Ano Xxix - No. 319 - Dezembro De 1988

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Projeto PERGUNTE

E RESPONDEREMOS ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESErsrTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta

necessidade

de

darmos

conta da nossa esperanga e da nossa fé V*.

hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questoes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abencoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

SUMARIO O Velho e o Novo

Mil Anos de Cristianismo na Rússia O Confucionismo

O Taoísmo tu

Ética do Planejamento Familiar

O -~-

"Mediunidade dos Santos"

<

Ainda "A Última Tentacao de Cristo" "PRIER" (Rezar)

OQ q

Celibato

a.

ANO XXIX

DEZEMBRO

1988

319

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

DEZEMBRO - 1988

Publicapao mensal

N°319 SUMARIO

Diretor-Responsável:

Estfiváo Bettencourt OSB Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico D iretor-Administrador: D. Hildebrando P. Martins OSB

O Velho e o Novo

529

Data marcante na historia:

Mil anos de Cristianismo na Rússia . .

530

As Grandes Religioes da Humanidade: O Confucionismo

543

As Grandes Religioes da Humanidade:

Administracao e distribuicáb:

O Taoísmo

Edigóes Lumen Christi Dom Gerardo, 40 - 5? andar, S/501 Tel.: (021) 291-7122 Caixa Postal 2666 20001 - Rio de Janeiro - RJ

'

Esclarecendo questoes de

Ética do Planejamento Familiar ....

554

Espiritismo e Catolicismo: "Mediunidade dos Santos"

565

Fala o Grao-Rabino da Franca:

"MARQUES- sákajvaaurcosta

ICkM Ttü: H>Mt

549

Ainda "A Última Tentacáb de Cristo".

571

"Prier" (Rezar)

574

Celibato

575

!

'rezado leitor,

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Somunicamos-lhe que o preco da assina-

Janeiro - 1989

ura de nossa revista PR 1989 foi estipúla

la como segué,

em vista dos constantes

eajustes de papel, Correios, mao-de-obra...

"A Dignidade da Mulher" (Joao Paulo II).

- Cristianismo e Catolicismo (síntese histó rica). - Que devemos crer? - Historia da Igreja (panorama). — 0 Animismo. - O San to Sudario.

m nosso pafs. 'agamento efetuado até

11/12/88:

Cz$

11/01/89:

CzS 10.000,00

7.800,00

I8/02/89:

CzS 13.200,00

COM A PROVACÁO ECLESIÁSTICA

Yertos da compreensao de V.S. subscrevemonos atenciosamente

A ADMINISTRAQAO agamento (á escolha)

. VALE

POSTAL á Agencia Central dos

Correios do Rio de Janeiro.

. CHEQUE BANCÁRIO

3. No Banco do Brasil, para crédito na Con-

ta Córreme n? 0031, 304-1 em nome do Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro, pá-

gável na Agencia da Praga Mauá (n?0435).

O Velho e o Novo Se quiséssemos compreender todo o misterio do Natal de Cristo num

único vocábulo, poderfamos recorrer á palavra "Novidade". Com efeito; Na tal significa o nascimento do Eterno no tempo a fim de renovar o tempo e o homem, arrancando-o ao velho estilo de vida. Por isto também o adjetivo novo é dos que mais caracterizan! a literatura sagrada do Cristianismo ou do Novo Testamento: SSo Paulo fala de "novo homem" {Ef 4,24; Cl 3,10), "nova Alianca" (1Cor 11,25); Jesús entrega um "novo mandamento" (Jo 13,34), um "vinho (ensinamento) novo" (Mt 9,17), Ele que "faz novas to das as coisas" (Ap 21,5), para que, redimidas, possam cantar "um cántico novo" {Ap 14,3). Em suma, diría o Apostólo: "Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. Passaram-se as coisas antigás; eis que se fez urna realidade nova" {2Cor 5,17; cf.GI 6,151. Essa novidade depositada no tempo e na humanidade mediante o Na tal nao se traduz em sinais espalhafatosos, mas é latente, como a Divindade

estava latente na humanidade de Jesús ou como um germen é latente debaixo da térra ou ainda como a borboleta está oculta dentro do seu casulo. Tal novidade se assemelha a um fermento que muda em positivo o sinal negativo de todas as coisas, pois Deus se fez homem, entrando em todas as minucias da vida humana (até na dor e na perseguipao) para "divinizar" isso tudo e fazer de todas as instancias da existencia terrestre do homem um caminho pa ra o Pai. "Vita tua, via nostra" (Tua vida é nossa vial, diziam os antigos cristaos. Só o pecado nao foi assumido no misterio da Encarnacao, de modo que ele fica sendo o único grande mal que pode acometer o homem (mas pa ra o qual há sempre remedio, desde que o pecador o repudie). Conseqüentemente o cristao tem razoes para se manter equanime em meio aos altos e baixos da vida presente, mesmo quando ingrata. O contraste entre o velho e o novo é muito reconfortante. O fim de ano lembra sempre que as coisas envelhecem e passam; o novo ano as reno-

va, mas precariamente, pois também o novo ano há de envelhecer. Todavía coloque o cristao dentro do ritmo desse seu tempo a grande novidade do Na tal ou a sementé de valores definitivos que Cristo I he trouxe, e a precarie-

dade das coisas transitorias pouco ou nada significará para ele. A experiencia de um rejuvenescimento contfnuo empalidecerá, aos seus olhos, o espectro da vetustez.

A TODOS OS NOSSOS LEITORES E AMIGOS DESEJAMOS ESSE

SANTO NATAL, CUMULADO DE GRACAS E BÉNCÁOS, EM PENHOR DE FELIZ E PRÓSPERO 1989! POSSA O MUNDO ENVELHECIDO RE-

CEBER DE BRACOS ABERTOS A NOVIDADE DA CRIANCA! E.B.

529

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXIX - N? 319 - Dezembro de 1988 Data marcante na historia:

Mil Anos de Cristianismo

na Rússia Em síntese: O povo russo traz em si a mésela de sangue eslavo e sangue normando ocorrída no sáculo IX, quando os normandos (ou viqui'ngios) se deslocaram da Escandinávia para as térras gue acompanham o rio Dniéper até o Mar Negro. O encontró com os cristSos bizantinos e ocidentais favoreceu a evangelizacio dessas populacoes pagas, que chegou a um ponto alto quando o prín

cipe S. V/adimir de Kiev pediu o Batismo em 988; o próprio monarca doravante se empenhou em prol da pregacao do Evangelho em seus territorios. Nos decenios subseqüentes predominou nos povos russos a influencia de Bizáncio, que transmitiu muito da sua cultura, provocando a fusao de ele

mentos gregos e eslavos no Cristianismo russo. O cisma bizantino (separacao de Roma) ocorrido em 1054 nao afetou logo a Igreja na Rússia; mas com o

tempo susdtou certa hostilidade desta em relacao á Santa Sé, de modo que em 1453 os cristSos russos resolveram declarar a autonomía da sua Igreja; em 1589 Moscou chegou a se declarar "Sede Patriarcal", nutrindo pretensoes a ser a terceira Roma fa segunda fora Bizáncio, tomada pelos turcos

em 1453). 0 Cristianismo russo está hoje dividido, visto que urna parte de seus membros tenta viver em paz com o Estado Soviético, ao passo que outra

parte o rejeita. Como quer que se/a, as celebracoes do primeiro milenio do Batismo da Rússia foramsinalde aproximacio do Estadoe da Igreja; as autoridades so viéticas mostraram-se cordiais e atenciosas em relacao á religiao, dando a

crer que concederSo liberdade religiosa aos seus ddadaos. A Igreja Católi ca tomou parte notável em tais celebracoes; o ponto culminante dessa pañicipacSo fot o coloquio de urna hora e meta havido entre o Cardeal A. Casaro530

1000 ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA //, Secretario de Estado do Vaticano, e o Secretario Geral M. Gorbachev, ao

qual o prelado entregou urna mensagem pessoal do S. Padre Joao Paulo II.

- As impressoes de quantos estiveram presentes na Rússia por ocasiao das

comemoracoes do milenio foram alvissareiras e esperanzosas. *

*

*

Em 1988 comemoram-se mil anos do Batismodo Príncipe Vladimir, de Kiev, que levou consigo o povo russo para o Cristianismo. Sabe-se que a data foi celebrada solenemente na própria Rússia Soviética, com certa participacéío das autoridades comunistas, numa fase de perestroika ou de revisao do socialismo russo.

O fato tem significado eclesial e civil, merecendo registro em nossas páginas. Examinaremos, pois, as origens do Cristianismo russo e alguns tra eos mais significativos da comemoracáo do seu milenio.

1. Breve histórico do Cristianismo na Rússia 1.1. A formacao do povo russo

A origem do nome "Rus" é assaz controvertida. Há tres hipóteses a

respeito:

1) Rus derivar-se-ia do nome do povo dos Ruxs, que teria emigra

do em época muito antiga para a Rússia do Sul; 2) Rus viña'de urna forma eslava da palavra finlandesa Ruotsi, derivada do sueco antigo e designativa dos viquíngios (emigrados para a Rússia); 3) Rus se reduziria á palavra rod, que tem sua raiz no eslavo comum e significa "familia, parentesco, proce dencia"; rus, no caso, teria o sentido de "senhorio de príncipes da casa dps varegos escandinavos".

Como se vé, o estudo da etimologia da palavra Rus (donde Rússia) já manifesta que o povo russo se constituiu mediante a participacao dos viqumgios ou varegos.

Com efeito; viquíngios, varegos, tarVibém ditos "normandos" (=homens do Norte) sao um povo que se estabeleceu na Escandinávia (atualmente Noruega, Suécia e Dinamarca) e entre os séculos VIII e XI invadiu a Euro pa ocidental e oriental. Eram habéis navegadores, que viajaram nao só pelo Mar do Norte e o Báltico, mastambém pelo rio Dniéper; atravessaram o inte rior da Rússia atual e chegaram até o Mar Negro. O chefe viqufngio que chefiou a expedicao pela Europa Oriental, foi Rurik ou Rjurik (? - 879), herói semilendário, que estabeleceu sua capital 531

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 em Novgorod; reinou desde 862. Os invasores mesclaram-se com as popula-

coes eslavas ¡á existentes nos seus territorios, dando assim origem ao povo

dito "russo" e ao primeiro Estado Russo. Ainda no século IX, foi fundada na confluencia dos rios Dniéper e Desna, ao Sul de Novgorod, a cidade de Kiev, conhecida hoje como "a mae das cidades russas", em torno da qual se

constituiu no século X o Grao-Principado de Kiev, que hoje é a Ucrania, de populacao preponderantemente eslava. O Grao-Príncipe de Kiev, Esviatoslav (964-972), disp&s de grande poderío; empreendeu varias guerras bem sucedidas, que I he dilataram as fronteiras.

1.2. O surto do Cristianismo

Como entrou o Cristianismo na populacáo russa { = eslavo-normanda)? A primeira noticia concreta de trabalho missionário entre os russos

deve-se ao Patriarca bizantino Fócio: em 867 o Patriarca Fócio anunciava que os russos, povo anteriormente conhecido como selvagem e sanguinario,

tlnham recebido o Evangelho e estavam sob a autoridade espiritual de um bispo bizantino, como súditose amigos do Imperio. Alguns anos mais tarde, o Patriarca Inácio de Bizáncio nomeou um arcebispo para a Rússia. Quando morreu o príncipe Igor, a Princesa Olga assumiu o governo de Kiev como regente de seu filho menor Esviatoslav. A princesa recebeu o Batismo ou em Constantinopla (957), para onde fora em missao de paz e onde tivera contatos religiosos, ou recebeu-o mesmo em Kiev. Julga-se que, retor

nando de Constantinopla, pediu missionários ao Imperador Oto o Grande (959-960), da Germania, pois existiam boas relacoes entre Kiev e o Ocidente. Oto enviou o bispo Adalberto, antigo monge do mosteiro de S. Maximi no de Tréviris (Alemanha), sagrado em Mogúncia; o prelado, porém, so permaneceu um ano (961-962) em Kiev. Assim a tentativa, de Olga, de cris tianizar seu povo ná"o conseguiu vencerás tradicoespoliteístas locáis, de mais a mais que seu filho Vladimir assumiu o governo professando crencas pagas. Em conseqüéncia, os pequeños núcleos cristáos da regiao f icaram sem a protecao do governo local, mas favorecidos pelo bom relacionamento dos mo

narcas de Kiev com os ocidentais; Jaropolk, por exemplo, em 977 enviou mensageiros a Oto I e recebeu emissários do Papa Bento Vil. Esta é a chamada "primeira conversao da Rússia". Nao se sabe qual a sorte da primeira diocese naquele país; por certo devia estar situada em

Kiev, capital da napSo. É de crer que tenha sido absorvida pela reacáo pagl

que marcou.a Rússia nos últimos decenios do século X; todavia deve ter ficado urna comunidade crista em Kiev, pois há ¡nformacóes suficientes para admiti-lo.

532

1000 ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA O Batismo da Rússia devia dar-se sob o príncipe Vladimir I (956* 1015), dito "o Santo", Príncipe de Novgorod desde 970 e Grao-Príncipe

de Kiev (desde 980). Filho de Esviatoslav, consolidou num único Estado Russo o antigo Ducado de Novgorod e o Principado de Kiev, abrangendo assim os territorios desde a Ucrania até o Mar Báltico. Tendo dado ajuda mili tar a Constantinopla, pediu em troca a mao da irma do Imperador bizantino Basilio II. Após algumas dificuldades, esta Ihe foi concedida — o que acarre-

tou o Batismo de Vladimir em 988 ñas aguas do rio Dniéper; doravante o

monarca se empenhou pela evangelizacao de sua gente. É um dos padroeiros

da Rússia, comemorado pela Igreja Ortodoxa aos 15 de junho. No Batismo

recebeu o nome de Basilio, em homenagem ao seu tutor, o Imperador Basilio de Constantinopla. Diz urna crónica russa do sáculo XI intitulada "Memoria e Elogio do Principe Russo Vladimir": "Vladimir iluminou toda a térra russa com o seu santo Batismo... Ba

tízou também toda a térra russa de urna extremidade á outra... O Senhor

mesmo disse: 'Quanta alegría haverá no céu por causa de um pecador que fa

ca penitencial' (Le 15.7). /numeras foram as multidoes em toda a térra russa levada a Deus mediante o santo Batismo. Urna obra tao digna de louvor e

cheia de alegría espiritual, eis o que Vladimir realizou".

1.3. Eventos posteriores

A obra missionária na Rússia foi levada adiante tanto "por ocidentais como por bizantinos e eslavos. Há indicios da pregacao ocidental, como, por

exemplo, o conhecimento dos Santos tchecos Ludmila e Venceslau e do pa trono de Praga Sao Vito, a prática do dizimo... Parece, porém, que desde os

primordios predominou no Cristianismo russo a marca bizantina e eslava. Visto que os povos "Rus" nao dominavam o grego, o patrimonio cristao grego foi-lhes entregue através da liturgia eslava, que tem a sua origem na obra missionária dos Santos Cirilo e Metódio na Boemia e na Morávia; levada para

a Bulgaria, de lá passou para a Rússia; foram também traduzidas do grego para o eslavo obras de doutrina e espiritualidade tanto na Bulgaria como na própria Rússia. Formou-se em Kiev urna importante Biblioteca de obras tra duzidas do grego, religiosas e profanas, a qual escritores russos acrescenta-

ram obras literarias origináis em lingua eslava. Algumas destas desempenharam papel de destaque na historia da cultura russa: assim a "Primeira Cróni ca", o "Serjnáo sobre a Lei e a Graca" de Hilariao, bispo de Kiev, e as bio grafías de grandes Santos russos (Boris, Gleb e Teodósio). Tal cultura, po

rém, nao se fechava em nacionalismo, pois os russos se conservavam liga dos nao so com Bizdncio e a Europa Central, mas também com a Europa Ocidental pelo comercio, a diplomacia e também a consciéncia de pertencer a urna só e mesma Igreja. 533

'PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 Os primeiros passos da organizacao eclesiástica na Rússia sao-nos pou-

co conhecidos. Houve boas relacdes com a Sé de Roma, a ponto que o rei Vladimir enviou legados aos Papas Joao XV e Silvestre II, e vice-versa. O parentesco de Príncipes de Kiev com familias de soberanos ocidentais entre-

tinha o intercambio entre os cristSos da Rússia e os do Ocidente. Todavía a proximidade geográfica de Constantinopla fez que predominasse a influ encia bizantina sobre os russos.

A concepcao de Igreja unida ao Estado, que redundaría no Oriente

em Cesaropapismo (predominio do Imperador sobre o governo eclesiástico) foi penetrando ñas comunidades cristas da Rússia. Com efeito; foi traduzido do grego para o eslavo o Nomocanon, urna coletánea de let's da Igreja e de cretos imperiais, que difundiam dois principios fundamentáis da política de Bizancio: a teoría das relac6es "sinfónicas" entre a Igreja e o Estado, e

a tese do "Imperio universal cr¡stá"o, cujo centro seria Constantinopla". Estes dois principios tendiam a ligar a Igreja russa ao Estado Russo e a vin cular, ao menos no plano espiritual e religioso, as comunidades cristas russas

ao Imperador bizantino; este, apesar da resistencia que Ihe opós um rei russo do fim do sáculo XIV, tornou-se, aos olhos dos russos, o chefe natural e

"divinamente escolhido" de todos os cristaos incluidos na órbita de influ encia de Bizancio. Esta se exercia nao só mediante as leis canónicas, mas também mediante as artes (arquitetura, pintura, letras); Constantinopla, "a cidade dos desejos do mundo", exercia grande fascinio sobre todos quantos entravam em contato com a sua cultura. De 1039 a 1448 a Igreja na Rússia, dirigida pelo metropolita de Kiev

(que, a partir de 1328, passou a residir em Moscou), constituía urna provin cia do Patriarcado de Bizancio. Nos sáculos XI/XII foi preciso que o clero lutasse ainda contra o paganismo antigo, que havia sido declarado ilegal por Vladimir, mas contava com certa simpatía do povo. Talvez só no sáculo XV é que a evangelizacáo da zona rural russa estava terminada, de modo que o Cristianismo entSo já inspirava a cultura camponesa.

De 1237 a 1480 a Rússia esteve sob dominio mongol ou tártaro. Isto cortou o seu intercambio com o Ocidente, nSo, porém, com Bizancio. A luta pela sobrevivencia nacional fez que mais ainda se estreitassem os Mames en tre a Igreja e as autoridades civis, que tinham seu centro administrativo no

Principado de Moscou. A Igreja russa rece be u tratamento privilegiado sob a dominacSo mongólica, ficando mesmo isenta de taxas a partir de 1270; os

seus chefes, os metropolitas Pedro (1308-1326) e Aleixo (1354-1378), se destacaram na afirmacao da identidade religiosa e nacional do país. Em conseqüéncia de tais acontecimentos, as relacSes dos cristlos russos com Roma, que eram de amizade, passaramaesfriar-se. Visto que Bizancio se separara da Sé de Pedro em 1054, os russos foram aos poucos assumindo atitude seme534

1000 ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA Ihante á do Patriarcado de Constantinopla:as hostilidades foram-se agravan do no sáculo XIV; nSo houve ruptura declarada, mas indireta, devida ao fato

de que Moscou seguia Bizancio.

Nova etapa da historia do Cristianismo russo ocorreu no sáculo XV. Com efeito; de 1438 a 1445 reuniu-se o Concilio de Florenca, durante o qual ocidentais e orientáis assinaram urna fórmula de uniao entre si. Eis, porém, que, ao voltar de Plorenpa em 1441, o metropolita grego de todas as

Rússias foi deposto e preso por ordem do Príncipe moscovita Basilio II. Os russos viam-se entao em certa perplexidade: nao queriam unir-se a Roma, mas tambám nao queriam romper a secular vinculadlo a Bizancio (que se

unirá a Roma). A ambigua situapao teve fim quando, aos 29/05/1453, Constantinopla caiu em poder dos turcos. Considerando que o Patriarcado de Bizancio estava entao sob dominio muculmano e que o conquistador á

que conferia as funcoes ao Patriarca, a Igreja Russa declarou-se oficialmente autónoma ou ¡ndependente de Bizancio. Esta-situacao evoluiu a ponto que

em 1589, com o acordó das outras comunidades ortodoxas, Moscou se cons-

tituiu numa sede patriarcal1 autocéfala; na verdade, Moscou se autodesignava como "a terceira Roma", sucedánea de Bizancio e, portanto, portadora das honras da fascinante cidade do Bosforo. Oevemos aqui observar as diversas características do Cristianismo no

Ocidente e no Oriente. No Ocidente, a Igreja foi-se distinguindo como sociedade peculiar e existente ácima da autoridade civil; a Igreja nao é nacional, mas, governada por um Pastor universal (o Papa), ela nao conhece bar re ¡ras de Ifnguas, culturas e nacionalismos. Desta atitude se derivaram conflkos medievais e modernos, quando os monarcas da Franca, da Alemanha, da Es-

panha

e de Portugal quiseram ingerir-se em assuntos da Igreja, tentando

exercer o cesaropapismo (mediante as Investiduras), o galicanismo, o febronianismo...

No Oriente, ao contrario, predominou o conceito, de Justiniano Impe rador (525-565), de "sinfonía" entre Estado e Igreja; o Estado procurou reger a Igreja; a ruptura de Bizancio com Roma em 1054 debilitou os cristaos,

fazendo que nao tivessem urna autoridade única (o Papa), mas se distribuíssem por Patriarcados ou Sínodos nacionais; em conseqüéncia, formaram-se

1 Sedes patriarcais na antigüidade eram as cidades de maior relevo na histo ria do Cristianismo nascente: Jerusalém, Antioquia (onde pela primeira vez

os cristaos foram chamados por este nome; cf. At 11,26), Alexandria, tida como sede de S. Marcos, e Roma, sede de S. Pedro e S. Paulo. Quando Cons tantino transferíu a capital imperial de Roma para Constantinopla em 324,

esta atríbuiu a si o titulo de "segunda Roma" e sede patriarcal. 535

8

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Igrejas nadonais, embora Bizáncio nutrisse aspiracdes universalistas. Tal atitude dos cristlos fez que nao houvesse os conflitos de Investiduras e outros

registrados no Ocidente (porque a Igreja queria ser livre), mas acarretou pro blemas, entre os quais a tendencia dos cristaos orientáis a aceitar as injuncoes (ás vezes, injustas, perseguidoras, discriminatorias) do poder estatal.

1.4. A sede de Kiev (Ucrania) A cidade de Kiev, capital da Ucrania, é a mais antiga sede episcopal (metropolitana) da Rússia. O seu primeiro Bispo, dito tes Rhosias (em gre-

go, da Rússia), foi Teopempto, a partir de 1039. Em 1299, Kiev achava-se destruida pelos tártaros, de modo que a sé

episcopal foi transferida para a cidade de Vladimir, na Rússia Setentrional, pelo metropolita Máximo. 0 sucessor deste, Pedro, transferiu de novo a se de, fixando-a em Moscou, minúsculo principado que estava em ascensao po-

Iftica. Em 1354, o Patriarca de Bizando reconheceu a transferencia da sede metropolitana de Kiev para Moscou; o prelado desta diocese teria o título

de "Metropolita de Kiev e de toda a Rússia". A antiga. sede metropolitana de Kiev no sáculo XVI, vendo-se entre

os dois polos de Constantinopla e Moscou, houve por bem unir-se a Roma; a comunháfo foi instaurada em Brest-Litovsk aos 23/12/1595. O procedímentó de Kiev foi seguido por outras comunidades cristas que se haviam se

parado de Roma (na Prússia, na Alemanha, na Hungría, na Polonia, nos Subcarpatos...); aderíram ao acordó de Brest-Litovsk, e sfo chamadas "cris

taos rutenos"1 ou un i atas. Nos sáculos XVI/XVII Kiev e os ucranianos se abriram mais e mais pa

ra o Ocidente latino e a cultura ocidental por influencia das escolas dos je suítas. No sáculo XX, porém, sofreram as conseqüéncias da Revolucao mar-

xista na Rússia: o Governo de Stalin em 1946, mediante o Sínodo de Lvov, nao quis reconhecer a sua filiacáo á Santa Sé e ao Papa, e passou a tratá-los como parte integrante do Cristianismo russo; tentou assim cancelar as con

seqüéncias da uniá*o de Brest-Litovsk (1595). Os ucranianos católicos, sufoca

dos em sua identidade, pleitearam sob Gorbachev o reconhecimento de sua

pertenga á Igreja Católica, mas isto Ihes foi explícitamente denegado em 1988, apesar da abertura apregoada pelo atual Governo soviético. Dito isto, examinemos a situacao atual do Cristianismo na Rússia.

1 Ruteno vem de Ruthenia, nome dado á Rússia no latim medieval. 536

1000 ANOS OE CRISTIANISMO NA RÚSSIA 1.S. O Cristianismo na Rússia atualmente

1. O Raskol (= cisma, em russo}... No século XVII o Patriarca Nikon e o tzar autoritario Alexis quiseram reformar os livros litúrgicos russos, se-

guindo o modelo dos livros gregos e suprimindo costumes próprios dos cris-

taos da Rússia, que já tinham sua tradipao. - Isto suscitou a calorosa oposicao do arcipreste Avvakum e de clérigos e leigos, conhecidos por sua piedade e seu zelo religiosos. Em 1666-7 reuniu-se em Moscou um Concilio, que aprovou definitivamente as reformas de Nikon e excomungou os dissidentes; os mentores destes foram encarcerados e deportados para Pustozerski, ás margens do Océano Glacial (a Igreja estava unida ao Estado!). Houve aínda lutas armadas entre os seguidores da antiga Tradipao, chamados raskolnik {=cismáticos) e as tropas da Poh'cia em Moscou. Entao muitos raskolnik se refugiaram ñas florestas e na Sibéria, enquanto outros preferíram o suicidio coletivo ñas chamas (assim morreram perto de 20.000 pessoas entre 1685 e 1690).

Os raskolnik conseguiram atravessar a fase mais violenta de perseguípao e, de maneira ora clandestina, ora abertamente tolerada, foram-se pro pagando na Rússia. Nao aceitam o apelativo de cismáticos, que eles substituem por strover (=velho crente) ou staroobrjadec (=velho ritualista). Sao hoje cerca de nove milhoes. Oividiram-se no fim do século XVII em duas facedes: 1) a dospopovey (presbiterianos), que tém seus presbíteros e sua hierarquia, derivados da

Igreja oficial russa nikoniana; 2) a dos bezpopovey (sem presbíteros), que julgam estar o Anticristo presente na Igreja oficial desde os tempos de Nikon; por isto afirmam nao haver ai nem fé verdadeira, nem sacerdocio nem sacramentos; para chegar a Deus, so admitem as vias da orapao e as

obras de penitencia; nao reconhecem a autoridade do Estado, que Ihes pare ce ser o aliado do Anticristo. 2. Atualmente o Cristianismo russo, além do Raskol, compreende quatro jurisdipoes ou quatro ramos independentes uns dos outros: a) o Patriarcado de Moscou, do qual depende o Exarcado do Patriarca

na Europa Ocidental;1 b) o Sínodo da Igreja Russa fora das fronteiras, que atende, sob a au

toridade de um Sínodo de Bispos, a urna parte dos fiéis da Diáspora ou emi-

1 Exarcado, na terminología dos crístios separados de Roma, é um territorio situado fora de um Patriarcado e govemado por um representante do Pa triarca (dito "Exarca"); compreende urna ou mais eparquías (díoceses). 537

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

grados. A sua sede principal achava-se em Karlovy Vary (Tchecoslováquia) até a segunda guerra mundial (1939-45). Atualmente encontrase em Nova lorque (U.S.A.); c) o Arcebispado ortodoxo da Franga e da Europa Ocidental das Igre-

jas russas da Diáspora, que atende, sob a autorídade do Metropolita da Fran ca, a outra parte dos fiéis emigrados. Estes ficaram até 1930 vinculados ao

Patriarcado de Moscou, mas em 1931 passaram para a jurisdipao do Patriar cado de Constantinopla (Istambul, na Turquía atual); d) a Igreja Ortodoxa da América, quetambém atende aos fiéis da Diás pora. Em 1970 obteve do Patriarcado de Moscou a sua autocefalia (autono mía), autocefalia, porém, que o Patriarcado de Constantinopla nao reconhece.

2. Breve Crónica das Celebragóes do Milenio Oe 5 a 17 de junho de 1988, ocorreram em Moscou e em outras cidades as comemoracóes do primeiro milenio do Batismo da Rússia. Demons-

traram a vitalidade do Cristianismo naquele pai's, apesar da perseguícao, aberta ou velada, movida pelos chefes de Governo Josef Stalin, Kruschev e Breznev. O atual Secretario Geral do PCUS, Mikhail Gorbachev, parece ¡n-

teressado em abrandamento das restricoes á religiao na URSS. É alvissareiro o fato de que, por ocasiao do milenio, tenha havido um diálogo intenso en tre o Estado e a Igreja na URSS. Também merece atencao o fato de que a

imprensa escrita, falada e televisionada, na Rússia, tenha dado cobertura ampia e minuciosa ás cerimónias comemorativas do milenio; em épocas pas-

sadas teria havido silencio e ignorancia dos fatos ou mesmo a referencia aos mesmos como atitudes anticientíficas, resquicios de mentalidade mito lógica e burguesa. A partícipacao do povo nos festejos do milenio foi signifi cativa nao só para os observadores estrangeiros, mas também para os dirigen tes soviéticos atuais. Percorramos sumariamente alguns eventos comemorativos.

1. De 5 a 9 de junho realizou-se um Sínodo de todos os Bispos da Rússia ortodoxa no mosteiro da Trindade e de S. Sergio em Zagorsk, visan do a quatro objetivos: a reforma do Estatuto interno da Igreja ortodoxa

russa, a preparacao do Sínodo pan-ortodoxo (reuniao de todos os Bispos ortodoxos), elaboracao de propostas ao Governo, canonizacao de nove Santos russos (oito homens e urna mulher), que viveram entre os séculos

XltfeXIX. 538

1000 ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA

11

A abertura do Sínodo ocorreu aos 5/06/88 na Catedral de Moscou sob a presidencia do Patriarca Pimen com a presenpa de cerca de 400 delegados religiosos de nacionalidades diversas e centenas de fiéis ortodoxos. A Igreja

Católica estava ai' representada por urna delegapfo de prelados da Santa Sé e de varias partes do mundo.

No dia 6/06 em Zagorsk, foram iniciados os trabalhos do Sínodo. O seu presidente, o Patriarca Pimen, de Moscou, tinha a seu lado o Sr. Konstantino Kharchev, Presidente do Conselho para Assuntos Religiosos, além de cinco Metropolitas; Pimen enfatizou entao o apoio dado pelos cristaos á renovacao social e política da URSS; Kharchev respondeu que "a religiao é assunto privado dos cidadaos; o nosso Estado é o Estado de todos, crentes e nao crentes"; ao que acrescentou que o milenio do Cristianismo era impor

tante tanto para o Estado como para a sociedade soviética. O Cardeal lan Willebrands, Presidente do Secretariado para a Uniao dos Cristaos, tomou, a seguir, a palavra, afirmando, entre outras coisas:

"Apesar das dificuldades registradas no passado, devemos hoje, mais do que nunca, estar dispostos a redescubrir a Comunhao em torno da mesma

mesa Eucan'stica,

olhando com particular atencao e esperan ca para os

filhos e as filhas espirituais de S. Vladimir... Fundamental para o diálogo é o reconhecimento de que a riqueza da unidade de fé e de vida espiritual deve

ser expressa na diversidade das formas. A unidade nao significa uniformidade e absorcao de um grupo em outro".

O Sínodo prosseguiu seus trabalhos a portas fechadas. Ao termina-los, adotou um novo Regulamento interno para a Igreja na Rússia, fator de pros-

peridade para a mesma, desde que se cumpram as palavras de Gorbachev proferidas ao Patriarca Pimen em 29/04/88: "Atualmente está em elaborapao urna nova legisla pao atinente a liberdade de consciéncia, que levará em conta também os interesses das organizagoes religiosas". O Sínodo russo, baseado nestes dizeres, previu a possibilidade de catequese mais livre, publicapao de livros religiosos e ex ere icio de atividades caritativas; decidiu criar tres novos Seminarios maiores: um em Novosibirks (Sibéria), outro em Kiev

(Ucrania) e um terceiro na regiao de Minsk. Os sinodais tiveram em vista outrossim o gravíssimo problema de milhoes de fiéis ucranianos católicos, que

foram submetidos, por violencia, a autoridade de Moscou em 1946, apesar do seu protesto de fidelidade a Santa Sé. 2. No dia 10 de junho teve lugar no teatro Bolshoi de Moscou um so-

lene ato público comemorativo do milenio, em presenca da Sra. Raissa

Gorbachev, do Vice-presidente Piotr Demiceve, do Vice-Primeiro-Ministro Nikolaij Taluzyn, além das delegacoes enviadas a Moscou. Falou entSo o 539

12

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Cardeal Agostinho Casaroli, Secretario de Estado do Vaticano, num discurso breve e muito denso, do qual sejam destacados os seguintes tópicos:

"Á luz da Revelado bíblica, o fenómeno 'Cristianismo' nao é explicável pelos fatores que a razio humana geralmente assinala como responsá-

veis pelo desenvolvímentó da historia; supde a presenca de urna mao que ultrapassa a capacidade e a vontade das criaturas. 0 seu fundador nSo foi apenas um certo Jesús, que morreu, mas que os seus discípulos afirmam estar vivo (At 25,19), como o apresentava... o Procurador romano Festo, sucessor de Pdncio Pilatos, que o condenara á morte. Para o fiel, Jesús de Nazaré éaluzea vida do mundo. Os seus discí pulos receberam dele a missao de levar essa luz e essa vida a todos as partes da térra, e cumpriram essa missao, como há mil anos na ñus' de Kiev, nao por suas próprias torcas, mas pela acio divina do Espirito.

É natural que aqueles que nao compartilham esta visSo de fé conside ren» muito diversamente o fato do Cristianismo na historia e na atualidade.

Em particular, a visSo que o Cristianismo tem de si e do mundo, parece es tar em nítida oposícSo ao que poderfamos considerar como urna das hipóteses características do homem moderno, a saber: a razio humana, partindo

da racionalidade imánente do real e desenvolvendo todas as implicacoes deste, se senté chamada a eliminar do seu horizonte o misterio, como o Sol que

sobe ao seu zenite faz desaparecer as sombras ñas quais se refugiam os terro res e as esperancas do espirito aínda nao emancipado do fascínio da trans

cendencia. Como quer que se/a, o fato religioso e, em particular, o do Cristianis mo, é sempre de incontestável atualidade. Impoe-se á atencao do historia dor, sem que a este se/a possfvel escapar-lhe, e nao pode ser negligenciado

por aqueles que tém a responsabilidade de se confrontar com a reaUdade na vida cotidiana dos povos e ñas suas projecoes para o futuro. O realismo do estadista o exige;pede-o o respeito pelo homem". Na base destas ponderacoes, o Cardeal Casaroli acenava á concessáo

de maior liberdade para o exercfcio da religiao na URSS. Este apelo foi re petido por oradores cristaos, judeus, mupulmanos, budistas, que ocuparam

a tribuna na mesma sessao solene. 3. Na manhS de 11/06, a delegaca*o da Igreja Católica foi recebida no Kremlin pelo Presidente do Soviet Supremo, Andrei Gromyko, junta mente com os dignitários da Igreja Ortodoxa e outras representagóes reli

giosas. Na ocasiao, o Cardeal Casaroli abordou o tema da nova lei relativa á liberdade. de conscidncia: "Pensa V. Excia. em discutir a questao com as 540

1000 ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA

13

comunidades religiosas para délas receber observares, sugestoes e objecoes, a fim de chegar a formular urna legislacao que melhor corresponda ás suas

exigencias?" — Gromyko respondeu em termos genéricos, mas disse que eram coisa obvia o escutar e o ¡nformar-se; observou que atualmente existe a separapáo da Igreja e do Estado, a diferenca do que outrora ocorria, mas que os fiéis podem contribuir ativamente para a causa da paz. "Julgamos poder chegar a aprovar a nova lei em breve"; quanto ao reconhecimento de novas comunidades religiosas, "haveré maior facilitado, mas sempre dentro

das leisdo Estado". 4. No dia 12/06, domingo em que se celebram todos os Santos na Li

turgia ortodoxa, houve solene celebracao litúrgica no mosteiro de S. Daniel ao ar livre (fazia setenta anos que, por lei, nao se podía realizar alguma ma-

nifestacao religiosa fora das paredes das igrejas!). A delegacao católica fez-se presente a esse ato.

De tarde, o Patriarca Pimen ofereceu urna recepcao, na qual o Cardeal

Roger Etchegaray, Presidente da Comissao "Justica e Paz" da Santa Sé, proferiu um discurso.

Ainda no dia 12/06 o Cardeal Casaroli teve um encontró com o Mi nistro Konstantin Kharchev, no qual, em coloquio "aberto e cordial", foram

examinados diversos problemas relativos ás relacoes entre a Igreja Católica

e o Estado Soviético, ficando finalmente estabelecido que o diálogo haveria de continuar.

5. No dia 13/06 as celebracoes se estenderam a outras cidades russas:

Kiev, para onde foram os Cardeais Willebrands e O'Connor; Leningrado, com a presenca do Cardeal Cario Martini, de Milao; Vladimir, onde esteve o

Cardeal Friederich Wetter, de Munique. Nesse mesmo dia o Cardeal Casaroli se reuniu com o Chefe do Gover-

no M. Gorbachev no Kremlin durante urna hora e meia. Estavam presentes outrossim Mons. A. Backy, do Conselho de Negocios Públicos da Igreja, e o Ministro soviético do Exterior Eduard Shevardnadze. O conteúdo da conver sa foi mantido sob sigilo, mas deixou transparecer franqueza e mutua compreensao. Os repórteres perguntaram insistentemente no final da mesma: "Poderá o Papa vir a Moscou?" Respondeu Gorbachev: "Muita coisa deve

acontecer antes disto"; acrescentou Shevardnadze: "Temos grandes proje tos; há de chegar o momento". O Cardeal Casaroli, por sua vez, declarou:

"Estabeleceu-se urna especie de contato regular e orgánico entre a Santa Sé e as autoridades soviéticas... Nao chegamos ao ponto de instituir relacoes diplomáticas. Tratase de algo de preliminar ou de manter alguns contatos

541

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

... Espero que a vida da Igreja Católica na URSS possa melhorar; entramos na fase em que ao menos podemos levantar os problemas; antes, isto nem

era possfvel". O Cardeal Casaroli entregou a Gorbachev urna mensagem do Papa, que constava de urna carta pessoal e de um memorándum; o Secretario Geral a leu ¡mediatamente e assegurou que a consideraría com toda a atencao. Em sin tese, os encontros ocorridos entre representantes da Igreja Católica e do Governo Soviético por ocasiáo do milenio do Batismo da Russia teráo conseqüéncias notáveis, que poderao marcar a historia futura. Eis como a eles se refere Mons. Backy em entrevista a Radio Vaticana:

"Nao se pode deixar de ver nessas celebracoes autorizadas, guase fa vorecidas pelo Governo, o reconhecimentó, da parte do Estado Soviético, das funcdes e do lugar das comunidades religiosas na sociedade soviética de hoje... 0 anuncio da elaborafio de urna leí sobre a liberdade de consciéncia, que levará em consideracao os interesses e os anseios das organizacdes religio sas, vem a ser um elemento novo que'despena esperances entre os fiéis e na opiniao pública... Devo acrescentar que os representantes da Santa Sé foram acolhidos com grande cordialidade pela Igre/a Ortodoxa; tiveram urna recepcao respeitosa e cordial até da parte das autoridades civis, como atestam os

encontros oficiáis; entre estes, o principal e culminante deu-se no Kremlin entre o Cardeal Secretario de Estado e o Sr. Gorbachev. A finalidade princi pal desta visita era a entrega da mensagem pessoal do Papa, na quaf era expresso o dese/'o de poder chegar a alguma forma de contatos regulares com o Governo Soviético; tais contatos teriam por objeto questdes de interesse comum: nao somente questdes de caráter internacional (já tem havido conversacoes esporádicas a respeito destas), mas principalmente problemas re lativos á vida da Igreja Católica". As impressSes e o depoimento de Mons. Backy foram corroborados

por quanto declararam outros participantes católicos das celebracoes do mi lenio: os Cardeais Etchegaray, Martini, Glemp, Willebrands e Wetter decla raram estar diante do surto de novos horizontes e caminhos, que interessa-

rao nao somente ao Catolicismo, mas também ao povo soviético e a fami lia humana em geral, pois os coloquios entre a Santa Sé e Moscou tém em mira o respeito a di reí tos humanos. A propósito:

La Civiltá Cattolica, 16/07/1988, pp. 186-196.

La Documentation Catholique, n? de 19/06 e 17/07/1988, pp. 629-645e 741-760. 542

As grandes Religioes da Humanidade:

O Confucionismo

Em síntese: O Confucionismo, devido a Confúcio (sáculo Vl/V a.CI na China, apregoa o culto dos antepassados, que merecem veneracao me

diante ritos tradicionais; a estes ritos estao associados preceitos de ordem moral, principalmente os da honestidade e do bom relacionamento com o próximo. A observancia destas normas assegura ao ser humano a felicidade

(Fu), que é concebida dentro dos termos da vida presente, pois o Confu cionismo nao desenvolveu a noció de existencia postuma. Em relacao a

Deus, o confucionista reconhece a ordem do universo devida a imutáveis

decretos de Deus, mas sabe que é livre e responsável por seus atos, quepo-

dem provocar a sancao divina, ou se/a, a outorga da felicidade ou a multiplicacao de desgracas.

*

*

*

O Confucionismo é urna das grandes correntes religiosas da China, ao lado do Budismo e do Taofsmo.

Em chinés, Confucionismo se diz Ju-Chiao =seita de Ju. - O significa do originario da palavra Ju é duvidoso. A partir do sáculo III a.C, tal termo designava os servidores da aristocracia chinesa, que com o tempo passaram

a dominar os seus patroes pela superioridade dos seus conhecimentos. Pos teriormente, quando a aristocracia chinesa desapareceu, dando lugar ao rei no unido da China, Ju passou a designar a classe dos magistrados e dos lite ratos.

Prosseguindo no intuito de estudar as grandes religioes do mundo,1

consideraremos, a seguir, a pessoa de Confúcio assim como a sua doutrina.

1 Ver PR 309/1988, pp. 78-89 (Hindui'smo); PR 310/1988, pp. 98-106 {Budismo); PR 317/1988, pp. 471-480 (Islamismo). 543

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

1. A figura de Confúcio Confúcio nasceu em 551 a.C. no Estado feudal de Lu, na provincia atual de Shangtung. Na su a época a China era governada pela dinastía

Zhon

(722-481 a.C); tal fase foi de desagregacáo nacional: os varios senhores feudais recusavam a obediencia ao monarca e disputavam entre si a hege monía; houve Ministros que assassinaram os seus monarcas, como houve filhos que mataram os seus genitores. Confúcio desejou estabelecer ordem

nesse reino convulsionado, mas nao o conseguiu. Foi mais feliz como edu cador e morigerador dos homens. Morreu em 479 a.C. Conhecemos os seus ensi ñamen tos apenas mediante os escritos dos discípulos, o mais importante dos quais se intitula Lun Yu, coletanea postuma dos diálogos de Confúcio. A religiao oficial da China no sáculo VI a.C. compreendia o culto dos antepassados. Confúcio adotou-a e reforcou-a. Os antepassados eram escalo nados segundo graus de importancia: havia o antepassado maior, que era o

filho primogénito (da-zong) da mulher do fundador de urna linhagem prin cipesca independente; este merecía veneracao perpetua, ficando a sua imagem exposta no salSo principal do templo da familia. Os antepassados me

nores eram os outros filhos (xiao-zong) da mesma familia; as suas imagens eram expostas em salas laterais do templo da familia e a sua veneracao Ihes era prestada apenas até a quinta geracao.

Além disto, no tempo de Confúcio os chineses adoravam o Céu como o seu Deus Supremo. Chamavam o seu rei "Filho do Céu"; a este incumbía a tarefa de sacrificar ao Céu. Segundo a crenca da época, o rei recebia do

Céu a térra e o seu povo e governava em nome da Dívindade. Paralelamente os principes feudais recebiam do rei as suas térras com o respectivo povo,

que eles governavam em nome do reí. Confúcio

admitiu

essas

idéias,

que corroborava afirmando haver

certa harmonía entre a ordem politica, a Moral e a prática religiosa, harmo nía chamada Tao e que era assim explicada: "Do afeto aos genitores resulta a honra tributada aos antepassados;

desta honra nasce o respeito devido ao pai de familia; este, por sua vez, garante a uniSo e a concordia entre os famifiares. Por causa disto venerase o templo dos antepassados; em conseqüéncía, nao sSo menosprezados nem os altares dos espfritos protetores do Es tado.

O príncipe que nao negligencia os altares dos espíritos protetores do Estado, ama os seus oficiáis; estes, sentindo-se amados, ministran) a justica com eqüidade, de tal modo que o povo fica satisfeito. 544

OCONFUCIONISMO

17

Ora o povo satisfeito com prazer desenvolve os recursos naturais, dos quais depende a satisfacao dos desejos humanos. E os homens, com os seus

déselos satisfeitos, nao se descuidam de observar as leis religiosas. Quando há perfeita observancia das leis, existem paz e felicidade no

mundo inteiro" (Livro dos RitosA

0 cerne do ensinamento dé Confúcio a propósito é a norma: "Gover nar com a virtude". Diz Confúcio: "Quem governa com virtude, é camparável á estrela solar, que permanece imóvel em seu lugar, enquanto todas as

outras Ihe giram em torno". Confúcio apregoava o ren (caridade) como virtude ti'pica dos governantes, que na sua época nao pensavam no bem comum, mas tratavam de

se enriquecer á custa dos dinheiros públicos. Os acontecimentos posteriores deram-lhe razao. Sim; dois sáculos após a/norte de Confúcio, a dinastía Qin em 221 a.C. apoderou-se da China e unificou-a; mas este poderío durou ape nas quinze anos, pois os Qin foram destronados. Ao comentar este fato, o

sabio Jia Yi escreveu no Discurso sobre os Erros dos Qin o seguinte: "Os so beranos Qin nao souberam governar com a virtude nem compreenderam que

a capacidade de conquistar e a de conservar o que foi conquistado nao sao a mesma coisa". Por isto seu domi'nio terá sido tao efémero. Convencido

disto, o Imperador Wu, da subseqüente dinastía Han, proclamou o Confucionismo ertsinamento oficial do seu Governo.

2. O Confucionismo: ritos e felicidade 0 Confucionismo é o culto dos antepassados, que, após a morte de

Confúcio, inclui o do próprio Confúcio. A China imperial impunha o culto de Confúcio a todos os magistrados e mantinha um templo confuciano em cada cidade; a(, duas vezes por ano, eram celebradas solenes festas em honra de Confúcio, das quais participavam os oficiáis civis e militares da regiao. Além do que, duas vezes por mes, na Lúa nova e na Lúa cheia, eram oferecidos sacrificios.

De quanto foi dito, segue-se que o Confucionismo nao é urna religiao institucional com seus dogmas, seu sacerdocio e sua organizacáo diferentes

dos de outras sociedades. Também se pode dizer que nao é urna "religiao de salvaclo" (= promissora de salvacao), como o Cristianismo e o Budismo, por exemplo. Verdade é que a nocao de salvacao nao Ihe é estranha. Os confucionistas conhecem bem a palavra fu, afixada outrora ñas portas das casas chinesas no primeiro dia do ano, com o sentido de "felicidade", equivalente

á palavra hebraica shalom e á latina salus. 545

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"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 O vocábulo chinés fu é representado por um sinal ideográfico, a saber:

um altar. Isto quer dizer que a felicidade tem sua origem ñas béncaos de Deus correspondentes á fiel execucffodos ritos ou do culto dos antepassados.

O conteúdo da felicidade se refere á vida presente. É indicado por palavras

apostas a fu: assim fu-lushou significa que a felicidade consiste em ter

"muitos filhos" (fu), "elevada posipSo e ricos proventos" (lu) e "longa vida"

(shou). Também se encontra a expressSo wu-fu = cinco felicidades; indica que a felicidade compreende longa vida, riqueza, dignidade, paz e prole nu

merosa. Em outros textos, a felicidade é definida pela palavra pei, que indi ca a consumacSo ou o estado no qual o individuo possui tudo de que necessita, sem carencia alguma.

É de notar ainda que os ritos dos quais depende a felicidade, implicam a observancia dos preceitós moráis. Com efeito, o "Livro dos Ritos" apresenta o que alguns chamam "os dez mandamentos dos ritos confucionistas": "A bondade da parte do pai;a piedade filial da parte do filho; a genti leza da parte do irmao mais velho; a obediencia da parte do cabula; a justica da parte do marido; a submissao da parte da esposa; a bondade da parte

dos andaos; a deferencia da parte dos jovens; a benevolencia da parte do so berano; a fidelidade da parte dos súditos". A relacáo entre a observancia das leis moráis e a felicidade é ilustrada por um quadro que se encontrava muitas vezes ñas casas de famflia chinesas e que trazia a inserí cao: Chi-shan yü-ching, o que significa: "o acumular boas

acóes atrai a felicidade". Esta frase se inspira nos dizeres de Confúcio: "As familias que entesouram boas acóes, abundam em felicidade, ao passo que

as desgracas sao freqüentes ñas familias que se entregam aos vicios". Como se eré, o conceito confucionista de felicidade se reduz aos limi tes da existencia terrestre, pois o Confucionismo nao desenvolveu clara nocao de vida postuma.

Pode-se dizer que a bondade do coracao ou o amor (ren) caractetiza sintéticamente a Moral confucionista. Sao palavras do Mestre: "Se por um so dia o homem domina a si mesmo e restaura os ritos, o mundo se volta para

a caridade (ren)". Eis ainda um episodio significativo: Dizia Confúcio: "Um homem que nao pratique a caridade (ren), como realizará os ritos? Um homem que nao pratique a caridade, como tocará música?" Ritos e música, no caso, significavam a sacrossanta tradicáo da China antiga.

546

OCONFUCIONISMO

19

Mas como é que alguém se torna praticante da caridade? Eis a resposta de Confúcio, segundo Lun Yu: "Quem consegue efetuar cinco coisas no mundo, tem a caridade (ren)". Essas cinco coisas sao: "Respeito, magnanimidade, sinceridade, solicitude, benevolencia. Quem respeita, nao ofende; quem é magnánimo, conquista as multidoes; quem é sincero, ganha a con

fianza dos outros; quem é solícito, cumpre seus deveres; quem é benévolo, é apto a comandar os outros". Donde se vé que ren é o cume e a súmula das virtudes moráis.

3. Confucionismo: linhas teológicas Confúcio formulou uns poucos principios teológicos, que o seu con temporáneo Lao-Tzu propagou.

A idéia de Deus, em parte, é inspirada pela contemplacao do céu (T'ien). Este ¡mpressiona os homens de duas maneiras, ou seja, pela regularidade dos seus movimentos e pelo terror de alguns fenómenos mete reo ló

gicos. A regularidade sugere a existencia de certas leis que presidem aos acontecimentos deste mundo, enquanto os terrificantes fenómenos metereológicos fazem crer que Deus interfere na ordem da natureza. Com outras palavras ainda: ao contemplar os céus, os homens se tornam conscientes de que há decretos divinos infalíveis (ming), de um lado, e, de outro lado, aprendem a temer as sanpóes de Deus impostas aqueles que cometem aber-

racóes. Com efeito, embora naja no universo ordem sabia e bem tragada, o

homem fica sendo livre e responsável, diante de Deus. pelas acóes que pratica; resta-lhe sempre a possibilidade de errar, procurando o lucro material em lugar da honestidade ou cultivando o amor das coisas visi'veis em vez das

virtudes.

0 valor de alguém, segundo Confúcio, nao se mede necessariamente por aquilo que ele tem ou realiza, mas, sim, pela sua retidlo de intencñes ou pela sua honestidade. Baseando-se neste princi'pio, Tzuhsia. discípulo de Confúcio, respondeu a um colega que se queixava de nao ter irmaos:

"Ouvi dizer que a vida e a morte dependem do destino; a riqueza e a honra dependem do Céu. Se um homem nobre procede corretamente em to

das as circunstancias e o seu comportamento é agradável a todos e irrepreensfvel, todos os homens que habitam entre os quatro mares, sao os seus ir maos. Por conseguinte, poderá um homem nobre amargurar-se por nao ter

irmaos?" ("Dizeres de Confúcio ou Lun-yü). Nestas poucas linhas, dizem os especialistas, está esbozada toda a doutrina religiosa de Confúcio, que as geracóes subseqüentes desenvolveram. 547

20

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

A guisa de bibliografía: BORRMANS,

PHICHIT.

PRATO,

RONDOT,

ROSSANO,

SHIH,

SHIRIEDA, SPADA, Le Grandi Religioni del Mondo. Roma 1987. DICTIONNAIRE DES RELIGIONS, sous la direction de Paúl Poupard.

París 1984. Verbetes "Confucius" e "Confucionisme". SHIH, JOSEPH. II Confucianesimo o la Vía del Cielo, em JESÚS, VIII, outubro 1986, pp. 74-77.

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A Cura peta Imposipáb das Míos, por Freí Hugolino Back e Pedro A.

Grisa. -EDIPAPPI, Florianópolis, 1988 ('3a. edicao), 140x204 mm, 155pp. Os autores cultivam a Parapsicología como cristáos dese/osos de ajudar o seu próximo. A intencao é altamente ¡ouvável. Em conseqüéncia de suas

pesquisas e experiencias, afirmam que se podem obter curas mediante a im posicSo das maos, pois por estas passa a bioenergia, que restaura o organis mo. A propósito desejamos fazer tres observacoes:

1) Nao se deveriam explicaras curas praticadas por Jesús mediante tal processo parapsicológico. As curas de Jesús eram instantáneas, realmente

milagrosas (sinais de algo transcendental, semeia¿ ao passo que a cura pela imposicSo das mSos é geralmente lenta ("pode esta levar semanas ou meses",

p. 26). Para realizar curas, Jesús teña aplicado "passes (p. 74)!

2) A antropología professada pelos dois autores (o ser humano consta de corpo, aura e mente) difere da clássica antropología crista, que afirma a existencia de corpo e alma no homem, sendo esta dotada de faculdades de conhecimento e querer. A aura ou o campo eletromagnético, se existe, há de ser urna expressao da alma humana e nao um perispírito.

3) A sugestSo tem enorme poder de influencia sobre as pessoas. Os dois autores em foco exigem dos seus pacientes fé e confianca — o que quer

dizer que contam com urna predisposicSo favorável á cura. — Sería preciso investigar se tais curas sao reais e, caso se/am tais, se sao duradouras. Em síntese: nao é nosso intuito discutir aqui a possibilidade de curas pela imposicSo das maos irradiadoras de energía vital, mas importa-nos sepa rar, no caso, a Parapsicología e a Religiao. Estudem os parapsicólogos, mas

nSo queiram explicar os dados da religiao mediante a parapsicología numa atitude falsamente reducionista. 548

As Grandes Religióes da Humanidade:

O Taoísmo

Em sfntese: O Taoi'smo é a segunda grande Religiao da China. Vem a ser Escola e Sociedade Religiosa. Professa o Tao, o Real Auto-Suficiente, que existe por si mesmo e que dá origem a tudo. Conhecé-lo é a/cancar a felicidade. Em torno da Mística taoi'sta, encontrase a prática de ritos oriundos de épocas muito antigás do povo chinés, inspirados em mentalidade mágica. Enquanto doutrina mística, o Taoi'smo constituí urna Escola Religio sa; enquanto associacao dotada de ritos e práticas mágicas, é Sociedade Re ligiosa. *

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*

O Taoísmo é outra crenca religiosa nativa da China, onde apareceu pouco depois do Confucionismo. 0 seu fundador é Lao-Tsé, personagem a respeito do qual pouco se sabe; parece ter vivido no sáculo IV a.C.

O Taoi'smo vem a ser Escola (Tao-chia) datada do sáculo IV a.C. e Sociedade Religiosa (Tao-chiao), que teve origem no sáculo II a.C, talvez para opor-se ao Budismo, recém-introduzido na China. Tanto a Escola como a Sociedade Religiosa inspiram-se ñas tradicoes religiosas da China amiga, utilizando-as, porém, diversamente: a Escola eliminou os mitos da Tradicao antiga, ao passo que a Sociedade Religiosa conservou as crenpas mitológicas e as práticas mágicas. Prosseguindo no intuito de estudar as grandes Religióes da humanidade. completaremos o quadro religioso da China antiga, considerando ñas páginas

subseqüentes o Taoi'smo como Escola e como Sociedade Religiosa.

1. O Taoi'smo: Escola Lao-Tsé procurou dar urna interpretapao racional ás tradigoes religiosas da China antiga; Confúcio o fez em relacao ás tradicoes da aristocracia, ao

passo que Lao-Tsé se dedicou ás tradicoes populares, que tinham a vantagem de ser aínda mais antigás do que aquelas. 549

22

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Lao-Tsé foi impressionado pela maneira como os antigos concebí a m o misterio da vida. Este era ilustrado por um símbolo colocado nos vasos sa grados usuais no culto dos antepassados: urna máscara animal chamada t'ao-t'ieh.

O t'ao-t'ieh representava tanto a Lúa quanto a Térra. Significava também o demonio, tido como um animal carnívoro, com duas cabecas, urna em cada extremidade do corpo; com a boca de urna comia, e com a boca de outra cuspia. Sobre a testa desse demonio se encontrava freqüentemente urna roda mágica, que simbolizava o moví mentó cíclico do eterno retorno. Lao-Tsé depurou esse símbolo de cargas mitológicas e deu-lhe o nome de Tao. Dizia: como o demonio tem duas máscaras, urna das quais para co mer e outra para cuspir, assim também o Tao tem dois aspectos chamados

o Náb-ser (wu) e o Ser (yu). O Nao-ser corresponde á face escura da Lúa; é o manancial de tudo o que existe ou do Ser (yu). Além disto, como o demonio, assim também o Tao representa o eterno retorno.

Estes aspectos cosmológicos do Tao sao apenas o preludio para atrair os devotos a concepcoes religiosas e místicas; conhecer o Tao e as verdades

nele comidas é fonte de felicidade, como enunciam os dizeres seguintes: "Segurando na mao o Tao que era, podemos cavalgar as coisas que sao hoje. Pois conhecer aquilo que foi no principio, eis a esséncia do Tao". Ainda mais claramente fala o texto seguinte:

"Na verdade, as coisas florescem cheias de vigor. E cada qual retorna á raiz da qual nasceu. Tomar a raíz chamase tranqüilidade; e pode ser con siderado como restituicao de um valor confiado. Restituir um bem confiado é a leí constante. Quem nao reconhece esta lei constante, é ioucamente ativista e se precipita em desgracas. Quem reco nhece esta constante, resignase. Quem se resigna, nao tem ilusdes. Quem nSo tem ilusdes, tudo compreende. Quem tudo compreende, é grande. Se é

grande, conhece o Tao. Se conhece o Tao, permanece e nio estará em perigo até o fim da sua vida". Lao Tsé conhecia o Tao. Foi um taoísta iluminado. Como dito, o Tao, na tradicao da Escola, é definido como o Real Auto-Suficiente, que existe

por si mesmo e dá origem a tudo. É o Grande, a Grande Unidade, o Um Su premo?

550

O TAOI'SMO

23

2. A Sociedade Religiosa Taofsta O Taoi'smo foi organizado como Sociedade Religiosa por Chang Ling e seu filho Chang Heng e seu neto Chang Lu. Os tres Chang tinham o cognome de T'ien-shíh, isto é, Mestre do Céu. Na Sociedade Religiosa taoísta distinguiam-se: os chi-chiu, chefes, encarregados de funcóes administrativas, e os kuei-tsu, simples seguidores. Es ta distincao foi-se atenuando no decorrer dos sáculos. Os tres Chang sobressairam por praticar curas mediante o Chiang-chiao

(exorcismo) e os fula (amuletos). Exigiam, porém, dos pacientes arrependimento dos pecados como condicao para conseguir a cura. Para significar es

te arrependimento, os enfermos tinham que subscrever as san-t'ung, isto é, tres cartas, ñas quais confessavam os seus pecados e juravam emendar-se dos mesmos para o futuro. Tais cartas eram enderezadas aos San-kuan ou aos tres Ministros que governam as tres regioes cósmicas (céu, térra e mar);

conseqüentemente a carta dirigida ao céu era afixada sobre urna montanha; a que se destinava a térra, era enterrada e a terceira atirada ao mar.

A religiao fundada pelos tres Chang chamava-se, a principio, T'ienshih-Tao, a Religiao do Mestre do Céu ou Wu-tou-mi Tao, a Religiao das cin co medidas de arroz. Estas cinco medidas de arroz eram provavelmente a taxa que se pagava para entrar na Sociedade Religiosa. O nome Taoísmo

ou Tao-chíao só foi dado a esta no sáculo V d.C; foi entao também que se introduziram na Sociedade Religiosa taoi'sta varias práticas para obter a juventude perene e a imortalidade.

No século XII o Taofsmo do Norte da China passou por urna reforma importante: sem perder seus lagos com o passado, inspirou-se no Confucio-

nismo e no Budismo; os seus sacerdotes passaram a ser celibatários (como os monges budistas); e, em vez de praticar o exorcismo e ministrar o elixir da longa vida, procuravam chegar á perfeicáo ascético-mi'stica cultivando espe cialmente a meditacáo e o jejum; a respeito deste diziam: "Quem muito come, muito dorme. Quem muito dorme. é propenso á sensualidade. Todos sabem isto, mas nao todos sSo capazes de orientarse

de acordó com estas verdades. Contudo aqueles que o conseguem, diminuindo o sonó e a sensualidade por notável período de tempo, se en cherao de espirito puro e o espirito tenebroso já nao os molestaré".

A Reforma e seus seguidores tomaram o nome de Ch'iian-chen Tao, a Religiao da Verdade Integral, ao passo que a Religiao tradicional se chama

Cheng-iTao (Religiao da Unidade Ortodoxa). É esta última forma que preva lece em Taiwan e ñas comunidades chinesas dispersas pelo mundo.

551

24

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

3. A Divindade no Taoi'smo O Taoi'smo nao é monoteísta nem pantefsta, mas professa urna hierarquia de deuses, que corresponden^ ao politeísmo. A Divindade Suprema se chama Yü-hung ou seja, Imperador-Jada. Confunde-se com Yüan-shih T'ien-tzuen, istoé, o Soberano do Céuno inicio das Coisas, que é a personificacao de Tao. Este, alias, tambérr. se identifica

com Sanch'ing. Assim há urna tríade divina suprema no Taoísmo: Yü-huang, Yüan-shih T'ien-tzuen e Sanch'ing, que sao tres aspectos do único Tao. — Tao ter-se-á encarnado em Lao-Tsé, que é venerado como Deus Su premo sob o nome de T'ai-shang Lao-chun, ou o Antigo Senhor do Céu Su premo; na iconografía, aparece como um velho de barbas brancas.

Os deuses inferiores sao homens deificados. Chamam-se Shen ou espí-

ritos e sSo considerados como ministros do Deus Supremo. Alguns destes desempenham funcoes administrativas na Térra; outros sao patronos de gru pos sociais: assim Lu-pan é o deus dos carpinteiros; Hua-t'u é o deus dos mé

dicos; T'ien hou, a deusa dos marinheiros, Kuan-yü, famoso, é, entre outras coisas, o deus dos comerciantes. No Panteón taoísta existem também demonios como os Wut'ung, que

sao os portadores da peste. Encontram-se também divindades de origem bu dista, como Ti-tsang (Ksitigarba), o deus das regioes subterráneas. O culto taoísta se desenvolve em templos. Estes nao sao dedicados a atguma divindade, mas sao o lugar de encontró de todos os espíritos. Por ísto o que há de mais importante num templo taoísta, nao é o seu deus prin cipal, mas o seu tripe de pedra, sobre o qual se queima incensó e que simbo liza a comunidade religiosa. A reverencia taoísta diante dos seres superiores

manifesta-se pelo oferecimento de incensó, a genuf lexao e o tocar com a cabepa no chao. Em todo templo taoísta, há os habituáis instrumentos de adivinhacao e, por vezes, também um médium ou um jovern chamado t'ung-chi, através do qual os fiéis se comunicam com a Divindade e Ihe apresentam os seus

anseios. Sempre que a Divindade é carregada em procissao através do seu ter ritorio, o seu médium a segué vestido de branco.

4. A Moral taoísta A Moral taoísta resume-se em cinco proibicoes e dez conselhos. As proibicoes dizem respeito a: 1) morticinio; 2) alcoolismo; 3) hipocrisia; 4} furto e 5) libertinismo de costumes. 552

O TAOI'SMO

25

Os conselhos sao: 1) obedecer aos genitores; 2) servir ao Imperador e ao Mestre; 3) ser bom para com todas as criaturas; 4) suportar com magnanimidade as ofensas recebidas; 5) reconciliar os discordantes e eliminar os odios; 6) sacrificar os interesses pessoais para ajudar os pobres; 7) libertar

os animáis presos e alimentar os seres vivos; 8) cavar pocos, plantar árvores e construir pon tes; 9} tornar-se útil aos semelhantes, cuidando dos seus in

teresses e iluminado a sua ignorancia; 10) ler em público os livros taofstas e honrá-los com incensó.

Como se vé, o Taoi'smo é mais minucioso e insistente no seu Código de Moral do que o Confucionismo. Todavia, como este, nao é claro no to cante á vida postuma.

Em si'ntese, trata-se de urna crenca religiosa que reúne em si o tradi cional culto dos antepassados e algo de politei'smo, juntamente com um Có

digo de Moral assaz estrito, mas sem se deter no sentido da vida presente ou na questao do "Para onde vamos?" A propósito:

DICTIONNA IRÉ DES RELIGIONS. sous la dlrection de Paúl Poupard. París 1984, verbetes "Tao" e "Tao'i'sme". SHIH, JOSEF, II Taoismo, em Le Grandi Religioni del Mondo. Ed. Paoline, Mi/ano 1987 (2a. ed.). *

*

*

A Mulher no Diva", por Claudia Bemhardt Souza Pacheco. - Ed. Pro tón, Sao Paulo, 137 x 208mm, 183 pp.

A Dra. Claudia Pacheco é próxima colaboradora do Dr. Norberto Keppe, fundador da Escola de Psicología e Psicanálise dita "Trilogía Analí

tica", Essa Escola professa a fé em Deus; eré na existencia do demonio o procura seguir, em linhas geraís, os principios do Cristianismo. Todavia afaztase por vezes da doutrina crista, criticando a ascese e a mortíficacSo; ver

PR 270/1983, pp. 433-440. O livro em foco, considerando o papel da mu lher na sociedade contemporánea, aponta como causa de desgracasa teoma-

nía ou a inve/a da mulher em relacSo a valores que nSo sio os déla, e propde

como receita de felicidade (pp. 153-155) a vivencia com Deus em meio aos afazeres de urna pessoa casada e comprometida com os seus deveres cotidia

nos. — O livro é assaz crítico frente ao comportamento desregrado da socie

dade contemporánea e oferece reflexoes sadías que favorecem os auténticos valores moráis. Verificamos isto independentemente do que esteja acontecendo com os arautos da Trilogía Analítica nos Estados Unidos. 553

Esclarecendo questoes de

Ética do Planejamento Familiar Em símese: A Igre/'a se fez presente na XXIIa Conferencia do ConseIho das Organizacoes Internacionais das Ciencias Médicas, de 19 a 24 de junho de 1988 em Bangkok (Tailandia). Os dois representantes católicos - Pe. Edmund Dunne e Ora. Valeria Navaretta - apresentaram entao urna longa

Comunicacao em que mostravam como a Ética e o respeito á pessoa huma na sSo vilipendiados pelas diversas técnicas de controle artificial da prole, técnicas nSo raro promovidas por firmas comerciáis pouco escrupulosas. Em lugar de tais recursos anticoncepcionais, a Igreja apregoa o plane/amento fa miliar natural, que respeita o ciclo da natureza feminina e faz que os cónjuges assumam em solidariedade e amor a limitacao da prole, sem sobrecarregar exclusivamente a mulher com o fardo de evitar o engravidamento. *

*

*

Deve ser do conhecimentode todos que a Igreja nao é "natalista", mas, ao contrario, apregoa a paternidade responsável ou o planejamento familiar (cf. ConstituipSo Gaudium et Spes n?s 50s e 87). Compete ao casal definir o número de filhos que julga poder gerar e educar com dignidade. 0 ponto nevrálgico do planejamento familiar sao os métodos a ser adotados para conter a natalidade: existem os recursos artificiáis, de ordem farmacéutica e cirúrgica, e os meios naturais, ou seja, a observancia do ciclo natural de fecundidade da mulher. A Moral Católica afirma a validade destes (entre os quaís sobressai o Método de Billings) e rejeita aqueles como sendo intervenpao indevida do homem nos processos da natureza (intervenpáo que tem suas contra-indicapoes serias por parte da própria Medicina).

0 problema do planejamento familiar é tao delicado que periódica mente se tém reunido Congressos Internacionais destinados a estudar a questao e suas mais atuais facetas.

Após o do México (1984), realizou-se a XXII? Conferencia do Conse-

Iho das Organizapoes Internacionais das Ciencias Médicas (CIOMS) em Bangkok (Tailandia), de 19 a 24 de junhode 1988. Dele participaran^ a Or554

ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

27

ganizacao Mundial da Saúde (OMS), a FundacSo das Nacoes Unidas para a Populacao (UNFPA) e a Federacao Internacional de Obstetn'cia e Ginecolo gía (FIGO). Foram convidados peritos do mundo inteiro, como também representantes religiosos. A Igreja Católica compareceu, representada pelo Pe. Edmund Dunne C.SS.R., Diretor da Family Life Society de Singapura, e a Doutora Valeria Navaretta, do Centro Studi e Ricerche sulla Regolamentazione Naturale della Fertilitá da Universidade Católica do Sacro Cuore de Roma.

O tema da Conferencia foi "Ética e Valores Humanos do Planejamento Familiar: um Diálogo Internacional sobre os Direitose as Responsabilida des dos Individuos e das Sociedades". Os representantes católicos expuse-

ram o pensamento da Igreja sobre o assunto, levando em conta as mais re centes tendencias de autoridades civis e de dentistas frente á delicada temá tica.

Vista a importancia do Comunicado dos peritos católicos, publicamos, a seguir, os seus principáis trapos em tradugao portuguesa.

O TEXTO Dada a extensao do texto do Comunicado, procuraremos resumir com fidelidade o seu teor, transcrevendo ocasionalmente algumas de suas passagens mais marcantes. A explanagao comega dizendo que muitos seri'am os argumentos de

ordem filosófica e teológica para demonstrar o caráter antiético das práticas anticoncepcionais atualmente mais exploradas. Todavía numa assembléia em que pessoas de diversas correntes filosóficas e religiosas se encontravam,

pareceu aos representantes católicos mais adequado recorrer a razoesde Éti ca natural, geralmente aceita pelos povos, e de índole médica. Daí o teor do texto assaz minucioso e preciso ao analisar as diferentes técnicas contracep

tivas em curso no mundo.

Seis desafios sao propostos como contribuido ao diálogo sobre a Éti ca do Planejamento Familiar:

1. Os efeitos abortivos de certos anticoncepcionais; 2. Os efeitos secundarios nocivos de certos contraceptivos, 3. Os efeitos esterilizantes, a longo prazo, de certos contraceptivos; 4. O mito da crise demográfica universal;

5. A Ética e os valores humanos no planejamento familiar natural; 6. A AIDS e a contracepgao.

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 O estudo desses desafios evidencia que o planejamento familiar en-

volve os direitos e a saúde das mulheres e dos homens, os direitos e o bemestar da familia, os valores religiosos, culturáis e éticos das populacoes, a seguranca económica de numerosas pessoas no Terceiro Mundo e, por fim,

o valor da vida humana como tal.

1. Os efeitos abortivos de certos anticoncepcionais O direito a liberdade de consciéncia e a informacao exige que as pes soas desejosas de utilizar, receitar ou fornecer uma substancia ou um disposi tivo anticoncepcional sejam esclarecidas a respeito dos efeitos abortivos pri marios ou secundarios que possam ter. Este grave dever ético existe, pois se pode demonstrar que alguns este

rilizantes, pdulas ou vacinas aplicados pelas mulheres acarretam provavel-

mente abortamentos precoces. As mulheres, os maridos e os agentes da saú de tém o direito de saber que estafo recorrendo a fatores abortivos.

"Apresentar um produto abortivo como se fosse um simples agente de esterilizacáo é uma mentira; muitos dos usuarios desses produtos nao aceitariam o aborto". Quando os promotores da concepcao silenciam os efeitos abortivos de determinado produto ou dispositivo, estao violando a conscién cia dos homens e das mulheres, assim como o direito que estes tém de seguir as tradicoes de sua cultura nacional ou religiosa. Mais: se se leva em conta o fato de que sucessivos abortos póem em xeque a fecundidade da muiher, verifica-se que entram em jogo os direitos desta a fecundidade e ao seu bemestar físico e psi'quico. Cada individuo tem o direito de viver segundo o código ético que ele

tenha escolhido, direito que há de ser respeitado pelos pesquisadores e pro

motores de produtos abortivos. Daí surge a necessidade de que tais produtos sejam clara e corretamente etiquetados para que seus usuarios os possam

identifica!. Exemplos:

a) 0 RU 486 é produto abortivo também conhecido pelo nome de Mifepristone, ainda em estudos por parte do fabricante Roussel-Uclaf. Em-

bora aprovado pela Comissao de Ética da Academia Francesa, deu origem a candente controversia sobre a sua índole abortiva e os efeitos que provo

ca no organismo da muiher e das enancas que Ihe sobrevivam (verifica-se que há teratogénese ou nascimento de monstros). b) A vacina antifecundidade da OrganizacSo Mundial da S?ñde foi identificada como agente de aborto; ¡muniza contra o hormónio gonadotró-

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ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

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pico coridnico humano, que é responsável pela gravidez precoce.'Está sendo testado em Adelaide (Australia), talvez sem que as mulheres saibam que tipo de "¡njepáV Ihes é aplicado (tal vacina tem efeitos que duram um ano).

c) O anel vaginal de borracha, impregnado de levonorgestrel, despren de um esterilizante no fluxo sanguíneo durante noventa dias. Tem afinidade com o Triphasil, pflula baseada no levonorgestrel e conhecida como tendo efeitos abortivos. Está sendo testado pela OMS/PSDRFRRH.

d) O sterilet (DIU, dispositivo intra-uterino) nao é simplesmente um contraceptivo, mas, sim, um abortivo; destina-se a impedir a nidacao do ovo

fecundado, mediante mudencas histológicas e bioquímicas da mucosa ute rina.

Infelizmente a poICtica e os programas da OMS/PSDRFRRH nao levam em conta os aspectos moráis da questfo, ou seja, o direito que as pes-

soas tém de ser informadas sobre os efeitos abortivos dos processos que Ihes sao aplicados, nem o direito de proteger e fomentar a vida. As campanhas contraceptivas tornam-se discreta e quase imperceptivelmente campanhas abortivas. A linguagem utilizada na apresentacfo de certos produtos ou é lacónica ou é muito técnica, de modo que pessoas pouco instruidas nao se dao conta dos efeitos que tal ou tal substancia há de produzir em seu orga nismo; tal é o caso, por exemplo, dos seguintes "remedios" propagados na

África do Sul: Ovral 28, Minovlar 21, 28 e ED, Micro-Novum, Nordette, Brevinor, Nur-lsterate, Depo-Provera.

Os esclarecimentos que alguns Governos fornecem ao público em re la-

cao ao fumo, deveriam ter seu paralelo ao se tratar de substancias abortivas.

É questao de honestidade.

2. Os efeitos secundarios de alguns contraceptivos Alguns contraceptivos tém efeitos colaterais. Ora estes devem ser ex plicados ao público, pois existe em todo profesional a obrigagao de respeitar

o direito dos outros á saúde. O público deve ser informado no tocante a tudo o que Ihe seja ameaca a integridade física ou psíquica. Nao raro os efei tos colaterais afetam nao só a mulher, mas também a enanca. Por isto tam-

bém o marido há de ser esclarecido sobre os riscos que a sua esposa corre ao ser medicada deste ou daquele modo. Exemplos:

A OrganizacSo Mundial da Saúde já promove pesquisas a respeíto dos efeitos secundarios das diversas substancias contraceptivas que ela estimula. 557

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Todavía no boletim Progress nV 1, pp. 2s, lé-se um artigo que recomenda dis positivos ¡ntra-uterinos sem falar dos serios problemas que decorreram da aplícacao dos mesmos nos EE. UU. da América e que suscitaram litigios en tre as pessoas afetadas no caso.

Sabe-se, com efeito, que os menos graves disturbios causados pelo OIU sao as doencas pélvicas inflamatorias, que acarretam outros desequilibrios de

saúde. O Journal of Reproductive Medicine de maio 1983 noticia que 49% das muiheres que utilizam o OIU sofrem de salpingite (inflamacao das, trom

pas de Falópiol, ao passo que apenas 1%das que nao o usam, incide nessa molestia. A revista People, vol. 13, n? 1 de 1986, da FIPF enfatiza que nenhum modelo de DIU é menos nocivo do que os outros. Apesar de tudo, a FIPF continua a propagar o DIU mundialmente, como se fosse um método "eficaz" de contracepcao. Outro elemento discutido é o Depo-Provera injetável. As autoridades nao permitem que seja aplicado as muiheres norte-americanas; nao obstante,

continua a ser utilizado no Terceiro Mundo. Em geral, alias, nota-se que cer tas substancias tidas como nocivas na América do Norte sao usuais no Ter

ceiro Mundo. A Ética nao pode aceitar tal discriminacao, inspirada por interesses comerciáis e outros espurios.

3. Os efeitos esterilizantes de alguns contraceptivos O direito inalienável dos esposos a planejar a sua familia obriga os dis

tribuidores de anticoncepcionais a dizer-lhes que varios destes tém efeito esterilizante. Controlar a fertilidade é urna coisa, suprimi-la é outra. Exemplos:

A pfluía anticoncepcional tem preocupado os estudiosos, pois se veri fica que pode causar esterilidade. Sim; os ovarios podem atrofiar-se por

causa das interrupcSes prolongadas e sucessivas. Constantemente exposta á

acao de substancias sintéticas, a mucosa uterina pode atrofiar-se e perder toda a capacidade de responder ao estímulo da progesterona. O alarme foi lancado pela revista British Medical Journal (14/10/72, pp. 59s): "Urna par ticular ¡dade inquietante do uso de anticoncepcionais bucais chama sempre mais a atengao dos ginecologistas: o fato de que algumas muiheres que in-

terrompem o recurso a anticoncepcionais oráis, perdem a regularidade das suas regras e podem vir a sofrer de amenorréia durante anos". No Terceiro Mundo especialmente, requer-se que as pessoas ¡nteressadas sejam bem informadas sobre as substancias que preocupam os médicos 558

ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

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e os pensadores: o Depo-Provera (muito aplicado na África), o Neten (Netoen), o Nurethisterone Denanthate e a injecao de progestina (que suscitou controversias na India). A nenhum Governo é lícito promover ou impor os

processos de esterilizacao do homem ou da mulher; isto é tanto mais grave quanto é realizado de maneira velada ou na surdina. A dignidade humana e

a iiberdade dos esposos no tocante a sua familia devem prevalecer sobre as campanhas de esterilizacao.

4. O mito da crise demográfica mundial A "bomba demográfica" ou a propalada "explosao populacional" se apresenta cada vez mais como um mito. Tal mito é precisamente utilizado

como base da ideología que se poderia chamar "imperialismo contracepti vo", segundo o qual as populacoes menos numerosas tém possibilidade de desfrutar de melhores condicóes económicas. É o alarde da explosao demo gráfica que alimenta os métodos anticoncepcionais contrarios á Ética. Tendo fracassado no seu intuito de reduzir a populacao em países do Terceiro Mundo e no esforco de realizar o "crescimento demográfico O" no Primeiro Mundo, os protagonistas dessa ideología tentam promover a esterilizacáo e o abortamento em escala mundial. ..

A densidade da populacao nao está necessariameme na origem da

fome e da pobreza. Urna populacao de cinco bilhoes nao é obrigatoriamente urna populacao mundial excessiva, se levamos em conta as potencialidades de desenvolvimento da producao alimentar e dos recursos tecnológicos. Algumas vozes alternativas merecem atencao nos setores da economía e da

demografía. Por exemplo, as do Prof. Pierre Chaunu e do Pe. Rene Bel (Franca); as do Prof. Julián Simón, do Dr. Robert L. Sassone, da Profa. Jacqueline Kasun, do Dr. Roger Revelle, do Dr. David Hopper, do Sr. Cari Anderson (EE.UU. da América); as do Dr. Peter Bauer e do Dr. Basil Yanney (Gra-Bretanha), a do Dr. Colin Clark (Australia). Todos estes sao peritos que, cada qual a seu modo, demonstraram a falsidade do mito

da superpopulacao que está na base do imperialismo contraceptivo.

Este imperialismo consiste em impor ás populacoes e ¿s culturas to do tipo de contracepcao, esterilizacao ou abortamento tído como eficaz, sem consideracao para com as tradicdes familiares, éticas ou religiosas de determinada populacao ou cultura. Esta falta de respeito, insensfvel aos va

lores moráis e a Ética, poderia ser evitada: a) se se rejeitasse o mito do "fim

do mundo decorrente de urna explosao demográfica mundial"; b) se se pro-

curasse fazer que o desenvolvimento económico acompanhe o aumento demográfico; c) considerando que existe nao somente superpopulacao, mas também subpopulacáo em certas partes do mundo; d) enfrentando os pro559

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

blemas demográficos segundo os criterios da justica. Nao podemos negar, especialmente no hemisferio Sul do planeta, uma expansao demográfica que dificulta o desenvolví mentó económico. Mas logo devemos observar que no hemisferio Norte o problema é inverso: registrase queda da natalidade, tendo como conseqüéncia o envelhecimento da populapao, que já nao consegue renovar-se biológicamente. Alias, ná*o está demonstrado que a causa da miseria é únicamente o crescimento demográfico nem é evidente que um desenvolvimento harmonioso seja incompatível com o crescimento demográfico.

Ooutro lado, é alarmante verificar que em muitos países ocorre o lancamento sistemático de campan has contra a natalidr.de, em oposipao á identidade cultural e religiosa das respectivas populacSes. Nao raro sao fi nanciadas por capitais estrangeiros; as vezes a ajuda económica a tais paí ses é subordinada a realizapao de tais campanhas. Isto tudo redunda em no vas formas de opressá"o, que afetam principalmente as carnadas mais pobres e acabam por gerar um certo racismo. Exemplos:

a) A Europa Central atravessa agora uma crise de subpopulapao, co mo conseqüéncia das políticas contraceptivas da década de 60. Em varios países europeus o número de nascimentos é inferior ao necessário para preencher as lacunas deixadas pelos óbitos. Visto que a proporcao das pessoas

idosas aumenta e há menos jovens na faixa dos trabajadores, há*o de surgir serios problemas sociais e económicos; por exemplo, o da assisténcia a ser ministrada ás pessoas idosas, o do financiamento de numerosas aposentadorías, o do declínio de algumas industrias de consumo... O mais baixo teor de nascimentos é o da Alemanha Ocidental, com 1,4 crianca por mulher. De

outro lado, desde setembro 1986 a Franpa comepou a aplicar uma política para estimular o aumento da populapao.

b) Singapura e a Bulgaria, países de regimes sócio-económicos dife rentes, recusaram ambos a concepcao segundo a qual a diminuipao da po-

pulapáo é fator de elevapáo do nivel económico. O Governo búlgaro, diante de dramático declínio populacional, já nao favorece o aborto, mas incentiva

os nascimentos. Em Singapura, desde 19/03/87, as autoridades já nao ¡m-

p5em sanpdes ás familias numerosas, reconhecendo que o crescimento demográfico O redunda em desastre no plano socio-económico. Apesar disto, nos países de maior fecundidade, certos grupos movidos por interesses económicos militam em prol do controle tecnológico da na-

talidade como se este fosse a chave do desenvolvimento; apregoando a "efi cacia" dos anticoncepcionais, ainda difundem o "mito da explosao demo560

ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

33

gráfica". Na verdade, a solucao da crise populacional muitas vezes nao é o controle drástico da natalidade, mas o abandono da corrupcao e da administracao desonesta.

A Igreja dirige um apelo aos fornecedores de anticoncepcionais, lembrando-lhes que, em vez de contribuir para a solugao dos problemas socio

económicos, estío colaborando para agravá-los. A Moral católica repudia tais agressoes á vida humana como também á dignidade das mulheres e dos homens.

5. O Planejamento Familiar Natural A única forma realmente eficaz de planejamento familiar é aquela que:

a) respeita a saúde das mulheres e dos homens; b) respeita a Ética, os valores religiosos e culturáis; c) tem capacidade de adaptacáo aos problemas de su-

perpopulacao. Tais sáb os métodos natúrais de planejamento familiar, mé todos que acompanham a natureza em seu ciclo de fecundidade e esterilidade. Para eles é que se devem dirigir as pesquisas e os financiamentos. A vantagem dos métodos natúrais se evidencia a partir das seguintes ponderacoes:

a) O planejamento familiar natural repousa sobre sólidas bases cientí ficas. Apresenta tres modalidades: 1) o método da ovolucao ou de Billings;

2) o método da temperatura ou de Doyle; 3) o aleitarñento natural.1

O prof. James Brown (Universidade de Melbourne, Australia) e o Prof. Erik Odeblad (Ulmea University, Suécia) efetuaram pesquisas sobre o mé todo do muco cervical (Billings), aplicado juntamente com o método da temperatura.

O Prof.

Roger Short (Monash University, Melbourne) e o Dr. Bob

Jackson (USA) realizaram estudos sobre o método do aleitamento natural.

Revelou-se que todos estes métodos natúrais podem ser tao ef icazes quanto a pi'lula anticoncepcional.

b) Os métodos natúrais ná"o tém efeito abortivo. Por isto nao suscitam

problemas nem de Ética nem de saúde; evitam o trauma que todo aborto é apto a causar na genitora que o comete.

c) Os métodos natúrais nao acarretam efeitos colaterais.

1 Enquanto amamenta, a mulher 6 incapaz de conceber. 561

34

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

d) Os métodos naturais podem ser aplicados tanto para evitar a gravi dez como para provocá-la; com efeito, eles apontam os dias de ovulacao da mulher dentro do ciclo menstrual.

e) Evitando efeitos colaterais negativos, os métodos naturais contribuem para diminuir a<mortalidade infantil. A saúde da crianca é nao raro abalada desde o nascimento em virtude dos ingredientes ingeridos pela mae antes do parto.

f) Os métodos naturais restauram a dignidade da mulher, ao passo que os anticoncepcionais freqüentemente descarregam sobre a mulher todo o fardo de nao engravidar. No caso do planejamento natural os dois consortes assumem a realidade e a mulher nao é reduzida á categoría de objeto estéril ou inocuo, que pode ser utilizado ao bel-prazer do homem (ou de ambos). g) Assim os métodos naturais reforcam o vínculo e a solidariedade conjugal, ao mesmo tempo que fortalecem a vida da familia. Este aspecto personalista do planejamento natural é talvez o beneficio mais importante de tal método. O marido e a mulher, em plano de igualdade, tomam em comum as decisoes referentes á procriacao num diálogo de respeito e amor mu tuos.

h) Os métodos naturais nao sao de difícil aplicacáo e, por isto, podem ser aprendidos por qualquer pessoa interessada. Dado que os síntomas do

muco cervical podem ser observados no corpo feminino desde que haja cer-

to tirocinio, mesmo as mulheres analfabetas e as cegas podem recorrer ao planejamento natural. As mulheres podem ensiná-lo ás mulheres. Para tanto, váo-se aperfeicoando cursos e material didático, especialmente nos países do Terceiro Mundo.

i) Os métodos naturais nao implicam sobrecarga financeira para os ca sáis que os utilizam. Basta que comprem o fascículo ou o gráfico respectivo.

Também é de notar que náío existem firmas ou grupos económicos destina dos a explorar os métodos naturais. Observa-se que se levantam preconceitos contra o planejamento na tural como se se tratasse de métodos de aplicacáo difícil ou dependentes de alguma crenca religiosa. — No tocante á primeira objecáo, nao há dúvída de que a aprendizagem é exeqüível desde que haja interesse, e se torna bem

sucedida, como demonstra a experiencia. Quanto a segunda dificuldade, pode-se reconhecer que a Igreja é a principal mensageira do planejamento natural, baseando-se, porém, em argumentos de ordem humana, como sao a defesa da saúde dos genitores e dos filhos, a economía ou o alivio finance ¡ro do easal, a dignidade da mulher — valores estes caros a qualquer gru-

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ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR

35

po cultural independentemente das suas crencas religiosas. O que o plañe¡amento natural tem de menos atraente, é que exige dos interessados a subordinagao dos impulsos sensuais á razao ou a inteligencia, a harmonía do ser humano ou a ¡ntegracao dos instintos a servico de um ideal condizente com a dignidade humana.

6. A AIDS e a contraceppSo Sabe-se que a AIOS se transmite, na maioria dos casos, mediante o re-

lacionamento homossexual ou a livre procura de parceiros. Ora o método da continencia periódica nao pode deixar de ser um dique eficaz contra a propagacao de tal molestia, pois contribuí para educar e fortalecer a vonta-

de das pessoas interessadas. Sem forca de vontade, é difi'cil impedir a difuslo da AIDS, pois nem os preservativos nem os recursos farmacéuticos sao efi cientes para evitar a propagacao de tal flagelo.

7. Conclusao A Igreja apregoa urna reflexao relativa ao planejamento familiar. No

fundo do problema, há urna crise de Ética, parcialmente alimentada por interesses económicos, que vilipendiam o ser humano.

A Igreja pede insistentemente que sejam rejeitados o imperialismo contraceptivo e suas afirmacoes nao fundamentadas, a saber; a) os anticoncepcíonaís, "eficazes" no plano técnico, seríam também benéficos ao nfvel

da pessoa e da sociedade; b) as populacoes menos numerosas seríam mais aquínhoadas e felizes no plano económico. - A Igreja preconiza o respeito as culturas tradicionais, segundo as quais as mulheres rejeitam os produtos abortivos, os homens repudiam o abortamento de seus filhos, a esterilizacáo é tida como injuria á dignidade e a integridade do ser humano. Em conseqüéncia, a Igreja propoe os métodos naturais como únicos condizentes com um planejamento familiar personalista e ético.

Em suma, as palavras do Papa Joao Paulo II sintetizam adequadamen-

te o porqué e o para qué de tal posipao da Igreja: "A Igreja tem confianca no homem, embora conheca a perversao de que ele é capaz, porque sabe que — nao obstante a heranca de pecado e o próprío pecado que cada um pode cometer — há na pessoa humana quali-

dades e energías suficientes, há nela urna bondade fundamental (cf. Gn 1,31), pois é imagem do Criador, colocada sob o influxo redentor de Cristo, que se uniu de ceno modo a cada homem; além do qué, a acao eficaz do Espirito Santo enche o mundo (cf. Sb 1,7)... 563

36

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 O que está emjogo ó a dignidade da pessoa humana, cuja defesa e pro-

mocao nos foram confiadas pelo Criador, tarefa a que estio rigorosa e res-

ponsavelmente obrigados os homens e as mulheres em todas as conjunturas da historia. 0 panorama atual - como muitos jé se dio conta mais ou menos claramente — nSo parece que corresponda a essa dignidade. Cada um de nos é chamado a ocupar o próprio lugar nesta campanha pacífica, que deverá ser conduzlda com meios pacíficos, para alcancar o desenvolvimento na paz e para salvaguardar a própria natureza e o mundo ambiente que nos rodeia. A Igreja sentese profundamente implicada, também ela, nesta caminhada, por cujo feliz éxito final espera" (Encíclica "Solicitude Social da Igreja"

n? 47).

*

*

*

A Ciencia da Cruz, por Bdith Stein. TraducSo de D. Beda Kruse. - Bd. Loyola, Sao Paulo 1988, 137 x 208 mm, 262 pp. Edith Stein é a famosa mulher judia que, tendose convertido ao Ca tolicismo, entrou no Carmelo de Colonia (Alemanha), onde tomou o nome de Ir, Teresa Benedita da Cruz O.C.D. No mundo cultivava a Filosofía com grande talento. Feita monja, continuou sua vida de estudos, dedicándose

principalmente á espiritualidade. 0 seu "testamento espiritual" é a obra "A Ciencia da Cruz", na qual aprésente o itinerario do progresso interior segun

do o seu mestre Sio JoSo da Cruz. Tal obra foi, em boa parte, inspirada pela própria experiencia de Edith, que sofreu duras provacdes por parte do na cionalsocialismo, acabando os seus días em campo de concentracSo. Nesse livro a autora deixa-nos urna auténtica escola, que chama a atencao do leitor para as etapas da vida de oracio e uniio com Deus; a discfpuia traca também em grandes linhas a biografía do Doutor carmelita, de modo a permitir ao estudioso averiguar o heroísmo daquele mestre, que ensinou as verdades por ele vividas até as últimas conseqüéncias. A própria Ir. Teresa nSo pode ter~

minar de escrever o livro, pois também ela teve que sofrer heroicamente nos

seus últimos temóos; por isto o remate da obra, efetuado de acordó com o pensamento da autora, se deve a Freí Romeu Leuven e ao Dr. L. Gelber.

NSo podemos deixar de saudar com estima a publicacSo deste valioso escrito numa época em que a Cruz desperta nos homens maior necessidade de descobrir o Transcendental ou os Bens definitivos. "Os escritos de Sio Joio da Cruz nio sio leitura para qualquer pessoa. Por certo, nio desejou excluir ninguém, mas o Santo sabia que somente um

restrito número de pessoas o compreenderia — aquetas que jé tivessem adqui rido alguma experiencia na vida interior" (p. 39). - A obra de Edith Stein tem a vantagem de trocar em miúdos tio elevada doutrina do Doutor Místi co. Para poder aspirar a alguma coisa, os interessados tém que a conhecer. 564

•'45T Espiritismo e Catolicismo:

R- ü. «.

\

"Mediunidade dos Santos" por Clóvis Tavares

Em síntese: Q Uvro "Mediunidade dos Santos" tenta identificar os eventos extraordinarios ocorridos na vida de Santos (visdes, revelares, pro

fecías...) com os fenómenos mediúnicos do Espiritismo. Na verdade, há diferencas profundas entre uns e outros: o extraordinario na vida de um cristao é algo de imprevisível, nao provocável, ao passo que no Espiritismo é tido como constante, normal e provocável mediante artes mediúnicas. A Igreja é cautelosa diante da noticia de fenómenos portentosos, pois sabe que pode haver muita ilusao a respeito. O teólogo só apela para intervencoes ex traordinarias de Deus quando evidentemente nao há expficacao natural para

o fenómeno. Entre as explicacoes naturais, estSo as da parapsicología, que elucidam os fenómenos atribuidos pelos espiritas a torcas do Além. - A Igreja nao nega que Deus possa fazer milagres, e os tenha feito e faca nao raro mediante os Santos, mas afirma que tais manifestacoes nao podem ser suscitadas através de artes ou receítas dos homens; sao sempre algo de espo rádico. *

*

*

Apareceu, por obra do Instituto de DifusSo Espirita, o livro postumo de Clóvis Tavares, concluido por Flavio Mussa Tavares, com o título "Me

diunidade dos Santos".1 0 prefacio é de Chico Xavier (Francisco Candido

Xavier), que assina "Emanuel". 0 livro considera a vida de varios Santos (Teresinha de Lisieux, Joáb Bosco, Joana d'Arc, Francisco de Assis...), que terao sido médiuns, pois os fenómenos extraordinarios a eles atribuidos (visóes, revelapoes, premonicoes, clarividencia...) sao enquadrados pelo autor dentro das ocorréncias mediúnicas do Espiritismo. O próprio Cristo, que fez

milagres e profecías, é tido como Grande Médium: "0 Evangelho é um livro de mediunidade por excelencia... No ministerio público vé-se Jesús cercado de médiuns e fenómenos mediúnicos... Corporificam-se espiritos veneráveis no cimo do Tabor, transforma-se agua em vinho ñas bocas de Cana. Multiplitam-se paes e peixes para a turba faminta" (p. 15).

1 Araras (SP¡, 135x 185mm,216pp. 565

38

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Quem 16 tal obra, tem o direito de perguntar: será que realmente o Evangelho e as gracas recebidas pelos Santos se podem reduzir á fenomeno logía e aos parámetros do Espiritismo? -Éo que vamos examinar. O problema suscitado exige facamos algumas distincoes.

1. Evocacáfo dos Morios e Invocado dos Santos 1. 0 Espiritismo julga ter meios certeiros de se comunicar com o Além: constituem a chamada "evocacao dos mortos" ou necromancia. Atra-

vas desses recursos (preces, concentracSo da mente e outros artificios), os espiritas pensam poder provocar a "descida" dos mortos ou dos "espíritos desencarnados", falar com eles e deles receber respostas. Ora quem reflete atentamente sobre tais alegagoes dos espiritas, há de reconhecer que

a) na"o há cañáis racionáis, lógicos nem científicos ou técnicos que ponham os vivos em comunicacao com os mortos. Estes pertencem a outra ordem de coisas, da qual os vivos na*o tém experiencia nem dominio; b) ao contrario, a ciencia objetiva contribuí para dizer que as preten sas comunicacoes espiritas com o Além nada tém de transcendental, mas sao apenas fen&menos psicológicos e parapsicoiógicos, enquadráveis dentro das potencialidades subjetivas do psiquismo humano. Quanto mais se estuda a natureza humana, tanto mais se percebe como é rica em expressoes surpreendentes; de modo especial, verifica-se a forca da sugestao (auto e héterosugestcfo) como também a amplida*o do inconsciente e do subconsciente (estes movem a pessoa a agir, sem que esta saiba que está sendo comandada por seu próprio inconsciente).

2. Os fiéis católicos se relacionam com os falecidos nao mediante evocacáb (no sentido espirita), mas mediante a invocado dos Santos: neste caso, o cristSo pede aos Santos que intercedam pelos irmaos militantes na térra; o Senhor Deus dá a conhecer aos Santos os anseios que Ihes apresentamos, e permite que rezem por nos; assim a comunhao que existe entre os

membros do Corpo Místico de Cristo nao é dissolvida nem pela morte; ela se prolonga nessa solidariedade dos Santos com os fiéis peregrinos neste mundo. Ver 2Mc 15,11-16.

É de notar, porém, que a invocapao dos Santos se baseia exclusiva mente na grapa ou na misericordia de Deus. Nao podemos forcar os Santos

566

"MEDIUNIDADE DOS SANTOS"

39

a aparecer-nos ou a responder-nos. Nao há receita alguma que nos garanta a intervencao dos falecidos na vida temporal que levamos. Mesmo os milagres (curas, preservadlo de males...) que alguém possa

obter pela oracáo, vém a ser fenómenos imprevisíveis e esporádicos que cha mamos "grapas", porque sao "gratuitos"; o homem nao os pode desencadear. Verdade é que a Igreja admite a aparicáo de Santos, como as da Virgem SS. em Lourdes e Fátima. Mas ela sabe que tais fatos sao totalmente

gratuitos ou nao provocáveis. De resto, a Igreja é extremamente cautelosa ao admitir aparicoes de Santos; ela quer evitar as graves ilusdes que podem ocorrer quando se trata de identificar fenómenos extraordinarios; muitas das pretensas aparipoes sfo reduzidas a fenómenos psíquicos, meramente subjetivos e, por vezes, doentios. Por isto também a S. Escritura proibe a necromancia ou a evocacáo dos mortos: "Nao haja entre vos... quem pratique encantamentos, quem ¡ntérro-

gue espiritos ou adivinhos, ou aínda quem invoque os mortos, pois quem

pratica essas coisas, é abominávelao Senhor" (Dt 18,11). "NSo vos voltareis para os necromantes nem consultareis os adivinhos, pois eles vos contaminariam" (Lv 19,31 i. "O homem ou a mulher que entre vos forem necromantes ou adivi

nhos, serio mortos, serio apedre/ados, e o seu sangue caira sobre eles" (Lv 20,27).

Tal proibipáo supSe que a necromancia seja superstipao ou erro religio so; baseia-se na falsa expectativa de que os mortos respondam. 0 caso de Saúl, a quem Samuel apareceu evocado pela pitonisa, nao compro va a autenticidade da evocacáo dos mortos. Nao foi por causa da

arte da adivinha que o espirito de Samuel se comunicou com Saúl, mas, sim, por concessao extraordinaria de Deus. Com efeito, Saúl estava para morrer

no dia seguinte; por isto o Senhor permitiu que Samuel I he apárecesse a fim de exortá-lo a preparar-se para o desenlace final. O ritual praticado pela pi tonisa era totalmente ineficaz para provocar a intervencao de Samuel; cf. ISm 28,4-19. — De resto, sabe-se que o próprio Deus censurou Saúl por haver consultado a pitonisa: 567

40

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988 "Saúl pereceu por se ter mostrado infiel para com o Senhor, nao se-

guindo a paiavra do Senhor, e, além disso, interrogara e consultara tima ne-

cromante" (1Cr 10,13).

2. Espfritos desencarnados e anjos Nao raro os espiritas apresentam manifestapoes de anjos bons ou maus (demonios) como se fossem intervenpoes de seres desencarnados.

Ora os anjos de que fala a Biblia, nao foram criados para se encarnar e desencarnar; sao espíritos sem corpo, que Deus fez para sua gloria e seu

servico. Muitos deles recusaram fidelidade ao Senhor Deus; por isto sao ditos "anjos maus" ou "demonios". O Senhor pode permitir que intervenham visivelmente na vida dos homens; mas, como dito, tais manifestapoes sao sem-

pre esporádicas e imprevisi'veis. Por conseguinte, nao se devem identificar os anjos maus ou demonios com os espi'ritos desencarnados que o Espiritismo menciona, nem com os exus e orixás das religioes afro-brasileiras.

Conta-se que alguns Santos escreveram mensagens por ¡nspiracao do

Além. Tal terá sido o caso de Sta. Brígida da Suécia (sáculo XIV). A fé ca tólica admite este fenómeno, mas, antes de o aceitar, examina as credenciais de genuinidade que ela possa apresentar, a fim de evitar falsas interpreta-

coes. - Os espiritas identifican-! tais casos com o da psicografia ("escrita sob

a influencia de espíritos comunicantes")... Fazem-no, porém, indevidamente, pois a psicografia já foi explicada pelas pesquisas parapsicologías como sendo a expressao subjetiva do psiquismo do próprio escrevente, sem Íntervencao do Além; com efeito, ela se deve a reminiscencias do passado contidas no inconsciente do psicógrafo e trazidas á tona por efeito de auto-suges-

tao; esse "vir á tona" provoca a mopao mecánica e rápida da mao do escre

vente, que assim redige aquilo que ele mesmo simplesmente traz em seu ínti mo como conseqüéncias de su as leituras, conversas ou viagens passadas. — No caso de Sta. Brígida e em outros semelhantes, se houve revelapao, esta

se devia diretamente a livre vontade de Deus. Quanto as visoes que alguns Santos descrevem, envolvendo a presenca dos anjos bons ou dos demonios, notemos que tais Santos só podiam conceber o Além por analogía com o Aquém, ou seja, como um parque ameno, luminoso e fresco ou como regioes tenebrosas, caracterizadas por tormentos físicos, seres monstruosos, armados de tridentes, etc. Através dessas imagens

simbólicas, queriam descrever a felicidade dos justos no céu ou o estado de

desgrapa dos reprobos no inferno, sem que sejamos obrigados a admitir a topografía do Além, como a propSem os espiritas. Na verdade, nao se pode dízer que, após a morte, estaremos em ambientes físicos semelhantes

aos da Térra (apenas "em segunda edipao, revisada, aumentada e melhorada"). 568

"MEDIUNIDADE DOS SANTOS"

41

3. Conclusáo Os espiritas tém Jesús Cristo naconta de grande médium e por isto ten-

tam explicar as obras de Jesús mediante a mediunidade. — Nao é necessário que nos detenhamos na refutacfo de tal teoría. A Divindade de Jesús Cristo foi já evidenciada em PR 151/1972, pp. 310-322; 152/1972. pp. 343-358. Em suma,

a) a Igreja aceita a ocorréncia de fenómenos extraordinarios na vida

dos Santos: a clarividencia, a clariaudiéncia, a pre moni cao, a telepatia, a

percepcao extra-sensorial... podem ter-se verificado na existencia de auténti cos cristaos. Todavía diante dos relatos respectivos a Igreja é, como dito, cautelosa, pois a hagiografía, por vezes, carecía de senso crítico na antigüi-

dade; julgavam alguns que, quanto mais portentosa fosse a vida de um personagem, mais santa seria;

b) se houve fatos extraordinarios, há que procurar explícá-los, antes do mais, por faculdades ou forcas naturais do psiquismo humano. O recurso ao extraordinario ou milagroso nao deve ser a primeira instancia, mas só se deve admitir quando nao haja elucidacao natural;

c) se houve intervencáo do Além, esta é devida á Onipoténcia Divina, que se pode ter manifestado mediante vozes, visoes, profecías... tramitadas

talvez por algum(a) Santo(a). Nao se tratava de medíunidade como é enten dida petos espiritas, pois esta, na verdade, é simplesmente o exercício de faculdades psicológicas e parapsicológicas naturais existentes no psiquismo humano. Os fenómenos mediúnicos nao nos poem em contato com o Além, mas nos deixam dentro do ámbito da própria psique humana.

Refletindo sobre o livro "Mediunidade dos Santos", pode-se, em conclusao, dizer que é produto de mentalidade pouco crítica; tende a aceitar com facilidade o portentoso, negligenciando as conclusoes das experiencias

científicas realizadas sobre tais fenómenos. Alias, o Espiritismo subsiste e se propaga na base da imaginacao e dos sentimentos muito mais do que por

efeito de estudos objetivos e do emprego da razao. O Catolicismo nao repri me os sentimentos religiosos nem despreza o papel da imaginacao, mas subordina-os á luz do raciocinio e da fé objetiva; é preciso que o fiel saiba peneirar suas intuicóes religiosas, pois estas as vezes sao meramente subjetivas e ilusorias. A fé, ao contrario, é um ato da inteligencia que, movida pela vontade, diz Sim á verdade revelada por Deus. Portanto a fé mobiliza primera mente as faculdades mais elevadas do homem; somente em funcáo deste Sim dito a Deus no plano da inteligencia a fé mobiliza os sentimentos e afetos da pessoa que eré.

569

42

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

Á guisa de bibliografía: FRIDERICHS, EDVINO AUGUSTO. Panorama da Parapsicología ao alcance de todos. Editora Loyola.

ÍDEM, Onde os espfritos baixam. Ed. Loyola. Higiene mental em contato com a Natureza. Ed. Loyola.

DALLEGRAVE, GERALDO. Reencarnacáb. Ed. Loyola.

GONZALEZ-QUEVEDO, ÓSCAR, A

Face

Oculta

da

Mente.

Ed.

Loyola.

ÍDEM, As Forcas Físicas da Mente. Ed. Loyola. 0 que é Parapsicología. Ed. Loyola. Curanderismo: um mal ou um bem? Ed. Loyola.

A Carta Apostólica sobre a Dignidade da Mulher, por Joao Paulo II, é

um monumento teológico que abrange todas as facetas da mulher na historia da salvacao como também na vida civil. "Jesús Cristo se fez ¡unto aos seus contemporáneos o advogado da verdadeira dignidade da mulher e da voca-

cao que esta dignidade implica" (n? 12). A conduta de Jesús frente ¿s mu-

iheres do Evangelho "nao reflete a discriminacao da mulher habitual no sé-

culo I" (n? 13). Mais: o Senhor revela ás mulheres verdades importantes e

faz da sua compreensio e disponibilidade um exemplo (n? 15). Elas sao as

prímeiras testemunhas da ressurreicio (n? 16). Quanto é mulher adúltera, é ocasiáo de mostrar que freqüentemente as mulheres sao apontadas como

únicas culpadas de um pecado de que os homens também sao responsáveis (n° 14). Maternidade e virgindade sao as duas dimensdes da vocacSo da mu lher. "A forca moral da mulher, a sua forca espiritual une-se á consciéncia de que Deus Ihe confia de maneira especial o homem, o ser humano. Natu ralmente, Deus confia todo homem a todos e a cada um. Todavía esse ato de confiar refere-se de modo especial á mulher — precisamente pelo fato da sua feminilidade - e isso decide particularmente da sua vocacáb...

A mulher á forte pela consciéncia desta missáo, forte pelo fato de que Deus Ihe confia o homem, sempre e em todos os casos, até ñas condicoes de

discríminacáb social em que ela se possa encontrar" (n? 30).

570

Fala o Grao-Rabino da Franca:

Ainda "A Última Tentagáo de Cristo Em símese: 0 Grao-Rabino da Franca, Dr. Josef Sitruk. déseu depoimentó de solidariedade aos Cardeais franceses que condenaran) o filme

"A Última Tentacao de Cristo", argumentando a partir do respeito que se deve ás crencas alheiasem toda sociedade bem constituida. Embora nem to dos compartilhem as mesmas idéias, a ninguém é lícito enxovalhar os valo

res que seus concidadaos justamente estimam. 0 testemunho do Rabino Sitruk é especialmente valioso por nao evocar raides de fé na sociedade plu ralista de nossos dias.

*

*

*

0 Grao-Rabino de Franca, Dr. Josef Sitruk, exprimiu-se, numa entre

vista á imprensa, a respeito do filme "A Última Tentacao de Cristo" de Martin Scorsese. Empenhou sua solidariedade aos Cardeais franceses Decourtray, Presidente da Conferencia Episcopal de Franca, e Lustiger, Arcebispo de Pa rís, que reprovaram a trama e a exibicao da película. - Eis o teor de tais de clarares feitas ao repórter Frédéric Lenoir: F. L: "Como judeu e como Grao-Rabino de Franca, que diz V.S. so

bre o filme de Scorsese 'A Última Tentacao de Cristo' e que pensa a respeito da indignacao dos Cardeais Decourtray e Lustiger?"

Rabino Sitruk: "Em primeiro lugar, jutgo que a polémica prevaleceu no caso e faco abstracao de todas as palavras desagradáveis que foram profe

ridas por urna e outra parte. Desejo simplesmente dizer o seguinte: como Grao-Rabino, sou deferente em relacao á crenca de cada individuo e respeito as suas conviccóes. Eis por que, na medida em que as autoridades da Igreja

estío chocadas, estou também chocado com elas. Com efeito; considero que as comunidades religiosas tém direito a ser respeitadas. A este título, a coesáb entre as religides parece-me ser benéfica. Por conseguinte, professo (e fa co votos para o Sr. o divulgue ao máximo) a minha solidariedade, no plano dos principios, com a posicáb dos Cardeais Decourtray e Lustiger". 571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

F.L: "Que diz a propósito das formas que o protesto dos católicos assumiu?" R.S.: "0 protesto pode assumir diversas formas, sim. Nao creio que os livres pensadores possam interpretar a posicao da Igreja como sendo a

proibicao de que os homens pensem diferentemente déla. £ verdade que no pasudo a Igreja se mostrou intolerante; nos, judeus, sofremos por causa dis

to; náb o posso esquecer.1 Mas, de outro lado, creio que nao é oportuno, pa ra urna sociedade, dessacralizar os valores que urna parte de seus concidadábs respeita. Urna sociedade pluralista é o oposto daquela que zombeteia os valores respeita dos por uns ou por outros. Náb é do interesse de ninguém fazer da vida de Jesús urna especie de tema sensacionalista".

F. L.: "V. S. viu ou irá ver o filme?" R.S.: "Fui convidado para assistir á projecao do filme juntamente com

as autoridades religiosas católicas. Nao irei. Julgo que este é um assunto de pendente da livre consciéncia de cada um e deploro o alarde que fizeram em torno de urna questáb que f ica sendo um diagnóstico da nossa sociedade".

F.L.: "Se amanha um cineasta judeu fizesse um filme que apresentasse o semblante de Cristo correspondente a certa perspectiva judaica, apta a fe-

rir a sensibilidade dos cristábs, a atitude de V.S. seria a mesma?" R.S.: "Por certo. Mas nao creio que possamos raciocinar em plano abstrato. Tudo depende do que seria a realidade concreta. Quero simplesmente dizer que vivemos num mundo em que as pessoas consideram normal

tratar de qualquer tema de qualquer maneira. É contra isto que eu me insur jo, pois julgo que este estado de coisas é nocivo ao conjunto dos homens, quaisquer que sejam as suas crencas".

(Extraído e traduzido do Boletim SNOP - Service Catholique Fran

ca ¡s de Presse et ri'lnformation n? 723,23/09/88, pp. 6s).

10 Grao-Rabino se refere a fatos passados em Que a fragilidade humana teve suas partes. Todavía, para nao se cometer injustica para com os antigos, nao se Ihes devem aplicar criterios que só se tornaram claros na época moderna;

cada fase da historia há de ser considerada dentro dos parámetros filosóficos que a caracterizan!. 572

"A ÚLTIMA TENTACAO DE CRISTO"

45

As declaracoes do Rabino Dr. Josef Sitruk chamam a atencáo para alguns pontos importantes: 1) O respeito as conviccoes alheias, desde que justas e integradas den

tro da correta ordem pública, é um valor do qual nao se pode abrir mao.

Por conseguinte, se a pessoa de Jesús Cristo é por seus fiéis tida como enxovalhada por um filme ou outra producáo artística, é necessário que tal obra seja reconhecida como injuriosa ao ser humano e indigna de harmonioso convivio social.

2) "A questáo fica sendo um diagnóstico da nossa sociedade" ... Com outras palavras, poderi'amos dizer: o interesse pela explorarlo sexual desenfreada é real síntoma de quanto o pansexualismo penetrou em nossos ambientes, deturpando os mais nobres valores e obcecando as mentes de muitos e muitos cidadaos. Sirva o diagnóstico para que mais atentamente

se I he procure o remedio adequado! *

*

*

Despertar de um Sentó Crítico, por Joio Luiz de Freitas. - Editora

O Lutador, Belo Horizonte. 148 x 200 mm, 177 pp.

,v. O autor é apostólo do auténtico testemunho cristao no mundo de noje. Neste seu novo livro volta-se principalmente para o problema ético da nossa sociedade, a fim de lembrar que os criterios do Evangelho nao sao os do consumismo e do sucesso meramente mundano. O cristao que tenha sóli do lastro na sua vida de oracao (tal referencia é muito oportuna), saberá

discernir com mais facilidade o certo e o errado em nossos dias. Muito interessante é a seccao do livro consagrada á educacao da vontade (pp. 85-121).

Dirígese especialmente aos que sao responsáveis pela escola e pelo seu rival

eventual, que sSo os meios de comunicacao social (a televisSo): vém recorda dos principios básicos de estruturacáo do caráter, sem os quais nao há honestidade nem felicidade neste mundo. - Em sintese, o livro considera, do ponto de vista da Ética crista, os variados setores da sociedade: econo mía, política, meios de comunicacao, familia, sexo, relacóes públicas, habítacSo, sociología, supersticao.... assumindo por vezes o tom de um profeta

franco e amigo. Termina apresentando um Esquema de Palestras sobre o Despertar de um Senso Critico Cristao. - Cremos que tal obra é inspirada

por bom sensq, fé e coragem para levar ao nosso mundo urna sadía mensagem.

573

COMUNICAgÓES 'PRIER" (REZAR) O periódico mensal alemSo Herder-Korrespondenz (Correspondencia de Herder), em seu número de maio 1988, p. 215, traz surpreendente noti cia sob o título Phanomen (Fenómeno): "A Revista Prier existe já há dez anos". Trata-se de urna revista lancada em maio 1978, que nao trata de outro assunto se nao de oracao; nao apresenta explanacoes teóricas, mas, sim, o texto de preces variadas tiradas da tradicao judeo-cristá" ou de outras fontes religiosas, ao lado de testemunhos de pessoas que vivem intensamente a ora-

pao; há também perfis biográficos de grandes personagens orantes e a descricío da espiritualidade de Ordens e mosteiros. Isto quer dizer que nao se

pode ler Prier simplesmente como se leria urna obra doutrinária ou catequética, pois as páginas de cada fascículo levam naturalmente o leitor a rezar. 0 periódico nao se filia a algum grupo, mas tem por fundador o jornalista francés Jean-Pierre Dubois-Dumée, um leigo, que no inicio de sua

carreira (logo após a segunda guerra mundial) se interessava por questoes de esquerda católica ou de católicos de esquerda e depois resolveu mu da r-se para o setor da espiritualidade.

O primeiro número de PRIER teve a tiragem de 12.000 exemplares, que se esgotaram sem demora. O editor Georges Hourdin (Boulevard Ma-

lesherbes) tencionava chegar a ter 25.000 assinantes dentro de um ano e meio, número este que foi atingido em seis meses de publicacaode PRIER. Atualmente o periódico conta 80.000 assinantes e deve ter um circulo de cerca de 400.000 leitores. O cronista NT de Herder-Korresponden* observa que tal interesse de

Jean-Pierre

Dubois-Dumée

pela oracSo corresponde bem ao do público

francés em geral. Este experimenta atualmente um retour du religieux (urna volta dos valores religiosos); de maio 1968 até 1975 aproximadamente o Catolicismo francés estava muito voltado para o setor da política nacional;

574

COMUNICACOES

47

todavia após esse período transferíu sua ateneo predominantemente para

a área da espiritualidade. É o que explica o singular sucesso de PRIER.

A extraordinaria aceítacao de uma revista que leva o leitor a orar, é realmente um fenómeno jornalfstico muito notável em nossos dias, quando geralmente os periódicos, mesmo os que tratam de interesses materiais, lutam com serias dificuldades para subsistir. Além do mais, é sintoma muito revelador de importante guiñada que ocorre na Franca e que bem pode

ocorrer em outros países, pois, como diz S. Agostinho, "o homem foi feito para Deus e só em Deus encontra o seu repouso" (ConfissSes I 1). Substituir o transcendental por interesses meramente imanentes é fazer violencia ao próprio homem, violencia contra a qual cedo ou tarde se

insurge a própria natureza humana. Haja vista ao que ocorre atualmente

na UniSo Soviética!... Estéváb Bettencourt O.S.B *

*

*

CELIBATO Apresentamos, a seguir, o artigo do Exmo. Sr. D. Manoel Pedro da Cunha Cintra, Bispo Emérito de Petrópolis, a quem PR muito agradece a valiosa colaboracao:

O CELIBATO É CONTRA A LEÍ NATURAL? D. Manoel Cintra Nao; de maneira nenhuma.

Porque a lei natural nao obriga cada pessoa a contrair casamento.

Obrigaria sim, se o casamento de cada pessoa fosse necessário para a propagacao do género humano. Tal, porém, nao acontece. A perpetuacao da es

pecie humana, através dos tempos, se obtém normalmente, sem dificuldade, bastando que a obrigacSo do casamento recaía sobre toda a coletívidade e nao sobre cada um de seus membros.

Santo Tomás o explica, com meridiana clareza. Na sua "Suma Teoló

gica" (2a. 2a., q. 152 a. 29) mostra como a virgindade, ou castidade per petua, nao é proibida pela lei natural. Ele esclarece, de acordó com a sa filo sofía, como é preciso entender que os preceitos da lei natural nao atingem do mesmo modo toda a comunidade e cada individuo.

Imprescindível essa distincSo entre comunidade e individuo. Ao res ponder a objecáo de que "assim como pecaria quem se abstivesse de toda co mida, por agir contra o seu bem individual; de igual modo também peca 575

48

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 319/1988

quem se abstém completamente do ato de geracao, porque está agindo con tra o bem da especie", o Aquinate éscreve:

"De dois modos podemos estar su/eitos a um dever. Prímeiro. como tendo a obrigacío de cumpri-lo individualmente, e en rao nao o podemos omitir sem pecado. Mas outro é o dever que a multídao deve cumprir, e ao qual nSo está obrigado. em particular, nenhum membro déla, pois há muitas coisas necessárias á multidáb que um só nao pode realizar, mas que o pode ela, porque um dos seus membros realiza isto e outro aquilo. Ora, o preceito de comer, que a lei natural impoe ao homem há de necessariamente ser cumprido por cada um; do contrario, ninguém poderia

viven Mas o preceito da geracao diz respeito a toda a multidao dos homens, á qual é necessária nao só a multiplicacao corporal, mas também o progresso

espiritual. Por ai' se vé que a multidao humana fica suficientemente provida se varios dos seus membros se derem ¿ obra da geracao carnal, enquanto outros, déla se abstendo, se entreguem á contemplacao das coisas divinas, para honra e satvacao de todo o género humano".

Esta distincao apresentada por Santo Tomás esclarece igualmente outros aspectos dos preceitos da lei natural. Por exemplo, o da propriedade

privada, que é necessária para haver liberdade na sociedade, mas de que cada individuo se pode privar espontáneamente (e ai' está a liberdade), por moti vos superiores, como no voto religioso de pobreza. Oiga-se o mesmo quanto ao voto de obediencia: quem o faz, usa de sua liberdade para aceitar, por amor de Deus, a vontade divina manifestada pelos Superiores, em lugar da própria vontade. Em se tratando do celibato eclesiástico, é preciso notar que ele existe

na Igreja precisamente pela livre determinaclo de cada levita, antes de rece be r as Ordens Sacras. A Igreja jamáis obriga alguém a viver em celibato senao em conseqüéncia dessa previa e pessoal decisao. Mas também ninguém

a pode obrigar a promover as Ordens Sacras quem prefere constituir familia.

Assim ela aceita o compromisso, amadurecido e responsável, de cada candi dato que resolve sacrificar o direito natural de se casar, para entregar-se to

talmente ao servico de Oeus. Como é fácil de se entender, esse compromisso é extraordinariamente

grave, como o tem acentuado muitas vezes o Santo Padre, o Papa. Muito grave, nao só pelo direito natural ao possível casamento, direito ao qual

o sacerdote renuncia, como também pelo bem comum da Igreja, que o aco-

Ihe, na Ordenacao Sacerdotal, e que tem em vista a comunidade crista, a cujo proveito espiritual o levita se consagra "com coracao indiviso", no dizer

da Presbyterorum Ordinis, n? 16, do Concilio Vaticano II. 576

Pergunte

Responderemos

índice de 1988

50

PERGUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988

ÍNDICE (os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano de edicao e

página)

ABBA

309/1988, p.

ABORTO: frustracoes em varios países

315/1988, p. 367;

"A CRISTANDADE COLONIAL - MITO E IDEOLO GÍA" por Riolando Azzi

AIDSE ABORTO AIDSE CONTRACONCEPQÁO > ALBANIA: perseguicao á religiSo

ALÉM-TÚMULO: "Os que partem..."

55.

314/1988] p. 334^ 310/1988, 315/1988, 319/1988, 310/1988,

p. 107. p. 371; p.563. p; 142.

311/1988^ p. 190.

ALFORRIAS E "MÁO POSTA"

318/1988, p. 513.

ALMA HUMANA E ROSA-CRUZ

309/1988, p. 91.

AMOR E PRAZER

315/1988, p.345.

ANJOS E ESPÍRITUS DESENCARNADOS ANO MARIANO ANTICONCEPCIONAL E ABORTIVOS

319/1988, p. 568. 309/1988, p. 94. 319/1988. p.554.

SOFRIMENTO

315/1988' p.349.

"ANTROPOLOGÍA DO PRAZER" por Hubert Lepargneur

315/1988, p. 338.

APRENDER DOS ATEUS ASSIS: encontró de oracáo

310/1988, p. 142. 316/1988, p.419.

"A ÚLTIMA TENTAQÁO DE CRISTO" - filme

318/1988, p.482;

ATANÁSIO E LIBÉRIO

AZZI, RIOLANDO: CRISTANDADE COLONIAL . . .

317/1988] p. 451

319/1988, p. 571. 310/1988, p. 107.

B

BATINA:deíxar a - causas BEGLIOMINI, HELIO E VOCAC0ES E CASTIDADE

312/1988, p. 288. 308/1988, p. 33. 313/1988, p. 271.

BENTO DE NÚRSIA e sua obra "BIBLIA DE JERUSALÉM":sim ou nao?

310/1988, p. 118. 316/1988, p.423.

BIBLIA: interpretado

313/1988, p.260.

"BÉNCAOS PAPÁIS PRODUZEM MALDIC0ES?" .. v 312/1988, p. 232.

"BÍBLIA. DEUS COM A GENTE": apreciacao BI'BLIA E TRADIQAO NAO ESCRITA 578

309/1988, p. 66. 313/1988, p.244.

ÍNDICE GERAL

1988

51

BOFF, LEONARDO, E MARIOLOGIA

312/1988, p. 214.

BOUYER, LOUIS, E PROTESTANTISMO

314/1988, p.319.

BUDISMO: origem e doutrina

310/1988, p.

98.

C

CABRAL, J., E RELIGIÓES

313/1988, p. 251

CALVET, GERARDO, E CISMA

318/1988] p.502!

CARISMA, ORACÁO E ASCESE CARTA DOS CATÓLICOS DA TCHECOSLOVÁQUIA

316/1988' pÍ430 308/1988! p. 46^

CANON BÍBLICO: como se formou

A UMA MAE QUE RENUNCIA A MATERNIDADE

313/1988 p. 253

314/1988, p.334.

CASADO, ALFREDO, E MEIOS DE COMUNICACÁO

312/1988, p. 194.

CELIBATO: origem e significado

316/1988, p. 429;

CASTIDADE: nociva? .

CIENCIA E IGNORANCIA DE JESÚS

RELIGIÁO

CINTRA, D. MANOEL: celibato COLONIAL, CRISTANDADE (mito e ideología) "COMO SE FAZ UM PADRE CELIBATÁRIO" por Geraldo de Moura

"COMO VIVER A SEXUALIDADE" por Ovidio Zanini

CONCEPCÁO VIRGINAL E MATERNIDADE DIVINA DE MARÍA

313/1988, p. 271. 317/1988, p. 444; 319/1988, p. 575.

309/1988, p. 63;

316/1988,' p.432.

319/1988, p. 575 310/1988, p. 107 316/1988, p. 427.

311/1988^ p. 17i! 312/1988. p.219.

CONCILIO DE NICÉIA II E TRADICAO VATICANO II eTRADICÁO

313/1988, p. 243. 313/1988, p. 245.

CONFUCIONISMO - sfntese doutrinária

319/1988, p. 543.

CONGRESSO DE TEOLOGÍA EM CARACAS

311/1988. p. 186.

CONSUMISMO E MEIOS DE COMUNICACÁO

312/1988, p. 198.

CREDO MUCULMANO

317/1988, p. 475.

CRISE DEMOGRÁFICA: mito

319/1988, p. 559;

CONVERSAOAOEVANGELHOE PROTESTANTISMO 312/1988, p. 229. CORÁO: caracterfsticas 3171988, p. 474.

MORAL NA FAMILIA

VOCACIONAL NA ÓTICA DE UM LEIGO .... CRISTÁO E CATÓLICO:diferencas CRISTIANISMO NA TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO .

NA RÚSSIA VISTO POR UM AGNÓSTICO

CRISTO TENTADO

308/1988, p.

34;

308/1988, p. 33. 312/1988, p.207.

311/1988, p. 155;

319/1988, p. 531. 310/1988, p. 115.

318/1988, p. 482; 319/1988, p. 571. 579

PERGUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988 CRISTOLOGIA LATINOAMERICANA,segundo P.R. Hilgert

CULTO DAS IMAGENS - historia ......'..'.'.'..'. - carta de Joao Paulo II ....

HINDUISTA

311/1988 o 146

308/1988,' p. 1 {; 313/1988* d 242

309/1988^: Sa

D

D'ASSUMPCAO. E.A.: "Os que partem..."

DATTLER, FR.: "Sfntese de Religiao Crista" "DEMONIOS DESCEM DO NORTE, OS"

DESENVOLVIMENTO NA DOUTRINA DA IGREJA .

DESMANTELAMENTO DA FAMILIA E SUICIDIO

311/1988. p. 190

312/1988 p 207' 309/1988 p 67

314/1988* p' 296'

308/1988* p

16'

DEUSEXISTE?

aie/WSB^ase!

DISSIDENTESVOLTAMÁUNIDADEDAIGREJA .

318/1988'p'502*

PESSOALOUIMPESSOALNOHINDUISMO?

DIVINDADE NO TAOISMO

DIVORCIO NO EVANGELHO

DOMINGO CRISTÁOrsua restauracáb DREYFUS, FRANCOIS, E CONSCIÉNCIA DE JESÚS

309/1988 p 81

319/1988 p 552*

312/1988* p 2io'

312/1988* p 236 309/1988! p. Soi

E

ECUMENISMOe D. Lefebvre

316/1988 p 416

VISTO POR UM EX-PROTESTANTE .... EDUCAgAO RELIGIOSA NA URSS EDUCAR A VONTADE

317/1988* p 434 316/1988* p 401' 311/1988: p. 175.

ENSINO RELIGIOSO ÑAS ESCOLAS DA INGLATERRA

310/1988, p. 144;

"EM NOME DO DIABO" por Víctor Willi - falta na familia

ESCRAVIDAO NO BRASIL E IGREJA

315/1988 p 361 308/1988 p

35

318/1988* p 509

ESCRITURA E TRADICAO

311/1988 p 162

ESPIRITISMO E CATOLICISMO

319/1988 p 565

ESCRITURA: FONTE DE FÉ ESFACELAMENTO PROTESTANTE

ESPIRITOS DESENCARNADOS E ANJOS

313/1988* p. 258. 309/1988,' p. 7¿

319/1988* p 568

ESPIRITO SANTO E MARÍA

312/1988, p. 223.

EVANGELHOSrorigemecredibilidade EVANGELIZACAO 2000 EVOCACAO DOS MORTOS E INVOCACAO

318/1988, p. 489 314/1988 p 301

ÉTICA DO PLANEJAMENTO FAMILIAR E MEIOS DE COMUNICACAO SOCIAL

DOS SANTOS

580

319/1988, p. 554; 312/1988: p. 203.

319/1988, p. 566.

ÍNDICE GERAL

1988

FECUNDACÁO ARTIFICIAL "GIFT"

53

313/1988 p. 279

FÉ DA IGREJA E MENTALIDADE MODERNA FEMININO E ESPIRITO SANTO FENÓMENO DAS SEITAS FIGURAS DIVINAS CULTUADAS NA INDIA

309/1988 312/1988* 309/1988* 309/1988*

FRANKL, VIKTOR. E LOGOTERAPIA FUTURigOES RELATIVAS Á SEXUALIDADE ....

310/1988* p' 138* 311/1988* p. 17tl.

FILME SOBRE A VIDA SEXUAL DE JESÚS

p p p p

60 214 68 82

315/1988 p 383-

G

GENITALIDADE E SEXUALIDADE

311/1988, p. 172.

"GIFT" (fecundado artificial)

311/1988' p. 279. H

HENNAUX, J.M., E MARIOLOGIA DE L. BOFF ....

312/1988 p 214

HERMENÉUTICA Bl'BLICA E PROTESTANTISMO. . HILGERT. P.R., E CRISTOLOGIA

313/1988* p 252 311/1988.'p! 146

HERESIAS E TRADIQÁO SEGUNDO D. LEFEBVRE HINDUISMO:síntese do

HIROXIMA E NAGASAKI

316/1988 p 420 309/1988 p

78

308/1988^ p' 26^

HOEFFNER, JOSEPH: despedida

310/1988 p 139

HOMEM NO HINDUI'SMO

309/1988^ p. 8i! I

ICONE NO OCIDENTE

313/1988 p.249.

IDADE MEDIA, segundo Leo Moulin

310/1988 p 116

ICONOCLASTAS

"IGNORANCIA" DE JESÚS

"IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA CARISMÁTICA"

IGREJA CATÓLICA E QUESTÁO SOCIAL DE CRISTO: una E ESCRAVATURA

E "ESTADO CATÓLICO"

308/1988', p.

6.

309/1988* p. 65. 318/1988 p 519

309/1988] p. 75; 308/1988* p. 42-

311/1988, p. 157-

316/1988, p. 417;

E MODERNISMO

-MENSAGEIRADE LIBERDADE IGREJA NA TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO NO CATOLICISMO

NO PROTESTANTISMO "IGREJA PARA A LIBERTACÁO" - por David Regan 581

316/1988 p. 428"

311/1988' p. 164314/1988' p 306: 314/1988] p.326* 314/1988, p. 324. 314/1988, p. 311.

54

PERGUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988

IMAGEM DE JESÚS IMAGENS - controversias

318/1988, p. 486. 313/1988, p.248.

INSTINTO ESEXUALIDADE

311/1988, p. 171.

INSTITUICAOFAMILIAR-seuenfraquecimento ..

308/1988, p. 34.

ISLAMISMO: «frítese

317/1988, p.471.

NO CULTO CRISTÁO INDULGENCIAS: que sSo?

308/1988, p. 2. 309/1988, p. 95.

INVESTIDURAS NA IDADE MEDIA

317/1988, p. 454.

J JAINISMO:que é? 309/1988, "JESÚS ANTES DO CRISTIANISMO" por Albert Nolan 317/1988, JESÚS CRISTO:quem é? 310/1988, 311/1988, E OS DISCÍPULOS MAIS CHEGADOS 309/1988,

HISTÓRICO E JESÚS DA FÉ

p. 88. p. 462. p. 119; p. 153. p. 56.

311/1988, p. 152;

LEGISLADOR O FILHO DE DEUS SOFREU REALMENTE

317/1988, 309/1988, 309/1988, 309/1988,

p. 468. p. 54. p. 55. p. 62.

"JESÚS HISTÓRICO, PONTO DE PARTIDA DA CRISTOLOGIA LATINO-AMERICANA" por P. Hílgert "JESÚSSABIA QUE ERA DEUS?" por Francois Dreyfus

311/1988, p: 146.

JOAO PAULO II -

Solicitude Social da Igreja

314/1988, p.290;

Tradicaoe Progresso Cisma de D. Lefebvre

317/1988, p.459; 318/1988, p. 503.

JOAO PAULO I: assassinado?

JORNADA DE ORACÓES NO JAPAO

JOSÉ MOSCATI - médico santo

309/1988, p.

50.

315/Í988, p.361.

308/1988, p. 22.

315/1988, p. 377.

K KHARTCHEV, KONSTANTIN, e Religiao na URSS . .

316/1988, p.397.

KIEV:sede episcopal de

319/1988, p. 536. L

LEFEBVRE: pessoa e idéias

316/1988, p.407;

cisma LEIGO:seu papel na Igreja

318/1988, p. 502. 308/1988, p. 36. 582

ÍNDICE GERAL

1988

55

LEITURA TEOLÓGICA DOSTEMPOS MODERNOS .

314/1988, p.296.

LEPARGNEUR, H: "ANTROPOLOGÍA DO PRAZER"

315/1988, p.338.

LIBERDADE RELIGIOSA E LIBERALISMO LIBERDADE DE CULTO

316/1988, p. 414; 308/1988, p. 41.

LIBÉRIO (PAPA) E ATANÁSIO LIBERTACÁO QUE JESÚS VEIOTRAZER

317/1988, p.451. 311/1988, p. 155.

"LUCOTERAPIA ... DE VIKTOR FRANKL" por José Carlos Vitor Gomes

310/1988, p. 131.

LUTERANISMO HOJE

310/1988, p. 123.

M

MANSAO DOS MORTOS: Jesús desceu á MAOMÉ:dados biográficos

312/1988, p. 211. 317/1988, p.472.

MARÍA MADALENA NOS EVANGELHOS

318/1988, p.487.

"MARÍA, ROSA MÍSTICA" MARIEN.NEEMIAS, E "BIBLIA DE JERUSALÉM" . MARIOLOGIADE L BOFF

308/1988*, p. 28. 316/1988,'p. 423. 312/1988, p. 214.

MATERIALISMO NA TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO

314/1988, p. 306.

MARTÍNS, SYR, E CATOLICISMO MARX, KARL, E JESÚS CRISTO MAX THURIAN-CAMINHADA ESPIRITUAL ....

312/1988, p. 228. 314/1988, p. 314. 317/1988, p. 446;

"MEDIUNIDADE DOS SANTOS" por Clovis Tavares .

319/1988, p. 565.

ORDENADO PRESBÍTERO

MEIOS DE COMUNICACÁO SOCIAL: INFLUENCIA

315/1988! p.384.

E RESPONSABILIDADES

312/1988, p. 194.

"GIFT"

313/1988, p. 280.

MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS: que é?. . . . MIL ANOS DE CRISTIANISMO NA RÚSSIA MINISTROS EXTRAORDINARIOS DA COMUNHAO

EUCARI'STICA

MONOFISISMO e imagens

318/1988, p. 491; 319/1988, p. 530. 311/1988, p. 181.

MONTEIRO DE LIMA: "Demonios. .." MORAL BUDISTA

308/1988, p.

5. 309/1988, p. 67. 310/1988, p. 102.

MORALOGIA: que é?

310/1988, p. 141.

CATÓLICA: "rafzes pagas"?

MORTE E ALÉM

315/1988, p. 552. 311/1988, p. 190.

E GRANDES HOMENS

316/1988, p. 395.

MOULIN, LEO, e Catolicismo MOSCATI, JOSÉ -médico santo

310/1988, p. 115. 315/1988, p. 377.

MOURA, GERALDO e celibato do Clero

316/1988, p. 427.

MUNDO CONTEMPORÁNEO: seu panorama ...... E CRIANQAS ESCRAVAS

314/1988, p. 291. 318/1988, p.517.

583

56

PERPUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988 N

NATUREZA E GRAQA, segundo L. Boff NESTORIANISMO e imagens

312/1988, p. 218 308/1988, p. 5.

NIRVANA

310/1988* p. 10il

NICÉIA II e imagens

NOLAN, ALBERT: "Jesús antes do Cristianismo" ... NOME DE BATISMO:cr¡$tao ou pagSo?

308/1988 p

6

317/1988, p. 462. 310/1988, p. 142.

O

"O DISCfPULO SEGUINDO AS PEGADAS DO SENHOR"

"O ESPIRITO E O FEMININO. A MARIOLOGIA DE L. BOFF" por J.M. Hennaux, S.J

ORACOES ÉUCARI'STICAS E EXPERIENCIAS LITÚRGICAS

ORIGEM E HISTORICIDADE DOS EVANGELHOS "O SANTO CATECISMO" de Jair Pereíra . . . "OS DEMONIOS DESCEM DO NORTE" por Délcio

318/1988 p 508

312/1988 p 214

313/1988 p. 284

318/1988 p 491 308/1988 p 43

Monteiro de Lima

309/1988 p

Alves d'Assumppáb

311/1938, p. 190.

"OS QUE PARTEM, OS QUE FICAM" por Evaldo

67

PALAVRA NO CATOLICISMO PROTESTANTISMO PASCOAL II (PAPA) E INVESTIDURAS

314/1988 p 322 314/1988 p 321 317/1988 p 465

PENITENCIA NA VIDA CRISTA SACRAMENTAL

315/1988* p 354 312/1988* p 210

PECADO ORIGINAL E SEXUALIDADE

PEREIRA.JAIR, E CATECISMO ... "PERESTROIKA" (REFORMA) NO SETOR RELIGIOSO

"PERFIL DE JESÚS COM TRACOS DE MARX" . . .

PLAGIO DO CATOLICISMO PLANEJAMENTO FAMILIAR E ÉTICA

POBREZA, LIBERTAQAO E TEOLOGÍA POLITIZACAO na protestantismo no Catolicismo

"POR QUE DEIXAMOS A BATINA" por Syr Martins . 584

316/1988 p 425

308/1988 p

43

311/1988, p. 159.

314/1988 p 314

308/1988' p 40 319/1988'p 554'

311/1988' p' 186^ 310/1988, p. 129

314/1988, p.312.

312/1988! p~228!

ÍNDICE GERAL

1988

57

POR QUE ME FIZ CATÓLICO? - depoimento de . ex-pastor luterano

310/1988 p. 121

PRAZER ESPIRITUAL E PRAZER SENSIVEL

315/1988, p.342.

"PRIER": revista sobre oracao

319/1988, p. 574.

PRESENCA DE DEUS, segundo V. Frankl

PRIMADO DA PRAXIS SOBRE O LOGOS NA TI PRINCfPIO DE AUTO-REALIZACAO PROTESTANTISMO E CATOLICISMO: confronto . . PURO INSTINTO

310/1988] p. 137^

314/1988] p'316 315/1988] p.346 314/1988] p. 319; 311/1988] p. 178]

R

"RAIZES PAGAS" DA MORAL CATÓLICA

RANGEL, PASCHOAL, E TEOL. DA LIBERTAQAO .

"REDE NACIONAL DE MISSÓES CATÓLICAS" . . .

315/1988, p. 350.

314/1988* p 302

308/1988 p. 39

REENCARNACAO E ROSA-CRUZ REGAN, DAVID, E TEOLOGÍA DA LIBERTACAO .

309/1988 p.. 92] 314/1988] p]31i]

RELIGIÁONAURSS

316/1988,'p.397'

REINO DE DEUS: imánente e transcendente

"RELIGIÜES, SEITAS E HERESIAS" por J. Cabral . .

311/1988 p 156

313/1988 p. 251.

"RESISTIR AO PAPA HOJE, COMO OUTRORA"? . .

317/1988 p 450

ROSA MÍSTICA: devocao

308/1988 p. 28

RESTAURAQÁO DO DOMINGO CRISTÁO

"ROSAECRUCIS",ANTIGA MÍSTICA ORDEM ...

SACRAMENTO: nocSo

312/1988] p. 236. 309/1988] p. 9o]

310/1988, p. 129.

da penitencia

SACRAMENTOS NO CATOLICISMO

PROTESTANTISMO

SAGRADA ESCRITURA E TRADICAO "SANTO CATECISMO" de Jair Pereira

SANTOS CONTRA O PAPA SCORSESE, MARTÍN, E JESÚS

312/1988 p 210

314/1988 p.331. 314/1988 p 329

313/1988] p. 264 308/1988 p

43

317/1988 p'454' 317/1988] p.433;

318/1988] p. 482]

SEITAS: fenómeno das SEMINARISTAS - formacao específica SENTIDO DA VIDA

309/1988, p. 67. 308/1988 p 36 310/1988 p 135

SEXUALIDADE: como vivé-la?

311/1988, p. 172.

SEXO E CENSURA 313/1988] p. 276E DOENQAS SEXUALMENTE TRANSMISSlVEIS 313/1988, p. 275^ E IGREJA 313/1988, p. 277.' 585

58

PERGUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988

"SI'NTESE DE RELIGlAO CRISTA"pelo Pe. Frederico Da«'er

"SIKHS"

312/1988, p. 297.

309/1988, p. 87.

SIMONÍA: proibicSo de SOLICITUDE SOCIAL DA IGREJA - Encíclica de

308/1988 p

J- p?ul° "

40

314/1988, p. 290.

SUGESTAO: influencia grande

312/1988, p. 194.

SUICIDIO:dramae causa»

SUFRAGIOS PELOS SUICIDAS

..'.'.'.

308/1988 p

13

315/1988,' ^382^

T

TAOISMO

TAVARES, CLOVIS:"Mediunidade dos Santos" ....

319/1988, p.549

319/1988 p 565

TCHECOSLOVÁQUIA E IGREJA TEMPOS MODERNOS - LEITURA TEOLÓGICA . . TENTACÁO DE CRISTO

310/1988* p 107* 314/1988' p 296 318/1988* p. 489;

TEOLOGÍA DA LIBERTAQÁO em Caracas

314/1988, p. 186;

na América Latina

"TEOLOGÍA DA LIBERTACÁO" pelo Pe. Paschoal Rangel "TERCEIROSEGREDODE FÁTIMA"

. .

TESTEMUNHAS NO NOVO TESTAMENTO THURIAN, MAX, E ECUMENISMO TRADIQÁO DI VINO-APOSTÓLICA

E PROGRESSO NA IGREJA E PROTESTANTISMO TRADICÁO ORAL E TRADICÁO ESCRITA TRÁFICO NEGRO NO BRASIL E IGREJA

TSCHUSCHKE, WOLFGANG: Conversao ao Catolicismo

319/1988* p. 571. 311/1988 p 146

314/1988, p. 302. 311/1988 p 192

318/1988* p 496 317/1988* p 435 313/1988 p 260

317/1988! p'459* 313/1988* p.262. 313/1988* p. 259. 318/1988* p. 510 310/1988, p. 121.

U

ÚLTIMA TENTACÁO DE CRISTO no cinema UNIÁO DE MARÍA E DO ESPIRITO SANTO

318/1988, p. 482; 312/1988, p. 215.

V

VALORES HUMANOS E CRISTIANISMO VATICANO II E D. LEFEBVRE VÍCTOR GOMES, JOSÉ CARLOS, E LOGOTERAPIA 586

310/1988 p 116 316/1988, p.408. 310/1988, p. 131.

ÍNDICE GERAL

1988

59

VIDA CRISTA E PENITENCIA

315/1988, p.353.

VIKTOR FRANKL E LOGOTERAPIA

310/1988, p. 132.

VIDIGAL DE CARVALHO, J.G. E ESCRAVATURA . VIRGINDADE DE MARÍA NA "BIBLIA DE

318/1988! p. 509.

JERUSALÉM" VLADIMIR ECONVERSÁODARÚSSIA

316/1988, p.426. 319/1988, p. 530.

"VOZ QUADRANGULAR" E PAPA

312/1988, p. 232.

W WILLI. VÍCTOR: "Emnome do Diabo"

315/1988. p.361.

Y

YALLOP, DAVID, EJOÁO PAULO I

YOGA:queé?

315/1968, p. 361.

309/1988! p. 84.

Z ZANINI. OVIDIO ESEXUALIDADE

311/1988, p. 171.

EDITORIAIS "ANO NOVO, VIDA NOVA. ..:"

308/1988, p.

1.

"COM OS OLHOS FIXOS NELE. . ."

310/1988, p.

97.

"A ÚLTIMA TENTAgAO"

"COMO BOM SOLDADO DE CRISTO. . ." EVANGELIZACÁO 2000 MAE DE DEUS, MÁE DOS HOMENS "NEC LAUDIBUS NEC TIMORE" O MISTERIO DA PALAVRA O VELHO E O NOVO "SENHOR, ÉTEMPODENOSVERMOS"' "SENTÍ O QUE O CRISTO JESÚS SENTÍA" SEPARARSE DAIGREJA?. .-

317/1988! p! 433.

309/1988! p. 49. 314/1988] p. 289! 315/1988! P-337. 312/1988! p. 193. 313/1988! p. 241. 319/1988! p. 529. 318/198b! p. 481. 311/1988! p. 145. 316/1988! p. 385.

LIVROS APRECIADOS ALAIZ, Atilano. Felizes os Generosos

310/1988, p. 130.

ASSIS, Freí Paulo Avelino de. A Biblia do Povo

312/1988. p.238.

BACKGRISA. A Cura pela Imposipao das Maos

319/1988. p. 548.

587

60

PERGUNTE E RESPONDEREMOS 319/1988

BATTISTINI, Freí. Manual da Fé. Crisma e Primeira

Eucaristía para Adultos

308/1988, p. 48.

BROWN, Raymond E. Crises na Igreja? Reflexoes

Bíblicas BUCKINGHAM, Jaime. Forca para viver FORTE, BRUNO. A Trindade como Historia FREITAS, Joá"o Luiz de. Despertar de um Senso Crítico

313/1988, p. 288. 308/1988, p. 48. 312/1988, p. 206. 319/1988, p. 573.

JOÁO PAULO II. A Dignidade da Mulher

319/1988^ p 570.

SOUZA PACHECO, Claudia B. A Mulher no Divff.... STEIN, EDITH. A Ciencia da Cruz

319/1988] p. 553. 319/1988^ p. 564.

TEIXEIRA, Faustino Luiz Couto. Comunidades Eclesiais de Base, Bases Teológicas

312/1988, p. 239.

MANUAL DE TEOLOGÍA MORAL: OBEDIENCIA E SALVACÁO III 318/1988, p.528. SCHWANTES, M. e outros. A Memoria popular do Éxodo 313/1988, p. 287.

SURIAN, Freí Carmelo. S. Francisco e o Misterio da Vida

318/1988, p.518.

TÉRRA, Jólo Evangelista M. Leitura da Biblia na

Perspectiva do Pobre

314/1988, p. 310.

VILADRICH, Pedro Juan. Aborto e Sociedade Permissiva

311/1988, p. 170.

VOLPE, Alberico. Palavras do Senhor

*

318/1988, p. 501.

*

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LITURGIA PARA O POVO DE DEUS BREVE MANUAL DE LITURGIA Por D. Cario Fiore SDB

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Contém urna parte de doutrina baseada na Constituido Litúrgica, em exposicáo simples e objetiva, com perguntas para debate, círculos e reflexáo pessoal ou em gru pos.

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Sacrificio e dos demais Sacramentos, em seus respectivos ritos. Focaliza especial mente a participacáo dos fiéis na Missa dominical.

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O MISTERIO DO DEUS VIVO. Pe. Albert Patfoort, OP., traducáo de Dom Cirilo Folch

Gomes, OSB. Tratado de "Deus Uno e Trino", de orientacáo tomista e de índole didática. 230 págs Cz$ 2.780,00

DIÁLOGO ECUMÉNICO, Temas Controvertidos. Por Estéváo Bettancourt, OSB. 1984.

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