ÁO ARTIFICIAL: moralidade

284/1986, p. 30.

INSTITUTO PARA AS OBRAS DE RELIGIÁO INSTRUCÁO "SOBRE A LIBERDADE CRISTA E A LIBERTACÁO" "INVITATION Á LA VIE": movimento

292/1986, p. 407.

INQUISICÁO: por qué?

INSTITUICAO E CARISMA

289/1986, p. 271.

292/1986, p. 431.

291/1986, p. 357. 291/1986, p. 382.

JAIR PEREIRA E MISSÓES JESÚS E A FUNDACÁO DA IGREJA

294/1986, p. 497. 294/1986, p. 489.

JOÁO PAULO II E NICARAGUA JOVENS NA NICARAGUA

287/1986, p. 165. 287/1986, p. 166.

JUBILEU DO ANO 2000

293/1986, p. 441.

"JE VOUS SALUE, MARIE" - filme de Jean-Luc Godard

NA URSS

287/1986, p. 183.

292/1986, p. 422.

K KLOPPENBURG, BOAVENTURA: Eclesiologia 582

293/1986, p. 458.

ÍNDICE 1986

"LA RELIGIÓN EN LA URSS" - por Alexéi Puzin . . . LEÍ DE DEUS E CONSCIÉNCIA LIBERDADE DE ENSINO

AMEACADA NA NICARAGUA LIBERTAgÁO CRISTA E LIBERDADE

55

291/1986, p. 376. 284/1986, p. 10. 284/1986, p.

38;

288/1986, p. 228. 289/1986, p. 243.

M

MACONARIA E RELIGIÁO

291/1986, p. 350; 284/1986, p. 20.

"MÁE MENININHA"

294/1986, p. 522.

MARCOS: EVANGELHO ANTERIOR A 50?

288/1986, p. 194.

MARÍA GORETTI: canonizagSo

292/1986, p. 398.

MARXISMO OU DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA?

286/1986, p. 103.

MEDJUGORJE

295/1986, p. 536.

MARÍA VIRGEM E MÁE

294/1986, p. 510.

MEDICINA CRIÓNICA

284/1986, p. 33.

MENTIRA E MORTE - oulrora e hoje

293/1986, p. 438.

METODISTAS E MAQONARIA

284/1986, P.

MILAGRES: SIM OU NAO?

292/1986, p. 393.

MISSA EM LATIM MISSAO LIBERTADORA DA IGREJA

295/1986, p. 553. 289/1986, p. 246.

MORAL CATÓLICA E CH. CURRAN

294/1986, p. 498.

MISSÓES EVANGELIZADORAS: valor MITOLOGÍA E DEUSA-MÁE MORIBUNDOS: assisténcia aos MORTE: quando ocorre? - sua "origem" MULHER MEDIEVAL

20.

292/1986, p. 429. 294/1986, p. 514. 284/1986, 287/1986, 285/1986, 289/1986,

p. 34. p. 189. p. 85. p. 268.

N NEOCATECUMENATO: movimento eclesial

NICARAGUA E EDUCACÁO situasao geral

290/1986, p. 300.

288/1986, p. 228; 287/1986, p. 157.

NEUROSE E RELIGIÁO

289/1986, p. 277.

"NOSSOS PAÍS NOS CONTARAM" - por Marcelo

de Barros Souza

287/1986, p. 146.

O

ÓBULO DE SAO PEDRO: que é?

O'CALLAGHAN E DATA DE Me . 583

292/1986, p. 407.

288/1986, p. 194.

56

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

ODDI, SÍLVIO, Card., E CATEQUESE

284/1986, p.

ORDEM DOS PADRES EXORCISTAS DO BRASIL .

294/1986, p. 497.

"O MITO DA IDADE MEDIA" - por Régine Pernbud ORACÁO CARISMÁTICA "ORIGEM DOS DOGMAS E INOVACÓES DA IGREJA ROMANA"

"O SEGREDO DE FÁTIMA" - por José Geraldes Freiré

2.

289/1986, p. 261. 285/1986, p. 50. 295/1986, p. 552.

292/1986, p. 410.

P

PADRE FALCÁO PAPAS E RENOVACÁO CARISMÁTICA CATÓLICA

"PARAÍSO TERRESTRE: SAUDADE OU ESPERANCA?" - por Carlos Mesters

PATRIMONIO DA SANTA SÉ

290/1986, p. 334. 285/1986, p. 55. 285/1986, p. 66.

292/1986, p. 405.

PAULO BOTAS, E IGREJA

PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO

286/1986, p. 144.

293/1986, p. 440.

- conseqüéncias

285/1986, p.

DO MUNDO MORTAL - possibilidade e freqüéncia

285/1986, p. 75. 284/1986, p. 14.

ORIGINAL: como entender?

293/1986, p. 438. 285/1986, p. 79.

PERNOUD, REGINE, E IDADE MEDIA PERSONALIDADE E RELIGIÁO PLURALISMO SOMENTE FORA DO DEPÓSITO DA FÉ POBREZA E COMUNHÁO DE BENS POSESSÁO DIABÓLICA POVO DE ISRAEL E A MULHER POVOS PRIMITIVOS PRIMADO DO PAPA

82.

289/1986, p. 262 289/1986, p. 275.

284/1986, p. 6. 290/1986, p. 317. 294/1986, p. 506. 294/1986, p. 511. 285/1986, p. 85. 295/1986, p. 556.

PRIMEIRO PECADO

285/1986, p.

PRISIONEIROS EM CUBA

293/1986, p. 446;

PRIVACIDADE: direito da pessoa

288/1986, p. 201. 291/1986, p. 370.

"PROBLEMAS DE BIOÉTICA" - por Andrew C. Varga PROLONGAMENTO ARTIFICIAL DA VIDA

75.

284/1986, p. 25.

287/1986, p. 189.

PROPAGANDA SOVIÉTICA

295/1986, p. 536.

PROTESTANTISMO: obje?5es a Igreja

295/1986, p. 552.

PURGATORIO E PROTESTANTES

295/1986, p. 557.

R

RATZINGER, JOSEPH, Card., E LIBERTACÁO

E MORAL CATÓLICA E SACERDOCIO

584

291/1986, p. 357;

294/1986, p. 498; 295/1986, p. 564.

ÍNDICE 1986

57

RECONCILIAgÁO E EVANGELIZACÁO RECRUTAMENTO E DOUTRINACÁO ÑAS SEITAS REDENCÁO - necessidade RELIGIÁO NA URSS RELIGIÓES AFRO-BRASILEIRAS E CATOLICISMO RENOVACÁO CARISMÁTICA CATÓLICA: que é? .

290/1986, p. 299. 290/1986, p. 327. 284/1986, p. 15. 291/1986, p. 376. 294/1986, p. 522. 285/1986, p. 50.

RESSURREICÁO DA CARNE

284/1986, p.

RESPEITO AO CORPO HUMANO

293/1986, p. 476.

4;

292/1986, p. 397.

RITOS SOVIÉTICOS

292/1986, p. 419.

ROSA-CRUZ E CRENCAS RELIGIOSAS

286/1986, p. 136.

s

SACERDOCIO COMUM DOS FIÉIS E SACERDOCIO MINISTERIAL

295/1986, p. 564.

SALVACÁO - falsa noc.So

284/1986, p. 16.

levada a todos

284/1986, p.

SANDINISTAS E CRISTÁOS - quem sao?

287/1986, p. 158.

SANTA SÉ - tarefas

292/1986, p. 403.

SANTIDADE DA VERDADE

SAÚDE PSÍQUICA E FÉ SEGREDO DE FÁTIMA

16.

287/1986, p. 160. 284/1986, p.

7.

289/1986, p. 277. 292/1986, p. 411.

.-

SEITAS - tragos característicos "SENHOR E FONTE DE VIDA" - Carta-Encíclica

290/1986, p. 324. 293/1986, p. 434.

SER HUMANO SERVO DA GLEBA SEXO - significado SILENCIAR A VERDADE PARA PRESERVAR A PAZ?

287/1986, p. 172. 289/1986, p. 266. 286/I986,p. 116.

SINCRETISMO

294/1986, p. 524.

"SOBRE A LIBERDADE CRISTA E A LIBERTA-

CÁO" - instrucáo da Santa Sé

SOFRIMENTO: antropología do

285/1986,p. 59.

289/1986, p. 242. 289/1986, p. 252.

T

TAREFAS CULTURÁIS E EDUCATIVAS TATJANA GORITCHEVA: depoimento TEOLOGÍA - conceito DA CRUZ LIBERTACÁO

RECONCILIACÁO DO SOFRIMENTO

289/1986, 295/1986, 288/1986, 286/1986

p. p. p. p.

250. 532. 220; 114;

288/1986, p. 219.

290/1986, p. 291; 289/1986,p. 253. 585

58

. "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 295/1986

"THÉRÉSE" - filme de.Alain Cavalier TORTURA ÑAS PRISÓES EM CUBA TRANSPLANTE DE ÓRGÁOS E ÉTICA TRANSUBSTANCIAQÁO: origem da palavra TÚMULOS PARA ENCERRAR MORTOS VIVOS EM CUBA

:

293/1986, p. 479. 288/1986, p. 206. 284/1986, p. 32.

295/1986, p. 560. 288/1986, p. 211.

U UMBANDA E SINCRETISMO

294/1986, p. 523.

VALLADARES, ARMANDO, E CUBA VALORES MORÁIS E RELIGIOSOS

288/1986, p. 201. 287/1986, p. 181.

VATICANO: finangas VATICANO II: Edesiologia

292/1986, p. 401. 293/1986, p. 460.

VELHICE

284/1986, p. 33.

VERDADE E CATEQUESE

284/1986, p.

VARGA, ANDREW, E BIOÉTICA

PAZ

"VERDADES CIENTÍFICAS": teorías

284/1986, p. 25.

4;

285/1986, p. 59.

284/1986, p.

8.

VIDA HUMANA - QUANDO COMEgA?

284/1986, p. 26.

VIDAL, MARCIANO, E HOMOSSEXUALIDADE . .

288/1986, p. 535.

NA RÚSSIA

VIRGEM-MÁE NO CRISTIANISMO VIRGINDADE PERPETUA DE MARÍA

VON HILDEBRAND, DIETRICH, E SEXUALIDADE

295/1986, p. 535.

294/1986, p. 515. 294/1986, p. 517. 286/1986, p. 115.

Z

ZELO MISSIONÁRIO: valor

292/1986, p. 429.

ZEN-BUDISMO: que é?

292/1986, p. 425.

EDITORI AIS

BENEVOLENCIA E VERDADE "O ESPÍRITO VOS ENSINARÁ TUDO"

288/1986, p. 193. 291/1986, p. 337.

O PARADOXO CRISTÁO

295/1986, p. 529.

O FELIZ INCÓMODO DA FÉ

290/1986, p. 289.

O TEMPO OPORTUNO

285/1986, p. 49.

PASSAGEIRA E, POR ISTO, PRECIOSA PECADO E SANTIDADE NA IGREJA

294/1986, p. 481. 293/1986, p. 433.

RITMO VITAL

292/1986, p. 385.

PÁSCOA E O ENIGMA DA HISTORIA QUE HÁ DE NOVO?

•.

TRABALHAR, ORAR E SOFRER

287/1986, p. 145. 289/1986, p. 241. 284/1986, p.

VOCACÁO Á SANTIDADE

1.

286/1986, p. 97. 586

ÍNDICE 1986

59

LIVROS APRECIADOS ALBERTON, Valerio. Eficacia do Rosario ern nosso século XX

284/1986, p.

BATTISTINI, Freí. Apocalipse

292/1986, p. 397.

Reencontró com Deus no Espirito BETTO, Freí. Cristianismo e Marxismo BROSHUIS, Inés e Dazir da Rocha Campos. Génesis 1 a II na Catequese COMBLIN, José. Antropología Crista Epfstoia aos Filipenses. Comentario bíblico do Novo Testamento

286/1986, p. 142. 293/1986, p. 467.

CONFERENCIA EPISCOPAL ITALIANA.O Caminho

47.

295/1986, p. 573. 286/1986, p. 141.

287/1986, p. 191.

do Senhor-Catecismo para Adultos DIVERSOS AUTORES. Ministerios e Teología FEITOSA, Antonio. Falta um Defensor para o Padre

285/1986, p. 94. 294/1986, p. 509.

Cicero FOLLMANN, José Ivo. Igreja, Ideología e Classes So-

286/1986, p. 143.

dais

289/1986, p. 261.

FREDERICHS, Edvino Augusto. Despacho de Macumba contra um casal feliz

292/1986, p. 432.

Qualé o seu Problema?

287/1986,p. 188.

GEBARA,

Ivone e

Mana

Clara Luchetti Bingemer.

A mulher faz Teología

295/1986, p. 575.

GOLLARTE, Paulo. Quando dizer NÁÍ> é preciso . . .

292/1986, p. 39.

HARRINGTON, Walfrid. Chave para a Biblia. A Re velado, a Promessa, a Realizarlo HOPPENOT, Marguerite Ph.A caminho do Reino

285/1986, p. 94. 290/1986, p. 333.

LIBÁNIO, Joáo B. e María Clara L. Bingemer. Escatologia Crista

286/1986, p. 140.

MANNUCCI, Valerio. Biblia. Palavra de Deus. Curso

de Introducáo a Sagrada Escritura

287/1986, p. 192.

MESTERS, Carlos.Rute. Urna historia da Biblia ....

284/1986, p.

MOHANA, JoSo. Descubra o valor do terco MORAES, Renate Jost de. As chaves do Inconsciente .

284/1986, p. 47. 286/1986, p. 142.

MUÑOZ, Ronaldo.A Igreja no Povo. Para urna Eclesiologia Latinoamericana

48.

289/1986, p. 288.

TEIXEIRA, Luiz Monteiro. A crianca e a telcvisáo.

Amigos ou Inimigos?

288/1986, p. 232.

VIDIGAL DE CARVALHO, José Geraldo.A Igreja e a

Escravidio. Urna Análise Documental

285/1986, p. 95.

VIEIRA, Mons. Primo. Cónego José Amoral Mello. Um

exemplo de Vida Sacerdotal

292/1986, p. 400.

WEIL, Fierre. Amar e Ser Amado. Comunicando do

Amor

ZEZINHO, Padre. Desculpa, Deus, aínda nao sei rezar. 587

290/1986, p. 336. 288/1986, p. 226.

PRÓXIMO LANCAMENTO DAS EDICÓES "LUMEN CHRISTI":

D. PEDRO MARÍA DE LACERDA ÚLTIMO BISPO DO RIO DE JANEIRO NO IMPERIO (1868-1890)

Para elaborar o presente livro, o autor, D. Jerónimo de Lemos O.S.B., além de consultar ampia bibliografía, viu também o arquivo de D. Lacerda, lendo sua correspondencia, escritos, e preciosa documentacáo até hoje inédita, bem como ¡ornáis daquele tempo, gracas ao que pode contribuir para urna perspectiva inteiramente nova sobre a pessoa e acontecimentos da época em que viveu esse bispo, que, durante mais de vinte anos dirigiu espiritualmente os destinos da extensa diocese de Sao Sebastiáo do Rio de Janeiro, a qual, naquela época, nao e restringía ao assim chamado Municipio Neutro, mas abrangia todo o Estado do Rio e Espirito Santo, e territorios das provincias de Santa Catarina e Minas Gerais. - 600 páqinas.

2? Edicáo de:

DIÁLOGO ECUMÉNICO, Temas controvertidos. Em 18 capítulos, sendo acrescentados nesta edicáo: "Capítulo IV: A Santissima Trindade: Fórmula paga?" "Capítulo XVIII: Seita e espirito sectario". Seu Autor, D. Estéváo Bettencourt, considera os principáis pontos

da clássica controversia entre Católicos e Protestantes, procurando mos

trar que a dtscussáo no plano teológico perdeu muito de sua razáo, de ser, pois nao raro, versa mais sobre palavras do que sobre conceitos ou propostcóes.-380 páginas- Cz$ 120,00

RIQUEZAS OA MENSAGEM CRISTA (2? edicáo), por D. Cirilo Folch Gomes O.S.B. - Continua sendo muito procurado este "manual" de Teologia que estuda de maneira completa e extensa todo o conteúdo do "Credo do povo de Oeus". O autor, falecido a 2/12/1983, dedicou sua vida de estudos ao aprofundamento das mais variadas questóes teológicas. 690 páginas CzS 73,80.

EM COMUNHÁO Revista bimestral, editada pelo Mosteiro de Sao Bento, destina-se aos Oblatos e as pessoas interessadas em assuntos de espiritualídade monástica. Além da conferencia espiritual mensal de D. Estéváo Betten court para os Oblatos, contém traducóes de comentarios sobre a Regra beneditina e outros assuntos monásticos. - Assinatura anual em 1987: CzS 50.00.

Para assinatura dirija-se ao Armando Rezende Filho

(Caixa Postal 3608 - 20001 Rio de Janeiro - RJ) ou as Edicóes "Lumen

Christi" (Caixa Postal 2666 - 20001 Rio de Janeiro - R J).

ATENDE-SE PELO REEMBOLSO POSTAL

HISTÓRICOS

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livros DO

TOMBO

Fornulo 28» 19,5

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Leitura, introducáo e índices pelo Prof. Deoclécio Leite Macedo. Apresentacáo por D. Inácio Accioly, Abade do Mosteiro de Sao Bento.

vol.

I vol. (destruido pelos invasores franceses); II vol. (1688-1793); III (1793-1829); IV vol. (1829-1906); V vol. (1906-1924); VI vol.

(1924.-1943).

O Mosteiro de Sao Bento, fundado em 1586-1593, é das mais anti

gás e tradicionais instituicóes do Rio.

Colonia, Monarquía, República se sucederam, e os monges benedi-

tinos continuam sua vida monástica dedicada á Oracáo e ao Trabalho (Ora et Labora) no alto da colina de Sao Bento, onde se situam a histórica igreja no estilo barroco, inaugurada a 21 de marco de 1641 e seu Colegio fundado por Frei Luis da Conceicáo Saraiva, monge e Bispo do Maranháo, em 1858.

Obra enriquecida com reproducóes de textos antigos, em sua orto grafía original, plantas e gráficos da época e ampios índices que muito

facilitaráo as pesquisas dos estudiosos (índice: cronológico, onomástico, de Oficios, toponímico, de assuntos) - 5 Volumes - Cz$ 15.000

FREÍ DOMINGOS DA TRANSFIGURACÁO MACHADO, o Restau

rador da Conqregacáo Beneditina do Brasil, por Michael Emilio Scherer

OSB.

O Autor estuda o período de 1890, desde o final do Imperio até os

primeiros anos da República. Frei Domingos foi o último Abade Geral da

antiga Congregacáo Brasileira: solicitou ao Papa Leáo XIII ajuda de mosteiros da Europa para povoar os mosteiros do Brasil, proibidos de admitir novicos brasileiros por ordem do regime macónico que antecedeu a República.

Publicado em 1980,185 páginas - Cz$ 48,00.

Pedidos ás Edi?óes "Lumen Christi"

EDICÓES

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CHRISTI"

BENTO

Rúa Dom Gerardo 40, — 5

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