Projeto PERGUNTE
E RESPONDEREMOS ON-LIME
Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)
APRESENTAQÁO DA EDigÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta
necessidade
de
darmos
conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor encarrega do respectivo site.
que
se
Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.
Pe. Esteváo Bettencourt, OSB
NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos
convenio
com
d.
Esteváo
Bettencourt
e
passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.
00
SUMARIO
As Imagens no Culto Cristáo
Suicidio: Por qué?
LLJ
O' I-
Jornada de Oracóes no Japáo
co LU
"Maria, Rosa Mística"
D
O
Crise Vocacional na Ótica de Um Leigo "Rede Nacional de Missdes Católicas" "A Igreja Vive na Tchecoslováquia" co
o
ANO
XXIX
JANEIRO
1988
308
E RESPONDEREMOS
JANEIRO - 1988
Pubjicapao mensal
Diretor-Responsável. Estéváo Beltencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia publicada neste periódico
Oiretor-Administrador: D. Hildebrando P. Martins OSB Administrado e distribuicáo: Edicóes Lumen Christi Dom Gerardo, 40 - 5" andar, S/501 Tel.: (021 (291-7122 Caixa Postal 2666 20001 - Rio de Janeiro - Rj cflo e ImpioaaAo
fcA "MARQUESSARAIVA'
ASSINATURA:
Cz$ 500,00 (de 1? de Janeiro a 30 de abril) Cz$ 600,00 (a partir de 1? de máio). Número avulso: Cz$ 60,00 Queira depositar a importancia no Banco do Brasil para crédito na Conta Corrente
NS308
SUMARIO "ANO NOVO, VIDA N0VA.J
1
1.200 anos ap6s o Concilio de Nicéia II:
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO .
2
Fatos ¡mpressionantes:
SUICÍOIO: POR QUÉ? No Monte Hiei:
JORNADA DE ORACÓES NO JAPÁO Caso multo comentado:
"MARÍA, ROSA MÍSTICA"
13 23
28
Significativo depoimento:
CRISE VOCACIONAL NA ÓTICA
Que é?
DE UM LEIGO
33 ,.
CATÓLICAS"
39
"REDE NACIONAL DE MISSÓES Noticias e apelo" "AIGREJAVIVE NA
TCHECOSLOVÁQUIA"
45
LIVROS EM ESTANTE
48
NO PRÓXIMO NÚMERO: 309 - Fevereiro - 1988
O Hínduísmo. - "Os Demonios descem do Norte" (D. Monteiro de Lima).-"Jesús sabia que era deus?" (Fr. D reyfuá)., - "Co mo viver a Sexualidade" (O Zanini).
n? 0031 304-1 em nome do Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro, pagável na A<jéncia da Praca Mauá (n- 0435) ou en viar VALE POSTAL pagável na Agdncia Central dos Correios do Rio de Janeiro.
COM APROVAQÁO ECLESIÁSTICA
RENOVÉ QUANTO ANTES
COMUNIQUE-NOS QUALQUER
A SUA ASSINATURA
MUDANCA DE ENDERECO
Novo,Vida Nova...!" "Ano novo, Vida nova...!", é o que fácilmente sugere a noite de '3\l\2 para 01/01. A todos é costume desejar um ano ainda mais feliz do que os anteriores. A Escritura Sagrada, em seu estilo, acompanha estes augurios, es timulando o cristáo a sacudir a rotina ou a poeira que a caminhada sobre ele deposita...
Muito significativas a propósito sao as palavras que S. Paulo dirige
a seu discípulo Timoteo: "Eu te exorto a reavivar o dom de Oeusque há em ti... Pois Deus nao nos deu um espirito de timidez, mas um espirito de forca, de amor e de sobriedade" (2Tm 1,6s). Reavivar... Em grego, anazopyrein tem sentido mais forte: lembra um carváo em chama...; esta aos poucos vai-se extinguindo, e deixa ape nas urna brasa vermelha; por sua vez, a brasa vai-se recobrindo de cinzas
a ponto de nao mais se ver o fogo latente no carváo. É preciso entáo ana
zopyrein, isto é, soprar em cima das cinzas...; estas se dissipam e o fogo, reexcitado, salta de novo como bela chama. Eis o que o Apostólo deseja que Timoteo e os cristáos facam periódicamente, a fim de nao se deixarern vencer pela timidez, mas restaurarem em si a forca, o amor e a so briedade que Deus Ihes deu. A mornura e a tibieza sao os grandes males que ameacam os cris táos que superaram o pecado grave. O Senhor Jesús é severo diante
desse tipo de molestia. Assim diz no Apocalipse: "Nao és nem frió nem quente! Mas, porque és momo,... estou para te vomitar da minha boca" (Ap 3,15s). Ser frió ou quente significa ter urna opgáo definida e empe-
nhar-se corajosa ou até arriscadamente por ela, fugindo de acomodacóes ambiguas... Ao considerá-las. Pió XII dizia: "O grande mal dos nossos tempos é que os bons estio cansados". Em outra passagem, Jesús conta a parábola do senhor que confiou a cada um de seus servidores um talento, e se foL. Ao voltar, encontrou
quem houvesse lucrado deze cinco talentos; mas achou também quem Ihe devolvesse exatamente o mesmo talento; solicito para nao o perder, havia-o enterrado; era honesto ou "legal" em aparéncia. Nao obstante, o senhor nao o aceitou, porque o talento confiado era um bem móvel; devia ter produzido algo; se nao produzira, desvalorizara-se (cf. Mt 25,14-30). A imagem desse servidor "honesto e legal", mas estagnado e acovardado, é de grande eloqüéncia para todos aqueles que tem ideal e querem escapar de urna "santa mediocridade". O Senhor reprova dura mente os servidores que, na sua legalidade tibia, enganam a si mesmos e ao próximo (talvez sem ter consciéncia disto).
Possa o inicio de 1988 trazer a todos os cristáos o estimulo para soprarem sobre as eventuais cinzas do seu coracáo e fazerem subir alto a
chama da coragem e da fé! E.B. 1
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXIX - N? 308 - Janeiro de 1988
1.200 anos após o Concilio de Nicéia II:
As Imagens no Culto Cristáo Em slntese: Celebrou-se em 1987 o I^OO5 aniversario do Concilio de
Nicéia II, que defíniu a legitímidade do culto de veneragáo (neo adoragSo) das imagens sagradas. Os argumentos aduzidos pro e contra esta prática, du rante a controversia iconoclasta, mostram que nSo se tratava apenas de urna modalldade do culto cristSo, mas, sim, de afirmar ou nao a genuinidade do miste rio da Encamacáo do Filho de Deus; Isto se confirma peto lato de que, para
comemorar o fím da tonga e ardua disputa iconoclasta, os ortodoxos institui rán a Fasta da Ortodoxia - o que significa que a reta fé proclamada pelos ConcfBos anteriores foi de novo professada pelos defensores das imagens. - O presente artigo aprésenla, entre outras coisas, os argumentos do Concilio de Nicéia II que apelavam para a Cristotogia a fím de justificar a veneragáo das imagens.
Estas aínda desempenham papel importante em nossos dias, visto que o ser humano é psicossomátíco ou feito para passar do visfvel ao Invisfvel. Os cristSos orientáis dedicam especial estima aos seus icones, que eles cultuam como sacramentáis e como complemento inseparável do S. Evangelho.
Em 1987 completaram-se 1.200 anos da realizacáo do Concilio de Nicéia II (04/09 a 23/10/787), que tratou do culto das sagradas imagens
durante a érdua controversia iconoclasta''. Visto que tal data é importante
e a confeccSo de imagens é assunto ainda hoje discutido em alguns am bientes, exporemos ñas páginas seguintes: 1) o histórico da controversia; 2) a definicSo do Concilio de Nicéia II; 3) o significado do culto das ima gens.
em grego, significa imagem, kláo quebrar. O iconoclasmo foi o movimento de quebra ou de combate ao uso das imagens.
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO 1. Traeos da historia da controversia A Igreja dos tres primeiros séculos era sobria em relacSo a ima gens, por dois motivos: 1) o Antigo Testamento proibia a confeccSo de imagens (cf. Ex 20,4s; Dt 4,15); 2) os povos pagaos adoravam ídolos (imagens divinizadas). Isto, porém, -nao quer dizer que nao houvesse imagens nos recintos sagrados dos antigos cristSos; assim, por exemplo, os cemitérios de outrora apresentavam afrescos, geralmente inspirados pelo texto bíblico: Noé salvo daságuas do diluvio, os tres jovens cantando na fornalha ardente, Daniel na cova dos leñes, os páes e os peixes res tantes da multiplicado efetuada por Jesús, o Peixe que simbolizava o Cristo...
No século IV o paganismo foi declinando fortemente, de modo que um dos fatores de reserva frente ás imagens se dissipou: estas foram sendo confeccionadas em número crescente, tanto para excitar a piedade como para instruir o povo iletrado. Principalmente os orientáis, e entre estes os menges, estimavam as imagens (Icones) nao para adorá-las, mas para cultuar as pessoas assim representadas (Jesús Cristo, a Vir-
gem María, os Santos...). No século Vil, porém, o islamismo (cuja era comeca em 622) renovou o preceito do Antigo Testamento contrario as imagens. Este fato e eventuais abusos cometidos por cristSos com referencia ás mesmas, suscitou na Igreja a onda do iconoclasmo. Os Imperadores bizantinos, que julgavam ter a obrigacSo de intervir nos assuntos internos do Cristianis mo, tomaram partido em favor dos iconoclastas, de modo que o culto
das imagens foi proibido por leis do Imperio. Os monges e muitos fiéis reagiram a esta campanha - o que ocasionou violenta perseguido a par tir de 726, quando o Imperador Leáo III o Isáurico (717-741) decretou o afastamento das imagens sacras. A ¡ntencSo do monarca nao era apenas teológica, mas também, e muito mais, política: quería ser Imperador e
Sumo Sacerdote (Basileus kai Hiereus eiml. Sou Imperador e Sacerdote, dizia Leáo III); programava submeter totalmente ao seu poder a Igreja, inclusive os monges, que eram os mais tenazes defensores da liberdade
eclesiástica. Assim a afirmado do culto das imagens tomou um signifi cado muito ampio, pois equivalía á luta pela independencia da Igreja
frente ao cesaropapismo (ou ao despotismo imperial).''
1SSo Joño Damasceno (t 749), um dos mais ardorosos defensores das imagens, respondía ao Imperador Leáo III, cesaropapista:
"Decidir sobre assuntos da Igreja toca aos Sínodos e nSo aos Imperado res. Nao foi a estes que Deus entregou o poder de ligar e desligar, mas aos
Apostólos e seus sucessores, pastores e doutores... Nao aceito que os de cretos do Imperador rejam a Igreja; esta tem sua lei ñas tradigOes dos Padres, escritas e nao escritas" (De haeresibus PG 941116, 1304). (continua na pág. 4)
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
308/1988
A perseguido aos cultores das imagens devia estender-se até 843, passando por fases ora mais-, ora menos violentas; fo¡ a Imperatriz Teo dora, regente em lugar de seu filho Miguel, quem conseguiu, uma vez por todas, p6r termo a controversia, dando pleno apoio ás decisóes do
Concflio de Nicéia II (787). Antes de estudar as razóes aduzidas por este, vejamos os argumentos utilizados pelos iconoclastas.
2. Os argumentos dos iconoclastas Os adversarios das imagens nao apelavam apenas para o Amigo Testamento, mas elaboraram um arrazoado que. procedía de premissas
teológicas centráis no Cristianismo, pois se prendía ao próprio misterio da Encarnacáo. Para entendé-lo, é preciso recordar as etapas por que passou o estudo da Cristologia (estudo da figura de Cristo). 2.1. Premissas cristológicas
Nos séculos I-III os bispos e pensadores cristáos procuraram for mular o relacionamento de Jesús com o Oeus único, que se revelara no
Antigo Testamento: após diversas tentativas falhas, o Concflio de Nicéia I (325) definiu que Jesús Cristo é "Deus de Deus, luz de luz, gerado, nao feito, consubstancial ao Pai, Ele por quem tudo foi feito". No fim do século IV, o Concilio de Constantino pía I (381) afirmaría também a Divindade do Espirito Santo, "Senhor e Fonte de Vida, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado".
Estava assim formulado o dogma da SS. Trindade: há um só Oeus, cuja natureza é tio rica que ela se afirma em tres Pessoas - Pai, Filho e
Espirito Santo-, que nao retalham a única natureza divina.1 (continuagáo da pág. 3)
Aínda, citando Mí 22,17 ("Dai a César..."), escreve o mesmo doutor:
"Nos somos submissos a ti, Imperador, no que diz respeito á vida, ás coi
sas deste mundo, aos impostos, ás contribuigdes, etc., em tudo o que é da tua algada na gestSo dos nossos interesses terrestres; mas, no que concerne á instítuigSo da Igreja, temos pastores, que nos falaram e que estabeleceram as instituigóes eclesiásticas" (ib. I112, 1297).
1As nogóes aquí pressupostas sao filosóficas: Por natureza entende-se aquilo que faz alguém ou alguma coisa ser aquito que esse alguém ou essa coisa é; assim a racionalidade, para o nomem. A natureza humana, por exemplo, é uma só, mas as pessoas humanas
sSo bilhOes. Donde se vé que há uma diferenga entre natureza e pessoa. (continua na pág. 5)
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO 0 pensamento teológico voltou-se entSo para o misterio da Encar nacáo: como poderia Jesús, verdadeiro Deus, ser também verdadeiro homem?- Duas res postas erróneas se apresentaram:
- O
Nestoríanismo
(do Patriarca
Nestório, de Constantinopla)
afirma va que em Jesús havia duas naturezas e duas pessoas (a divina e a
humana) ou dois eu, unidos entre si por mero afeto. Esta doutrina, que
nao ressalva adequadamente a verdadeira nocao de Encarnacáo, foi re-
jeitada pelo Concilio de Éfeso em 431. Este, fazendo eco á tradicSo ante
rior, proclamou María "María de Deus" (Theotókos) para afirmar que María nao gerou apenas um homem, ao qual Oeus se uniu afetivamente; María, como toda máe, gerou urna pessoa, e esta pessoa era a de Deus Filho, que nela assumiu a natureza humana. Por conseguinte, Maria é a Máe de Deus na medida em que Deus se quis fazer homem.
- O Monofisismo, do Patriarca Éutiques de Alexandria, levou a sentenca de Éfeso ao extremo de dizer que em Jesús a unidade era tal
que havia nao somente urna pessoa, mas também urna natureza só (a Divindade absorvera a humanidades). Tal doutrina foi condenada pelo Con cilio de Calcedonia em 451, pois também nao respeitava a verdadeira nocao de Encarnacáo. Em conseqüéncia, o Sfnodo Calcedonense proclamou
haver em Cristo urna só pessoa, sim (como o Concilio de Éfeso afirmara), e duas naturezas (a Divina, eterna, e a humana, assumida no seio de Ma ría Virgem).
Os monofisitas insistiram na sua tese, declarando que em Cristo havia urna só vontade (a Divina), o que redundaría em afirmar urna só natureza (a Divina) em Jesús. Tal é a doutrina monotelita, que foi rejei-
tada pelo Concflio de Constantinopla III (681). Há, pois, em Jesús a von tade divina, eterna, e a vontade humana, inerente a humanidade assumi da.
Estava assim devidamente expressa a fé católica nos misterios da SS. Trindade e da Encarnacáo. - Ora é precisamente sobre este fundo de cena que se coloca a controversia iconoclasta, aparentemente secundaria por versar sobre urna modalidade do culto cristáo.
(continuagáo da pág. 4) Pessoa é aquilo que faz a natureza subsistir concretamente, pois a natu
reza nSo subsiste em si ou como tal. Pessoa é, pois, a natureza humana mais a sua subsistencia ouéa natureza subsistente em determinado sujeito. Estas nocóes se aplicam a Deus, contanto que se enfatize que a subsis
tencia em tres Pessoas nSo retalha a natureza divina, como a subsistencia em muitas pessoas retalha a natureza humana.
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 2.2. Que diziam os iconoclastas?
O iconoclasmo foi sistemáticamente elaborado numa assembléia de 338 Bispos, que se denominou erróneamente "Concilio Ecuménico",
convocada pelo Imperador Constantino V Coprónimo (741-775) no ano de 753 para a localidade de Hieria (Constantinopla). Essa assembléia ba-
seava-se sobre varios argumentos, dos quais o principal é o cristológico assim concebido:
Os Concilios de Éfeso e Calcedonia definiram que Jesús Cristo é
verdadeiro Deus e verdadeiro homem, tendo duas naturezas e uma só pessoa (divina). Ora, diziam os iconoclastas, quem tenta representar pic tóricamente Jesús, procura compor uma imagem de Deus e do homem; assim comete um duplo sacrilegio: o primeiro é o de tentar representar a natureza divina ou a Divindade, que nao pode ser representada; o segun
do é o de misturar a natureza divina e a humana ou a Divindade e a hu-
manidade, erro que Éutiques, monofisita, cometeu e que foi condenado em Calcedonia.
Se alguém redargüisse, afirmando que as imagens representam
apenas a natureza humana de Jesús, que foi visfvel e palpável aos ho-
mens, os iconoclastas responderiam: este modo de pensar é o de Nestó-
rio, condenado em Éfeso; sim, diriam, a humanidade de Jesús pertencia
ao Verbo de Deus e nao pode ser separada deste nem representada independentemente deste. Quem julgue que pode representar só a humani dade de Jesús, atribui a esta uma existencia própria (que ela nao tem) ou faz déla uma pessoa; introduz assim uma quarta pessoa no misterio da SS. Trindade. Dal concluiam ser imposslvel representar pictóricamente Jesús Cristo sem incidir em alguma heresia (monofisismo ou nestorianismo). Quanto ás imagens de María SS. e dos demais Santos, tornamse ilícitas se a de Jesús é ilícita; quem as confecciona, recai no paganis mo.
Foi para refutar tal argumentado que o Concilio de Nicéia II se reuniu de 04/09 a 23/10/787 sob a Imperatriz Irene, regente de seu filho Constantino VI e fiel amiga das santas imagens. 3. A doutrina do Concilio de Nicéia II
Este Concilio ecuménico1 realizou-se em sete sessoes e definiu a
doutrina relativa ás imagens aos 13/10/787. Transcreveremos o respecti
vo texto mais importante, ao qual se seguiráo alguns comentarios.
'teto ó, geral, representativo da Igreja universal e aprovado peto Pana
Adriano I.
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO 3.1. O texto conciliar
O documento oficial comeca por referir o Símbolo de fé dos Conci
lios de Nicéia I (325) e Constantinopla I (381); professa as verdades pro mulgadas pelos Concilios anteriores e, a seguir, expóe o que nos interessa:
"Em poucas palavras, eis a nossa profissáo de fé: conservamos,
sem mudanca, todas as tradicóes eclesiásticas, escritas e nao escritas, que nos foram transmitidas. Uma destas é a confeccio de imagens, que se concilla com a pregacáo do Evangelho, pois afirma a real, e nao ape nas aparente. Encarneció do Verbo de Deus; além do qué, é útil a nos, pois há uma correspondencia entre o sinal e aquilo que é assinalado. Por isto, caminhando pela via regia, e seguindo em tudo o inspirado ensinamento dos Santos Padres e a Tradicáo da Igreja Católica, reconhecemos que o Espirito Santo habita nesta. Definimos com toda precisáo e diligencia que, como as representares da Cruz, assim também as veneráveis e santas imagens em pintura, em mosaico ou de qualquer outra materia adequada, devem ser expostas ñas santas igrejas de Deus
(sobre os santos utensilios e os paramentos, sobre as paredes e os
quadros), ñas casas e ñas estradas. O mesmo se faca com a imagem de Deus Nosso Senhor e Salvador Jesús Cristo, com as da... Santa Máe de Deus, comas dos santos Anjos e as de todos os Santos e justos.
Quanto mais os fiéis contemplarem essas represéntateos, mais serSo
levados a recordar-se dos modelos origináis, a se voltar para eles, a Ihes testemunhar... uma veneracao respeitosa, sem que isto seja adoracSo,
pois esta so convém, segundo a nossa fé, a Deus. Trata-se antes, de um culto semelhante ao que se presta á imagem da preciosa e vivifica Cruz, aos santos Evangelhos e aos outros objetos sagrados, honrando-os com a oferta de incensó e de lumes, como era usual entre os antigos; na verdade, a honra prestada ás imagens passa aos seus prototipos; quem venera a imagem, venera a pessoa assim reproduzida.
Assim reforjamos o ensinamento dos nossos Santos Padres, ou seja, a Tradicáo da Igreja Católica, que pregou o Evangelho de uma ex-
tremidade á outra da térra. Assim somos seguidores de Paulo, do divi no colegio dos Apostólos e da santidade dos antepassados, ligados como estamos á tradicáo que recebemos (cf. 2Ts 2,15). ... Por conseguinte, quem ousar rejeitar algo do que foi entregue ás igrejas, sejam os Evangelhos, sejam imagens da Cruz, sejam imagens pintadas, sejam
as santas reliquias dos mártires, ou quem ousar subverter alguma das
legitimas tradicoes da Igreja Católica, ou quem desviar para usos pro fanos os vasos sagrados ou os santos mosteiros, ordenamos que, se forem bispos ou clérigos, sejam depostos; se forem monges ou leigos, sejam excomungados" (Denzinger-SchSnmetzer, Enchiridion n* 600-603).
Refutamos sobre tal texto.
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8
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 3.2. Valor cristológíco das imagens
A Declarado do Concilio de Nicéia II mostra que o uso das ima gens na Igreja está ligado a concepcñes cristológicas. Com efeito, assim diz: "Urna das tradicGes é a confeccáo de imagens, que se concilia com a pregacSo do Evangelho, pois afirma a real, e nao apenas aparente, EncarnacSo do Verbo de Deus".
Já os iconoclastas queriam deduzir do misterio da Encarnagáo o náo-uso das ¡magens. Como dito, argumentavam com o seguinte dilema: representando o Cristo, ou tentamos representar a sua natureza divina (que nao pode ser representada) ou representamos a sua natureza hu mana (ou confundida com a Divindade ou separada e existente por si mesma); também esta outra alternativa é errónea, porque peca contra os
Concilios de Calcedonia e éfeso. - Ora os ortodoxos no Concilio de Nicéia 11
retomaram as definieses de Calcedonia e Constantinopla III e assim raciocinaram: existe urna distincáo entre natureza e pessoa, de modo que o dilema proposto pelos iconoclastas pode ser superado. Com efeito, a imagem nao representa a natureza (divina ou humana), como afirmavam os iconoclastas, mas a pessoa de Jesús. A imagem é diferente do seu prototipo quanto á natureza (a imagem é madeira, pedra, gesso..., ao passo que o seu prototipo em Jesús Cristo é a Divindade ou é a humanidade), mas a imagem é semelhante ao seu prototipo quanto á Pessoa; a pessoa do Verbo Encarnado, e nao as suas naturezas (divina ou humana),
é que se acha representada ñas imagens de Cristo. A imagem nao é urna
representado da natureza divina, nem da natureza humana, mas repre senta a Pessoa Divina encarnada: exprime os traeos do Filho de Deus feito homem e tornado vislvel aos sentidos e, por conseguinte, representável pela arte. Os Icones sao imagens de pessoas; cada pessoa possui a sua natureza própria. Na SS. Trindade, entre o Pa¡, o Filho e o Espirito Santo existe distincáo de pessoas, mas identidade da natureza divina. Na SS. Trindade o Filho difere-do Pai pela sua pessoa; ñas imagens, Ele difere do ícone pela natureza, ao passo que há identidade de Pessoa. Don de se segué que negar a legitimidade das imagens de Cristo é negar o próprio misterio da Encarnadlo e afirmar a legitimidade das mesmas, é professar a fé no misterio de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro ho mem (urna só Pessoa em duas naturezas); é afirmar a fé na Encarnado do Filho de Deus.
Por isto a definicáo do Concilio de Nicéia II em favor das imagens é
compendio da verdade católica.1
'Era esta a argumentacSo do santo monge Teodoro de Studion {1826),
defensor das imagens e da liberdade da Igreja, que padeceu duras perseguígCes e cruéls fíagelacóes. Como se vé, o raciocinio é filosófico e preciso, assaz diferente dos arrazoados do pensamento ocidental, mas certamente váli do.
8
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO
é oportuno citar textos de S. Joáo Damasceno que explicitam o
pensamento dos doutores ortodoxos:
"Estaríamos realmente no erro se fízéssemos urna imagem do Deus invisfvel. Pois é impossfvel pintar o que é incorpóreo e invisfvel, o que nao tem
traeos nem linhas sensfveis... Mas, depois que Deus, em sua bondade inefável, se encarnou e fot visto em carne na térra,... depois que Ele viveu com os homens, tendo assumido a natureza, a densidade, a figura, a cor da carne, nos nao nos engañamos ao tazer a sua imagem" (II5,1288).
"Represento Deus, o Invisfvel, nao na medida em que é invisfvel, mas
na medida em que se tomou visfvel em nosso favor, participando da carne e do sangue" (16,1236).
"Como fazer a imagem do Invisfvel?... Enquanto Deus é invisfvel, nao fagas imagem déte. Mas, desde que vés o Incorpóreo feito homem, faze a imagem da forma humana; quando o Invisfvel se toma visfvel na carne, pinta a semelhanga do Invisfvel" (18, 1237-40).
"Quando se trata de imagens, é preciso considerar a intengSo daqueles
que as confeccionam. Se a intencSo é justa e reta e se as confeccionam para a gloria de Deus e de seus Santos, por desejo da virtude, de fuga dos vicios e para a salvagáo das almas, é preciso recebé-las como imagens... livros dos ignorantes: é preciso venerá-las, beijá-las, saudá-las com os olhos, os labios, o coráceo; trata-se da representagño de Deus encamado, ou de sua Máe ou de seus Santos, companheiros dos sofrímentos e da gloría do Cristo" (1110,1293).
páo.
Outro aspecto da declaracáo conciliar se impñe á nossa considera-
3.3. Valor sacramental das ¡magens
0 texto de Nicéia II afirma: "Quanto mais os fiéis contemplaren! essas representares, mais seráo levados a recordar-se dos modelos origi
náis e a se voltar para eles..." Acrescenta: "A honra prestada as imagens passa aos seus prototipos". Isto significa que a representado de Jesús Cristo ñas imagens é um instrumento de comunicacáo e de comunha'o entre o fiel que contempla devotamente, e Aquele que é contemplado. Os cristáos orientáis diriam que as imagens s§o o sinal de auténtica presenta ou que, mediante os feones, o Senhor atua sobre os fiéis infundindo nestes a sua graca. Com outras palavras: as imagens tém o valor de um
sacramental1. Tal concepto era especialmente cara aos cristáos do
1Sacramental, na Teología, é todo objeto ao qual a Igreja assocla a valor da
sua oragáo, pedindo que todos quantos o utilizarem sejam santificados na medida da fé e do amor com que o usarem. Assim os crucifíxos, as medalhas, os tergos...
10
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
308/1988
Oriente, sobre os quais a filosofía de Platáo exercia certa influencia: sim, Platáo afirma que em toda ¡mggem existe algo da realidade representada ou toda imagem participa do prototipo (como em todo objeto belo existe urna participacáo da Beleza, em toda agáo justa há urna participacao da Just¡9a, em toda afirmacSo verdadeira existe a presenta da Verdade...). Eis as observacóes de um bom conhecedor do assunto: "Ao passo que no Ocidente a imagem santa serve para provocar certo impulso religioso e um piedoso estado de alma, mediante a descrigáo pictóri ca, a interpretagáo e a evocacSo do personagem representado, o fcone orto doxo é um meio de comunhSo entre aquele que ora e Deus, a Virgem ou os Santos; é um meio de aproximagSo em demanda da Divindade transcendente" (B. Ostrogorskij, L'Art Byzantin che* les Slaves, f. /. París 1930, p. 399). Estas afirmacóes fazem eco a outra sentenca do Concilio de Nicéia II:
"A Igreja Católica, embora represente com a pintura o Cristo em forma humana, nao separa a sua carne da Divindade que se Ihe uniu... Fazendo a imagem do Senhor, professamos a sua carne deificada e no fcone reconhecemos urna imagem representativa do seu prototipo. Poristo a imagem recebe o nome do prototipo na medida em que está em comunhSo com ele; por feto também ela é venerável e santa". Estas concepcóes ainda sao corroboradas por outra observacáo do Concilio de Nicéia II: vimos atrás que este propóe a comparacáo entre o culto prestado ¿s imagens e aquele prestado ao Evangelho. Assim se ex planaría a mente do texto conciliar: a única revelacáo de Deus exprime-se por dois cañáis distintos - a Palavra no Evangelho e a imagem na pintu ra. Um é inseparável do outro: as imagens explicam os Evangelhos, e os Evangelhos explicam as imagens. Aquilo que a Palavra comunica me
diante o ouvido, a imagem o mostra silenciosamente através do olhar; ambos sao instrumentos da RevelacSo Divina, que nutrem a fé; por isto s§o dignos de veneracao e de culto,... culto que propicia a comunháo do homem com Deus. Pode-se mesmo dizer que, segundo os teólogos do Niceno II, a imagem nao deve ser considerada primeramente como um artefato que ilustra o Evangelho, mas sim como urna linguagem que
corresponde ao Evangelho e á pregacáo viva do mesmo; a imagem está no nivel do anuncio, tem significado litúrgico; é um sacramental; assim como os textos da Liturgia e a pregacáo nao sao mera repeticio da S. Es critura, mas fazem que esta se torne viva e atual, assim a imagem, repre sentando a historia sagrada, transmite vivamente a realidade que esta contém. Observa L. Ouspensky: "A unidade da imagem e da palavra li túrgica tem importancia capital, pois estes dois modos de expressáo exercem um controle reciproco; vivem a mesma vida e tém no culto urna eficacia construtiva comum. A renuncia a um destes dois modos de ex10
AS IMAGENS NO CULTO CRISTÁO
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pressSo leva á decadencia do outro" (La théologie de l'icone dans l'Eglise Orthodoxe. París 1982, p. 122). Vejamos agora
4. A modalidade do culto das imagens 0 culto é o reconhecimento e a proclamado da dignidade existente em alguém. Dirige-se primeiramente a Deus e, depois, a todas as pessoas e realidades ás quais Ele comunica algo dos seus valores. 0 documento conciliar distingue dois tipos de culto: "Aqueles que contemplam as ima
gens, s§o levados a... testemunhar-lhes urna veneracáo respeitosa (timetikén proskfnesin), sem que isto seja adora?áo (alethinén latrían), pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus". Donde se vé que o culto prestado ás imagens nao é de adoragáo, mas de respeito, veneragáo e obsequio. Mais ainda: a veneragáo prestada ás imagens é relativa, ou seja, referenciada ou dirigida a Cristo ou aos Santos. As imagens sao apenas vefculos que levam a mente adiante, ou sao suportes que fazem os fiéis passar do visfvel ao Invisfvel.
5. Conclusáo A sentenca do Concilio de Nicéia II, em 13/10/787, nao pos termo ás
disputas sobre o assunto. O Concilio foi contestado; os monges e fiéis ortodoxos ainda foram perseguidos. Somente aos 11/03/843, sob a re
gencia da Imperatriz Teodora, um Sínodo reunido em Constantinopla com a partidpagáo do Patriarca Metódio proclamou definitivamente o valor do culto das imagens, sem encontrar ulterior oposigáo por parte dos Imperadores. No ano seguinte, ao se comemorar o primeiro aniver sario desse feliz evento, os bizantinos instituiram a festa da Ortodoxia, a ser celebrada no primeiro domingo da Quaresma (como de fato é até hoje). Esta decisáo evidencia como os cristáos orientáis entenderam a importancia das imagens: o culto das mesmas seria urna afirmacáo das verdades centráis da fé, definidas petos Concilios anteriores, desde o de Nicéia I; os misterios da SS. Trindade e da Encarnacáo do Verbo estáo implícitamente contidos nessa prática de piedade. No Ocidente, os decretos do Concilio de Nicéia II suscitaran-) resis tencia devida a mal-entendidos e a imprecisa tradujo das Atas concilia res. Aos poucos, porém, se ¡mplantaram sem restricóes. No século XVI, os Reformadores protestantes levantaram mais urna vez a questáo do uso das imagens. Ao que o Concilio de Trento em 1563 11
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"PERPUNTE E RESPONDEREMOS"
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respondeu reafirmando a validade do mesmo tanto para fins catequéticos como para sustento da piedade.
Nos últimos decenios, ouseja, a pos o Concilio do Vaticano II (1962-
65), registrou-se certa aversáo ás imagens no próprio culto católico; algumas igrejas foram severamente despojadas das mesmas. Doutro lado, verifica-se que a religiosidade popular pede tal esteio, de tal modo que a
falta de imagens e outros sacramentáis em templos católicos faz que
mu itos váo procurar em outras correntes religiosas (especialmente ñas afro-brasileiras) o que Ihes é sonegado na Igreja Católica. Na verdade, as imagens corresponden^ á constituigáo psicossomática do ser humano, que foi feito para passar do visível ao Invisfvel: querer subtrair aos fiéis o recurso ás imagens é nao somente urna ofensa á Tradi^ao e á fé católicas, mas é também violentar a natureza humana, sempre propensa a utilizar fotografías e pinturas para desenvolver suas faculdades.
É, pois, para desejar que a celebracáo do 1.200? aniversario do
Conctlio de Nicéia II seja ocasiáo para que mais nítidamente na Igreja Católica se reconheQa o valor dos sacramentáis, o caráter litúrgico e catequético dos mesmos, mormente se levarmos em conta a índole audiovi sual da civilizacáo contemporánea. Muito sabiamente a Igreja canta des de remota antigüidade: "Quando o vosso Filhó se fez homem, nova luz da vossa gloria brilhou para nos, para que, vendo a Deus com nossos olhos, aprendéssemos a amar o que nao vemos" (Prefacio das Missas do Tempo de Natal).
Na confecgSo deste artigo, muito nos valemos do trabalho de Giuseppe Fenraro SJ.: II Concilio Niceno II nel suo XII centenario. Valore cristológico del culto delle immagini, em La Clviltá Cattolica 3294 (19/09/84), pp. 450-461.
Ver aínda: E. Bettencourt, Diálogo Ecuménico, Ed. Lumen Christi, Caixa Postal 2666,20001 - Rio (RJ), 1986 (2? ed.).
CURSOS POR CORRESPONDENCIA ALÉM DOS QUATRO CURSOS JÁ EXISTENTES (INICIACÁO BÍBLI CA, INICIACÁO TEOLÓGICA, TEOLOGÍA MORAL, HISTORIA DA IGRE JA), A ESCOLA 'MATER ECCLESIAE" ESTÁ OFERECENDO UM CURSO DE LITURGIA POR CORRESPONDENCIA: NAO TRATA APENAS DE HISTO RIA E RUBRICAS, MAS TENCIONA SER UM CURSO DE ESPIRITUALIDA-
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Fatos ¡mpressionantes:
Suicidio: Por qué? Em slntese: O suicidio é lato cuja freqüéncia se vai alastrando de maneira impressionante, a ponto de atingir jovens e adolescentes. As causas do suicidio sao varías e complexas: entrelacam-se fatores sociais e fatores psi cológicos, com preponderancia destes últimos, de modo que atualmente se pode dizer que o suicida é geralmente um individuo atetado por disturbio ner
voso ou estado psicopatológico. Muito contribuí para o desequilibrio da personalidade e a perturbacSo psicológica o dilaceramento da familia contemporá nea: o menino precisa de ver no pai o modelo do homem ideal, ao passo que a
menina quer legítimamente ver na máe a m'ulher ideal. Se, porém, pai e máe nao s5o fiéis aos seus deveres conjugáis ou ao servico educacional que devem prestar aos filhos, deixam nestes urna lacuna, que nao pode ser adequadamente preenchida. O suicidio é condenado pela Moral católica, embora autores antigos e contemporáneos o tenham procurado legitimar. A Igreja, porém, já nao recusa
o sepultamento eclesiástico e os funerais públicos aos suicidas. Se o suicidio decorre da falta de percepgáo de valores na vida, a res-
posta que os cristáos háo de dar á crescente onda de suicidios consistirá em apresentar mais vivamente os valores cristáos; estes incluem a própria Cruz e as lutas, pois Cristo transfígurou a dor humana; se Ele chama os homens a compartilhar sua Cruz salvifíca, nunca permite sejam tentados ácima das suas torgas (cf. 1Cor 10,13).
Todo suicidio é sempre um fato impressionante que suscita indaga res e reflexóes. Estas conseqüéncias sao especialmente fortes quando se trata de suicidas conhecidos por sua vida pública ou de jovens ou aín da quando se multiplican-!, como que em cadeia, os casos de suicidio.
Quem procura as causas (ao menos as alegadas causas) do suicidio de muitos jovens, fica intrigado com a aparente pouca monta de tais causas: desilusao amorosa, drama sentimental, mal-entendido com os pais, dificuldades nos estudos... Seriam tais causas as mais profundas e reais ou 13
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haveria por baixo das mesmas outras aínda mais íntimas e talvez incons cientes?
É para estas perguntas que o presente artigo procura respostas; ao
que acrescentará urna proposta de pistas que sirvam ao menos para mi norar o drama dos suicidios em nossa sociedade. - Antes do mais, porém, importa averiguar um pouco melhor o fenómeno e suas dimensóes.
1. O drama do suicidio hoje Por "suicidio" entendemos o ato (ou a omissáo) pelo(a) qual alguém intencionalmente póe termo a sua vida na térra. Pode ser o disparo mortal de urna arma, a ingestáo de veneno, a recusa de alimento... Há modalidades de suicidio que tém caráter heroico á primeira vista: o do ca-
pitáo que afunda dentro da própria nave, sem se querer salvar do nau fragio, o do militar que se mata por questóes de honra ou para nao reve lar aos inimigos segredos estratégicos. Do suicidio distinga-se a tentativa de suicidio. Observam os estu
diosos que esta nao é apenas um suicidio malogrado (ou por insuficiencia dos meios aplicados ou por intervencáo de pessoas amigas), mas, na
maioria dos casos, tem características diversas das do suicidio propriamente dito. Assim, por exemplo, os suicidios sao cometidos por homens mais do que por mulheres, ao passo que dois tergos das tentativas de
suicidio se devem a mulheres, e nSo a homens. As tentativas ocorrem geralmente na primeira metade da vida, enquanto os suicidios mais freqüentemente na segunda metade. As tentativas utilizam recursos fracos (barbitúricos, gas, drogas de farmacia...); sao motivadas por dramas sentimentais, conflitos familiares..., ao passo que os suicidios empregam meios mais eficazes e decorrem de baques económicos, graves reveses da vida, doencas perniciosas... As tentativas sao gestos pouco premedita dos e muito passionais, enquanto os suicidios vém a ser muitas vezes
o resultado de reflexáo e certa preparacáo. Isto leva a crer que no suicidio prevalece a tendencia á autodestruicáo e, por conseguinte, a vontade de morrer, ao passo que ñas tentativas de suicidio prepondera ainda o ins tinto de autoconservacáo; elas sao como que um apelo dirigido pela vi-
tima aos familiares, amigos e á sociedade; o paciente pede ajuda, pede atencáo afetiva e pode até estar recorrendo a urna chantagem. Quem queira aquilatar as dimensóes do fato "suicidio" em nossos días, encontra dificuldades, pois as estatisticas s3o fainas,... e falhas por dois motivos: 1} muitas vezes, nSo se pode definir se tal ou tal desastre foi suicidio ou foi infortunio involuntario, principalmente quando n§o há comunicacóes deixadas pelo defunto atestando seu desejo de por termo á vida; 2) nao raro os familiares ocultam a tragedia do suicida por razóes 14
SUtCfPIO:P0RQUÉ?
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de prestigio ou para evitar reacóes desagradáveis por parte da socíedade. Mais difícil ainda é contar as tentativas de suicidio, pois em torno destas é mais fácil fazer silencio. Por isto pode-se dizer que as estatfsticas relativas
ao suicidio apresentam números inferiores a realidade.
Todavia é certo que nos países desenvolvidos o suicidio se tornou urna das mais freqüentes causas de morte, especialmente na faixa etária dos 15 aos 44 anos. Em Berlim Ocidental, por exemplo, é a primeira cau sa de morte em tal segmento da vida; na Bélgica, na Dinamarca, na Sué-
cia, no JapSo, no Canadá, na Austria e na Sufca, é a segunda; na Austra lia, na franca, na Escocia, na Noruega e nos Estados Unidos, a terceira...
Na Italia, em 1985 suicidaram-se: até os 13 anos de idade, cinco meninos e duas meninas; entre os 14 e 17 anos, 18 rapazes e 13 mocas; dos 18 aos 24 anos, 161 rapazes e 33 mogas; entre os 25 e os 44 anos, 594 homens e 217 mulheres; entre os 45 e 64 anos, 838 homens e 387 muIheres; além dos 65 anos, 926 homens e 384 mulheres. Como se vé, sempre mais homens do que mulheres. Procuremos agora catalogar
2. As causas do suicidio Os estudiosos apontam dois tipos de causas de suicidio: as de ordem sociológica e as de ordem psicológica. Na verdade, urnas e outras se conjugam quase em cada caso, concorrendo finalmente para levar o indi viduo ao trágico desfecho. Passemo-las em revista. 2.1. Causas sociológicas
A solidáo ou o isolamento, a falta de ¡ntegracüo de alguém na fami lia, na profissáo ou no seu grupo social podem suscitar o perigo de suici dio ou mesmo provocar o desastre final. Mesmo dentro do seu grupo, pode ser induzida ao suicidio a pessoa que viva sem se identificar plena mente com os valores ou as normas vigentes ou o individuo que nao re
ceba da sociedade as respostas adequadas és suas necessidades, sofren do por isto frustracdes. Tais casos ocorrem especialmente nos periodos de transicáo social, política ou económica; o individuo pode entáo entrar em confuto com sitúa?oes novas, pode nao saber responder aos desafios propostos por estas ou nao encontrar a satisfacáo que espera legitimamente; em conseqüéncia, a vida talvez Ihe pareca destituida de sentido
e inútil. 15
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988
Os homens s3o mais vulneráveis pelos problemas profissionais e económicos, ao passo que. as mulheres s3o mais atingfveis pelos conflitos de casamento e de familia. De acordó com o passar do tempo, mudam também as situacóes perigosas: dos 20 aos 30 anos, prevalecem razdes afetivas e sentimentais (frustracáo no amor); dos 30 aos 50 anos, registram-se mais motivos profissionais e fracasso no casamento; na velhice, a solidSo e a doenca tornam-se ameacadoras. 2.2. Causas psicológicas
Estas tém mais influencia do que as anteriores: sao fatores internos, e nao externos. Diz-se mesmo que nenhum contexto momentáneo, por
mais insuportável que pareca, é suficiente para levar um homem plena mente sadio e equilibrado ao suicidio; a decisao sdbre ser ou nao ser de penderá, em última análise, do tipo de personalidade do sujeito ameacado. Isto quer dizer que, fora as exce?oes (que nunca faltam a cada princi pio geral), todo individuo que realiza o suicidio ou urna tentativa de suici dio sofre de perturbado de índole psíquica. Esses disturbios psíquicos podem estar ligados a determinada faixa etária (puberdade, juventude, menopausa, velhice...) ou a determinados quadros de vida (baque financetro, decepcáo profissional, infelicidade no casamento, internacSo em cárcere, em hospital, em asilo...); tais contextos podem provocar reacóes ou molestias psíquicas: neurose, psicose, depressáo nervosa, alcoolismo, uso de drogas..., que levam o paciente ao exterminio de sua vida terres tre. A observacáo médica e o controle psicológico permitem realmente concluir que a grande maioria dos que terminam no suicidio sofriam de estado psicopatológico,... estado que de certo modo os compeliu ao lance fatal. Algumas estatlsticas chegam a assinalar que um suicida sobre dois ou sobre tres sofre de depressáo nervosa.
2.3.0 desmantelamento da familia em particular Dentre todas as causas assinaladas, muitos estudiosos dáo especial
importancia aos problemas do lar, que marcam a infancia de grande nú mero de suicidas; tais problemas podem tornar-se decisivos para o fu turo das criancas ou dos adolescentes, pois influem no desenvolvimento da respectiva personalidade. Consistem precisamente no que se chama "o broken home (o lar quebrado)": falta de um dos genitores ou de am bos, divergencias entre estes, freqüente mudanca das pessoas com quem a crianca ou o adolescente tem relacionamento ¡mediato (ora está na casa dos país, ora na dos tios, ora na dos avós, ora com a m§e só, ora com o pai só...). Os traumas psicológicos que tais situacóes causam aos pequeninos, enfraquecem a estruturacáo da respectiva personalidade e dificul-
tam a resistencia a ocorréncias desfavoráveis ou rtostis na vida adulta dos mesmos.
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SUICÍDIO: POR QUÉ?
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Tem chamado a atencáo dos estudiosos a freqüéncia de suicidios de jovens, de adolescentes e até de enancas. Se é difícil explicar o suicidio de adultos, muito mais difícil é explicar o de jovens e pessoas de menor idade.
De ¡mediato, dir-se-á que os jovens e os adolescentes sao vftimas da fragilidade de sua faixa etária; sao menos preparados para resistir ao desánimo e á sensacáo de vazio que os reveses Ihes podem infligir; sao mais impressionáveis pelo medo de nao conseguir encontrar seu lugar na sociedade ou numa Escola ou numa profissáo; sao mais necessitados de apoio, de estimulo, de orientagáo, de modo que, quando isto Ihes falta, a vida Ihes parece fracassada ou desprovida de significado... Mas por baixo desses fatores ¡mediatos devem-se assinalar outros mais profundos, li gados com a crise e o desmantelamento da familia: as separagóes conju gáis e os divorcios, os litigios violentos entre os cónjuges, o desinteresse dos genitores pelos filhos abandonados a si próprios, enquanto pai e máe
levam "sua vida" juntos ou cada qual a seu modo, a falta de diálogo entre genitores e filhos... contribuem para suscitar na prole a sensacáo de inseguranca e solidio afetiva; a prole precisa de ver no pai o modelo do homem ideal e na máe o da mulher ideal; tal demanda é incoerclvel e legi tima. Nao encontrando resposta no lar, vSo procurá-la fora - na rúa, em casa de vizinhos, talvez mal estruturados ou em antros de perdicáo; os
adolescentes e os jovens formam entáo seus grupos, nao raro dados á droga, ao álcool e ao crime. Está comprovado que muitos suicidas da fai xa etária mais nova tinham abandonado a familia e a própria escola.
Mesmo nos lares de genitores unidos observa-se que, nao poucas
vezes, os pais estáo mais preocupados com os presentes e o bem-estar
que possam proporcionar aos filhos do que com a entrega do seu tempo e do seu afeto aos mesmos; nao se ¡nteressam pelos problemas pessoais destes. As criancas gozam entáo de fartura material, prazeres e comodi dades, mas nao se sentem profundamente amadas por seus genitores.
Para dar seguranca a urna crianca, nada de mais eficiente do que a ou-
torga de carinho, desvelo e Intima afeicáo. Observam mesmo os psicólo
gos o seguinte: os genitores dáo presentes numerosos aos seus filhos freqüentemente porque se querem ver livres deles; enquanto os filhos se distraem e brincam, os pais se divertem ou fazem sua vida pessoal; tém sua consciéncia assim falsamente anestesiada. Na verdade, mais im portante do que dar algo é dar-se,... dar o próprio tempo, a dedicacáo pessoal, a capacidade de renunciar e sacrificar-se.
Alias, o sistema educativo adotado por muitos casáis, mesmo harmoniosos e felizes, nao é recomendável: procuram evitar a seus filhos to do esforco e sacrificio, facilitando-lhes a realizacáo de todos os desejos, até mesmo de caprichos pouco razoáveis; nio Ihes cobram o cumpri17
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 mentó dos deveres nem Ihes exigem renuncias salutares... Isto nao pre para os jovens para enfrentar e vencer as dificuldades da vida; n§o favo
rece a formacSo de temperas fortes, como as requer a existencia atribu lada de nossos dias. Em conseqüéncia, diante do primeiro obstáculo gra ve - ou aparentemente grave - os jovens cedem á depressáo e ao desá
nimo, tentados a capitular e a ver no suicidio a saída para seus proble mas.
Além das responsabilidades da familia, sejam apontadas as da sociedade como tal: dada ao consumismo, oferece sedutoras propostas de hedonismo e de bens materiais, mas é vazia daqueles valores que dáo sentido á vida e que sao os únicos aptos a satisfazer aos anseios mais profundos do ser humano.
Em particular, os meios de comunicarlo social - televisSo, radio, revistas, jomáis, cinema - sao poderosos velculos dessa inconsistente fi losofía de vida; ninguém ignora a enorme influencia que exercem sobre o público, mormente sobre os seus clientes menos críticos. Sao também esses meios que difundem as noticias de casos de suicidio, visando ao sensacionalismo através de informales minuciosas sobre os motivos de cada suicidio, arma ou técnica utilizada e outros trapos impressionantes... 3. Suicidio: avaliacáo ética 3.1. Positivamente...
Nao faltou, nem falta, quem queira julgar positivamente o suicidio.
Na antigüidade, por exemplo. Séneca (t 65 d.C), filósofo estoico, aprovava o suicidio como ato de coragem e dignidade, próprio do sabio, quando a morte Ihe parecesse ser o único remedio contra o sofrimento;
Séneca só condenava o suicidio realizado por paixáo (o sabio deveria ser
a-pático). Por conseguite, Cipiáo o Africano, que se suicidou, era por Séneca louvado mais por ter vencido a morte do que por ter vencido Cartago.
No século XVIII David Hume, Montesquieu, D'Holbach também aprovaram o suicidio. No século passado, Fr. Nietzsche apresentou 2aratustra apregoando a "morte livre" (freier Tod) como prova de liberda-
de.
Em nossos tempos, Jean-Paul Sartre julgava que o suicidio é o "caminho da liberdade", é a demonstrado do dominio que a pessoa tem sobre as circunstancias da sua existencia. Para H. de Montherlant, o homem que se suicida, "dá testemunho de duas coisas: coragem e dominio. O suicidio é a plena expansáo da vida" (B. S.-G., Encyclopaedia Universalls, verbete Suicide. Paris 1980, vol. 15, p. 508). 18
SUICÍDIO: POR QUÉ?
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Ainda recentemente foi publicado em francés, e traduzido para o portugués, o livro de Claude Guillon e Yves Le Bonniec: "Suicidio; modo de usar" (ver PR 281/1985, pp. 341-346). Os autores, dizendo-se anar quistas, reivindicam o direito de suicidio para o homem, a quem nao é dado escolher as circunstancias do seu nascimento e as do seu curso de vida; oprimido pela sociedade, o cidadáo deve ría ao menos poder autoa-
firmar-se escolhendo as circunstancias da sua morte, sem que os seus semelhantes tentassem indiscreta e tiránicamente recuperar os que querem suicidar-se. 3.2. Negativamente
Já PlatSo (t 427 a.C.) via no suicidio um ato de insubordinado contra a Divindade (Fedon 6). Aristóteles (t 322 a.C.) o tinha como ex-
pressáo de vileza, contraria ao bem social (Ética a Nicómaco III, 11; V, 15). Os neoplatónicos Plotino (t 270 d.C.) e Porfirio (f 305 d.C.) consi-
deravam o suicidio como um empecilho á realizacáo, nesta vida terrestre, de todo o progresso espiritual possivel ao individuo.
Os filósofos modernos, desde Descartes (11650) até Kant (11804) condenaram o suicidio. Kant, rígido como era, julgava que "dispor de si para o suicidio é aviltar a pessoa humana" (Die Grundlagen der Meta-
physik der Sitten Vil, 229). Albert Camus (t 1960), pensador ateu, formulou dramáticamente o problema do suicidio: "Há apenas um proble ma filosófico realmente serio: o do suicidio. Julgar se a vida vale ou nao vale a pena de ser vivida é responder á pergunta fundamental da filoso
fía. O resto das questóes - se o mundo tem tres dimensóes ou se o espi rito tem nove ou dez categorías - vem depois. S3o brincadeiras, antes
das quais preciso de responder ao que é serio" (Le Mythe de Sisyphe. Paris1943). Na verdade, o jufzo moral que se há de proferir sobre o suicidio, dependerá da maneira de encarar o sofrimento e a morte. Se alguém julga que a vida só tem sentido se isenta de graves lutas e obstáculos, po-
derá encarar o suicidio como algo de razoável ou como termo voluntario de urna existencia que já nao vale a pena de ser levada adiante, porque acabrunhada pela dor. Se, porém, a pessoa consegue entrever no sofri mento e na luta ardua algo de condizente com valores transcendentais ou com um designio de Deus, há de considerar o suicidio nao só como um ato de covardia (fuga da luta), mas também como a suma frustracáo que o sujeito possa infligir a si mesmo; é um subtrair-se ao plano de Deus, que chama o homem para a plena realizacSo através da renuncia, a qualá escola e fator de engrandecimento (pathos mathos, já diziam os antigos gregos, afirmando que sofrimento é escola). Na verdade, só Deus sabe quando a tarefa de um homem está concluida e quando a sua existencia terrestre está consumada. 19
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 3.3.0 ponto de vista cristáo
A Moral crista, baseando-se nos dados da fé que acabamos de enunciar, rejeita o suicidio. Ensina que a vida humana pertence a Oeus só, de modo que só Este Ifie pode dar um fim na térra. As provacóes por que passa a criatura, sao acompanhadas pela Providencia Divina, que "nunca permite seja o homem tentado ácima de suas forcas, mas é um Deus fiel, que dá os meios de sair da tentagáo e a forca para a suportar" (1Cor 10,13). Alias, o preceito do Decálogo "Nao matarás" exclui também o suicidio, segundo os doutores da Igreja. - Ademáis também a filosofía leva a esta conclusSo: desde que se considere o instinto de conservado,
¡nato em todo homem, verifica-se que o suicidio é urna violencia infligida a natureza, violencia só explicável se o individuo entra em desatino psi cológico. Ainda há poucos anos, a Santa Sé, ao abordar o tema "eutanasia", em 5/5/1980, referia-se ao suicidio ou "á morte voluntaria como algo de inaceitável" (Instrucáo sobre a Eutanasia, da Congregado para a Doutrina da Fé n? 1,3). Esta conceituacáo do suicidio explica que durante séculos os suici das tenham sido privados da sepultura eclesiástica e de públicos sufra gios; a primeira norma de sancáo ao suicidio deve-se ao Concilio II de
Braga (563).'' - Todavia o novo Código de Direito Canónico, promulgado em 1983, nao re nova as proibicóes antigás, pois já se tem consciéncia de que, na mor parte dos casos, o suicida nao é plenamente responsável pelo seu gesto; pode-se presumir essa insuficiente responsabilidade, e o contrario (a plena responsabilidade de um suicida) é que deve ser de monstrado mediante indicios, testemunhos e documentos. Póe-se agora a pergunta final:
4. Que fazer? Com razáo indaga-se: que se poderia fazer para diminuir a onda de
suicidios ou remediar ás causas que os costumam provocar? A resposta nao é fácil, pois, como vimos, muitos sao os fatores e as situacóes que contribuem para levar ao suicidio. Como quer que seja, procuremos registrar algumas atitudes que parecem aptas a atender á problemática:
1Com feto a Igreja nSo jutgava que todo suicida está para sempre
condenado. Apenas quería marcar a distincáo entre morte natural e morte violenta, fruto de revolta contra Deus. - Sempre foi permitido rezar pelos sui cidas na igreja, evitando-se o caráter de solenidade e publicidade. 20
SUICÍDI0:PORQUÉ?
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1) a reestruturacáo e o fortalecimento da familia: seja, para os fiéis católicos, o que se chama "Igreja doméstica" e, para todos os cónjuges, um foco de concordia e um verdadeiro fator educativo; a formacáo ou deformacao que as enancas e os adolescentes recebem de seus genitores é, nao raro, decisiva para o resto de sua vida. Consciente disto, a Igreja tem-se empenhado pela preservado da familia diante dos muitos ele mentos da sociedade moderna que tendem a dilacerá-la. As autoridades
públicas sao especialmente convidadas a colaborar nessa tarefa preventi va. O mesmo se diga dos meios de comunicacáo social: a experiencia mostra que, sempre que um suicidio ou um drama é minuciosamente
exposto ao público mediante imagens e comentarios sensacionalistas, ocorrem outros suicidios em cadeia; dal recomendar-se sobriedade ao noticiar os gestos desafortunados de certos cidadáos, pois podem suges tionar os mais frágeis ou os mais jovens. 2) Faz-se mister minorar a solidáo tanto dos andaos como de cer tas pessoas de idade madura ou mesmo da faixa juvenil; os clubes "da
terceira idade" e os grupos jovens de orientacio sadia sao um válido contrapeso frente ao desespero do ¡solamente Sao de notar também os grandes beneficios causados por pessoas que se dedicam a ouvir seus ¡rmáos desanimados, seja pelo telefone, seja em escritorios adequados;
só o fato de deixar que o irmáo deprimido fale, sabendo que alguém o ouve com carinho, é suficiente para dissipar a prostracáo de espirito de quem se aproxima do suicidio.
3) Em símese, se o suicidio decorre do tedio inspirado pela falta de valores (ao menos aparente), é necessário que os cristSos procurem pro clamar os valores que a vida unida a Deus sempre tem. Muitos cidadáos desesperados anseiam por ver concretizada, nos cristáos, a alegría de viver, mesmo que a vida signifique partilha da Cruz e luta. Aos cristáos to ca, pois, especial responsabilidade no testemunho a ser dado aos seus ¡rmáos, a fim de que estes percebam (ou quase apalpem) a acáo do Ressuscitado na vida dos seus discípulos. Nao basta proferir palavras de con
solo, mas é preciso encarnar esta linguagem numa conduta prática cor respondente e transparente. Afinal pode-se crer que todo esforco para dar testemunho de Páscoa ou da vitória da vida sobre a morte suscita curiosidade e interesse da parte dos homens e merece a béngáo da parte de Deus.
A propósito vero editorial "Una drammatlca realtá del nostro tempo: ¡I suicidio", em La Civiltá Cattolica 18/04/1987, pp. 105-117.
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R. G. S.
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No Monte Hie¡:
Jornada de Ora^óes no Japáo Em síntese: Realizou-se no Monte Hiei (Japáo) aos 04/08/87 mais um Encontró de OragSo, do qual participou também urna delegag&o católica. Sem procurar fundir as crencas religiosas, seiscentas pessoas se reuniram para rezar, no mesmo lugar, cada grupo segundo a sua tradigSo. Nos días 6 e 8/08/87 os representantes religiosos estiveram respectivamente em Hiroxima
e Nagasaki, onde comemoraram as vltimas da bomba atómica, participando de celebragdes cívicas e religiosas. Importa notar que os dirigentes desses Encontros procuraram evitar o relativismo religioso; uniram-se entre si na ba se da religiosidade congénita em todo homem, religiosidade que é dom do úni co Deus; o exercfcio dessa religiosidade comum nao pode deixar de aproxi mar os homens do único Deus e estrenaros vínculos de fratemidade do géne ro humano.
Ao encerrar o Encontró de Oracoes em Assis, aos 27/10/1986, o Pa pa Joáo Paulo II dirigiu a todos os participantes reunidos as seguintes palavras: "O (ato de que viemos a Assis de varias partes do mundo, é, como tal, um sinal daquela estrada comum que a humanidade é chamada a percorrer...
Esperamos que esta peregrinagáo a Assis nos tenha ensinado novamente a ser conscientes da origem e do destino comuns do género humano. Procura mos ver neste céname urna antecipagáo daquito que Deus quer que seja o
desenvolvimento histórico da humanidade: urna viagem fraterna, na qual uns acompanham os outros em demanda da meta transcendente que Ele estabelece para nos".
Com estas palavras, o S. Padre quería dizer que considerava o En contró de Assis n3o como um fato ¡solado, mas como o inicio de um rela-
cionamento muito fraterno entre todos aqueles que cultivam o seu senso religioso e, por isto, se devem julgar companheiros de urna viagem á procura do Fim transcendental assinalado por Deus para a vida humana. 22
JORNADA DE ORACÓES NO JAPÁO
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Consciente do valor do Encontró de Assis, o chefe da delegacáo budista japonesa presente a tal Jornada, o Sr. Etai Yamada, houve por bem convidar, aos 28/10/86, os representantes de outras crencas para
semelhante reuniáo a realizar-se no Japáo em 1987. Ver PR 306/1987, pp. 434-443.
1. Antecedentes e desenrolar do Encontró Existe famoso santuario no Monte Hiei (Japáo) pertencente á cor-
rente budista dita Tendai. Fundado pelo monge Saicho, completou 1.200 anos de existencia em 1987, tendo sido durante todos esses séculos um centro de reflexSo e formacáo para numerosas geracSes. Ora a Conferen
cia Japonesa dos Representantes das Religioes houve por bem progra mar as comemoragóes do aniversario de tal centro religioso promovendo urna Jornada de OracSes "no espirito de Assis"; o Sr. Etai Yamada, com seus 92 anos de idade, ao retornar de Assis, tornou-se o presidente do Comité encarregado de organizar a Reuniáo.
Foi escolhtdo para esta o dia 4 de agosto de 1987, pois precisa mente no comeco de agosto, todos os anos, sao realizadas diversas cerimónias que comemoram os bombardeios atómicos de Hiroxima e Nagasaki.
Participaram da Jornada de 04/08/87 cerca de 600 pessoas, repre sentando as correntes religiosas existentes no Japáo: 24 desses partici
pantes foram do estrangeiro, representando 16 países. Contavam-se bu
distas, chintoístas, hindufstas, sikhs, confucionistas, judeus, muculmanos, outros grupos religiosos e cristáos. Dentre estes, enumeravam-se: Mar Gregorios, cristio ortodoxo, presidente do Conselho Mundial das Igrejas; o arcebispo russo ortodoxo de Ivano- frankovsk e Kolomysk; um enviado especial do arcebispo anglicano de Cantuária (Inglaterra); o Vice-presi dente da Alianca Mundial das Igrejas Reformadas da Coréia. Por parte da Santa Sé, estavam presentes: o Cardeal Francis Arinze, presidente do Se cretariado para os Náo-Cristáos, que levou urna mensagem pessoal de
Joáo Paulo II assim concebida:
"Hoje sobre o Monte Hiei, por ocasiáo do 1.2009 aniversario da fundacSo do santuario por obra do Gráo-Mestre Saicho, celebrase a Jornada Mun
dial de Oragáo pela Paz. É motivo de grande satisfagáo que esta tenha sido
organizada pela Conferencia Japonesa dos Representantes Religiosos do mundo ihteiro, entre os quais está o Cardeal Francis Arinze, presidente do Secretariado para os Náo-Cristáos.
No ano passado, no decurso da Jomada Mundial de Oragáo em Assis, Insistí sobre o papel da Oragáo na construcáo da Paz. A paz nao pode ser realizada sem oragáo,... sem a oragáo de cada um em conformidade com a 23
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
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sua identidade e com a sua procura da verdade. Atualmente os discfpubs de todas as religiOes se tomam sempre mais conscientes de que a paz é um dom
de Deus, que devemos procurar em Deus mediante a oragño de todos. A
guerra pode ser o feito de um pequeño número, mas a paz exige o esforgo concorde de todos no mundo. Se, todos juntos, comegarmos a elevar as nossas vozes e os nossos coragóes a Deus para implorar a paz e a fraternidade universal, Deus, por ceño, nao deixará de nos ouvir. Nesta ocasiáo recorda mos que a paz exige os esforcos de todos para construirás condigóes de vi da humana que possibilitam urna auténtica harmonía. Dirijo-vos os melhores votos em favor das vossas iniciativas emprolda paz mundial. As minhas oragóes vos acompanham hoje, neste momento em
que no Monte Hiei ofereceis diante de Deus a expressSo da nossa comum humanidade". A continuidade da Jornada do Japáo com a de Assis foi assinalada pela presenca de dois frades franciscanos conventuais de Assis. Entre os católicos, destacava-se ainda a delegacáo dos Focolarinos, cujos jovens haviam colhido 140.000 assinaturas de solidariedade em quarenta países, a fim de apresentá-las ao Venerável Yamada.
2. O roteiro do dia 4/08/87 O Monte Hiei é ocupado por um conjunto de edificios religiosos mosteiros, salas de oracáo, casas de retiro, escolas - esparsos em meio aos bosques.
O programa do dia se abriu de manhá ao pé do Monte Hiei, estan do presentes todos os participantes do Encontró. Cada grupo religioso ex pos entáo a sua maneira de entender a paz e de tender a ela, seguindo
a respectiva tradicáo religiosa. Depois, em jejum subiram ao topo da
montanha, concentrando-se no templo Daiko-do. O sino tocou por tres minutos para indicar o inicio desta segunda parte do programa; este sinal
foi acompanhado pelo toque simultáneo dos sinos de todas as igrejas,
cápelas e templos do Japáo e de alguns santuarios do estrangeiro (Cantuária, na Inglaterra; Assis, na Italia...). Após o toque, cada grupo détevese em oracáo silenciosa de acordó com a respectiva tradicáo. Em seguida, houve a oracao pública de cada delegacáo religiosa. A cerimdnia se encerrou com a expressio de anseios de paz e do senso de fraternidade que
animava os participantes. Tais anseios foram formulados numa "Mensagem a partir do Monte Hiei", aceita e sancionada unánimemente por to dos os presentes. Eis um trecho deste documento, que de certo modo lembra palavras de Joáo Paulo II proferidas em Assis:
"A paz nao signiñca ausencia de guerra, mas é um estado de fraterna concordia e o exercfcb da unidade de toda a familia humana. A paz neo pode 24
JORNADA DE ORACÓES NO JAPÁO
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existir sem a justíga e sem o amor. Quando rezamos, reconhecemos a nossa
indignidade diante da tarefa da paz. Por isto oramos pedindo a nossá rertovagao interior, para sermos dignos do nosso trabalho em favor da paz.
Rezar pela paz significa também trabaihar pela paz e também sofrer pela paz. O servigo e o sacrificio em prol desta causa processan>se de di versas maneiras e segundo variados métodos, como sSo o esforgo para re solver conflitos, a recusa das armas nucleares e até dos armamentos convencionais, a tutela do ambiente, a defesa dos direitos humanos, o socorro aos refugiados e a transformagSo dos sistemas sociais injustos. Todos aque les que professam urna religiáo, devem realizar 'urna opgáo preferencia! pelos
pobres'. A nossa tarefa é ingente e as nossas torgas insuficientes. Por isto olhamos para a frente apoiados no poder da oragáo".
Procuremos agora comparar entre si Assis e Hiei.
3. As duas Jornadas: confronto A Jornada do Monte Hiei estava programada antes da de Assis, pois tinha em mira a celebracáo do 1.2009 aniversario do respectivo Templo. Acontece, porém, que o seu programa foi modificado em fungáo do de Assis, visto que teve como nota principal a impetracSo da paz. To davía o Encontró de Hiei nao foi simplesmente urna repeticáo do de As sis; teve suas características próprias, que o diferenciam do de Assis em tres pontos:
1) A Comissáo Organizadora nao foi a da Santa Sé, mas foi um Comité inter-religioso, constituido de budistas, chintofstas, outros crentes e órgáos cristáos existentes no Japio (entre os quais, a Conferencia Epis copal Japonesa). Tal Comité correspondía, de certo modo, ao convite di rigido pelo Santo Padre aos diversos chefes religiosos para que trabaIhassem juntos pela causa da paz. 2) Cada grupo religioso apresentou, na parte da manhá, os seus pontos de vista e as suas diretrizes derivadas das respectivas crencas no tocante ao conceito de paz e ás maneiras de a realizar. Tais pronuncia-
mentos - em número superior a vinte - deveráo ser publicados pela Conferencia Japonesa dos Representantes das Religióes, de modo que possam ser estudados pelo grande público. 3) A sessáo matinal do Encontró teve grande repercussáo na opiniáo pública japonesa; os jomáis e a televisáo deram-lhe ampia cobertu ra. Para muitos cidadáos japoneses, essa assembléia foi a ocasiao de tomarem contato com a religiáo como tal ou com expressoes religiosas que
desconheciam. Assim foram enriquecidos os horizontes religiosos do pú blico na sexta nacáo mais povoada do mundo. 25
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4) A Mensagem enviada de Hiei para os chefes religiosos do mun do inteiro é algo muito significativo. Mostra convergencia de aspiracóes e
métodos em demanda do bem comum da humanidade, reconhecido co
mo do Alto. É um testemuhho que pode despertar iniciativas congéneres ou novas em prol da mesma causa. Com efeito, assim reza esta Mensa gem:
"Possa o fato de estarmos aqui juntos a orar pela paz servir de exemplo que seja seguido e multiplicado em toda parte no mundo! Assim o dom da paz,
é qual toda a humanidade aspira, seja concedido aos nossos tempos!" Comentando este documento e o Encontró de Hiei, o Cardeal Francis Arinze observava que, entre outras coisas, ele punha em relevo tam-
bém a importancia da religiáo para a humanidade: "É prova palpável de
que a religiáo é urna dimensáo indelével da vida humana". Acrescentava:
quem procura suprimir da vida humana o fato religioso, acabará por aceitar outra coisa, que fará as vezes de religiáo. Referindo-se aínda a Hiei, dizia o Cardeal:
"Foi algo de beta, principalmente porque no documento final está dito que os representantes das religióes do mundo inteiro tém um dever: o de pro
clamar que a religiáo nao é urna fuga, mas impete á acéo, e a acáo em prol da paz" (Entrevistas na Radio Vaticana, 16/07, 04/08, 13 e 14/08/87). Aínda convém dizer urna palavra sobre
4. A recordacáo de Hiroxima e Nagasaki Hiroxima é cidade fundada em 1594. Importante centro industrial e comercial, foi destruida, em 90%, pela primeira bomba atómica lancada pelos norte-americanos. Em 1949 o povo japonés em plebiscito aprovou a transformado de Hiroxima em reduto internacional de paz. Come?ou a
ser reconstruida em 1950.
Nagasaki é o primeiro porto japonés aberto ao comercio exterior desde 1571, quando recebeu navegantes portugueses, que ali introduziram o Cristianismo. Foi arrasado no fim da segunda guerra mundial, quando os norte-americanos ali lanparam a segunda bomba atómica aos 09/08/1945, provocando a morte de 45.000 pessoas. Ora no dia 5 de agosto de 1987, os participantes do Encontró foram a Hiroxima para comemorar as vltimas da primeira bomba atómica. Visto que a data anualmente consagrada a tal evento é o dia 06/08, os delega dos católicos se uniram a representantes de todas as dioceses do Japáo 26
JORNADA DE ORACÓES NO JAPÁO
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em oracáo comum pela paz junto ao túmulo de dez mil vltimas nao iden tificadas da bomba atómica no Hiroshima Peace Park. Os delegados das dioceses desfilaram processionalmente do Parque á Catedral da Paz Uni versal, onde o Cardeal Arinze concelebrou a S. Missa com oko Bispos ja poneses em sufragio das 200.000 vftimas do holocausto nuclear.
O dia 06/08 é sempre marcado por cerimónias religiosas e civis em
Hiroxima. Houve, pois, na manhá de 06/08/87 uma celebracáo religiosa no Parque da Paz com a presenca de quase todos os delegados ao En contró do Monte Hiei. - Seguiu-se uma celebragáo cívica com a presenca do Primeiro-Ministro Yashuiro Nakasone, que dirigiu um apelo aos fiéis das diversas religióes para colaborarem na instauracáo de um clima de respeito e fraternidade que torne ¡mposslvel qualquer tipo de guerra. Precisamente as 8h 06min da manhá, hora em que a bomba explodiu, to da a cidade de Hiroxima observou, como todos os anos, dois minutos de silencio e reflexáo sobre o trágico acontecimento.
Finalmente-os delegados religiosos foram a Nagasaki, onde a noite de 08/08 houve uma vigilia sacra: foram executadas músicas e dancas re
ligiosas da tradicáo japonesa; depois o coro da Catedral católica de Naga saki executou o Réquiem em canto gregoriano, enquanto cada qual dos presentes depositava uma flor sobre o túmulo que recolhe as cinzas das vftimas daquela cidade. A tónica dos discursos e das oracóes proferidas em Nagnsaki foi o Nunca mais!, que brotava espontáneamente dos coracoes de todos.
Nesta cidade os delegados católicos puderam entrar em contato com uma comunidade católica que já tem quatrocentos anos, vividos sob
freqüentes perseguicóes e martirios até 1871, ano da "emancipacáo dos cristáos". Contam-se entre 10.000 e 40.000 mártires em Nagasaki, cuja recordacáo está sempre muito viva: apontam-se ali o lugar onde foram crucificados 26 mártires em 1597 assim como o vulcáo Unzen, cujas lar vas e fumacas serviram para torturar outros cristáos. Ainda hoje a comu
nidade católica de Nagasaki é fervorosa, dando testemunho do heroísmo da fé dos seus antepassados assim como do clima de tolerancia e res peito que existe no Japáo de nossos dias.
Eis os principáis traeos do Encontró de Oracáo do Monte Hiei (Japio). Sem confundir os Credos, pos em exercício a religiosidade presente em todo homem,_. religiosidade que é dom do único Deus, "Pai de Nosso Senhor Jesús Cristo" (cf. 2Cor 11,30); a vivencia comunitaria desse senso religioso congénito nao pode deixar de aproximar sempre mais os
homens do único Deus e estreitar os vínculos de fraternidade do género humano.
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Caso milito comentado:
"Maria, Rosa Mística" Em slntese: As aparicóes de Nossa Senhora 'Rosa Mística" a Pierina
Gilll proclamaram a necessidade de oracáo e penitencia. Esta mensagem é plenamente conforme com o Evangelho. A Igreja, porém, nao se manifestou
sobre a autentiddade de tais fenómenos. É norma dos mestres de espirituali-
dade evitar pronunciamentos precipitados a respeito de dons e acontecimentos extraordinarios. - No Brasil, os "miiagres" atribuidos a Nossa Senhora "Rosa Mística" precisam de ser atentamente estudados para que sepossa ti rar alguma conclusSo sobre a sua orígem.
No Brasil tem-se propagado últimamente a devocáo a Nossa Se nhora "Rosa Mfstica". O tttulo é familiar á piedade católica, pois se acha na Ladainha Lauretana (de Nossa Senhora); acontece, porém, que vem acompanhada de fenómenos extraordinarios, que chamam a atengáo dos fiéis e suscitam interrogares. Assim, por exemplo, o jornal "A Tribuna de Minas" de 12/06/87 em Juiz de Fora noticiou que "tres mil pessoas foram testemunhas, ontem á noite, de um estranho fenómeno que fez jorrar agua pelas paredes e pinturas do templo, durante a celebrado da Missa para os enfermos, celebrada pelo Pe. José Sazami Kumagawa. Segundo relato do Pároco da Catedral, Mons. Miguel Falabella, os fiéis se ajoelhavam e gritavam 'MHagre, milagre!', enquanto usavam lencos e papel para sugar um pouco da agua que se represava junto á parede". Eis outros fenómenos que tém impresslonado, segundo o relato do Pe.
Luís Duque Lima, Vigário da Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora, de Juiz de Fora:
"O fenómeno do Sol - Ó Padre Alvlm Valerio, ordenado há dois anos,
recebeu pela segunda vez na cidadezinha de Tabuleiro, (próxima de Juiz de Fora), onde é vigário, a Imagem de Nossa Senhora Rosa Mística. Ao tomá-la
ñas máos, sentiu que estava intensamente molhada, com gotas d'água escorrendo do manto e das máos. Emocionado, chorou.
Fui ató lá. A igreja paroquial estava sempre repleta á hora das Missas. O povo passara duas noites inteiras em vigilia, rezando e cantando. Na segunda-feira, día 22, com o solquente, filetes d'água escorriam das palmeiras e de urna amendoeira em frente á Matriz. Foi nesse mesmo día que aconteceu
"MARÍA, ROSA MÍSTICA"
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um fenómeno estranho, mas belfssimo, com o sol entre nuvens claras, sem o menor sinal de chuva. Eram aproximadamente 16h. O Pároco, Pe. AMm, conduzia, em procissáo, a imagem da Rosa Mística. A igreja eslava repleta. Um lindo arco-Iris surge, nSo do lado oposto, mas ao redor do sol, apenas em tres cores: branca, amarela e vermelha, as tres cores das rosas que a Vtrgem ostenta. Aos poucos, este arco-fris foi-se desvanecendo. Entño, o sol como que pulsava lentamente, dando a todos a nítida impressSo de que se movía, ora se afastava, ora voltava, aumentando de volunte ou diminuindo. Comegou a emitir reflexos de cores diferentes, sobretudo dourado, que cotoriam a paisagem.
Do sol, surgiam clarees maravilhosos, amaretes e vermelhos, lampejos
azuis, que incidiram nos vidros da igreja. Visivelmente, apareceu desenhadi no sol urna Cruz simétrica, una. Minante, alongada, cuja haste inferior como que se apoiava na montanha. Entre os ángulos dessa Cruz, surgiram ratos
luminosos, estando o sol no centro. Esta figuracSo deu a impressSo perfeita de um 'menso ostensorio. As pessoas emocionavam-se intensamente e as enancas gritavam: 'O sol está se mexendo! Olhem, é vermelhot Azul! Amarelo!' É difícil descrever o espetáculo jamáis visto em qualquer regiáo por aqui. Estávamos todos emocionados. Depois, por varios minutos, durante a celebragáo da Santa Missa, os reflexos do sol penetraram na própria igreja e por coincidencia (se assim podemos dizer), cortamente providencial, iluminou o Crucifíxo e a imagem da Rosa Mística sobre o altar." ("Estado de Minas", de 09/07/87).
NSo se pode dizer coisa alguma sobre o significado de tais fenóme nos sem que haja previo e meticuloso exame das ocorréncias, tarefa esta que as autoridades eclesiásticas realizaráo com a colaborado de dentis tas, se a julgarem oportuna.
Importa-nos aqui oferecer algumas considerares sobre as origens da moderna devocSo á "Rosa Mística" tais como se acham documenta
das no livro do Pe. Alfons María Weigl intitulado em portugués "María
Rosa Mística". Fbi publicado em tradugáo lusa pelas Edicdes Boa-Nova
(Braga, Portugal) em 1979. é distribuido gratuitamente. 0 original alemio tem a aprovacio eclesiástica do Sr. Bispo de Ratisbona, com as da
tas de 12/02/1974 e 09/09/1975.
1. Os fenómenos
e sua mensagem
O livro transmite o conteúdo de revelacóes atribuidas a Nossa Seríhora, que terá aparecido a Pierina Gilli na Italia.
A primeira serie de aparicSes terá ocorrido desde a primavera (nór dica) até 8 de dezembro de 1947 em Montechiari (diocese de Brescia, Itá29
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
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lia). Regina nasceu nesta cidade aos 03/08/1911 e trabalhava como enfermeira no Hospital local; num quarto desta instituicáo terá visto Nossa Senhora de vestido roxo, trazendo tres enormes espadas cravadas no peito; a Virgem chorava com grande tristeza e terá dito: "OracSo, sacrifi
cio, penitencia!". Houve sete aparases em 1947, por ocasiSo das quais María disse que desejava ser invocada como "Rosa Mística". Na última aparicáo a Virgem confiou a Pierina um segredo com a promessa de que
voltaria para Ihe permitir revela-1 o ás autoridades eclesiásticas. Contamse curas milagrosas ocorridas em torno deste sétimo encontró. Diante dos fatos, o Bispo diocesano de Brescia, D. Jacinto Tredici, ordenou a Pierina que se retirasse num convento de Religiosas. Ficou, pois, como empregada durante alguns anos numa casa religiosa, tendo como diretor espiritual o Pe. Justino Carpin, franciscano conventual. Em conseqüéncia, as aparicóes foram interrompidas. Somente em
fevereiro de 1966 recomecaram. Entáo, como se le no referido livro, a Virgem se fez visfvel de novo; consolou Pierina pela dor que sofrera du rante os anos anteriores e prometeu-lhe reaparecer no domingo 17 de abril de 1966 em Fontanelle, suburbio de Brescia, O Bispo da cidade, in
formado da promessa, recomendou a Pierina o mais rigoroso silencio a tal respeito, de modo que Pierina foi a Fontanelle naquele domingo em companhia de urna única amiga. Aos 17/04/1966, Maria SS. terá tornado milagrosa a agua de urna nascente em fontanelle. Na seguinte aparicio (aos 13/05/1966) Maria terá solicitado a construfáo de urna piscina em Fontanelle para a ¡mersSo e cura dos doentes (a semelhanca do que ocorre em Lourdes). Na terceira aparigáo, em 09/06/1966, pediu urna es tatua a ser colocada em Fontanelle voltada para a fonte milagrosa.- Esta segunda serie compreendeu quatro aparicóes, sendo a última datada de 06/08/1966.
A Curia Episcopal de Brescia proibiu entáo a Pierina que voltasse a fbntanelle. Assim se encerrou a segunda serie. Todavía Pierina relatou varias outras visfies e mensagens recebidas de Nossa Senhora, nos anos de 1969,1970,1971,1972, 1973,1974, 1975,1976. Em todos estes encontros, a Virgem terá lamentado a ¡ndiferenca e os pecados dos homens; haverá previsto punicfies e prometido conversóos numerosas. Terá pedi do oracóes e penitencia, tendo em vista especialmente a renovagSo dos sacerdotes, das comunidades religiosas e das almas consagradas. Conta-se que Pierina foi recebida pelo Papa Pió XII aos 09/08/1951; o Pontífice Ihe deu a Bencáo Apostólica e Ihe pediu rezasse por ele. Também se referem numerosas gracas corporais e espirituais, obtidas me diante a invocado de Maria "Rosa Mística" no decorrer dos últimos de cenios. 30
"MARÍA, ROSA MÍSTICA"
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2. Que dizer? 1. A autoridade eclesiástica até hoje nSo se pronunciou definitiva
mente sobre o assunto. Trata-se de revelares particulares, das quais há muitas em nosso sáculo, exigindo cautela da parte dos pastores e dos
fiéis para n§o se deixarem iludir; nao raro tais fenómenos extraordinarios n§o resultam de Deus nem de ¡ntervencáo dos Santos, mas sao meras projecóes do psiquismo dos "videntes". No caso de Pierina, sabe-se que
a Curia Episcopal de Brescia procurou dissuadir a "vidente" e fez o possível para evitar alarde e propaganda em torno do assunto.
O tftulo "Rosa Mística" é gsual na Ladainha de Nossa Senhora. - Terá sido enfatizado por María, que, segundo dizem, aparecía orna mentada por tres rosas: uma branca, que significava o espirito de orapáo; outra vermelha, indicando sacrificio e abnegacáo; a terceira, a mareta, dourada, indicaría o espirito de penitencia. A mensagem transmitida me diante Pierina é ortodoxa; retoma os temas clássicos das apangues ma ñanas: Oracáo e Penitencia. Observam os arautos de tal mensagem que em Montichiari-Fontanelle se deu algo de novo:
"Convém referir aquí um aspecto singular das aparigóes de Rosa Místi ca, o qual nSo se verificou noutras visCes. A Virgem caminhou sobre a térra,
pousando os pés, a prímeira vez, na catedral de Montichiari (22/11/1947) descendo por uma escada branca adornada com rosas brancas, vermelhas e amarelas (8/12/1947) e pousando, uma segunda vez, os pés sobre os degraus da pequeña escada de pedra que leva á nascente de Fontanelle, a qual se dignou tocar com as suas máos em dois sitios diversos, abengoando a agua em beneficio das almas e dos corpos (17/04/1966). E, porque nos gestos de Deus e da Máe celeste nada sucede por aca so, parece-nos vislumbrar no comportamento novo da Senhora quepousa os
pés na térra, caminha e desee as escadas, como que uma intensidade maior da presenga de María no mundo, mais íntima comunháo com a existencia quotidiana de seus fílhos, assaltados pela culpa, pelas enfermidades e pelas afligóes de urna sociedade atingida peto cancro da mentira. Podemos afirmar
que esses gestos novos de Mana Rosa Mística indicam um seu novo e multi plicado empenhamento no meto de todos os homens para a salvag&o corporal e espiritual deles" (livro citado p. 41). 2. Quanto as ocurrencias extraordinarias no Brasil atribuidas a
"Rosa Mfstica", torna-se difícil julgá-las. É oportuno lembrar as normas
dos mestres de espiritualidade, que pedem reserva diante de fenómenos extraordinarios: em nossos dias sao muitos os casos apontados, dos quais alguns já puderam ser identificados como nao auténticos (ver El Palmar de Troya, por exemplo, caso comentado em PR 208/1977, pp. 153-163). Os milagres nSo constituem o regime pelo qual Deus costuma 31
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guiar os seus fiéis; n3o sáó imposslveis, mas tém que ser comprovados como genufnos sinais da parte de Deus.
Independentemente, porém, da genuinidade das aparicóes da Rosa
Mística, importa valorizar as exortacóes h oracSo e á penitencia em re
parado dos pecados do mundo. Todas as mensagens atribuidas a Nossa Senhora costumam recomendar estas práticas; elas decorrem do ámago mesmo do Evangelho e merecem obediencia. A primeira palavra da pregacfio do Senhor Jesús, conforme S. Marcos, foi precisamente: "O Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos (= fazei penitencia} e crede no Evangelho" (Me 1,15).
Possam os clérigos e fiéis reverenciar estas recomendacóes e levar urna vida cada vez mais santa, num regime de fé lúcida, paciente e perse verante, a fim de se tornarem colaboradores de Cristo na obra da Redenc3o, pois "urna alma que se eleva, eleva o mundo inteiro". Seja este o principal fruto dos fenómenos extraordinarios atribuidos a Nossa Se nhora "Rosa Mística"! *
*
♦
(continuacSo da pig. 48)
mensagem da fé e responde-lhes sucintamente. É mais um livro precioso para
uso de paróquias, colegios, movimentos e comunidades eclesiais assim como para a biblioteca de cada católico. A Introdugño do livro tem palavras pungen tes:
"Ojovens, os adultos, as familias sao continuamente bombardeados em suas casas pelos meios de comunicagáo que vendem um estilo de vida falso e destruidor dos valores cristáos, supervalorízando o que é banal e aneste siando suas mentes por meto de novelas e propagandas. A grande massa do povo que recebeu o Batismo, está entregue ao primeiro aventureiro alidador que Ihe rouba a parcela de fé que Ihe restou em
Cristo e em sua Igreja. O quatiro é bem grave, em todos os lugares. É neces-
sário entáo deixar de lado o pessimismo, fruto, muitas vezes, do comodismo. arregacar as mangas e comegar um trabalho simples e de fundo: catequizar.
A voz profética de JoSo Paulo II ressoe em todos os ouvidos: 'A catequese é urna urgencia'. Sim, a catequese sólida, bem feita, essencial é o único meto para trazer de volta e fírmá-tos definitivamente na única Igreja de Cristo, que salva.
A verdadeira catequese que transmite e faz vivero Cristo vivo, presente na Igreja, é capaz de transformar as comunidades, as familias, as paróquias em centros irradiadores de fé, de amor e responsabilidade" (pp. 7s). Possam as reflexOes de Freí BaWstini encontrar profundo eco nos coracóes dos nossos fiéis!
E.B. 32
Significativo depoimento:
Crise Vocacional na Ótica de um Leigo Em síntese: O Dr. Helio Begliomini, médico católico, apoma fatores relacionados com a sociedade civil e com a eclesiástica, que dificultan} o sur to de vocacoes sacerdotais e religiosas em nossos días. O artigo merece atencao; é a voz de um leigo, que fala logo após a realizacSo do Sínodo dos Bispor interessados no papel do laicato na Igreja.
Publicamos, a seguir, o artigo do Dr. Helio Begliomini1, já colaborador de PR (cf. n? 284/1986, pp. 40-46). Trata-se da voz de um leigo, e de um leigo consciente da sua vocacüo dentro da Igreja. Aborda candente problema numa fase da historia em que a Igreja reconhece e incentiva cada vez mais a acao dos leigos em comunhao com a hierarquia. Ao Dr. Begliomini seja con signada a viva gratidao da Redacáo de PR.
CRISE VOCACIONAL Tem o presente artigo a finalidade de tecer algumas considerares práticas, de ordem subjetiva e objetiva, a respeito do problema vocacional na Igreja Católica do Brasil. Nao é nossa intencSo utilizar artificios e subsidios teórico-académicos (mesmo porque nSo temos formacao para tal}, mas, sim, expressar singela e construtivamente algumas observapoes que decorrem da nossa concepcao de Igreja. Alias, grandes descobertas na historia da humanidade foram devidas, e tao somente, ao uso de suas facilidades intelectuais: observacao e capacidade de associacao. Com este intuito, poderíamos dizer que o aperfe¡coamento da procura vocacional religiosa, sobretudo por parte dos homens, reside em duas causas básicas, que simplesmente classificaríamos em:
1 Pós-Graduado pela Escola Paulista de Medicina. Médico do Hospital do Servidor Público do Estado de SSo Paulo. 33
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 I. II.
Nao relacionadas á Igreja. Relacionadas á Igreja (corpo hierárquico).
I. FATORES RELACIONADOS COM A SOCIEDADE CIVIL 1. ENFRAQUECIMENTO DA INSTITUICÁO FAMILIAR. Multo freqüente ñas grandes cidades, tem contribuido para a formacao de filhos parcial ou totalmente desajustados para urna vida socialmente normal. Alias, é gritante o despreparo dos noivos para o casamento, bem como a liberal i-
dade e o descompromisso social que o divorcio está impondo em muitos la res. Con sequen temen te, é cada vez mais difícil encontrar casáis que se ajustem harmónicamente; cdnjuges que vivam um amor sincero implícita e ex plícitamente, cujo denominador comum seja o respeito mutuo e a f¡delidade
— vivencia da fé e modelo sadio para os filhos. Só um casal coerente com suas responsabilidades cristas poderá testemunhar e ensinar a beleza do Rei
no de Deus aos seus filhos e conseqüentemente despertar neles o senso da maravilha da vida consagrada.
2. SOCIEDADE DE CONSUMO E AUTOCONSUMO. É de assustaro anseio exponencialmente crescente e generalizado da populacao á procura dos bens materiais. Nao se observa mais amiúde a busca do ideal compromissado com os valores perenes.
Todos crescemos querendo ter mais, ao invés de ser mais...: ter a pro-
fissáo tal ganhando mais e mais. . ., comprando isto, aquilo, mais.. ..mais... Nesta ótica, é usual observarmos que estao escasseando abnegados profissionais, de todos os níveis e categorías, portadores de um grande senso de hu manismo e solidariedade para viver e ensinar. Nesta onda de consumo e sem vislumbre dos valores eternos, muitas sementes vocacionais sao sufocadas pe
las intemperies decorrentes.
3. CRISE MORAL. Nossa sociedade americanizada nao encontra mais freio moral. Tudo é possível, tudo é permitido, a qualquer hora e ñas condicoes desojadas. A liberacao da mulher, mal formada do ponto de vista cristao, nao somante contribuí para colocá-la em plano vil (sexualmente falan-
do), mas também fomentar a grande licenciosidade em que está imersa a sociedade. A palavra censura hoje em día se tornou proscrita do linguajar, sendo tudo capaz de acontecer. O jovem cresce querendo, muito mais do que outrora, realizar prontamente seus impulsos carnais, sem aprender o res peito ao seu corpo e ao corpo do próximo como templo de Deus. 34
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A falta de ensino e vivencia de virtudes, como a castidade e a pureza de espirito, contribuem para que os jovens nao sejam atraídos por valores perenes e necessários a urna vida religiosa.
4. CARENCIA DE MODELOS A SEGUIR. A enanca tem em seus país os primeiros exemplos de vida a seguir. Em ambientes insalubres terá mode los negativos logo na primeira infancia. O adolescente e o jovem procuram
seguir, consciente ou inconscientemente, o exemplo de seus país, amigos, professores, parentes, artistas, esportistas, etc. Onde estao os modelos con cretos e cristaos a serem admirados e seguidos?
5. FALTA DE ENSINO RELIGIOSO NA FAMÍLIA. Este ítem é decorréncia das premissas anteriores. Os filhos crescem com insignificante ou nenhum conhecimento de
Oeus, da Igreja, dos valores cristaos, dos santos, etc. Contrariamente, os valores em voga no mundo, por serem mais facéis, os fascinam. Em decor-
réncia, sao educados sem parámetros precisos; muitas vezes sem objetivos só lidos, chegando á "maturidade" como se fossem um barco em mar aberto e sem bússola..
II. FATORES RELACIONADOS A IGREJA (CORPO HIERÁRQUICO) Inegavelmente o mundo passa por urna profunda e persistente crise moral proporcionando aguda e notável acao contra a Igreja (InstituicSo divi
na) e seus valores. Entretanto, a toda acao deve corresponder urna reacio, co mo ensina a Física. Este principio parece nao estar ocorrendo apropriadamente no corpo hierárquico da Igreja (nos seus diversos escaloes e instituícoes), pelo menos em muitos pontos. Noutras palavras, parece que certos se-
tores da Igreja nao tém respondido, mas sim amortecido os golpes recebidos. Acrescentam-se a isto evidencias claras de avanco desmedido por parte das
correntes mais progressistas em relacao ás mais tradicionais. Aqui também é notorio o quanto aquetas faccoes se tomaram absorvidas pelo mundo, seme-
Ihantes ao sal que nao salga e ao fermento que nao fermenta. Nesta ótica enumeramos alguns pontos para reflexao, sem grandes delongas, urna vez que falam por si mesmos.
1. DESSACRALIZACAO. De mane ira geral, o que paira em muitas mentes sao as seguintes indagacoes: o que era anteriormente sagrado, hoje
nao é mais. ..; o que era intolerável, tornou-se tolerado...; o que era errado, nao é mais... Exemplificando: abolicao de paramentos para a celebracao dos mais diversos ritos (Eucaristía, Comunhao, Uncao dos Enfermos, etc.); perda 35
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de identidade exterior que indique consagracáo, e que, por vezes, reflete ou
predispóe a urna perda da ¡dentidade interior de consagradlo...; generaliza do da Confissao colét¡va em detrimento da auricular, falta de paciencia na escuta dos pecados e do devido aconselhamento; permissSo, em algumas paróquias do litoral, a participacao em "trajes menores" (calcao, bermudas), no recinto das igrejas, aos sacramentos da Reconciliacao e da Eucaristía; autorizacao de reunióes dentro das igrejas com finalidades nlo religiosas e ás vezes políticas, etc. Estas e outras similares ocorréncias tém criado um gran de confronto entre a Igreja que era, e a que é.
2. PAPEL DO LEIGO CADA VEZ MAIS ABRANGENTE. É incontestável que o leigo deva participar efetivamente da vida da Igreja, urna vez que
ele é também parte déla, sobretudo nos lugares onde o servico do sacerdote é intenso ou naquelas regioes carentes de sacerdotes. Entretanto, por outro
lado, tal participacao hipertrofiada nos mais diversos serví eos, como Catequese, PreparacSo do Batismo, da Crisma, Cursos de noivos, cerimónias da Santa Missa, tem levado a um relativo apagamento da figura do sacerdote,
cuja identidade se torna menos perceptfvel. Ora, podem pensar muitos jovens, por que assumir urna vida consagra da, se existe pouca diferenca de servicos? Nao seria assumir simplesmente as
responsabilidades e os "ossos do oficio"?! 3. DEFICIENTE FORMACÁO PROFISSIONAL. Desafortunadamen te varios seminaristas que estao próximos do sacramento da Ordem nao apresentam formacáo educacional apropriada e, muito menos, cultural, para
o sacerdocio, sobretudo aqueles de vocaclo secular. A sirhplificacSo dos estudos e o abrandamento das regras, bem como o tipo de moradia tém contri buido para urna educacao fraca, por vezes sujeita a vicios indesejáveis. Por outro lado, a falta de cursos de reciclagem teológica para os padres mais antigos é um fator de desatualizacao e desmotivacao. Dessa forma, aquele ca-
bedal humanístico e cultural, costumeiro nos sacerdotes mais velhos e moti vo de atracao para os vocacionados, torna se cada vez mais infreqüente. Con trariamente, é comum observarmos urna predilecao de seminaristas (filóso fos e teólogos) para o uso de um linguajar pobre, carregado de gfrtas e expressoes incorretas.
4. "RESPEITOSA IRREVERENCIA" AOS SUPERIORES. Temos observado a relativizacáo do status de qualquer "profesional liberal" (mé
dico, engenheiro, dentista, advogado, arquiteto etc.), bem como da figura do Sacerdote, do Bispo e até do Papa. Nao é infreqüente constatarmos urna
"respeitosa irreverencia" do leigo
para com o padre, deste para com o Bis
po, e até deste para com o Papa. Os menos sutis fazem críticas abertas aos 36
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colegas ou superiores, denotando, no mínimo, falta de Ética profissional, se nao má educacáo e desrespeito ao ministerio. Tais atitudes, percebidas mormente por aqueles que procuram conhecer mais intimamente a vida da Igreja, ao invés de cativar os leigos, os eventuais vocacionados, provocamsentimentos de confusáo e até frustradlo.
5. FALTA DE ENSINO DOS PONTOS BÁSICOS DA DOUTRINA. É decepcionante, em muitas paróquias, ná"o escutar, durante varias semanas sucessivas, o devido ensino doutrinário básico, bem como aqueles coadjuvantes, como a valorizapao dos sacramentáis, a importancia da recitacao do Ter co, da devocao a María, do ensino e da ¡nvocacáo dos Santos, da realizacao de procissoes, novenas, etc.
6. PREFERENCIA DO HUMANO PELO DIVINO. Este é um ponto sobejamente conhecido, que tem suscitado muitas consíderacóes por parte dos varios segmentos da sociedade. A verdade é que a Igreja desde tempos
remotos a comecar pelo seu fundador, Jesús Cristo, sempre se voltou para o socorro do homem que sofre, sem contudo esquecer a sua finalidade pre-
ci'pua que é a salvacáo eterna. Hoje em dia, temos observado, em muitas ocasiSes, urna predilecao pelo humano em detrimento do Divino, pelo pre sente ao >nvés do Eterno.
7. ARREFECIMENTO
NO
"INVESTIMENTO"
DA
VOCAQAO
RELIGIOSA ADOLESCENTE. Tem sido notado cada vez mais, desde adesativapao de Seminarios Menores, até o desaparecí mentó das crianzas como coroCnhas com seus tradicionais trajes, fator "sui generís"e inesquecível para
o despertar da vocacao consagrada na infancia.
8. SURTO DE IDÉI AS TEOLÓGICAS IMPROPRIAS. Muito em voga hoje em dia, ocorrem em conseqüéncia do vazio deixado pelo desaparecimento de valores atrás mencionados.
0 surgimento de idéias ou correntes teológicas sem base na Tradicao
e na doutrina oficial da Igreja é fato notorio, servindo para conturbar a mente dos fiéis e ¡mpedindo de formar eventuais vocacionados. Tais doutrinas muitas vezes, longe de ajudar o homem a f icar perto de Deus, levam-no a procurar outras alternativas de f azé-lo. Dessa forma, temos observado que a vocacao consa grada (sacerdote, Religioso, Religiosa) tem perdido a sua ¡dentídade; teológi
camente falando, muitas vezes nao tem sido o "sal da térra e a luz do mun
do" ou o "pastor que dá a sua vida pelas suas ovelhas". A riqueza espiritual do Catolicismo nos seus 2.000 anos de historia, emoldurada por um passado glorioso nos seus milhares de Santos e Martí37
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res, e engrandecida pela sua santa doutrina, tem sido menosprezada e des
valorizada. Conseqüeñtemente, a descaracterizacao religiosa que vivemos, tem contribuido para promover uma diminuí cao ou sufocacáo das vocacoes sacerdotais e religiosas, bem como a evasáo de fiéis menos esclarecidos (mas nao menos carentes de Deus) para outras religioes ou se i tas.
Finalizando, nao queremos denegrir ou dilacerar destrutivamente a
Igreja Católica, generalizando observacdes particulares, embora sejam tam bé m oriundas de periódicos especializados. Muito menos, queremos estabelecer fronteiras entre a Igreja do passado e a do presente, a tradicionalista
e a progressista. Quisemos, sim, aproveitando o entusiasmo de nossa juventude e embasados por um sentimento de co-responsabilidade por essa mesma Igreja, esbocar algumas ponderacoes, a fim de servirem de reflexáo e, quicá, colaborado a longo prazo. (a) Helio Begliomíni
Estas ponderacoes, baseadas na realidade e ditadas por sincero amor á S. Igreja, levam a pensar seriamente sobre os pontos indicados. Háo de merecer solícita atengáo tanto da hierarquia como dos fiéis leigos, pois se trata de um problema vital para o Reino de Deus- o da formacáo dos ministros de Cristo -, assunto ao qual o S. Padre Joáo Paulo II tem dedicado especial carinho. - Mais uma vez agradecemos ao Dr. H. Begliomini o seu zelo e a sua colaboracáo. A Direcáo de PR
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"Rede Nacional
de Missoes Católicas3 Em slntese: Tem-sé apresentado ao público a 'Rede Nacional de MissSes Católicas" sob a responsabilidade de Jair Perelra. Utiliza a linguagem e
os símbolos do Catolicismo, mas na verdade é totalmente alheia a este. Publi
ca o "Santo Catecismo*, que é um manual de doutrinas católicas, protestantes
e afro-brasileiras. A pregacáo assim concebida langa confusSo; é nao somente daninha ao Evangelho, mas pode ser tida como desonesta, pois recorre ao plagio e á fraudulencia.
Tem sido apresentado pelos meios de comunicarlo social (radio
e televisSo) um grupo religioso chamado "Rede Nacional de Missoes Católicas". Possui urna de suas sedes principáis no Santuario do Bom Je sús dos Milagres, Mooca, S3o Paulo (SP). Os aposentadores do progra ma de televisSo sao designados como padres ou, melhor, como "santos padres"; usam paramentos, cruz peitoral e outros símbolos típicos do
Catolicismo; rezam oracfies habituáis do culto católico (Pai-Nosso, AveMaria...); tém altar, velas, livro da Biblia; anunciam seus horarios de "Missas", batizados, novenas, béncáos... Pñem á venda objetos religio
sos, como agua benta, hostias bentas (em pequeños sacos de plástico),
velas bentas (em forma de cruz, de cor branca ou azul), óleo bento, qua-
dros sacros...; tais objetos sao apresentados como "poderosos" para obter beneficios, afastar os maus esplritos e dar sorte aos seus usuarios. Os
"católicos devotos" sao freqüentemente interpelados para que visitem o santuario do Bom Jesús dos Milagres ou comprem os objetos oferecidos ou mesmo enviem donativos.
Quem vé ou ouve a apresentacáo dos programas da Rede, pode ter
a ¡mpressSo de estar diante de urna pregacáo da Igreja Católica, pois há á ¡ntencSo de reproduzir certas práticas de culto da Igreja. Em conseqüéncia, tal movimento religioso tem causado equívocos e mal-estar na po-
pulacáo brasileira, pois deixa o publico confuso diante da falta de identi-
dade dos apresentadores. Na verdade, nao se trata em absoluto de apre39
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sentacáo da Igreja Católica, como se depreenderá dos esclarecimentos abaixo.
1. As dúvidas lancadas
1.1. Venda de objetos sagrados
A Igreja Católica reconhece o valor de objetos bentos; s3o chama dos sacramentáis. Trata-se de medalhas, tercos', crucifixos, agua, velas...; sobre estes a Igreja reza pedindo a Deus que os fiéis que se servirem de tais objetos com fé e amor, sejam enriquecidos por gracas do Senhor. Assim quem usa a agua benta para fazer o sinal da cruz, está usando um elemento sobre o qual a Igreja proferiu a sua oragáo graciosa, pedindo a santif¡cacao dos fiéis que assim exprimem a sua fé e a sua piedade. Os sacramentáis sao um meio de santificacao dos cristáos, supondo sempre que estes os utilizem com devogáo. Nada tém de mágico nem de "todo poderoso". Alias, a piedade católica nao conhece oracóes, béncáos ou ob jetos "todo-poderosos"; a confianga do cristáo nao está em palavras ou em objetos, mas repousa únicamente na misericordia de Deus, que é Pai e que nos trata como filhos. Ele sabe melhor do que nos o que nos convém, de modo que, quando nao nos dá aquilo que pela oracáo Ihe suge rimos, Ele nos concede algo de equivalente ou melhor; a oracáo nao pretende dobrar a vontade de Deus segundo o nosso modo de ver, mas tende antes a nos fazer colaborar com o plano de Deus, conformando-
nos aos santos designios do Pai. Sim; lembremo-nos da oracáo de Jesús:
Ele pediu que o cálice de dor fosse afastado (como nos pediríamos), mas acrescentou: " faca-sé, porém, a tua vontade, e nao a minha" (Me 14,36). é a vontade do Pai, é o reino de Deus que, em última análise, nos quere mos todas as vezes que rezamos pedindo o pao nosso de cada día.
Notemos também que a Igreja nao permite a venda de objetos
bentos (canon 1380 do Código de Direito Canónico). Isto se chama "si monía". Com efeito; Simáo mago quis comprar dos Apostólos o poder de comunicar os dons do Espirito Santo, como se pudesse ser adquirido em troca de dinheiro. Os Apostólos repeliram essa pretensáo de Simáo (ver Atos 8,18-24); em conseqüéncia, todo aquele que quer comprar ou
vender bens espirituais {inclusive objetos bentos ou sacramentáis) repete o gesto condenável de Simáo mago. 1.2. Plagio ou imrtafáo do Catolicismo
O procedimento da Rede Nacional de Missóes Católicas chama-se
"plagio" ou ¡mitacáo ilegal de características próprias do Catolicismo. Visto que é fonte de ilusóes para o público, este comportamento deve ser
tido como desonesto; reproduzir patentes sem autorizacáo, ás vezes com 40
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a ¡ntengáo de confundir as pessoas menos cautas, é por todos considera do ¡licito e traicoeiro. A verdade e a veracidade devem orientar a conduta
de qualquer homem reto. De resto, dizem os psicólogos que o plagio é
sinal de fraqueza e inseguranca da parte daquetes que a ele recorrem; nao tendo em si mesmos valores que os recomendem, utilizam os valo res alheios como se fossem seus.
Talvez, porém, diga alguém: n3o se deve reconhecer liberdade reli giosa a todos os cidadáos, de modo a permitir que cada um possa optar,
sem constrangimento, pela atitude religiosa que Ihe pareca mais válida? - Para responder, distinguimos entie liberdade religiosa e liberda de de culto.
Por liberdade religiosa entendemos a liberdade de escolha entre os
diversos Credos que alguém possa professar. É para desejar que nin-
guém seja obrigado a pensar deste ou daquele modo, mas possa esco-
Iher diante de Deus o seu caminho religioso. Por conseguinte, a tiberdade religiosa deve ser reconhecida a todos os homens. Quanto ao culto, significa a manifestacáo da crenca religiosa de al guém mediante atos e ritos que tencionam louvar a Deus ou pedir as gra bas de que os homens precisam. A liberdade de culto deve ser relativa em determinada sociedade. Ela é limitada pelas exigencias da justa ordem pública. Em conseqüéncia, as manifestacóes de culto que contrariem
a ordem publica, devem ser proibidas pela própria autoridade civil. É esta
a doutrina proposta pelo Concilio Vaticano II em sua DeclaracSo sobre a Liberdade Religiosa:
"No exercfcio de seus direitos, o homem individualmente e os grupos
sociais estáo obrigados por lei moral a levar em conta tanto os direitos dos outros quanto os seus deveres para com os outros, quanto aínda o bem comum de todos. Com todos deve-se proceder segundo a justica e a humanidadB. - Além disto, como a sociedade civil possui o direito de protegerse contra abusos que possam surgir sob pretexto de liberdade religiosa, pertence so bretodo ao poder civil garantir tal protegió" (Declaracao Dignitatis Humanae
Aplicando estes principios aos problemas criados pela Rede Nacio nal de Míssóes Católicas, verificamos que esta, imitando e reproduzindo atos de culto tradicionalmente realizados pela Igreja Católica, utilizando linguagem e objetos que se identificam com os da Igreja Católica, leva o público a mal-entendidos e equívocos; causa insatisfacSo e perturbacáo na sociedade. Vé-se, pois, que tal procedimento nao é nem honesto nem conforme a leí; trata-se de um abuso da boa fé do povo religioso, que 41
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desta maneira é incitado a .dar seu dinheiro aos responsáveis de tal Re de.
1.3. A Igreja de Cristo
A Igreja de Cristo só pode ser urna, pois é aquela que o Senhor Je
sús fundou pregando o Evangelho e entregando ao apostólo Sao Pedro o pastoreio do seu rebanho {ver Mt 16,16-19; Le 22, 31s; Jo 21,15-17). A
Igreja é mais do que a soma de seus membros, pois nela vive o próprio Cristo como Cabeca do Corpo da Igreja (ver Cl 1,18-20). Por ¡sto o Con cilio Vaticano II diz que a Igreja é "o sacramento da unidade dos homens com Deus e entre si" (Const. Lumen Gentium n? 1). A palavra "sacra mento", neste caso, quer dizer: a Igreja de Cristo tem urna estrutura sóli da e definitiva; é o Cristo prolongado, presente e atuando em cada geracáo da historia; a Igreja de Cristo tem sua garantía de autenticidade pelo
fato de estar em comunhio com Cristo, através de vinte séculos de exis tencia, sem sofrer ruptura ou recomeco; é essa continuidade que nos
permite dizer que na Igreja Católica Apostólica Romana se cumpre a promessa do Senhor: "Eu estarei convosco até a consumacáo dos sécu los" (Mt 28,19s). Esta assisténcia santa e ¡nfallvel de Cristo é prometida
aos Apostólos e aos sucessores destes até o fim do mundo. Isto significa que onde há a sucessáo apostólica sem recomeco, sem reforma, a( - e somente ai - se pode ter certeza de que Cristo age, realizando a santifica-
cáo dos homens mediante a acáo instrumental da Igreja.- Em suma, nao
é a genialidade nem a santidade dos homens da Igreja que garante a esta
a sua autenticidade, mas, sim, a assisténcia de Cristo que se prende a
criterios objetivos (sucessáo apostólica em comunháo com o Apostólo Pedro).
Estas considerares nos permitem concluir que nao compete aos homens fundar grupos eclesiais que nao estejam em comunháo com a Igreja que Cristo fundou. Esses grupos podem usar todos os símbolos e expressóes da Igreja de Cristo, mas, pelo fato de nao estarem em conti nuidade com o Corpo do qual Cristo é a Cabeca, carecem da graca e da acáo santificadora do Senhor Jesús; as béncáos ai dadas sao béncáos "humanas", mas nao sao béncáos de Deus; a Missa af celebrada nao con sagra o pao e o vinho no Corpo e no Sangue de Cristo; os milagres que al possam ocorrer, nao sao sinais realizados por Deus, mas pode-se crer
que sejam fenómenos que a psicología e a parapsicotogia explicam: o
poder da sugestáo é tal que muitas vezes pode desbloquear pessoas ner vosas e proporcionnr-lhes certo alivio de suas dores ou algum bem-estar;
este alivio parece cura, mas na verdade é algo de ilusorio, pois a sugestáo geralmente nao atinge a raiz dos problemas de saúde, principalmente quando se trata de doencas orgánicas. Nao podemos encomendar mila gres a Deus nem os podemos prometer aos nossos amigos, pois todo 42
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milagre é pura graca ou dom gratuito de Deus; nSo há receita para desencadear a acáo do Senhor em nosso favor; seria absurdo querer dispor do poder de Deus, como quem o domina.
A grande "arma" do cristáo é a oracáo filial e humilde; esta se apoia no amor de Deus, do qual somos criaturas carfssimas, e nao em nossos méritos. Vivamos como filhos, rezemos como filhos, e certamente sere
mos atendidos em nossas aspiracóes fundamentáis: chegar á plenitude da vida e da felicidade. María, nossa Máe do céu, a quem dedicamos '1evocáo profunda, nos ajudará, por suas preces, a superar os percalcos da nossa caminhada para o Pai na única Igreja de Jesús Cristo.
2. "O Santo Catecismo"
Jair Pereira publicou "O Santo Catecismo", compendio da fé e da Moral que ele ensina. O autor nasceu em Guiratinga (MT) de país pro testantes, no ano de 1946; fundou a "Paróquia Mundial do Bom Jesús dos Milagres", com sede principal em Sao Paulo (SP) e filiáis em Taubaté, no Rio, etc. O livro contém dezesseis capítulos, que tratam de Deus, de
Jesús Cristo, dos anjos, do pecado, da Igreja, das "Últimas Coisas"... O
seu teor doutrinário é um misto de Catolicismo, Protestantismo, Curan-
deirismo..., que formam um conjunto apto a iludir os incautos. Eis alguns dos tragos dessa obra:
1) Énfase no Curanderismo. As pp. 52s o autor enumera diversas atividades do demonio sobre a saúde física e mental do homem e exorta
a praticar a expulsáo dos demonios: "Quando vocé ordena a um demo
nio que saia de um corpo, o Espirito Santo confirma a autoridade de que
vocé está investido. Pode chamar o chefe dos demonios que está domi nando aquele corpo..., que eles tém de obedecer b sua ordem" (p. 53). As pp. 70s o autor volta ao assunto. Ver também p. 80.
Observamos: nao é necessário recorrer a acáo do Maligno para ex
plicar as doencas, nem se deve praticar o exorcismo sem certeza de que existe possessáo diabólica. O demonio está muito mais interessado em
provocar o pecado do que em produzir molestias físicas ou psíquicas. S. Agostinho afirma com razáo que "ele é um cao acorrentado, o qual muito pode latir, mas nao pode morder senáo quem se Ihe chegue perto". 2) Traaos de Protestantismo. Jair Pereira professa "a justificacao
táo-somente pela fé" (p. 80); o Batismo seria mera entrada na comunidade dos cristaos, que exige urna vida moral nova, sem referencia a um enxerto em Cristo Cabeca e Corpo (p.97); a Igreja de Cristo seria "a reuniáo de todos os cristaos... observando os mandamentos de Cristo, governa43
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dos por suas leis e vivendo na sua grapa" (p. 81), sem referencia a Pedro e á sucessáo apostólica. Entre as oracóes recomendadas, n§o se encontra
a "Ave Maria"(p. 116).
3) Elementos de Catolicismo deteriorado. O autor admite sete sa
cramentos (pp. 97-99); todavía a Eucaristía é mera lembranca da Páscoa de Cristo, e nao perpetuacáo do sacrificio do Calvario (p. 80). Enumera os dez mandamentos como a Igreja Católica o faz (pp. 91-95); proibe as relagóes pré-matrimoníaís, o aborto, o homossexualismo, nao, porém, o
divorcio (p. 93)1 Manda "¡nterromper o trabalho num dia por semana, de preferencia no domingo..." (p. 92) - o que nao respeita o preceito domi nical.
O conceito de Catolicismo é flextvel, segundo Jaír Pereira, como se
depreende do texto abaixo:
"A verdadeira Igreja é una, santa, católica e apostólica... Nos, católicos,
somos um povo especial. Muito embora sejamos constituidos dos mais diver sos grupos, temos a consciéncia de pertencer é mesma familia espalhada por todo o universo. Pode haver católicos náo-praticantes, bons ou maus católi
cos, católicos romanos, ortodoxos, brasileiros, etc., mas sao católicos. A comunidade católica é aquele grupo central, forte e identificável, que sabe perfeitamente para onde vai" (p. 76).
Afinal tem-se a impressáo de que Jair Pereíra se julga com o d¡reito de fundar urna nova religiáo, segundo os seus criterios subjetivos e pessoaís, ou seja, aproveitando um tanto do Catolicismo, do Protestan tismo e das correntes curandeiristas, promovendo-se a sí mesmo as custas da religiáo e da boa fé dos incautos. A "Rede Nacional de Mís-
sóes..." dírige-se "á familia católica", a "meu fílho católico", á "minha fiIha católica"...; fala de "padre vigário", apela para os sentimentos e emocóes com teatralidade...
É difícil julgar as conscíéncías alheias, pois só Deus sonda o fundo
dos coragóes. Mas deve-se lamentar, sem hesitagáo, que os pregadores
da "Rede Nacional de Missóes..." recorram ao plagio para difundir as suas idéias; a honestidade, a lealdade e a boa fé estáo em questáo. De resto, o servigo á causa de Cristo nunca há de ser exercido mediante a falsidade e a fraudulencia.
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Noticias e apelo:
"A Igreja Vive
na Tchecoslováquia" Publicamos, a seguir, algumas noticias da Igreja do Silencio, cujos membros necessitam das oracóes e do apoio especiáis dos cristáos de outras partes do mundo.
1. Uma visita á Tchecoslováquia
Uma delegacáo dos Bispos da Franca e da Alemanha Ocidental esteve visitando a cidade de Praga, capital da Tchecoslováquia nos dias 2426/08/87. Havia quinze anos que o Cardeal Francis Tomasek, arcebispo de Praga, os vinha convidando; todavía o Governo tchecoslovaco nao Ihes permitía a entrada no pafs. Finalmente, após breve estada naquela cida de, o Presidente da Conferencia dos Bispos da Franca, Mons. Jean Vilnet, exprimiu suas impressóes nos seguintes termos: "Em 1987 obtivemos no último momento o visto para efetuar uma visita de 48 horas a convite pessoal do Cardeal Tomasek. Teremos con seguido isto porque pedimos conjuntamente a autorizacáo?... ou por efeito de circunstancias que nao sei explicar? - Nao nos foi concedido sair da cidade de Praga e só tomamos contato com Sua Eminencia e seus colaborador.es sem reuniao pública.
Quisemos assim enfatizar a nossa solidariedade com a Igreja Cató lica na Tchecoslováquia mediante o seu Primaz,.., principalmente em vista do fato de que essa Igreja está encerrada entre muros ¡ntransponíveis, por efeito de decisóes que nao dependem déla.
Mais de uma vez, percebi, mesmo no Vaticano, que as autoridades
eclesiásticas desejavam que tentássemos fazer essa visita, nos que vive mos em pafses onde se pode circular livremente. Realizei-a no sentido do
apelo dirigido pelo Santo Padre em Lourdes na tardinha de 14/08/1983, quando dizia muito enérgicamente á Igreja na Franca e em outros países: 'Nao esquecais as comunidades que se acham privadas de uma parte ou do essencial da sua liberdade de exprimir e de viver a sua fé!' 45
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A Igreja na Tchecoslováquia vive, e sobrevive, mas nSo de urna so brevida lánguida. Tomei consciéncia de que há urna nova aspiracáo á
catequese e ao cultivo da'fé. Os jovens freqüentam cada vez mais nume
rosos a Igreja. A fé nao se extinguiu. Ela pede a sua vez de se exprimir e de se alimentar'. Mas há restricóes e formas de opressáo, contra as quais muito legítimamente o Cardeal e os poucos Bíspos que ficam pedem sejam respeitados os direítos fundamentáis, como é a liberdade dos cidadáos religiosos; por exemplo, possa a catequese exercer-se e desenvolver-se mais; nao seja a educagáo da fé limitada em suas expressSes; possam existir grupos de oracáo e de formagáo dos leigos; nao seja medida a conta-gotas a entrada de candidatos no Seminario nem seja limitado o
número de aspirantes ao sacerdocio; nao seja controlado o uso da liber dade dos sacerdotes, que por vezes sao submetidos a sangóes penáis ri gorosas. Possam os Bispos ser nomeados, dado que a grande maioria das dioceses da Tchecoslováquia nao tem Bispo residencial já há anos; com efeito, os candidatos propostos pela Santa Sé nao tém conseguido o beneplácito dos poderes públicos". (Noticias extraídas de SNOP (Service Catholique Francais de Presse et d' Information], Boletim do Episcopado Francés, ns 681,16/09/87, pp. 7 e8).
Corroborando as ¡mpressóes de Mons. Vilnet, publicamos abaixo urna Carta Pública dos Católicos da Tchecoslováquia datada de 1986, e dirigida nao somente ao Governo nacional, mas também aos fiéis do mundo inteiro, aos quais pedem a possfvel colaborado.
2. Carta dos Católicos da Tchecoslováquia "1. Exigimos que o Estado nao intervenha na escolha dos estudantes das Faculdades de Teología nem na dos Professores.
Exigimos seja construida urna segunda Faculdade de Teología na provincia da Morávia.
2. Exigimos que cessem as intoleráveís pressóes exercidas sobre os genitores que ¡nscrevem seus filhos nos Cursos de ensino religioso, e so bre os própríos filhos.
Tal ensino deve poder ser ministrado em outros lugares além da
escola e, em particular, na ¡greja.
3. Exigimos nSo haja discriminagSo na continuado dos estudos se
cundarios e universitarios para os alunos que tenham freqüentado aulas dé ensino religioso. 46
"A IGREJA... NA TCHECOSLOVÁQUIA"
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4. Exigimos a supressáo dos 'Secretarios Religiosos', aos quais é li cito, a seu bel-prazer, suspender os sacerdotes que os ¡ncomodam, espe
cialmente os que trabalham com a juventude.
5. Exigimos que em cada paróquia se possa formar um Conselho
de Leigos que ajudem o padre.
6. Exigimos a restauracSo das Ordens Religiosas.
7. Reivindicamos o direito de fundar agremiacóes católicas e gru
pos de jovens, fora mesmo das igrejas.
8. Exigimos o poder comunicar-nos com os católicos do estrangeiro e receber, sem alguma censura, livros e publicac^es católicas. tuais.
9. Exigimos para cada um o direito de participar de Retiros Espiri10. Exigimos auténtica imprensa religiosa, programas católicos de
radio e televisao.
11. Exigimos a reabilitacSo dos sacerdotes e dos Religiosos detidos
no exerclcio do seu ministerio.
12. Pedimos que cesse a discriminacáo aplicada aos fiéis, que atualmente nao podem ter acesso a certas profissóes e, de modo espe cial, ao magisterio.
13. Pedimos sejam construidas novas igrejas. 14. Exigimos a ordenacáo de novos Bispos e a forma?áo de urna
Conferencia Episcopal.
15. Exigimos a designado de diáconos permanentes. 16. Pedimos a separacáo da Igreja e do Estado ateu.
Unidos na oracáo, pedimos aos nossos írmaos e irmás católicos nos ajudem e apoiem nossas reivindicacóes junto aos representantes da
Tchecoslováquia em seus respectivos países".
(Extraídos de SNOP, n? 680,09/09/1987, p. 14).
0 apelo final é muito compreensível. Os católicos da Cortina de
Ferro nao podem ajudar a si mesmos frente aos regimes que os sufocam.
Estes, porém, sao sensfveis á opiniSo mundial, de tal modo que as solici-
tacoes feitas em países estrangeiros podem contribuir eficazmente para o
alivio das pressóes sofridas pelos fiéis sujeitos ao marxismo.
Estévio Bettencourt O.S.B.
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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 308/1988 LIVROS EM ESTANTE
Forfa para Viver, por Jamie Buckingham. Tradugáo de Carlos Osvaldo
Pinto. Primeira edigáo em 1987, 130 x 200 mm, 135pp.
Este fívro é oferecido gratuitamente pela Fundacáo Arthur S. DeMoss,
que tem feito grande divulgagáo do mesmo. Exorta o leitor a crer em Deus, entregándose a Jesús Cristo e tomando a Biblia como fonte de vigor espiri tual, a inspiracáo desse escrito é protestante: á p. 116 está dito que a Biblia
contém 66 livros, o que supóe a nao inclusáo dos deuterocanónicos (Tobías, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1/2 Macabeus) no catálogo bíblico,
apesar de que tais livros se encontravam em todas as edigóes da Biblia desde
o sáculo IV (Concilio de Hipona, 392) até a Reíorma protestante. O autor de "Forga..." nao faz catequese em prol de alguma denominagáo evangélica, mas induz o leitor a pedir nova publicagáo (Manual de Maturidade Crista), que o deve levar finalmente a aderir a determinada comunidade protestante. - J.
Buckingham esboga um primeiro convite: nao faz referencia aos sacramentos nem á Igreja, mas a urna piedade pessoai, recomenda ao leitor que tenha um cademo no qual registre os pedidos que dirige a Deus e as respostas positi vas recebidas de Deus.
Á p. 120 os Evangelhos sao apresentados como biografías de Jesús -
o que nao é adequado; o género literario dos Evangelhos é singular, pois se trata da redagéo escrita da pregagáo dos Apóstalos. A indicagáo de edigóes da Biblia encontrada no fim do livro (pp. 120s) refere-se ás tradugóes inglesas
protestantes das Escrituras: "Verseo Revista e Corrigida", "Verseo Revista e Atualizada", "Biblia Viva" (parafraseada). Na verdade, a Biblia de Jerusalém supera, em qualidade e rigor de tradugáo, essas versóes mais antigás. A indi
cagáo do "Novo Dicionário da Biblia" (sem autor) poderla ceder á mengáo de
ótimas obras editadas no Brasil como o "Dicionário Enciclopédico da Biblia"
de A. van den Bom e o "Vocabulario de Teología Bíblica" de Xavier Léon-Dufour (ambos da Editora Vozes).
Em suma, o teor do livro nSo é polémico nem frontalmente contrario ao Credo Católico; todavia orienta o leitor para a estruturagao de sua vida segun
do o protestantismo.
Manual da Fé, Crisma e Primeira Eucaristía para Adultos, por Frei Battistini. Pedidos ao autor, Avenida Pe. Anchieta 256, Caixa Postal 93630,
Magé(RJ), 100 x 157 mm, 149pp.
O autor é benemérito mensageiro da fé, já tendo publicado diversos li
vros, que visam a difundir a doutrina católica em linguagem simples, córrela e
profunda.
A nova obra vem a ser um compendio das verdades da fé, acompanhado de oragóes e cánticos destinados, especialmente á formagáo de adultos. Leva em conta outrossim as objegóes que os nao católicos levantam contra a (continua na pág. 32) 48
EDigÓES "LUMEN CHRISTI"
Rúa Dom Gerardo, 40 - 5? andar - Sala 501 Caixa Postal 2666- Tel.: (021) 291-7122 20001 - Rio de Janeiro - RJ
PARA O NOVO ANO LETIVO:
Que livros adotar para os Cursos de Teología e Liturgia? A "Lumen Christi" oferece as seguintes obras:
1. RIQUEZAS DA MENSAGEM CRISTA [2a ed.), por Dom Cirilo Folch Gomes O.S.B. (falecido a 2/12/83). Teólogo conceituado, autor de um tratado completo de Teologia Dogmática, comen tando o Credo do Povo de Deus, promulgado pelo Papa Paulo
VI. Um alentado volume de 700 p.f best seller de nossas Edicóes, cuja traducáo espanhola está sendo preparada pela Universidade de Valencia— Cz$ 450,00.
2. O MISTERIO DO DEUS VIVO, P. Patfoort O.P. O Autor foi examinador de D. Cirilo para a conquista da láurea de Doutor em Teologia no Instituto Pontificio Santo Tomás de Aquino em Roma. Para Professores e Alunos de Teología, é um Trata
do de "Deus Uno e Trino", de orientacáo tomista e de índole
didática. 230 p. - CzS 250,00.
3. LITURGIA PARA O POVO DE DEUS (3? ed., 1984), pelo Sale-
siano Don Cario Fiore, traducáo de D. Hildebrando P. Martins OSB. Edicáo ampliada e atualizada, apresenta em linguagem simples toda a doutrina da Constituicáo Litúrgica do Vat. II. É um breve manual para uso de Seminarios, Noviciados, Cole
gios, Grupos de reflexáo, Retiros etc., 216 p. - Cz$ 150,00. 2a Edicáo de:
DIÁLOGO ECUMÉNICO, Temas controvertidos. Em 18 capítulos, tendo sido acrescentados nesta edicáo: "Capitulo IV: A Santíssima Trindade: Fórmula paga?" "Capítulo XVIII: Seita e espirito sectario".
(Cap. 1. O catálogo bíblico. 2. Somente a Escritura? 3. Somente a fé. Nao as obras? 4. O Primado do Pedro. 5. Eucaristía: Sacrificio e Sacra mento. 6. A confíss3o dos pecados. 7. O purgatorio. 8. As indulgencias.
9. María, Virgem e MSe. 10. Jesús teve irmáos? 11.0 culto dos Santos. 12. As imagens sagradas. 13. Alterado o Decálogo? 14. Sábado ou Do mingo?*^. 666 (Ap 13,18).
Seu Autor, D. Esteváo Bettencourt, considera os principáis pontos da clássica controversia entre Católicos e Protestantes, procurando mostrar que a discussáo no plano teológico perdeu muito de sua razio, de ser,
pois n3o raro, versa mais sobre palavras do que sobre conceitos ou proposicóes. - 380 páginas - Cz$ 500,00
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Rio de Janeird, devidamente preenchida, com ¿"importancia
das mesmas.
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