Ano Xxv - No. 391 - Dezembro De 1994

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  • Pages: 66
Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizacáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoríam)

APRESENTAQÁO

DA EDIpÁO ON-LINE Diz Sao

Pedro

que devemos

estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarías á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de

9_ vista cristáo a fim de que as dúvidas se

. - dissipem e a vivencia católica se fortaleca - no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Verítatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio

com d.

Esteváo

Bettencourt e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.

A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

ANO XXXV DEZEMBRO

1994

SUMARIO

S

ÍS co Ui

"Reconhece, ó cristao, a tua dignidade!" (S. Leao Magno)

"Povo Santo e Pecador", por Alvaro Barreiro Esterilizapao Feminina

Aborto e Reencarnacao

"A Igreja está talando sozinha" (O

E os Milagres de Lourdes?

UJ

Tempo, Eternidade e Evo

03

Vocé sabe quando ... ?

<

2 a.

fndice Geral 1994

PERGUNTE E RESPONDEREMOS Publicacáo mensal

DEZEMBRO DE 1994 N9 391 SUMARIO

Diretor-Responsável

Estévao Bettencourt QSB Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico

"Reconhece, ó Cristao, a tua dignidade!" (S. Leao Magno) 529 Obra lúcida e fiel:

Diretor-Administrador:

D. Hildebrando P. Martins OSB

"Povo santo e pecador", por

Alvaro Barreiro

530

Mais um pronunciamento sobre

Administracao e distribuicao:

Edicóes "Lumen Christi"

Esterilizacao feminina

Rúa Dom Gerardo, 40 — 5? andar — sala 501

Sempre em Debate:

Tel.: (021) 291-7122 Fax (021) 263-5679 Endereco para correspondencia:

Ed. "Lumen Christi" Caixa Postal 2666

546

Aborto e Reencarnacao

554

Resposta ao Jornalista: "A Igreja está talando sozinha"

559

Sob o Signo da Virgem María:

Cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ Impressáb e Encadernapao

E os Milagros de Lourdes?

562

Do Tempo para a Eternidade? Tempo, Eternidade e Evo

566

O Protestantismo Contemporáneo:

"MARQUES SARAIVA"

Vocé sabe quando ...?

573

índice Geral 1994

577

GRÁFICOS E EDITORES S.A. Telt.: (021) 273-94981273-9447

NO PRÓXIMO NUMERO: "O Momento de Cristo. A Trilha da Meditacao" (John Main). - "Na Margem do Rio Pedra eu sentei e chorei" (Paulo Coelho). - Relacoes pré-matrimoniais (H. Begliomini). — Cursos para Noivos (H. Begliomini). — Narcóticos Anónimos: quem sao?

COM APROVApÁO ECLESIÁSTICA Para renovacao de PR: ANO 1995: R$ 13,00

Para NOVA assinatura: Novembro 94 a Dezembro 95: R$ 16,00 - Número avulso: R$ 1,30 ColecaoPR (12 números 1993 sem encadernacáb): R $ 13,00 -O pagamento poderá sar á sua escolha:.

1. Enviar EM CARTA cheque nominal ao Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro, cruza

do, anotando no verso: "VÁLIDO SOMENTE PARA DEPÓSITO na conta do favoreci do" e, onde consta "Cód. da Ag. e o N? da C/C", anotar: 0229 - 02011469-5.

2. Depósito no BANCO DO BRASIL, Ag.0435-9 Rio C/C 0031-304-1 do Mosteiro deS. Ben to do Rio de Janeiro, enviando a seguir xerox da guia de depósito para nosso controle. 3. VALE POSTAL pagável na Ag. Central 52004 - Cep 20001-970 - Rio. Sendo novo Assinante. é favor enviar carta com nome e endereco legi'veis. Sendo renovacao, anotar no VP nome e endereco em que está recebendo a Revista.

'RECONHECE, Ó CRISTÁO A TUA DIGNIDADE!" (Sao Leao Magno) Todo mes de dezembro faz reviver a celebrado de Natal, ... Natal

com seu presepio, sua árvore típica, seus presentes... Ao cristao nao basta contemplar esses símbolos; sente-se ele chamado a procurar o significado

profundo de todo esse aparato visível.

Na verdade, o que celebramos em Natal é muito mais do que folclo-

re; é um evento fundamental da historia da humanidade. Com efeito; diznos a Escritura que o homem, logo depojs de criado, foi elevado á dignidade singular de fimo de Deus; devia confirmar-se nesse estado dizendo Sim a Deus, qué I he apresentava um projeto de vida. Ora o homem optou pelo Nao, movido por soberba. Conseqüentemente perdeu os dons origináis... O Criador podia ter entregue o homem á sua sorte auto-suficiente; em tal ca so, Deus se teria deixado vencer pelo mal, em vez de vencer o mal com o

bem (cf. Rm 12,21). — Podia também ter perdoado ao homem com urna palavra soberana, semelhante á de um juiz que resolve fríamente declarar inocente o réu criminoso. Pois bem; nem urna coisa nem outra ocorreu. O Senhor Deus quis re-criar o homem. Sim; assumiu a natureza humana ou tornou-se homem verdadeiro, filho de Adao, a fim de fazer da própría mi seria física e da morte do homem o canal para a plenitude da vida; quis dar um sinal positivo áqujlo que na vida do homem é fraqueza e dor. Recriou assim de maneira mais estupenda do que criou, pois o contato de Deus com o cotidiano da existencia humana nao pode deixar de consagrá-la, comunicando-lhe urna dignidade maior do que aquela que os primeiros país perderam.

Os antigos cristaos ilustravam o fato mediante imagens: quando o fogo penetra urna barra de ferro, torna-a ígnea (o ferro é feito incandescente como o fogo que nele está); quando um óleo aromático penetra um trapo, este se torna perfumado (o paño exala o perfume do óleo). Assim, quando

Deus entrou no cotidiano da existencia do homem, santificou-a de manei

ra inédita, fazendo-a comungar com a vida do próprio Deus. Em outros

termos:... fazendo-se Filho do homem, o Filho de Deus quis chamar-nos a

serfilhosde Deus no FILHO.

Todo este processo se chama "recapitulacao": Deus quis que a mesma natureza humana, que se tornara instrumento do pecado, fosse tam bém o instrumento de sua própria redencao; quis que o des-amor que levou o prímeiro Adao a morte, fosse resgatado pelo amor do Segundo Adao; este também caminhou até a morte, a morte mais ignominiosa possível, para fazer da estrada da morte nao mais urna via de condenados, mas a senda que leva á ressurreicao e á gloria. Tal é o sentido de Natal. Quem o reconhece, há de agradecer profun damente ao Senhor recém-nascido e pedir-lhe as grapas necessárias para vi-

ver á altura de tío nobre dignidade. É S. Leao Magno (t461) quem nos

diz: "O Senhor se tornou carne nossa, nascendo, para que nos tornássemos seu Corpo, renascendo... Apresentando-nos sua humildade e mansidao, o Senhor comunica-nos aquela mesma forca qoirrqp^lgiStfgmiu", (Sermao

de Natal n? 23).

biblioteca] CENTRAL

!



PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXXV - N? 391 - Dezembro de 1994

Obra lúcida e fiel:

'POVO SANTO E PECADOR'

por Alvaro Barreiro Em símese: A obra de A. Barreiro merece ser Iida na integra por to dos os cristaos. O autor estudou a fundo a temática da Igreja em nossos dias. Conseqüentemente reconhece fafhas humanas na Igre/'a, como sempre foram reconhecidas pelos próprios Santos. Admite a legitimidade da críti ca a pessoas da Igreja no intuito de se levar remedio a tais falhas. Mas A.

Barreiro distingue bem crítica responsável e construtiva de crítica passional e obsessiva; critica os críticos "profissionais" ou "especialistas" em crí tica. Salienta que a auténtica crítica é inspirada por amor filial á Santa Igreja, Mié e Mestra; este amor no decorrer da obra é freqüentemente salientado; deriva do fato de que o próprío Cristo ama a sua Igreja-sacramen to e Ihe assegura um ministerio indefectível em favor de todos aqueles que a procuram de coracao sincero.

*

*

*

0 Pe. Alvaro Barreiro S.J. é professor de Teología no Estudantado da

Companhia de Jesús em Belo Horizonte. Acaba de publicar valioso livro, que tem o título: "Povo Santo e Pecador" e o subtítulo: "A Igreja questionada e acreditada"1. O autor aborda exaustivamente a questüo, oferecendo ao leitor ampia erudicao, bem como um julgamento equilibrado e construtivo a respeito de problemas controvertidos. Se, de um lado, o Pe. Bar reiro mostra com sincerídade quao longe v§o as críticas feitas á Igreja em nossos dias (muitas vezes de maneira preconcebida e passional), de outro

1 Alvaro Barreiro, Povo Santo e Pecador. A Igreja Questionada e Acredita

da. Colecao "Teología e Evangelizado" n? 11. - Ed. Loyofa, Sao Paulo 1994, 135 x 210 mm, 211 pp. 530

"POVO SANTO E PECADOR"

lado afirma o caráter transcendental da I groja e a plena valia (ou mesmo necessidade) da mesma para a santificacSo dos homens. — Visto que o l¡vro é muito oportuno, proporemos urna smtese do mesmo ñas páginas subseqüentes. A obra compreende tres partes: I. A Igreja em QuestSa (objecoes le

vantadas contra a Igreja como tal); II. A Igreja como Horizonte e Matriz da Fé (A Fé da Igreja e a Fé na Igreja); III. Crítica, Amor e Fidelidade á Igreja, ao que se seguem quatro Anexos (quatro belos textos sobre a Igre ja).

1. A IGREJA QUESTIONADA

1.1. A Crítica O autor apresenta quatro atitudes de crítica á Igreja:

1) "Túmulo de Deus". O teólogo holandés Robert Adolfs em 1966 publicou um livro em que atribuía á Igreja tal título; preconiza pobreza para a Igreja e oposicao "aos poderes e potestades deste mundo", sem o qué Ela se podaría tornar o túmulo de Deus, em vez de ser o sacramento

da salvapao. — Ao citar esta proclamacao, Alvaro Barreiro lembra que o próprio Concilio do Vaticano II já afirmava algo de semelhante, embora nao a partir das mesmas premissas, nem de modo unidimensional: "A Igre ja é chamada a seguir o mesmo caminho de Cristo, que foi o caminho da

pobreza e da perseguicao" (ConstituicSo Lumen Gentium 8,3). Ao afirmar

isto, o Concilio nao deixou de enfatizar também que a Igreja é "o sacra mento da salvacSo para todos os homens" (Constituipao Gaudium et Spes 45,1; ver 42,3).

2) "O Terceiro Homem". A partir de 1965, ano em que terminou o

Concilio, os observadores da historia falam do "terceiro homem", ou seja,

daquele que se diz católico, mas, cansado das rixas entre conservadores e progresistas, se p6e á parte, desinteressando-se da Igreja. Toma urna terceira posipao, que vem a ser de indiferenca; conserva a fé em Deus e em Je sús Cristo, mas afasta-se da Igreja e dos sacramentos. — A propósito obser va o Pe. Barreiro: "NSo sería justo deixar de mencionar, embora o fagamos só de passa-

gem, que, junto com o éxodo massivo e silencioso dos que abandonam a Igreja, seja porque a consideran) incapaz de um verdadeiro diálogo com o homem moderno, de dar respostas satisfaterías aos seus problemas vitáis,

oU por qualquer outro motivo, há um crescimento inédito, em número e 531

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

qualidade, de leigos comprometidos na edificacao da Igreja, e que se sen-

tem corresponsáveis ñas mais variadas formas de participacao ñas comuni

dades e nos movimentos eclesiais... A percentagem dos que se declaram ca tólicos e praticantes nos países de tradicao católica, tanto na Europa como

na América do Norte e do Sul, é um mi/agre estatístico. Nenhuma outra instituicao ñas sociedades ocidentais afcanca ni'veis de adesao comparáveis aos manifestados com relacao á Igre/a Católica" (p. 22). E observa o autor em nota:

"No caso do Brasil, a credibilidade da Igreja é um fato estatisticamente demonstrado. Desde que a Igreja Católica foi introduzida.em 1984, ñas pesquisas de opiniao feitas pelo IBOPE sobre as instituicdes mais confiáveis, ocupou sempre o primeiro lugar" (p. 22, nota 8). Nota ainda o autor que o individualismo é urna das características da modernidade; ora a Igreja Católica é acentuadamente um corpo, e um corpo bem estruturado — o que motiva a defeccao de muitos. De outro lado, "quanto mais a sociedade moderna se 'protestantiza', ¡sto é, se indi vidualiza, inclusive no sentido de individualizacao da fé, tanto mais se senté a necessidade de urna instituicao que conserve a memoria e a visibilidade institucional dessa mesma fé" (p. 23).

3) "Crer em Deus, crer em Jesús Cristo, crer na Igreja". Alvaro Barreiro observa que a fé em Deus, sendo de caráter mais genérico, é mais fá cil do que fé em Jesús Cristo Deus e Homem, ao passo que a fé na Igreja é difícil, visto que a face humana da Igreja está sempre a interpelar e desa fiar os homens. — A ¡sto o Pe. Barreiro responde: "No fundo, os tres escándalos: o da fé em Deus, o da fé em Cristo e o da fé na Igreja, sao inseparáveis. Formam um escándalo só, porque a Igreja é o sacramento de Cristo e Cristo é o sacramento de Deus. Na ordem da salvagao históricamente existente, o homem nao pode conhecer quem é

realmente Deus a nao ser em Jesús Cristo. E o conhecimento de Jesús Cris-

to, do seu Evangelho, da sua pessoa, da sua missSo salvi'fica, foi e continua

sempre a ser transmitido pela Igre/a" (pp. 28s).

4) "Jesús, sim; Igreja, nao". A rejeicao da Igreja em termos modernos comecou no sáculo XVI com o protestantismo, que tem relativizado o

conceito de Igreja (esfacelada em centenas de denominacSes). A Igreja, com sua fé, seus sacramentos, seu culto e suas leis, é tida como traicao do verdadeiro Jesús, de modo que a auténtica face de Jesús deveria ser procurada fora da Igreja. — Muito sabiamente Barreiro cita a propósito o teólogoP.G. Müller: 532

"POVO SANTO E PECADOR"

"A tradicao do que é propñamente Jesús nao pode ser pensada sem o fator 'Igreja', porque esse Jesús como conteúdo da tradicao de Jesús só fot conservado de maneira permanente pela Igreja, em virtude do interesse eclesial por Jesús. Um Jesús sem ou fora da Igreja nunca existiu, e em últi ma instancia nunca poderá existir, porque com a perda da Igreja também se pérde a única instancia que é capaz de testemunhar quem é Jesús e o que Ele significa. Isto porque toda a linguagem do Novo Testamento é urna linguagem testemunhal, inclusive os logia de Jesús. Quem portanto nao ouve essa linguagem do testemunho eclesial, também nao ouve Je sús"(p. 31).

Segue-se no livro em foco o quinto subtítulo do capítulo I: 1.2. "Jesús Cristo, sim; Igreja, também" Retornam mais enfáticamente idéias anteriores:

"Toda a Cristologia do Novo Testamento é urna Cristologia eclesial; todo Cristianismo que queira ser evangélico, tem que ser eclesial" (p. 32). "A contraposicao entre Cristo e a Igreja nao esvazia só a Igreja. Esvazia também o Cristo. Com efeito, o acesso a Jesús Cristo, o encontró pessoal com Ele e a fé nele, só sao possíveis atreves da Igreja. Tudo o que sabemos sobre Jesús Cristo, sabérnoslo através da Igreja. Foi no seio das

comunidades cristas, a partir délas e para elas, que foram escritos os Evangelhos e todos os outros livros do Novo Testamento. E esse depósito da fé foi transmitido pela Igreja, de geracao em geracSo, até chegar a nos" (p. 32).

"Nao há acesso ao Jesús terrestre a nao ser através do Cristo da fé. E nao há acesso ao Cristo da fé nem ao Jesús histórico, inseparável dele, isto é, nao há acesso a Jesús Cristo, a nSo ser através do querigma da Igreja, através da Igreja que o anunciou e continua a anunciá-lo. O centro da fé é urna pessoa cujo nome é urna profissao de fé: 'Jesús (é o) Cristo'. Em resu mo, urna Jesu/ogia só tem sentido e só é possível dentro de urna Cristolo-

gia; e urna Cristologia só é possível dentro de urna Eclesiologia" (p. 33). livro.

O autor sintetiza o problema e sua solucao no final da Parte I de seu

"Podemos dizer que a raíz das incompreensoes e dos mal-entendidos, das distorcdes e também dos escándalos com relacao á Igreja está muitas

vezes em que ela nSo é vista nessa sua dimensSo teológica profunda, na sua estrutura sacramental, mas de maneira exterior e superficial, a partir 533

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS"391/1994

das suas estruturas externas, como uma instítuicSo social, que tem seus

próprios interesses e que os defende com todos os meios ao seu alcance, como qua/quer outra organizacSo da sociedade civil, como uma empresa (no caso, transnacional) ou um partido político" (p. 37).

Após esta Parte I do seu livro, que expunha os questionamentos do homem contemporáneo e os principios de solucSo, Barreiro passa á Par te II, em que comeca a explanar sistemáticamente o papel e o significado da Igreja para a salvacao dos hornens.

2. A IGREJA COMO HORIZONTE E MATRIZ DA FÉ

Esta Parte II compreende duas subpartes ou dois capítulos: "A Fé

da Igreja" e "A Fé na Igreja". Ambas tendem a mostrar que a fé cristS só

pode ser auténticamente professada na Igreja, pois é a fé que a Igreja professa com a assisténcia ¡nfah'vel de Jesús Cristo. 2.1. A Fé "da" Igreja

A fé tem um sujeito comunitario; nao é simplesmente a profissao de uma intuicao pessoal, subjetiva, que se exprima em "Eu acho que..." ou "Para mim..." ou "Eu tenho para mim que...". Esse sujeito comunitario que professa a fé, é a Igreja, da qual cada cristao é membro.

Toda a Escritura atesta essa índole comunitaria da fé. Especialmen te o Novo Testamento nos diz que o Reino proclamado por Jesús é comu

nitario, a Eucaristia instituida por Jesús é comunitaria, o designio salvífico

de Deus é comunitario, todos os escritos sagrados foram redigidos dentro de comunidades, fazendo eco á fé da Igreja. Donde "é impensável um Cris tianismo individualista, independente da comunidade eclesial. Fé em Cris to, vida recebida de Cristo, uniao com Cristo só se dao no seio da comuni dade dos fiéis unidos com o seu Senhor" (p. 52).

Pode-se entSo afirmar que a fé da Igreja é anterior á Escritura (a Es

critura é o eco daquilo que a Igreja acreditava e apregoava sob a guia do Espirito Santo); é também, e com mais razao, anterior á fé dos individuos, e é mais ampia do que a fé do cristao tomado isoladamente (a fé tem mati zas que nem todos os cristaos professam do mesmo modo; assim a devocao ao S. Coracao de Jesús, a piedade mariana, o culto dos Santos, os exercícios de piedade em geral).

Por isto a Igreja formulava e formula sua fé em Símbolos (ou com pendios) que datam já do tempo dos Apostólos (cf. Fl 2,5-11; Cl 1,15-20; R34

"POVO SANTO E PECADOR"

1Cor 15,3-7; Rm 1,1-7) e que ela entrega aos seus fiéis. Esses Símbolos fo-

ram elaborados em continuidade com a Igreja dos Apostólos, seja para ser

vir á catequese batismal e á celebracao da Eucaristía, seja para definir a mensagem revelada quando deteriorada pelas heresias (daí o Símbolo niceno-constantinopolitano do século IV).

"O ato de profissao de fé é eminentemente pessoal, e por isto o

Credo é formulado na primeira pessoa do singular (Creio...). Mas ao mes-

mo tempo a profissao de fé é... essencialmente eclesial, e por isto o crístao individual professa no Credo a fé da Igreja, e a professa na Igreja... A fé pessoal de cada crístao está enraizada na confissao de fé de toda a Igreja e é alimentada com a seiva viva dessa fé" (pp. 64s). 2.2. A Fé "na" Igreja

A expressSo "Fé na Igreja" tem duplo sentido. Pode significar: 1) o objeto da fé ("creio na existencia da Igreja como algo de transcendente ou como sacramento de salvacao") e 2) o ámbito dentro do qual a fé é professada ("creio dentro da Igreja").

1) "Creio na existencia da Igreja" é crer na índole sobrenatural da Igreja; é crer que, para além da sua dimensSo institucional e jurídica, a Igreja é o ponto de encontró de Deus com os homens, é o sacramento que faz a comunhao dos homens com Deus e entre si. 2) "Creio dentro da Igreja" é urna norma que decorre de quanto foi dito até agora. Dizia o próprio teólogo calvinista Karl Barth: "Todo Cris tianismo privado é ilegítimo" (Dogmatique 4,1, p. 770). E aínda, numa linguagem plenamente católica: "Eu creio que a comunidade á qual per-

tenco, na qual fui chamado para a fé... é a Igreja una, santa, universal. Se

nao o creio aqui, nao o creio de maneira alguma. Nenhum defeito, nenhu-

ma mancha nem ruga desta comunidade pode-me induzir a erro a esse respeito; é um artigo de fé" (Esquisse d'une Dogmatique, p. 333).

Essa comunidade de fé, a Igreja, é obra do Espirito Santo; por isto tem a garantía da infalibilidade. O Símbolo Apostólico desdobra a presenca e a acSo do Espirito Santo na Igreja formulando seis artigos: "Creio no Espirito Santo (que atua) na Igreja Católica,

(a qual é) a Comunhao dos Santos, (para) a remissao dos pecados (em vista da) ressurreicao da carne e da vida eterna". 535

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

É este o significado das mais antigás fórmulas de fé encontradas nos rituais do Batismo. A redagao posterior suprimiu a subordinacao dos cinco últimos artigos, tornando-os paralelos a "Creio no Espirito Santo"; na verdade, a acao salvi'fica do Espirito Santo se realiza na Igreja, comunhao de coisas santas (sacramento) e pessoas santificadas mediante a primeira graca que é o perdao dos pecados, cujo último desabrochamento será a ressurreicao da carne e o gozo da vida definitiva.

3. CRITICA, AMOR E FIDELIDADE A IGREJA Esta Parte III do livro considera diretamente a crítica que possa ser feita a Igreja, e os termos que deve observar para ser urna crítica sadia e construtiva. Compreende quatro subpartes, ou seja, os capítulos IV, V, vi e Vil da obra. Examinemo-los sucessivamente. 3.1. A Igreja, "povo santo e pecador"

Nao há como negar que o pecado existe dentro da Igreja, dado que esta é urna realidade divino-humana; a fragilidade dos homens que, com Cristo, integram a Igreja, manifesta-se através dos séculos.

Já os escritos do Novo Testamento o reconhecem, apresentando tanto a santidade da Igreja (cf. Ef 5,25s; 1Cor 1,2; 6,11...} como o peca do de seus filhos (cf. Gl 5,19-21; Rm 13,13s...). Os Padres e antigos escri tores da Igreja formularam essa dupla face da Igreja em termos um tanto

paradoxais. Assim S. Ambrosio (t 393): "A Igreja existe de duas maneiras: como aquela que nao conhece o pecado ou como aquela que deixa

de pecar" (PL 15, 1724); Ela é imaculada ex maculatis ou "imaculada, á

qual pertencem os maculados" (PL 15, 1540). A expressSo mais forte é a locucao casta meretrix aplicada á Igreja por alguns dos Padres antigos; nenhum deles nega a santidade indefectível da Igreja derivada da sua índo

le sacramental ou da presenca viva de Cristo, Cabeca do Corpo eclesial; mas reconhecem as falhas dos filhos da Igreja. Hans Urs von Balthasar co menta o fato, dizendo:

"Se abstraíanos de todos os seus membros a Igreja, esta nao será mais Igreja. A Igreja tem seu destino nos seus membros, da mesma maneira que estes tem o deles nela. Por isto os pecados dos filhos e das filhas recaem sobre a MSe, e por isto esta deve orar e implorar a sa/vacao própría em seus membros" (citado por A. Barreiro, p. 93).

Os teólogos tém procurado penetrar e elucidar o sentido dessa reali dade ambigua. Nao coincidem entre si exatamente ao fazé-lo, mas de mo536

"POVO SANTO E PECADOR"

do geral concordam em dizer que a Igreja é indefectivelmente santa, mas ela tem membros pecadores; é a Igreja dos pecadores. Estes, mesmo após o pecado grave, continuam pertencendo á Igreja; por isto, esta, como Mae, tem que reconhecer e confessar os pecados de seus filhos e tem que pro mover a conversao e a purificacSo dos mesmos. A Igreja pura e sem man

cha congrega homens que podem pecar, e na realidade pecam; é o que afir ma, entre outros textos recentes, a Constituicao Lumen Gentium 8, 3:

"A igreja é fortalecida pela forca do Senhor ressuscitado, a fim de vencer pela paciencia e pela caridade suas aflicoes e dificuldades tanto in ternas quanto externas, para poder revelar ao mundo o misterio de Cristo,

embora entre sombras, porém com fidelidade, até que no fim se/a manifes tado em plena luz". 3.2. Renovacao e Reforma da Igreja Se a Igreja como Mae é santa, mas tem filhos pecadores, entende-se que ela precise de renovar ov reformar periódicamente os setores em que se exerce e manifesta a fragilidade de seus membros humanos. Há coisas que devem ser questionadas na Igreja, mas nao se pode por em questao a própria Igreja. Verifica o Pe. Barreiro:

"O tema da Ecclesia sempre reformanda é particularmente caro á consciéncia protestante. Mas, quando é levado ao extremo, desemboca numa especie de Pentecostés perpetuo... sem efeito eclesial. Urna Igreja que vive se acusando e negando a si mesma, aínda que invoque como motivo o de dar gloría a Deus como único Senhor, nao corresponde é consciéncia nem á prática da Igreja no Novo Testamento. Quando a proclamacao da penitencia é total e generalizada, corre-se o risco de nao acontecer nenhuma conversSo concreta na vida eclesial e pessoal" (p. 116). Na Igreja há de se manter a Tradigao viva e ininterrupta, revestida,

porém, das expressSes que a tornem compreensi'vel aos homens das sucessivas épocas da historia. Muito a propósito escreveu o Cardeal John Newman (i 1890): "A Igreja Católica jamáis perde aquilo que possuiu... Em vez depassar de urna fase da vida para outra, ela carrega consigo sua /uventude e sua maturidade até a velhice. Ela nao trocou o que Ihe pertencia, mas acumulou os seus valores e, conforme a expressao evangélica, tira do seu tesouro

o novo e o velho. Domingos (f 1221) nao Ihe fez perder Bento ft543), e conserva ainda os dois, mesmo quando se torna a mae de Inicio (i 1556)" (Ensaio sobre a Missao de Sao Bento).

537

JO

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

Para que as reformas de instituicoes da Igreja necessitadas de renovacao possa ser auténtica e frutuosa, devem-se preencher quatro condicdes importantes:

1) Observar o primado da caridade e dos valores pastorais sobre as belas idéias

A tentacSo de um pensador que tenha clara intuicá~o do que poderia ser feito para renovar urna sociedade ou a própria Igreja, é deixar-se empolgar por tal ¡déla, esquecendo a caridade e a edif¡cacao do próximo, que

sao valores primaciais na Igreja. Aplicando-se ao trabalho, esse pretenso reformador nao renova, mas divide a Igreja. Tal foi o caso de Tertuliano {-i- 220 aproximadamente), o de Pedro Valdo e dos Valdenses, que, de maneira passional e exacerbada, pregavam novos rumos para a Igreja no século XII. No extremo oposto situam-se S. Francisco de Assis (t1226) eSao Domingos de Gusmao (t 1221), que, alheios ao fausto e á riqueza, souberam incentivar a santa pobreza na Igreja mediante a sua palavra caridosa e o seu teor de vida humilde e convicta. Escreve o Papa Pió XI a respeito:

"Toda reforma verdadeira e duradoura partiu, em última anal¡se, da santidade de homens inflamados e movidos pelo amor a Deus e ao próxi mo. Generosos, prontos para escutar os apelos de Deus e para os rea/izar ¡mediatamente em si, e no entanto seguros deles mesmos, porque seguros da sua vocacao, cresceram até se tornarem as luzes e os renovadores do seu tempo. Onde, pelo contrario, o zelo reformador nao brotou da pureza pessoal, mas era a expressao e explosao da paixao, ele confundiu em vez de esclarecer, destruiu em vez de construir, foi mais de urna vez o ponto de partida de aberracoes mais fatáis que os males que esperava ou preten día remediar" (Ena'dica Mit Brennender Sorge, ASS 1937, p. 154). 2) Permanecer na comunhao com o Todo Para nao se desviar no caminho da sua missao, o reformador tem de manter um contato vivo com toda a Igreja, na qual atua o Espi'rito, penhor

de comunhao entre todos os membros do Corpo de Cristo. Nao aceitar es te princrpio fundamental foi a tragedia de grandes figuras que julgaram nao poder ser fiéis á verdade a nao ser prendendo-se á sua própria interpretacao antes que ao sentido da Igreja.

3) A Paciencia tudo espera

Para que as reformas tenham éxito, é necessário saber esperar, respeitar o ritmo dos acontecímentos e das pessoas, reconhecer as NmitacSes e ¡mperfeicoes. Para que as reformas tenham éxito, s§o necessárias humil538

"POVO SANTO E PECADOR"

dade e flexibilidade. Há verdades que só amadurecem depois de ter sido carregadas e nutridas por alguém no decorrer de urna vida de fidelidade e

de servico. Ademáis é de notar que cada pessoa tem seu ritmo próprio de

abertura e compreensao; enquanto alguns estSo bem definidos, outros aín da hesitam; ora é preciso que aqueles nao se afastem destes, nem escanda-

lizem os seus irmáos mais lentos, mas, ao contraríe, tudo facam para ca-

minhar com eles, ajudando-os a desabrochar genuinamente em seu modo

de raciocinar.

Todavia a paciencia nao deve ser confundida com a covardia, nem a espera com a preguica. Assim como há impaciencias excessivas, há pacien cias excessivas. Ambos os excessos podem ser caminho para a catástrofe.

4) Retorno a urna Tradicao mais profunda, nao adaptacao mecánica Para que a renovacá*o enriqueca a vida da Igreja, há de serexecutada na fidelidade á Tradicao, que exprime a identidade da Igreja. Todo auténti co movimento de renovacao tem dois componentes essenciais: de um lado, a volta ás fontes e, de outro lado, a encarnacao da fé das origens ñas novas situacoes. Fica assim excluido o modismo ou o mudar por mudar, cegó, atento únicamente aos convites do momento presente, sem considerapao do passado.

Observa muito bem o Pe. Barreiro:

"A tradicSo nao é urna realidade imutável, que se transmite e se rece

be mecánicamente, como urna peca de museu. É, antes, urna heranca e um depósito, urna realidade viva recebida dos antepassados que viveram a mesma fé, e que se mantém viva, porque é vivida e explicitada em contex tos históricos novos, com expressoes diferentes das do passado. A tradi cao nao se identifica com a Igreja, mas é essencialmente eclesial, pois é constituida, transmitida, recebida, vivida no meto eclesial. Fora dessa eclesiosfera, tornase estéril e morre" (p. 135). 3.3. A Crítica á Igreja

Neste capítulo VI do seu livro, o autor trata explícitamente daquilo que constituí o ámago do seu estudo. Comeca referíndo o problema. 1) Fato, causas e características da critica Em nossos dias, tudo na Igreja é alvo de crítica: o que ela é e o que nao é, mas devena ser, o que ela faz e o que ela nao faz, mas deveria fazer. A Igreja é criticada de fora e de dentro, pelos progressistas e pelos

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"391/1994

vadores, pelas suas doutrínas e pelas suas práticas... Tal radicalidade enve nena os fiéis, levando-os á irritapao e á rebeldía ou ao desánimo e ao ceti-

cismo.

Alias, vivemos numa época em que o espirito cri'tico se mostra alta

mente agucado. Nao há ¡nstituiqoes nem personalidades públicas imunes

á crítica; a própria Igreja é questionada (o que, de resto, quer dizer que ela é urna realidade significativa no mundo de hoje). O fenómeno da crítica sistemática é, em grande parte, alimentado pelos meios de comunicacSo, que formam a opiniSo pública; a crítica torna-se assim urna atmosfera na qual o vi'rus da contestacSo é respirado e expirado e se espalha por con tagio.

Os cristaos da Igreja antiga e medieval percebiam, nao menos do que nos, as limitacSes da Igreja, e as criticavam. Mas iato nao afetava a sua lealdade para com a Igreja nem redundava em desafeicao ou em tentativa de viver a fé crista fora da Igreja. Até para os católicos do século XIX era impensável apostatar da Igreja; "eles nao só reverenciavam e amavam a Igreja,

mas a viam como urna realidade incomparavelmente mais elevada e pura

que todas as outras grandezas deste mundo; sentiam-se protegidos por ela e orgulhosos déla, e estavam dispostos a defendé-la contra todos os ata

ques" (p. 146).

2) A Crítica da Crítica

O autor observa que a onda de crítica atual é algo de ambiguo: pode significar desamor á Igreja, mas também pode ser a expressao de que a fé e a esperanca na Igreja vivem e, por isto, os fiéis sonham com a Igreja como o lugar da reconciliacSo e da comunhao.

Notemos também que, se as acusacoes feitas á Igreja nos últimos de cenios tivessem a consistencia que os críticos pretendem, nSo haveria hoje na Igreja pedra sobre pedra. Por isto somos incitados a considerar na Igreja

de nossos dias, ao lado de falhas, varios aspectos positivos; urna prava dis to é a conceituacao da Igreja por parte da opiníao pública nos últimos anos. Com efeito; entre 29/10 e 3/11/1993, foi feito um inquérito a res-

peito da credibilidade das ¡nstituicoes públicas; ora, como a mais merece

dora de confianca, foi apontada a Igreja Católica, com 77%, ficando os partidos políticos com 19% e os políticos com 15% (cf. Jornal do Brasil,

11/11/1993, p. 4). Em 1989, em semelhante pesquisa a Igreja ocupou

também o primeiro lugar com 82% de credibilidade.

De resto, sempre houve e haverá na Igreja algo a criticar, mas nenhuma dessas críticas é capaz de abalar a existencia e a esséncia da Igreja; pelo

"POVO SANTO E PECADOR"

13

contrario, mostram a necessidade da mesma como sacramento do perdao e da reconcilíacao. A Igreja nao é somente ¡nstituicao; éwm sacramento, que tem em Jesús Cristo a garantía de sua vitalidade fecunda. A Igreja também "somos nos"; assim quem critica, considere sua parte de responsabilidade nos problemas da Igreja; por acao ou por omissao, pode ele ser responsável pelas falhas que ele critica. As curas que nao saem de um coracao comovido e convertido, nao convertem nem curam quem quer que seja.

3) Direito, dever e limites da crítica na Igreja Se, de um lado, a crítica construtiva e responsável é um direito que toca aos fiéis na medida em que a Igreja consta nao só de valores transcendentais, mas também de valores humanos, de outro lado deve-se reconhecer que é urna tarefa difícil e delicada; mal conduzida, pode levar ao desá nimo e á ruptura. Os auténticos profetas, que saibam apontar construtivamente os males, sao raros.

Qual será entao a atitude do cristao com relacáo á Igreja concreta?

Deve criticar? Deve calar? Deve obedecer?

"O cristao deve amar a Igre/a. Tudo o mais seguir-se-á da lógica do

amor. A regra prímeira e última é a que foi formulada por Agostinho na

célebre passagem do seu comentario á prímeira carta de Sao Joao: Dilige, et quod vis fac, 'Ama, e faze o que quiseres'. E Agostinho continua: 'Se

calas, cala-te por amor; se fa/as, fala por amor; se corriges, corrige por amor; se perdoas, perdoa por amor. Tem no fundo do coracao a raiz do amor, pois dessa raiz só pode sair o que é bom' ' (p. 161).

4) Pressupostos, criterios e modos de proceder a) Pressupostos Para que a crítica á Igreja produza frutos de conversao e renovacao, requerem-se algumas condicoes, das quais as mais importantes sao:

- Seja a crítica inspirada pelo amor e a esperanca Todo verdadeiro amor faz sofrer. As críticas á Igreja derivadas do amor fazem sofrer, em primeiro lugar, aquele que as profere. A crítica á Igreja só se justifica como expressao do amor e da fidelidade ao EvangeIho. Nao é fácil saber se as críticas nascem dessas profundidades da vida es

piritual; daí a necessidade de criterios para se averiguar a autenticidade das

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

mesmas; um deles é a necessidade de morrer a si mesmo, como o grao de

trigo; nao é criticando tudo e todos, menos a si mesmo, que se al ¡cerca e edifica a Igreja. Por isto os grandes construtores e reformadores da Igreja foram, sao e serlo sempre, os Santos. Nenhum "crítico profesional", nenhum especialista em crítica á Igreja converteu alguém para valer, dentro ou fora da Igreja. A figura paradigmática dessa atitude de santa contestacao é S. Francisco de Assis, o poverello. — Acolher o amor de Jesús e amar a Jesús

O amor á Igreja há de estar al ¡cercado no amor a Jesús Cristo. A figu ra de S. Paulo, o maior edificador de igrejas, é absolutamente inexplicável

sem o seu amor a Jesús Cristo.

— Crer que o Espirito Santo nao abandona a Igreja

Nao somos nos os que tomamos a iniciativa de programar os tempos e lugares, os ritmos e os caminhos de renovacao da Igreja. O "programa-

dor" é o Espirito Santo. A iniciativa é sempre dele, mas ele nao age sem nos.

b) Tarefas e modos de proceder

— É preciso que a crítica seja lúcida e honesta, levando em conta nao

apenas um aspecto da realidade, mas toda a realidade, sem paixao obsessiva nem agressividade. Ao lado de aspectos negativos, nota o Pe. Alvaro Barreiro, "encontramos cristaos que vivem de maneira tao profunda e cora

josa a sua fé num ambiente tao hostil que eles nos lembram as comunida des cristas dos primeiros sáculos; ora essa riqueza e valentía da fé nao sao consideradas pelos críticos obsessionados" (p. 169).

— É necessário também superar o (que há de falso problema no) con

fronto entre "conservadores" e " progresistas". A polarizacao é funesta; pode levar á cegueira espiritual. Na verdade, podemos relativizar as duas tendencias; sempre existí ram e existí rao na Igreja; decorrem do modo limi tado como nos, homens, encaramos a realidade, mas nao sao algo de mor tal, desde que cada qual dos dois partidos nao se detenha unilateralmente sobre as deficiencias do seu oponente. O povo simples, que senté e ama a Igreja, nao se identifica espontáneamente com alguma das duas formas extremadas de crítica, mas pode ser vítima tanto de urna como de outra.

— O diálogo é o caminho mais indicado para aproximar aqueles que divergem sobre algum ponto da disciplina da Igreja. 542

"POVO SANTO E PECADOR"

3.4. A Fidelidade á Igreja

Como dito, a fé do cristáo é a fé que ele recebe da Igreja. Dai'a necessidade de conservar fidelidade á Igreja para conservar a reta fé. 1) Fundamentacáo bíblicoteológica Sao Paulo apresenta a Igreja como Esposa de Cristo, que é também Cabeca da mesrná (cf. Ef 5,22-33). Em virtude do amor e da fidelidade de Cristo á Igreja, esta nunca perderá seu estado de Esposa; Cristo continua a alimentá-la e protegé-la, mantendo-a sempre bela até a consumacao escatológica. Verdade é que essa beleza da Igreja é sempre ameacada pela fragilidade de seus filhos, que necessitam de constante vigilancia e purificagao. A fraqueza que daí redunda, pode ser urna provacao para a fé dos cristaos, mas é também motivo de alegría na fé. Com efeito; "sem as debilidades da Igreja nao poderíamos experimentar a superabundancia do amor de nosso Salvador" (p. 184). "Se a olharmos com os ulhos da fé, com um olhar que chegue até o fundo do seu misterio, nao nos envergonharemos da debilidade e das debi

lidades da Igreja" (p. 184).

2) Sete Razóes últimas de Fidelidade á Igreja (pp. 185-193) Nesta última sécelo de sua obra, o autor, de certo modo, recapitula pontos importantes das páginas anteriores. A fidelidade á Igreja é motivada por a) A fidelidade de Deus. O Senhor é, sim, o primeiro a realizar a fide lidade, ... a fidelidade á sua Igreja e aos homens. Por isto, da parte dos homens requer-se urna resposta á altura, ou seja, a fidelidade á Igreja, que o próprio Deus sustenta no desempenho de sua missao.

b) Da Igreja recebemos o Cristo. Portanto é na Igreja que vivemos a nossa vida crista. O que nos importa, é que a Igreja do sáculo XX seja a própria Igreja dos primeiros tempos; ora nao se pode provar que nao o se ja; ao contrario, deve-se dizer que ela continua, como Mae, a ser a deposi taría e a transmissora do Evangelho de Jesús Cristo no mundo. c) "Ecclesia Mater". A Igreja é a matriz onde nasce, cresce e se torna

fecunda nossa fé crista. Por conseguinte, compete-nos amá-laenela confiar. Em cada um de seus gestos está o amor inteiro da Igreja-Mae. 543

J6

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

O Pe. De Lubac desenvolve com muita énfase o seu carinho filial

devotado á Igreja:

"Pois bem, esta Igreja santa ás vezes é abandonada por alguns que re-

ceberam tudo déla e que se tomaram cegos aos seus dons. Por vezes, em certos momentos como agora, zombam déla alguns que continuam a rece-

ber déla seu alimento. Um vento de crítica amarga, universal e sem inteli

gencia chega por vezes a transtornar as cabecas e a apodrecer os coracoes. Um vento assolador, esterilizante, um vento destruidor, hostil ao sopro do

Espirito. É entao, quando contemplo o rosto humilhado de minha mae,

quando mais. a amo. Sem me tancar a contra-críticas, saberei demonstrar que a amo na sua forma de escrava. E justamente na hora em que alguns

ficam hipnotizados diante dos traeos de um rosto apresentado como ehveIhecido, o amor me fará descobrir nela, com muito mais verdade, suas torcas ocultas, suas atividades silenciosas, que constituem sua perene ju-

ventude, todas as grandes coisas que nascem no seu coracao e que converterao a térra por contagio" ^Paradoja y misterio de la Iglesia, p. 25).

d) Comunhao dos Santos. A Igreja foi escolhida por Deus para ser um "povo santo", isto é, um povo que vive dos grandes dons que, através dos sacramentos, sao concedidos a cada crístao. Esses dons frutificaram numa

multidao de fiéis que viveram heroicamente a sua vocacao em todas as ca rnadas da sociedade e em todos os tempos.

e) Igreja dos pecadores. Paradoxalmente a Igreja sem mancha nem ru ga é também a Igreja dos pecadores. Isto nao abala a fidelidade eclesial, pois é justamente na fragilidade dos homens da Igreja que brilha com mais esplendor a gloria da grapa de Deus. A fraqueza dos membros da Igreja é prava de que é Deus quem a sustenta, e nao o talento das criaturas.

f) A Igreja criticada e desprezada. Urna Igreja que deixasse de ser des-

prezada e humilhada, nao seria mais a Igreja de Jesús Cristo condenado e crucificado; nao seria mais a Igreja dos Apostólos perseguidos e martiriza dos; nao sería mais a Igreja da loucura da Cruz. Urna Igreja cujas estruturas "democráticas" nao incomodassem mais ninguém, teria perdido sua ¡dentidade evangélica.

g) Igreja depositaría e servidora do Evangelho. Somente na Igreja te mos acesso a Jesús; somente na Igreja permanece auténtico o Evangelho. Mesmo que muitos cristaos sejam infiéis ao Evangelho, a Igreja continua

anunciando o mesmo Evangelho, e transmitindo a vida de filhos de Deus aos que a procuram sinceramente. Escreve o Pe. De Lubac: "A Igreja, hoje

mesmo, está-me dando Jesús. Explica-me, ensina-me a vé-lo, conserva para mim sua presenca. Dizer isto é dizer tudo. Que poderia eu saber de Jesús, 544

"POVO SANTO E PECADOR"

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que vi'nculo haveria entre nos dois sem a Igreja?" (citado por Barreiro á p. 195).

COMENTANDO BREVEMENTE O LIVRO...

A obra do Pe. Barreiro merece ser lida na íntegra por todos os cris-

taos e quicá... por nao cristaos. O autor procura ser sincero e realista; estudou a fundo a temática da Igreja em nossos dias. Conseqüentemente reco-

nhece fainas humanas na Igreja, como sempre foram reconhecidas pelos próprios Santos. Admite a legitimidade da crítica á Igreja no intuito de se

levar remedio a tais fal has. Mas A. Barreiro distingue bem crítica responsá-

vel e construtiva de crítica passional e obsessiva; critica os críticos "pro-

fissionais" ou "especialistas" em crítica. Salienta que a auténtica crítica

é inspirada por amor filial á Santa Mae Igreja; este amor, no decorrer da obra, é freqüentemente salientado; deriva do fato de que o próprio Cristo ama a sua Igreja-sacramento e Ihe assegura um ministerio indefectível em favor de todos aqueles que a procuram de coracao sincero. .

*

*

*

(continuagao da pág. 576)

é a Mae solícita de curar as chagas que os seus filhos Ihe infligem á revelia da própria Mae. Na yerdade, o católico que peca, peca porque se afasta dos ensinamentos e da vida da Igreja.

5. Alias,.a razao pela qual nao se pode conceber Reforma da Igreja fundada por Cristo (mas apenas reformas em setores disciplinares da mesma), é o próprio conceito de Igreja. Esta nao é urna República (como afir-

mavam reformadores do sáculo XVI), nem é urna sociedade meramente humana, mas é o sacramento que continua o misterio da Encarnacao; é Jesús Cristo prolongado em seu corpo através dos sáculos — o que significa que, por debaixo da veste humana e defectível que os homens dSo á Igreja, existe o próprio Cristo presente com sua autoridade e indefectibilidade; esta presenca atuante de Cristo garante a todos quantos se chegam a Ele na

Igreja, a santificacao e a vida eterna; é Ele quem batiza, é Ele quem consa gra o pao e o vinho, é Ele quem absolve os pecados. Consciente dessa pre senca indefectível de Cristo na Igreja, podia Sao Paulo dizer que "Cristo amou a Igreja e se entregou por ela... para apresentar a si mesmo a Igreja gloriosa, sem manchas nem rugas ou coisa semelhante, mas santa e irre-

preensível" (Ef 5,25-27). Com efeito, a Igreja é santa nao por causa da os cilante santidade dos homens que a ¡ntegram, mas por causa da presenca

do Santo de Deus ou de Cristo que nela se encontra. Por isso nao toca a (continua na pág. 558) 545

Mais um pronunciamento sobre

ESTERILIZAQÁO FEMININA

Em símese: A Moral Católica se opoe a todo tipo de esterilizacao di reta da mulher e do homem; lembra que há outros recursos para se realizar a paternidade responsável ou o plañe/amento familiar, evitándose assim a gravidez indesejada. Só se pode admitir a esterilizacao indireta, ou se/a, aqueta que decorre de urna intervencao cirúrgica que nao se/a efetuada para esterilizar, e sim para sanar um mal do organismo (tendo por conseqüéncia nao visada em si, mas tolerada, a esterilizacao). — Estes principios valem tanto para cada fiel católico como para os hospitais católicos como tais.

*

*

*

Aos 13/8/1994 o jornal L'Osservatore Romano (edicao portuguesa) publicou urna Declaracao da Santa Sé (Congregacao para a Doutrina da

Fé) a respeito de esterilizacao da mulher, em resposta a dúvidas que Ihe fo-

ram propostas. Estas dúvidas resultavam do avanzo da medicina contem poránea; varios profissionais tendem a resolver problemas de saúde me diante intervencoes radicáis, entre as quais a extirpacao do útero e a liga dura de trompas.

Foram, pois, propostas á Santa Sé tres situacoes, para as quais há

quem pleiteie a esterilizacao da paciente. Poderia a Moral Católica abonar tal solucao?

Publicaremos, a seguir, o texto das respostas da Santa Sé, acrescentando-lhe algumas notas explicativas. Visto que este documento se refere a outro, publicado em 1976, transcreveremos também este outro texto, acompanhado de parágrafos que contribuam para elucidá-lo.

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ESTERILIZACÁO FEMININA

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1. TRES CASOS DE ENFERMIDADE 1.1. O texto da Santa Sé Respostas as dúvidas propostas sobre o "isolamento uterino" e outras questoes

"Os Padres da Congregado para a Doutrína da Fé, ás dúvidas apresentadas na assembléia ordinaria e abaixo referidas, julgaram dever respon der a cada urna como segué:

1. Quando o útero (por exemplo, durante um parto ou operacao cesanana) chega a ser a tal ponto seriamente danificado que se torna, sob o ponto de vista médico, indicada a extirpacao (histerotomia), mesmo total, para prevenir um grave perigo ¡mediato contra a vida ou saúde da mae, é lícito realizar tal procedimento nao obstante que para a mulhertenha co mo conseqüéncia urna esterilidade permanente? R.SIM.

2. Quando o útero (por exemplo, por causa de operacSes cesarianas . precedentes) se acha num tal estado que, mesmo nao constituindo em si um risco ¡mediato para a vida ou a saúde da mulher, nao esteja previsivelmente mais em condicoes de chegar ao fim de urna futura gravidez sem pe rigo para a mae, perigo que em alguns casos poderia resultar mesmo grave,

é lícito extirpá-lo (histerotomia), com a finalidade de prevenir um possível perigo futuro proveniente da concepcao?

R. NAO.

3. Na idéntica situacao do número 2 citado ácima, é lícito substituir a histerotomia pela ligadura das trompas (procedimento chamado também "isolamento uterino"), tendo em conta que se atinge o mesmo fim preven tivo dos riscos de urna eventual gravidez, com um procedimento muito

mais simples para o médico e menos molesto para a mulher e que, além disso, em alguns casos a esterilidade assim adquirida pode ser reversível?

R. NAO.

Expl ¡cacao

No primeiro caso, a histerotomia é lícita enquanto tem caráter direta-

mente terapéutico, ainda que se preveja que do fato resultará urna esterili dade permanente. De fato, é a condicSo patológica do útero (por exemplo, urna hemorragia que nao se pode tamponar com outros meios) que torna, sob o ponto de vista médico, a extirpacao indicada. Esta tem, portanto.

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

como fim próprio o de afastar um grave perigo ¡mediato para a mulher, ¡n-

dependentemente de urna eventual futura gravidez.

Diferente, do ponto de vista moral, se apresenta o caso de procedimento de histerotomia e de'isolamento uterino' ñas circunstancias des

critas nos números 2 e 3; eles entram no caso moral da esterilizacSo direta,

a qual, no documento Quaecumque sterilizatio (AAS LXVII - 1976^ 738-740, n. 1), vem definida como urna acao que 'tem por único efeitó

¡mediato, tornar a capacidade de gerar incapaz de procriar". 'Por isso — continua o mesmo documento — nao obstante toda subjetiva boa intencao daqueles cujas operacoes sao inspiradas pelo cuidado ou pela prevencSo de urna doenca física ou mental, prevista ou temida como resultado de urna gravidez, tal esterilizacao permanece absolutamente proibida segundo a

doutrina da Igreja'.

Na realidade, o útero como descrito no n.2, nao constituí em si e por si nenhum perigo ¡mediato para a mulher. De fato, a proposta de substituir a histerotomia pelo 'isolarnento uterino' ñas mesmas condicoes mostra precisamente que o útero nao é em si um problema patológico para a mu

lher. Portanto, os procedimentos ácima descritos nao tem um caráter propriamente terapéutico, mas sao realizados para tornar esteréis os futuros atos sexuais férteis, livremente realizados. 0 fim de evitar os riscos para a mae, derivantes de urna eventual gravidez, vem portanto prejudicado com o meio de urna esterilizacSo direta, em si mesma sempre moralmente ilíci

ta, enquanto outras vias moralmente licitas ficam abertas a urna livre escolha.

A opiniao contraria, que considera as supracitadas práticas referidas nos números 2 e 3 como esterilizacSo indireta, lícita em certas condicoes, nao pode portanto considerar-se válida nem pode ser seguida na praxe dos

hospitais católicos.

O Sumo Pontífice Joao Paulo II, na audiencia concedida ao abaixo assinado Prefeito da Congregacao para a Doutrina da Fé, aprovou as su

pracitadas respostas e ordenou a sua pub/icacao.

Roma, da sede da Congregacao para a Doutrina da Fé, 31 de julho do

1993.

tJOSEPH Card. RATZINGER Prefeito tALBERTO BOVONE Arcebispo Titular de Cesaréia de Numídia Secretario" RdR

ESTER!LIZACÁO FEMININA

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1.2. Notas Explicativas

1) O primeiro caso supoe um perigo ¡mediato e i mínente de morte para a paciente, nao havendo outro recurso para preservar a vida da muIher senao a ablacao do útero ou histerotomia ou aínda histerectomia. A extracao do útero pode entao ser efetuada, porque nao visa diretamente á esterilizacao da mulher, mas tem em vista diretamente salvar a vida da

mSe; a conseqüente esterilizacao definitiva é tolerada; nao é a meta da in-

tervencao, mas apenas um corolario inevitável geral da causa com duplo efeito, um bom e outro mau, sendo o primeiro diretamente intencionado e o segundo apenas tolerado. Eis o que a propósito ensina a Teología Moral:

É h'cito praticar um ato com duplo efeito (um bom e outro mau) desde que se preencham as cinco seguintes condicoes:

a) O ato como tal (ou em si mesmo) seja bom ou indiferente; nunca é lícito cometer o mal para obter efeitos salutares (cf. Rm 3,8); b) 0 efeito bom que se espera, deve decorrer ¡mediatamente do ato, e nao após o efeito mau; este deve ser secundario em relacao áquele;

c) 0 efeito bom deve ser diretamente intencionado, ao passo que o efeito mau há de ser apenas tolerado;

d) haja causa proporcionalmente grave para permitir o efeito mau; e) nao haja outro recurso para obter o efeito bom senao o da causa com duplo efeito.

Ora as condicoes para que a causa com duplo efeito se possa exercer licitamente, estao preenchidas no caso da histerectomia considerada. 2) Os dois casos seguintes nao supoem ¡mediato perigo de vida para a mulher. Apenas se pleiteia a histerectomia ou a ligadura de trompas para que a mulher no futuro (próximo ou remoto) nao venha a engravidar (já que a gravidez Ihe poderia causar graves danos). Em tais situacoes, a Moral Católica nao aprova a mutilacao do organismo feminino ¡nediante cirurgia esterilizante, porque há outros recursos, que respeitam a nature za, para evitar urna eventual gravidez. Entre estes, está a continencia perío ca, para a qual o método mais recomendável é o de Billings ou da mucose

cervical ou ainda "da clara de ovo". Este método nao somente nao mutila a natureza, mas também evita o usó de anticoncepcional e artificios me cánicos, que vém a ser nocivos á saúde da mulher, havendo mesmo serias 549

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

contra-indicacóes que os desabonam. Além do mais, é de notar que, no caso em que a muther toma a pílula anticoncepcional, ela sofre, a sos, as

conseqüéncias daninhas desse produto farmacéutico (colocado num orga nismo que funciona bem para que nao funcione bem); ao contrario, quando o casal recorre á continencia periódica, o marido e a mulher se obrigam a colaborar ou a assumir juntos o planejamento familiar, sem detrimento para a mulher - o que certamente é mais saudável e mais contribuí para a uniao de esposo e esposa (se ambos concordam em realizar tal projeto). Passemos agora ao documento citado na "Explicacao" atrás men

cionada.

2. A ESTERILIZACÁO COMO TAL 2.1. A Declaracao da Santa Sé (1976)

A Conferencia episcopal dos Estados Unidos da América do Norte propós a Sagrada Congregacao para a Doutrina da Fé alguns quesitos sobre a esterilizacao nos hospitais católicos. A Sagrada Congregacao deu a seguinte resposta, que transcrevemos de "L'Osservatore Romano" ed. port. de 19.12.1976:

"Esta Sagrada Congregacao considerou diligentemente quero proble ma da esterilizacao terapéutica preventiva em si mesmo, queros pareceres

indicados por diversas pessoas para a solucSo do mesmo, quer ainda os conflitos relativos á cooperacao solicitada para tal esterilizacao nos hospi tais católicos. E aos quesitos que Ihe foram postos pensou dever responder do seguinte modo:

1. Qualquer esterilizacao que, por si mesma, isto é, por sua natureza e condicao, tem por único efeito ¡mediato tomar a faculdade de gerar inca paz de obter a procriacao deve ser considerada estéril ¡zacá"o direta, tal co mo esta é entendida ñas declaracdes do Magisterio Pontifi'cio, especialmen

te de Pío XII1. Por conseguinte, segundo a doutrina da Igreja, continua a ser absolutamente proibida, nao obstante toda a reta intencao subjetiva por parte dos agentes em proverem ao tratamento ou á prevencao de um mal, quer físico, quer psíquico que se preveja ou se tema haja de ser causa-

1 Cf. especialmente as duas A/ocucoes á Uniao católica das Parteiras e á

Sociedade Internacional de hematología. enr.AAS 43 (1951) 843-844; 50 (1958) 734-737; Paulo VI, Ene. Humanae Vitae, 14, ibid. 60 (1968) 490-491.

550

ESTERILIZAgÁO FEMININA

23

do pela gravidez. E, por mais grave razio, é proibida a estérilizapao de cada um dos atos, dado que ela coloca a pessoa no estado de esterilidade, quase sempre irreversfvel. Nem se pode apelar para ordem alguma da autoridade pública, que, por motivo de um bem comum necessário, quisesse impor a

esterilizaclo direta, porque ela lesaria a dignidade e a inviolabilidade da

pessoa humana.1 Também nao se pode invocar, no caso, o principio de to

tal ¡dade, com o qual se justificam as operacoes aos órgaos para um bem

maior da pessoa; efetivamente, a esterilidade, buscada por si mesma, nao se dirige ao bem integral, retamente entendido, da pessoa, salva a ordem

das coisas e dos bens,3 mas, pelo contrario, é prejudicial ao seu bem ético,

que é supremo, pois que deliberadamente priva de um elemento essencial a atividade sexual prevista e livremente escolhida. Por isso, o art. 20 do Código de ética médica, promulgado pela Conferencia de 1971, repropoe fielmente a doutrina a seguir, e por isso se deve urgir a sua observancia. 2. A Congregado, ao confirmar esta doutrina tradicional da Igreja, nao ignora o fato da discordancia existente a seu respeito entre muitos teólogos. Nega, porem, que se possa atribuir significado doutrinal a esse fa to como tal, de modo a constituir um lugar teológico, que os fiéis possam invocar para porem de lado o Magisterio auténtico e aderirem ás sentencas

de teólogos particulares que com ele nao estao de acordó.4 3. Pelo que se refere á gestao dos hospitaís católicos:

a) É absolutamente proibida toda a cooperacao sua, institucional-

mente aprovada ou admitida, em ac5es por si mesmas (ou seja, por sua natureza e condicao) ordenadas a um fim contraceptivo, isto é, a impedir os efeitos conaturais dos atos sexuais deliberadamente realizados por um sujeito esterilizado. Pois que a aprovacao oficial da esterilizacao direta, e com maior razio, a sua regulamentacao e execucao segundo os estatutos do hospital, é, no plano objetivo, urna coisa má por sua natureza ou intrín secamente, para a qual nenhum hospital católico, seja por que razao for, pode cooperar. Qualquercooperapao assim prestada seria totalmente indig-

2 Cf. Pió XI, Ene Casti Conmib\\,em:AAS22 (1930) 565. 3 Paulo VI, Ene. Humanae Vitae. em: AAS 60 (1968) 487. 4 Cf. Concilio Vaticano II, Const. Dogm. sobre a Igreja Lumen Gentium, 25, 1, em: AAS 57 (1965) 29-30; Pío XIIt A/ocucao aos cardeais, ibid. 46 (1950) 568; Paulo VI, Alocucao ao Con. de Teología do Conc. Vat. ff, ibid. 58 (1966) 889-896 (sobretudo 890-894); A/ocucao aos Membros da Congregacao do SS.mo Redentor ibid. 59 (1967) 960-963 (sobretudo 962). 551

24

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

na da missao confiada a tais instituicoes, e seria contraria á necessária pro-

clamacao e defesa da ordem moral.

b) A doutrina tradicional sobre a cooperacao material, com as opor tunas distincoes entre cooperacao necessária e livre, próxima e remota,

permanece em vigor, e deve aplicar-se prudentissimamente, se o caso o

requerer.

c) Na api ¡cacao do princi'pio sobre a cooperacao material, quando o

caso o requerer, evite-se absolutamente o escándalo e o perigo de toda a

confusao dos espfritos, mediante urna oportuna explicacao da realidade.

Esta Sagrada Congregado espera que os criterios indicados neste do cumento satisfacam á expectativa desse episcopado, a fim de que, elimina das as incertezas dos fiéis, possa exercer mais fácilmente o seu múnus pastoral.

Francisco Card. Seper

Préfeito

t Fr. Jeróme Hamer, O.P.

Secretario" 2.2. Notas elucidativas

1) O item 1 do texto atrás transcrito, datado de 1976, rejeita todo ti po de esterilizacao visada como tal ou como alvo de urna intervencSo mé

dica. Assim portanto:

a) a esterilizacao permanente ou definitiva, visada em si ou como tal (caso diferente daquele considerado na Declaracao de 1993, que tinha em vista urna cirurgia terapéutica da qual resultaría, como conseqüéncia tole rada, mas nao desejada, a esterilizacao);

b) a esterilizacao momentánea, devida a pílula ou outros anticoncep-

cionais.

2) O texto declara que nao é lícito obedecer a urna autoridade gover-

namental que prescreva a esterilizacao direta, pois isto viola a dignidade e a integridade da pessoa humana.

3) Nao é lícito argumentar em prol da esterilizacao direta nos seguin-

tes termos: o bem do organismo feminino como tal pode pedir que se sa

crifique a fecundidade da mulher; o bem do conjunto, no caso, prevalece ría sobre o bem de urna de suas funpdes ou da funcao genital; extirpando552

ESTERILIZAgÁO FEMININA

25

se esta, garantir-se-ia a saúde da rnulher. — A resposta a este argumento afirma que a mutilacao da mulher é, como tal, um mal; é um mal de índo le ética, que tem mais peso aínda do que os males de índole física.

Isto nao quer dizer que a mulher deva adoecer ou morrer necessaria-

mente por respeito á Ética. Significa, porém, que se devem procurar outros meios para evitar a gravidez, caso ela acarrete perigo para a vida da mulher, ... outros meios que nao mutilem a natureza ou o organismo. A esterilizado diretamente intencionada é sempre urna derrogacao á na

tureza instituida pelo Criador. Este propicia outros recursos, como dito,

para se limitar a prole ou evitar a gravidez. 4) O fato de que alguns teólogos defendem a liceidade da esterilizacao direta, nao constituí lugar teológico ou fonte para argumentar contra o magisterio da Igreja; este tem caráter oficial e goza da assisténcia do Es pirito Santo (cf. Jo 14, 26; 16,13-15), de modo que prevalece sobre as sentencas de teólogos particulares.

5) Em conseqüéncia, é '¡roibido aos fiéis católicos todo tipo de cola boracao direta e formal em prol da esterilizacao visada como tal. A mesma proibicao vale para os hospitais católicos; nao Ihes é lícito promover a esterilizacao di reta. 6) Além da cooperacao direta e formal, a Moral Católica reconhece a colaboracao indireta ou material. Esta vem a ser um ato moral mente bom ou indiferente do qual alguém abusa, fazendo-o servir ao pecado; é o que se dá com o pessoal que trabalha na infra-estrutura de um hospital ou de urna sala de cirurgia, onde se realizam operacoes ilícitas; tais pessoas nao estío cooperando diretamente para o mal, mas efetuam tarefas neutras (limpeza, esterilizacao de instrumentos, enfermagem...), que os responsáveis utilizam para efetuar o que nao é permitido. Esses servidores deverao ser prudentes, abster-se de colaboracao desnecessária e evitar o escándalo ou a confusao de quem os vé assim trabalhar. Nao há dúvida, há situac6es complexas, em que os agentes da saúde sao solicitados á colaboracao

material ou indireta; cada situacao há de ser considerada em si para se for mar um adequado juízo moral sobre a mesma. Eis o que a Igreja tem a dizer sobre as recentes tentativas de intervir

no organismo humano com finalidade esterilizante. Afirmando tais prin cipios de Moral, a Igreja está prestando um servico á humanidade, pois lembra á consciéncia certos valores que o pragmatismo e o utilitarismo de nossos dias tende a anular, com grave detrimento para a pessoa humana.

RR1

Sempre em Debate:

ABORTO E REENCARNAQAO

Em si'ntese: A revista "Carta Mensa/" das Equipes de Nossa Senhora publicou urna condenacao do aborto inspirada por principios reencarnacionistas. Após o texto desse artigo, vai transcrito o texto do Desembargador Roberto de Rezende Junqueira que, no "Jornal da Tarde", de Sao Paulo, re/eita o aborto em nome do Direito Civil. *

*

*

A "Carta Mensal" das Equipes de Nossa Senhora, movimento de espiritijalidade para casáis católicos, publicou em seu número de julho-agosto

1994, p. 29, um artigo que pretende dissuadir do aborto. Deve-se a um au

tor desconhecido "Em Defesa da Vida".

A intencao do articulista é boa. Mas a inspiracao de seu escrito nao é crista; procederé mentalidade reencarnadonista e espirita. Eis o texto, ao qual se seguirá breve comentario. I. O TEXTO O ABORTO "Maezinha... nao me mates novamente.

Lutei, trabalhei, empenhei-me para conseguir a autorizacao para vir ao mundo: e tu tercomprometiste comigo; comigo e com Deus... Quanto me alegrei no dia em que tu, ao lado do papai, aceitaste receber-me em teu lar\

Preparei-me confiando em teu amor. E no momento em que mais precisava de ti, me assassinaste... Por que, maezinha? Por qué? 554

ABORTO E REENCARNADO

27

Quando me sentiste no santuario de teu ventre, trocaste de conduta e comecaste a torturar-me- Teus pensamentos de revolta que ninguém ouvia, retumbavam em meus ouvidos inocentes como gritos dilaceradores, que me afligiam enormemente. Os cigarros que fumavas, me intoxicavam muítas vezes. Teu nervosismo, fruto da tua inconformacao, me resultava em verdadeiras chicotadas. Quando decidiste abortar, ocorreu urna luta tremenda; tu querendo expulsarme e eu lutando por permanecer.

Por que fechaste os ouvidos á voz da consciéncia, que te pedia compaixao e serenidade? Por que anestesiaste os teus pensamentos ao ponto de esqueceres que

eu trazia um universo de heneaos e alegría para ti? Haveria eu de ser filho obediente e amoroso. Iría amparar-te em tua ve/hice. Todavía tu nao quiseste.

O/ha as conseqüéncias: eu atormentado por nao poder nascer, e tu, maezinha, enferma e triste, intranquila. Tua mente castigada pela af/icio

e teus sonhos povoados de pesadelos.

Por que, maezinha, por que nao me deixaste nascer? É cedo aínda, pensaste. Quero gozar a vida, passear, divertir-me, viajar. Os fí/hos, só depois. Todavía, nenhum filho chega no momento inadequado. As teis da vi da sao sabias e ninguém nasce por acaso. Porém, pelo grande amor que te tenho, estou pedindo para tí a misericordia de Deus.

Até me atreví a pedir a intercessao divina para que alcances a béncao do reequilíbrío, para que, em futuro próximo, estejamos juntos, em teu ventre, e tu, como sempre, em meu coracao; eu alimentando-me de tua vitalidade, e tu fortalecendo-mena grandeza de teus mais puros sentimentos.

Maezinha, por favor, nao repitas teu ato premeditado. Quando sentires alguém batendo na porta de teu coracao, serei eu, o filho rejeitado, que voltou para viver e ajudar-te a ser feliz. !

í

Maezinha, nao te esquecas de mim, nao me abandones, nao me expul-

ses, nSo me mates novamente; necessito viver".

i



(Autor desconhecido)

I

"Em defesa da vida"

28

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

II. COMENTANDO...

Principalmente o comeco e o fim deste artigo sSo significativos. Ve-

jam-se:

1) § 19: "Nao me mates novamente". Sup5e-se que tenha havido um

aborta mentó anterior. O feto morreu, mas o espirito respectivo "desencarnou-se" e continua a viver.

2) Isto se torna mais claro ainda no § 29. Este supoe que o espirito "desencarnado" tenha pairado pelos ares ou tenha estado em outro mun do, obtendo finalmente a I ¡cenca dos Espfritos Superiores para voltar á Térra - o que corresponde exatamente ás concepcoes do kardecismo.

3) O penúltimo § volta ao tema, prevendo urna terceira tentativa de

nascer na Térra após dois abortos.

4) O mesmo se evidencia no último parágrafo: "nao me mates nova-

mente; necessito viver".

Na verdade, nao existem espíritos pairando á espera de se (reencar nar. A alma humana é espiritual, sim, e criada por Deus para ser o princi pio vital deste determinado corpo. Alma e corpo existem um para o outro. 0 homem nao é um espirito encarnado para expiar pecados de urna exis

tencia pregressa, conforme a lei do karma. É essencialmente psicossomáti-

oo; quando se dá a fecundacao do óvulo pelo espermatozoide, Deus cria a alma do novo ser e infunde-a no concepto para constituir novo vívente, distinto do pai e da m3e. Este se desenvolve física e espiritual mente duran te a sua passagem pela Térra. Urna vez desgastado o organismo de tal indi

viduo pela doenca ou pelo peso dos anos, a alma respectiva, nao tendo mais condicoes para viver em tal corpo, separa-se dele e vai colher, logo a seguir os frutos definitivos da sua semeadura; cf. Hb 9,27: "É um fato que os homens devem morrer urna só vez, depois do qué vem um julgamento" Passamos urna só vez pela Térra.

III. A VOZ DO ADVOGADO E DESEMBARGADOR

O "Jornal da Tarde" de SSo Paulo, em sua edicao de 20/8/94, publi-

cou um artigo que condena o aborto. Embora nao seja único no seu géne ro, tem a peculiaridade de provir da pena de um jurista leigo, que argu menta como jurista. Trata-se do Dr. Roberto de Rezende Junqueira, De-

sembargador aposentado e Advogado Criminalista. Dada a autoridade de qupm assím se pronuncia abertamente, publicamos tal artigo, que bem 5S6

ABORTO E REENCARNAgÁO

29

mostra que a rejeicao do aborto nao depende de crencas religiosas, mas po de inspirar-se no raciocfnio e no bom senso de um eminente jurista.

O ABORTO MATA E É CRIME Quem de qualquer modo dá causa ou coopera com o aborto, mata, e matar é crime contra a vida.

"A prática do aborto é pecado, pecado grave.

É crime previsto em leí, embora o nosso código em seus artigos 124

usque 128 admita justificativas em favor dos indignados autores do crime.

Todavía, nao resta a menor dúvida de que quem, de qualquer modo, dá causa ou coopera com o aborto, mata, e matar é crime contra a vida.

Na época atualgeneralizou-se entre ospovos civilizados a legitimacao

do aborto provocado, se/a quai for a fase de gestacSo, nao tendo passado de efémera e deplorável experiencia a legis/acao permissiva de tal prática.

O código soviético de 1926 reconheceu como ato licito o aborto da

consenciente, desde que praticado por pessoa habilitada, e em condicoes de higiene. Contudo, o que os russos conseguiram foi o desmantelamento familiar, o flagelo dos menores abandonados, os quais obrigaram Lénin á consignacao da maior verba ornamentaría de sua época para enfrentar a tragedia.

Foi o médico francés Klotz-Forest que, modernamente, iniciou a

campanha contra a incriminacao do aborto, fazendo praca do principio ro-

manístico pelo qual a mulher tem direito sobre seu corpo e, portanto, po

de recusar a maternidade, afirmando a inverdade de que o feto no perío do de gestacao é simples parte de suas entranhas (Nelson Hungría — Co mentarios - vol. V, fl. 275).

A tais argumentos, responde Carrara:'Quanto a nos (juristas), eremos que se pode discutir fisioiogicamente se há vida (no feto) distinta da vida materna, e deixamos que os médicos discorram sobre este particular.

Para nos, basta que haja urna vida digna de ser respeitada e protegida por si mesma, independentemente do que respeita á familia. Nao é> conti nua o mestre, de modo algum incerto que o feto seja um ser vívente, sendo impossivel negá-lo, quando o vemos crescer e vegetar. Que importa, pois, deferi-lo fisiológicamente?'

557

30

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

Alias, se quisermos ser coerentes com o próprio positivismo que nos asso/a, peguntaríamos: — Se ao feto se reconhece direito á heranca, se é possi'vel investigar sua paternidade, se é cabível até tutelar e cúratela, co mo admitir, com os frágeis argumentos de nossos adversarios, a negacao do seu direito a vida?

Abortar é matar, e por isso o próprio código insere a sua figura típica

nos crimes contra a vida...

A pena a ser imposta ao infratoratinge portanto também os que realizam o aborto no caso de estupro da mulher, de deformidades do feto ou perigo de vida da mae; atinge por igual a todos os que, á ciencia e consciencia, intervém no processo abortivo, quer com a cooperacao material, quer com a cooperacao moral, verdadeiramente eficaz, como, por exemplo, o pai ou o marido que, por motivos particulares, obrigaa mulher a se desfazer de seu filho...

Os homens tém legislado, baseando-se nos ¡nserimentos de Malthus e outros, que vio procurar ñas contingencias da falibilidade humana o pretex to para libertar o aborto das sancoes penáis.

Seja qual for o pretexto, se/a qual for a lei ¡novadora, esta é ilegítima, portanto nao pode, e nao deve, subsistir.

Pode o homem legislar contra a lei de Deus?" *

*

*

(continuacao dapág. 545)

homem algum refazer a Igreja ou recomecá-la, mas compete-lhe apenas zelar para que a face externa da Esposa de Cristo seja purificada das falhas que os homens Ihe ¡mpSem.

Refletindo sobre estas verdades, os fiéis católicos nao de se recordar das palavras do Apostólo Sao Paulo, que hoje parecem mais oportunas ainda do que nos tempos da Igreja nascente:

"Rogo-vos, irmaos, que este/ais alertas contra os que causam divisoes e escándalos contrarios á doutrina que aprendestes; afastai-vos deles" (Rm 16,17).

"Alcancemos todos nos a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado de Homem Perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo.

Assim nao seremos mais enancas, joguetes das ondas, agitados por todo vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e da sua astu cia que nos induz em erro" (Ef 4,13s). Estéváo Bettencourt O.S.B. 558

Resposta ao Jornalista:

'A IGREJA ESTA FALANDO SOZINHA'

Em sintese: A Igreja nao está talando sozinha quando lembra á socie-

dade os principios básicos da Ética Sexual. Na verdade, o bom senso nao

se extinguiu por completo no mundo de hoje. Mas, aínda que falasse sozi nha, estaría em melhores condicoes do que o coro daque/es que apregoam a destruicao do verdadeiro amor, da familia e da pessoa humana, expondo jovens e adultos aos perigos da AIDS e do aborto (único trauma que a muIher nao consegue esquecer, segundo bons psicólogos). Merece respeito Aquela que nao tem medo da peía de "estar talando sozinha", se E/a o faz para o bem da humanidade. *

*

*

0 jornalista Gilberto Dimenstein, da FOLHA DE SAO PAULO, acha que a "a Igreja está talando sozinha" quando lembra á sociedade de hoje

as linhas básicas da Ética Sexual... Respondeu-lhe o Pe. Paschoal Rangel

no jornal O LUTADOR, ed.de 21 a 27 de agosto de 1994, p.2. Com a de vida autorizado e atendendo a solicitacSes de nossos leitores, publicamos, a seguir, o artigo do Pe. Rangel, a quem vao os agradecímentos sinceros da Redacao de PR.

IGREJA DESUMANA?

Simpatizando embora com a Igreja que lutou contra a ditadura, que defende os direitos humanos, se dedica ao social na pastoral da enanca, ñas /utas dos sem-casa e sem-terra etc., Gilberto Dimenstein nao consegue entender a Igreja, quando esta se coloca contra a anticoncepcSo, contra a propaganda da prevenipSo da AlDSpelo uso da camisinha e coisas desse ti

po. A propósito, ele comentou urna pesquisa de opiniao do Datafolha que

mostrava (?) que os "fiéis" nSo seguiam seus pastores, senao muito escas-

samente, no que se refere aos métodos de p/anejamento familiar ou do combate a A IDS. Neste ponto - pensa ele, que nao faz parte, alias, do corpo dos "fiéis" — é bom que os cató/icos nao sigam a Igreja. A explosSo de mográfica é um perigo gravíssimo. E combater o uso de camisinha contta a AIDS chega a ser "desumano". A A/DS se espalha rapidíssima e assutadoramente e querer combate-la com a castidade apenas é urna utopia. Com essa teimosa insistencia contra a camisinha, a Igreja só estaría expondo

seus "fiéis" a se contaminar e se condenar á morte. 559

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

Ha urna incompreensSo muito seria no tocante éposicao da Igreja. Prí-

meiro, ela nao é por urna familia nao-planejada. Pelo contrario. Foi mesmo a Igre/a que pos em circu/acao a ¡déla de "paternidade responsável". Esta responsabilidade incluí necessariamente um plane/amento familiar in teligente, saudável, levado a serio.

Essa responsabilidade excluí o engodo, a empulhacao por parte de médicos e instituicoes nacionais ou internacionais, mantidas com dinheiro do Banco Mundial, que tém levado urna multidao de jovens mulheres a se deixarem esterilizar em troca de míseras vantagens imediatistas. Dom Lu cas Moreira Neves, Cardeal-Arcebispo de Salvador, jé teve ocasiao de de nunciar, com base em dados que ele citou, que cerca de 20 milhoes de muIheres, em idade fértil, jé foram esterilizadas no Brasil, na maioria das vezes mulheres pobres, nordestinas, engazopadas por falsas promessas. Evi dentemente, isso é um insulto ao Brasil, á consciéncia dopovo, ao sentido de cidadania. E contra isso está a Igreja.

A responsabilidade excluí aínda urna "política" de "controle da nataIidade", em que o Estado decide pelo casal o número máximo de filhos

que ele pode ter...

Seria bom observar que, em poucos anos, o Brasil mudou profunda

mente o seu perfil demográfico. Já nao se pode afirmar, como hé vinte anos, que somos um país com 60% da populacho com menos de vinte anos.

As estatísticas demonstrara que, em poucos anos, o Brasil envelheceu sensivelmente. E passamos de familias com urna media de seis filhos cada urna, para familias com media de 2,8 filhos cada urna, como mostrou o úl timo censo. Foi urna queda brutal e arriscada, embona nao se possa falar de graves perigos em pouco tempo.

Quando a Igreja se coloca contra o controle da natalidade efetuado a qualquer preco, por quaisquer meios, é importante pensar que:

1) ela se opóe e sempre, contra o aborto como se fosse um método lícito de controlar a natalidade; com isso, ela está lutando em favor da vi

da; o fato de ser urna vida por nascer nao muda o fato de ser urna luta pela vida. Os que lutam pelo aborto, poderao dizer o que quiserem, masestao

lutando pela morte; mais, pelo "direito" de matar um inocente, porque se teme que esse ser humano que vai nascer, se torne urna ameaca ao bem-

estar dos queja nasceram e estSo ai. Quando se defende o direito de matar um feto defeituoso, estamos lutanto em favor dessepoder, arbitrario e opressor, de excluir da sociedade dos homens os doentes, os deficientes. Quem nos dá esse direito? Algum Hitler? Lutar pelo aborto é lutar pela morte. A Igreja luta pela vida.

2) Ela está batalhando pelo sexo responsável, pela defesa da sexualidade humana, contra a banalizacao do sexo, tornado urna diversSo, cu/ti560

"A IGREJA ESTÁ FALANDO SOZINHA"

33

vado como um jogo irresponsável. 0 que temos ouvido em campanhas até patrocinadas pelo Ministerio, veiculadas por um pessoal que tem a maior obrigacao de ser responsável em vista do poder de influir na opiniao públi ca (artistas, /oma/istas, donos de televisao etc.), o que temos ouvido, é que

os jovens, os adolescentes inclusive, nao tenham medo de "namorar", de transar com qualquer um, contanto que usem camisinha... Com camisinha, "amem" sem medo. Ao lado disso, filmes eróticos e pornográficos, cenas eróticas em novelas, excitacoes sexuais longas e repetidas, convite á Iiberacao geral, irresponsável... Depois se vem dizer que castidade é utopia.

Mas, além disso, o que nao se diz, o que nem o Gilberto Dimenstein se lembrou de dizer, é que esse permanente convite á transa, ao sexo livre, promiscuo, inclusive homossexual, aumenta perígosamente a incidencia de casos de contaminacao com o HIV (o virus da A IOS). Pois a camisinha di minuí sensivefmente os casos de contaminacao, mas nao é um método seguro: ela se rompe, ela pode nao ser bem colocada e deixar vasar o esperma; ela, as vezes, está na bolsa do fulano e da fulaninha, mas a excitacao do momento é tao forte que os parceiros nao se lembram de usa-la ou nao querem interromper a excitacao para isso... E, multiplicados os casos de transa promiscua ou homossexual, gracas á propaganda e á erotizacao ge neralizada, os casos de contaminacao, apesarda camisinha, se tornam mui-

to mais numerosos. Será a Igreja que está sendo desumana, ou sao os jornalistas, os artistas, os publicitarios, os donos de TV, que criam sitúacoes de contagio muito mais freqüentes e perigosas? E isto sem falar da degeneracao dos costumes, da Moral, da perda do sentido da sexualidade humana, do senso de responsabilidade, do significa do do Evangelho. COMENTANDO... O Pe. Paschoal Rangel bem mostra que desumana nao é a Igreja, mas sao aqueles que ousam, talvez de boa fé, engañar os jovens e o público em geral; sao "simpáticos", porque nao vao contra a onda; parecem apenas propor "salvaguardas" para que continué a livre satisfacao dos impulsos descontrolados. As conseqüéncias desta atitude sao a multiplicacao dos casos de AIDS, a gravidez indesejada e o aborto (único trauma que a muIher nao consegue esquecer, como dizem bons psicólogos) e outros males decorrentes das paixoes desencadeadas. — A Igreja nao está falando sozinha, porque o bom senso nao se extinguiu por completo em nossa sociedade; mas, ainda que falasse sozinha, estaría em melhores condicoes do que aqueles que falam em coro, apregoando a destruicao do verdadeiro amor,

da familia e da pessoa humana. Merece respeito Aquela que nao tem medo da peia de "estar falando sozinha", se Ela o faz para o bem da humanidade.

Sob o Signo da Virgem María:

E OS MILAGRES DE LOURDES?

Em sfntese: Lourdes é o santuario mañano mais freqüentado. A Igreja tem ai favorecido a devocao á Virgem SS.; anua/mente cerca de tres miIhoes de peregrinos vio a Lourdes. Desde 1858 até nossos dias, dois miIhoes de enfermos tem ido rezar em Lourdes. Todavía a Igreja é cautelosa diante da proclamacao de mi/agres; até hoje somente 65 curas inexplicáveis e milagrosas foram reconhecidas pelas autoridades eclesiásticas. —

Duas comissoes de médicos, de diversas nacionalidades e diferentes Credos ou sistemas filosóficos, estao a servico da verificacao de molestias e curas relacionadas com Lourdes. Muito importantes sao os beneficios espirítuais que, em alta escala, sao obtidos naquele santuario; numerosas pessoas mudam de vida após ter rezado e recebido os sacramentos em Lourdes. Desta

maneira Lourdes continua sendo um sinal vivo da Providencia Divina, que nao abandona a humanidade sofredora, especialmente recomendada pela intercessao de Maña SS., Mae de todos os homens. *

*

*

0 santuario de Lourdes é o mais famoso de todos os santuarios marianos. A Igreja nao afirma que a Virgem SSma. lá apareceu (mas também

nao o nega). Segundo sua praxe de sobriedade, a Igreja reconhece o pleno valor do culto prestado á Virgem SSma. sob o título de Nossa Senhora de Lourdes e examina os fenómenos de cura lá ocorrentes para averiguar os eventuais auténticos milagres. Seguem-se alguns dados mais precisos sobre os milagres atribuidos a Nossa Senhora de Lourdes. — Este artigo tenciona assim prosseguir as reflexoes sobre aparic&es marianas publicadas em PR de novembro 1994, pp. 505-515.

1. DATAS E ESTATI'STICAS De 11 de fevereiro a 16 de julho de 1858, urna jovem de quatorze anos chamada Bemadette Soubirous foi agraciada com dezoito aparicoes da Virgem SSma.; esta Ihe disse em 25 de marco: "Eu sou a I maculada ConceicSo", fazendo eco, alias, á definic3o do dogma da Imaculada ConceicSo ocorrida em 8 de dezembro de 1854. Em 1862 o inquérito da Igre ja terminou sem encontrar algo que desabonasse os fatos; construiram-se entao duas basílicas no lugar, a primeira em 1876 e a segunda em 1958.

E OS MILAGRES DE LOURDES?

35

Calculase que anualmente vüo a Lourdes tres milhoes de peregrinos

em media. Chegam lá 720 trens e dois mil avioes por ano. Desde o inCcio das aparicSes em 1858 foram a Lourdes dois milhoes de enfermos; estes atualmente sao acolhidos em nove hospitais especializados, em que trabaIham cem mil voluntário(a)s e dois mil médicos. Todavía de 1858 aos nossos dias apenas 65 curas foram reconhecidas pela Igreja como milagrosas, embora duas mil curas tenham sido reconhecidas pelos médicos. Isto equi vale a dizer que de dois em dois anos aproximadamente há um milagre em Lourdes; dentre trinta curas, urna é considerada inexplicável pela ciencia e milagrosa aos olhos da fé.

Das pessoas curadas, contam-se 56 franceses, 5 italianos, 3 belgas e um austríaco. As mulheres sao a maioria: 52, das quais 8 sao Religiosas (freirás); entre os homens, há tres sacerdotes. Os sete primeiros milagres foram reconhecidos oficialmente pela Igreja em 1862, quatro anos após as aparicoes; foram averiguados pelo médico Dr. Dozous, que n3o era católi co, mas se converteu posteriormente.

A primeira cura cuja data é certa, é a da Sra. Catherine Latapie. Era inválida por paralisia da mao direita. Na noite de 28 de fevereiro para 19

de marco de 1858 (aínda durante as aparicoes), ela despertou os seus f¡Ihinhos e, com eles, pós-se a caminho da gruta das aparicoes, onde chegou

ao raiar do dia. Encontrou-se com Bernadette e mergulhou a mao na agua

que jorrava da fonte rochosa. I mediatamente a mao recuperou os movímentos normáis. Voltou logo para casa e, pouco tempo depois, deu á luz o seu terceiro filho, que em 1882 se tornou sacerdote. Essa cura subitánea e inexplicável foi examinada e comprovada pelo professor Vergez; o Bispo da diocese (Tarbes), Mons. Laurence, reconheceu o milagre, ou seja, a intervencao de Deus.

Entre os milagres registrados oficialmente, conta-se um que se deu na Bélgica, numa cápela dedicada á Imaculada Conceícao de Lourdes. Cita-se também o caso de um Bispo russo, Mons. Anthedon, que escreveu á autoridade diocesana e aos médicos de Lourdes afirmando ter sido curado pela Íntercessao da Virgem de Lourdes. O metropolita (Superior hierárquico) o testemunhou em 1874, proclamando o evento milagroso. Todavia essa cu ra nunca foi incluida no rol dos milagres de Lourdes, provavelmente por que faltou a documentacao precisa e rigorosa atinente ao fato. Atualmente a Comissao de Médicos estabelecida em Lourdes tem, para seu exame, cinco casos de curas tidas como inexpl ¡cavéis, entre as quais se acha a de um peregrino proveniente da Europa Oriental. O episo dio mais recente que está entregue ao estudo dos médicos, é o de um ope rario francés de 58 anos de idade, Jean Salauen, nativo de La Luope na

diocese de Chartres; a 1? de setembro de 1993, foi súbitamente curado, 563

36

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

tendo voltado de Lourdes na véspera; sofría de terrível modalidade de esclerose com plaquetas, qu&o obrigava a ficar imóvel na cama desde 1979. 2. A PRUDENCIA DA IGREJA

Aos 18/1/1862 o Bispo de Tarbes (diocese da qual faz parte a cidade de Lourdes) escreveu urna Carta Pastoral, em que reconhecia nada haver de reprovável na seqüéncia dos acontecímentos recentes de Lourdes e autorizava o culto da Virgem SSma. como "Nossa Senhora de Lourdes". Dos 69 Bíspos franceses da época vinte responderam muito positivamente a

essa Carta; os demais mostraram surpresa e reserva. A Carta foi enviada também ao Ministro do Culto eá Imperatriz Eugenia, esposa de Napoleao III (que simpatizava abertamente com os acontecimentos de Massabielle). Os jomáis favoráveis ao Governo mostraram-se pouco propicios á noticia do Sr. Bispo de Tarbes; outros a publicaram sem comentarios. O clima da Franca em meados do sáculo XIX era marcado pelo positivismo de Augus

to Comte. e por correntes filosóficas arreligiosas.

No fim do sáculo passado, visto que as peregrlnacoes continuavam a afluir a Lourdes e se proclamavam sempre grandes gracas recebidas pelos fiéis, os médicos comecaram a dar atencSo mais sistemática aos fatos. Foi fundado em 1882 o Bureau des Constatations Medicales (ComissSo de Averiguacao Médica) pelo Dr. Dunot de Saint-Maclou, professor na Universidade Católica de Louvain (Bélgica). Este cientista estabeleceu criterios rigorosos e precisos para examinar as ocorréncias e chamou, para colabo rar, muitos médicos nao católicos; em 1891 o Bureau contava 360 médi cos a sen/ico. O ano de 1908, cinqüentenário das aparicSes, foi de grande movimento e numerosas peregrinacoes em Lourdes. Entre 1862 eo im'cio da primeiro guerra mundial (1914-18) foram reconhecidas 33 dentre mi-

Ihares de curas maravilhosas. Aos médicos nao compete falar de milagre; apenas analisam os fatos e, eventualmente, concluem que tal ou tal caso nao admite explicacao científica. Diz o Professor Trifaud, um dos maiores especialistas dos ossos e membro da ComissSo Médica de Lourdes: "O mé dico jamáis deve falar de milagre; deve, antes, Iimitar-se a reconhecer fatos contrarios as leis da ciencia médica".

A pericia médica compreende ainda a Associacao Médica Internacio nal de Lourdes, urna especie de tribunal de apelacSo, constituida por vinte dos maiores especialistas europeus, que se reúne em Paris e pode recorrer a qualquer médico perito em determinada patología. Caso os médicos, após os seus minuciosos exames, verifiquem tratar se de algum caso inexplicável, os teólogos estudam os aspectos religiosos das curas para averiguar se foram obtidas num contexto digno de Deus ou como sinais da Providencia Divina (pois todo milagre, na Teología Católi ca, é sempre um sinal). O contexto digno de Deus implica ausencia de í

E OS MILAGRES DE LOURDES?

37

resses lucrativos, ausencia de frivolidade, mentira, orgulho e, positivamen te, inclui oracao humilde e piedosa da parte das pessoas envolvidas. 0 pro-

prio Candeal Lambertini (Papa Bento XIV, entre 1740 e 1758) estipulou

em 1734 os criterios que devem caracterizar uma cura milagrosa (criterios válidos até hoje): seja repentina, instantánea, plena ou radical, definitiva e inexplicável aos olhos da ciencia da época respectiva; seja cura de doenca orgánica (devida a uma lesao, por exemplo) e nao de doenca funcional (doenca nervosa, que nao tenha provas histopatológicas).

É de notar que muito numerosos e nao elencados em estati'sticas sao

os casos de transformacao interior das pessoas qué vao a Lourdes: muitos doentes que nao recuperam a saúde, voltarn tranquilos e reconciliados com a vida; pecadores inveterados se convertem a uma conduta crista au téntica, regenerando-se radicalmente. Muitos e muitos fiéis se afervoram,

recebem os sacramentos, participarn da Liturgia e entregam-se á oragao..! 3. A AGUA DAS PISCINAS DE LOURDES Dos 65 casos de milagre reconhecidos pela Igreja, 48 ocorreram em

re I apao com a agua das piscinas de Lourdes. Outras curas se tém dado por ocasiao da Comunhao Eucarística, da Unc3o dos Enfermos e da oracao pessoal.

Em torno dessa agua se harram coisas maravilhosas. Dizem, por exemplo, que ela nao molha; muitos fiéis saem da piscina enxutos. O Dr. Alexandre de Franciscis explica o fato do seguínte modo: "é certo que muitos saem enxutos após mergulhar na piscina. Mas nao se trata de mila gre. A explicacSo se deduz da grande diferenca de temperatura existente

entre a agua e o ar da atmosfera; quando alguém repentinamente passa dos 8 ou 9 graus da agua aos 25 ou 30 graus do ambiente, os poros da pele se abrem e a agua remanescente se evapora instantáneamente.

Outros dizem que a agua está sempre pura, mesmo depois que nela se

lavam fiéis com feridas abertas. É certo que a agua de Lourdes nunca pro-

vocou doencas em corpos sadios. O Dr. de Franciscis explica: "A agua em baixa temperatura é sempre bacteríostática ou evita a multiplicacao de bacterias".

Todavía nos últimos dois anos a agua das piscinas de Lourdes está sendo filtrada continuamente e purificada mediante raios ultra-violetas do tipo dos que sao usados ñas salas de cirurgia. Mais: depois que nela merguIha uma pessoa portadora de feridas abertas, a piscina é fechada, a agua é retirada e o recinto é lavado.

Importa realcar que Lourdes é, sem dúvida, em nossos días um sinal eloqüente da irrupcao dos valores transcendentais ou da Providencia Divi na em favor da humanidade sofredora, recomendada ao Senhor Deus pela ¡ntercessao de María Santi'ssima, Mae de todos os homens.

Do tempo para a eternidade?

TEMPO, ETERNIDADE E EVO

Em síntese: A tese que afirma a ressurreicao logo após a morte, baseia-se, entre outras, sobre a alegacao de que, com a morte, acaba o tempo e comeca a eternidade para o individuo. Por isto nao há que esperar o día

do fuizo (supostamente no fim dos tempos), mas este/á está presente ao individuo fa/ecido, ocasionando-lhe a ressurreicao final.

Ora, tal argumento vem a ser auténtico sofisma. Na verdade, entre tempo e eternidade existe um meio-termo, que é o evo ou a eviternidade. Com efeito, o tempo implica mutabilidade substancial e mutabilidade acidental; a eternidade implica imutabilidade substancial e imutabilidade acidental. — Pois bem; o evo significa i-mutabilidade substancial e mutabi lidade acidental.

Estes vocábulos filosóficos e técnicos sSo explicados no corpo do ar tigo, de modo a evidenciar que, após a morte, o individuo nao goza da

eternidade (esta é própría e exclusiva de Deus), mas goza da imortalidade edo evo. A eternidade compete ao Único Ser que nao tem principio nem fim: Deus. É impensável para o homem, caracterizado por urna sucessSo de atos de conhecimento e amor (o que vem a ser precisamente o evo). Este artigo já foi publicado em PR 275/1984, pp. 274-281. Torna mos a publicá-lo a fim de complementar as reflexoes sobre a ressurreicao

contidas em PR 390/1994.

*

*

*

É sempre difícil ao pensador refletír sobre o Além, embora a própria

raz§o possa por si chegar á conviccSo de que a morte n3o é um fim, mas urna transido. Se nao houvesse outra vida, onde as aspirapoes fundamen táis do homem á Verdade, ao Amor, á Justica, á Felicidade... fossem preenchidas, a criatura humana seria a mais miserável dentre todas.

Essa dificuldade de refletir já era expressa pelo Apostólo quando

dizia:

566

TEMPO. ETERNIDADE E EVO

39

"O que os o/hos nao viram, os ouvidos nao ouviram, e o coracao do homem nao percebeu, eis o que Deus preparou para aqueles que O amam"

(1 Cor 2,9).

Todavía é lícito ao pensador tentar penetrar na realidade da vida pos tuma — o que, alias, tem sido feito constantemente no decorrer da histo

ria. Entre as teses que recentemente vém sendo propostas a respeito, está a de que o ser humano, logo após a morte, entra na eternidade; por conse

guir)te, vé-se na consumacao dos tempos ou diante da parusia (segunda vin-

da) do Senhor Jesús; dado que, após a morte, nao estará sujeito ao tempo (com a sucessSo de dias e noites e com o ritmo de passado e futuro), a criatura humana nao teria que "esperar" a consumacSo da historia, mas já a presenciaría!

Esta afirmacao merecerá a nossa atencao no presente artigo. Antes de considerá-la mais detidamente, observamos que supomos a validade de urna premissa que tanto a filosofía quanto a fé recomendam como verídi ca, apesar de contestada em nossos dias:

3) A Igreja afirma a sobrevivencia e a subsistencia, depois da morte, ■

de um elemento espiritual, dotado de consciéncia e de vontade, de tal mo do que o eu humano subsista, embora entrementes careca do complemen to do seu corpo. Para designar este e/emento, a Igreja emprega a palavra alma, consagrada pelo uso que déla fazem a Sagrada Escritura e a Tradi-

gao. Sem ignorar que este termo é tomado na Biblia em diversos significa

dos, Ela julga, nao obstante, que nao existe qualquer razio seria para o re-

jeitar e considera mesmo ser absolutamente indispensável um instrumento verbal para sustentar a fé dos cristaos" (Carta da Congregacao para a Doutrina da Fé sobre algumas questoes referentes a Escatologia, 17/05/1979).

A morte, portanto, vem a ser a separacao da alma espiritual, ¡mortal e do corpo deteriorado em suas func5es fundamentáis e, por isto, incapaci tado de continuar a ser sede da vida humana (vegetativa, sensitiva, in telectiva).

A alma, ao separar-se do corpo, deixaria o tempo para entrar na eter nidade? Os que respondem afirmativamente, supoem nao haver meio-termo

entre entre tempo e eternidade. Ora é precisamente este pressuposto que gera a falsa tese. A razao humana é capaz de conceber um estado interme diario que, na linguagem da Filosofía Escolástica, foi chamado aevum ou aeviternitss, donde evo e eviternidade. Examinemos atentamente tal nocao.

40

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

1. ENTRE TEMPO E ETERNIDADE

A palavra vernácula evo vem do indo-europeu aiues-os; donde se faz em sánscrito ayuh, em grego aion e em latim aevum. A significacSo primeira do vocábulo é vida, curso de vida; dai, longo período de tempo e, por fim, eternidade ou existencia sem fim (veja-se também a forma grega aiei

aei, sempre).

Os antigos cristaos entenderam tal termo em suas variadas acepcoes, empregando-o ora no sentido de vida, ora no de tempo, ora no de eter nidade.

Na Filosofía Escolástica, porém, aevum assumiu significado preciso,

distinguindo-se nítidamente de tempo e eternidade. S. Tomás de Aquino!

por exemplo, afirma: "Aevum differt a tempore et ah aeternitate sicut médium exsistens ínter illa. - O evo dífere do tempo e da eternídade co mo algo de intermediario entre um e outra" (Suma Teológica I, 10,5; cf. In I Sententiarum, dist. 8, qu. 2, a. 1, ad 6). O pensamento do S. Doutor poderia ser assim explidtado: — o tempo implica

mutabilidade substancial e mutabilidade acidental — a eternidade implica

i-mutabi lidade su bstancia I e ¡-mutabilidade acidental — o evo implica

i-mutabilidade substancial e mutabi I idade acidenta I.

Com outras palavras:

1) O tempo sup5e urna criatura em movimento tanto substancial co mo acidental, e vem a ser o "numerus motus secundum prius et poste-

rius", ou seja, a medicao do movimento ou da mutabilidade de urna subs tancia (o ser humano, por exemplo) ou de seus acidentes (a atividade artfstica, o estudo, o repouso, por exemplo). O tempo rege a existencia de

qualquer criatura corpórea, composta de materia e forma,... criatura que teve comepo e terá fim. A ñoclo de tempo e suas conseqüéncias tem ocu pado tongamente os filósofos antigos e modernos, chegando a ser o centro da escola filosófica do temporalismo, com a qual se relacionou de perto Martín Heidegger. De maneira um tanto poética, PlatSo dizia que o tempo

(chrónos) foi feito pelo Artífice do mundo como "imagem móvel da eter nidade" (eiko kíneton tina aiónos), imagem que procede segundo o núme568

TEMPO, ETERNIDADE E EVO

4!

ro, ao passo que "a eternidade permanece na unidade" (ménontos aiónos

en heñí).

2) A eternidade poderia ser definida como interminabilis vitae tota si-

muí et perfecta possessio (Boecio, De consolatione philosophiae V); é a

posse de urna vida toda presente a si mesma. Esta omnissimultaneida'de é

própria e exclusiva de Deus; só o Altíssimo nao teve comeco e nao terá fim; só Deus possui todo o seu ser e toda a sua atividade num único mo mento, pois só Ele é infinitamente perfeito; Ele nao deixou de ser o que Ele teria sido, e nao vira a ser o que Ele ainda nao seja.

3) Ora há seres que tiveram comeco, pois foram criados. Mas, por serem criaturas espirituais, nao estao sujeitos ao devir e á corrupcao fi'sicos; sa"o imortais. Tais criaturas evidentemente nao sao eternas (pois tive ram inicio), mas também nao sao temporais; nelas nao há mudanca subs tancial (deterioracao física), mas há mudancas acidentais, ou urna sucessao de atos (de conhecimento, de amor, de propósitos...). A medida da exis tencia de tais criaturas é o evo ou a eviternidade; esses seres, por sua natureza e substancia (ou por seu modo de ser), nao conhecem a temporalidade, mas sao incapazes de apreender o seu objeto de conhecimento num só ato; por isto experimentam a sucessao no seu agir. Este é o caso da alma logo após a dissolucSo do composto humano. Deixa de existir no tempo, ao qual a prendía a sua presenca no corpo para existir na eviternidade; já nao está sujeita á sucessa*o de dias e noites, mas fica sujeita á sucessao de atos que exprimem a sua vida intelectiva, quer se ache na amizade de Deus, quer esteja avessa a Deus. O evo, assim entendido, é chamado por J. Ratzinger "o tempo antro pológico" e por Candido Pozo "o tempo psicológico"1 em oposicSo ao tempo físico. Este é marcado pelo movimento da térra em torno do sol,

ao passo que aquele tem a sua raiz na seqüéncia de atos do psiquismo

humano (que conhece... e que emite propósitos...).

A quem reflete, torna-se evidente a necessidade de admitir o evo.

Com efeito, é impossi'vel conceber que um ser que nao tenha a perfeitfío infinita (o que equivale a dizer: um ser criado) seja capaz da posse simultá nea de toda a sua existencia; tal criatura está essencialmente ligada á suces sao de atos pelos quais ela vai chegando á plenitude do seu desabrochamento; a morte nao tem o efeito mágico de transformar urna criatura es

sencialmente dada á sucessao em um ser que possua simultáneamente o que ele já viveu e o que ele ainda nao viveu. Tem razSo Ruiz de la Pena quando diz que "suprimir toda sucessao na existencia dos seres criados Teología del más Allá, p. 305. 569

42

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

que saem do tempo, equivaleria a apagar a fronteira que separa de Deus a

criatura" (La otra dimensión, p. 395).

A mesma proposicao é sustentada por Leo Scheffczyk. Este teólogo tendo enfatizado que após a morte nao há tempo como durante a vida terrestre, comenta sabiamente:

"Isto, porém, nao excluí urna sucessao de atos e um desabrochar

atemporaljie ocupagoes e atividades acidentais. Se alguém quisesse negar tal sucessao... estaría derrabando a fronteira que existe entre a alma sepa rada do corpo e o próprio Deus" fDas besondere Gericht ¡m Lichte der gegenwartigen Diskussion, em Scholastik 32, 1957, 541).

Faz eco a tais dizeres a afirmacao de D. von Hertling: "Os anjos e as almas humanas separadas do corpo ocupam urna posicao intermediaría entre o tempo e a eternidade. Nao estao sujeitos ao tem

po terrestre, pois, como substancias espirituais, sao por si imutáveis. Nesta

perspectiva, estao fora do tempo, á semelhanga de Deus. Mas os espírítos criados estao sujeitos a urna sucessao ou, ao menos, a urna pluralldade de atos, ao passo que Deus só possui urna atividade ou, melhor, é urna única atividade" fDer Himmel, München 1935, p.31).

Estas ponderacSes fundamentam suficientemente a existencia do evo

como necessário meio-termo entre o tempo e a eternidade. Passemos agora a urna 2. CONCLUSÁO

De quanto foi explanado, depreende-se que nao há como dizer que o

ser humano, ao deixar a vida terrestre, nao tem mais perspectiva de futu ro e, por isto, já presencia a consumacao dos tempos e o juízo final. Na verdade, a criatura nunca poderá deixar o seu regime de ser criado para entrar no do Ser Incriado e Criador.

Há, pois, urna duracao no além e urna percepcSo consciente dessa du-

racao por parte da alma humana, o que quer dizer: ... percepcao de um

antes e depois, que nao sao assinalados pelo movimento da térra, mas pela sucessao de atos emitidos pelo eu desse sujeito.

É, alias, isto o que a Igreja quis declarar mediante os itens 5 e 6 da

Carta da Congregacao para a Doutrina da Fé atrás citada:

"5) A Igreja, em conformidade com a Sagrada Escritura, espera a glo riosa manifestacao de Nosso Senhor Jesús Cristo, que E/a considera como

TEMPO, ETERNIDADE E EVO

43

distinta e diferida em refació áquela condicao do homem ¡mediatamente

depois da morte.

6) A Igreja, ao expor a sua dou trina sobre a sorte do homem depois

da morte, excluí qualquer explicacao que tirasse o seu sentido á AssuncSo de Nossa Senhora, naquilo que esta tem de único, ou se/a, o fato de ser a glorificacao corporal da Virgem Santfssima uma antecipacSo da glorificacao que está destinada a todos os outros eleitos". De modo especial, deve-se dizer que no além os nossos semelhantes continuam a se sentir solidarios com as pessoas que ainda peregrinam na

térra e que, a um título ou outro, Ihes estao vinculadas: parentes, amigos,

discípulos, mestres, compatriotas, enfim os membros todos da grande

familia humana... É o que o Apocalipse insinúa ao apresentar as almas dos

mártires sob o altar de Deus a pedir ao Senhor a consumacao da historia e a restauradlo dos valores espezinhados no decorrer dos tempos:

"Quando abriu o quinto se/o, vi sob o altar as almas dos que tinham sido morios por causa da Pahvra de Deus e do testémunho que déla ti nham prestado. E eles clamaram em alta voz: 'Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, tardarás para fazer justica, vingando nosso sangue contra os habitantes da térra?' A cada um deles foi dada, entao, uma veste branca, e foi-lhes dito também que repousassem por mais um pouco de tempo, até que se compfetasse o número dos seus companheiros e irmaos que haveriam de ser mortos como eles" (Ap 6,9-11).

Este texto, em linguagem antropomórfica, apresenta os santos márti res em atitude de impaciencia. 0 que o autor sagrado quer exprimir, é a expectativa dos justos em relacio á restauracSo da ordem atualmente bur lada pela iniqüidade do mundo. Note-se que a resposta do Senhor alude a um termo da historia que ainda está para ocorrer. Também merece atencao o fato de que a expectativa tem por objeto nao algo que na gloria este

ja faltando pessoalmente aos justos, mas, sim, algo que diz respeito á his

toria da Igreja e da humanidade. Estes dados sugerem o seguinte: junta mente com a visao beatífica, que é um éxtase atemporal, coexiste ñas al mas dos bem-aventurados a consciéncia de que sSo participantes e solida

rios do desenrolar da historia dos seus irmSos peregrinos; por conseguinte,

conservam a nocao de duracao e de sucessio. Alias, a própria intercessao dos santos pelos seus irm3os na térra implica uma sucessao de atos. Santa Teresinha de Lisieux professa-o do seu modo, usando, também ela, de um antropomorfismo:

"Se meus desejos forem atendidos, o meu céu decorrerá sobre a térra até o fim do mundo. Sim; quero passar o meu céu a fazer o bem sobre a 571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

térra. Isto nao é impossível, porque na visao beatífica os anjos vigiam so bre nos. Nao; eu nao poderei tomar repouso até o fim do mundo e enquanto houver almas a salvar. Mas, quando o anjo tíver dito: 'Jé nao hé

mais tempo' (Ap 10,6), entao eu repousarei; poderei gozar, porque o nú

mero dos eleitos estará completo; todos terao entrado na alegría e no re pouso. Meu coracSo exulta com estepensamento" (Novissima Verba).

Mais: a visao beatífica mesma, que é a contemplado de Deus face-aface, admite sucessao de atos, pois a esséncia de Deus nao pode ser apre-

endida num só ato; ela será sempre nova para qualquer criatura; como dizia Sao Joao da Cruz, Deus só nao é novo para si mesmo! Bibliografía:

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ROUGES, A.. Las jerarquías del ser y la eternidad. 1943. RUIZ DE LA PEÑA, J. L., La otra dimensión. Escatologia cristiana.

Madrid 1975.

572

O protestantismo contemporáneo:

VOCÉSABEQUANDO...?

^ Em síntese: Se os crístSos conhecessem melhor a historia das denomi nares protestantes, nao adeririam tao fácilmente a e/as ou as deixariam

sem demora, porgue perceberiam que sao obras de homens que se opoem

á intencao de Jesús Cristo; principalmente os cató/icos nao se tomaríam

protestantes, pois, assim procedendo, abandonam a única Igreja fundada

por Jesús Cristo para aderir a comunidades fundadas por homens, quinze ou^ mais sáculos após Jesús. - Para facilitar aos cristaos a tomada de consciéncia do hiato histórico que intercede entre Jesús Cristo e as denominacoes protestantes, vai, a seguir, publicada urna tabela cronológica. *

*

*

Estamos numa época de ecumenismo, ou seja, de aproximacao dos discípulos de Cristo entre si. Freqüentemente, no diálogo entre teólogos vao sendo estudados os pontos nos quais há divergencia de afirmac5es, a fim de se facilitar a reconstituicSo da unidade. Assim v3o sendo superadas barreiras e aplaina-se a via que pode levar "a um só rebanho e um só pas

tor" (Jo 10,16).

É inegável, porém, que na América Latina, especialmente no Brasil,

novas e novas denominares protestantes, animadas por espirito sectario

e tendencias fortemente proselitistas, vao arrebanhando fiéis católicos. Estes, incautos ou despreparados como s2o muitas vezes, julgam que, ao abandonar a Igreja Católica para fazer-se membros de alguma denominacao protestante, estSo sendo mais cristaos, mais fiéis a Jesús Cristo e á sua

obra. Ná*o raro o que impressiona um católico e o leva ao Protestantismo, é ou 1) a promessa de curas, ou 2) o testemunho da vida puritana dos "evangélicos" ou 3) a leítura da Biblia que estes pratlcam. Tocado em seu coracao pela pregacao de um missionário protestante (sem, porém, racio cinar muito), o católico adere á comunidade que o convida, sem ter nocao de historia do Cristianismo ou sem saber exatamente o que é ser católico e

o que é ser protestante. Ele nao chega a perguntar qual a origem da denominacao protestante que o interpela e qual a vinculacSo da mesma com

Jesús Cristo.

573

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

46

Ora é de crer que, se os cristaos conhecessem melhor a historia das denominacdes protestantes, nao adeririam tao fácilmente a elas ou as deixariam sem demora, porque perceberiam que s§o obras de homens que se opcíem á intencSo de Jesús Cristo; principalmente os católicos nao se tornariam protestantes, pois, assim procedendo, abandonam a única Igreja fundada por Jesús Cristo para aderir a comunidades fundadas por homens, quinze ou mais séculos após Jesús. Será a mesma coisa seguir Jesús Cristo e seguir um "profeta" do século XVI ou XVI11?

Precisamente para facilitar aos cristaos a tomada de consciéncia do hiato histórico que intercede entre Jesús Cristo e as denominares protes

tantes, publicamos a tabela seguinte: DENOMINACAO

CATÓLICA Luterana

FUNDADOR

JESÚS CRISTO

DATA 30

Episcopal (ouAnglicana) Reformada (Calvinista)

Martinho Lutero HenriqueVIll

1517

Joao Calvino

Menonita

Menno Simons

1534

Presbiteriana

John Knox

Congregad onal

Robert Browne

1541 1550 1567 1580

Alemanha Inglaterra

Genebra(Suíca) Holanda

Charles Parham e discípulos Charles-Taze Russell Alexandre Freytag

1916 1920

Edir Macedo Bezerra

1977

R io de Janeiro (RJ)

Batista

John Smyth

1604

John Fox

Metodista Mórmon

John Wesley Joseph Smith

1649 1739

Adventista Exército da Salvecao Ciencia Crista Pentecostais

William Miller William e Catarina Booth Mary Baker

Reino de Oeus

PALESTINA

Escocía Inglaterra Holanda Estados Unidos Inglaterra Estados Unidos Estados Unidos Inglaterra Estados Unidos Estados Unidos Estados Unidos Surca

Quaker

Testemunhas de Jeová Amigos do Homem Igreja Universal do

LOCAL

1830

1831 1865 1875 1900

No Brasil, os pentecostais dispoem-se em tres grupos:

a) Assembléia de Deus, que veio dos Estados Unidos em 1911 ;

b) Congregado Crista do Brasil, que teve inicio em 1909 na colonia italiana do Brás (Sao Paulo), por obra de Lufs Francescon, emigrante ita liano que veio dos Estados Unidos;

c) Pentecostais Independentes, grupos oriundos em 1950, entre os quais está a Cruzada "Brasil para Cristo" chefiada pelo pastor Manoel de 574

VOCÉ SABE QUANDO...?

47

Mello, que se desligou da Assembléia de Deus e iniciou o M ovi mentó da

"Tenda Divina".

Registram-se aínda: a Cruzada da Nova Vida, a Igreja da Renovacao, a Igreja da Restauracao, o Reavivamento Bi'blico, o Evangelho Quadrangular Pentecostal, o Cristo Pentecostal da Biblia, a Igreja Pentecostal Unida, a Igreja Evangélica Pentecostal, a Igreja Pentecostal Jesús Nazareno, a Cruzada Nacional de Evangelizacao...

A modalidade mais famosa do Pentecostalismo brasileiro é a da Igreja

Universal do Reino de Deus.

OBSERVACOES 1. A tabela, ainda que nao seja exaustiva, mostra como as denominacoes protestantes que hoje em dia fazem adeptos no Brasil, estao distantes de Jesús Cristo na linha da historia. Antes do século XVI nao se falava de Confissao Luterana; antes do século XX nao se falava de Assembléia de Deus, Comunidade "Nova Vida", "Igreja Socorrista", etc. Nao foi Jesús Cristo quem deu origem a tais organizacoes, mas foram pastores humanos, dos quais alguns disseram ter recebido revelacSes mais recentes do que as de Jesús Cristo; tal é o caso de Joseph Smith (Mórmons), Charles-Taze Russell e Rutherford (Testemunhas de Jeová), Alexandre Freytag (Amigos do Homem)... Quanto mais recente é a denominacao protestante, mais tende a trocar o Novo Testamento pelo Antigo, chamando Deus pelo nome de Jeová, negando a Divindade de Cristo e a SS. Trindade, observando o sábado em lugar do domingo, etc.

2. Na raiz de todo este esfacelamento do Cristianismo, que se perde cada vez mais em fantasías arbitrarias, está o principio, estipulado por Lutero, segundo o qual a Biblia deve ser interpretada por cada leitor em "l¡-

vre exame"; o que quer dizer: cada qual tem o direito de contar com a iluminacao do Espirito Santo e entender a Biblia como bem Ihepareca.em

conseqüéncia, tira as conclusoes que julgue adequadas, sem orientacao da

Igreja. É compreensi'vel que tal principio, coerentemehte aplicado, tenha

levado e leve o Protestantismo a se autodestruir cada vez mais, dividindo-

se e subdividindo-se em comunidades, das quais as posteriores pretendem sempre reformar as anteriores e sao reformadas pelas subseqüentes. Os

membros de tais comunidades reformadas seguem tao somente o alvitre subjetivo e imaginoso de um "profeta", e nao mais a Palavra de Jesús Cris to como tal. Este fundou urna só Igreja, que Ele confiou a Pedro, dandoIhe a garantía de sua assisténcia ¡nfalível até a consumacSo dos séculos 575

48

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

(cf. Mt 16,16-19; 28,18-20); fora desta única Igreja1 há sociedades huma nas cristas, que nao podem ser ditas "Igreja de Cristo" a nao ser na medida parcial em que compartíIham elementos da única Igreja de Jesús Cristo (a leitura da Biblia, o Batismo, o espirito de oracao...). Sao obras humanas

(a prova de que sao obras meramente humanas, é a continua dissolucao de tais grupos em subgrupos e subgrupos...; há quem enumere mais de 1.600 denominacSes cristas somente na África)!

Vé-se, pois, que o individualismo colocado na base da Reforma de Lutero é o fator de autodestruicao da própria Reforma, pois favorece to das as tendencias divergentes, levando ás conclusoes mais extremadas. O próprio Lutero se assustou ao perceber a confusao que seus principios pro vocara m.

3. Em conseqüéncia, torna-se difícil dizer quais os pontos comunsa todas as denominacoes protestantes. Podem-se apontar o uso da Biblia co mo única norma de fé e a crenca em Deus uno, Criador e Juiz; a própria Divindade de Cristo é negada por nao poucos protestantes; há também correntes reformadas que nao admitem sacramento algum. Por isto deve-se dizer que as diferencas, dentro do Protestantismo, entre Testemunhas de Jeová e Batistas, entre Adventistas e Presbiterianos... sao maiores do que as diferencas entre luteranos e católicos.

De resto, o liberalismo apregoado pelo principio do livre exame é ge-

ral mente atenuado ou mesmo supresso ñas comunidades protestantes onde

os pastores exercem forte lideranca sobre os seus fiéis.

4. Talvez, porém, alguém objete: a Igreja fundada por Cristo nao tem suas falhas e nao necessita de purificacao e renovacao?

— É certo que, onde existem seres humanos (e na Igreja eles existem),

existe fragilidade; esta, sem dúvida, exige purificacao. Todavia a purificacao da Igreja há de se fazer sem ruptura com o passado, sem perda de con tato com a linhagem apostólica e a fonte "Jesús Cristo". Qualquer quebra nessa linha é mortal, pois faz da nova comunidade urna obra meramente humana, separada do seu manancial auténtico; a tal comunidade já nao se

aplica a Palavra de Cristo em Mt 28,18-20: "Estou convosco todos os dias até a consumacao dos séculos".

A própria Igreja de Cristo, a Igreja Católica, sabe tirar do bojo da sua vitalidade o remedio aos males moráis que acometem seus filhos; a Igreja (continua na pág. 545)

1 Sao Paulo fala da fgre/'a como "como de Cristo" com forte realismo; cf. 1Cor 12,12-27; Cl 1,24.

576

Pergunte

Responderemos

índice Geral de 1994

50

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

ÍNDICE

(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicao e página)

A

ABORTO: HOMICÍDIO

382/1994, p.139;

391/1994^ p.557Í

DECLARACÁO DA CNBB E REENCARNACÁO

ENTREVISTA DE IVONE GEBARA

NA INGLATERRA E DIREITO CIVIL (D.A.A. DE MIRANDA) ACORDÓ ENTRE A SANTA SÉ E ISRAEL

ADÁO, QUANDO FOI CRIADO? AGUA DAS PISCINAS DE LOURDES AIDS E PRESERVATIVOS

AIDÉTICO ACOMPANHADO POR AGENTE DE PASTOR Al "A INQUISICÁO EM SEU MUNDO" por Joao Bernardino Gonzaga

380/1994, p. 39; 391/1994, p.554; 380/1994, p. 17;

380/1994* p. 26. 380/1994* p. 17. 389/1994, p.458.

384/1994, p.230.

390/1994* p 521 391/1994* p 565 387/1994* p.361;

388/1994* p.41¿ 388/1994, p.419.

383/1994, p.158.

ALBANIA QUE RENASCE

ALVARO DEL PORTILLO, D., Superior Geral do Opus Dei

388/1994, p.424.

386/1994, p.328.

AMOR HUMANO E SEXUALIDADE "AMOR TUDO ESPERA": Carta dos Bispos de Cuba AMWAY E NOVA ERA

381/1994, p. 92 385/1994 p.242. 389/1994, p.479.

ANIMÁIS - estimativa e instinto

386/1994, p.310. 387/1994, p.342.

ANGLICANOS E ORDENAQÁO DE MULHERES

ANJOS NA BI'BLIA E NO ESOTERISMO

ANTICONCEPCIONAL E PRESERVATIVOS

386/1994, p.308;

383/1994, p.168. 381/1994, p. 87.

APARigOES DE NOSSA SENHORA: sim ou nao?

390/1994 p.505-

centenario

385/1994, p.280.

APÓSTOLAS DO SAGRADO CORACÁO DE JESÚS: "A SEITA QUE NAO OUSA DIZER SEU NOME" por John Boswell

389/1994, p.471.

ASSOMBRACÓES:explicacao científica

390/1994, p.488.

ASTRONOMÍA E GALILEU

ATENÁGORAS, O "FILÓSOFO CRISTÁO DE ATENAS" ATO HUMANO E MORALIDADE ATOS INTRÍNSECAMENTE MAUS

AUTORIDADE NA IGREJA E ANGLICANISMO

"A VERDADEIRA VIDA EM DEUS" por Vassula Ryden 578

382/1994.P. 110.

389/1994, p.455.

380/1994, p. 11. 381/1994, p. 54; 386/1994, p.333.

386/1994, p.315.

385/1994, p.266.

l'NDICE GERAL

51

B

BATISMO DA NEW CHURCH (Nova Igreja)

381/1994, p. 94.

BEGLIOMINI, HELIO, E PRESERVATIVOS BIBLIA, SOMENTE A E GALILEU

388/1994, p.416. 380/1994, p. '44; 382/1994, p.113.

BOSWELL, JOHN, E HOMOSSEXUALISMO.'.

389/1994, p.471.

"CAMISINHA": ineficaz

387/1994, p.362.

CARMIGNAC, JEAN:exegeta bíblico

388/1994, p.394.

"BEBÉS PARA QUEIMAR" por M.LitchfieldeS. Kentish

CAPITALISMO ATUAL

380/1994, p. 28.

382/1994^ p.131.

CARTA DE IRMA LUCY VETURSE

386/1994, p.318-

PASTORAL DOS BISPOS DE CUBA

385/1994, p.242.'

CASAMENTO DE HOMOSSEXUAIS?

387/1994, p.366;

CASTIDADE E AIDS - fator de boa saúde

CATÓLICO E MACOM CEU, INFERNO E PURGATORIO: que sao?

389/1994, p.471. 384/1994, p.227. 381/1994, p. 88.

386/1994, p.323. 390/1994, p.501.

CHANDLER, RUSSELL E NOVA ERA

384/1994, p.194.

CLONAGEM: experiencias contemporáneas

382/1994, p.134.

"COMPREENDENDO A NOVA ERA", por Russell Chandler

384/1994, p.194.

CLERO ANGLICANO IGREJA CATÓLICA

389/1994, p.468.

COMUNHÁO ANGLICANA, COMO SURGIU? DOS SANTOS: justificativa

386/1994, p.308. 385/1994, p.273.

COMUNICAQÁO COM OS MORTOS NA NOVA ERA

384/1994, p.196.

COMUNISMO E CAPITALISMO: entrevista de Joáo Paulo II

382/1994, p.130.

CONTRADICÁO NOS EVANGELHOS? CONVERSÁO DA RÚSSIA

384/1994, p.221. 385/1994, p.270.

CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS E ABORTO CONSCIÉNCIA: formacao da

380/1994, p. 39. 381/1994, p. 55.

DA DUQUESA DE KENT DE AFONSO RATISBONNE CRIANCA, ritmo natural de desenvolvimento

386/1994, p.316; 390/1994, p.511; 383/1994, p.177.

CRISTANDADE - regime CRISTO JESÚS E OS PECADORES

383/1994, p.161. 376/1994, p.294.

CRISTOLOGIA LATÍ NO-AME RICANA( Jon Sobrino)

385/1994, p.252.

CUBA: Carta Pastoral dos Bispos

385/1994, p.242.

CRlYlCA.AMOR E FIDELIDADE A IGREJA CRUZ E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ CRUZ, Sl'MBOLO PAGÁO? ,

CULTO DOS SANTOS: fundamentacao CURAS MILAGROSAS: criterios

391/1994, p.536.. 382/1994, p.106. 382/1994, p. 98. 385/1994, p.273. 383/1994, p.156.

579

52

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

DANNEELS, GODFRIED, e culto dos Santos

385/1994, p.273.

DESCOBERTA DE PAVLOV DIOGNETO. EPÍSTOLA A DIREITO CIVIL E ABORTO

381/1994* pW 389/1994'p 45e' 389/1994* p 458

"DE DOIS MALES, O MENOR" principio mal aplicado DEFESA DA VIDA (Documento da CNBB)

386/1994 p 334 380/1994 p 39

DOMESTICACAO DO ANIMAL E EDUCAgÁO DA CRIANQA '. . 387/1994* p 346 DUALISMO GREGO E CRISTIANISMO DUQUESA DE KENT: conversáo

380/1994' p' 2i' ."' 386/1994' p316

EDUARDO SHEVARDNAZE.CRISTÁO

ELISABETTA CANORI MORA EMPIRISMO E METAFÍSICA

ENCÍCLICA "O ESPLENDOR DA VERDADE"

386/1994 p307

389/1994' p 462 387/1994* p.351

381/1994 p. 50

ENGENHARIA GENÉTICA E CLONAGEM EPÍSTOLA A DIOGNETO: testemunho cristáo

382/1994,' p.m 389/1994* p.456.

ERICH VON DÁNIKEN - quem é? ESTERILIZAQÁO FEMININA: Declaracáo da Santa Sé

383/1994* p.174. 391/1994* p.546.

ÉPOCA DE REDAQÁO DOS EVANGELHOS EUCARISTÍA - origem

- respeito

"EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ" por Antonio Carrera

EVANGELHO - fidelidade EVANGÉLICOS E TRAFICANTES ÑAS FAVELAS EZEQUIEL E ANJOS

384/1994* p.221

384/1994, p.210;

389/1994, p.485.' 390/1994, p.216;

388/1994* p.388. 380/1994* p 23 383/1994 p 169

FANTASMAS E ASSOMBRACÓES

390/1994, p.482.

FÉ "NA" IGREJA

391/1994, p.535.

FÉ "DA" IGREJA

391/1994* p.534.

FEMINISMO E ABORTO

380/1994, p. 17;

E LINGUAGEM TEOLÓGICA

386/1994* p.335.'

FIDELIDADE Á IGREJA

391/1994, p.543.

FILHOS DE DEUS EM Gn 6,1-4

383/1994, p.170.

- ComunhSo dos Santos

FILIAQÁO DIVINA DOS PRIMEIROS PAÍS FILOSOFÍA NO TEMPO DEGALILEU FUNDAMENTALISMO: que é?

580

385/1994, p.278.

380/1994, p. 13. 382/1994, p. 109. 387/1994, p.353.

ÍNDICE GERAL

GALILEU - revisáo do processo

53

382/1994 p 107

GEBARA, IVONE, E ABORTO GNOSTICISMO NA NOVA ERA GUERRA DEFENSIVA: lícita

380/1994' p 17~ 384/1994* p 199 " ' 382/1994* p 129

H

"HÁ OUTRO CRISTO?", panfleto de J.T.C

386/1994 p 299

HOLISMO E NOVA ERA

HOMOSSEXUALISMOE PARLAMENTO EUROPEU

HOMOSSEXUALISMO NA BIBLIA NA HISTORIA DA IGREJA

HORÓSCOPO DIMINUÍ DURACÁO DE VIDA

. 384/1994 p 195

387/1994 p367'

389/1994* p 475.'.['.'. 389/1994* p 471* 384/1994* p 207~

IGREJA CONTRARIA A SAÚDE DOS BRASILEIROS? DESUMANA? E APARICOES DE NOSSA SENHORA

E ESTADO

E PRESERVATIVOS CONTRA A AlDS

384/1994 p 225391/1994] pW-

390/1994, p.505;

383/1994* p.159* 383/1994 p 363

"IGREJA ESTÁ FALANDO SOZINHA" IGREJA - HORIZONTE E MATRIZ DA FÉ NA ALBANIA

391/1994* pW 391/1994* p.534; 388/1994* p.424-

QUESTIONADA - RENOVAQÁO E REFORMA INCENDIOS MISTERIOSOS:explicado ÍNDEX DE LIVROS PROIBIDOS: que era? INFALIBILIDAOE PAPAL E DEFINICÓES "EX-CATHEDRA" INQUISigÁOE GALILEU E MENTALIDADE MEDIEVAL NO SEU CONTEXTO INSTINTO E ESTIMATIVA DOS ANIMÁIS "INTELIGENCIA" DOS ANIMÁIS "INQUISIQÁO EM SEU MUNDO", por J.B. Gonzaga INTELIGENCIA - que é? IRMA EMANUELA ENTRE OS DESERDADOS IRMA LUCY VETURSE, VlYlMA DOS SOLDADOS SERVIOS . ISRAEL E SANTA SÉ EM ACORDÓ

391/1994* pMi' 391/1994* p 537 390/1994* p 490 382/1994* p 117 381/1994* p 12 382/1994* p' 115384/1994* p 214383/1994* p*158* 387/1994* p 342 387/1994* p'338 383/1994* p*158' 387/1994* p 339 384/1994' p 236* 386/1994* p 318 384/1994* p'230'

PRUDENTE FRENTE AOS MILAGRES

581

391/1994 p 564

54

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

JEAN CARMIGNAC - sua obra

388/1994 p 394

JÉRÓME LEJEUNE - sua obra "JESÚS CRISTO, SIM; IGREJA, TAMBÉM" "JESÚS JAMÁIS CONDENOU O HOMOSSEXUALISMO" "JESÚS NAO COSTUMAVA FALAR DE SI MESMO"

387/1994' 391/1994' 389/1994' 384/1994*

"JESÚS SEMINAR" E CRITICA DOS EVANGELHOS JOÁO PAULO II E ORDENACÁO DAS MULHERES JUVENTUDE E SEXO NO BRASIL

388/1994* p 387 388/1994' p 396 381/1994* p 85

"JESÚS, O LIBERTADOR", por Jon Sobrino

p 380 p 533 p 475 p^22o!

385/1994 p 252

L

LAVAGEM DE CRÁNIO E SEITAS

381/1994, p. 75.

LEÍ NATURAL E AUTONOMÍA DA RAZÁO LEJEUNE, JÉFtOME: médico famoso

381/1994, p. 52. 387/1994, p.380.

LEGIÁO DA BOA VONTADE: que é?

LESEUR, ELISABETH: mulher exemplar

382/1994^ p.140.

389/1994, p.463.

LINGÜISTICA E ARQUEOLOGÍA NA HISTORIA DA CRUZ . . . 382/1994 p.101 LOURDES E MILAGRES

391/1994 p 561

M

MACACO ECRIANCA:diferencas.

387/1994, p.348.

MARONITAS: historia e momento atual

385/1994, p. 281.

MAGISTERIO DA IGREJA: valor dos pronunciamentos MARTI'RIO E FIDELIDADE A CRISTO MEDICINA ALTERNATIVA MEDIEVAL

381/1994* p. 62.

381/1994 p. 59^ 384/1994*^198;

MEMORIA E APRENDIZAGEM DOS ANIMÁIS

MENINOS DE DEUS: quem sao? MESQUITA CL. E SALGUEIRO B.: preservativos e AIDS

MILAGRE É POSSIVEL?

MILAGRES DE LOURDES

MIRANDA, ANTONIO AFONSO DE, E ABORTO MISSA: fundamentadlo bíblica MITO EM TORNO DE GALILEU DE OSIRISE CRISTIANISMO

MORAL CATÓLICA - que é?

MOVIMENTO SACERDOTAL MARIANO

MULHERES HEROICAS

POBRES E ABORTO

383/1994*. p. 164!

387/1994, p.341.

381/1994, p. 81. 388/1994, p.412.

383/1994 p 146

391/1994^ p.562.

389/1994, p.458. 386/1994, p.304. 382/1994, p.107; 384/1994, p.211.

381/1994, p. 51. 388/1994 p.431.

389/1994, p.463;

380/1994*. p. 20.'

582

ÍNDICE GERAL

55

N

NOME CRISTÁO DAS CRI ANCAS

385/1994, p.280.

NOVA ERA E AMWAY

389/1994, p.479.

NOVELA "A VIAGEM" E REENCARNAQÁO NOVO CATECISMO EM INGLÉS

390/1994, p.487. 386/1994 p.335

- que é?

"O AMOR TUDO ESPERA" - Carta Pastoral dos Bispos de Cuba "O BISCO ITO DA MORTE" - folheto protestante OBJETOS VOADORES E SERES EXTRA-TERRESTRES "O DIREITO CONTRA O DIREITO" por D. Antonio Afonso de Miranda "O ESPLENDOR DA VERDADE" - Encíclica "O MOVIMENTO DE JESÚS" por Eduardo Hoornaert "O PECADO: O QUE DIZER?" por Xavier Thévenot

ORDENACAO DE MULHERES

ORDENACÓES ANGLICANAS, VÁLIDAS?

384/1994] p.194.

385/1994, p.242. 384/1994, p.210. 384/1994, p.196. 389/1994, 381/1994, 389/1994, 380/1994,

p.458. p. 50. p.443. p. 2.

386/1994, p.308, e 388/1994, p.396.

386/1994, p.312.

"OS CINCO EVANGELHOS", pelo Jesús Seminar

388/1994, p.386.

PADRE CATÓLICO NUM PAÍS PROIBIDO

380/1994, p. 40.

PALAVRAS DE JESÚS: AUTÉNTICAS OU NAO? PAPA JOÁO PAULO II E COMUNISMO - entrevista á

384/1994, p.217.

PAI-NOSSO

imprensa italiana

384/1994*, p.223.

382/1994, p.129.

PAPADO: fundamentacáo bíblica PAULINE ELISABETH LESEUR: mulher exemplar PECADO DOS PRIMEIROS PAÍS

386/1994, p.301. 389/1994, p.463. 380/1994, p. 13.

- interpretacao crista MORTAL E PECADO VENIAL ORIGINAL PENSAMENTO - relativismo PENTECOSTALISMO PIÓ XII E OS JUDEUS "PLACEBO" - medicamento aparente

380/1994, p. 6. 381/1994, p. 57. 380/1994, p. 4. 381/1994, p. 58. 380/1994 p. 23. 389/1994, p.434. 388/1994, p.407.

POLÍTICA E NOVA ERA

384/1994, p.200.

PORTILLO, ALVARO DEL: homenaoem "POVO SANTO E PECADOR" por Alvaro Barreiro PRÁXISLOGOS OU LOGOS-PRAXIS? 583

386/1994, p.328. 391/1994. p.530. 385/1994, p.259.

56

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

PRESERVATIVOS CONTRA A AIDS

386/1994, p.332-

E ANTICONCEPCIONAIS

388/1994, p.416; 381/1994 p 87

387/1994*, p.361-

PROTESTANTISMO CONTEMPORÁNEO: ramificares 391/1994* ^573! NO BRASIL:campanha 381/1994* p 83 PSICOLOGÍA DA CRIANCA E DO ADULTO E TELEVISÁO . . . 387/1994,' ^^

QUINTO EVANGELHO E CRITICA DOS EVANGELHOS

384/1994, p.216; 388/1994, p.387.

RÁNGEL, PASCHOAL: "A Igreja fala sozinha" RATISBONNE, AFONSO: conversáo

391/1994, p.559. 390/1994 p 511

REENCARNAgÁO OU RESSURREIQÁO? REINO DE DEUS E POBRES RELATIVISMO DO PENSAMENTO

. 390/1994* p 494 385/1994* p 260 381/1994* p. 58^

RELIGIÓES COMPARADAS E MILAGRES

383/1994* p 149

RELIGIÁO DE DEUS NA LEGIÁO DA BOA VONTADE

RENÁN E MILAGRES RENOVACÁO DO FERVOR E VASSULA RYDEN

REPRODUCÁO ASSEXUAL DO SER HUMANO RESSURREICÁO DOS MORTOS E CONSUMAQÁO NA FÉ CATÓLICA REZENDE JUNQUEIRA, R., E ABORTO

382/1994, p.142.

383/1994,' p.151. 385/1994* p 269.

382/1994 p.134

390/1994, p.499.

391/1994, p.556.

S

SACERDOTE E EUCARISTÍA

SANTA SÉ E ISRAEL EM ACORDÓ SANTOS SERGIO E BACO HOMOSSEXUAIS? SAO JUSTINO. FILÓSOFO E MÁRTIR: depoimento SAÚDE "HOLl'STICA" NA NOVA ERA SAÚL E JÓNATAS: homossexuais?

"SEXO COMO NO PRIMEIRO MUNDO" SHEVARONAZE, EDUARDO, E CRISTIANISMO SOBREVIVENCIA POSTUMA SOBRINO, JON: "JESÚS, O LIBERTADOR"

SOFRIMENTO - sentido SOLIOARIEDADE COM OS SANTOS SOLIDARIEDADE E EXPIACÁO NA ESCRITURA NA VIDA CRISTA SUFRAGIOS PELOS MORTOS: sentido 584

- 386/1994 p303

384/1994* p 230 389/1994* p 472 389/1994* p 451 384/1994* p.198. 389/1994' p 478

388/1994*. pAOS. 386/1994' p 307 390/1994* p 498 385/1994* p.252. 386/1994* p 296 386/1994* p 290 386/1994* p 292 386/1994* p.295." 390/1994, p.S03.

ÍNDICE GERAL

TELECINESIA: que é?

57

390/1994 p 484

TELEVISÁO E INFLUENCIAS

383/1994 p 176

TEMPO. ETERNIDADE E EVO

391/1994 p.566

TEOLOGÍA CATÓLICA E MILAGRES

383/1994* p!i5o"

DA LIBERTAQÁO

385/1994.' p.254;

DO PECADO

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ: depoimento de egresso

THÉVENOT, XAVIER, E PECADO TORTURA NA IDADE MEDIA TRABALHAR NO DOMINGO TRAFICANTES E PROTESTANTES ÑAS FAVELAS TRANSUBSTANCIACÁO: significado "TUDO INVENTADO" - artigo de "VEJA"

380/1994, p.

3;

390/1994 p 516

380/1994* p 2 383/1994* pJ6¿

381/1994* p! 95 380/1994* p. 2Z. 384/1994,' p.212. 384/1994* p.2^.

U

"UM JOGO PELA VIDA" por Cl. Mesquita e B. Salgueiro

UNIÁO DE IGREJA E ESTADO NA IDADE MEDIA UNIDADE DOS CRISTÁOS E VASSULA RYDEN

VASSULA RYDEN - quem é?

388/1994 p 412

383/1994* p 159 385/1994* p 270

385/1994 p 267

"VEJA" E EVANGELHOS

384/1994* p 216-

VIOLENCIA NA TELEVISÁO VOCACÁO UNIVERSAL A SANTIDADE: como se explica

387/1994* p.375. 385/1994* p.279.

E PRESERVATIVOS "VIAGEM, A": novela

387/1994, p.361. 390/1994 p.487

EDITORI AIS A CRUZ GLORIOSA

381/1994, p. 49.

"CREIO NA IGREJA SANTA..."

387/1994 p 337

A GRANDE ORACÁO PELO BRASIL 388/1994^ p.385. "ATENDIDO POR CAUSA DASUA REVERENCIA" (Hb5,7). .. 382/1994*p. 97 "...ÉOSENHOR!"(FI2,11)

"MULHER, EIS O TEU FILHO!" (Jo 19,26)

383/1994, p. 145.' 384/1994, p.193.

"NAO MORRO, ENTRO NA VIDA" (Santa Teresinha)

390/1994, p.481.

O ESPLENDOR DA VERDADE POLÍTICA E CRISTIANISMO

380/1994, p. 1. 386/1994, p.289. 585

58

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

"RECONHECE, ó CRISTÁO, ATUA DIGNIDADES" (Sao Leao Magno)

391/1994 p 529

"RICO EM MISERICORDIA" (Ef 2,4)

385/1994] p.24\.

SER JOVEM

389/1994] p.433]

LIVROS APRECIADOS ALMEIDA, JoaoCarlos (Padre Joaozinho, SCJ.), Nova

*r°° F,éCristí

389/1994. p.461.

BOTTERO, Jean, Nascimemo de Deus. A Biblia e o

historiador

384/1994, p.215

CANTALAMESSA, Raniero. María, Espelho para a Igraja Morte, minha Irma.

CAPRA, Fritjof e outros, Pertencendo ao Universo. Explorares ñas

fronteiras da Ciencia e da Espiritualidade...

CONSELHO NACIONAL DA RENOVAQAO CAR ISMÁTICA CATÓLICA, Carismas OLÍ VEIRA, Clara de. Crescendo com a Yoga ROCCA, Gino, Matrimonio, Amor e Vida

'"

386/1994 p.322387/1994] p.374] 380/1994 p 47

''

387/1994 p.384 388/1994] p.402. 386/1994, p.327]

SADA, Ricardo e MONROY, Alfonso, Curso de Teología Moral

380/1994, p. 45.

ZILLES, Urbano, A signif¡cacao dos símbolos

389/1994] p.442.

VIDAL, Marciano, Para conhecer a Ética Crista

*

*

380/1994, p. 46.

*

CARO(A) AMIGO(A)

SE ESTA REVISTA LHE AGRADOU, PROCURE DIFUNDI-LA ENTRE PARENTES E CONHECIDOS. NESTE MOMENTO EM QUE ASOCIEDADE É INTER PELADA PELAS MAIS CONTRADITÓRIAS E, NAO RARO, FALSAS NOTl'CI/6

EM MATERIA DE RELIGIÁO E COSMOVISAO, AJUDE-NOS A AJUDAR AQUE

LES QUE DE CORAQÁO SINCERO PROCURAM ESCLARECERSE SOBRE PRO

BLEMAS BÁSICOS DA VIDA HUMANA. CONTAMOS COM A COLABORAQÁO DE NOSSOS AMIGOS NESTE PROPÓSITO DE PROJETAR LUZ SOBRE QUESTÓES

QUE INTERESSAM A TODO PENSADOR. PARTICIPE DA NOSSA CAMPANHA DE NOVOS ASSINANTES.

EIS O QUE LHE PROPOMOS JUNTAMENTE COM NOSSOS VOTOS DE FE

LIZ NATAL E PRÓSPERO 1995, CUMULADO DE LUZES E GRACAS.

ADIRECÁODEPR

l'NDICEGERAL

59

Caro (a) leitor(a)

Em nossos dias registramos ardente sede de misticismo e valores religiosos. O materialismo da época parece provocar esta reacao. Ora "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" tem por programa precisamente considerar as questdes desafiadoras de nossos tempos para dar-lhes urna resposta crista* tranquila e seria.

Queira colaborar com a sua revista, proporcionando-lhe novos assinantes. O período de Natal e Ano Novo é de presentes e lembrancas. Torne-se presente e lembrado aos seus amigos, oferecendo-lhes urna assi natura de "PERGUNTE E RESPONDEREMOS". Cinco assinaturas novas dao direito a urna de cortesía. Queira, pois, utilizar o cupom abaixo:

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 391/1994

OUTROS PRESENTES DE NATAL

COLECAO DE 19 OPÚSCULOS "POR QUE NAO ... ?": POR QUE NAO SOU PROTESTANTE? POR QUE NAO SOU ES PIRITA? POR QUE NAO SOU ATEU? POR QUE NAO SOU MACOM?

POR QUE NAO SOU ROSACRUZ? POR QUE SOU CATÓLICO? Ó FENÓMENO RELIGIOSO: SIM OU NAO? JESÚS, DEUS E HOMEM?

A RESSURREICAO DE JESÚS: FICqAO OU REALIDADE? OS MlLAGRES DE JESÚS: HISTORIA OU MITO? JESÚS SABIA QUE ERA DEUS? OS NOVOS MOVIMENTOS RELIGIOSOS. POR QUE NAO

SOU TESTEMUÑHA DE JEOVÁ? POR QUE NAO SOU JOHREI. . .

SEICHO-NO-IÉ? O ESTADO DO VATICANO. REENCARNACAOPROS E CONTRAS. QUINZE QUESTÓES DE FÉ. "O BISCOITO DA MORTE". POR QUE NAO SOU AQUARIANO (NOVA ERA)?

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GIDOS A ESCOLA "MATER ECCLESIAE". CAIXA POSTAL 1362,

20001-970, RIO (RJ).

CONHEQA MELHOR A SUA PROFISSAO DE FÉ. NINGUÉM

AMA O QUE NAO CONHECE. MAIS AMAMOS AQUÍ LO QUE ME LHOR CONHECEMOS.

588

já anunciado em números anteriores. acaba de sair do prelo o índice de "pergunte e. responderemos" de 1978 a 1993. apre-

senta. por ordem alfabética. os verbetes relativos aos diver sos temas abordados pela revista. com a indicacáo do número do fascículo e das páginas respectivas, ao mesmo tempo, é proposto AOS INTERESSADOS UM SERVICO DE COPIAS: PODERÁO SER SOLICI TADAS COPIAS DE ARTIGOS DE NÚMEROS ATRASADOS DESDE 1957. ENCOMENDAS E PEDIDOS SEJAM ENDERECADOS Á EDITORA LUMEN CHRIST1. CAIXA POSTAL 2666. 20001-970 RIO DE JANEIRO (RJ).

A REDACÁO DE PR VÁLESE DESTE ENSEJO PARA EXPRIMIR SUA PRO FUNDA GRATIDÁO AOS COLABORADORES QUE, COM GRANDE ZELO E ABNEGACÁO, POSSIBILITARAM A PUBLICACÁO DO NOVO ÍNDICE DE PR. VEM CONTINUAR A SERIE DOS ÍNDICES DE 1957 A 1977. v

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de Almeida Prado

Sao Bento

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1 ■ Sao Bento e Sua Obra

2 - Sao Bento e sua mensagem 3 ■ A Primaria do Espiritual 4 • Hospitalidade e Apostolado 5 - Sao Bento. o trabalho e a Construyo da Cidade Medieval 6- Ensinando pela Experiencia 7 - Sao Bento e o Zelo de Amargura 8 - Feliz o que caminha na Lei do Senhor

B - SAO BENTO E A EDUCAqÁO 9 ■ Sao Bento e o Livro 10-14 Séculos de Educagáo 11-0 Ensino na Ordem de Sao Bento

12 - Um Educador Beneditino

C • APÉNDICE 13 ■ A Excomunhío na Construcao da Umdade Monástica

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"D. Bento Silva Santos elaborou neste livro, de maneira sistemática e, por assim dizer, exaustiva, o sentido teológico dos grandes temas do Evangelho se

gundo Sao Joao. (. . .) Fundamentándose nos subsidios da ciencia contemporá nea, D. Bento ultrapassa os dados da exegese erudita, meramente racional, para procurar penetrar no sentido profundo das páginas de Sao Joao. As conclusoes

teológicas a que chega sao respaldadas por vasta bibliografía, que Ihes confere so lidez, á diferenca de elucubrares mais inspiradas pela piedade do que pela compreensao objetiva do texto sagrado ..." (Apresentacáo de D. Estévao Bettencourt O.S.B.).

Bento SILVA SANTOS, O.S.B. TEOLOGÍA DO EVANGELHO DE SAO

JOAO. Aparecida (SP), Santuario, 1994. 424p. Os temas tratados na obra sao os seguintes: 1. O Amor; 2. O Antigo Testamento; 3. Eu Sou; 4. A Escatologia; 5. A' "Exaltacao" de Jesús; 6. A Humanidade de Jesús; 7. A Igreja; 8. María: Virgem e Mae; 9. AMissao; 10. O Paráclito; 11. O Pecado; 12. A "Realidade" do Jufzo"; 13. Ressurreicao e Fé pascal; 14. O Simbolismo. EdicSes "Lumen Christi"

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