Ano Xxxii - No. 355 - Dezembro De 1991

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  • Pages: 64
Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESENTAQÁO

DA EDIpÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta

necessidade

de

darmos

conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propde aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de

vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortaleca no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo. A

d.

Esteváo

Bettencourt

agradecemos

a

confiaca

depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

V)

SUMARIO

"Ao menino Req^m-Nascido... Dai Acolhida" "Sacramento" na Perspectiva dos Antigos

UJ

•O

O Quinto Centenario da Descoberta

"Durante Dezesseis anos fui Testemunha de Jeová"

OI

"Quem Pode ser Participante da Refeicao Noturna do Senhor?"

a

A Projeciologia s Ui

Boris Yeltsin e a Religiao

Medjugorje: Urna Declarapao Oficial

m

O • oc Q.

ANO XXXII

OEZEMBRO 1991

355

fthiUUIMIt E RESPONDEREMOS

DEZEMBRO - 1991 N9 355

Publícagáo mensal

Oiretor-Responsá vel: Estévao Bettencourt OSB Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico Diretor-Administrador: D. Hildebrando P. Martins OSB

SUMARIO

Ao menino Recém-Nascido... Dai Acó I h ida

A historia de um vocábulo: "Sacramento" na Perspectiva dos Antigos

Administrado e distribuido:

Edicoes Lumen Christi Dom Gerardo, 40 - 5? andar, s/501 Tel.:(02i> 291-7122 Caixa Postal 2666 20001 - Rio de Janeiro - RJ

529

530

Na América:

O Quinto Centenario da Descoberta . .

543

Ken Guindon:

Durante Dezesseis anos fui Testemunha de Jeová

556

Os "Amigos de Jeová": Quem Pode ser Participante da

tmpfossAo e Encademac&o

Refeicao Noturna do Senhor?" . . .

563

Nova "ciencia" nascida no Brasil: A Projeciologia

• MARQUES-SARAIX'A''

Um depoimento significativo:

GRÁFICOS £ EDITORES S A. Tels

Boris Yeltsin e a Religiao

10211273-9498 - ¿?3-9447

567

574

Que dizer?

Medjugorje: Urna Declaracao Oficial . .

576

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Os Grandes Inimigos do Catolicismo. - "Enquanto o Diabo Cochila" (D Monte.ro de Lima). - A Igreja e a Escravatura. - Testemunhas de Jeová e Liberdade Religiosa. - Canibalismo na Tradicao Bíblica? - Eubiose- que

é? - "Biblia: perguntas que o povo faz" (M. Strabeli).

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA ASSINATURA ANUAL (12 números): Cr$ 10.000.00 - Número avulso cu atrasado: Cr$ 1.000.00 Pagamento (á escolha)

1. VALE POSTAL á agencia central dos Córrelos do Rio de Janeiro em nome de Ed.coes "Lumen Christi" Caixa Postal 2666 - 20001 - Rio de Janeiro - RJ

2. CHEQUE NOMINAL CRUZADO, a favor de Edicoes "Lumen Christi" (enderece , ácima).

3. ORDEM DE PAGAMENTO, no BANCO DO BRASIL, conta N? 31 304-1 em nome do MOSTEIRO DE SAO BENTO. pagável na AGENCIA PRACA MAUÁ/RJ n? 0435-9. (Enviar xeróx da guia de depósito á nossa administracao. para efeito de identificacao do pagamento).

"AO MENINO RECÉM-NASCIDO... DAI ACÓ LHI DA" (Virgilio, t 19753 No inicio da era crista, o Imperio Romano passava por urna fase con turbada: os Imperadores Caligula (t 41) e Claudio (t 54) foram infelizes - o

que suscitava a expectativa de catástrofes: os homens falavam de chuva de sangue, partos monstruosos, pestes, inundacoes, raios que espedacavam tem

plos da divindade. Em conseqüéncia, julgavam mu ¡tos que o mundo cami-

nhava para o seu fim.

Nao faltavam. porém, os que procuravam reerguer os ánimos. Os orá culos das Sibilas (figuras mitológicas dos orientáis) propalavam a idéia de

que viria urna nova fase da historia: um menino nascido dé urna virgem

introduziria a era de Saturno ou de ouro. Estacrenca foi elegantemente for mulada pelo poeta romano Virgilio (t 19 a.C.) em sua famosa quarta écloga: "Eis que vém os últimos tempos marcados pelo oráculo de Cuméia: A longa serie dos sáculos recomeca, Eis que volta a virgem, volta o reino de Saturno, Eis que desee do céu urna raca nova.

Ao menino recém-nascido, que eliminará a geracao de ferro, E suscitará por todo o mundo urna geracao de oüro, Dai acolhida..."

Com estas palavras, o poeta exprimía urna concepcao espontánea a to do ser humano: a Divindade nao abandona os homens; o nascimento virginal do menino é precisamente o sinal de que nao sao os homens que produzem a salvacao, mas é de Deus que ela vem. A calamidade nao pode ser a última pa lavra da historia, mas deve haver urna resposta.para os anseios do homem feito para a Vida, a Verdade e o Amor.

Alias, os judeus de Alexandria (Egito}. nos séculos Ill/ll a.C, já haviam professado a mesma crenca; ao traduzirem para o grego o texto hebrai co de Is 7, 14, escreveram: "Eis que a virgem concebeu e dará á luz um filho e por-lhe-á o noma de Emanuel". Emanuel — Deus conosco — é o nome do Menino que, conforme Virgilio, devia nascer de urna virgem; é aquele que celebramos no Natal.

O poeta parece ter escrito também para os nossos dias. A sociedade se debate com problemas que a muitos tiram o ánimo. O cristáo, porém, sabe que estes nao sao a palavra definitiva da historia. A Providencia do Pai, que sorriu no primeiro Natal, sorri, mais urna vez, em 1991 ou no semblante do

MeninoDeus que nasce da SS. Virgem em Belém. Ele é a plena resposta aos anseios do género humano; Ele veio trazer a Boa-Nova da salvacao, que é de

riqueza ¡nesgotável. Aqueles que a conhecem, compete dar testemunho con

creto e eficiente do Dom de Deus, fora do qual nao há esperance para o mundo, como atesta a recente queda do marxismo ateu. E.B.

529

Ano XXXII - N? 355 - Dezembro de 1991 A historia de um vocábulo:

"Sacramento" na Perspectiva dos Antigos

Em sfntese: A S. Escritura revela o plano de salvacao descreyendo as sitas etapas: no Antigo Testamento aparecem os primeiros sitiáis ou esquemas de dádivas, que seriam mais ricas e densas no Novo Testamento e que estaráo

consumadas no Jim dos lempos. Mais precisamente pode-se dizer: o Éxodo ou a

salda de Israel cativo no Egito em demanda da Térra Prometida é figura de acontecimentos que Jesús quis viver com mais intensidade (maná, serpente de brome exaltada no deserto, cordeiro de Páscoa...); osfeitos salvíficos efetuados por Jesús se desdobram na vida dos cristüos e se consumarño no Jim dos tempos. - Ora¿acramentum - vocábulo que traduz o grego mystérion -éo ter mo que os antigos escritores da Igreja utiltzavam para designar esses Jeitos-fi guras ou esses sinais da salvacáo tais como sao apresentados no Antigo Testa mento e como sao consumados no Novo Testamento. * * •

É muito interessante e enriquecedor para a fé estudar o sentido de cer tas palavras através dos tempos. Entre outras, está o vocábulo "sacramento" (que traduz o grego mystérion), usual na Teología católica e portador de co-

notacoes muito significativas. Especialmente os escritores dos primeiros séculos (também chamados "Padres da Igreja") exploraram a riqueza dos vocábulos sacramentum e mystérion. - Eis por que se seguem algumas considera-

. coes, que poderao abrir os olhos do leitor para ampios e belos horizontes da fé.

Visto que as Escrituras foram redigidas ñas li'nguas bíblicas, lembra-

mos que o termo grego equivalente a sacramento (sacramentum, em latim) é mystérion. Este vocábulo, na traducáo dos LXX e em Teodociao (Theodo530

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANT1GOS

3

tion),1 equivale ao aramaico raz (plural razin, de origem persa). Quanto a símbolo (s^mbolon), nao é palavra bíblica; pode-se-lhe aproximar o termo

semeíbn, que ocorre freqüentemen te ñas Escrituras. A palavra semeibn pode ter o significado que habitualmente atribuí mos ao nosso vocábulo sinal: seria aquilo que dá a conhecer outra coisa (aliquid pro aliquo); assim em Le 2, 12 (o sinal do Menino recém-nascido); em Mt 26, 48 (o sinal do traidor Judas); em Mt 24, 3 (o sinal do advento do Senhor)... Nao é, porém, este sentido ampio de sinal que nos interessará. Estudaremos o sinal na medida em que é sacramento ou misterio, ou na medi

da em que é algo que revela discretamente o plano de Deus manifestado ao longo das Escrituras Sagradas. Dividiremos a nossa exposicao em duas partes: na primeira, abordare mos o conceito de sacramento-símbolo ñas Escrituras em geral. Na segunda, apresentaremos alguns exemplos concretos de sacramentos bíblicos na exe-

gese dos autores sagrados e dos Padres da Igreja.

1. Sacramento — símbolo ñas Escrituras em geral 0 Cristianismo se baseia no fato de que Deus falou aos homens... Falou-lhes por palavras, mas também mediante acontecimentos. Tenhase

em vista a Constituicao "Dei Verbum" do Concilio do Vaticano II (n?14): "Deus amannssimo, planejando e preparando com solicitude a salvagáo de todo o género humano, por urna providencia especial escolheu um povo a quem confiasse as suas promessas. De tal modo se revelou a esse povo como

único Deus verdadeiro e vivo, porpalavras e obras, que Israel pode reconhecer por experiencia os planos de Deus sobre os homens."

As palavras e os feitos (verba et gesta) ácima referidos foram consigna dos ñas Escrituras. Em conseqüéncia, esses feitos do Senhor se tornam, por sua vez, letra portadora de ulterior mensagem, como observa sabiamente Santo Agostinho (t 430):

t

LXX é a sigla que designa urna tradueño do Amigo Testamento hebraico para

o gregofeita em Alexandria (Egito) entre 250 e 100 a. C. A lenda diz que esse texto se deve a 72 sabios; donde o neme de 'Tradufáo dos Setenta Intérpretes" ou também "Traducáo Alexandrina". -

Teodocllo é o nome que designa outra traducáo grega do Antigo Testa

mento hebraico, devida a um pagáo convertido ao Judaismo em Éfeso (Turquía de koje), de nome Teodocifio; trabalhou por votia de 190 a. C, masfez urna

vendo mediocre, porque nao conhecia suficientemente a Ifngua hebraica. 531

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 "As coisas estupendas e maravilhosas que o Senhor realizou, sao, ao

mesmo tempo, obras e palavras; obras, porque sao fotos, palavras, porque sao sitiáis" (In lo tract. 24; cf. 44,1).

Sao Gregorio Magno (t 604), por sua vez, afirma: "0 nosso Salvador, ás vezes, nos instrui com palavras, ás vezes com acóes. Pois as suas próprias acoes sao ensinamentos, porque, ao fazer alguma coisa sem nada dizer. Ele nos ensina o que devemos fazer" (hom. 17 in Ev. 1).

O seguinte gráfico reproduz os dois sentidos que possa ter a Biblia: 1) o literal, decorrente de palavras apenas; 2) o ti'pico, decorrente de pala vras e feitos, coisas ou pessoas:

Sentido literal:

PALAVRA

■—> OBJETO

Sentido típico:

- PALAVRA2

PALAVRA1 —^OBJETO1 ^

> OBJETO2

. sentidotípto

sentido literal

É o tipo ou a sombra (skiá) que chamamos também sacramentum bí blico.

Os criterios para reconhecermos a existencia de sentido ti'pico em de terminado texto bíblico sao tres:

1) a própria Sagrada Escritura, ou seja, a interpretado que autores bíblicos posteriores dao a passagens bíblicas anteriores: tal é o caso de

Rm 5, 14 (19 Adáo); Mt 12, 39s (sinal de Joñas); Jo 3, 14 (serpente de

bronze);

2) a tradicao da Igreja, da qual sao porta-vozes privilegiados os Padres e escritores eclesiásticos antigos;

3) a Liturgia, pois, conforme reza um principio antigo, lex orandi lex credendi (a norma do orar é a norma do crer).

É o que afirma o Santo Padre Pió XII na sua encíclica "Divino Afflan-

teSpirttu"(1943)n? 16:

532

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS

5

"Tudo o que foi dito e feito no Antigo Testamento, foi por Deus sapientissimamente ordenado e disposto de modo que as coisas passadas prefigurassem espiritualmente as futuras, que deviam realizarse no Novo Testamento da Graca. Por isto o exegeta, como deve encontrar e expor o sentido literal das pala-

vras que o hagiógrafo pretendía exprimir, assim também deve indagar o espiri tual nos passos onde realmente conste que Deus o quis expressar. Defoto, este sentido espiritual, só Deus o pode conhecer e revelar. Ora indica-o e enstna-o o próprio Salvador nos Evangelhos; e, seguindo o exemplo do Divino Mestre, usam-no os Apostólos /alando e escrevendo; aponta-o a constante tradicño da Igreja, e, finalmente, o conhecido principio: 'A lei de orar é aleide crer.' Este sentido espiritual por Deus pretendido e ordenado, descubram-no e exponhamno os exegetas católicos com a diligencia que requer a divina palavra" (Enchi-

ridion biblicum 552). Foi com estas ponderacoes que Pió XII quis dirimir o litigio entre exe getas científicos e exegetas "místicos" na década de 1940. O Santo Padre recomendava o estudo filológico, histórico e arqueológico do texto sagrado como base de qualquer sadia interpretacao bíblica. Reconhecia. porém, que, mediante os fatos, as coisas e as pessoas apresentadas.pelos autores sagrados,

o Senhor Deus nao raro tencionara revelar ulteriores verdades. Estas naveriam, pois, de ser pesquisadas pelos exegetas, atentos a criterios objetivos a fim de evitar todo subjetivismo e todo falso misticismo. A exegese patrística foi um pouco livre ou arbitraria na ¡ndicacao e explanacao de tipos bíblicos. Diante de alguns de seus espécimens, a exege

se científica poderá alimentar justas dúvidas. Importa, porém, termos pre sente a concepcao que alguns Padres da Igreja, principalmente os de origem

grega, alimentavam no tocante á historia da Salvacao. Esta é um longo discurso de Deus, mediante o qual o Senhor revela aos homens o seu plano ou seu designio salvífico. Em conseqüéncia, é líci

to procurarmos ñas Escrituras, que narram esse designio, sucessivas etapas de revelacao divina, etapas que podem ser compradas á trilogía:

SOMBRA

*• ESTATUA

*• CÉSAR

Quem vé a sombra da estatua de César, vé muito menos do que verá ao contemplar a estatua. Mais ainda verá ao fitar a própria pessoa de César. Todavia há continuidade e dinamismo entre a sombra, a estatua e César; as mesmas linhas de contorno e os mesmos traeos fisiondmicos váo-se definindo, clareando e colorindo cada vez mais. Assim, por exemplo, os judeus que tinham o maná, possuíam um símbolo da Eucaristía; esta é muito mais rica de conteúdo do que o maná (pois nos oferece o próprio Cristo); todavia a Eucaristía ainda é sacramento, é pao de caminhada peregrina, que deve ceder á fruicao, sem véus nem sinais, da própria Divindade no encontró face-a-face 533

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

6

definitivo. Veremos outros exemplos de tipos bíblicos na segunda parte deste estudo.

É, pois, a nocáo de historia da salvacáo professada pelos Padres da Igreja que explica tenham sido tao propensos a descobrir sinais ou sacramen tos ñas Escrituras. De resto, tal concepcao poderia apelar para as palavras do Apostólo, que, ao abordar a historia do éxodo, observa: "Esses falos aconteceram para nos servir como tipos ou tigdes" (¡Cor 10,6).

"Estas coisas Ihes aconteceram para servir de exempto ou de tipo, eforam escritas para a nossa instrucño" (¡Cor 10,11). As mesmas idéias poderiam ser expressas mediante o seguinte esquema:

/\

Rom 5,

Expl¡citando: toda a historia da salvacáo tende para Cristo, que apresentará-os homens ao Pai na consumacao dos tempos (cf. ICor 15, 24-28). Por conseguinte, a figura de Cristo se projeta para dentro da historia, de tal modo que, se a esta fazemos cortes sucessivos, encontramos em cada quadro assim resultante a imagem do Cristo em miniatura ai' impressa.

De modo especial, merece atencáo, a propósito, o Evangelho segundo Sao JoSo: escrevendo após os tres sinóticos, já por volta do ano 100, o autor sagrado mesmo quis desenvolver a tipología bfblica com vistas á vida sacra

mental das primeiras comunidades cristas; por conseguinte, no quarto Evan gelho descobrimos, por vezes, quatro planos de referencia (ficando o quarto, nao raro, implícito):

3) a Vida dos Cristaos

(os sacramentos)

2) a Vida de Jesús

1)o Éxodo doA.T. '

534

4) a Plenitude

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS

7

Á guisa de exemplos, citamos: Jo 6. 26.31-33.53-68: há ai alusao ao maná (éxodo), ao pao multipli cado (cf. Jo 6,11: deu grapas; Jo 6,12s: recolheram os fragmentos) e ávida eterna (Jo 6,54.57); Jo 19,33-37: o texto faz referencia ao éxodo (cordeiro imolado sem

quebra de ossos), ao Evangelho, aos sacramentos (agua e sangue jorraram do lado de Cristo, prefigurando o Batismo e a Eucaristía) e á plenitude da vida assim obtida para os homens (cf. Jo 19,37, que cita Zc 12,10). O modo joaneu de considerar e utilizar o Antigo Testamento se pro

longa ñas catequeses sacramentáis dos Padres da Igreja (Santo Ambrosio,

Santo Hilario, Sao Cirilo de Jerusalém, Santo Agostinho...). O apostólo Sao Mateus, no seu Evangelho, considera sucessivos episo dios da vida de Cristo como a reaiizacao de figuras comidas no Antigo Testa

mento. Assim Mt 2,6 (-* Mq 5,1); Mt 2,15 (•+ Os 11,1); Mt 2,18 (-♦ Jr31, 15); Mt 4,12-16 (-► Is 8,23-9,1); Mt 12,16-21 (-* Is 42,1-4); Mt 12,39$ |-*Jn2.1.3). Supoe-se que as primeiras geracóes cristas tivessem á sua disposicao algumas colecoes de testimonia que apresentavam figuras ou tipos do Antigo

Testamento úteis á pregacao do Evangelho. Os escritos do Novo Testamento representam urna etapa já assaz evoluída dessa tipología dos Apostólos. Importa-nos, alias, notar que o procedimento de Mateus, do quarto evangelista e do Apostólo Sao Paulo, que tanto inspirou a exegese patrfstica,

tem seus precedentes entre os autores mesmos do Antigo Testamento. Com efeito, os profetas bíblicos, ao anunciarem o fim do cativeiro babilónico e

a salvacáo messiánica, referiam-se muitas vezes ao Éxodo ou á saída do Egito; esta tornou-se o paño de fundo para os oráculos dos profetas. Em conseqüéncia, as profecias bíblicas vém a ser freqüentemente um memorial e urna predipSo ou urna promessa. A promessa é apresentada como válida ou digna

de fé, porque no passado o Senhor já realizou urna libertacao, que era proto

tipo, figura, sinal ou sacramento de outra libertacao futura, ainda mais im portante £ densa do que a anterior. Assim a recordapao (o memorial) das

grandes obras de Deus ocorrídas no passado destina-se a fundamentar a es peranza dos fiéis ñas realizacoes do futuro. Tenham-se em vista, entre outras passagens, as seguintes: - Os 2,16s: "Eu a atrairei (1), a conduzirei ao deserto e Ihe falareiao coragdo... Átela responderá como nos lempos da sua juventude, como nos dios em que subiu da ierra do Egito".

Tratarse de Israel, considerado como afilha de Sido e a esposa de Javé. 535

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 ls 43, 16-21: "Eis o que da o Senho que abriu urna passagem através

do mar, um ctminko em meio ás ondas, que pos em campo carros e cávalos, a tropa de soldados e che/es; catram entáo para nunca mais se levantar. Extinguíram-se como um pavio de vela. Nao vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, nao recordéis mais as coisas amigas; porque eis que vou fazer obra

nova, a qualjá surge: nao a vedes? Vou abrir urna viapelo deserto, efazer cor rer arrotos pela estepe. Dar-me-ao gloria os animáis selvagens, os chocáis e os avestruzes, pois tereifeio jorrar agua no deserto, e correr arrotos na estepe,

para saciar a sede de meu pavo, meu eteito; o pavo, queformei para mim, con tará meusJeitos".

ls 48,21: "Nao passaram sede guando os guiou pelo deserto, porque Ihes fez brotar agua de um rochedo.fendeu a rocha para que a agua jorrasse". ls 49, 9-10: "Ao longo de todo o trajeto terño o que comer. Sobre todas as dunas encontrarao seu alimento. Nao sentirñofome nem sede; o vento quente e o sol nao os castigarño. Porque aquele que tem piedade deles, os guiará e os

conduzirá ásfontes".

Jr 23, 7-8: "Eis por que chegarño días - oráculo do Senhor- em que nao se dirá mais: 'Viva Deus, que tirou do Egito osfilhos de Israel.' Mas sinv 'Viva

Deus, quefez voltar os israelitas do norte e de todas as térras, aonde os exilara, trazendo-os á patria.'".

Note-se bem: o Senhor nao repetirá as facanhas do passado, mas há de reproduzMas em termos ainda melhores, mais prenhes de conteúdo e graca. Assim poderfamos considerar o Antigo Testemunho como urna linha pontilh'ada. Se atentamos apenas para cada ponto isoladamente, nada compreendemos do tragado assim esbocado; mas, se ligamos os pontos entre si, percebemos que se transformam numa linha continua, que tem significado profundo e belo:

ALIANCA 536

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS

9

Assim vemos que é preciso saber ler a historia da salvacao para descobrir o valor significativo dos seus sucessivos acontecimentos. Santo Agostinho, já na era crista, retomava esta concepcáo, recorrendo á imagem de um letreiro: nao basta admirar o tracado elegante das letras representadas, mas é preciso saber ler esse tracado, depreendendo a mensagem que ele, em seu conjunto, quer común ¡car.Cf. In Jo 21, 24:

"Cristo i o Verbo de Deus, e todo/ato realizado pelo Verbo ¿para nos

urna palavra...

Nao nos deleitemos ¡órnente com o aspecto exterior do foto; perscrutemos a sua profimdidade. '

O Jato que admiramos no seu aspecto exterior, tem alguma coisa de ínti mo.

Vimos, contemplamos alguma coisa de grande, de sublime, umfato inteiramente divino, pois só Deus o pode realizar, e, pela contemplacSo dessa obra, somos levados a louvar o obreiro. Se vfssemos em qualquer parte urna carta muito bemfeita, nao nos bastaría louvar o escritor que tivesse desenhado as le tras com tanta belezo e perfeic&o, mas seríamos levados a ler o que as mesmas letras exprimem. Da mesmaforma, quem observa ofoto, deleitase com a belezo

do mesmo, a ponto de admirar o artista; mas quem Ihe compreende o sentido, de ceno modo lé. Urna coisa é ver urna pintura, outra coisa é ler urna carta.

Quando vés urna pintura, contentas-te com ver e louvar esse trabalho. Quando vés urna carta, nao te contentes com vé-la, és convidado também a ler. Quando vés urna carta, se nao sabes ler, dizes: 'Que será isto que aqui está escrito?' Já vés alguma coisa e, todavía, ainda perguntas, Aquele a quem recorres para conheceres o que viste, há de mostrar-te outra coisa. Ele tem um poder de visño, e tu tens outro.

Nao véem os dois, do mesmo modo, asformas das letras? Tu, porém, vés e louvas; ele vé, louva, lé e compreende. Urna vez queja vimos e louvamos, vamos agora ler e compreender".

En sCntese: o grande mestre nos incita a procurar ler o plano salvífico de Deus através dos sucessivos episodios, objetos e personagens que marcam a historia da salvacao.

É o que vamos tentar fazer, segundo alguns exemplos inspirados pela exegese tipológica dos Apostólos e Santos Padres.

2. Alguns espécimens de sacramento-símbolo Escolheremos apenas dois temas aos quais se aplicou com especial ínteresse a tipología antiga: o ciclo de Adío e o de Moisés. 537

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 2.1. O Ciclo de Adao

A mencao de Adáo (bíblicamente entendido, sem que desgamos á exegese de Gn 1-3) é relativamente rara no Novo Testamento; todavía sao signi ficativos os trechos respectivos:

Rm 5,14: Adao é o tipo do futuro. A historia da salvacao comeca trazendo as marcas da ¡magem que a caracterizará definitivamente. Em Ef 1.10. Sao Paulo fala de recapitulacao de todas as coisas em Cristo: Cristo é assim apresentado como novo Chefe ou Cabeca da humanidade, após o primeiro Chefe ou Cabeca {Adao).

ICor 15,45-47: "O primeiro homem, Adáo, foi feito atina vívente; o últi mo Adño tomou-se espirito vivificante... O primeiro, tirado da tetra, é terrestre; o segundo homem vem do céu."

Este trecho bem mostra a superioridade do segundo Adao sobre o pri meiro; este prenuncia aquele e é consumado por ele. Ef 5,32: A uniao do homem e da mulher, que tem seu prototipo no primeiro casal, é grande em vista de Cristo e da Igreja. Ela prefigura o Cristo e a Igreja. Entre os Padres da Igreja. principalmente Santo Irineu de Liao(t cerca de 202) desenvolveu o tema da recapitulacao abordado por Sao Paulo. Eis aqui um espécimen da teología de Santo Irineu:

"Lucas mostra que a genealogía que vai do Senhor a Adáo, conta setenta e duas geracóes, unindo o Jim ao comeco; o Evangelista assim quería daerque foi o Cristo quem recapitulou todas as nagdes dispersas desde Adño, e a própria estirpe humana com Adao. Eis por que Adño é chamado por Paulo a figura daquele que há de vir, pois o Verbo Criador de tudo tinha prefigurado em Adáo a futura disposicáo da sua Encarnacño; Deus preformara antes o homem ani mal para quefosse salvo pelo espiritual' (Aáv. haereses /// 22).

É Santo Irineu quem, primeiro, explana o paralelismo entre Eva e Ma ría Santi'ssima, apresentando María como a nova ou a segunda Eva: "A Virgem María mostrase obediente ao dizer: 'Eis a servidora do Se nhor. Faca-se em mlm segundo a tua palavra.' Eva se mostra desobediente; com efeito, ela n&o obedeceu, sendo aínda virgem. Assim como Eva foi causa de marte para si e para todo o género humano, assim María, por sua obediencia,

foi causa de salvacáo para si e para todo o género humano. Eis por que a lei chama aqueta que era noiva, esposa daquele que a tinha escothido, significando 538

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA POS ANTIGOS

11

a retomada frQcirculatioJ de Eva por María. Com efeito, o que fora ligado nao podía ser desligado se a sucessáo dos nos nSofosse percorrida em sentido in verso, de tal maneira que a primeira uniáofosse libertada pela segunda e a se gunda, por sua vez, libertasse a primeira" (Adv. haer. /// 22). Neste texto aparece o vocábulo recirculacao, que é sinónimo de reca pitulado. A salvacao realizada por Cristo é comparada ao desatamento dos nos que o primeiro Adao dera no fio das relacóes entre Deus e os homens: Cristo perfez o caminho trilhado por Adao, desatando o que Adao atara.

2.2. O Ciclo de Moisés

Já os profetas de Israel viram nos feitos do Éxodo, encabecado por Moisés, a figura da libertacao messiánica prometida pelo Senhor Deus. De

modo especial, a volta do povo cativo no Egito é anunciada como novo Éxo

do, melhor do que o anterior, porque assemelhado á libertacao messiánica.

Cf. Is11, 15; 4.5; 10,26; 52, 12. No Novo Testamento, Sao Mateus apresenta numerosas alusóes ao éxodo, explícitas ou implícitas. Assim, por exemplo, Joao Batista aparece

como testemunha de novo éxodo a clamar: "Preparai o caminho do Senhor no deserto" (Mt 3,3; cf. Is 40,3). Jesús é tentado no deserto, como o povo de Israel tentou Javé no deserto (Mt 4,1). E foi com palavras do Deuteronómio que o Senhor repeliu o tentador: Dt 8,3; 6,16; 6,3. Assim o relato das tentacóes apresenta o verdadeiro éxodo, em que o verdadeiro Israel opoe a sua fidelidade as infidelidades do primeiro Israel no deserto. Den-

tre outras alusoes ao éxodo, citaremos ainda apenas a cena da Transfigurapao, onde nos chamam a atene5o a pessoa de Moisés que aparece, a nuvem, a voz de Deus, as tendas... (cf. Mt 17,1-9). O Evangelho segundo Sao Joao também toma por referencial constan

te o Éxodo, como já dissemos, em vista dos sacramentos do Cristianismo. Assim o quarto Evangelho aparece como urna catequese pascal, que mostra

aos cristaos que os sacramentos recebidos na noite de Páscoa continuam as

maravilhas de Javé realizadas no tempo do Éxodo e por ocasiao da Paixao e Ressurreiclo de Jesús. Tenham-se em vista, além dos textos já citados á pág. 535:

Jo 1,14 -» Ex 40,36 (a shekinah, gloria que caracterizava a presenca do Senhor na tenda do deserto);

Jo 3,14 -* Nm 21,4-9 (a serpente de bronze);

Jo 7, 37s -*■ Ex 17,1-7 (a agua que jorra da rocha);

Jo 8,12 -* Ex 13,21 (a nuvem luminosa). 539

12

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

Merece referencia aínda o episodio das bodas de Cana (Jo 2,1-11): ocorre no sétimo dia da vida pública de Jesús (cf. Jo 1,29.35.43;2,1). A agua insípida, contida ñas talhas dos judeus, é transformada em vinho numa festa de nupcias, em que Jesús aparece discretemente como o verdadeiro Esposo

(cf. Jo 9,9s).

Numerosos outros textos do Novo Testamento poderiam ser aqui cita

dos, nos quais o Éxodo é mencionado. Ao comentar este fato, J. Daniélou observa:

"Isto nos leva a conceber a historia como o cumplimento dos grandes de signios de Deus, desoncertantes para o homem, mas marcados por coeréncia e seqüénda internas, que permitem ao leitorfiel apoiar-se sobre eles como sobre rocha inabalável. Tratase, pois, de outra coisa que nao a ilustrando do Evangelho por belos símbolos. Estamos diante de urna perspectiva dogmática funda mental. Essa perspectiva permanecerá na base da exegese patrística. Os porme nores devem ser explicados a partir da idéia de conjunto que os justifica" (Sacramentum Futuri, p. 143).

Estas palavras exprimem mais urna vez, com exatidao, a mentalidade que inspirou os autores sagrados e os Padres da Igreja na sua procura e expía-

nacao dos sacramentos-sinais das Escrituras. Tal atitude procura intuir o plano de Deus ñas suas linhas-mestras, o que pode redundar, sim, em sub jetivismo arbitrario, mas pode também levar a urna compreensao mais pro funda e harmoniosa da historia da salvacáo.

Parece-nos oportuno acrescentar a estas ponderacoes um breve

APÉNDICE FILOLÓGICO A palavra sacramento (= sacramentum) nao tem equivalente etimoló gico na linguagem grega bíblica. Ela entra no vocabulario teológico cristao, desde o século II talvez, para traduzir o termo grego mystérion. 1. Quanto a mystérion, é vocábulo de etimología obscura. Parece derivar-se de myo = fechar (a boca, os labios...). 0 sufixo tórion nao aclaro; costuma designar o lugar em que se realiza' urna acao (necrotário, lugar em se guardam os mortos; cemitério, lugar onde dormem os mortos).

Em síntese, pederíamos dizer que mystórion é algo a respeito do qual é precito calar-se. O termo teve ampio emprego ñas chamadas "religioes he lenísticas de misterios", significando os processos e ritos de celebracao em

que eram introduzidos os iniciados. Mais precisamente: os misterios eram sofi'O

"SACRAMENTO" NA PERSPECTIVA DOS ANTIGOS

13

lenidades de culto ñas quais os feitos de urna divindade eram tornados pre sentes a um círculo de iniciados mediante ritos sagrados, para tornar esses iniciados (myrtai) participantes da sorte da própria divindade. Na traducao bíblica dos LXX, mystárion ocorre apenas vinte vezes e so nos escritos pertinentes á época helenista (Tb, Jd, Sb, Br, Dn e 2Mc). Realcemos o emprego do vocábulo em Sb 6, 22: a ¡nstrucáo sobre a sabedoria é revelacao de misterio. - Em Dn, myitórion se torna um segredo escatológico; sao os eventos futuros predispostos por Deus. e anunciados veladamente aos homens.

Nos escritos do Novo Testamento, importa rea lea r o uso paulino de mystárion. O Apostólo designa assim o plano de salvacáo concebido por Deus desde toda a eternidade, mas paulatinamente revelado aos homens na plenitude dos tempos. Cf. Rm 16,25-27; 1Cor 2,7-16; Ef 3,3-12; Cl 2,1-3... Deve-se notar que mystérion, vocábulo nao raro no Novo Testamento, nao tem ai relacáo alguma com os cultos dos misterios helenísticos. Nos tex tos sacramentáis do Novo Testamento, nao se encontra alusSo a mystárion. Na literatura crista dos primeiros sáculos, mystárion vai assumindo significacoes ulteriores:

Designa, nos escritos de Sao Justino, Clemente de Alexandria, Oríge nes... as figuras e os tipos do Antigo Testamento; sao fatos; pessoas ou coisas que velam e revelam o designio salvffico de Deus. Alám disto, verifica-se que na linguagem litúrgica da Igreja antiga mystárion designa o culto sagrado com seus ritos, especialmente a Sagrada Eucaristia. Aos poucos, mystárion é substituido por sacramentum no mundo la tino, talvez para evitar o estrangeirismo do vocábulo. 2. Sacramentum vem de sacr, raiz que indica relacionamento com o di vino ou o numinoso. Sacramentum pode significar — o meio ou instrumento que sagra,

— o objeto sagrado (sentido passivo), — ato de sagrar (sentido ativo). Por causa de sua relacáo com o Divino, o vocábulo sacramentum, na linguagem cívico-religiosa do Imperio Romano, significava o juramento á 1

Ou seja, após Atexandre Magno (336-323 a.C).

541

J4

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

bandeira prestado por soldados; este seria uma forma de consagracao á Divindade ou a Roma. Na linguagem crista dos primeiros séculos, sacramentum podía signifi car os tipos ou as figuras das Escrituras pelas quais Deus se revela; sao tam-

bém as disposicSes salvi'f icas de Deus. Em Tertuliano (tapós 220). comeca sacramentum a significar outrossim as promessas de batismo dos cristaos, na medida em que implicam um

compromisso com Deus semelhante ao juramento á bandeira.

Na linguagem de Santo Agostinho (t430), o vocábulo toma significa do mais ampio e usual. Designa: 1) figuras e tipos bíblicos; 2) ritos e gestos salvi'ficos, como o Batismo, a Eucaristía, as Uncoes, a Páscoa... 3) o dogma cristao na medida em que compromete o cristio com o Senhor Deus. Além do mais, é Santo Agostinho quem pela primeira vez define o sacramentum como sacrum signum ou visibile verbu m — o que se tornou decisivo para a posterior historia do vocábulo sacramentum.

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542

Na América:

O Quinto Centenario da Descoberta

Em sfntese: A proximidade do quinto centenario da descoberta da Amé

rica (¡2/10/1992) tem suscitado comentarios elogiosos e também críticos á obre, de evangelizacao da América. O artigo abaixo tenta mostrar que os resultados positivos foram muito mais vultosos do que os negativos. Os missionários trou-

xeram ao continente americano afee seus valores com intencáo sincera e grande abnegaqao; por isto nao 'devem ser confundidos com os conquistadores que vie-

ram explorar a térra e os homens da América, Se kouve fainas na evangeliza(do, estas se devem á inevitável fragiüdade humana; além do qué, é de notar que as missdes católicas estavam sob o regime do padroado, que fazia das Co-

roas de Espanha e de Portugal as instancias representativas do Papa na Améri ca... instancias que nem sempre foram fiéis á conftanca depositada pela Santa Sé, e, por isto, entravaram ou deturparam nao raro a obra religiosa dos missio nários. * * *

Aos 12/10/1992, será celebrado o quinto centenario da descoberta da América por Cristóvao Colombo. 0 evento teve importancia decisiva para a historia da humanidade, pois alargou os horizontes dos povos, promoveu o intercambio de idéias e valores, assim como a industria, o comercio e as-cien cias em geral.

A Igreja considera o evento a partir das premissas da fé, pois tal aniver sario vem a ser também o da evangelizado da América. Muito particular

mente a Igreja na América Latina está interessada ñas comemoracoes desse quinto centenario, pois Ihe sao a ocasiáo de urna revisao do passado e de urna prospectiva do futuro. A propósito tém-se feito ouvir vozes diversas, algumas enaltecendo a obra dos missionários portugueses e espanhóis, outras criticando-a ou mesmo condenando-a.

Ñas páginas subseqüentes, aposentaremos os principáis traeos dessa facanha evangelizadora, procurando guardar objetividade e equilibrio. 543

16

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

1. O problema 1.1. A Voz do Papa

O Papa Joao Paulo II, aos 14/06/1991, dirigiu-se em Romaá Pontifi cia Comissao para a América Latina nestes termos: "O que a Igreja se dispóe a celebrar, é a evangelizando: a chegada e proclamagáo daféeda mensagem de Jesús, a implantacáo e o desenvolvimento da Igreja, realidades espléndidas e permanentes, que nao se podem negar nem menosprezar. Ela se dispóe a celebrá-las no sentido mais profundo e teológico

do termo: como se celebra Jesús Cristo Senhor da Historia, o primeiro e maior Evangelizados já que Ele mesmo é o Evangelizador de Deus". Diz ainda o Ponti'fice, em outra ocasiao, que a Igreja encara o seu

quinto centenario na América Latina com a humiídade da verdade, sem triunfalismo nem falso pudor; tem em vista tao somente a verdade, para dar grapas a Deus pelos feitos acertados e tirar dos erros o motivo de se projetar renovada para o futuro.

A referencia a erros do passado tem sido enfatizada em tom muito alto por grupos de oposicao, entre os quais políticos de esquerda e indígenas.

1.2. 0$ Protestos

Escreveu o historiador norte-americano KirpatrickSale: "A América estaría muito melhor sem a intervengño européia. Com a chegada de Colombo, destruiram-se nao somente o mundo e a natureza dos in dios, mas também o relacionamento respeitoso e cordial que existia entre eles e o seu ambiente".

A esta opiniáo tém feito eco as declaracoes de alguns Congressos ou Encentras de estudiosos, como foram

— o Encontró Continental de Povoi Indígenas, convocado recentemente no Equador por oito organizacoes indígenas e cujas atas foram assinadas por participantes de nome hispánico, e nao indígena: Castillo, Rojas, Sánchez, Tolosa. Estiveram presentes a esse Encontró de Quito 120 repre sentantes de agremiacoes indígenas;

— a Confederacao Campesina do Peni, que se define como "a organi

zado indígena mais numerosa de todo o continente".

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

17

O objetivo das declaracoes de tais organizacoes era proclamar "os 500 anos de Resistencia Indígena e Popular", para contradizer as celebracóes do quinto centenario e lancar urna campanha de "autodescobrimento da nossa

América". Também se tém empenhado em protestos alguns teólogos da libertacao. Em Janeiro de 1991 reuniram-se na cidade do México e elaboraram a

Declaracáo do México contra o 59 Centenario. Foi assinada, entre outros, por D. Pedro Casaldaliga, bispo espanhol no Araguaia; D. Sergio Méndez-Arceo, bispo de Cuernavaca (México), pelo escritor argentino Pérez Esquivel, Premio Nobel da Paz e pelo intelectual cubano Fernandez Retamar...

Os opositores da celebracáo acusam os europeus de haver destruido a cultura dos nativos da América, imqondo-lhes costumes e religiao contrarios aos da sua identidade. Esta violencia terá ocasionado o desaparecimento ou a morte de popu lacees diversas, especialmente ñas Antilhas.

A propósito da problemática assim concebida, fazem-se oportunas ponderales.

2. Que dizer? Tres ponderacóes vém ao caso. 2.1. Confessar a verdade

1. Em toda obra humana, por mais bem intencionada que seja, há sem-

pre fainas. Estas devem ser reconhecidas sem exageras nem atenuacóes. É

certo, por exemplo, que houve ¡nteresses cobicosos ou gananciosos por parte dos "conquistadores" brancos; eram, nao raro, ávidos de ouro e enriquecí-

mentó. Todavia procuravam conciliar esse natural desejo de ganhar novos bens materiais com a sua fé católica; é o que refere o soldado-cronista espa nhol Bernal Diez del Castillo, tentando formular o ideal dos colonizadores:

"Servir a Deus e a S. Majestade, dar luz aos que estavam ñas trevas e possuir

riquezas que todos os homens geralmente procuram". Em vista disto, os conquistadores ¡mpuseram-se violentamente aos abon'genes, tentando explorar seu trabalho e seus haveres. Seria injusto, po-

rém, considerar apenas os aspectos negativos da historia. 2. Houve também advogados dos i'ndios, dos quais o mais famoso é Frei Bartolomeu de Las Casas, (1484-1566), dominicano, de quem se con-

tam 369 escritos (livros, crónicas, cartas), como "Historia de las Indias" 545

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 (1559), "Apologética Historia Sumaria" (1559)... Seja citado também o arcebispo de Lima Sao Tun'bio de Mogrovejo (1538-1606), que muito se ¡nteressou pela promocao dos indios; em vista disto, estudou as línguas indíge nas, como o quechua, o tuneba, o goajaya e o guahiva; em 1584 publicou o

Catecismo intitulado "Doctrina Cristiana y Catecismo para Instrucción de los Indios y de las demás personas que han de ser enseñadas en nuestra Santa Fe", obra que, escrita em castelhano, foi traduzida para o quechua e o aymara. Nos Estados Unidos destacou-se Frei Junípero (Miguel José) Serra O.F.M. (1713-1784), que aprendeu o idioma indígena pames; em 1773 foi procurar o Vice-Rei Antonio María Bucarelli, hostil aos i'ndios, para apresentar-lhe urna "Carta de Direitos", que pleiteava o bem-estar espiritual e físico dos aborígenes; tal Carta antecipava outra, que o Governo norte-americano promulgaría no mesmo sentido; até hoje tem pleno significado. 3. Além disto, a respeito do desaparecimento de populagóes nativas, especialmente ñas Antilhas, é de notar o seguinte:

Os aborígenes, em muitos casos, nao morreram por efeito de armas e guerra, mas, sim, por ser colocados em situacoes de vida totalmente insólitas para eles. Com efeito,

a) viviam em regime patriarcal ou matriarcal e neolítico, ao passo que os soldados e colonos europeus Ihes queriam transmitir o género de vida dos homens brancos do sáculo XVI, cuja cultura era a renascentista (embora simples e pobre). Era muito difícil, se nao impossível, que os indígenas compreendessem o modo de vida dos europeus, como era difícil aos europeus compreender por que os indígenas nao assimulavam a cultura européia;

b) os europeus levavam consigo molestias físicas que, para os brancos, eram quase inofensivas (bronquite, sarampo, varicela...), mas que, para os in dígenas, eram altamente daninhas, pois estes nao possuiam as defesas imunológicas necessárias. Os piores inimigos do indio sao os virus e as bacterias;

c) além disto' teve influencia um fator psicológico: a chegada dos europeus nao pode deixar de causar impacto sobre os indios. O uso de armas de fogo (alias, relativamente escassas) levava-os a crer que os brancos dominavam os raios da atmosfera; o homem montado a cávalo e a sua montadura causavam pavo'r a quem nao conhecia o cávalo; as "casas flutuantes" em que viajavam os brancos, e outras surpresas suscitavam nos aborígenes um sentímentó de inferioridade e fatalismo, em virtude do qual podiam imaginar que

nao evitarían! a Vitoria dos intrusos e que os seus deuses (até entao tidos co mo protetores eficientes) eram inferiores á Divindade dos europeus;

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

19

d) os indios, acostumados a viver dos frutos que a natureza generosa Ihes proporcionava sem trabalho, foram submetidos ao regime de trabalho

agrt'cola, que naquele tempo podia durar do nascer ao por do sol diariamen te. Ora isto foi funesto para os nativos, que fugiam para os montes ou se sui-

cidavam tomando veneno. Tal desfecho nlo era intencionado pelos brancos; estes, porém, querendo adaptar os aborígenes a um tipo de vida que parecía

mais civilizado e digno da pessoa humana, nao mediram o alcance despropo sitado de seu gesto.

Alias, os europeus consideravam os indios como povos infantis menos aptos a se autodeterminar; em conseqüéncia, nao Ihes deixavam a liberdade de opcoes que seria normal num povo adulto.

Charles Oarwin, referindo-se a povos colonizados pelos ingleses, observava que, sempre que se póem em contato duas culturas, urna superior e outra inferior, a cultura inferior sofre ¡mediatamente um decli'nio de popu lacho, por perda dos grandes referenciais que sustentam a cultura primitiva. Faz-se mister agora considerar algumas das circunstancias em que se deu a obra missionária na América Latina.

2.2. A Monarquía e a Fó A evangelizado do continente latino-americano se deu sob o regime do Padroado dos reis de Espanha e Portugal. Com efeito; já em 1493 (um ano após a descoberta da América) o Papa Alexandre VI, pela Bula ínter Cetera, concedeu ás Cortes de Espanha e Portugal as facuidades necessárias para promover a pregacao do Evangelho no Novo Mundo; o monarca se tornava quase o representante do Papa em assuntos religiosos das térras recém-descobertas. Em 1503, o reí Fernando de Aragao obteve do Papa Julio II a Bula do Padroado Regio, que tornava a Igreja, na América Espanhola, dependente

da Coroa em questoes disciplinares. — Em virtude de tais disposicoes da San ta Sé, aconteceu que o Papa foi sendo, aos poucos, preterido ou esquecido

em assuntos de interesse eclesiástico do Novo Mundo; estes ficavam direta e ¡mediatamente sujeitos á Coroa: Reis, Conselho das Indias e seus represen tantes na América. O envió de misionarios e os gastos com a evangelizarlo corríam por conta da Fazenda Real; era a Coroa que chamava determinadas Ordens Religiosas para a obra missionária e excluia desta tarefa outras, que menos Ihe agradassem.

Tal estado de coisas nao era difícil de se entender no contexto dos séculos XVI/XVIII, pois a Igreja e o Estado estavam unidos entre si; professa-

vam teóricamente os mesmos objetivos e tencionavam colaborar entrel si pa«V.7

20

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 3SS/1991

ra atingi-los.1 A nexpío de um Estado leigo, indiferente aos valores religiosos, nao tinha cabimento nos homens daquela época. Compreende-se assim que, além do colono interessado na conquista de térras e ouro, caminhasse na América o sacerdote missionário, nao para adquirir riquezas materiais, mas para difundir a fé, animado de sincero zelo evangelizador e civilizador. Este zelo puramente religioso é atestado pelos numerosos casos de abnegacáo e heroi'smo vividos pelos misionarios, dos quais, entre outros. seja citado o Benvaventurado Pe. José de Anchieta S.J., que Huma de suas cartas a S. Iná-

ció de Loiola escreve em data de Io de setembro de 1554 a partir de Sao Paulo de Piratininga:

"15. Desde Janeiro até o presente, estivemos ás vezes mais de vinte numa casa pobrezinha, feita de barro e paus e coberta de palha, de 14 passos de comprimento e 10 de largura, que é ao mesmo tempo escola, enfermaría,

dormitorio, refeitório. cozinha e despensa; mas nao temos saudades das ca sas ampias que os nossos habitam noutras partes. Com efeito, em mais estreito lugar foi posto Nosso Senhor Jesús Cristo, quando se dignou nascer num pobre presepio entre dois brutos animáis e em estreitíssimo morrer por nos na cruz. Esta casa construiram-na os próprios indios para nosso uso, mas agora preparamo-nos para fazer outra um pouco maior, de que nos seremos operarios com o suor de nosso rosto e o auxilio dos indios... 18. O principal alimento desta térra ó farinha de pau, que se faz de certas rafzes que se plantam, e chamam mandioca, as quais - quando comi

das cruas, assadas ou cozidas - matam. É necessário deitá-las na agua até apodrecerem; apodrecidas, desfazem-se em farinha, que se come, depois de torrada em vasos de barro bastante grandes. Isto substituí entre nos o trigo. Outra parte do mantimento fornecem-na carnes do mato, como sao maca cos, gamos, cortos animáis semelhantes a lagartos, pássaros e outros animáis selvagens, e ainda peixes de rio, mas estas coisas raras vezes. A parte princi pal da alimentacáo consiste portante em legumes como favas, abóboras e ou tros, que se podem colher da térra, fothas de mostarda e outras ervas cozi das; em vez de vinho, bebemos agua cozida com milho, ao qual se mistura mel, se o há. Assim sempre bebemos tisanas ou remedios; e, se há isto, nao nos parece ser pobres. 19. As coisas necessárias para a conservacüo de nossa vida, adquirimolas com o trabalho de nossas maos, como o Apostólo S. Paulo, para nao ser-

mos pesados a nenhum destes. Devemo-las principalmente ás maos de um 1

Verdade é que muitas vezes o poder civil exorbitou de suasftmcóes, atribuindo a si poderes cesaropapistas ou manipulando os valores eclesiásticos emfervor de seus htieresses políticos.

548

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA irmáo nono, ferreiro; ainda que nada peca, oferecem-lhe os indios, em paga

das coisas que Ihes faz, farinha e legumes e a» vezes carne e peixe. A isto ajuntam-se tambám outras esmolas que eles, movido* pelo amor de Deus, nos dio, e assim muitas vezes o Senhor, a cujo cuidado nos entregamos, nos prové ató donde menos esperávamos, a nos que nos encontramos faltos de

todas as coisas". O mesmo Pe. José de Anchieta escrevia ao Pe. Geral Diogo Laínes (Roma), a partir de Piratininga em marco de 1562: "2. Nossa conversicao com os próximos é a cortumada. Ocupamo-nos

na doutrina das coisas da fé e mandamentos de Deus, com as mulheres dos cristaos e seus escravos e escravas, nestes lugares em que estao dispersos. Sempre se colhe algum fruto, pela bondade do Senhor, assim em apartá-los de pecados, como em abrandar um pouco sua dureza no conhecimento de Deus Nosso Criador e Senhor, e ajudando-os a bem morrer, para o que comumente somos chamados, assim para os brancos como para seus escravos,

a quem é necessário acudir a diversos lugares por mar e por térra, onde fazem suas habitacoes. Nisso ás vezes o trabalho é grande, que se dobra com a pouca consolacao que se recebe do pouco fruto, que dáo campos lavrados

com tantos suores. Mas nos basta salvar urna só alma, ou, para melhordizer, ser cooperadores de Deus em sua salvaclo. E quando nem isto houvesse, seja o Senhor servido nos nossos fracos e pequeños trabalhos, recebidos por seu amor.

3. Em Sao Vicente se visitam os engenhos, com doutrina e confissoes, e tres povoacoes de portugueses, que estáo cinco e seis leguas distantes entre

si, fazendo demora em cada urna délas, segundo a necessidade o pede. Prega o Pe. Manuel da Nóbrega a miúdo, em todas elas, se bem que com muito tra balho de sua pessoa, por suas muitas e continuas enfermidades, que cada dia padece, se Ihe vio acrescentando, ordenando-o a divina disposicüo para

maior merecimento seu. Esta quaresma, esteve algum tempo em urna das povoacoes, que 6 a principal, chamada Santos, pregando tras vezes na sema na e confessando muitos dos escravos por intérprete. E perseverou neste

ministerio até que mais nao pode, pondo sua alma por seus irmaos, porque adoeceu tao gravemente, que foi necessário trazé-lo ¿s costas a Sao Vicente, a nossa casa, por ele nao poder vir por seus pás. A enfermidade é perigosa. Cumpra-se a vontade de Cristo Nosso Senhor nele e em todos os nossos.

Alguns outros irmaos tambóm sao visitados pelo Senhor com enfermidades,

como febres, prioris1 e cámaras, mas o que as di, as cura por sua misericor dia, que na térra poucas medicinas há para isso. Bendito seja Ele por tudo!" (Textos extraídos das Obras Completas do Pe. José de Anchieta, vol.

6?, Ed. Loyola 1984, pp. 72s. 184s). i

Priorí = pleura ou pleurizia (Nota da RedagSo). 549

22

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 Por conseguinte. é falso dizer, de modo geral, que os missionários fo-

ram coniventes com a cobica dos conquistadores; se houve alguma falha, foi

devida á fragilidade humana, mas nao pode ser considerada como padrao.

Merece referencia outrossim o zelo com que os missionários se dedica ra m á promocao e catequese dos indios; fundaram escolas para os catequis tas nativos; escreveram catecismos ilustrados, que expunham as verdades da fé; redigiram gramáticas e pequeños Dicionários; recorrerán) as artes, á pin tura, á música, á danca, ao teatro... para apresentar cenas do Evangelho. concementes principalmente ao Natal e á Paixao do Senhor... Tais atividades sao, em parte, documentadas pela bibliografía relativa aos i'ndios, que consta de 109 obras redigidas entre 1524 e 1572, além de outras, que se perderam ou nao chegaram a ser impressas. Através desses documentos percebe-se a valiosa contribuicao cultural devida aos missionários, que aprenderam varios idiomas indígenas, adquiriram oportunos conhecimentos de Etnologia, His toria, Botánica, Zoologia, Astronomía... a fim de melhor exercer suas funcoes de educadores da cultura e arautos da fé; correspondían) assim ao seu lema: "Para cristianizar, é primeramente necessário humanizar e educar". Outra questáo ainda se poe:

2.3. Pregacáo do Evangelho e respeito da cultura nativa

Há quem julgue que a evangelizado implicou desrespeito á cultura dos aborígenes ou sufocacao da dignidade do homem nativo.

Ém resposta pondere-se o seguinte: Todo povo tem sua cultura ou o cultivo de seus valores humanos; don

de resultam a arte, a industria, o tipo de habitacao, o regime alimentar, o modo de vida dos diversos povos. Há, porém, graus de cultura; esta evolui do mais rude ao mais civilizado. Por isto ainda hoje se mencionam "povos subdesenvolvidos" ou "em vías de desenvolvimento" e "povos desenvolvidos"

(cuja ciencia e tecnologia possibiiitam um tipo de vida mais digno da pessoa

humana).

Ora os europeus chegaram á América como portadores de um tipo de

vida mais evoluído do que o dos aborígenes; excecao feita para os incas do

Perú e os aztecas do México (que atingiram respeitável grau de civilizacáo),

muitas tribos de indios viviam na cultura da idade da pedra {paleolítica ou neolítica); podiam sentir-se felizes em sua pobreza de recursos, habitando

em choupanas, comendo peixes, raízes, ervas e frutas..., sem grandes aspiracoes. Ao observaren) tal estado de coisas, os missionários sentiram o dever, 550

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

23

de consciéncia, de elevar o m'vel espiritual e cultural de tais populacoes; nao Ihes podia passar pela mente a tese de que deviam deixar os aborígenes em suas condicoes de vida tao primitivas; por isto esforcaram-se por transmitirIhes a sua cultura, que era crista; era impossi'vel que pensassem ou agissem de modo diferente. Certos documentos da época revelam que varios europeus chegavam a duvidar da existencia de alma humana nos indios, que por vezes Ihes pareeiam mais próximos do macaco do que do ser humano. Nao se pode criticar o zelo missionário de elevar o nivel de vida dos aborígenes,

pois ¡negavelmente a civilizacao indígena era ¡nadequada á dignidade da pes-

soa humana, incluindo nao raro entre suas práticas o sacrificio ritual de en

ancas ou adultos e a antropofagia.1

Dirá alguém: a obra missionária fez desaparecer urna ou mais cultu

ras... Sim, sem dúvida. Mas deve-se observar que a historia registra constante

mente tal fenómeno; a historia é urna sucessáo de culturas, que se vao sobrepondo urnas ás outras, com predominio da superior; esta, porém, nao raro

se enriquece absorvendo válidos elementos transmitidos pelas culturas infe riores. A título de exemplo, seja recordado o caso dos romanos, que suplan-

P costwne da antropofagia é atestado pelo Pe. José de Anchieta em carta de 1° de setembro de 1554, escrita em Piratininga:

"22. Esta parte da regido do Brasil que habitamos, está, segundo dizem, a 22 graus de latítude sul. Mas, desde Pernambuco, que é a primeira povoac&o de aislaos, até aquí e mais além, toda esta costa marítima, na extensño de 900 mi-

¡has, é habitada por indios, que sem excegáo comem carne humana; nisso senKm tanto prazer e docura que frequentemente percorrem mais de 300 milkas guando váo á guerra. E, se cativarem quatro ou cinco dos inimigos, sem cuidarem de mais nada, regressam para, com grandes vozearias efestas e copiosíssimos vinhos, quefabricam com robes, os comerem, de maneira que rulo perdem

nem sequer a menor unha, e toda vida se gloriam daquela egregia vitaría. Até

os cativos julgam que Ihes sucede nisso coisa nobre e digna, deparando-se-thes

morte tao gloriosa, como elesjulgam, pois dizem que épróprio de ánimo tímido e improprio para a guerra morrer de maneira que tenham de suportar na se

pultura o peso da térra, que julgam ser multo grande. Estes, entre os quais trobalkamos, estáo espalhados pelo interior na extensño de 300 milhas, comojulgamos, e todos comem carne humana, andam ñus e habitam casas de madeira e barro, cobertas depalka ou cascas de árvores». 23. Vivendo sem leis nem autoridade, segue-se que nao se podem conser var em paz e concordia, de maneira que cada aldeia consta só de seis ou sete casas, nos quais, se nüojósse o loco e unlBo.do sangue, naopodiampermane cer juntos, mas comer-se-iam uns aos outros, como vemos que acontece em

muitos outros lugares, onde ele nño dominam essa paixáo insaciável, nem se quer para se absterem de devorar abominavelmente os consanguíneos". (Extraído da obra citada, pp. 73$)

551

24

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

taram a cultura dos etruscos na península itálica, assumindo traeos do fino senso artístico dos etruscos. - Ora os missionários, ao transmitirem a cultu

ra crista, se preocuparam com as manifestacoes culturáis dos povos evangeli zados, redigindo gramáticas, léxicos, crónicas de geografía e historia, que passaram para a posteridade.

Sabe-se ainda que no México os primeiros franciscanos, lá chegados em 1524, jogavam durante o dia com os meninos indígenas para aprender o seu linguajar, e á noite se reuniam no convento para compartilhar suas aquisicoes lingüísticas e formar um vocabulario que aos poucos se ia ampli ando. Em breve, foram capazes de escrever o livro "Arte de la lengua mexi cana"; outros escreveram sobre a arte de outras línguas indígenas. Por zelo apostólico os missionários se fizeram filólogos e etnólogos, conseguindo tí tulos de benemerencia amplamente reconhecidos. Como dito, os missionários tentaram civilizar os indios seguindo os parámetros da cultura ocidental e crista. Nao somente Ihes falaram de Deus, mas esforcaram-se por melhorar suas condicoes de trabalho, ensinando-lhes o recurso a asnos, mulos e bois para as tarefas do campo e para o transporte, que até entao eram efetuadas pelo homem. Ensinaram-lhes também o uso da roda e de instrumentos de acó e ferro, transmitiram-thes as primeiras artes ou oficios; criaram para eles escolas de ensino primario, medio e superior, como ocorreu em Trátele Ico no México. A primeira Universidade da Améri

ca foi fundada em 1538 na ilha de Sao Domingos. A agricultura se beneficiou, pois, além de comecar a usar o arado romano, cultivou novos plantíos: a oliveira, o trigo, a uva (trilogía mediterránea); a cana de apúcar e o plátano foram levados das Canarias para a América.

Na área intelectual, a escrita alfabética signíficou um grande avanco em relacao á escrita pictórica dos aztecas, aos hierógiifos mayas e ao quipu dos habitantes dos Andes; além destes, sabe-se que havia indígenas que nao conheciam escrita alguma. Em 1538 fundou-se urna industria gráfica no Mé xico e, decenios mais tarde, outra em Lima.

É certo, porém, que a tarefa de elevar o nivel cultural teve também suas falhas e ocasionou a perda de certos valores - fatos estes que a limitacao dos homens nao conseguiu evitar. Ainda hoje o progresso da civilizacáo ocasiona o destropamento de bens da antigüidade: foi o que se deu, por exemplo, em Córdoba (Espanha), onde a instalacao de um trem de alta velocidade provocou a destruicao de um anfiteatro romano. Vé-se, pois, que, ao mencionar falhas da evangelizacáo da América, nao se devem esquecer os aspectos positivos da mesma, muito mais avulta-

dos do que os negativos. Os f ilhos deste continente podem reconhecer com 552

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

25

alegría a heranca crista que receberam. É para desejar que a procurem depu rar de elementos heterogéneos intrusos ou mesmo das manchas que os próprios católicos tém infligido a esse patrimonio, a fim de que a nova Evange

lizado logre o almejado éxito no continente latino-americano. Somente re tornando ás suas fontes, as populacdes locáis, especialmente a do Brasil, en

contrar ao energía para construir a patria e o Reino de Deus em perspectiva confiante e esperanzosa.

APÉNDICE Á guisa de complemento, publicamos, a seguir, a lista dos Santos e Bem-aventurados que nasceram ou, ao menos, trabalharam intensamente na América, imprimindo-lhe

profundas marcas de Cristianismo. Como se vé,

pertencem a rapas diversas (há indi'genas, mesticos, mulatos...); floresceram

no Sul, no Centro e no Norte da América: 1) Santa Rosa de Lima (1586-1617), daOrdem Terceira Dominicana, declarada Padroeira da América Latina. Distinguiu-se por seu profundo espi

rito de oracao e mortificacáo, associado a grande caridade, especialmente para com os indios e os negros. Festejada aos 23/8. 2) Santa Francisca Xavier Cabrini, missionária nos Estados Unidos,

Padroeira dos ¡migrantes. Fundou um Instituto para acompanhar os italia nos na América. Viveu de 1850 a 1917. 3) Sao Luís BeltrSo, espanhol, dominicano, evangelizador dos mdios

do México (1526-1581). Festejado aos 9/10. 4) Sao Filipe de Jesús, jovem Religioso converso (nao sacerdote); missionário e mártir.

5) Sao Turíbio de Mogrovejo, espanhol (1538-1606), arcebispo de Li ma (Perú), exemplo e Patrono dos Bispos da América. 6) Sao Francisco Solano, missionário do Perú e músico, franciscano (1549-1610).

7) Sao Roque González, catequista, missionário paraguaio e mártir.

8) Sao Martinho de Lima ou de Porros, Religioso converso, dominicano, mulato, enfermeiro dos pobres. Viveu de 1579 a 1639. 553

26

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 9) Sao Pedro Claver, jesuíta, espanhol (1580-1654), apostólo dos ne

gros escravos na Colombia. 10) Sao Joao de Brébeuf, (+1649), jesuíta, missionário, e mártir no Canadá.

11) Sao Joao Macias, contemplativo no trabalho, dominicano (+1645). 12) Sao Gabriel Lalemant francés (1610-1649). missionário no Canadá

e mártir, vítima dos indios huróes. 13) Sao Joao del Castillo, missionário no Chile e no Paraguai. e mártir em 1628. 14) Sao Renato Goupil, francés (1607-1642), médico e mártir. Irmao Converso da Companhia de Jesús, vítima dos iraqueses no Canadá.

15) Santo Isaac Jogues (* 1649), Apostólo e missionário no Canadá, vi'tima dos mdios iraqueses. 16) Sao Joao de Lalande, colaborador leigo das missoes e mártir no

Canadá em 1642. 17) Santo Alfonso Rodríguez, missionário na Argentina e no Paraguai,

mártir em 1628. 18) Santo Antonio Daniel, jesuíta, fundador de Seminario indígena e mártir no Canadá (1649). 19) Sao Carlos Garnier, fundador de missoes no Canadá e mártir em 1649.

20) Sao Noel Chabanel, jesuíta francés, missionário e mártir no Ca nadá (1649). 21) Santa Margarida de Jesús, jovem leiga penitente. 22) Santa Isabel Seton, educadora e organizadora de obras de benefi cencia nos Estados Unidos.

23) Santa Margarida Bourgeoys, catequista e educadora francesa (1620-1700); viveu em Montréal no Canadá. 24) Santa Mariana de Jesús Paredes, no Equador. 554

O QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA

27

25) Sao Joao Neumann, Bispo, catequista e educador.

26) Santo Antonio María Claret (1807-1870), espanhol, Bispo, funda dor de Congregapoes Religiosas Missionárias e difusor da boa imprensa em Cuba.

27) Santo Hermano Miguel, catequista e académico. 28) Bem-aventurado Juan Diego, indígena, leigo, a quem apareceu a

Virgem de Guadalupe em Tepeyac (México) no ano de 1531. 29) Bem-aventurado José de Anchieta (1534-1597) jesuíta, missionário no Brasil, autor de numerosos escritos. 30) Bem-aventurada Margarida Younville, canadense, dedicada aos doentes e pobres.

31) Bem-aventurado Junípero Serra, franciscano, fundador de missoes na California.

32) Bem-aventurada Laura Vicuña, chilena, jovem mártir da sua castidade. 33) Bem-aventurado José Maria de Yermo, catequista. 34) Bem-aventurado Miguel Agustin Pro, juesuíta, mexicano, apostólo

dos trabalhadores em minas e mártir. 35) Bem-aventurado Inácio de Azevedo (1526-1576) e companheiros,

jesuítas, missionários enviados ao Brasil, massacrados, porém, pelos calvinis tas na altura das ilhas das Canarias. 36) Bem-aventurada Madre Paulina Visintainer, fundadora da Congre-

gacao das Irmas da Imaculada Conceicao aos 12/07/1890, Congregacao que se dedica a missoes, educacao e saúde em 16 Estados do Brasil e em mais

cinco países: Italia, Nicaragua, Argentina, Chile e urna nacao africana.

555

Ken Guindon

"Durante Dezesseis anos fui Testemunha de Jeová"

Em sfntese: Ken Guindon foi batizado e educado na Igreja Católica doi Estados Unidos, Aos dezesseis anos de idade, foi persuadido por urna Testemunha de Jeová de que deveria abrogar tal córreme de pensamento. Ken Guindon

chegou a ocupar cargos de responsabüidade na Sociedade das Testemunhas, inclusive como missionário na Costa do Matfim. Em 1972, porém, a sua esposa engravidou; isto fez que o casal fosse obligado a deixar a missáo. conforme o estatuto das Testemunhas. A nova situacáo gerou aborrecimentos e discordias

entre Ken Guindon e os dirigentes da sociedade. Por isto o missionário repensou sua opc&o religiosa e resolveu desligarse da Congregacao das Testemu nhas em 1973. N3o quis voltar para a Igreja Católica, porque esta fora fortemente difamada dos seus ouvidos pelos antigos correligionarios; por isto Guin don fez-se batista. Insatisfeito, porém, aínda procurava a verdadeira Igreja de Cristo, quando finalmente aos 10/09/1987 foi de novo recebido na Igreja Cató lica. Atualmente é ardoroso mensageiro da fé na Franca. - Ken Guindon, em entrevista ao jornal L'Homme Nouvcau, narra seu itinerario religioso e algumas dé suas experiencias; certas peculiaridades da Sociedade das Testemunhas sao assim postas em relevo. * * *

Segue-se em traducao brasileira o texto de urna entrevista concedida por urna ex-testemunha de Jeová — Ken Guindon — ao jornalista Antoine

Michelland, do periódico francés L'Homme Nouveau (2/06/1991. p. 7). É notorio o zelo proselitista das Testemunhas. Daí a importancia de se

ler o depoimento de alguém que, por dezesseis anos, foi filiado a tal Socie dade religiosa e que narra como entrou e por que deixou a denominacao.

A ENTREVISTA Antoine Michelland: "Ken Guindon, após dezesseis anos entre as Tes

temunhas de Jeová, wn estágio, como pastor, em diversas igrejas batistas e fi nalmente após o retomo á Igreja Católica, o Sr. é portador de urna experiencia muito especial. Poderia descrever-nos os tragos principáis dessas diversasfases de sua vida?" 556

"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ"

29

Ken Guidon: "Meus pais sao canadenses, mas r.asci e cresci na Califor nia (U.S.A.). Recebi uma educacao católica tradicional e seria. A ponto mesmo que pensei em tornar-me sacerdote.

Com a idade de dezesseis anos, encontrei uma mulher que pertencia ao grupo das Testemunhas de Jeová, e caí' na armadilha do diálogo. Eu queria defender a minha fé, mas nao estava suficientemente preparado. Apoiada

na sua traducao falsificada da Biblia.1 que elesconhecem perfectamente, as

Testemunhas conseguiram abalar-me mediante perguntas insidiosas que me

obrigaram a examinar a minha fé, pó-la em dúvida e, finalmente, rejeitá-la.

Propóem uma argumentacao aparentemente tao lógica que é preciso estar bem preparado ou ser teólogo para resistir-lhe.

Após ter em vao procurado respostas satisfatórias junto a tres sacerdo tes diversos, apesar de muitas hesitacoes e lamentos, eu me voltei para o gru po, onde eu julgava encontrar Deus. Assisti a todas as reunioes das Testemu nhas de Jeová, entre os quais achei pessoasgentis, com asquaiseu podia fa-

lar de Deus...; achei também formadores qué se encarregaram de me transmi

tir a sua verdade.

Com cerca de dezoito anos, fui-me para uma regiao 'em que as necessidades eram grandes': a do Maine. Lá passei cinco anos, primeramente como 'pioneiro', depois como 'pioneiro especial', isto é, como membro permanen te. O proselitismo de porta em porta cederá á responsabilidade de uma Congregacao (responsável pela propagagao das Testemunhas).

Em 1963 fui chamado á sede mundial da Organizacao, em Brooklyn. Ao mesmo tempo que continuava minha formacáo intensiva — leitura com pleta da Biblia, estudos diversos... —, fui encarregado da supervisao de um andar de producao e nomeado Responsável-adjunto de assembléia numa Congregacao de Nova lorque.

Acontecia algo de muito semelhante ao que ocorre quando um católi co é mandado para Roma. Eu tinha a certeza de me encontrar no coracSo da Organizaclo de Deus sobre a térra. Eu julgava estar consagrando a minha vi da ao essencial, anunciando a iminéncia do fim do mundo e persuadindo as pessoas de que se deveriam 'converter', se quisessem ser salvas.

A traducao da Biblia utilizada pelas Testemunhas de Jeová difere da

protestante e da católica; tempor título 'Traducao do Novo Mundo das Escritu ras Sagradas" (Nota do Redator). 55?

30

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 Em 1968 encontrei aquela que se tornou minha esposa. Batizada no

Catolicismo, seus pais atinham arrastado para as Testemunhas de Jeová guan do ela tinha a idade de seis anos. Quando estava para partir para a Costa do Marfim como missionária, resolví esposá-la e logo pedí a autorizacáo para segui-la.

Em 1972 minha mulher engravidou. A norma vigente nos obrigava a deixar a missáo desde que tivéssemos um filho. O próximo nascimento da enanca, em lugar de alegría, nos causava angustia e perplexidade. Chegamos a desojar que a gravidez fosse mal sucedida. Já, porém, que tudo ia bem gracas a Deus -, comecei a preparar o regresso á patria e pedi á sede local das Testemunhas um empréstimo de que precisávamos em nossa situapao. O presidente da Sociedade recusou e aconselhou-me que me dirigisse aos meus familiares. Fiquei indignado. Tal decisao parecia-me ser incrivelmente injusta. Eu tinha deixado meus familiares para seguir as Testemunhas de Jeová; eu tudo sacrificara para ater-me aos seus ensinamentos; a Organizacao era minha 'má*e'.

Finalmente recebi o empréstimo para a passagem de volta. Mas o cho que foi útil. Eu me interrogava sobre as 'verdades' que aprenderá. Seriam ne-

cessários ainda seis meses de um lento caminhar para que eu chegasse á certeza de que Jesús é Deus, apesar do que dizem as Testemunhas. Em Janeiro de 1973, pela primeira vez após dezesseis anos, ajoelhei-me

e rezei a Jesús. Pela primeira vez após dezesseis anos, vi que eu nao ia 'ga-

nhar' a vida eterna por minhas obras. Pela primeira vez após dezesseis anos, Deus se fez presente e sua paz habitou o meu coracao. Tres meses mais tar

de, enviei minha carta de despedida ás Testemunhas de Jeová". A. M.: "Que acontecen naquele momento?"

K.G.: "Eu me vi de novo sem nada. Nao tinha mais comunidade nem confortável doutrinacSo nem diploma sólido: as Testemunhas de Jeová desaconselham sempre de fazer estudos superiores, pois consideram que estes deformam o espirito e que é preciso servir a Jeová — Deus em tempo integral na expectativa do fim do mundo. Apesar de tudo, consegui encontrar um emprego na California.

Mas eu procurava mais ainda urna igreja. A Igreja Católica nao podia vir ao caso. Haviam-me repetido tantas vezes que ela era Babilonia! Eu co

mecei a admitir que o Batismo devia ser cristlo, mas o misterio da presenca real de Jesús na Eucaristía ficava fora do meu alcance. Por isto escolhi a Igreja Batista. Feito pastor, fui exercer meu ministerio na Franca, onde du

rante dez anos continuei a minha evolucáo, á procura da verdadeira Igreja.

"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ" Finalmente aos 10 de setembro de 1987, durante Missa maravilhosa

pela alegría e pela paz, Mons. Chabert. bispo de Perpignan, cslebrava tanto o meu casamento quanto o Batismo de meus filhos na Igreja Católica Romana, essa mae que eu ignorara durante tantos anos.

Hoje pertenpo a urna comunidade de leigos e estou encarregado da evangelizado de pessoas margináis: Testemunhas de Jeová e outras".

A. M.: "As Testemunhas de Jeová possuemum poderfinanceiro conside-

rável. Como chegaram a construir esse imperio, que nao parece ser meramente espiritual?"

K.G.: "Se eremos que o fim do mundo ocorrerá amanha, nao precisa mos de acumular bens materiais nem de transmitir heranca aos nossos filhos. Muitas Testemunhas de Jeová düo dinheiro á Organizapao. A revista Torre de Vigía' é sinal e instrumento do formidável poderío da seita. é a revista religiosa mais espalhada no mundo; publicada em cento e onze línguas, tem urna tiragem de 15.290.000 exemplares; urna boa administracao permite que dé lucro. Quanto a recursos de outro tipo, nao tenho prova de que os naja". A. M.: "Ojeovista sofre pressóes?"

K.G.: "Que é que chamamos pressao? Ninguém, por exemplo, é obrigado a dar dinheiro; convém reconhecé-lo. Todavia as Testemunhas de Jeová sao comparáveis ao Partido Comunista. Quem nao segué as diretrizes. é ex cluido; ainda poderá assistir ás reunioes, mas deverá guardar silencio e nin guém terá o direito de falar-lhe. Se se submeter, poderá talvez ser redintegrado no fim de um ano de provacao.

Desde que alguém é rejeitado pela comunidade, vé-se em situacao familiar impossível, caso os seus familiares nao questionem, como ele, a corrente jeovista. Isto redunda em colocar de facto o desertor em condicoes de pressao insuportável. Abandonar o grupo significa abandonar amigos com os quais o individuo compartilhou muitas coisas; significa instaurar talvez a

guerra de religiao dentro do seu lar. Tal perspectiva faz que muitos recuem. Mais: quando alguém abandona as Testemunhas, tem que enfrentar o Comité de Direpao, que nao deixa de o convocar. Fui acusado precisamente de 'rebeliao contra a Organizapao teocrática de Deus'. Tres inquisidores me

interrogaran! para saber quais as causas da minha partida. Ficaram surpresos quando Ihes citei o Evangelho segundo Sao Joao: 'Aquele que eré em Mim

(Jesús), tem a vida eterna'. Eu Ihes disse que simplesmente pedirá ao Salva dor que me salvasse". 559

32

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

A. M.: "Nao há dúvida de que a maioría das Testemunhas de Jeová é sincera. Mas os dirigentes podem ignorar asfalsas profecías pronunciadas pelos seus antecessores?"

K.G.: "As 'profecías' imprudentes dos presidentes Russel e Rutherford foram conscientemente abafadas. Mesmo pessoas que desempenham funcoes importantes e de responsabilidade ¡gnoram que o fundador da Organizado predisse o fim do mundo para 1914. Os dirigentes nao recuam diante da mentira para preservar a sua verdade em 'pureza imaculada'. Eles dao tantas ocupacoes aos seus seguidores que nao fica tempo para refletir sobre o que chamam 'vulgares tropecos'."

A. M.: "Em que consiste o proselitismo praticado pelas Testemunhas de

Jeová e como pode ser tSo eificaz?"

K.G.: "0 principio adotado é o de um processo de marketing bem

organizado. Os ¡eovistas recebem, durante as suas reunióes de servico, urna auténtica formacao de vendedor. Eles treinam para saber reagir diante das diversas situacóes que possam enfrentar por ocasiao das suas andancas de porta em porta. Váo, em grupos de dois, as residencias e fazem tudo para se im

plantar no domicilio e iniciar a sua conversa. Muito meigos, muito felizespor poderem prestar servico; tudo fazem para arrastar o interlocutor, mediante o intercambio de pe/guntas e respostas, ao qual estao acostumados dentro de

um arrazoado extremamente lógico em aparéncia. Demonstram, citando alguns versículos cuidadosamente selecionados, que Deus tem um plano, em

breve pora fim á anarquía do mundo para restaurar sobre a térra um Éden. em que os crentes da Organizacao viverao e serao imortais como foi Adao. Isto interessa ás pessoas porque é novo, e parece lógico, anuncia a paz e parece apoiar-se ñas Escrituras e em livros bem apresentados, que os jeovistas sem demora oferecem.

É preciso dizer também que a luta nao é de igual para igual. De um lado, comparecem crentes muito motivados, endoutrinados, que participam

de cinco horas de reuniáo por semana, durante as quais estudam a Biblia me diante as diversas publicagSes da Sociedade. De outro, há geralmente fiéis católicos pouco formados e incapazes de responder aos argumentos que Ihes sao formulados. Aceitam fácilmente ver a Igreja com olho crítico e a propos

ta de urna orientacao lógica, á qual basta obedecer para ser salvo." A. M.: "As Testemunhas de Jeová, heréticas e apóstatas- aos olhos dos cristños, recrutam grande número de católicos, A Igreja tem nisto urna certa responsabilidade?"

560

"FUI TESTEMUNHAS DE JEOVÁ"

33

K.G.: "Nao compete a mim julgar. Como quer que seja, a Igreja tem a obrigapáo de reagir. A seita das Testemunhas de Jeová atrai muita gente sim ples ou pertencente a minorías, porque entre elas nao há nem segregacáo

nem preconceitos de classe. Em maioria as mulheres se ihes agregara Mas o

verdadeiro denominador comum de todos os seus membros é a necessidade de se consagraren) á verdade, a necessidade de se darem a Deus. Os jeovistas tém quatro milhoes de fiéis no mundo, dos quais doze mil na Franca, onde

a cota de crescimento é de 5,4% já há dez anos. A Igreja Católica, frente a esse flagelo, perde terreno, principalmente onde faltam sacerdotes. Recentemente a tónica dos jeovistas voltou-se para a América Latina, que passa por urna situapao dramática.

Entao que fazer? Sem dúvida, faltam nos sacerdotes. Mas pergunto: aqueles que temos, estao preparados para responder a todas as ¡nterrogacóes dos coracóes sinceros que duvidam e que procuram a Deus? Os leigos estao conscientes do seu dever de evangelizar os seus ¡rmáos, batizados ou nao?

Precisamos de catequistas, de pessoas que déem algo do seu tempo para formar o próximo; nao faltam os que desejam ser chamados. Precisa mos de conhecer melhor a nossa fé para mais a amar, para defendé-la melhor contra os ataques dos hereges e suscitar vocacoes entre nos. Muitas vezes os

impressos católicos criticam a Igreja, em vez de transmitir os seus ensinamentos. Será assim que julgam os responsáveis poder converter-nos, dissemi nando inquietacao no espi'rito daqueles que querem viver do Evangelho?

O problema das seitas estará resolvido no dia em que nos, católicos, tivermos compreendido que temos de nos converter. No dia em que tivermos

tomado consciéncia de que o Batismo é urna grapa cheia de alegria, mas também de exigencias."

A. M.: "Agradefo-lhe esse testemunho extremamente rico e o ardor com

que o Sr. trabalha na Igreja, a sua Mñe, á qual retomou".

REFLETINDO... Dois parecem ser os fios condutores da entrevista de Ken Guindon:

1) a enfatizacao do despreparo dos católicos para enfrentar as objepoes e afirmacoes nao somente das Testemunhas de Jeová, mas também de outros crentes e pensadores; em conseqüéncia, sao fácilmente arrastados pe los pregadores de doutrinas que falam aos sentimentos e as emocoes, aínda

que digam aberracoes no plano doutrinário. O fenómeno dos novos moví561

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

mentos religiosos vem a ser um brado de alerta aos católicos, para que procurem conhecer melhor as verdades da fé que professam; elas tém grande profundidade e se concatenam harmoniosamente entre si, de tal modo que

quem as estuda concebe grande deleite e alegría, em vez da aridez que as bre ves fórmulas do Catecismo (tao necessárias para a enanca!) possam apresentar. Muitos católicos tém fé lánguida e superficial únicamente porque nunca se ¡nteressaram pelo aprofundamento dos artigos do Credo. O momento pre sente vem a ser um apelo para que os católicos se disponham 30 estudo das verdades do Credo, estudo do qual resultarao maior amor e entusiasmo pelo Catolicismo.

2) O zelo proselitista das Testemunhas e dos mensageiros das novas «urentes religiosas é também urna interpelado dirigida aos católicos, para que renovem seu ardor missionário, segundo os dizeres da encíclica Redemptoris Missio, apresentada em PR 350/1991, pp. 290-303. Já o Senhor Jesús observava, no Evangelho, que os filhos deste século sao mais perspicazes do

que os filhos da luz (cf. Le 16,8); a causa do Bem parece atrair menos do

que a do mal. Nao seja assim! Aos fiéis católicos toca a responsabilidade, perante os seus semelhantes, de viver e traduzir com lucidez a mensagem do Evangelho, tornando-a conhecida a muitos irmaos. O mundo de hoje, mais do que nunca desorientado por diversas propostas de vida, procura sequiosa-

mente urna direcao sólida e segura, que somente Jesús Cristo, vivo na sua única Igreja, pode transmitir cabalmente. Nao é lícito aos católicos enterrar

esse patrimonio ou deixá-lo emudecido. Os sinais dos tempos falam. Felizes aqueles que sabem compreender a sua mensagem! • * *

CARO LEITÓR, QUANTAS VEZES NAO SE TEM DIFICULDADE PARA

ESCOLHER UM PRESENTE DE NATAL QUE NAO SEJA LEMBRANCA EFÉMERA, MAS TENHA SIGNIFICADO DURADOURO!?

CERTAMENTE A ASSINATURA DE UMA REVISTA DE CULTURA ENTREGUE TODOS OS MESES AOS SEUS AMI

GOS FARÁ DO SEU PRESENTE DE NATAL UM TESTEMUNHO DE AMIZADE DOZE VEZES REAFIRMADO.

A NOSSA REVISTA PR PROCURA OFERECER AOS SEUS LEITORES ELEMENTOS QUE OS AJUDEM A REFLE-

TIR EM MEIO AO TURBILHAO DAS ID Él AS DE HOJE. PODE, POIS, TORNARSE UM PRESENTE ÚTIL E DURA DOURO PARA OS SEUS AMIGOS. 562

Os "Amigos de Jeová":

Quem Pode ser Participante da Refeigáo Noturna do Senhor?" Em síntese: Vai abaixo transcrito mais um depoimento de ex-Testemunha de Jjovd discordante dos difames da Organizac&o. * * *

As Testemunhas de Jeová ensinam que em breve Cristo voltará á Térra e instaurará um reino de mil anos de bem-estar e paz em nosso planeta.

Quando Ele vier, 144.000 ditos "ungidos" serlo arrebatados aos céus e gozarao de grande felicidade, uo passo que as demais Testemunhas ("a multidao, a massa") ficaráo na Térra, contemplando de longe a bem-aventuranca celestial.

Esta doutrina tem provocado prostestos da parte de algumas Testemu nhas por causa da discriminacso arbitraria que propoe. Entre esses protestos está o que vai, a seguir, publicado, de autor anónimo, que se agregou á facpao dos "Amigos de Jeová", dissidente das Testemunhas. Tal autor aponta

o fato de que apenas 0,1% das Testemunhas seguem a ordem, de Jesús, de participar da sua Refeicao Nocurna (Ceia do Senhor). — E por qué? — Por que estao sufocados pelos líderes da Organizacao e nao acreditam realmente em todas as proposicoes que estes ensinam.

Eiso texto em pauta.

"QUEM PODE SER PARTICIPANTE DA

REFEICÁO NOTURNA DO SENHOR?"

"No dia 30 de Marco de 1991, cerca de 10.000.000 de pessoas sentarse-ao nos Saldes do Reino do mundo todo, para ouvir o discurso sobre a Re feicao Noturna do Senhor e observarao os emblemas do pao e vinho passar em torno de si.

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

O que há de tao peculiar nessa observancia? A irania da questao con siste no fato que apenas 8.869 pessoas tomaram do pao e do vinho em 1990 (A Sentírtela de 01/01/91, pág. 21), da forma como Jesús ordenou em Mateus 26:26-27 e Joao 6:53-54. Deduz-se, pois, que apenas pouco mais de

0,1% das pessoas foram obedientes ao mandamento de Jesús. Por que as Tes-

temunhas de Jeová se mostram tao diligentes em acatar os principios orde nados por seus superiores e, ao contrario, tao desobedientes ao mandamento de Jesús sobre essa observancia? (Em 1990, 9.941.189 pessoas desobedeceram a esse mandamento). A resposta está no entendimento que elas obtém

da Biblia.

Deus tencionou que todos os filhos lessem a Sua Palavra e procurassem entendimento por meio de dois caminhos: 1) por meio de sua mente

(Romanos 12:2), e 2) dailuminacao do Espirito Santo (1 Corintios 2:13-14). Para se entender a Palavra de Deus, é necessário ter-se acurada fonte de informacoes sobre a própria Biblia: a cultura contemporánea, a linguagem do texto, o contexto das passagens, etc. Os eruditos de grego e hebraico, bem como as Universidades, podem fornecer tais informacóes para serem exami nadas por todos. Entretanto, isto nao é suficiente. Muitos eruditos, a despeito do conhecimento dos fatos, estao carentes da sabedoria divina. Eles nao perceberam ainda que apenas parte da sabedoria pode ser obtida através do intelecto. O apostólo Paulo disse que a sabedoria deste mundo (conhecimen to sem discernimento espiritual) é tolice perante Deus (1 Corintios 3:19). O que mais é necossário? O mesmo que foi necessário para os apostó

los e discípulos, entenderemos propósitos de Deus no primeiro sáculo: o Es pirito Santo. Isto nao aconteceu até que o Espirito Santo foi dado no dia de Pentecostés, e entao: 1) eles entenderam as verdadeiras boas novas (1 Corintios 15:1,8); 2) eles entenderam a identidade de Jesús (Jólo 1:1); 3) conheceram o que era o reino e como pregar acerca do reino (Atos 1:6-

8); e 4) puderam discernir as profundezas das coisas de Deus (1 Corintios

2:6-16). Joao falou acerca da importancia do Espirito Santo:

E, quanto a vas, a uncáo que recebeste dele permanece em vos, e nao necessitais de que alguém vos ensine; mas, como a uncáo da pane dele vos ensina todas as coisas, e é verdadeira e nao é mentira, e assim como vos tem ensinado, permanecei em uniSo com ele, (1 Joño 2:27),

O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová em Nova York ensina que somente 144.000 podem receber a uncao do Espirito Santo, e participar

de um relacionamento intimo com Jeová Deus e Jesús Cristo. Todos os demais - 99,88% daqueles que atendem á celebracáb do Memorial - precisam vigiar e aguardar o fim dos mil anos do reinado de Cristo para terem garantia do favor de Deus. É isto que Deus tencíonava?

OS "AMIGOS DE JEOVÁ"

37

Jesús disse a Nicodemos, um fariseu treinado na Palavra de Deus desde a sua mocidade: Digo-te em toda a verdade: A menos que alguém nasca de novo, nao pode ver o reino de Deus, e continuou: Eu te digo em toda a

verdade: A menos que alguém nasca de agua e espirito, nao pode entrar no reino de Deus; e finalmene disse: Nao te maravilhes por eu te dizer: Vos ten-

des de nascer de novo (Joao 3:3,5,7).

Da forma como Jesús repreendeu os fariseus por impedir que o povo comum entrasse no reino dos céus com eles (Mateus 23:13), assim também

Ele preveniu o povo em relagáo aqueles que nos últimos dias poderiam ter urna forma de devocao piedosa, mostrando-se, porém, falsos para com o seu poder (2 Timoteo 3:5). Que poder eles negariam? O poder do Espirito Santo, é claro. Ao mesmo tempo que clamariam a crenca no Espirito Santo como forga ativa de Deus, eles negariam a necessidade de nascer do Espi'rito e de tomar a comunhao, com partí Ihando assim de um relacionamento pessoal com Cristo. Jesús disse em Joao 6:53-54: Digo-vos em toda a verdade: A menos que comáis a carne do Filho do homem e bebáis o seu sangue, nao

tendes vida em vos mesmos. Quem se alimenta de minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna, e eu o hei de ressuscitar no último dia. Como é possivel que grande parte das Testemunhas de Jeová nao percebe isso? Isso só pode acontecer por meio de fraude engenhosa e manipulacao da Palavra de Deus. O Escravo Fiel e Discreto, que é representado pelo Corpo Govemante, é estabelecido e comprovado como a autoridade máxima da Sociedade Torre de Vigia. Como é que isso pode ser assim? A Torre de Vigia reivindica tal autoridade baseando-se em sua provisao do alimento espiritual rtotempo apropriado, extraído da Biblia para suas ovelhas. A mesmacoisa

dizem os mórmons, os Meninos de Deus, os moonistas, etc. Todos eles usam a Biblia, todos eles podem reivindicar que Mateus 24:45 se aplica a eles, mas será que eles entertdem a Biblia no contexto? Consideremos o seguinte: Quem sao os 144.000 e a grande multidáo?

Este número só é mencionado duas vezes na Biblia, ambas no livro de Revelacao. O tempo é durante a grande tribulagao, e o corpo inteiro de cristáos do mundo já foi arrebatado da cena (I Tessalonicenses 4:16-17). Jeová agora está tratando com a nacao de Israel. Ele segura os ventos fináis da tribulagao, enquanto seleciona 144.000, judeus — 12.000 tirados de cada tribo de Israel, para um propósito especial. Eles sao as primicias da ceifa da tribulacao. Enquanto eles estao na térra pregando, a grande multidáo está no cáu! (Revelacao 7:14-15). Os 144.000 judeus pregam o evangelho na térra

durante o tempo restante (Revelacao 14:6-7) e aparentemente muitos se convertem. Muitos deles sao martirizados e se tornam parte desta grande

multidáo que aguarda a vitória dos céus. Eles possuem vestes brancas e sao vistos sob o altar de Deus no céu, dizendo: Até quando. Soberano Senhor,

38

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

santo e verdadeiro, abster-te-ás de julgar e vingar o nosso sangue dos que mo ram na térra? Entao é dito: E a cada um deles foi dada urna comprida veste branca; e foi-lhes dito que descansassem mais um pouco, até que se completasse também o número dos seus co-escravos e dos seus irmaos, que estavam para ser mortos assim como eles também tinham sido {Revelacáo 6:10-11). Todos esses tres grupos — a igreja no céu, os 144.000 e a grande multídáb - serao unidos no céu no final da tribu lapso, e entao eles todos deseerao á térra, para viver no paraíso da térra por mil anos (Revelacáo 21:1,4). O Corpo Governante tem ensinado que so 144.000 deveriam nascer de novo e unirse a Cristo. Esses compoem a classe ungida e sao representa

dos pelos 13 homens de Brooklyn, em Nova York. Eles nao apenas tem re presentado erróneamente o plano de Deus, mas também tém reivindicado serem os únicos que créem no parai'so terrestre. Mais grave aínda é que, por meio de suas astutas interpretacoes, eles tém impedido que milhóes de pessoas nascam de novo e caminhem na luz do Espirito Santo. Vocé confiaría sua salvacao a um grupo de homens idosos em Nova York? Se esse artigo

tem levado vocé a repensar na sua situacao, sinta-se á vontade para entrar em contato conosco para mais informacoes, sem compromisso.

Eu sou o pao da vida. Vossos antepassados comeram o maná no ermo, e, nao obstante, morreram. Este é o pao que desee do céu, para que qualquer um posta comer dele e nao morrer. Eu sou o pao vivo que desceu do céu; sa alguóm comer deste pao, vivera para sempre; e, de fato, o pao que eu

hei de dar, é a minha carne a favor da vida do mundo (Joáo 6:48-51)". * * *

Como se vé, as Testemunhas de Jeová, que já sao urna dissidéncia de muitas outras dissidéncias, cindem-se, por sua vez, dando origem aos "Ami

gos de Jeová". É a isso que leva o subjetivismo na interpretacao das Sagradas Escrituras. Cristo confiou-as á sua Igreja, fundamentada sobre Pedro, Kepha, a Rocha.

566

Nova "ciencia" nascida no Brasil:

A Projeciologia

Em sfntese: A Projeciologia ensina que o espirito do homem pode sair do corpo e projetar-se no astral, de modo a perceber as diversas dimensdes da realidade e fazer contatos com entidades desencarnadas, ora mais, ora menos

evolufdas. Professa também a reencarnacao. É, portanto, urnaforma de Espiri

tismo. Alias, o seu próprio fundador, Dr. Waldo Vieira, refere ter recebidoformacáo kardecista. A propósito pódese observar que o ser humano nao é um espirito angéli co encarnado apenas para se aperfeícoar ou para se purificar de suasfaltas, mas é um ser naturalmente psicossomático: é corpo (material) e alma (espiri tual), de tal modo que o corpo sem alma nño vive e a alma sem corpo neste mundo nao existe. A tese da reencarnacao égratuita ou destituida depravas. Os fenómenos de conhecimento mediúnico ou espirita sao cabalmente explicados pela Parapsicología; esta ensina que o psiquismo humano é sujeito á sugestáo, a qual pode desencadear percepcdo extra-sensorial e, de modo geral, ofuncionamento paranormal da pessoa. O recurso á Parapsicología dispensa explica

res fantasiosas mediante viagens ao astral, contato com entidades desencama das, experiencias de túnel ejardim ameno no além... * * *

O Brasil é a segunda patria do Espiritismo, que vai dando novase no vas expressoes de si mesmo. Entre as mais recentes, está a chamada "Proje ciologia", que tem por fundador o Dr. Waldo Vieira, autor do livro "Proje

ciologia", com mais de 900 páginas. Diz-se que há dois exemplares dessa obra na estacao brasileira de pesquisas científicas na Antártida e que "alguns pesquisadores ali baseados procuram alivio para a solidao dos longos diase noites do Polo Su I, visitando suas familias através de viagens astrais" (Revis ta "Ano Zero" n? 1,p. 40).

Os adeptos da Projeciologia afirmam que se trata de urna ciencia. Exa minemos as suas proposicoes, baseando-nos na entrevista concedida pelo

Dr. Waldo Vieira ao repórter Marcos Guttmann, da revista "Ano Zero" e publicada no n? 1, pp. 40-43, da mesma. fifi?

40

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

1. Projeciologia: principáis linhas A Projeciologia é definida como "a projecao consciente" ou como "urna experiencia extracorpórea", também chamada "desdobramento lúci do, viagem astral, projecao astral, O.B.E. (out-of-the-body-experience)". Esse tipo de experiencia favorece um autoconhecimento profundo, segun do dizem. Tal teoría supoe que o ser humano seja um espirito encarnado, capaz

de sair do seu corpo e vaguear pelo espaco.1 Desencarnado pela morte, o es pirito sobrevive em outros mundos, na procura de aperfeicoamento crescente e guiado por outros espíritos ainda mais iluminados; dentre estes desta-

cam-se os "serenóes", tidos como "seres desenvolvidi'ssimos, tranquilos e despojados de dogmas religiosos, identidades nacionalistas, doutrinacoes...; tém aparéncia de beatitude dinámica, principalmente no amor universal, na ajuda impessoal ao próximo" (p. 43). As viagens pelo astral permitem penetrar "nos lugares mais surpreendentes, como outros planetas e outras dimensoes; propiciam "contato com

toda sorte de entidades, algumas ainda mergulhadas na ignorancia, parecendo foragidas de filmes de ficcao científica, normalmente doentias e trauma tizadas por experiencias violentas vividas na vida física" (p. 43).

Segundo Waldo Vieira,. "havia gente saindo do corpo há muito mais de dois milenios, como está registrado na Biblia" (p. 43).

Mais: diz o entrevistado que todas as pessoas tém capacidade de se projetar fora do corpo: 89% o fazem inconscientemente, pois "quase todo mundo sai do corpo enquanto dorme". Dos restantes 11%, acontece que 9,8% realizam projecoes sem¡conscientes ou "o sonho lúcido", e 1,2% efetuam "projecoes totalmente lúcidas ou conscientes" (p. 43).

1

Sao patavras de Waldo Vieira: "O homem se compóe de varias carnadas superpostas de energía chamadas 'corpos". O corpo físico é a carnada percebida pelos sentidos físicos, o que nao impede a deteccáo das dentáis através de varios processos. A sede da individualidade, da inteligencia, encontrase no corpofísico guando todas as camadas estáo em coincidencia, isto é, quando a pessoa está acordada. Como o sonó é como se o corpo ügasse o piloto automático dasJuncSes autónomas, e a sede do eu, juntamente com as outras carnadas, sai do corpo físico... O que pode

ocorrer, é que a pessoa, de repente, se ache botando pelo quarto, como um ba¡ño, ot* observando o seu próprio corpo adormecido" (p.41). 568

PROJECIOLOGIA

41

O espirito que sai do corpo, poderia "penetrar em lugares estratégicos em busca de segredos militares ou industriáis, espionar a vida alheia, procu rar meios que permitam o enriquecimento rápido, como descobrir informacoes confidenciais no mundo dos negocios da bolsa de valores, etc. Feliz mente as sat'das do corpo sao monitoradas por espíritos iluminados. Eles nos

ajudam a compreender a transitoriedade das coisas terrenas" (p. 42).

A sai'da do corpo, segundo dizem, ocorre também com os espt'ritos de pessoas moribundas, em fase de quase-morte. Waldo Vieira alude a depoimentos de pessoas que estiveram em coma profundo e finalmente voltaram ao seu estado lúcido; "enquanto os médicos constatavam a morte el mica, elas empreendiam a grande viagem, desta vez com bilhete de ida-e-volta, e, ao regressar, relataram o extraordinario vóo de consciéncia, urna intensidade de sensacóes jamáis experimentadas em vida: flutuacáo fora do corpo, falta de gravidade, sensacáo de grande paz, percepcao do todo, urna ¡mensa luz á sai'da de urna especie de túnel, consciéncia de que um 'Ser de Luz' os ajudara na transicao a outro planeta de existencia, contemplacao da vida passada, saber absoluto e total..." (reportagem de Isabela Herranz, no artigo "Urna luz no fim do túnel", "Ano Zero", (n? 1. p. 53). Quem retorna de urna viagem feita em estado de quase-morte, goza de percepcao mais ampia, grande paz e amor, que perfazem "o paraíso aqui e agora" (p. 55).

Há quem julgue que a própria Biblia apresenta casos de projepao cons ciente para fora do corpo. Tal seria o de Ezequiel, "cuja consciéncia foi le vantada ou extraída do corpo humano e transportada por um espirito (o amparador) a outro lugar (cf. Ez3,14); também seria o caso de S. Joao men cionado em Ap 3,15; 1,1 Os; 4,2 e o de Sao Paulo referido em 2Cor 12,2. Sao estas as principáis linhas da doutrina e da mensagem da Projeciologia. Tém despertado o interesse de muitas pessoas, impressionadas pelas maravilhas que sao assim apresentadas. Impóe-se urna reflexSo a respeito.

2. Que dizer? Proporemos tres títulos de comentarios. 2.1. Antropología

A premissa básica de toda a Projeciologia é o seu conceito de ser hu mano: segundo tal teoría, este seria um espirito encarnado para se purificar de suas imperfeicoes e chamado a viver desencarnado, desde que tenha concluido a sua evolucao espiritual. SPfl

42

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991 Ora tal nopao nao resiste a um exame atento. Com efeito; verifica-se

que o ser humano é uno; nada há nele que nao seja psicossomático, ou seja,

o resultado da uniao e colaborapao de corpo (materia) e alma (espi'ríto). Embora corpo e alma sejam realidades distintas urna da outra (como o sao materia e espirito), essas duas realidades existem para se completar mutua mente, de tal modo que o corpo só existe e vive quando vivificado pela al ma espiritual e esta (na vida presente) existe para se aperfeipoar (em seu conhecimento, em suas volipSes e em seus afetos) mediante o corpo. A separapao de corpo e alma acarreta a morte do corpo, ao passo que a alma humana sobrevive (mesmo sem corpo) porque é espiritual e, conseqüentemente.

¡mortal.1 Nao se deve conceber a alma humana como se fosse um anjo, cuja

índole espiritual nada tem que ver com a materia; ao contrario, a alma hu mana é espiritual e ¡material, mas ela é criada para se aperfeipoar na materia e aperfeipoar a materia, embora possa subsistir sem a materia após a morte do individuo. Quem admite que a alma humana possa sair do corpo, "viajar" pelo es papo e retornar ao corpo, admite que o homem possa morrer e reviver tantas vezes quantas tais viagens acontecem. Ora isto é fantasioso e falso. Urna pessoa adormecida é urna pessoa viva, que se remexe enquanto dorme e que ela bora o enredo de seus sonhos mediante o funcionamento do inconsciente e

do cerebro (fantasia ou imaginapao).1

Além disto, é de notar o seguinte: urna pessoa que está em coma pro fundo, nao está morta; por isto continua animada ou vivificada por sua alma espiritual; esta, porém, nao se manifesta, porque o corpo está tesado e impe dido de servir de instrumento á alma espiritual. Nao se diga, portanto, que a alma sai do corpo e vagueia pelo espapo, enquanto o corpo permanece em coma ou sob tratamento de "reanimapáo".

Os relatos de pessoas que, tendo voltado do coma, contaram suas via gens espaciáis (travessia de túnel, entrada em jardim iluminado, encontró i

Todo ser espiritual é ¡mortal, porque nao tem partes e, conseqüente mente, nao se decompóe. Z

A concepgño aristotéUco-tomista. patrocinada pelo magisterio da Igreja Católica (ver Código de Direito Canónico, canon 252, § 3-), professa que o

homem consta de corpo e alma (principio vital). Esta ¿ ¿nica em cada individuo; é espiritual, mas responde por todas asfitncóes da pessoa: vegetativas (orgáni

cas), sensitivas (orgánicas) e intelectivas (nao orgánicas). Asfuncdes intelecti

vas sSo de índole espiritual, mas dependan do cerebro, que é a sede central da vida orgánica (vegetativa e sensitiva). Por isto, quando alguém sonha, a sua al ma (principio vital) é o sujeito do sonho mediante as/acuidades da memoria sensitiva e da imaginacáo, que tem sede no cerebro. 570

PROJECIOLOGIA

43

com parentes e amigos...), sao produto da imaginapao; correspondem ao

que os homens ocidentais geralmente concebem a respeito do além: belo parque, flores, agua, luz, amigos...; ¡sto tudo, em suma, nao seria mais do que a reedipao revista e ampliada do conceito de felicidade ou paraíso que os ocidentais costumam ter. Nada prova que haja realmente um mundo to pográfico no além.

Quanto á reencarnado, é outra concepcao destitui'da de provas ou gratuitamente professada. Nenhum ser humano normal se lembra de quantas encarnapoes teve e do que foi em cada urna délas. Os relatos de vida pregressa obtidos em estado de transe hipnótico nao sao mais do que a associacao de imagens, impressoes e conceppóes colhidas na vida presente; tal é a conclusao a quem tém chegado os estudiosos que analisam tais relatos. Em sonó hipnótico e em transe, a pessoa deixa o seu inconsciente funcionar livremente, de modo que vém á tona quadros e impressoes armazenadas nesse in consciente desde que o individuo abre os olhos e os ouvidos. A apresentacao livre e fantasiosa desses elementos guardados no inconsciente é tao beni con catenada que parece ser o enredo de urna existencia anterior; tal ¡mpressao. porém, nao resiste a urna investigapao cn'tica.

2.2. A Biblia registra...?

Quanto a dizer que a Biblia registra casos de viagens do espirito fora do corpo, é algo de totalmente gratuito.

Examinemos cada um dos textos citados como testemunhos de proje-

pao consciente.

Ez 3,14s: "O espirito me tomou e me arrebatou e andei decidido e

excitado, enquanto a mao de Javé me empurrava. Cheguei aos deportados de Telabib..."

O texto de Ezequiel há de ser entendido á luz do estilo adotado pelo Profeta: é cheio de imagens, visees, símbolos..., que nao podem ser tomados ao pé da letra. Em 3.14s, Ezequiel quer dizer que esteve presente aos exila dos de Judá na Babilonia: imagina entao urna viagem até aquela regiao por obra do espirito e da mao de Javé. - Ora evidentemente Javé nao tem maos; dir-se-á, pois, que o arrebatamento por má"o de Javé nao passa de figura retó rica. De resto, os melhores comentadores professam ter dificuldade em inter pretar passagens do livro de Ezequiel, tao obscuro que por vezes é. Conse-

qüentemente a interpretacao dada pela Projeciologia aparece como algo de subjetivo e preconcebido.

571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 355/1991

2Cor 12,2: "Conheco um homam em Cristo que, há quatorze anos, fo¡ arrebatado ao terceiro céu - se em corpo, nao tei; te fora do corpo, nao $e¡; Deus o sabe".

0 Apostólo se refere a um de seus éxtases, ou seja, a urna graca de intuicáo profunda que teve... Tao profunda que Ihe parecía ser um rapto para o alto. Esse rapto, porém, é figura de linguagem^omo é a referencia ao ter ceiro céu (= ao mais alto dos céus); tal modo de falar supoe a térra cercada de esferas concéntricas, das quais a mais elevada seria o chamado "terceiro

céu". Desta locuelo nada se pode deduzir em favor da Projeciologia. O fato de dizer o Apostólo que nao sabe se foi arrebatado no corpo ou fora do cor po explica-se pelo uso de urna expressao popular, fantasiosa, que Sao Paulo nao tenciona apresentar como profissao de fé dogmática. Também quem sonha, pode ter a impressao de ter viajado fora do corpo, quando na verdade nao há separacfo de corpo e alma; logo que urna pessoa adormecida é des pertada repentinamente, ela reage com a sua constituicao psicossomática ¡nteira. "Ap 1, 10: "No dia do Senhor fui movido pelo Espirito, eouvi atrás de mim urna voz forte".

Sao Joao também se refere a urna visao que teve. Dá-se o nome de éxtase ao estado de alma dos visionarios como se a respectiva alma estivene

ou sai'sse fora do corpo (ex = fora; stásis= estado). Dada a impossibilidade de separacao de corpo e alma sem que haja morte do individuo, entenda-se éxtase como expressao de um modo subjetivo e pré-cienti'fico de formular a realidade.

Em Ap 4,2 lé-se algo de semelhante: "Fui ¡mediatamente movido pelo Espi'rito". Tal locucao há de ser entendida no sentido da anterior. Um episodio que aínda se poderia aproximar de tal teoría éoda pitoni

sa1 de Endor: solicitada pelo reí Saúl, terá feito "baixar" o espirito de Samuel (cf. ISm 28,3-25). Todavía quem lé o texto bíblico, verifica que a própria pi tonisa se assustou e "soltou um grito medonho" quando viu o espectro de Saúl aparecer (ISm 28, 12); tratava-se de um fenómeno extraordinario, in sólito. Na verdade, nenhuma arte mediúntca é apta a fazer "baixar" os mortos; nao há comunicacao do aquém com o além mediante encantamentos

i

Pitonisa é a mulher que, pretensamente inspirada pelo deus Pitón (deus dos oráculos, segundo a mitología grega), transmite sentengas do além ou faz o papel de médium.

PROJECIOLOGIA

45

humanos. No caso de Saúl, Deus quis permitir que, por ocasiao (nao por causa) da evocacao feita pela pitonisa, Samuel transmítase a Saúl a impor tante noticia de que no dia seguinte estaría morto e, portanto, se devia pre parar para tanto. Tal permissSo de Deus foi gratuita; nao pode ser provoca da, de modo que nao é licito recorrer a 1Sm 28,3-25 para tentar fundamen tar a evocacáo dos mortos e a "descida" dos mesmos até a térra. 2.3. Observacáb final Os fenómenos extraordinarios (pré-cognicao. telepatía, clarividencia...) que Waldo Vieira atribui á Projecíologia, explicam-se simplesmente pela combinacao de duas funcóes do psiquismo ou da alma humana existente no corpo: a sugestáo e a percepcao extra-sensorial. Com efeito; quem acre dita que pode viajar pelo espago, sugestiona-se ou deixa-se sugestionar e, conseqüentemente, suscita em si a sensacao de estar saindo do corpo e va gueando pelos ares; se é urna pessoa "sensitiva" ou dotada de boa paranormalidade, exercerá a percepcao extra-sensorial, ou seja, perceberá coisas que nao perceberia se nao fosse estimulada pela sugestáo; tal percepcao pode ser fiel ou verídica, de modo que cause surpresa e provoque expltcacoes fan tasiosas. Estas, porém, crívadas pela reflexao serena e lógica, se desfazem. A pesquisa do psiquismo humano e da sua amplidao paranormal ( = ao lado

do funcionamiento normal) mostra que nao é preciso admitir "viagens" espa ciáis para explicar o que possa haver de ven'dico e auténtico nos relatos de pessoas influenciadas pela Projeciologia; o próprio psiquismo humano dilata do por influencia de certos fatores (entre os quais a sugestáo) é capaz de apreender verdades que em estado normal nao seriam apreendidas.

É de notar outrossim que o ser humano é espontáneamente propenso a devassar o além, procurando respostas para indagacoes que a ciencia e a razá*o nao Ihe fornecem. Por isto tem deixado, e continuará a deixar (talvez inconscientemente), que a ¡maginacao funcione, arquitetando pseudo-respostas, que podem ter o efeito de surpreender e maravilhar ou de reconfortar provisoriamente enquanto nao sao submetidas ao crivo da lógica.

Assim a Projeciologia aparece como maís urna tentativa de satisfazer aos anseios, do homem, de conhecer o além e sair da ratina do cotidiano.

Contudo nao logra seu intento, pois permite que a fantasía e as emocoes se exercitem sem o controle da razio e de sadio senso crítico. - A fé crista tem sua resposta para o justo desejo de saber qual a sorte final do homem, resposta que foi sumariamente explanada em PR 353/1991, pp. 434-447.

573

Um depoimentó significativo:

Boris Yeltsin e a Religiáo

O líder russo Boris Yeltsin, eleito presidente da Rússia aos 12/06/91 por sufragio universal, concedeu urna entrevista ao jornal Izvestia, naquela época órgao do Soviete Supremo, entrevista na qual abordou, entre outras coisas, a questao religiosa. Precisamente este segmento das suas declaracoes

vai, a seguir, reproduzido em traducao portuguesa.1 Izvestia: "Nos últimos tempos tornou-se freqüente ver personalidades do Governo e da poh'tica assistir a cerímónias religiosas transmitidas pela

televisao. Ao observar isto, tanto os ateus quanto os homens religiosos indagam: Com que finalidade, e por qual motivo, alguns dirigentes, entre os quais Yeltsin, se vóltam para Deus?" Yeltsin: "Vou falar do que me diz respeito. Antes do mais, recebi o Batismo. Meu nome e minha data de nascimento, como de praxe, estao

consignados no Registro de Batizados. Meu avó e minha avó eram pessoas de fé. Assim também foram meu pai e minha mae até deixarmos a zona

rural para vir para a cidade. A seguir, recebi na escola e na Universidade

urna formacao desmedidamente ideologizada; constantemente ouvi, lie — por que o ocultar? - experimentei e compartíIhei as mais injuriosas opinióes sobre a Igreja e a religiao. Tal educacao vem a ser urna pesada falha e grave injustipa. Como também é falha e ¡njustipa a divisao da sociedade em crentes e nao crentes. Por isto também hoje em dia tal divisao vai-se apagan do aos poucos.

Dito isto, dedico o maior respeito á Igreja Ortodoxa, á sua historia, á sua contribuicao para a vida espiritual russa, á sua Moral, á sua tradipao de

misericordia e beneficencia. Em nossos dias o papel da Igreja se intensifica nesses setores. E nosso dever é restaurar os direitos da Igreja. Nao é raro en1

Utilizamos o texto francés desse depoimento, publicado em LA DOCUMENTATION CATHOLIQUE ri¡ 2003 (4-18/08/1991), p. 763.

BORIS YELTSIN E A REUGIÁO

47

contrarmos o Patriarca e outros ministros do culto. Quando me encontró numa igreja, tomo urna vela ñas maos. Um oficio religioso que dure quatro horas nao me cansa. Nem a mim nem á minha esposa. E muitas vezes, quan do saio de urna igreja, julgo que algo de novo, de luminoso, entrou em mim.

Apesar de tudo, nao consigo fazer o sinal da Cruz em público. Há qualquer coisa que me impede. Para dizer a verdade, o que acontece é que nao se deve ter fé pela metade. De modo geral, o processo de conversao é um trabalho de alma, um trabalho que prossegue e que nao é mais fácil do

que a revisáo do totalitarismo".

Izvestia: "0 Sr. que outrora foi um membro influente do Partido, nao se senté culpado hoje. diante do povo, por aquilo que aconteceu?"

Yeltsin: "É obvio que sim, experimento tal sentimento". (Izvestia, 23 de maio de 1991)

COMENTANDO.. . O texto é muito importante a dois títulos: 1) Poe em relevo o que é o homo sovieticus. Com efeito; diz-se que atualmente, além do homo faber, homo sapiens, homo ludicus, homo beconomicus..., os cientistas podem falar do homo sovieticus: aquele que foi for mado segundo urna ideología atéia e materialista em grau extremo; tornou-se súdito de um Governo totalitario, que pensava por seus subalternos, dispensandoos de tomar iniciativas e ser eles mesmos. Acontece, porém, que a má

quina do sistema implodiu e os cidadáos querem recuperar sua identidade, mas encontram dificuldades, pois estSo acostumados a um tipo de vida ultrapassado: Boris Yeltsin sente-se bem numa igreja, mas nao ousa persignarse em público; a recuperacao da identidade é tao difícil quanto o alijamento do totalitarismo, . . . ao menos quanto o alijamento do totalitarismo parecía ser á primeira vista (pois surpreendentemente ele desmoronou com muita rapi dez).

2) O líder russo reconhece que a Igreja foi vítima de injusticas e mere ce atualmente que se Ihe devolvam seus direitos. Ela contribuiu, e poderá continuar a contribuir, para formar e enriquecer o patrimonio cultural, mo

ral e místico do povo russo. É chegado o momento de reconstruir o que de cenios de sufocacao governamental destruiram na Rússia.

Possam os povos ocidentais refletir sobre a I i cao que tais acontecimentos e declaracoes transmitem! Mais urna vez verifica-se que "o homem foi feito para Deus e nao repousa enquanto nao se volta para Deus" (S. Agostinho).

575

Que dizer?

Medjugorje: Urna Declaragáo Oficial

Aos 10 de abril de 1991 os Bispos da lugoslávia emitiram o seguinte Comunicado: "Os membros da Conferencia Episcopal lugoslava, reunidos em sessao

ordinaria aos 9,10 e 11 de abril, em Zadar, concordan) em formular e declaracáo seguinte:

Desde o inicio, os Bispos acompanharam os acontecimentos de Med jugorje mediante o Bispo Diocesano, a Comissáo Diocesana e o Comité nomeado para tal fim pela Conferencia Episcopal lugoslava. Na base das investigacoes realizadas até agora, nao é possfvel afirmar que se trate de aparicóes ou de revelacóes sobrenatural. Nao obstante, a presenca muito macica de fiáis, que, movidos por razoes de fé ou por outros motivos, vao a Medjugor je, procedentes de todas as partes do mundo, exige a atencao e a solicitude pastoral do Bispo Diocesano em primeiro lugar, mas também dos outros Bis pos, a fim de que em Medjugorje se promova urna sadia devocao á Virgem María, de acordó com o ensinamento da Igreja. Em vista disto, os Bispos bai-

xarao também diretrizes litúrgicas e pastorais oportunas. Ao mesmo tempo, continuarao, através das suas ComissSes, a acompanhar e examinar os acon

tecimentos de Medjugorje em seu conjunto". (Texto traduzido do francés como foi publicado em LA DOCUMENTATION CATHOLIQUE rfi2003. (4-18/08/1091), p. 763.

Como se vé, a Igreja ainda mantém silencio sobre a autenticidade das aparlcoes de Medjugorje, pois nao tem elementos suficientemente lúcidos para os avaliar; mas quer aproveitar o afluxo de fiéis áquele lugar, transfor mado em santuario, para oferecer ao povo de Deus urna genui'na devocao a María. Muítas pessoas ali tém reencontrado ou afervorado sua fé, de modo que a Igreja se vé impelida a vigiar pela autenticidade da devocáo a María em Medjugorje, tragando as linhas que possam entreter e alimentar, no melhor sentido, a piedade dos fiéis.

Estévao Bettencourt O.S.B. 576

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índice Getal de 1991 57/

ÍNDICE (os números á dimita indieam, respectivamente, fascículo, ano de edicáo e página)

ABORTO — (onte de lucro

349/1991, p. 277;

e inicio da vida humana conseqüénclas psicológicas

ADÁO NO NOVO TESTAMENTO ACÁO DE GRACAS APÓS A COMUNHÁO

346/1991, p. 98; 350/1991, p. 328.

355/1991, p. 538. 348/1991, p. 256.

AIDS: curado? solucáopara ALBANIA: carta clandestina ALMA HUMANA: principio vital

348/1991, 352/1991, 345/1991, 347/1991,

p. 276; p. 363. p. 90. p. 151

AMOR HUMANO E DESVÍOS

345/1991, p.

AMÉRICA: 5a Centenario da Evangelizado 355/1991, p. 543. "AMIGOS DE JEOVÁ": dissidentes das Testemunhas . 355/1991, p. 563. "A MISSÁO DO REDENTOR", de Joáo Paulo II .... 350/1991, p. 290.

ANDRÓGINO E TEOLOGÍA FEMINISTA

64.

349/1991, p. 245.

ANGLICANISMO E CATOLICISMO: CONVERSÓES . . 354/1991. p. 527.

ANTIGO TESTAMENTO — palavra e culto ANTIINTELECTUALISMO E RELATIVISMO ANTROPOLOGÍA DA TEOLOGÍA FEMINISTA

APROPRIAQÓES TRINITARIAS

348/1991. p. 244. 344/1991. p. 29. 349/1991. p. 249.

344/1991. p. 21.

B

BÍBLIA E MULHER

354/1991, p. 504;

BITANTAS. PAVEL PE.. NA SIBÉRIA BORIS YELTSIN E RELIGIÁO

347/1991, p. 169. 355/1991, p. 574.

"BRIDA", de Paulo Coelho BRUXARIA E MENTALIDADE MEDIEVAL

345/1991, p. 84. 354/1991, p. 496.

CAMELO E FUNDO DA AGULHA

349/1991, p. 261.

PROJECIOLOGIA

355/1991, p. 571.

CÁNONES HIBERNENSES E PENITENCIA TARIFADA 350/1991, p. 318.

578

CARTA DA ALBANIA

345/1991, p. 90.

CATÓLICO E MACÓN: incompatibilidad©

345/1991, p. 68.

"CENTESIMUS ANNUS". a nova Encíclica de Joáo Paulo II

352/1991, p. 338.

COELHO, PAULO: "BRIDA"

345/1991, p.

84

educacáo sexual

345/1991, p.

64

CEREBRO E INTELIGENCIA CEU: que ó?

347/1991. p. 153. 353/1991, p. 439.

COLONIZACÁO E EVANGELIZACÁO 355/1991, p. 543. COMA REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL 345/1991, p. 80. COMISSÁO ARQUIDIOCESANA P/ DOUTRINA DA FÉ:

COMUNHÁO EUCARÍSTICA E ACÁO DE GRAQAS . . 348/1991, p. 256. COMUTAgÓES DE PENITENCIAS 350/1991, p. 318.

CONCÍLIO VATICANO II: mudanca de doutrina? . . . . 352/1991, p. 372. CONTINENCIA PERIÓDICA OU LIMITACÁO NATURAL DA PROLE

352/1991. p. 368.

CONTROVERSIAS TRINITARIAS

344/1991, p.

DE JESÚS CRUZ: sinal do cristáo

351/1991. p. 368. 351/1991, p. 364

CUBA: aumento da fó

344/1991, p.

CONVERSÓES FAMOSAS CRUCIFIXÁO

11.

353/1991. p. 461. 351/1991. p. 367.

CULTO DIVINO E PALAVRA BÍBLICA DOS SANTOS

33.

348/1991. p. 252. 348/1991. p. 263.

DESMITIZACÁO E RESSURREICÁO DE JESÚS .... 351/1991, p. 357. DÍA DO SENHOR

346/1991. p. 120.

DIREITO DE ASSOCIACÁO E SINDICATOS DIVORCIO E B. HÁRING DOCETISMO E RESSURREICÁO <

351/1991, p. 345. 352/1991. p. 366 351/1991, p. 356.

ECOLOGÍA E NEW AGE

354/1991, p. 523.

DOMINGO: testa crista DOMINIAN, JACK, E AIDS DUALISMO OU DUALIDADE NO HOMEM

EDUCACÁO SEXUAL desvios EMBRIÁO E PRÉ-EMBRIÁO

ENCÍCLICA "REDEMPTORIS MISSIO"

579

346/1991, p. 119. 352/1991, p. 363. 347/1991, p. 147.

345/1991, p. 50. 346/1991, pp. 98 e 105. 350/1991. p. 290.

ENCÍCLICA -RERUM NOVARUM" ENCONTRÓ COM DEUS DEJOVENSEMMOSCOW—1990 ESCANDINÁVIA: o bem-estar que nao satisfaz ESCRITURA SAGRADA E DINAMISMO

ESPIRITO DE DEUS

351/1991, 353/1991, 347/1991. 349/1991, 347/1991,

p. 338. p.464. p. 190. p. 271. p. 182.

344/1991, p.

6.

SANTO — protagonista da missáo do Redentor . 350/1991, p. 295. ESPÓRTULAS "COLETIVAS" DE MISSA 353/1991, p. 486. ESTADO E CULTURA 352/1991, p. 345.

ETAPAS DA RECONCILIAQÁO SACRAMENTAL "ÉTICA BIOMÉDICA", por Sandro Spinsanti

EUCARISTÍA E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

EUTANASIA: lícita ou nao? NO BRASIL

EVANQELHO DE MARCOS — no ano 50?

. . . 350/1991. p. 310 350/1991. p. 329.

349/1991, p. 266. 350/1991, p. 330. 352/1991. p. 374. 354/1991. p. 482;

ETRADigAO

347/1991. p. 162.

DIVORCIADOS?" por Bemhard Haring

354/1991, p. 509.

"EXISTE SAÍDA PARA UMA PASTORAL DOS

FÁTIMA E CONVERSÁO DA RÚSSIA

346/1991, p. 137.

FESTACRISTÁ FIM DO CRISTIANISMO?

346/1991. p. 114. 344/1991. p. 28.

FÉREUGIOSA AUMENTA EM CUBA FEITICEIRAS E INQUISICAO

344/1991, p. 33. 354/1991. p. 495.

FRAGATA S.J.. Pe. JUUO perante a morte

348/1991. p. 273.

FRATERNIDADE NA PRISAO

347/1991. p. 187.

GRISA. PEDRO, E PODER DA MENTE GULAG — ESCOLA DE ECUMENISMO

346/1991. p. 127. 347/1991, p. 188.

H

HEDONISMO HOJE

344/1991, p. 29.

— queé?

347/1991, p. 146;

HOMEM — CAMINHO DA IGREJA

352/1991, p. 348;

580

HOMEM —quoé?

HOMOSSEXUAUSMO. segundo J. Dominian

355/1991, p. 569. 352/1991, p. 367

I

IDADE MEDIA E A MULHER

354/1991, p. 505;

PROGRESSO IDENTIDADE DE JESÚS IGNORANCIA RELIGIOSA

347/1991, p. 177. 347/1991, p. 162. 353/1991, p. 457.

INICIACÁO CRISTA E INICIAQÁO MAQÓNICA

345/1991, p. 69.

IGREJA "CLANDESTINA" NA TCHECOSLOVÁQUIA . 351/1991. p. 379; SECULARIZADA NA ESCANDINÁVIA 349/1991, p. 276. INCREDULIDADE E CONVERSÁO 353/1991, p. 457. INQUISICÁO MEDIEVAL: como entender?

354/1991, p. 495.

INSTINTO NO HOMEM E NO ANIMAL

INFRA-HUMANO

347/1991, p. 155.

"INTELIGENCIA" DOS ANIMÁIS

347/1991. p. 159.

INTELIGENCIA E INSTINTO

347/1991, p. 155.

INVENQÓES E DESCOBERTAS NA IDADE MEDIA . . 347/1991. p. 178. ISLA, CORRENTE RELIGIOSA QUE MAIS CRESCE

NO MUNDO

344/1991, p.

31.

ISRAEL E VATICANO "ISTO É MEU CORPO" — Mt 26.26

354/1991. p. 473. 349/1991. p. 266.

JEOVÁ OU JAVÉ?

344/1991. p.

JESÚS CRISTO: identidade na "Nova Era" JESUS'CRISTO REINTERPRETADO — aspecto físico

347/1991. 354/1991, 353/1991. 347/1991.

LEJEUNE, JERÓME E GENÉTICA

346/1991. p. 98.

"LEMBRA-TE..." — poema de Paulo VI

345/1991. p.

JESÚS CRISTO, ÚNICO SALVADOR

LESTE EUROPEU E SEGREDO DE FÁTIMA

581

p. p. p. p.

12. 162; 524. 450. 164.

350/1991, p. 292.

95.

346/1991. p. 137.

LIBERALISMO E COLETIVISMO NA ENC. "RERUM

NOVARUM" 351/1991. p. 342. "LIBERTE SEU PODER EXTRA", por Pedro A. Grisa . 346/1991. p. 127. LIMITACÁO DA NATALIDADE 345/1991, p. 55.

M

MAGIA E PAULO COELHO MAGISTERIO DA IGREJA: valor MARXISMO: queda no Leste Europeu

345/1991, p. 88. 352/1991. p. 371. 352/1991. p. 341

MARY DALY. Teóloga Feminista MASTURBAQÁO

349/1991. p. 247 352/1991. p. 368.

MATERIAL DIDÁTICO PARA EDUCAQÁO SEXUAL . . 345/1991, p. 64. "MATURIDADE SEXUAL. A SOLUCÁO PARA A AIDS". por Jack Dominian

MÉDICO E SACERDOTE NO HOSPITAL

MEDJUGORJE: declara?áo oficial MENTE PODEROSA "MILAGRE DO SOL": mal-entendido "1994..." UMA PROFECÍA?

"MISSÁO DO RENDENTOR, A": encíclica MISSAS "COMUNITARIAS": regulamentacáo

MISSÓES DIVINAS

"MÍSTICAS" NOVAS NO MUNDO OCIDENTAL MOISÉS NO NOVO TESTAMENTO MONTEOLIVA. J.M.. E SEXUALIDADE

MORTE. PENA DE: sim ou nao? MÚSICA-"ROCK"

352/1991, p. 363. 350/1991, p. 336.

355/1991, 346/1991. 349/1991, 344/1991.

p. 576. p. 128. p. 283. p. 22.

350/1991. p. 290. 353/1991, p. 466.

344/1991, p.

19.

.... 344/1991, p. 30. 355/1991, p. 539. 346/1991. p. 140.

352/1991. p. 360. 349/1991. p. 284.

N

"NEW AGE": que ó?

354/1991, p. 518.

NOVA ERA: que ó?

354/1991. p. 518.

NEOCATECUMENATO: aprova?áo papal NOVOSIBIRSKI E CATOLICISMO NOVO TESTAMENTO—PALAVRAE CULTO

"O DILEMA DA SEXUALIDADE". por José Marta

Monteoliva. S.J

582

347/1991. p. 183. 347/1991. p. 168. 348/1991, p. 248.

346/1991. p. 140.

"OECUMENA": solidariedade na prisáo OITAVO DÍA: domingo "O MARTELO DAS FEITICEIRAS"

347/1991, p. 187. 346/1991, p. 122 354/1991 p 495

OWEN. BOB E AIDS

348/1991 p 276

"ORACÁO DO CATEQUISTA" (Primo Vleira)

345/1991, p. 495.

PADRE NA SIBÉRIA

347/1991. p. 166

PALAVRA E CULTO

348/1991. p. 250. 348/1991. p. 253.

PADROADO DOS REÍS E IGREJA

355/1991, p. 543

PANTEÍSMO PAPA JOÁO PAULO II E O QUINTO CENTENARIO

DA AMÉRICA

346/1991. p. 134.

355/1991. p. 544.

PARTICIPANTE DA REFEICÁO NOTURNA DO SENHOR 355/1991. p. 563

PÁSCOA. O CERNE DA FESTA CRISTA

PASSAGEM PARA A VIDA DEFINITIVA PASTORAL DOS DIVORCIADOS PAULO COELHO: "BRIDA"

PECADO E RECONCILIAQÁO

PECADOS GRAVES E PECADOS LEVES

IRREMISSÍVEIS

346/1991. p. 117.

353/1991 p 437 354/1991, p. 509 345/1991 p 84

350/1991, p. 305 350/1991. p 309

350/1991, p. 307.

PENA DE MORTE: sim ou nao?

352/1991 p 360

PÍLULA ANTICONCEPCIONAL NOS EE.UU

345/1991. p. 55

PENITENCIA PÚBLICA PENITENCIAS "TARIFADAS"

PODER DA MENTE PORNOGRAFÍA: v'rtimas

"POR QUE CRER?. por Luiz José de Mosquita

PRECE CIENTÍFICA, segundo P. Grisa

PREGACÁO DO EVANGELHO E RESPEITO DA CULTURA NATIVA

PROCESSÁO

350/1991, p. 310 350/1991. p 317

346/1991. p. 129. 344/1991, p. 36.

353/1991. p. 456.

346/1991, p. 131. 355/1991, p. 550.

344/1991, p.

PROJECIOLOGIA: queé?

PROLONGAQÁO ARTIFICIAL DA VIDA

PROPRIEDADE PARTICULAR: lícita

PSICOTERAPIA E REUGIÁO PURIFICAgÁO POSTUMA

17.

355/1991, p. 567.

350/1991, p. 330. 351/1991, p. 343.

350/1991. p. 334. 353/1991. p. 443.

Q

QUINTO CENTENARIO DA DESCOBERTA DA AMÉRICA 355/1991, p. 543.

583

RECONCIUACÁO: historia do sacramento

350/1991, p. 304.

REENCARNADO E NEW AGE REGULACÁO DA NATALIDADE: como?

354/1991, p. 524. 350/1991, p. 333.

"REDEMPTORIS MISSIO"

REINO DE DEUS E IGREJA

RELAgÓES PRÉ-MATRIMONIAIS, segundo J. Dominian

RELIGIÓES E RELATIVISMO RELIGIOSO

355/1991, p. 452.

350/1991. p. 294.

352/1991. p. 366.

353/1991. p. 448.

"RERUM NOVARUM" — centenario

352/1991, p. 338.

DE JESÚS: fato e significado RETRATO DE JESÚS

351/1991. p. 350. 347/1991. p. 161.

"ROCK": que ó?-

349/1991, p. 284.

RESSURREICÁO DA CARNE: slm ou nao?

353.1991, p. 444;

REVELAgÓES PARTICULARES EM NOSSOS DÍAS . 345/1991, p. 73. "ROGER CONSEGUIU-SE CURAR-SE DE AIDS",

por Bob Owen

348/1991. p. 276.

"RÚSSIA: DEUS ESTÁ DE VOLTA"

344/1991, p. 35.

S

SACRAMENTO DA RECONCILIACÁO: historia

350/1991. p. 304.

— símbolo ñas Escrituras SAGRADA ESCRITURA E CULTO DIVINO

355/1991, p. 532. 348/1991, p. 242.

SANTA SÉ E ESTADO DA CIDADE DO VATICANO . . 353/1991, p. 477. — relacóes diplomáticas com Israel

SANTÍSSIMA TRINDADE E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

SANTOS, CULTO DOS SANTOS E BEM-AVENTURADOS QUE

353/1991, p. 473.

344/1991, p. 2. 348/1991, p. 262.

TRABALHARAM NA AMÉRICA SAO BASÍLIO (+379) E DEFESA DA VIDA SEGREDO DE FÁTIMA

355/1991, p. 553. 346/1991, p. 111. 346/1991, p. 137.

SHABBATH E DOMINGO

346/1991, p. 120.

SINAL DA CRUZ: s. do cristáo

351/1991, p. 370.

SIBÉRIA E EVANGELIZAgÁO

347/1991, p. 167.

SÍNDROME PÓS-ABORTO

350/1991, p. 322.

VIDEOCOMPULSIVA

351/1991, p. 375.

SOCIEDADE "MACHISTA"

349/1991. p. 275.

SOM. LETRAS E GESTOS DA MÚSICA "ROCK" . . . 349/1991. p. 286. SPONG, JOHN SHELBY. E CRÍTICA DA BÍBLIA .... 349/1991. p. 254.

584

TCHECOSLOVÁQUIA E ORDENACÓES CLANDESTINAS TEOLOGÍA FEMINISTA

351/1991, p. 380. 349/1991. p. 242.

TESTEMUNHA DE JEOVÁ CONVERTIDO TESTEMUNHA DE JEOVÁ E SANTÍSSIMA

355/1991, p. 556.

TIPOS DE COMA

TRINDADE

344/1991. p. 345/1991, p.

82.

TRANSPLANTE... quando?

345/1991, p.

83.

"UM HOMEM É UM HOMEM" (Jéróme Lejeune) .... 346/1991. p.

98.

TRADICÁO E FÉ TRINITARIA

344/1991, p.

TRANSUBSTANCIACÁO: que ó? .'

2.

9.

349/1991, p. 266. U

URSS APROVA LIBERDADE DE CONSCIÉNCIA ... 344/1991. p. 34.

VATICANO E ESTADO DE ISRAEL

354/1991, p. 473.

"VENCEU O BOM SENSO" (D. Jaime Luiz Coelho)

. . 344/1991, p.

41.

VIDA: queé? DEPCIS DA MORTE

347/1991. p. 150. 353/1991, p. 434.

VÍTIMAS DA PORNOGRAFÍA

344/1991. p.

VIOLENCIA E PENA DE MORTE

352/1991. p. 349.

YELTSIN. BORIS. E RELIGIÁO

36.

355/1991. p. 574.

EDITORIAIS A ALEGRÍA DE VIVER UM TEMPO PRECIOSO

.... 348/1991. p. 241.

A NOVA ÁRVORE DA VIDA "AO MENINO RECÉM-NASCIDO DAI ACOLHIDA" ... ATÉ O FIM

346/1991. p. 97. . . 355/1991, p. 529.

349/1991. p. 241.

JANEIRO. O MES DA PORTA

344/1991. p.

1.

O DEUS FELIZ (1 Tm 1.11)

345/1991. p.

49.

585

"Ó MORTE. SEREI A TUA MORTEI" "OS TEMPOS SAO MAUS..."

354/1991. p. 481. 347/1991. p. 146.

"SÉ FIEL ATÉ A MORTE..."

352/1991. p. 337.

SANCÓES DENTRO DA IGREJA

SIMPLES VOZ OU PALAVRA DE DEUS "TARDE EU TE AMEI..."

350/1991. p. 289.

351/1991, p. 337. 353/1991. p. 433.

LIVROS APRECIADOS

ALVES, J. A Fe nossa de cada día 346/1991. p. 142. COMBLIN. José e outros. O Evangelho de Mateos . . . 346/1991. p. 142.

EDigÓES FAMIUARIS CONSORTIO. Formagáo matrimonial

352/1991, p. 382.

dapolarídade HADDAD. Víctor. Jesús em Mateus

348/1991. p. 287. 344/1991. p. 48.

FROSSARD. André. Deus em questóes GANDHI. Mahatma. Palavras de Paz GORDON, Richard. A cura pelas máos ou a prática

352/1991. p. 384. 347/1991. p. 186.

RAMOS-REGIDOR, José. Teología do Sacramento

da Penitencia RANGEL, Padre Paschoal. María, María

SCHALK, Hans. Porque confessar-se? Sugestóes

prátlcas para o Sacramento da Reconciliacáo

352/1991. p. 380. 352/1991, p. 384. . . 347/1991, p. 192.

ZANCHETTA, María Lulza. Ancestrals, vida Intra-uterína

e llbertacáo do homem ZANINI, Freí Ovidio. Sexo: bloquelos e desbloqueas

586

346/1991, p. 143. . 353/1991, p. 480.

EDIQÓES LUMEN CHRISTI

1. RIQUEZAS DA MENSAGEM CRISTA 12? ed.). por Dom Cirilo Folch Gomes O.S.B. Ifalecidoa 2/12/83). Teólogo conceituado. autor de um tratado completo de Teología Dogmática, comen tando o Credo do Povo de Deus. promulgado pelo Papa Paulo VI. Um alentado volunte de 700 p., best seller de nossas Edicoes 2.

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bíblico: livros canónicos e livros apócrifos - 2. Somente a Escritura? - 3. Somente a fé? Nao as obras? - 4. A SS. Trindade. Fórmula paga? — S. O primado de Pedro — 6. Eucaristía: Sacrificio e Sacra mento - 7. A Confissáo dos pecados. - 8. O Purgatorio — 9. As indulgencias- 10. María, Virgem e Mae-- 11. Jesús teve irmaos? 12. O Culto aos Santos - 13. E as imagens sagradas? - 14. Alterado o Decálogo? - 15. Sábado ou Domingo? - 16. 666 <Ap. 13.18) - 17. Vocé sabe quando? - 18. Serta e Espirito sectario - 19. Apéndice geral. - 304 págs

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