Ano Xiii - No. 156 - Dezembro De 1972

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Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de

Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (¡n memoríam)

APRESEfsTTAQÁO

DA EDipÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos

estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta

necessidade

de

darmos

conta da nossa esperanca e da nossa fé

hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e

religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa

crenca

católica

mediante

aprofundamento do nosso estudo.

um

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores:

aborda questdes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de II vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortaleca no Brasil e no mundo. Queira Deus

abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d.

Esteváo

Bettencourt e

filosófica

"Pergunte_ e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo

da

revista

teológico

-

Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d.

Esteváo

Bettencourt

agradecemos

a

confiaca

depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

BÍ0.U& MORÚL

ANO XIII — N« 156

DEZEMBRO DE

1972

t

índice Pág.

NATAL

5~

Mais um "furo" recente :

JESÚS TINHA 1,65m DE ALTURA?

COMO ERA JESÚS?

531

A margem de urn llvro Interessante: "A RESSURREigAO DE CRISTO.

A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE"

542

Noticias dos EE. UU. chamaran) a atencSo: DIVORCIO LEGALIZADO PELA IGREJA ?

COMUNHAO PARA "CASÁIS" NAO CASADOS ?

558

Poesía e Mística:

"O PROFETA" de Gibran Khalll Glbran

571

LIVROS EM RESENHA

572

ÍNDICE GERAL DE 1972

576 •

NO

PRÓXIMO





NÚMERO:

«Serthor, ensina-nos a orar !» CNBB completou vinte anos.

Testemunhas de Jeová : quem :5o ? Morris W.e$t : «Escán dalo na Igreja». —

«PERGUNTE

X

E

RESPONDEREMOS»

Assinatura anual

CrS 30'00

Volumos cncadernados de 1958 e 1959 (proco unitario) .... Índice Geral de 1957 a 1964

Cr$ 35,00 Ct$ 10,00

Número avulso de qualquer mes

Índice de qualquer ano

EDITORA PR

6M

20000 Rio «leTnelro (GB)

LAUDES

S.

Cr$ 4>00

Cr$ &00

A.

ADMINISTEACAO

B«a SSo Rafael. 38, ZO09

Tels.: 208-9981 e 268-2706

O mes de dezembro é fortemente marcado pela perspec tiva de Natal. Este volta todos os anos, colocando ante osunos- .

sos olhos a sua ornamentagáo característica: o presepio, ,¡ a' árvore, os presentes, os cantos, etc. Este conjunto de figuras e sinais tem algoUé fólclórico e, a primeira vista, dlspansáveir Nao se pode esquecer, porém, que o cenário popular de. Natal é para o cristáo, veículo de valiosa mensagem; nem poderla

déixar de ser assim, pois Natal é, antes do mais, a plenitudé da Palavra de Deus entre os homens: «Depois de ter falado outrora muitas vezes e de varios modos, a nossos país por in termedio dos profetas, Deus nestes últimos tempos falou-nos por seu Filho» (Hebr 1,1).

.

Natal fala-nos, portanto, com profundidade.

Da sua rica mensagem, salientemos dois tópicos principáis:

1) «Deus pirimeiro nos amou» (cf. 1 Jo 4,9s). Com efeitó. No relacionamento entre Deus e o homem, a iniciativa toca a Deus e nao ao homem; háo é o homem que, por seus mé ritos, desencadeia o favor de Deus, mas, ao contrario, e Deus quení gratuita e benévolamente se dá ao homem, de tal sorte que este nao faz senáo responder ao Senhor. Esta verdade e típica do Cristianismo (sem dúvida, preparado pela Revelacíco de Deus a Israel no Antigo Testamento): o filosofo grego anterior a Cristo admitía que o homem pudesse amar (com amor interesseiro) a Divindade, pois esta é mais perfeita e feliz do que o homem; este, voltando se para a Divindade, so podia esperar ser beneficiado por ela; a recíproca, porém, nao seria verdadeira; a Divindade nao tinha amor ao homem, por

que nada tinha a ganhar da parte do homem... Quanto ao homem religioso pré-cristáo, procurava captar a benevolencia dos deuses e espíritos superiores mediante artes mágicas: «Dou

para que des», dizia o devoto romano á Divindade. O homem se-

< ría servido pelo deus invocado na medida em que servisse a este. É sobre tal fundo de cena que se destaca pujantemente

a mensagem de Natal. Todos os anos, ao ressoar de novo, ela nos diz que Deus tem a iniciativa da nos amar,... e de nos amar com amor divino, isto é, irreversível, inabalável, «sim-

isim» para todo o sempre. Desde que, pecador como e, o ho

mem se chegue ao Deus de Natal com um coragáo arrepen tido e humilde, encontrará nele a grande resposta do Amor que nao se cansa nem decepciona com a volubilidade da .cria tura. Se nos vacilamos, Ele nao vacila, pois é Deus, e nao homem (cf. Núm 23,19; Os 11,9). — 529 —

2) «Ele é a nossa paz» (Ef 2,14). Deus tornou-se homem para fazer que o amor volte do homem a Deus e passe do ho

mem ao homem. «De dois povos fez um só»¿f^"doA°.m^0 intermediario de separagáo: a ínimizade» (Ef 2,14). A numa-

nidade anterior a Cristo estava dividida, do ponto de vista religioso, em povo judeu e povo pagáo (a grande multadao dos náo-judeus que adoravam ídolos); Cristo veio derrabar bar-

reiras e divisSes entre os homens; «veio anunciar a paz a vos

(judeus) que estáveis perto, e a paz aos que estavam longe (pagaos). Por Ele temos, uns e outros, acesso ao Pai, em um

só e mesmo Espirito» (Ef 2,17).

Este reencontró dos homens em Cristo vem-se proces-

sando através dos sáculos e das maneiras mais diversas pos.

siveis A imprensa nos diz, por exemplo, que nos Estados Uni

dos ao lado da «Jesús Revolution» (movida por antigos «nip-

pies») existe na juventude israelita contemporánea
tianismo recentemente nos EE.UU. O judeo-cristáo Abe Schneider afirma que nos últimos meses somente na California houve

mais

conversóes de judeus para o Cristianismo que

nos últimos 23 anos. Se bem que esses convertidos procedam de todas as idades e dasses sociais, é inegável a predominan cia dos jovens. Eles encontram Cristo como o Messias, isto e, o Grande Prometido do Antigo Testamento e o Salvador da

humanidade. Gostam de chamar-se «messianistas» ou «com-

pleted jews»' (judeus aperfeigoados). Para o rabino Tannen-

baum de Manhattan, a causa dessas conversón é o novo des pertar do estudo ida Biblia entre os cristáos, coisa que faz falta entre os judeus. A fundacáo do Estado de Israel e suas Vitorias, tidas como realizagáo das profecías de Jesús (cf. Le 2124-27) somadas a pobreza espiritual de que sofre o judais mo contemporáneo, segundo o rabino N. Yor Berkowitz, também contribuiram para tanto.

Pois bem. É nesta quadra da historia universal que o Natal de 1972 vem falar a nos, cristáos. Ele nos lembra, em

urna palavra, o amor de Deus,... amor irreversível, que será fonte de coragem inabalável para que superemos nossas diver gencias num clima de paz.

Ao Doador de todos os bens, PR agradece quanto recebeu no ano de 1972. A gratidáo se estende a todos os amigos

e leitores de PR, a quem a redagáo e a administracao da re vista desejam Feliz Natal e Próspero Ano Novo! — 530

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» Ano XIII — NM56 — Dezembro de 1972

Mals um "furo" recente:

jesús tinha 1,65 de altura? como era jesús? Em slntese: Recentemente propalou-se a afirmacSo de estudiosos Itanos segundo a qual Jesús devla ter apenas 1,65 m de altura e cábelos curtos, pois os homens do Oriente Medio eram balxos e SSo Paulo diz que ao homem nao convém usar cabeleira (cf. 1 Cor 11,14).

Quanto ao uso de cabeleira e barba por parte de Jesús, ó algo de

multo provável ou mesmo certo, pols a praxe era comum entre os homens da Palestina: em sinal de luto é que estes raspavam ou arrancavam os cá

belos, que normalmente Ihes catam sobre o pescoco. A observacSo felta

por SSo Paulo aplica-se ao ambiente grego de Corinto, onde a praxe era

diferente da Judéla.

Sobre a estatura física e o semblante de Jesús n§o há noticia fide digna nem nos Evangelhos nem na Tradlslo. Os escritores e pintores crlstSos segulndo conjeturas de fé e teología, tenderam a descrever Jesús como "o mals belo dos fllhos dos romens" (cf. SI 44,3); nao faltaran», porém, aqueles que apresentaram Jesús como o homem desfigurado pela dor (cf. Is 53,1-12; SI 21).

Sl" Um dos testemunhos mals Interessantes da Tradlcao é o Santo Sudarlo

de Turlm, que, conforme bons autores, é a mortalha na qual Cristo, descldo da cruz, terá sido envolvido. Esse paño dá a ver os traeos de um homem de 1 78 m de altura, dotado de complexáo física avantajada e harmonlosa. Independentemente do crédito que se atrlbua ou nlo ao Sudarlo de Turlm, tal é a conclusSo mals provável: somente um homem robusto e perfeltamente equilibrado poderla suportar tudo que os Evangelhos referem a respeito de Cristo.

Comentario: Segundo as fontes noticiosas, algo de novo

se pode idizer sobre a estatura física de Jesús. Eis o que se lé no «Jornal do Brasil» de 9/X/72, 1» cad., p. 8: — 531 —

4

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

ESTUDD REVELA ALTURA REAL DE J. CRISTO

Roma (AFP-JB) — Monsenhor Glullo RIccl, após esludar o sudarlo que, de acordó com a tradlcáo, envolveu o corpo de Cristo na sepultura, revélou que Jesús tlnha 1,65 m de altura, e n3o 1,85 m, como se acredita.

Segundo o Jornal "II Messagero", esla Informacáo é mals acellável, doIs os homens do Oriente Medio aínda hoje s3o balxos e se Jesús Cristo ttvesse mals de 1,80 m de altura, cortamente os Evangelhos o mencionartam, o que nSo ocorreu.

E OS CÁBELOS?

A questáo da altura de Cristo surglu em conseqQénda de urna tentativa de roubo do sudario, na semana passada, que se encontra em Turlm. O atentado nao teve éxito, mas atralu a alengüo para o santo sudarlo.

O jornal "II Messagero" retembrou também que fié um ano um erudito florentino, Diño Pieraccionl, havia chamado a atehcSo das autoridades re ligiosas com retacSo a outra característica tísica de Jesús Cristo: os cábelos. Segundo Pieraccionl, Cristo usava cábelos curtos, pols na epístola de Sao Paulo aos Corintios existe um trecho que diz: "É Indecente para um homem usar cábelos comprldos."

Visto que tais noticias despertaram a atengáo do públi co, as páginas que se seguem procuraráo oferecer ao leitor a possível dooumentagáo e algumas reflexóes sobre o assunto.

1. 1.

Sudario «fe Turim : que é ?

O Sudario (ou Mortalha) de Turim é um lencol de

1,70 ni de largura e 4,36 m de comprimento, dito «de Turim»

porque guardado em Turim desde 1578 como propriedade da Casa de Savoia. Nesse paño, segundo interessantes argumen

tos Jesús foi envolvido logo após ter sido desddo da cruz.

O lencol apresenta os traeos característicos de um homem

morto, portador das chagas e dos vestigios de maus tratos que parecem corresponder estritamente aos da Paixáo de Cris to Os estudiosos, analisando tais tragos humanos impressos na mortalha, afirmam que nao se podem explicar por pintura, mas supóem necessariamente o contato do paño com um au

téntico cadáver recoberto de ferimentos^ esse cadáver devia ser o de um semita do inicio da era crista.

Um dos mais notáveis estudiosos do assunto é o Dr. Pi-

erre Barbet, médico-cirurgiáo . francés, que dedicou anos ao

estudo dos vestigios da anatomía e fisiología gravados na Mor

talha de Turim. Exprime as suas conclusóes nos seguintes termos:

_ 532 —

A FISIONOMÍA HUMANA DE CRISTO

"Esteve, portento, um cadáver nes-ja mortalha. Por que deveria ter sido o de Jesús Cristo e nfio.o de outro homem? Eliminemos logo e rápida mente esta objegfio repetida com freqüéncia.

O cadáver que nela esteve

depositado, tem todos os estigmas da Palxáo. Todos os vestigios que deve ter um crucificado, alguém dirá. Com efeito, inclusive a flagelacSo e o ferlmento de tanca no coracáo, se o corpo tlver sido devolvido a familia (como o veremos no cap. II C, 6?). Mas um único crucificado, que o salbamos, foi coroado de esplnhos; e este é o nosso. Além disto, se este nao fosse o sudarlo de Jesús Cristo, por que o terlam guardado com tanto carlnho? Enfim, que condenado á morte poderla apresentar em seu semblante tanta nobreza e majestade divina?" ("A PaixSo de Cristo segundo o cirurgláo", p. 49).

2. Todavía nao se poderia deixar de observar que a au

tenticidade do Santo Sudario é contestada por autores que levam em conta a acidentada historia dessa peca.

Com efeito. Nao há noticia alguma do Sudario antes do

ano de 640. O testemunho histórico seguinte data de 1204. De 1204 a 1349, as crónicas de novo guardam silencio sobre

o assunto. Em 1349, houve um incendio na catedral de Besangon, após o qual se encontrou vazio o relicario do paño sagrado, que havia sido guardado naquela igreja.

Este reaparece em 1357 como posse do conde Godofredo de

Charny, que levou o Sudario para Lirey. Em 1532 houve um incendio na cápela de Chambérry, onde se encontrava a Mor talha; urna gota de prata derretida queimou vm canto do tecido dobrado no relicario, deixando-lhe duas series de furos,

que as clarissas de Chambérry consertaram da melhor maneira possível. Finalmente foi essa venerável pega transferida para Turim em 1578.

Esta serie de vicissitudes deixa alguns estudiosos céticos sobre a autenticidade do Santo Sudario; as lacunas no curso da historia e os incendios Ihes parecem diminuir grandemen te o crédito que outros autores querem dar á Mortalha de Turim.

3. A questáo da genuinidade do Santo Sudario fica aberta.

A posigáo afirmativa do Dr. Barbet e de outros pesquisadores

tem fundamentos

válidos; baseia-se principalmente no

exame científico dessa pega. Em suma, os dentistas sao pro pensos a dizer sim ao Sudario de Turim, ao passo que os his toriadores se mostram reservados (essa reserva, porém, nao anula a argumentagáo dos homens de ciencia). Ulteriores pormenores sobre os pros e contras no tocante á autenticidade do Sudario de Turim encontram-se em PR 10/1958 pp. 407-413; 119/1969, pp. 464-473. — 533 —

6

tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Era

importante

observar estes dados concernentes ao

Santo Sudario de Turim, já que tal paga se tornou ponto de partida para conjeturas sobre o aspecto físico de Jesús Cristo. Passemos agora ao exame das sentengas sobre a fisiono mía humana de Jesús.

2.

1.

A estatura de Jesús

Baseando-se nos tragos impressos no Santo Sudario,

o Dr. Pierre Barbet faz a saguinte síntese :

"O conjunto revela urna anatomía perfeitamente proporcionada, elegante e robusta, de um homem que mede cerca de 1,80 metro. O rosto... é belo e

imponente. Está o rosto enquadrado em duas massas de cábelos, que parecem um tanto repuxados para a frente" ("A paix&o de Cristo segundo o

cirurgiSo", p. 31).

"O esterno tem urna altura de 18 cm, o que nada tem de exagerado num homem de 1,78 m mals ou menos" (ib., p. 158). "Quando... formos marcar a chaga do coragSo sobre o tórax de um

homem vigoroso de 1,80 m., verificaremos que esta chaga se encontra na

face lateral do

tórax, nítidamente atrás

do plano anterior esternocostal"

(ib., p. 159).

Do Santo Sudario depreende-se que Jesús teria tido acen tuado tipo de semita, nariz comprido, boca bem vincada, bar

ba e cábelos abundantes; em suma) um rosto de fascinante

beleza.

As impressóes do Dr. Barbet

sao

comparülhadas por

varios outros estudiosos — antigos e recentes —, que admitem

tenha sido Jesús forte e robusto, pois levou sempre urna vida pobre e austera, dada á abnegagáo e á labuta; tenham-se em varios outros estudiosos — antigos e recentes —, que admitem passou em oragáo (Le 6,12; Me 1,35), a alimentagáo irregu lar e sobria que o sustentava através de urna atividade sem

tregua (cf. Me 3,20; 6,31), a carencia de qualquer domicilio fixo (cf. Le 9,58; Mt 8,20)... Apoiando-se nestes dados do Evangelho, o teólogo Karl Adam nao hesita em atribuir a Jesús notável sanidad? física e mental. Veja-se o testemunho respectivo transcrito em PR 153/1972, p. 401.

2. A opiniáo segundo a qual Jesús teria tido apenas 1,65 m de altura, porque os homens no Oriente Medio até hoje

sao baixos e, se Jesús tivesse tido mais de 1,80 m de altura, — 534 —

A FISIONOMÍA' HUMANA DE CRISTO

os Evangelhos o teriam mencionado, é assaz pessoal e gra

tuita Mesmo em populacóes marcadas por determrnado tipo físico há sempre individuos de aspecto mais saliente e pro-

prio. Ademáis os Evangelistas nao pretendiam descrever o

retrato de Jesús, nem mesmo referir tragos de Cristo que nao tivessem estrito interesse para a catequese; as narragoes do

Evangelho estáo subordinadas & proclamagao da Boa:Nova, por isto nao sao crónicas nem retratos físicos ou psicológicos no sentido moderno das palavras.

3.

E a cabeleíra de Cristo ?

Afirma-se que Jesús nao usava cabeleira, tevando-se em 1 conta o texto de Sao Paulo em 1 Cor 11, 14s: "NSo é a própria natureza que vos ensina que é vergonhoso para o

homem usar cábelos compridos, ao passo que para a mulher é gloria ter longa cabeleira, porque a cabeleira Ihe foi dada como veuf

Note-se, porém, que este trecho foi escrito para cristáos gregos (de Corinto) por volta de 56. Seria inadequado crer que as observagóes do Apostólo se aplicariam também a am biente semita palestinense e, em particular, ao própno Cristo. Com efeito, pelas térras do Oriente próximo a cabeleira, nos homens, era geralmente estimada. De modo especial, a barba sempre foi considerada como símbolo da virilidade e da autoiidade masculinas. Segundo as tradigóes do Oriente, ate

hoje um varáo em posto de relevo e o anciáo veneravel trazem barba longa. Quanto ao uso de cabeleira entre os povos

antigos, observe-se o seguinte:

No Egito antigo, os plebeus usavam o cábelo cortado. Os

faraós, porém, principes, nobres, militares e homens de classes abastadas ostentavam grandes perucas, que equivaliam aos atuais turbantes dos orientáis.

Entre os asárics e babilonios, a cabeleira era sinal de dignidade. Caía, cobrindo as orelhas, até o alto das costas, onde terminava em forma de leque, frisada como barba.

Os bedniínos orientáis muito apreciavam o cábelo comprido; as suas tribos se distinguiam urna das outras pelos diferen tes adornos das cabeleiras. — 535 —

8

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Os hebreus traziam cábelo longo e trancado. Cábelos compridos e ondulados eram urna gloria tanto para o homem como para a mulher (cf. Jz 16,13.19; 2 Sam 14,26). A barba nos

íiomens também era tida como enfeite positivo (cf. SI 133,2; 2 Sam 20,9). — Nos casos de luto os homens raspavam a ca-

beleira em sinal de tristeza; chegavam mesmo a arrancar os

cábelos. Vejam-se, por exemplo, os seguintes textos:

Esdr 9,3, onde refere Esdras: "Ao ouvlr estas palavras, rasguel a mlnha

túnica e a capa, arranquei os cábelos da cabega e da barba, e sentel-me desolado".

Jó 1,20: "EntBo Jó levantou-se, rasgou o seu manto e raspou a cabeca. Depois, prostrado por térra, dlsse: Sal nu do ventre de mlnha mSe e nu voltarei para ele".

Jer 41,4s: "Dols días depois da morte de Godolias,... chegou de Slquém um grupo de oltenta homens, de barba raspada, vestes rasgadas e rosto desfigurado".

Alias, o costume de se cortaran os cábelos em sinal de luto era freqüente também fora de Israel, como atesta a própria Biblia:

Is 15,2: "Moab lamenta-se; todas as cabesas estfio raspadas e todas as barbas cortadas. Andam pelas rúas vestidos de sacos". Jer 48,37: "No povo de Moab, todas as cabecas foram raspadas, todas as barbas cortadas. Foram golpeadas as mfio3, os rlns cobertos de sacos .

Ap°nas alguns tipos de cabeleiras eram proibidos aos is raelitas "por serem de origem paga. Vejam-se mais estas passagens:

Lev 19,27: "NSo arredondareis as extremidades do cábelo e nSo raspa reis os cantos da barba".

Dt 14,1: "Vos sois os fllhos do Senhor vosso Deus. NSo faréis, pols,

IncisSo alguma no vosso corpo, nao raspareis os cábelos entre os olhos em honra de um morto".

Os nazireus, ou seja, homens que eram especialmente con

sagrados a Deus por um voto, deixavam os cábelos crescer livremente. É o que se depreende de

Núm 6 5: "Durante todo o tempo estipulado para a sua abstencSo (tempo de voto do nazireato), a navalha nSo deve passar pela cabeca do nazireu; até o flm dos días em que quiser vlver em abstencSo em honra do Senhor, permanecerá santo e deixará crescer llvremente os cábelos da sua b"

_ 536 —

A FISIONOMÍA HUMANA DE CRISTO

Em 1 Sam 1,11 diz Ana, futura mfie de Samuel: "Senhor dos exércitos, se Vos dlgnardes olhar para a aflicáo da vossa serva e Vos lembrardes.de mlm, se nao Vos esquecerdes da vossa escrava e Ihe derdes um fllho varflo, eu o consagrarel ao Senhor durante todos os días da sua vida, é'a navalha nfio passará sobre a sua cabeca". ■ <•' V i'-7

Note-se também o caso de Sansao e sua cabeleira em Jz 13, 5.16; a cabeleira, no caso, nada tinha de mágico, mas era

a expressáo do nazireato ou da consagragáo de SansáÓ ao1 Se nhor; por causa dessa consagragáo (simbolizada pela cabelei ra) é que Javé dava forga e coragem ao seú herói na luta contra os opressores filisteus.

De tais textos se pode deduzir que Jesús, precisamente

por seguir os costumes do seu povo, devia ter cabeleira e barba respeitáveís.

Na Grecia, onde estava situada a cldade de Corinto, a praxe era a seguinte: até o séc. V (guerras médicas), predominava o uso de trangas a semelhanga dos costumes orientáis. Após o século V, quando cessou o influxo dos povos orientáis, as longas cabeleiras tornaramrse nota distintiva da mulher; os homens traziam cábelo frisado, que nunca chegava até o pescogo. Os escravos tinham o cábelo cortado rente.

Assim se explica a norma dada por Sao Paulo aos Corin tios (cf. 1 Cor 11,14), norma que nao pode ser extendida ao ambiente palestinense, onde vivia Jesús. Procuremos agora, á guisa de ilustragáo, colher as vozes da tradigáo crista concernentes ao aspecto físico de Cristo.

4.

Através dos séculos, a imagem «fe Jesús

~É compreensivel que os cristáos, ao longo do tempo, tenham procurado conhecer ou reconstituir os tragos do sem blante é da estatura de Cristo.

1. Os Evangelhos, nesta perspectiva, nao fornecem dado algum. Verdade é que Jesús foi reconhecido, entre os convivas de um banquete, pela pecadora que Ihe ungiu os pés (cf. Le 7,39-50); urna mulher o distinguiu entre a multidáo e o aclamou (cf. Le 11,27). Estes dados, porém, nao bastam para se

dizer, como já disseram alguns comentadores, que Jesús era ds

belo e majestoso porte. — 537 —

10

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

O silencio dos Evangelistas no tocante ao fsico de Jesús se explica bem desde que se levem em conta a psicología e as intencóes dos mesmos: nao se propuseram fazer o perfil sensivel de Cristo, mas apenas redigir a sua Boa-Nova em vista da catequese dos povos.

2 No decorrer dos sáculos, tradicóes diversas afirmaram que certos retratos de Cristo haviam sido confeccionados por milagre. Eis algumas dessas narragóes, que tem rndisoutivelmenta caráter lendário:

a) Guando Cristo se retirou para os céus, os Apostólos teriam pedido a S. Lucas, pintor como era, que reproduzisse a face de Cristo, para que ninguém a esquecesse: entao, após tres dias de oracóes e jejuns, quando o futuro Evangelista ia iniciar o trabalho, apareceu na sua tela de pintor a Santa Face de Jesús confeccionada de modo milagroso. — Diga-se de passagem: Sao Lucas nao era do grupo dos doze Apostólos, nem se pode dizer que tenha sido pintor; descreveu, sim, cenas do Evangelho que a iconografía crista reproduzm esmeradamen te ñas telas dos pintores; a anunciagáo do anjo a María, a vi sita de María a Isabel, o nascimento de Jesús, o encontró de Jesús no Templo aos doze anos...

b) A mulher que sofría de fluxo de sangue e fora curada por Jesús (cf. Me 5,25-29), terá tentado pintar os tragos do seu benfeitor. Mas os retratos que ela fazia, eram sempre

muito diferentes do semblante que ela vira; pelo que perdeu o ánimo.

Foi entáo que Jesús, compadecido, lhe apareceu;

pediu-lhe alimento; depois, limpando o rosto com urna toalna, ai deixou impressa a sua Santa Face.

c) Outra estória fala de Verónica... Esta, seguindo a

Jesús que carregava a cruz para o Calvario, enxugou com um

véu o rosto do Senhor recoberto de suor e sangue; nesse paño

terá ficado indelevelmente gravada a imagem de Cristo. — A

respeito de .Verónica (ou também Berenice) e a ongem de sua estória, veja-se PR 27/1960, pp. 112-118.

d) Em Moscou, na antiga Catedral da Assungáo, conser-

vava-se urna outra «Santa Face», cuja origem é narrada nos seguintes termos:

Abgar reí de Edessa na Siria, era contemporáneo de Je Teñdó ouvido que Cristo era hostilizado pelos fariseus, quería que o Senhor se refugiasse nos territorios de Edessa. sús

_ 538 —

A FISIONOMÍA HUMANA DE CRISTO

_11

Já que o Mestre nao aceitou o convite, Abgar mandou-lhe um pintor para fazer o retrato daquele homem cuja fama cnegara ao seu conhecimento; mas o artista, deslumhrado pelo brilho do Deus encamado, nao conseguiu desenliar o mínimo trago; Je sús entáo aplicou a face ao manto do pintor, fixando ali a sua imagem, mais bela do que poderia ter Mto a mao humana. Estas lendas, por mais imaginosas que parecam, sao por

tadoras de simbolismo profundo: segundo aqueles que as nar-

raram, significam que é no coracáo daqueles que O procuram e amam que Jesús imprime a sua face.

3. Nos escritos dos autores cristáos através dos sáculos, encontramos aparentes informagóes sobre o físico de Jesús. Pode-se dizer que nao foram inspiradas por dados concretos fornecidos pelos Apostólos ou discípulos contemporáneos de Cristo, mas, sim, por textos bíblicos anteriores a Cristo, que eram tomados como descrigóes antedpadas do aspecto humano de Jesús. Urna serie de depoimentos inspira-se do salmo 44, 3-5, onde o reí messiánico é descrito cheio de fortaleza e encan to. Ei-los: '

a) Sao Joao Crisóstoro» (t 407): «O aspecto de Cristo era, por si, cheio de graga admirável» (In Math. 27,2)....

b) Sao Jerónimo (t 420): «Cristo tinha um olhar que lancava raios de fogo de luz celeste, e a majestade divina bnlhava sobre a sua fronte» (In Math c. 21, 15).

:

«Mais forte do que o ímá, atraía tudo a si» (epist 65,8). c) Por volta de 550, Antomlno de Placeuga, tendo feito urna Dereerinacáo a Jerusalém, assegurou ter visto a marca, dei-

xadk ¿or Jesús sobre, a pedra, de «um pé belo e gracioso»!

Terá visto também um quadro do Senhor pintado ao vivo, em que o Messias aparecia com «estatura media, rosto formoso, cábelos um tanto encarácolados, máo elegante e dedos afi lados» .

d) No sáculo vm, dizia-se que André de «Creta encontra

ra um retrato pintado por S. Lucas, no qual Jesús aparecia com «supercilios unidos, rosto comprido, cabega inclinada e es tatura bem proporcionada».

e) Pouco mais tarde, um monge grego chamado Epif&nio chegava ao ponto de precisar que Jesús tinha seis pés de altu— 539 —

12

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 156/1972

ra, nariz grande, tez «da cor do trigo», sobrancelhas pretas,

cábelos ruivos e... que parecia bastante com sua máe!

f) Sao Joao Damasceno, no séc. VIII, e Nicéforo Caliste, que no séc. XIV reproduzia urna crónica do séc. X, nao fazem senáo atestar pareceres dúbios.

g) Sao Tomás de Aquino (t 1274) dizia: «Cristo tinha urna complexáo perfeita,... nada de desornado e disforme na-

via em seu corpo» (S. Teol. ni, qu. 46, a. 6; qu. 54, a. 1, ad 3).

h) O documento mais interessante desta serie é urna «Carta de Léntulo», que teve grande voga no sáculo XIV, mas parece ter sido de todo ignorada anteriormente -Umsuptt «governador de Jerusalém» (?), dito Públio Léntulo (?), tera escrito «ao Senado e ao Povo Romano» (fórmula esta repu blicana, que o Imperador Tiberio, contemporáneo de Lentulo, dificilmente aceitaría); nessa carta Léntulo descreve com por

menores (por vezes poéticos) o físico ds Cristo? a noticia pode ser impressionante do ponto de vista psicológico, mas é des tituida de probabilidade histórica. Ei-la:

"Apareceu nestes lempos — e vive ainda — um homem de grande poder, chamado Jesús Cristo. Os povos o chamam profeta da verdade; e seus discípulos o dizem Fllho de Deus Ressusclta os ^osecura todas as doengas. É homem de estatura media; tem o rosto de tal mane rsi venerável que todas as pessoas que o contemplan podem, ao mesmo lempo,

temé-lo e amé-lo. Os seus cábelos sfio da cor das aveISs maduras, lisos

aló quasl a«¿reinas, com llgelro reflexo azulado e soltos, depols, sobre as

éspáduas. Estao divididos em duas partes no vórtice da cabeca, como.os

usam os nazlreus. A sua testa é unida e multo serena tem semblante «un

ruga nem mancha, e a tez corada; o nariz e a boca nao tem de el os. Traz

barba abundante, da mesma cor da cabetelra. Dividida no quelxo, mas

nfio multo comprida. Seu áspelo é simples e digno; seus¡ olhos claros^

É terrlvel ao repreender, suave e amável em suas advertencias..., mostra bom humor com ponderacáo. Chorou atgumas vezes, mas nunca riu.E esbelto e reto de estatura; possul bragos dignos de admlragSo. A aua con versa ó sensata, breve e modesta. Em consequSncIa, pode-se dlzer preci

samente com o profeta que ó o mais belo dos filhos dos homens

(cf. SI

44,3)".

Ao lado dessas afirmagóes elogiosas do físico de Cristo, encontram-se na tradigáo crista algumas que apresentam Je sús como «homem desfigurado e sem beleza». Como as ante riores, também estas tradicóes nao podem ser tidas como fontes para um fiel retrato da realidade de Cristo. Devem-se a

outro texto biblico, a saber, Is 53,1-12: nesta passagem, o Ser

vidor de Javé (o Cristo) é descrito como «esposo da dor e ta-

miliar do sofrimento, exposto ao desprezo de todos os que o véem». Compreende-se que este texto de Isaías nao possa ser — 540 —

A FISIONOMÍA HUMANA DE CRISTO

13

tomado como descrigáo do físico cotidiano de Jesús, pois se refere ao Messias padecente no fim da sua vida pública. O mesmo se diga do SI 21, utilizado por alguns escritores cristáos para afirmar a desfiguragáo de Jesús: o salmista descreve apenas o Messias em sua Paixáo, «feito verme e nao homem, vitima da qual transpassaram máos e pés e de quem contaram todos os ossos».

Pergunta-se agora: que dizer em síntese, após tal percurso dos dados da tradicáo?

5.

Conclusóo

Nao é possível reconstituir de maneira segura e definitiva os traeos fisionómicos de Jesús Cristo. Nem os Evangelhos

nem a literatura e a iconografia cristas posteriores nos trans-

miliram alguma noticia fidedigna a respeito. Os contemporá

neos de Cristo consignaram por escrito apenas o que mteressava á catequese.

Em conseqüéncia, S. Irineu, bispo de Liáo (Franga) em

fins do séc. H, que teve contato com o grupo muito antigo dos cristáos de Éfeso, verificava: «A imagem física de Jesús é-nos desconhecida». S. Agostinho (t 430) também observava: «Co mo seria o rosto de Cristo, ignoramo-lo integramente».

Dos testemunhos da tradicáo, o mais explícito e significa tivo é o Sudario de Turim. Este — sujeito, sim, a hesitagáo de historiadores — nos aprésenla urna figura de Cristo físicamen

te avantajada e harmoniosa. Tal dado é confirmado pela con-

sideracáo dos feitos de Cristo narrados no Evangelho: somente

um homem robusto e perfeitamente equilibrado tena podido

ser o sujeito de tais labutas e gestos heroicos. Esta conclusao merece acato: para explicar a obra de Cristo, há de se supor um tipo humano perfeitamente constituido. BIBLIOGRAFÍA :

Danlel-Rops, "Jesús no seu tempo". Porto 1950.

Pierre Barbet, "A palxfio da Cristo segundo o clrurglSo". SSo Paulo 1966.

Josef Bllnzler, "II processo di Gesü". Brescia 1966.

Van den Born, "Dlclonárlo Enciclopédico da Biblia". Petrópolis 1971. PR 10/1958 pp. 507-413 (Sudarlo de Turim); 119/1969, pp. 464-473 (Sudarlo de Turim); 86/1967, pp. 83-91; 153/1972, pp. 391-407 (Jesús, Deus e homem).

— 541 —

A margem de um livro ¡nteressante:

"a ressurreicáo de cristo

a nossa ressurreicáo na morte" Em slntese: o novo llvro de Freí Leonardo Boff "A ressurrelc5o de Cris to A nossa ressurreicSo na morte" consta de duas partes. — Na primelra, analta ra textos do Evangelho concernentes á ressurreicáo de Jesús; após

examinar as sentencas e hipóteses da exegese contemporánea sobre, o as-

sunto, afirma a realidade da ressurreicáo corporal de Cristo. Apenas cabe

aquí observar que o autor recorre copiosamente ao método da historia das

formas, seVvIndo-se de criterios por vezes multo pessoais e pouco objetivos.

- Na segunda parte do llvro, Leonardo Boff defende a tese de que o ser

humano ó um todo inseparável (é corpo-atma, nao corpo « «£«0 g»*

morre todo, e ressuscita logo após a morte; nossos morios |á ressuscltaram, no flm dos lempos estará consumada a sua ressurreicáo porque o cosmos

fnteiro estará glorificado.

A propósito desta nova tese, pode-se dizer que contradiz á constante doutrina da Igreja, mais de urna vez professada por Papas e Concilios. O fema nao pode ser dirimido por experiencias científicas "^m apenas por re

curso á filosofía; ele toca a doutrina da fé, da qual a Igreja é a Mestra credenclada. Os argumentos a que recorre a nova tese. nao sSo de todo per suasivos. Asslm:

— nao se pode dizer que a filosofía grega (segundo a qual o homem é

corpo + alma) nSo seja bíblica, e que o magisterio, ao falar de corpo e

alma, adotou um platonismo depurado, em vez de seguir concepcoes semi tas e bíblicas;

— o ser humano, com a morte, nao entra na eternldade. Esta é existencia sem comeco nem flm; por Isto compete a Deus só. O homem tevé comeco; por Isto conhece sucessSo — sucessSo que pode existir en tre a morte da pessoa e a ressurreigflo dos corpos no flm dos tempos;

0 purgatorio é doutrina de fé, que, na nova concepcfio, parece per der o significado que Ihe compete realmente.

EIs por que o novo llvro sobre RessurreicSo, ao lado de bellsslmas pá

ginas sobre a morte e a vida eterna, nos parece apresentar pontos assaz dlscutfvels e duvldosos. principalmente quando confrontados com as proposlcfies do magisterio da Igreja.

— 542 —

«A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE»

15

Comentario: O conheddo teólogo franciscano Frei Leo nardo Boff lancou em setembro pp. mais um de seus livros: «A ressurreigáo de Cristo. A nossa ressurreigáo na morte» (Vozes, Petrópolis 1972). O livro é original e interessante; destacam-se nele, entre outros dados, certas reflexóes sobre a morte e

seu significado para o homem (pp. 92-101). Contudo essa

obra por suas concepcóes antropológicas e suas conseqüencias

para a fé católica, tem suscitado interrogagóes em muitos leitores. Em vista disto, procuraremos, a seguir, resumir as suas idéias principáis a fim de comentá-las serenamente. 1.

As tdéias-mestras do livro

Na primeira parte do seu escrito, o autor comega por lembrar que os homens sempre procuraram conceber a imagem do homem novo, ideal, plenamente realizado. Os selvagens o pfojetaram dentro de suas categorías primitivas; o dentista o

entende a partir dos dados da genética, prevendo a mampulacáo do genotipo humano, ao passo que o crístáo configura o homem novo segundo o modelo do Cristo Jesús morto e res-

suscitado; é a ressurreicáo de Cristo que inspira as concepgoes

e a esperánga do cristáo no tocante a consumagáo do homem e do mundo (pp. 9-18).

Em conseqüéncia, o autor passa a analisar as teses e hipóteses dos exegetas protestantes e católicos que hoje em dia tentam penetrar ñas narrativas do Evangelho referentes á ressurreicáo de Cristo (pp. 19-40). Algumas dessas sentencas, inspiradas pelo racionalismo, nao correspondem as exigen cias da fé, como nota Frei Leonardo. A seguir, o escritor, ser-

vindo-se de dados da exegese contemporánea, tenta reconsti tuir sumariamente as sucessivas fases da ressurreieáo de Cristo (pp. 41-55).

Paixáo,

morte e

Jesús ressuscitado é o novo Adáo. Nele se realiza o sonho da humanidade cutrora tido como utopia:-1 o homem obtém a Vitoria sobre a morte, vitória que se torna «topia». Cristo ressuscitado toma dimensóes cósmicas e abre para todos os ho mens a perspectiva de superar os males presentes e participar da vida nova de Cristo (pp. 56-64). 1 Vencer ou Superar a morte sempre pareceu algo de utópico aos ho mens. "Utopia" em grego compoe-se de ouk (nfio) e Topos (lugar); é o que nSo tem lugar.

— 543 —

16

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Comega a esta altura a parte mais original ido livro: a

nossa ressurreigáo na morte. Como entenderemos a nossa par-

ticipagáo na vitória do Senhor Jesús?

O autor parte da proposigáo segundo a qual o homem é

um composto dé corpo e alma; esta seria imortal por si, ao

passo que o corpo estaría fadado a se dissolver na poeira da

térra. Em conseqüéncia, a morte é a separagáo de corpo e alma- esta recebe imediatamente a sua sangáo (ceu, talvez precedido de purgatorio), ou inferno; no fim dos tempos, sera de novo unida á materia ou & corporeidade, quando se der a ressurreigáo universal.

O autor franciscano julga que esta concepcáo, por mais comum que seja na teología católica, deve ser feformulada.

A idéia de que o homem é coipo e ato» parece-lne ter sabor

platónico, grego, e nao bíblico. Segundo as concepgoes bíbli cas — ás quais faz eco, no caso, a filosofía moderna —, o ho

mem é urna unidade, ou seja, corpo-ábnai; em consequencia, morre por inteiro (nao pode haver separagáo de corpo e alma), mas também rassuscita imediatamente todo inteiro. «A sobre vivencia da alma, tal como a reflexáo da teología posterior

tentou eruir destes textos de ressurreigáo (em Sao Joáo e Sao

Paulo), parece nao ser afirmada por tales. Falam simplesmente em ressurreigáo que afeta o homem todo. A ressurreigáo é obra do Espirito que já agora possuimos. Ele mantera a continuidade entre a vida e a morte> (p. 77). Essa ressurreicáo logo após a morte dá inicio a .um pro-

cesso de transfiguragáo do homem todo, processo que atingi

rá a sua plenitude no fim dos tempos, quando o mundo inteiro for consumado. O homem é um nó de relagSes com todo o universo, de modo que, somente quando o universo estiver to talmente transfigurado, a transfiguragáo

do

homem

estará

plenamente realizada. É a tese do homem oorponalma que fundamenta ou mesmo

exige a afirmagáo de que, quando o homem morre, morre o ser humano todo e, conseqüentemente (para que nao se perca

a continuidade na existencia), ressuscita logo o mesmo ser hu

mano todo. Essa tese vem assím explicada pelo teólogo fran ciscano:

"O homem ó um ser em tensSo constante entre urna abertura realizada e urna abertura absoluta. Ele está dlmenslonallzado para a totalldade e contudo sempre preso ñas estreltezas da sltuacSo concreta. O homem se ex perimenta felto e simultáneamente sempre aínda por fazer: ele é finito e (n544 —

«A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE»

17

finito. Essa experldncla profunda fol expressa pela filosofla platónica por cor no e alma. Corpo é o homem felto e dado; alma é seu principio dinámico com um tropismo Insaciável para o Infinito. A traglcldade desta concepcSo conslstiu na entlflcacSo e objetivacSo de corpo e alma como duas coisas no homem. A experiencia, porém, nos convence que o homem ó a unldade de todas as suas dlmensBes: é o mesmo homem que guarda a sua Identidade e unldade de eü em cada urna das dlmensOes referidas ácima" (p. 84).

Frei Leonardo expóe minuciosamente o sentido que

ele

atribuí as diversas expressóes com que a Biblia se refere ao homem: homem-carne, homenvcorpo (basar, em hebraico), homem-alma (nephesh, em hebraico), homem-espírito (machi em hebraico); cf. pp. 87-89. E condui:

"O homem, pols, na antropología bíblica forma urna unldade: todo ele

Intelro é carne, corpo, alma e espirito. Pode vlver duas opcSes fundamenmentais: como homem-carne e como homem-espirlto. Como homenvcame,

contenta-se consigo mesmo e fecha-se em seu próprlo horizonte. Como ho-

mem-esplrlto, abre-se para Deus, de quem recebe a existencia e a Imortalldade. Ele é desafiado a viver urna destas posslbllldades exlstencials" (p. 89).

Urna conseqüéncia do que o autor sxpóe erri seu.,livro é

a afirmagáo seguinte: a glorificagáo corporal de María SS. após a vida presente, glorificagáo que chamamos «Assungáo», nao é privilegio da Máe ide Deus, mas um espécimen do que se dá

com todos os cristáos falecidos na graga de Deus; a mesma

graga se estenderia, pois, a todos os que morrem no Senhor, apenas em termos reduzidos (cf. pp. 105-107).

Eis algumas das numerosas idéias que Freí Leonardo propóe em seu livro. Elas resumem o conteúdo essencial dessa obra. Procuraremos agora refletir sobre as posigóes do autor.

2. 2.1.

Aprofundando a temática

A resswrreisóo de Cristo

No tocante á ressurreigáo de Cristo, o autor afasta-se das interpretagóes alegóricas para afirmar a realidade da ressur

reigáo "corpórea de Jesús. Cristo ressuscitado apareceu aos seus discípulos na veracidade do seu corpo glorificado. É interessante percorrer a exposigáo — fruto de numerosas leituras e de notável capacidade de síntese — que Frei Leonardo^ faz

das diversas sentengas e hipóteses que a exegese contemporánea (católica e protestante) formula no tocante aos acontecimentos — 545 —

18

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

da Páscoa do Senhorj como se compreende, o leitor que deseje entender essas páginas de Frei Leonardo, deverá possuir certa iniciagáo em exegese bíblica e em teología — sem o que se julgará estranho em meio as ponderagóes langadas pelos autores em foco.

Ao analisar os textos do Evangelho concernentes á Paixáo, Morte e Ressurreigáo de Cristo, o teólogo franciscano re corre copiosamente ao chamado «Método da Historia das For mas». A aplicagáo de tal método consiste em se procurar

reconstituir o processo histórico por que passou a palavra viva de Cristo e dos Apostólos antes de ser consignada por escrito nos Evangelhos. Coni efeito, o texto bíblico é o eco da pregagáo oral do Senhor e dos seus discípulos; donde se vé a necessidade de se tentar conhecer os ambientes dessa piegagáo oral do Senhor e dos discípulos para se poder entender por que a mensagem foi finalmente redigida deste ou daquele modo

(segundo

S.

Mateus,

segundo

S.

Marcos,

segun

do S. Lucas, segundo S. Joáo...). O magisterio da Igreja aceita tal método de estudo, contanto que se guarde a consciéncia de que a palavra de Cristo apregoada pelos discípulos nos

diversos ambientes do Mediterráneo nao foi deturpada pelos homens, mas, ao contrario, homogéneamente explicitada e aplicada, de sorte que no texto escrito dos Evangelhos temos a auténtica mensagem do Senhor Jesús: no Evangelho é a Cristo mesmo que ouvimos. — Contudo a aplicagáo do Méto do da Historia das Formas, por parte do estudioso, é, em

muitos casos, tarefa muito pessoal ou o resultado de posigóes

e opgóes particulares do exegeta. Ora Frei Leonardo, ao estudar os relatos da ressurreigáo e das aparigóes de Cristo nos

Evangelhos, fez suas opgóes, isto é, propós sentengas pessoais (ou de alguma corrente de estudiosos) e sujeitas a contradigáo.

Tenha-se em vista, por exemplo, um tópico entre outros. ou seja, a interpretagáo que o autor franciscano (seguindo, alias,

alguns mestres de S. Escritura) dá á transfiguragáo de Cristo

descrita em, Mt 17,1-8; Me 9,1-9-. Esta seria um acontecimento posterior á Páscoa ou urna aparigáo de Jesús ressuscitado projetada no tempo anterior á sua morte e ressurreigáo; na

realidade, Cristo nao se teria transfigurado sobre a montanha em preseinga de Pedro, Tiago e Joáo no decorrer da sua vida pública (cf. p. 54). — 546 —

«A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE»

1?

A tese qu* Frei Leonardo assim adota, é urna opgáo (nao •ma condusáo necessária) \ Podem-se-lhe opor ponderosas razóes em favor da realidade da Transfiguragáo sobre alta montanha durante a vida mortal de Jesús. Leve-se em conta o arrazoado que Xavier Léon-Dufour (autor conoeituado, que nao se prende cegamente a tradigóes) propóe a respeito:

"O aconteclmento fol real? O episodio da Transflguracao, tal como está situado na vida pública de Jesús pelos Sinótloos, nfio pode ser um relato de

Slo pascl|Pque a tradlcSo terla antecipado. Esta hlpótese obrigarla a

effiar Numerosos elementos cuja ausencia retirarla & "aiiaetoa w» In-

dote próprla. Ñas aparlcSes pascáis, os relatos p8em em relevo nao a

transformacao, mas a Identidade do Ressuscltado com Jesús de Nazaré; a

gfórlYpSnece velada aos olhos dos discípulos; a nuvem n8o aparece Moisés e Ellas n§o intervém; urna palavra como a de Pedro' nao terla sen

tido; quem terla ousado Inventá-la?

EntSo pode-se dlzer que o episodio da Transflguracao, no Evangelio,

é a Spagao de urna aparicBo de Cristo em sua glórta, como aaP«4«o

que teve Saulo de Tarso na estrada de Damasco? — Também neste caso

serla necessárlo suprimir todos os elementos descritivos e simbólicos do relato, excetuada a gloria.

Ao contrario, em favor da hlstoricldade do aconteclmento, pode-se fa-

zer va?er a correspondencia da maioria dos dados com dados multo segu

ros da vida terrestr*-de Jesús, tais como a escolha dos tres discípulos, o lato da sua incompreensBo... O leitor ó convidado a ver neste aconteclmen to misterioso (da Transflguracao) o selo colocado por Deus ao anuncio que Jesús, no auge da sua vida pública, acabara de fazer a respeito da sorte do RÍho do Homem" ("Études d'Évangile". París 1965, p. 106s).

De maneira semelhante, frente a outras posigóes exegé-

ticas assumidas pelo teólogo franciscano, poder-se-iam levantar

dúvidas válidas e serias; sao posigóes opcionais, mas nao obngatórias nem indiscutíveis. O autor, porém, nao chama a atencáo do leitor para o caráter meramente opcional e, por isto,

discutível de tais posigóes; em conseqüéncia, o leitor nao ini

ciado na exegese ou na teología pode julgar que todo o que ele aprendeu até agora estava errado,... que a doutnna da fe *É natural que perguntemos: pode-se aceitar esta Interpretasao da trans-

flguracSo1 asslm apresentada por Freí Leonardo sem entrar em choque com

8 "A^gorfpoder-se-la dlzer que os Evangelistas usaram de um artificio redacionll legitimo dentro das regras da literatura antlga. Cíente disto, o tóltor entenderla que o episodio da TransflgurapBo quería apenas¡dlzer que o Cristo mortal já era portador de um germen de gloria e de vltórla sobre a morte; o misterio de Páscoa ]á estarla latente e atuante dentro do corpo

í-sSitoífé bom estamos aquí; se qulseres «arel aquí tros tendas:

urna para TI, urna para Moisés, e outra para Ellas' (Mt 17,4). _ 547 —

2o

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

está totalmente mudada; isto perturba e prejudica o público cristáo pois pode levar á crise de féou ao descrédito geral. Alias, diga-se urna vez por todas:- o livro inteiro «A Ressurreicáo

Nossa ressurreicáo» desenvolve de vez em quando po-

sicóes discutidas, que o autor nao apresenta como tais, mas, sim como definitivas; para o grande público, principalmente no Brasil, é indispensável aos mestres e aos escritores que abordem assuntos delicados, apresentar sempre todas as face tas de qualquer problema discutido; isto facilita ao leitor leigo no assunto um julgamento tranquilo e consciente, em vez de Ihe causar as perplexidades ou crises que tantas vezes temos presenciado nos últimos tempos. 2.2.

A nossa ressurreicáo na morte

Procuremos agora equacionar os dados sugeridos pela tese de Leonardo Boff concernente á nossa ressurreicáo. 2.2.1.

A base da questáo

A questáo referente ao que nos acontecerá no instante de

nossa morte e logo depois desta nao jpode ser elucidada por

experiencia do estudioso. A resposta deve ser dada «a priori», ou seja, a partir de principios filosóficos e das fontes da Revelagáo (ou da Palavra de Deus): á filosofía e á fé toca dizer

o que é esencialmente o homem e em que consiste propria-

mente a morte.

■*r" Ora dois sistemas filosóficos vém ao caso neste contexto. a) Certas correntes da filosofía baseadas no pensamento grego antigo ensinam que o homem é composto de corpo e alma. Esta é espiritual e, por isto, naturalmente imortal (tem

comeco, mas nao terá fim), ao passo que o corpo se decompoe e destrói quando a alma se separa dele na hora da morte. Em conseqüéncia, após a morte a alma humana sobrevive sem corpo.

b)

Numerosas vozes da filosofía moderna preferem acen

tuar a unidade do ser humano. Em vez de conceber a este como coipo e alma, preferem té-lo na conta de corpo-alma, Conseqüentemente, na hora da morte nao se diga que a alma

(imortal) sobrevive enquanto o corpo é destruido, mas, sim, que o homem morre todo. — O pensamento semita antigo — em particular, o dos judeus — era muito dado as concepQoes

concretas; por conseguinte, aproximava-se dessa visao unitaria — 548 —


21

do ssr humano; nao entendía a existencia de urna alma sepa rada do corpo. 2.2.2.

-

Que sugere a Biblia?

Pergunta-se agora: qual das duas concepcóes

é

adotada

pela Biblia?

Os livros bíblicos do Antigo Testamento foram escritos preponderantemente em ambiente semita; por isto freqüentemente reproduzem a concepgáo unitaria do homem; este nao

seria capaz de atos conscientes senao mediante a sua corporeidade. Todavía a S. Escritura nao reflete apenas o pensamentó

semita; mais de um dos seus livros traz marcas da cosmovisáo e da antropología gregas; assim o livro da Sabedoria, as cartas de Sao Paulo... Tenha-se em vista também o texto de Mt 10, 28, em que as palavras de Cristo supóem a existencia, no ho mem, de corpo e alma distintos um do outro: «Nao temáis os que matam o corpo e nao podem matar a alma. Temei, antes, aquele que pode fazer parecer na geena o corpo (soma) e a alma (psydié)».

Deve-se mesmo dizer:. o pensamentó semita antigo, dado sempre a concepcóes concretas, foi-se desenvolvendo no sentido do helenismo, de modo que nos tempos de Cristo a existencia de urna alma distinta do corpo do homem nao era estranha ao

judaismo. Vé-se, pois, que nao se devem identificar «pensamen tó semita (ou judaico)» e «pensamentó bíblico», de um lado, e, de outro lado, «pensamentó grego (ou helenista)» e «pensa mentó extrabíblico». Na verdade, para comunicar a sua mensagem aos homens, Deus podia servir-se, como de fato se ser-

viu, tanto de categorías do pensamentó semita como de elemen tos da filosofía gregaj seria arbitrario querer, de antemáo, excluir um ou outro desses meios de expressao, pois o pensa

mentó helenista é táo humano quanto o pensamentó judaico. 2.2.3.

E o magisterio do Igreja?

Se a Escritura Divina pode ser interpretada ora no sen tido do judaismo (homem=todo unitario) ora no do helenismo (homem=corpo e alma), pergunta-se: o magisterio da Igreja

terá algum pronunciamento sobre o homem, a morte e a vida

postuma?

A resposta é afirmativa; assim o Papa Bento XII em 1336 definhi as seguintes proposicóes: — 549 —

^

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

"Por esta ConstlhiIcSo, que há de valer para sempre, definimos com autorldade apostólica que, por dlsposIcSo geral de Deus,

as almas de todos os santos que delxaram este mundo antes da palxSo de Nosso Senhor Jesús Cristo,

as almas dos santos apostólos... e dos outros fiéis falecldos depois de ter recebido o santo batlsmo de Cristo, dado que nada tenha havido a

purificar quando morreram ou nada naja a purificar quando futuramente raorrerem, ou — caso tenha havido ou hala algo a purificar — urna vez purificadas após a morte,

as almas das crlancas que tenham renascldo ou que futuramente hajam de renascer pelo dito batlsmo de Cristo, e que venham a morrer antes do uso do llvre arbitrio,

essas almas todas, logo depois da morte e da purificado de que pre-

cisem, mesmo antes da ressurrefcao dos corpos e do Juízo geral, após a ascens3o do Salvador Nosso Senhor Jesús Cristo aos céus,

toram, estSo e estarSo no cóu, possuldoras do reino dos cóus e do

paraíso celeste com Cristo, gozando do consorcio dos santos anjos...

Além disto, definimos que, por disposicio geral de Deus, as almas dos que moiteram em pecado atual e mortal, logo depois da morte, descem ao inferno, onde sao atormentadas pelas penas Infernáis. Nao obstante, no día do Juízo todos os homens em seus corpos com-

parecerSo perante o tribunal de Cristo, para prestar contas de seus ajos próprlos, a fim de que cada qual retira o que tlver felto de bom ou de mau em seu corpo (cf. 2 Cor 5,10)" (Denzinger, Enqulrldlo rr? 1000s).

Tal texto, como se vé, supóe que a ressurreigáo dos corpos só se dé no fim dos tempos por ocasiáo do juízo final — o que, alias, é muito bíblico (pois a Escritura associa sempre a res

surreigáo dos corpos e a vinda gloriosa do Senhor Jesús; cf.

1 Cor 15, 22-28; 1 Tes 4,15-17). Antes, porém, da ressurreicáo dos corpos, a alma, plenamente consciente de si, já usufnñ da

sorte que ela mesma construiu para si (visáo beatífica de Deus ou afastamento do Bem Infinito).

,

O Concilio do Latráo V em 1513 assim se pronunciou: «Condenamos e reprovamos todos os que afirmam que a alma

intelectiva seja mortal ou a mesma em todos os homens» (Enquiridio n' 1440; cf. 2766. 3771).

Note-se também que a antropología do Concilio do Vati

cano H professa a espiritualidade e a imortalidade da alma distinta do corpo mortal: — 550 —

«A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE>

23

"Constando de corpo e alma, mas realmente uno, o homem, por sua próprla condlcSo corporal, sintetiza em si os elementos do mundo mate*

rlal... O homem deve estimar e honrar o seu corpo, porque criado por Dóus

e destinado á ressiirrelcio no último dia... Reconhecendo em si mesmo a alma espiritual e Imortal, o homem, longe de se Iludir..., atinge a ventada em toda a sua profundeza!'. (Const "Gaudlum et Spes" n? 14). ■ ■

Seja citado tambán o Credo do Povo de Deus redigido

pelo S. Padre Paulo VI em 1968, a fim de dissipar dúvidas.e hesitagoes contemporáneas: "Cremos em um so Deus, Pai, Filho e Espirito Santo... Criador, em cada homem, da alma espiritual e Imortal... Cremos na vtda eterna. Cremos que as almas de todo» aqueles que

morrem na grasa de Cristo, quer se devam aínda purificar no purgatorio, quer sejam recebidas por Jesús no paraíso, no mesmo instante em que delxam os seus corpos, como sucedeu ao bom ladráo, formam o povo de Deus, para além da morte, a qual será definitivamente vencida no día da ressurrelcio, em que estas almas se reunlráo aos seus corpos.

Cremos que a multldáo das almas que Já estáo reunidas ao redor de Jesús e de María no paraíso, formam a Igreja do céu, onde, na eternidade feliz, véem Deus como Ele é e onde sSo também, em graus diversos, assocladas aos santos anjos no governo divino exercido por Cristo glorioso, intercedendo por nos e ajudando a nossa fraqueza com a sua solicltude fraterna" (n? 8. 283).

Como se compreende, a distingáo ácima proposta, entre

corpo e alma, no entendimento dos cristáos, nada tem do dua

lismo platónico ou órfico. O cristáo nao compartilha a idéia

de que o homem seja alma espiritual encarcerada no corpo;

este nao é mau por natureza, mas é criatura feita por Deus para integrar, com a alma, o composto «homem».

2.2.4.

1.

Autoridade da nova sentenca

Varios teólogos contemporáneos, entre os quais Leo

nardo Boff, julgam que a clássica posigáo da Igreja até aqui exposta é reformável, pois se exprimiu em contingentas catego

rías de pensamento grego. As declaragóes atrás citadas do magisterio da Igreja nao seriam definitivas, porque proferidas em funcáo de circunstancias e situagóes hoje ultrapassadas; o platonismo depurado teria inspirado as fórmulas de Bento

XII e do Concilio do Latráo V (p. 68). Sao palavras de Leonardo Boff* «Se o Concilio do Latráo se movesse dentro do horizonte da antropología semita, poderia fazer a afirmagáo que fez? — 551 —

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«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Certamente, em vez de falar em imortalidade da alma, cano

nizaría a imortalidade da pessoa humana total, e nao de urna parte déla. Essa interpretacáo parece, segundo as mais recen, tes pesquisas, revestir de fato a intengáo conciliar. M. Schmaus,

no seu recenta manual de dogmática, diz: 'Nao há nenbuma declaracáo da Magisterio que defina obrigatoriamente a morte

como separacáo do corpo e da alma. As declaracóes oficiáis querem garantir a continuidade da vida do homem para além

da morte, mas nao afirmam sxpressa e formalmente que esta vida deva ser entendida exclusivamente como imortalidade da alma espiritual. Quando os textos do Magisterio (especialmente a declaracáo de Bento XII: DS 1000) afirmam a imortali dade da alma espiritual, utilizam urna formulacáo emprestada

do modelo grego de pensar, através da qual era explicada a sobrevivencia do homem para além da morte' (Tter Glaube der Kirche' II. Munique 1970, 744)» (L. Boff, «A ressurreicáo...», p. 69). A doutrina da fé se salva, segundo os autores da nova sentenca, também dentro das categorías do pensamento mo derno: o homem é unidade indissolúvel (corpo-alma). Conseqüentemente, ele morre por inteiro e ressuscita ¡mediatamente.

Por ocasiáo do juízo final esta ressurreigáo estará consumada porque entáo também a patria do homem, o cosmos, estará transfigurada.

Os defensores desta posigáo escreveram belas páginas da bibliografía teológica contemporánea sobre o assunto; sao fi

guras beneméritas por seus estudos (assim Michael Schmaus, P. Benoit, Joseph Moingt, L. Boff...). É o que nos leva a indagar: será a nova posigáo aceitável aos olhos da fé católica? 2.

Sábese que a doutrina da ressurreigáo logo após a

morte foi impugnada pela Comissáo Cardinalícia que exami-

nou o Novo Catecismo Holandés, onde ela era professada. As conversagóes sobre o assunto entre os teólogos holandeses e Roma terminaram com urna corregió do texto do Catecismo, que foi transcrita em PR 138/1971, pp. 256s, e da qual extra-

irnos apenas o final: «Dos mortos — com excecáo de María — dir-se-á simplesmente que tém a promessa da ressurreigáo».

Este texto é importante por distinguir entre promessa da

ressiureigájo e ressunreisfio. É aquela, e nao esta, que toca aos

defuntos faleados antes do dia do juízo final. — 552 —

<üA NOSSA RESSURREICAO NA MORTE»

25

Esta intervengáo do magisterio da Igreja no Catecismo Holandés deve ser levada em estrita conta, pois a questáo nao se resolve por experiencias científicas nem simplesmentepor principios de filosofía, mas envolve artigos de fe, artigos que,

para o fiel católico, sao auténticamente ensinados é esclareci dos pelo magisterio da Igreja.

•:



Mas pode-se dizer que a teoría dos teólogos contemporá neos é herética? ' ■'" '.'/'■ Seria intempestivo ou categórico demais falar de here>

sáa no caso. Preferimos ponderar os seguintes tópicos, que con-

tribuiráo fortemente para encaminhar a resposta á pergunta: 1)

Parece ura poúcó sumario ou precipitado dizer que as

definigóes de Bento XH e do Concilio do Latráo V nao tém

valor normativo ou decisivo no assunto; nao se pode crér que

visavam apenas a responder a urna problemática hoje ültra-

passada; o magisterio inténcionóu, a quanto parece, afirmar definitivamente á imortalidade da alma e sua entrada ná/sprte postuma, como alma separada do corpo, anteriormente á resr surreiQáo da carne/que se dará por ocasiáo da segunda yinda de Cristo. —As afirmagóes do Concilio do Vaticano n, as.observacóes da Comissáo revisora do Catecismo Holandés e os artigos do Credo do Povo de Deus nao teriam o sentido de con

firmar conscientemente a clássica doutrina da Igreja? — A

resposta positiva parece ciará.

'

2) A apregoada oposigáo entre filosofía semita (uni taria) e filosofía grega (dualista) nao é táo evidente quanto

julgam os arautos da nova tese. Mesmo os júdeus'mais ántigos admitiam que, após a morte do homem, permanecía em vida (embora inconsciente, no xeol) um núcleo da personalidade chamado rafa (o que quer dizer ser débil, lánguido). Os refaim, na regiáo subterránea (xeol), levavam vida umbrátil, adorme cida, mas conservavam, sem dú\ñda, a vida, mesmo separada mente do corpo (este ia para o sepulcro e lá se decompunha; cf. Gen 37,33; 49,29-32; 50, 1-13). Aos poucos, esse conceito

de refaim foi-se clareando; a consciénda atribuida a esse núcleo

da personalidade foi sendo cada vez mais acentuada, de modo que a concepgáo de «alma e corpo a integrar o homem» já nao era estranha ao judaismo no limiar da era crista (cf. livros da Sabedoria, dos Macabeus...). A respeito já foi publicado um artigo em PR 123/1970, pp. 104-116. — 553 —

26

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS? 156/1972

3)

É inadequado dizer-se que o ser humano após a morte

entra na eternidade, onde já nao há tempo, mas posse simul tánea de todo o ser e toda a existencia. Se o homem, mediante

a morte, entrasse na eternidade, entender-se-ia que a ressurrei-

gao fosse instantánea; nao haveria como protrai-la até o dia do juízo final da humanidade. — Na verdade, porém, a eter

nidade (a existencia ssm comego e sem fim) é propriedade exclusiva de Deus; somente Deus nao tem comeco nem flm e, por isto, é eterno. Qualquer criatura — por consegtrinte, o ser humano — tem comeco; por isto conhece sucessáo, desenvol-

ve-se aos poucos. Compreende-se entáo que após a morte a al

ma humana ainda possa aguardar esse acontedmento vindouro que será a ressurreicjio dos corpos; tal expectativa nao se me dirá pela sucessáo de dias e noites na existencia postuma, mas, sim, pela sucessáo de atos (ora mais intensos, ora menos inten

sos) que constituí o evo ou a eviternidade. Do evo nao temos experiencia enquanto vivemos neste mundo; todavía ele se conceitua lógicamente como o tipo de duracáo que compete a urna

criatura que teve comeco (nao é eterna), mas nao está sujeita a sucessáo de dias e noites que caracteriza a vida nesta térra. Na verdade, o ser humano traz em si algo (clasicamente se di ría: urna alma espiritual) que teve comeco (pois foi criada), mas nao terá fim, pois é imortal (o espirito, sendo um ser sim ples, nao composto, nao se decompós, isto é, nao morre). 4) Quem reconhece o evo, nao tem diflculdade em admi tir um purgatorio real e bem definido. Na sentenca nova, o purgatorio seria urna crise, tim crisol: na hora da morte, o ho

mem se perceberia destorcido e dobrado ou enrugado pelas marcas do pecado e dos maus hábitos; teria que arrancar-se e

desfazer-se, num momento, daquelas distorgóes que durante a vida inteira ele teria acarretado sobre si.1 — Pergunta-se: será

que num momento alguém consegue libertar-se radicalmente do

amor próprio e das diversas distoreces que os maus hábitos e os pecados implicam para um ser humano? Essa purificac.áo nao é, antes,
mariamente ás pp. 98s do llvro "A RessurrelcSo..." e, amplamente, no artigo da revista "Vozes" 5/1972, pp. 67-71.

— 554 —

«A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE»

,_27

que está prosseguinlo e cissenvolvendo idéias e práticas já ates tadas na Biblia antes de Cristo? Cf. 2 Mac 12,39-46. 5)

Pode-se também indagar se as concep;6es do autor

franciscano sobre "a morte nao sao um pouco poéticos e utópi cas; cf. pp. 92-39). Será que na hora da morte todo hornern faz sua suprema decisáb? A morte será o ponto alto e mais cons ciente da existencia de todo ser humano? — Para muitos. a morte é precedida de esclerosamente e outros males que afetam a lucidez do pensamento, de modo que morrem com suas capa

cidades humanas (diminuidas. Tais pessoas devem ter feito an teriormente a sua opcáo decisiva; esta, alias, vai-se afirmando

paulatinamente no decorrer da vida de um homem. mas nem

sempie se há de afirmar lucidamente na hora ida morte.

Nao há dúvida, a morte tem aspecto positivo para o cris-

táo; é remate de caminhada. é chegada á Casa do Pai, é limiar

do encontró face-a-face com a Beleza Infinita. 6)

Por último, ainda notamos:

Os conceitos de natureza e grasa expostos as pp. 89s sa-

tisfazem ao ensinamento da Igreja? A graca, nessa cohcepcáo, ainda seria algo de distinto da natureza?

A manipulagÉto do genotipo e dos condicionamentos biológi cos do homem podem ser. sem restricóes. aceites pela consciéncia crista, contanto que visem «á maior libertacáo físico-psíquico-pessoal da especie humana»? Como entender essa libertacáo que legitimaria algo de táo delicado para a consciéncia moral? Cf. pp. 14s.

Eis os motivos por que, diante do novo livro de Frei Leo nardo Boff, nao podemos deixar de admirar as belas páginas aue apresenta, mas também nao vemos como silenciar a estrutura discutível eos pontos duvidosos que constituem o trámite da tese sobre a ressurreicjío do homem no momento mesmo da morte.

O autor é benemérito por procurar exprimir as verdades da fé em linguagem dos tempos atuais, mas reconhecerá que é

próprio do seu mister cair em ambigüidades ou miasmo em posigóes insuficientemente ortodoxas e, por isto, reformáveis. — 555 —

28

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 156/1972 BIBLIOGRAFÍA :

Favoráveis á concepgao clásslca sao: Card. J. Danlólou, "A ressurrelgao". Porto 1971.

F. X. Durwell, "A ressurreigáo de Jesús, misterio de salvacao". S8o Paulo 1970.

J. Comblin, "A ressurrelcao". SSo Paulo 1965.

C. Pozo, "Teología del más allá", BAC n? 282. Madrid 1968. ídem, "Las correcciones al Catecismo holandés'. Madrid 1969.

W. Bulst, "Auferstehung", em "Sacramentum Mundi" I. Frelburg 1967, pp. 413-416. .

Favoráveis á nova sentenca sao:

K. Rahner, "Sentido teológico de la muerte". Barcelona 1965. L. Boros, "Mysterium mortis".

E. Poússet, "La résurrection", em "Nouvelle Revue Théologlque" 91 (196?), pp. 1031-1033.

P. Benoit, "Ressurrelcáo no flm dos tempos ou logo depols da morte?"

em, "Conclllum" 60 (1970), pp. 1289-1298.

Varios autores no fascículo 107 do periódico "Lumiére et Vle". M. Schmaus, "Der Glaube der KIrche" II. München 1970, pp. 734-789.

— 9SS —

• •• Nem meshio urna

;.

• •; Córíípáhhia'-qüb' tía 60 a'rios '■'• verñ acompanhandó ó ...

progrcsso, presente em todo o país (com cerca de 3500

industria (com mais de 300 produtos), no campo

e no lar.

Transarnazónica com as

'.

Seu pessoal é treinado de acordó com as modernas técnicas, administrativas. A Esso sabe que precisa de gente, porque

A Esso tem urna

',.

Más'süá , . '

corn gente.

postos de servigo), na

• - tradicjio de pioneirismo. Chegou á "'



responsabílidade maior é-

ninguém, nem mesmo urna

# . -,

grande compa- I

.nhiai pode fazer |

: - primeiras frentes de trabalho ' nada sozinhó.^

~~

Noticias dos EE. UU. chamaran) a atencao:

divorcio legalizado pela igreja ? comunhao para "(asáis" nao (asados?

Em sinteae: Nao poucos autores católicos tfim dado atencfio á proble mática do divorcio, visando a aliviar a sorte de casáis Infelizes em seu contrato matrimonial.

A fim de se examlnarem as novas teses propostas sobre o assunto,

convém flxar dols pontos que ficarfio firmes na doutrlna da Igreja:

1) a Indissolubilldade do matrimonio decorre da lei natural ou é inórente ao concelto de amor autentico, Independentemente de qualquer crenca re ligiosa;

2) o vinculo natural fol elevado ao plano sobrenatural por Jesús Cristo.

Em conseqQéncia, a Igreja enslna que o concelto de matrimonio se realiza

demanelra perfelta em todo casamento sacramental e consumado. Somente este é de todo fndissolúvel. O vínculo natural, asslm como o casamento sa

cramental nao consumado, tem sido dlssolvldos pela Igreja desde que naja motivo para Isto.



A futura leglslacfio canónica nSo alterará o (tem 2 ácima.

O que se

espera, é urna revlsio da lista de impedimentos dirimentes do matrimonio;

os que flguram atualmente no Código de Dlrelto Canónico supdem, por ve-

zes, costumes já ultrapassados e nfio levam em conta sltuacSes Inéditas con temporáneas. Há quem pleltele também a revisáo do concelto de matrimonio consumado, apelando para criterios mala pessoais ou subjetivos; as novas sentencas, porém, parecen» desvirtuar a objetlvldade do matrimonio consu mado; praticamente, este delxaria de existir.

Quanto á concessSo da ComunhSo Eucarística a pessoas "unidas" en

tre si, mas nao casadas legalmente perante a Igreia, é evidentemente um avanco que nSo se Justifica perante a doutrina católica e que provocou recentemente duas declaracdes de Srs. Blspos no Brasil; estes pastores lem-

braram a Illceidade de tal InovacSo. Que os "casáis" nfio casados, embora nSo possam receber a S. Comunhao, n3o delxem de orar a Deus e de O procurar na slncerldade do seu coracBol

Goment&rio: Quem acompanha o rumo das idéias no mun

do e na Igreja de nossos tempos, pode notar que se váo esbocando novas tendencias no tocante á Moral conjugal: alern — 558 —

DIVORCIO LEGALIZADO?

31

da questáo do controle da natalidade e dos anticoncepcionais, está em voga na Igreja Católica o estudo do divorcio, que tem suscitado vasta bibliografía entre autores católicos em vista

da reforma do Direito. Canónico. Tenha-se em vista,.;eñtre: ou-:

tros dados, a interessante resenha bibliográfica (apresentacáo

dé livros e artigos^sobre divorcio publicados desde 1965),;elau borada pelo P. Marcus Bach e editada na revista '¿Perspectiva

Teológica», ano IV, n» 7 (julho-dezembro), 1972, pp. 255-281. •i ■-•.'x¡r«!

Recentemente, a imprensa noticiava que nos EE.UU. da

América alguns bispos e sacerdotes concederam a Comunháo Eucarística a pessoas que, após o divorcio, estáo unidas á con

sortes em vida conjugal nao sacramental. A nova praxe tem provocado protestos dentro da própria Igreja Católica. Cf. «Time», october 2, 1972 p. 34.

Qucessivos Congressos de teólogos, moralistas e canonistas

tém-se realizado a fim de debater problemas moráis, entre os

quais figura freqüentemente o divorcio. Pode-se mencionar, por exemplo, o Simposio sobre «O vinculo matrimonial» efetuado de 15 a 18 de outubro de 1967, na Universidad» de Notre-Dame nos EE.XJU. Em mato de 1970, ocorreu em Estrasburgo (Franga) um grande Coloquio Internacional de Direito Ecle siástico, onde o P. Gerhardz, professor de Direito Canónico na

Universidade da Francoforte (Alemanha),

apresentou

novas

teses.

Aínda em setembro de 1970 teve lugar em Chantilly (Fran ca) um Congresso de teóloetos moralistas: entre outras coisas,

debateu a nocáo de matrimonio consumado; este dependería necessária e exclusivamente da cópula carnal? Urna vez efetuada

a uniáo sexual, estará definitivamente consumada a uniáo ma trimonial? — Em resposta a estas perguntas, os congressistas de Chantilly chegaram a preconizar, para o novo Código de Di reito Canónico, dois tipos de casamento cristáo: o primeiro (que

nao deveria ser confundido com casamento experimental) para

as pessoas ainda nao plenamente maduras do ponto de vista cristáo; seria um contrato natural, reconhecido e abengoado pe la Igreja, o qual encaminharia os cónjuges para o segundo tipo

de casamento. Este outro seria o sacramento propriamente di to dotado de indissolubilidade absoluta (ao menos em tese, pois se poderiam admitir excecoes); só seria ministrado quando os esposos estivessem suficientemente seguros na sua vida conju gal e fortes na sua fé crista.

Sao também numerosas as obras que, com muita erudigáo, abordam a indissolubilidade do matrimonio e o divorcio. As ra— 559 —

32

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

zóes que geralmente movem os respectivos autores, sao de ín dole pastoral: procurando conservar plena fidelidade a Cristo e ao Evangelho no tocante a doutrina do matrimonio, tém em vis ta simultáneamente aliviar a sorte dos esposos que naufragaram

em seu casamento. O Patriarca Máximo IV Saigh, de Antioquia, terá dito ao Padre Wenger, ex-redator do jornal «La

Croix» de París: «Nao poderemos permanecer em paz diante

dos sofrimentos freqüentemente agudos de grande número de homens, se nao fizermos tudo que esteja em nosso poder para

encontrar a luz» (citado em «Ecclesia» tí> 261, dezembro 1970,

p 22) A intencáo de quem assim fála, é certamente boa e lou-

vável- todavía as tentativas de solugáo apresentadas para ir ao encontró dos casáis infelizes suscitam por vezes hesitagao e perplexidade. Eis por que, ñas páginas subseqüentes, procura,

remos tragar algumas linhas seguras que projetaráo luz sobre as sentengas e hipóteses da literatura teológica contemporánea. 1.

Dois pontos essenciais

O juízo a se proferir sobre a tese favorável ao divorcio de pende da resposta a urna dupla questáo de importancia capital, a saber:

— A indissolubilidade do matrimonio apregoada pela Igreja Católica é a expressáo da lei natural e da fé crista ou cons tituí um artigo da disciplina própria da Igreja Católica? — Neste caso, a indissolubilidade se impóe aos católicos, e somente a

estés. E, se é mera questáo de disciplina eclesiástica, compreende-se que se pleiteie reforma da mesma.

— Mas pode-se também perguntar: a indissolubilidade do matrimonio nao é um dado inscrito na própria natureza hu mana?

Após atento exame do assunto, a sá razáo e a teología afir-

mam a segunda tese, assim enunciada:

1.1. O matrimonio é mdtssolúvel por sua própria índole ou por Iel natural, anteriormente a qualquer lei positiva (religiosa ou civil).

Como se justifica esta afirmativa?

A uniáo conjugal é naturalmente inspirada palo amor. Ora

amar é, antes do mais, dar-se, e dar-se de maneira total e gra— 560 —

DIVORCIO LEGALIZADO?

33

tuita. Um tal amor nobilita o ser humano. Este só é grande na medida em que se dá; a verdadeira grandeza consiste em que o homem se dedique totalmente. Restrigoes e instabilidade nos compromissos e no amor sao sinal de fraqueza e imaturidade. Note-s>a também que a doagáo mutua de dois conjugues é ó tipo de uniáo mais íntima possível; por isto ela pede essa totalidade que consta de monogamia e indissolubilidade (uniáo de dois con sortes para toda a vida). Um jovem que diga á sua namorada: «Eu te amo perdidamente até amanhá ao meio-dia», nao a con

vence Quem declare: «Darei tudo por ti até enjoar»,- nao en trega amor, mas um simulacro de amor forado, porque egoís

ta; tal simulacro nao é apto a suscitar amor, mas, sim, cobiga

interesseira (egocéntrica).

Além disto, observam os sociólogos que o matrimonio monogámico e indissolúvsl constituí o ambiente mais oportuno pa ra o feliz desenvolvimento dos filhos.

Nem sempre os homens compreenderam a indissolubilidade do matrimonio, embora seja decorrente da lei natural; tenham-

-se em vista, por exemplo, os judeus, aos quais a Leí de Moisés

concedía o divorcio (cf. Dt 24,1-4). Na verdade, existem na leí natural

— prewseitos primarios, dos quais jamáis pode haver dispen sa (por exemplo, nao adorar falsos deuses ou ídolos, nao matar o inocente...), e

.

preceifios secunfláirios, que sao passivos de dispensa, supondo-se determinada populagáo em urna fase primitiva ou rer

tardada de vida moral. Tal é o preceito natural da indissolubilidade do matrimonio, do qual o povo de Israel foi dispensado quando aínda era um povo rude ou de dura oarviz, segundo as palavras do próprio Cristo:

«Acercaram-se de Jesús alguns fariseus com intencáo dé o

apanhar era falta e lhe perguntaram: 'É lícito ao homem repu diar a sua esposa por qualquer motivo?1

Ele respondeu: 'Nao lestes que o Criador no principio os criou homem e mulher e lhes disse: Por isto o homem deíxará

pai e máe e se unirá á sua esposa e os dois formaráo urna so

carne? Assim já riáo sao dois, mas urna só carne. Portante, nao separe o homem aquilo que Deus uniu.'

'Por que entáo, dizem eles, mandou Moisés dar o documen

to de repudio e abandonar a esposa?' — 561 —

34

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Ele Ihes diz: 'Fbi por causa da dureza de vosso coragáo

que Moisés vos permitiu abandonar vossas esposas, mas a prin

cipio nao foi assim'» (Mt 19,8).

Após Cristo, é missáo dos filósofos e da Igreja apregoar o ideal matrimonial em sua grandeza e totalidade. Por isto é que, mesmo ñas sociedades pluralistas contempo ráneas, onde credos e filosofías diversas sao simultáneamente

professados, a Igreja nao cessa de proclamar a indissolubilidade do vínculo nao somente para os fiéis católicos, mas também pa

ra os náo-católicos. Ela tem consciéncia de nao estar preten-

dendo, mediante a legislacáo civil, impor a sociedade pluralista normas propriamente católicas (o que seria censurável e viola ría o direito de todo homem á liberdade religiosa). Rejeitando o divorcio de maneira peremptória, a Igreja tem consciéncia de estar simplesmente defendendo os direitos do homem como ho mem.

Eis urna segunda proposigáo que ficará sendo fundamental na doutrina da Igreja:

1.2. A indissolubilidade natural do matrimonio foi por Jesús Cristo elevada ao plano sobrenatural ou sacramental.

Em outras palavras: a uniáo conjugal de dois cristáos já nao é simplesmente célula -da sociedade humana, mas participa de urna realidade maior e ainda mais densa que é a uniáo de Cristo com a Igreja; o sacerdocio e a Redencáo de Cristo se

exercem de maneira especial no casal cristáo. Na familia crista preparam-«e nao apenas bons cidadáos da cidade terres tre, mas também, e principalmente, filhos de Deus, irmáos do Primogénito, herdeiros da patria celeste. Tudo o que no lar

cristáo se faga, reveste-se de nova dignidade; é sempre santo, jamáis meramente profano, pois o matrimonio é um sacramen

to permanente (é sacramento que nao cessa quando cessa a celebragáo ritual do mesmo em presenga de um presbítero, mas

se prolongam enquanto os esposos vivem). Também a Eucaris

tía é sacramento permanente: nao termina com a celebragáo da

S. Missa, mas subsiste enquanto subsistem o pao e o vinho

consagrados.

Aos poucos dentro da Igreja aflorou a consciéncia de que a

indissolubilidade cabe por excelencia ao matrimonio desde que seja — 562 —

DIVORCIO LEGALIZADO ?

1)

35

sacramental (ratum, em latim), isto é, celebrado vali

damente entre dois fiéis católicos, e 2)

consumado pela uniáo carnal.

Tal casamento realiza em plenitude o conceito de matrimo nio. Em conseqüéncia, a Igreja, por motivos graves (que geralmente sao a preservagáo e a conservagáo da fé dos interes-

sados), tem dissolvido o casamento nao sacramental (o vínculo natural) e o casamento sacramental nao consumado. — Pre cisamente cinco sao os casos concretos em que os tribunais ecle siásticos tém disolvido o matrimonio nao sacramental ou o ma trimonio sacramental nao consumado:

1)

o caso do privilegio paulino (cf. 1 Cor 7, 12-16 e Có

digo de Direito Canónico, can. 1120): de dois cónjuges nao batizados, um se converte á fé católica; o consorte nao batizado, em conseqüénda, recusa-se a conviver com ele em paz. A Igreja entáo, baseando-se nos dizeres de Sao Paulo, pode dissolver o vínculo natural entre eles existente;

2)

o matrimonio sacramental nao consumado é dissolvido

por privilegio petrino. Este se aplica a tres outros casos:

3) matrimonio contraído por dois náo-católicos, dos quais um é batizado e o outro nao. Pode haver dispensa desde que um

se torne católico e a coabitacáo venha a ser impossível. O primeiro caso deste tipo registrou-se em 1924;

4)

matrimonio contraído por dois náo-católicos, dos quais

um ao menos é batizado e dos quais nenhum se torna católico.

Para que um desses cónjuges possa contrair matrimonio com um católico a Igreja tem concedido dispensa do casamento anterior. Para tanto, porém, requer que a vida conjugal já esteja praticamente desfeita.

5)

Já se registrou também a dissolucáo de casamento

contraído por um católico com um náo-batizado com dispensa de diferenga de culto religioso (tal casamento nao era sacramento). Em suma, somente goza de absoluta indissolubilidade o ma trimonio sacramental consumado. É possível, pois, que novas

dispensas váo sendo concedidas pela Igreja em relagáo ao vinculo meramente natural ou á uniáo conjugal nao consumada. — 563 —

36

cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

De modo geral, a legislagáo da Igreja sobre indissoloibilidade e dispensa do vinculo baseia-se, de aun lado, sobre a palavra de Cristo em Mt 19,6 («Nao separe o homem. o que Deus uniu») e, de outro lado, sobre o poder de ligar e desligar conce dido por Jesús a Psdro e seus sucessores (cf. Mt 16, 16-19). Pergunta-.se agora: a legislagáo e a praxe da Igreja nao po-

.deráo mudar no futuro? Nao teremos talvez em breve um Direito Canónico reformado, muito mais «condescendente»? É o que vamos examinar sob o título seguinte:

2.

Que poderá mudar?

A afirmacáo de que o matrimonio sacramental (ratum) e

consumado é indissolúvel, pertence ao patrimonio da fé crista. A Iemja nao tem poder sobre ela; nao lhe é lícito, portante, cancelá-la ou alterá-la. Todavía na bibiografia teológica dos últimos tempos os au

tores oleiteiam novas maneiras de entender ou de aplicar a proposicáo ácima. Estudarsmos de modo especial o que se re fere aos impedimentos do matrimonio e á consumacáo do mesmo. 2.1.

Impadimentos dirimentes

Como no Direito Civil, assim no Direito eclesiástico sao re-

conhecidos certos óbices 'a validade do casamento. Quando um ca^iranto sacramental é celebrado apesar de um impedimento dirimente sem nue se tenha obtido a devida dispensa, o matri monio é nulo. Os cónjuges poderáo viver anos e anos como

esposos aparentes; na verdade. porém, nao estaráo casados; des de que se prove a existencia de tal impedimento, a Igreja decla ra nulo tal casamento, isto é, verifica e publica a nulidade de urna tal >uni5o — o que bem difere de anular («anular» significa «tornar nulo» algo que em si era válido).

Os impedimentos dirimentes enunciados peo Direito Canó nico menaceráo, sem dúvida, urna revisáo oportuna. Entre eles figura, por exemplo. o erro de pessoa (can. 1083). Tal erro é entendido polo Código em sentido muito restrito: ocorre quando alguém se" casa com a pessoa A julgando que é a passoa B; ora isto na verdade se dá muito raramente, podendo todavía acontecer nos casamentes por procuragáo. Existem hoje em dia — 564 —

DIVORCIO LEGALIZADO ?

37

muitos erros de pessoa mais freqüentes, como sao, por exemplo, os erros sobre as condigóes de saúde física ou mental do con sorte.

Sabe-se outrossim que a inversáo sexual ou o homossexua-

lismo é fenómeno cada vez mais difuso em nossos dias. Verifi-

cou-se também que nao se corrige simplesmente mediante forca de vontade e disciplina do paciente, mas pode ser algo de pro. fundamente arraigado no físico e no psíquico da pessoa. Nessas

condigóes vem a ser um obstáculo real para a vida conjugal.

O limita mínimo de idade para se contrair validamente matrimonio canónico parece, em nossos dias, baixo demais: 16 anos completos para o rapaz; 14 anos completos para a moca.

Nota-se que grande número de casamentos sao contraídos em ccndicóes de imaturidade psicológica, de tal sorte que se deveria exigir idade um tanto mais elevada para a validada do ca samento religioso.

Nao poderia também o novo Direito Canónico dispor que aos futuros nubentes se proporcionasse um período de preparacáo (com palestras e instrucóes, o que está longe de equivaler a experiencias pré-matrimoniais), a fim de se evitaren» casa-

mertos precipitados, irrefletidos? Tais enlaces, por insuficien

cia de deliberacáo e empenho por parte dos nubentes, nao se-

ráo, em nao poucos casos, inválidos?

Pergunta-se também como julgar o caso de um rapaz que

tenha cometido imprudencia com urna jovem ^^tezento* eneravidar. A praxe sempre mandou que os dois mteressados

sT ciassem a fim de salvar o nome da moga e dar lar e legalifa¿Tfutura prole. Pergunta-se, porém, se o casamento assim

contraído é plenamente livre,.. .se os dois joyens terji condi-

cóes para realizar um casal estavel, feliz e digno. Visto que

em muitos casos nao se pode responder afirmativamente, ]ul-

ga-se oportuno abolir tal praxe, ficando, porém ao joyem a

estrita obrigacáo de dar asslsténcia (ao menos, material ou fbianceira) á máe solteira e a seu filho. — Conforme noticia publicada pelo «Daily Mirror» de Londres e transcrita pelo «Jornal do Brasil» de 30/XII/70, urna entre cinco noivas ingle, sas se casa porque é obrigada a fazé-lo; os jornais apresentam a fotografía de urna noiva grávida vestida de véu branco e gri-

nalda ! Será que muitos dos enlaces contraídos em consequen,

cia di» urna desordem moral se concertam realmente, de modo a se tornar estáveis e felizes ? Nao seria melhor nao fossem sequer contraídos ? — 565 —

38

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

Em suma, a vida moderna oferece, sem dúvida, situagóes e elementos inéditos, que podem afetar o contrato matrimonial a ponto de torná-lo, por um motivo ou por outro, nulo. Conseqüentemente a lista dos impedimentos matrimoniáis, que traz

marcas de civilizagóes antigás, poderia ser revisionada sem que

com isto ss cometesse traigáo ou infidelidade em relagáo á instituigáo crista do casamento.

Muito mais delicada é a revisáo .do 2.2.

Conceito de matrimonio consumado

Até o presente momento o Direito Canónico usa como cri terio de consumagáo do matrimonio a realizagáo da cópula camal entre os cónjuges; urna vez efetuado o ato fisiológico como tal, o casamento é tido como consumado para sempre.

Ora nao poucos estudiosos propóem nova conceituagáo, afir

mando que o ser humano é alguém que se realiza aos poucos ;

em particular, o casamento só atinge a sua gravativamente; por conseguinte, para que matrimonio consumado, seráo necessários, varios anos; o amor perfeito é que vem a

perfeigáo e solidez se possa falar de em alguns casos, ser o criterio ade-

quado.

Observa, por exemplo, o famoso teólogo E. Schillebeeckx : ■■O Sim entre os cónjuges é um acontecimento que evoluí: corneja an

tes do casamento, tem o seu momento de soler» confirmaste ni' "lebracác do matrimonio soclalmente reconhecida, mas também depois disto deve to

mar corpo e isto durante toda a vida. Nesse amaduredmento — esta é a

Derqunta — quai o momento em que se pode considerar realmente consu mado o matrimonio, de tal forma que seja indlssolúvel de acordó comas normas canónicas? Apenas se pode reconhecer algum sentido á Importan cia que o Direlto Canónico dá ao primeiro ato conjugal. Humanamente con

siderado esse prlmeiro contato é, multas vezes, um desastre; por Isto, an tropológicamente, ó destituido de valor ou ó, justamente pelo contrario, o prlmelro germen de urna desIntegracSo do matrimonio... Humanamente con siderado, o matrimonio já pode estar consumado na IntengSo muito tempe antes que tenha sido realizado de fato o ato sexual; ao contrario, há alguns matrimonios que, mesmo após a repetida realizagSo do ato sexual, nSo po dem ser considerados antropológicamente consumados" ("O matrimonio cnst3o e a realidade humana de sua total desintegracSo", ad Instar manuscriptl. em tradugáo portuguesa).

Que dizer a propósito ? — Tnegavelmente Schillebeeckx e outros teólogos procuram

encontrar o verdadeiro sentido da expressáo «matrimonio con— 566 —

DIVORCIO LEGALIZADO ?

39

sumado». Acontece, porém, que a nova conosituacáo é de todo

subjetiva e arbitraria; identifícar-se-ia com amor firme. Ora este, por mais estável que parega, está sempre sujeito a crescer,

como também a se retratar ou a definhar, de sorte que nunca

se poderia falar propriamente de «matrimonio consumado». Em materia jurídica requerem-se dados objetivos; embora a ciencia do Direito conté com o dinamismo e a mobilidade da natureza humana, ela só pode existir caso trate com realidades que todos possam reconhecer mediante criterios objetivos. Verdade é que a primeira cópula carnal entre esposos nem

sempre corresponde a um amor profundamente enraizado. Por

seu conceito, porém, ela supóe e exprime amor,... amor que

naturalmente deverá crescer com o decorrer dos tempos; todos os valores humanos tendem a se aperfeigoar paulatinamente 0 que nao quer dizer que nao possam ser auténticos desde a sua primeira manifestagáo.

Para evitar que a cópula conjugal nao seja expressáo da amor, mas alto leviano, deve-se recomendar a preparacáo para o matrimonio mediante cursos aptamente ministrados. O que falta 'á maioria dos jovens casáis, é talvez a tomada de consciéncia previa dos aspectos biológico, psicológico, moral e reli gioso do matrimonio. Casamentes empreendidos com leviandade ou precipitagáo, aos quais se atribuí o sentido de mera

experiencia retratável (se for conveniente retratá-la), eis o que torna táo instável e as vezes penosa a vida matrimonial. Note-sa ainda que a nova conceituagáo de «matrimonio con sumado» abre a porta para o chamado «casamento experimen tal», ensaio de casamento que, se nao for tido como consumado

pelos «cónjuges», poderá ceder a outro casamento, também ele experimental... E isto indefinidamente !

Por último, verifica-se que oartos autores, opondo-se á índole jurídica e institucional do matrimonio, pretendem dar-lhe

um caráter mais personalista e condizente com as aspiracóes do ser humano. Caem, porém, muitas vezes no campo do puro subjetivismo ; vém a afirmar, sim. de urna forma ou de outra, que o casamento se dissolve quando o amor morre. Neste caso, um matrimonio validamente contraído poderia tornarle nulo

quando cessassem a paz e o bem-estar conjugáis. — É, porém, necessário lembrar a distingáo entre personalismo e subjetivismo: o respeito á personalidade ou aos valores específicamente hu manos, pessoais, merece todo apoio; todavía ele se concilia per— 567 —

40

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

feitamente com a existencia de normas objetivas e de subordinagáo (por vezes, abnegada e dura) as mesmas. O individua lismo, ao contrario, redunda em puro subjetivismo, só reconhecendo por normas as concepgóes próprias do individuo; desta atitude só se podem esperar distorcóes da personalidade humana.

As novas Idélas se acham compendiadas todas, por exemplo, no livrc

de V Stelnlnger: "Auflosbarkelt unaufloslicher Ehen". Graz-WIen-Koln 1968.

Em tradugio francesa: "Peut-on dissoudre le mariage?" París, 1970.

APÉNDICE

A fim de ilustrar quanto acaba de ser exposto, váo aquí transcritos tres documentos abalizados. I) O primeiro é a resposta de D. Ivo Ltorscheiter, Se cretario Geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, ao Bispo-Prelado da Abaetetuba (PA), datada de 9 de dezembro de 1971 e divulgada por causa do noticiario proveniente dos EE. UU. da América : «A consulta expressa em suo prezada carta de 2 do corronte

mgs sobre admissao aos sacramentos de casáis que nao podem legitimar a sua uniáo — aborda om problema pastoral certamente

doloroso e delicado. A pedido de V. Excia., e em caráter pessoal, manifestó o meu parecer sobre o assunto :

1)

Nao ignoro a existencia de moralistas que advogam a ficei-

dade e até a conveniencia de admitir tais casáis aos sacramentos,

depois de toem examinadas as suas intencóes e afastado o perigo de escándalo.

2) a

Da minha parte, ocho mais correto outro modo de encarar

questáo :

a)

estamos na suposiíáo de que os referidos casáis vivem em

situacao objetivamente irregular, «mbora nao possam agora modificá-la ;

b) sao misteriosos os caminhos da bondade de Deus, que pode tocar e santificar o coraccio do homem em circunstancias e por formas a nos desconhecidas ;

c)

por isso mesmo, eu animaría tais casáis a confiarsm em

Deus, procurando servi-lo do melhor modo possível; mesmo privados dos sacramentos, Deus ,poderá ampará-los e salvá-los.

— 568 —

DIVORCIO LEGALIZADO? 3}

41

Parece-me, salvo melhor ¡uízo, ,que assim atendemos melhor

aos dados da Teología e as exigencias da Moral e da Pastoral; e, sem menosprezar o valor dos sacramentos, nao fazemos deles depender o amor e a onípoténcia de Deus».

H)

O segundo documento é urna Nota da Curia Metropo

litana do Rio de Janeiro assinada por D. José de Castro Pinto, BispovAuxiliar, aos 5/X/1972:

«A ma« elementar prudencia nos manda verificar o que real mente aconteceu (o noticiario proveniente dos Estados Unidos), pois a noticia, como está exarada, nos dá a ¡mpressao de exageres ou generalizacSes de algum abuso particular.

Na hipótese de alguns, ou mesmo muitos, abusos cometidos nesse sentido, a leí da Igreja nao foi revogada, tanto mais que

neste assunto estáo implicados pontos de ordem teológica, nao apenas aspectos disciplinares ; pelo que nao seriam decisoes abusivas e par

ticulares que viriam ter forca de leí, nem mesmo de dispensa de lei gemí».

ni) Transcrevemos aínda a entrevista de D. José de Cas tro Pinto publicada pelo jornal «O Globo» do Rio de Janeiro aos 6/X/1972 :

«Um homem ou urna mulher que, separando-se do outro c6n-

Suge volta a se casar — disse D. José de Castro Pinto — se excluí, por si mesmo, da comunháo da Igreja, ísto é, se torna excomulgado,

nao podendo participar dos sacramentos da lgr*|a Católica. A indis-

solubilidade do casamento — continuou — é um dos pontosi da doutrina que Cristo deixou ó lgr.eja de mane.ra clara e insofismavel. T3o clara

acentuou o Vigário Geral da Arquidiocese do Río

de Janeiro — que os Apostólos observaran», depois de ouvirem a

afirmacáo de Cristo : 'Se é assim, é melhor nao casar1.

Dom José de Castro Pinto explicou que a permissao do divorcio por Moisés, com autorizacáo de Deus, tem sua justificativa na situacáo em que se encontrava a mulher antes de Cristo. — 'Ela era, disse, propriedadé do pai; do marido, depois de casar; e do filho mois velho, quando se tornava viúva. O marido, como propnietário, tinha

direitós absolutos, sobre ela, inclusive de espancá-la e/ou mató-la.

Perante esta situacáo — explicou D. José — é que a lei mosaica permitiu ao marido, como proprietário, abandonar a mulher, o que — 569 —

42

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

era melhor do que «spancá-la ou matá-la, tanto mais que a poliga mia era costume da época. Com Cristo, porém, a dignidade da mulher foi restobelecida, razáo pela ,qual o casamento pode voltar ao estado primitivo, imposto por Deus : o da indissolubilidade'. D. José de Castro Pinto ne.gou a possibilidade do divorcio com fundamento na falta de amor subseqOente ao casamento.

'Nao se pode afirmar — disse — que, aos 19,20 ou 21 anos, um ¡overn nao tenha condicoes de se decidir pelo resto da vida, como

se requer para o casamento, quando tem tais condicoes diante de varios outros problemas. Os casos nos quais fique comprovado, após o casamento, que

houve erro de pessoa, devem ser apurados e, se constatados, podem produzir a declaracao de nulidade, isto é, a declaracao de que o ato, embora com todas as aparéncias, nao teve o requisito essencial para ser um casamento.

Mas, se o casamento foi válido — observou D. José —, a Igreja jamáis poderá consentir em que se¡a tornado nulo, de maneira que os cónjuges voltem a se casar. Nos casos de abuso por parte

de algum sacerdote, permitindo o que a lgre¡a nao permite, o cami-

nho a seguir é o da punicáo desse sacerdote «través dos processos

previstos no próprio Código de Direito Canónico, isto é, da adver tencia pessoal as penalidades maiores, inclusive a excomunhao'».

X

"A experiencia

me

ensinou

que

ninguém

no

mundo é consolado sem que primeiro tenha consolado e que nada recebemos que antes nao tendamos dado.

Entre nos, homens, há apenas troca.

Deus é o único que dá, que apenas dá." (Georges Bernanos) — 570 —

Poesía e Mística:

"o profeta11

de gibran khalil gibran1

Gibran Khalil é um pensador árabe que viveu em Beirute, Bostón París, Nova Iorque, refletindo sobre a realidade da existencia em meio aos homens. Em «O Profeta», o autor imagina um profeta exilado em térra longíqua á espera do navio que o deveria levar de volta á sua ilha natal. No dia em que o navio chega, o povo cerca o profeta e pede-lhe que lhe deixe antes de partir, algo de sua sabedoria. O profeta póe-se entáo a discorrer sobre amor, matrimonio, filhos, comer e beber, trabalho, crime e castigo, liberdade, prece, religiáo, inorte...

O S9U estilo tem algo de poético; recorre a freqüentes imagens, aptas a dar certa grasa ao texto.

Há belas afirmacóes ñas páginas de Gibran; tenha-se em vista por exemplo, o capitulo sobre o matrimonio (pp. los). Há porém, textos confusos, como os que se referem la morte

(pp. 85s), á religiáo (pp. 81s), á oracáo (pp. 71s), ao Eu-divino (pp. 39s). A filosofía que inspira o autor, parece ser, em ultima

análise, o panteísmo, ou seja, a concepcáo de que a Divindade

se identifica com a natureza cósmica e o homem. Leve-se em

conta, por exemplo, a reflexáo sobre o Bu-divino que ha em

cada um de nos.: «Similar ao océano é o vosso Eu-divino... E similar também ao sol é vosso Eu-divino... Mas vosso Euidivino nao reside sozinho no vosso ser... Em vos muito é aínda do homem, e muito nao é ainda do homem.. -Como

urna procissáo, vos avancais, juntos, para vosso Eu-divino» (pp. 39s). Que significam tais dizeres propriamente ?

Sobre a oracáo lemos o seguinte : «Que é a oragáo senáo a expansáo de vosso ser para o éter vívente ?... Quando re

záis, yos eleváis até encontrardes ñas alturas aqueles que estao

iTraducáo e apresentagfio de Mansour Chalina. "Biblioteca do Leltor Moderno'", vol. 71. Rio de Janeiro 1968, 140 x 215 mm, 98 pp. — 571 —

44

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

orando á mesma hora e que fora da oracáo talvez nunca encon-

trásseis» (p. 71). Pergunta-se: que é o éter vívente ? Como

entender a elevacáo do orante até encontrar-se no espaco com

outros orantes? Tém-se ai concepgóes assaz diversas das do Cristianismo.

Era suma, o livro «O Profeta» pode ter encanto poético, mas, do ponto de vista doutrinário, é fraoo e confuso. Se algum cristáo deseja um livro de meditacáo e prece, leía, por exemplo, (para só citar alguns poucos escritos da bibliografía recente

no Brasil): Mchel Quoist, «Construir o homem e o mundo», «Poemas para rezar» (Livraria Duas Cidades, Sao Paulo) ; L Jordáo Villela, «Nao estou só» (ed. Vozes), «Aprenda a ser fe'liz» (Ed. José Olimpio), A. Ribeiro Guimaráes, «Caminhos da vida» (ed. Vozes), H. Baggio, «Oracáo da caminhada», «Caminhando juntos» (ed. Vozes), C. e H. Kesselmeier, «Cristo, Caminho, Verdade, Vida» (Sonó-Viso do Brasil). Estéváo Bettencourt. O.S.B.

livros em resentía Católicos Penteoostals, por Kevin e Dorothy Ranaghan. Tradu-

cao de Paulo de Aragáo Lins. - Edigáo de O. S. Boyer, Pindamo-

nhangaba (SP)?1» tiragem em Janeiro de 1972, 110 x 180 mm, 332 pp. Este livro, escrito nos EE.UU. da América, narra as origens do movimento pentecostal católico: este lniclou-se nos anos de 1966/1967

m Sersidade de Duquesne em Pittsburg (U.S.A.) e propagou-se para

outros centros de estudos superiores norte-americanos. O livro refere

as experiencias dos primeiros apostólos do movimento e íornece os fundamentos teológicos do mesmo. Chama a atencáo, entre ou1ro&

o cap. VI intitulado «O falar em linguas», onde varios exemplos deste dom do Espirito sSo expostos. Na verdade, o Espirito Santo outor-

gou outrora e ainda hoje pode outorgar, o dom das línguas; faz-se mister porém, o dom do discernimento (que também é graca do Espirito), a fim de se distinguirem de fenómenos meramente psico lógicos as auténticas gracas de Deus.

Recomenda-se a obra a quem deseje formar um juizo esclare cido sobre o pentecostalismo tal como é entendido entre os católicos. — 572 —

LIVROS EM RESENHA

_ü>

HA lugar para Deas na ciencia moderna? por Brizzi, Cimino, DezzaTGallo, Jaeger. Lambertini, Marcozzi, Soccprsl Tradugáo de GuUhérme Pinto Carvalheira. ColecSo «Pontos controversos» n» 6 - Ed. Paulinas. Caxias do Sul 1971. 120 x 180 mm, pp. 171 pp.

Temos aquí urna coletánea de capítulos devidos a especialistas,

aueinostram como os-resultados de pesquisas da ciencia moderna le-

3amM estudiosos a reconhecer a existencia e os atributos de Deus. Este refulge nos limites da ciencia. Assim a astronomía, investi

gando o cornos e suas vertiginosas dimensfies, leva a conhecer o Deus Eterno- a anatomía, investigando as maravilhas do corpo hu

mano dáTestemunho da sabedoria do Criador; a física moderna a»

na á Causa Primeira (a teoría da relatividade de Elnstein nao afeta o Absoluto de Deus); a paleoetnologia aponta vestigios de culto reUgioso na pré-história; a ciencia do pireito e a procura da justica

encontram sua íonte primeira e seu fundamento na Justica Divina, que é também Amor.

O livro está redigido com objetividade; tem caráter de divulgacáo e destlna-se a circulo de leltores relativamente ampio. Preci-

sávamos, no Brasil, de tal instrumento de trabalho, principalmente ñas escolas de ensino medio e superior. Embora se diga que o ceticismo dos séc. XVHI e XIX esta, hoje em dia, superado, era oportuno que numa visáo panorámica se percebesse como a ciencia em seus

diversos setores de trabalho pode levar

a Deus. Dir-se-ia mesmo:

quanto mais alguém é culto, tanto mais condicaes tem de reconhecer

seu Criador. É o que justifica as palavras do S. Padre Paulo VI:

«A Igreja olha o progresso científico... com admiracáo, com simpatía, com confianca... Onde há pesquisa e descoberta, aumento de saber e de acSo, al existe... penetracao da obra de Deus, aproxlmacao dos dois termos em jogo: o homem e Deus.

fi por isso que... o progresso científico, longe de esvaziar a reltgISo, prepara as suas mais altas e profundas expressOes. Hoje esta convergencia do mundo científico para um reconheclmento relirfoso final e transcendente comeca a projetar-se nos espirites mais meditativos e é de aesejar-se que sirva de preludio a um novo.Cán

tico das criaturas, matemática e racional, mas n&o menos lírico e místico que o do irmSo Francisco.

Prepare seus fUhos par» o futuro, por JoSo Mohana. — Edi tora Globo, Porto Alegre 1972, 145 x 215 mm, 272 pp. Jofio Mohana, médico e sacerdote, já é o autor de «A vida se-

rimi dos soltaros e casados e
O autor analisa a vida biológica, a vida social e a vida espiri tual dos filhos, abordando os problemas que possam surgir em cada

urna dessas áreas. Particularmente interessantes, entre outros, sao

os capítulos «Como fazer o filho homossexual?» e «Como evitar o

füho homossexual?>; Mohana examina al as causas do homossexualismo em termos científicos, propondo-lhe também a profilaxia e os

— 573 —

46

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 156/1972

remedios, entre os quais estáo certos principios de auténtica educacao sexual. De ponta a ponta, o livro oferece orientacáo segura e equilibrada; aceita quanto de positivo hajam dito Freud e a escola psicanalitica, guardando, porém, sempre uma visáo crista dos pro

blemas da formacao da personalidade. Mohana procura lazer que a razáo e o bom senso dos pais prevalecam sobre o sentimentalismo vazio, o amor lúcido sobre o amor miope. «Conceder tudo-ao íilhb'é

fabricar uma bomba a longo prazo. Os pais que n§o sabem dizér 'nao' a um filho, nao estáo preparando este filho para os 'nao' úá vida» (p. 109). O autor, porém, nao deixa de exigir que os genitores dém aos íilhos o testemunho de auténtico autodominio no uso do sexo, harmonía e amor, a íim de poder conservar autorldade Junto aos filhos. — É de notar também que nao esquece a íormagao reli giosa das criancas: «Há pais que se descuidam desse trabalho, e entáo temos a possibilidade de presenciar dois fenómenos: íilhos com maniíestacóes religiosas típicamente irracionais, imaturas, instinti vas; ou filhos com a religiosldade abafada, soterrada por mil outros compromissos da vida, sem fé e aparentemente sem, religlosidade, mas de íato com a realidad© se escoando, disfarcada, em cultos mlméticos, em verdadeiras liturgias a Ídolos forjados pela sede de absoluto que nao morre no coracáo do homem» (p. 238). Asslm concebido, o livro se torna um manual de psicología e formacao nao somente para os íilhos, mas também para os genitores; o autor demonstra vasta cultura geral e ampia experiencia da vida, que se traduzem em numerosos casos concretos a ilustrar o pensa-

mentó exposto. Mohana escreve em estilo simples e concreto, á guisa de coloquio amigo, evitando o tom de tratado de erudlcáo dilicil e obscuro. É o que torna a leitura do livro agradável e altamen te proveí tosa; nao há quem nao possa aprender muita coisa ao ler estas páginas de J. Mohana.

Milton e Márcia na Lúa, por Modesto Marques de Ohveira. — EdicSes Paulinas, Sao Paulo 1972, 160 x 225 mm, 120 pp. M. Marques de Oliveira é um jurista que se tem dedicado a Comunicagáo e á literatura infantil. Este é o quinto livro do autor numa serie desuñada a crianzas.

Conta, em estilo de ílcgáo, o caso de dois brasileirinhos, Milton e Már

cia, que conseguiram introduzir-se clandestinamente na nave espacial Apolo-77, no intuito de provar ao mundo que Deus está presente em toda parte. Durante a viagem. o computador acusou excesso de peso a bordo da nave espacial e indicou a presenca das criangas como íator mortiíero para a tripulacáo; a salvacao desta estarla em lancar íora no espago as duas criangas. Estas, porém, uma vez descobertas, puseram-se a orar com tranqüilidade, pedindo o auxilio de Deus; entao uma nuvem de meteoritos foi de encontró a Apolo-77 e retlrou da superficie desta cápsula espacial uma quantidade de metal de sessenta e nove quilos, seiscentas e vinte gramas e meia — exatamente o peso das duas criancas. Estas assim puderam íicar a bordo, e a nave chegou á Lúa em boas condlgoes; o milagre fora a resposta á prece das criancas e de parte da tripulagáo. O enredo do livro está cheio de ensinamentos religiosos de gran de alcance sobre a oracáo, o milagre, o valor da máquina e o do ho-

— 574 —

LIVROS EM RESENHA

47

mem a materializacáo da civüizagao da automacSo, a tristeza e a alegría, a confissáo dos pecados, a eutanasia... Desta forma se transmite a crianca que leia, urna serie de verdades religiosas...

O üvro no seu género de ficcáo para criancas, está bem redigido- lembra cá e lá «O Pequeño Príncipe» de Salnt-Exupéry. O

autor promete continuar a narrar no mesmo estilo o desenrolar e o íim dessa viagem espacial. Como literatura infantil, o livro merece ser recomendado. E.B.

a amazonia precisa de senté como vocé! Vocé ¡ó conhece?

O VIBRA é um Movimento de Voluntarios Internadonais e Bra sileros para a Amazonia. Está Inserido no Plano de Pastoral, Pro feto 5-2, da Igreja na Amazonia. Que tem em mira?

— Visa a ptomocáo integral (espiritual e material) do homem

da Amazonia, á luz do Evangelho, mediante alfabetizacao, campa-

nhas de ©rientacáo sobre higiene, saude e habitacáo, educajco cí

vica, educacño crista e catequese, escolas profTsstonais, cooperativas agrícolas, artesanatos, pequeñas industrias...

Nao se oferece salario, mas, slm, urna pequeño ajuda de cusió em dinheiro, hospedagem decente e alímentacáo — o que

permite ao voluntario levar urna vida simples, digna e honesta, como

simples e pobre é a vida dos irritaos que «le vai ajudar, testemunhando a belezo da fraternidade crista. Por isto é Importanttssimo

o parecer do Vigário do lugar, que predsa de conhecer o candidato a Voluntario e apresenté-lo por carta assinada pelo mesmo Vigório. O estágio na Amaz6nia, após o devido h-elnamento oferecído ao candidato, pode durar um ou dois anos.

Se vocé estiver tnteressado (a), queira dirigir sua corresponden cia a CONFERINCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL — VIBRA.

Rúa do Russel, 76, Caixa postal 85, 20000 RIO DE JANEIRO (GB1 ZC-01. _ 575 _

ÍNDICE 1972

ERGUNTE Responderemos

ÍNDICE (Os

números

1972

a direita indicam respectivamente fascículo, edigáo e página).

ano

de

A ABORTO LEGAL? ABSOLVICAO SACRAMENTAL SEM CONFISSAO?.....

ACORDÓ CATÓLICO-ANGLICANO SOBRE ETJCARISTIA «AMA E FAZE QUE QUISERES» : como enten der ?

AMOR FRATERNO E VIDA PÚBLICA AUSCHWITZ, campo de concentragáo

AUTORIDADE E CONTESTACAO NA IGREJA E DIALOGO RENOVADA

151/1972, p. 291.

154/1972, p. 435. •

152/1972, p. 3M. 151/1972, p. 332.

147/1972, p. 111. 154/1972, p. 467.

150/1972, p. 252. 153/1972, p. 417.

153/1972, p. 423. 153/1972, p. 422.

B BARREAU, J.-C, em entrevista sobre fé BENEDITINOS, em encontró latino-americano.. BIBLIA E DESCOBERTA DE MANUSCRITOS.. ORACAO BIOLOGÍA ANTIGA E ONANISMO BOFF, LEONARDO e seus livros

'

147/1972, p. 132. 154/1972, p. 471. 154/1972, p. 454.

146/1972, p.

85.

146/1972, p. 81. 152/1972, p. 385.

156/1972, p. 542.

c CABELEIRA DE CRISTO

CADÁVER DE JESÚS ENCONTRADO NA PA LESTINA ?

..........

CAMILO TORRES E VIOLENCIA

CARISMAS E COMUNIDADES PENTECOSTAIS CARTA DE UM MENINO QUE NAO NASCEU, A SUA MAE CATÓLICOS E ANGLICANOS EM DIALOGO .. NA IRLANDA DO NORTE .. CELIBATO DO CLERO ABOLIDO ? CIENCIA E CONSCtÉNCIA PSICOLÓGICA DE CRISTO COMA E REATIVACAO DE ORGANISMOS .. COMUNHAO PARA «CASÁIS» NAO CASADOS ? COMUNIDADES CARISMATICAS CONFISSAO DOS PECADOS, instituigáo divina E ABSOLVICAO COLETIVA .... POSTERIOR A ABSOLVICAO .. CONGELAMENTO DE ORGANISMOS E MORAL CRISTA

— 577 —

156/1972, p. 535. 145/1972, p.

4.

150/1972, p. 265.

149/1972, p. 230. 15V1972, p. 308.

152/1972, p. 374. 145/1972, p. 17. 155/1972, p. 480. 151/1972, 150/1972, 156/1972, 149/1972, 154/1972, 154/1972, 154/1972,

p. p. p. p. p. p. p.

330. 244. 558. 235. 436. 435. 440.

150/1972, p. 244. 150/1972, p. 249.

ÍNDICE DE 1972

50

CONSTANTINOPLA, CONCILIO DE (e reencarnagáo) CONTEMPLACAO NA ORACÁO UONTESTACAO AO ABORTO NA IGREJA CORRECÁO FRATERNA É LICITA ?

CR1SE DE AUTORIDADE CRISTIANISMO NA RÚSSIA

NORTE-AMERICANO: «REVIVALS» .. CRITICA NA IGREJA CRUC1FDCAO DE JESÚS E ARQUEOLOGÍA..

145/1972, p. 32. 146/1972, p. 91. 151/1972, p. 302.

149/1972, p. 150/1972, p. 153/1972, p. 155/1972, p. 149/1972, p. 152/1972, p. 145/1972, P.

195. 257. 417. 510. 235. 367. 7.

150/1972, 146/1972, 155/1972, 150/1972, 147/1972, Ib6/1972,

284. 61. 485. 259. 110. 558.

D DEMING, BÁRBARA E NÁO-VIOLÉNCIA UüUS tí O SOFRIMENTO DiACONATO PERMANENTE (h. casados).... DIÁLOGO DENTRO DA IGREJA DiGNIDADE DA PESSOA HUMANA DIVORCIO LEGALIZADO PELA IGREJA? ..

p. p. p. p. p. p.

E ECUMENISMO E «IGREJA BRASILEIRA» .... ENCARNACAO DE DEUS e erros

ENCONTRÓ DE BENEDITINOS

recentes

..

ESCATOLOGIA, que é? ESTATURA DE JESÚS EUCARISTÍA em acordó católico — angllcano .. EVANGELISTAS FORAM VERÍDICOS ? EVOLUCAO PACIFICA OU VIOLENCIA ? ....

E

FÉ E VÍAS QUE LEVAM A FÉ CATÓLICA E ERROS RECENTES Trindade, Cristo)

(SS.

FENÓMENOS PENTECOSTAIS EXTRAORDINA

RIOS FIDELIDADE DOS EVANGELHOS FINANCAS DA SANTA SÉ FUTUROLOGIA E ESCATOLOGIA,

rem?

GANDHI E NAO-VIOLÉNCIA

como

dlíe-

G

GARAUDY ROGER, E CRISTO GIV' AT HA-MIVTAR e descobertas arqueoló

gicas

GRACA DE DEUS (necessária para a lé)

GRÜNDEL, JOHANNES, E MORAL CONJUGAL GUERRA DE RELIGIAO NA IRLANDA

— 578 —

149/1972, p. 227. 15V1972, p. 154/1972, p. 147/1972, p. 156/1972, p. 152/1972, p. 152/1872, p. 150/1972, p.

310. 471. 103. 534. 374. 348. 265.

146/1972, p.

47.

15V1972, p. 319.

149/1972, p. 234. 152/1972, p. 355. 147/1972, p. 122.

147/1972, p.

99.

150/1972, p. 280. 148/1972, p. 145.

145/1972, p. 146/1972, p.

146/1972, p. 145/1972, p.

4.

59.

73. 20.

51

ÍNDICE DE 1972

H HELDER CÁMARA E NAO-VIOLÉNCIA

HISTORIA DA FORMACAO DOS EVANGELHOS HUMANITARISMO (difere de

• ■■i--, : ■ ■ ■



_

...

DOUTRINA

DA

APOSTÓLICA BRASILEIRA (ICAB) ... OU ROMANA?. E MANIFESTÓ DOS 33

IMAGEM DE JESÚS, através dos séculos .... «INTELUGENTZIA» RUSSA CONTESTA INTERCOMUNHAO DE CATÓLICOS E PRO TESTANTES «INTERROGATORIO, Os de Peter Weiss IRLANDA em confuto religioso

JEAN-CLAUDE BARREAU, em entrevista sobre íé JESÚS CRISTO ERA REALMENTE DEUS ? ..

«JESÚS

SUPERSTAR DE NAZARÉ, livro de José Comblin .... E ORACAO E AMBIENTE JUDAICO ANTIGO FILHO DE SOLDADO ROMANO? .... COMO ERA ? (perfü físico)

Boff

CRISTO

152/1972, p. 349. 149/1972, p. 228.

I

IGREJA CATÓLICA ADOTOU ' REENCARNACAO ?

"'.'•

ecumenismo)

150/1972, p. 283.

LIBERTADOR»,

livro

de

L.

JOAO. BATISTA E ELIAS (o mesmo personagem?) JOVENS E IGREJA ENTENDEM-SE ? JUDAS, na pega «Jesús Cristo, Superstar» JUVENTUDE E SEDE DE VALORES

145/1972, p.

25.

149/1972, p. 218. 149/1972, 152/1972, 156/1972, 155/1972,

p. p. p. p.

220. 367. 537. 518.

154/1972, p. 446. 15V1972, p. 467. 145/1972, p. 12.

147/1972, p. 132. 151/1972, p. 310; 152/1972, 153/1972, 153/1972, 151/1972, 15V1972, 148/1972, 148/1972, 156/1972,

p. p. p. p. p. p. p. p.

343; 391. 408. 324. 328. 149. 148. 534.

152/1972, p. 385. 145/1972, 148/1972, 153/1972, 148/1972,

p. 26. p. 184. p. 413. p. 189.

L LEGITIMACAO DA PROSTITUICAO LEIS DA NATUREZA E SOFRIMENTO LIBERDADE RELIGIOSA E «IGREJA BRASI1 LEIRA» LIBERDADE DO HOMEM, na origem de sofrimento

.'■..:,

m

MADALENA, na peca «Jesús Cristo Superstar» MAE DE ALUGUEL ? INCUBADORA? MAL NO MUNDO E EXISTENCIA DE DEUS .. MANIFESTÓ DOS 33 (contra a resignagáo na Igreja)

— 579 —

153/1972, p. 499. 146/1972, p. 64. 149/1972, p. 224. 146/1972, p.

153/1972, 153/1972, 153/1972, 146/1972,

65.

p. 412. p. 428. p. 430. p. 61.

152/1972, p. 367.

ÍNDICE DE 1972

52

MANUSCRITOS BÍBLICOS e descobertas recentes MARCUSE E REVOLUCAO VIOLENTA MARÍA, VIRGEM E MAE — objecfies MARTÍN LUTHER KING E NAO-VIOLÉNCIA MATRIMONIO CONSUMADO INDISSOLOVEL

154/1972, 150/1972, 148/1972, 150/1972, 156/1972,

MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS

152/1972, p. 343

MEDITACÁO na vida. de oracao

146/1972, p.

156/1972, 149/1972, 152/1972, 146/1972,

«MESA LEIGA», no teatro MISSA OBRIGATÓRIA ? MORAL CONJUGAL E SEXUAL

CRISTA MORTE CLÍNICA E M. REAL MOTU PROPRIO «AD PASCENDUM» MOTU PROPRIO «MINISTERIA QUAEDAM»

MOVIMENTO PENTECOSTAL ENTRE

LICOS

150/1972, 150/1972, 155/1972, 155/1972,

CATÓ

N

O

ORDENACAO SACERDOTAL DE MULHERES

ORDENS MENORES em reforma ORÍGENES E ORIGENISMO

P

PANDERA, PARTHENOS e JESÚS

PAULO VI E ORDENACAO DE MULHERES PECADO, SÓ QUANDO PREJUDICA O PRO-

"

XIMO?

PENTECOSTAIS CATÓLICOS PERFIL PSICOF1SICO DE JESÚS PERSONALIDADE DE JESÚS : sadia ou n&o ? PIÓ XII MORREU ENVENENADO ?

POLÍTICA TEOLOGÍA POLITIZACAO DA IGREJA: sim ou nao? .. PRECEITO

DA

MISSA DOMINICAL — documentó dos bispos do Canadá

— 580 —

209. 360. 73.

268. 247. 480. 480.

150/1972, p. 280. 147/1972, p. 115. 147/1972, p. 115.

OBJECAO DE COSCIÉNCIA: sim ou nao ? .... O' CALLAGHAN E MANUSCRITOS BÍBLICOS ORACAO, como se faz ?

DOS

385. 546.

148/1972, p. 165.

NAO VIOLENCIA ATIVA : que é ? NEO-CLERICALISMO, na política NEO-INTEGRISMO, na política

ORDENACAO DIACONAL DE HOMENS CASA-

p. p. p. p.

89.

155/1972, p. 487. 155/1972, p. 480.

Lerlin

nutrida pela Biblia pelos mortos

e p. p. p. p.

454. 267. 153. 282. 560.

149/1972, p. 230.

MULHER E ORDENACAO SACERDOTAL .... MULHERES E SERVICQS NA IGREJA «MUNDO EXTRA-SENSORIAL», livro de Hans

,

p. p. p. p. p.

148/1972, p. 171. 154/1972, p. 454. 146/1972, p. 85. .

146/1972, p. 145/1972, p.

88. 37.

155/1972, p. 485. 155/1972, p. 487.

155/1972, p. 483. 145/1972, p. 30.

148/1972, p. 150. 155/1972, p. 480.

151/1972, p. 335.

149/1972, 153/1972, 153/1972, 154/1972,

p. p. p. p.

230. 401. 401. 461.

147/1972, p. 107. 147/1972, p. 114. 152/1972, p. 364.

53

ÍNDICE DE 1972

«PROFETA, O>, de Gibran Khalil Gibran PROMOCAO DA MULHER E PROSTITUICAO PROSTITUICAO LEGAL ? PROTESTANTES COMUNGAM NA IGREJA CA TÓLICA ?

Q

QUADRO DO FUTURO QUMRAN E MANUSCRITOS DO NOVO TESTA MENTO

R

REATTVACAO DE ORGANISMO EM COMA ... REATIVAMENTOS PENTECOSTAIS REENCARNACAO ADOTADA PELA IGREJA? . E ESCRITURA E MUNDO EXTRA-SENSORIAL ...... E TRADICAO CRISTA REFORMA DAS ORDENS MENORES REINO DE DEUS : imánente e transcendente .. RENOVACAO E FIDELIOADE NA IGREJA RESIGNACAO NA IGREJA (Manifestó dos 33) «RESSURREICAO DE CRISTO, A. A NOSSA RESSURREICAO NA MORTE», livro de Leo

nardo Boff

RESSURREICAO APÓS CONGELAMENTO ORGANISMOS? REVOLUCÍO JUSTA VIOLENTA

DE

S

SACRAMENTO DA ORDEM em reforma SACRAMENTOS DA IGREJA CATÓLICA APOS TÓLICA BRASILEIRA SANT1SSIMA TRINDADE : tres modalidades de Déus ?

156/1972, p. 571. 155/1972, p. 506. 155/1972, p. 495.

154/1972, p. 445.

147/1972, p. 120.

154/1972, p. 454.

150/1972, 149/1972, 145/1972, 145/1972, 148/1972, 145/1972, 155/1972, 147/1972, 151/1972, 152/1972,

.

p. p. p. p. p. p. p. p. p. p.

244. 230. 25. 26. 159. 29. 483. 117. 323. 367.

156A972, p. 542. 150/1972, p. 247.

150/1972, p. 276. 150/1972, p. 266.

155/1972, p. 481. 149/1972, p. 225. 151/1972, p. 310.

SOFRIMENTO E DEUS SOLSCHENIZYN em carta ao Patriarca de Moscou

146/1972, p. 71. 155/1972, p.511.

SUDARIO DE TURIM E FÍSICO DE JESÚS ....

156/1972, p. 552.

SUBSERVIÉNCIA PARA NAO MORRER ? ....

T

TALMUD E JESÚS TEOLOGÍA POLÍTICA ., DA REVOLUCAO TRINDADE, SS., E FÉ DA IGREJA

V

VATICANO E JUSTICA SOCIAL «VERDADE SOBRE A REENCARNACAO», llvro ■ de Hans Holzer VIOLENCIA OU EVOLUCAO PACIFICA ? .... VIRGINDADE DE MARÍA: objecSes

— 581 —

155/1972, p. 510.

148/1972. 147/1972, 147/1972, 151/1972,

p. p. p. p.

148. 108. 108. 318.

147/1972, p. 122. 148/1972, p. 160. 150/1972, p. 265. 148/1972, p. 156.

54

ÍNDICE DE 1972

EDITORIAIS A BONDADE E O AMOR A MAE DA VH5A A PALAVRA DO PAPAGAIO «A QUEM... SE NAO AH?» «AS MAOS QUE ORAM» DE ENCONTRÓ EM ENCONTRÓ «... DE FÉ COMO DE PAO, AGUA OU AR* .. DIALOGO DO SERVICO

LEMBRE-SE NATAL NEM QUENTE NEM. FRIÓ O SÍMBOLO DO CORACAO PARA ALÉM DO ORIENTE E DO OCIDENTE QUEM DIRÍA? «TARDE TE AMEI!» «VI A FACE DE DEUS.. .>

LIVROS

NITO

CIAL.

— CATECISMO

MENSAGEM

CRIANCAS DE HOJE

DE

EXISTEN-

CRISTO

AS

p. p. p. p. p.

389. 477. 243. 147. 479.

147/1972, p.

97.

145/1972, p.

1.

156/1972, p. 529. 150/1972, p. 241.

148/1972, p. 145.

151/1972, p. 289.

151/1972, p. 433.

TACOES E PESQUISAS Claude Tresmontant — O ENSINAMENTO JESCHUA DE NAZARÉ O PROBLEMA DA REVELACAO

DE

Donald B.

AS

Pomenico Grasso — A MENSAGEM DE CRISTO Lourian — VITORIA

153/1972, p. 432. 154/1972, p. 470. 151/1972, p. 338.

151/1972, p. 339.

150/1972, p. 287. 146/1972, p.

94;

148/1972, p. 192.

Chenu, Congar e outros — VOCACAO : INQUIE-

DROGAS.

153/1972, 155/1972, 150/1972, 148/1972, 155/1972,

p. 3. p. 193. p. 45. p. 343.

APRECIADOS

André Alsteens — A MASTURBACAO NA ADO LESCENCIA B. Beni dos Santos — O SENTIDO PERSONA LISTA DO MATRIMONIO Bertrand de Margerie, S.J. — CRISTO PARA O MUNDO. O CORACAO DO CORDEIRO Boaventura Kloppenburg, O.F.M. — O SER DO PADRE Carlos da Silveira — ENCONTRÓ COM O INFI Carmem Mendonca

145/1972, 149/1972, 146/1972, 152/1972,

SOBRE

UM PROGRAMA DE ACAO

Frederico Dattler, SVD — LÉXICO B1BLICO-LI-

TORGICO

— 582 —

150/1972, p. 287. „_,„„_ .„ 154/1972, p. 475. 154/1972, p. 475.

146/1972, p.

94.

153/1972,3«capa.

155/1972, p. 528.

55

ÍNDICE DE 1972

G. Tüchle e C.A. Bouman — NOVA HISTORIA DA IGREJA, vol.

tra-Reforma)

IH (Reforma e Con

Haroldo J. Rahm, S.J. e María J.R. Lamego — SERÉIS BATEADOS NO ESPIRITO

SANTO Héñri de Lubac — A-IGREJA NA CRISE ATUAL Irene Tavares de Sá — JUVENTUDE EM CRISE OU SOCIEDADE

EM

'BRASILEIROS

Irineu Wilges, O.F.M. — HISTORIA E DOUTRINA DO DIACONATO ATÉ O CON CILIO DE TRENTO Jean-Jacques Lariviére — CREIO NESTE DEUS Jeanne Delais — OS FILHOS DO DIVORCIO Joáo Mohana —PREPARE SEUS FILHOS PARA O FUTURO

DEUS

155/1972, p. 528. 154/1972, p. 475.

CRISE ? INTRO-

DUCAO AO ESTUDO DE PROBLEMAS

Jocy Rodrigues — CANTIGAS

147/1972, p. 143.

DO

POVO

DE

Johannes Feiner, Magnus Lóhrer e outros — MYSTERIUM SALUTIS, U/1: DEUS UNO E

TRINO

John L. Mckenzie, S.J. — OS GRANDES TE MAS DO ANTIGO TESTAMENTO .... José F. de Oliveira, SCJ — ALICERCE PARA UM MUNDO NOVO. A FÉ EXPLICADA AOS JOVENS Joseph Ratzinger — FÉ E FUTURO

Kevin e Dorothy Ranaghan — CATÓLICOS PENTECOSTAIS L.J. Rogier e J. de Berthier de Sauvigny com a colaboragSo de Joseph Hajjar — NOVA HISTORIA DA IGREJA, vol. IV (Século

das Luzes, RevolucSes, RestauragBes).. Leonardo Boff — JESÚS CRISTO LIBERTADOR. ENSAIO DE CRISTOLOGIA CRITICA

PARA O NOSSO TEMPO A RESSURREICAO DE CRISTO. A NOS-

148/1972, p. 169. 149/1972, p. 239. 146/1972, p. 96. 150/1972, p. 287. 156/1972, p. 573.

153/1972, p. 407.

154/1972, p. 470. 145/1972, p.

43.

146/1972, p. 95. 147/1972, p. 144.

156/1972, p.

147/1972, p. 143.

152/1972, p. 385.

SA RESSURREICAO NA MORTE Luiz Gonzaga, Frei — SEREMOS UM EM DOIS. ORIENTACÁO SOBRE O NAMORO

156/1972, p. 542.

Mari&ngela Didier — AJUDEM-ME A CRESCER Maria Aparecida Ataliba de Lima Gongalves — MULHER VOCÉ Mario Cuminetti — A EUCARISTÍA, LIBERTACAO DO HOMEM Martín Hengel — FOI JESÚS REVOLUCIONA RIO ? Modesto Marques de Oliveira — M1LTON E MARCIA NA LÚA

146/1972, p.

MarceUe Audair — VIVA JOVEM

O. e L. Terreiro e outros — DIÁLOGOS CONJU GÁIS

— 583 —

154/1972, p. 470.

145/1972, p.

44. 95.

154/1972, p. 470.

154/1972,3« capa.

149/1972, p. 239. 156/1972, p.

154/1972, p. 470.

56

ÍNDICE DE 1972

Osear Cullmann — JESÚS E OS REVOLUCIONA-

RÍOS DO SEU TEMPO Paulo VI. — A ORACAO HOJE Raimundo Cintra. O.P. e outros —CREDO PARA AMANHA 3

Romain Matignon — EQUILIBRIO PSÍQUICO E . VIDA CONSAGRADA Rolf Reichert — HISTORIA DA PALESTINA .. Thierry Maertens e Jean Frisque — GUIA DA

149/1972, p. 208. 149/1972, p. 208.

15V1972, p. 339. 150/1972, p. 288. 148/1972, p. 192.

ASSEMBLÉIA CRISTA 9. FESTAS COM PREVALÉNCIA SOBRE O DOMINGO,

LECIONARIO, BIOGRAFÍA DOS SAN TOS,

ÍNDICES

Van den Born — DICIONARIO ENCICLOPÉDICO

DA BIBLIA

'

Varios autores — HA LUGAR PARA DEUS NA CIENCIA MODERNA ?

Waldomiro Otavio Piazza,S.J. — TEOLOGÍA FUNDAMENTAL PARA LEIGOS. A PALAVRA DE DEUS NA SAGRADA

ESCRITURA Zezinho, SCJ — A JUVENTUDE É UMA PARA-

BOLA

. DIGA AO MUNDO

QUE

SOU JOVEM

— 584 —

154/1972,3» capa.

147/1972, p. 143. 156/1972, p.

149/1972, p. 239.

148/1972, p. Í92. 148/1972, p. 192.

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