Projeto
PERGUNTE E RESPONDEREMOS ON-LIN.E
Apostolado Veritatis Spiendor com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)
APRESENTAQÁO DA EDigÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).
Esta
necessidade
de
darmos
conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questoes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de
¥_ vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB
NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com
d.
Esteváo
Bettencourt e
passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confisca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.
índice pig.
TEMPO
E ETERNIDADE
4gg
"Reveladnos" sensacional sobre
"VIDA APÓS A VIDA"
501
Qual o futuro da humanldade ?
VALORES E MUDANZA SOCIAL
507
Caso controvertido:
"A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE"
520
Urna dúvida que se esclarece:
A PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS
530
LIVROS EM ESTANTE
537
ÍNDICE
541
1977 COM APROVACAO ECLESIÁSTICA ■
NO
PRÓXIMO
a
•
NÚMERO :
Urna entrevisto de Erich von Daniken. — O casamento de Gilda de Abreu e a reencarnacáo. — Nostradamus e suas profecías. Os «Novos Filósofos» franceses.
y
«PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS»
Assinatura anual
Cr$
100,00
Número avulso de qualquer mes
Cr$
10,00
(A partir de Janeiro 1978) REDAgAO DE PR
rntva
ADMINISTRACAO
T>natni 9 fian
£n £ ZC0°
20.000 Rio de Janeiro
Ltvraria Missionárla Editora (RJ)
Blw MéxIco- 168-B (Castelo) 20.000 Rio de Janeiro (RJ) Tel.:
224-0059
TEMPO
E
ETERMDADE
Em fim de ano, fácilmente tomamos
conscíéncia
de-
estarmos vivendo no tempo (que geralmente nos parece passar depressa),... tempo que um dia cederá á eternidade. E que é a eternidade?
Certamente nao há de ser concebida como longa serie de dias, meses e anos ou como um tempo que nunca se aca bará. Tal caricatura de eternidade seria penosa e enfadonha. — Também nao conceberemos a eternidade como algo de totalmente novo e inédito em nossa existencia. E por qué? A eternidade, para nos, será o encontró com Deus visto face-a-face. Conhecemo-Lo atualmente através das penum bras da fé. Um dia, Ele se nos revelará sem sinais interme diarios. Por conseguinte, o mesmo Bem Infinito que hoje entrevemos como peregrinos, se nos descubrirá plenamente e será a nossa Grande Resposta para todo o sempre. É por
isto que todo cristáo, no fim do ano especialmente, pergunta a si mesmo: Quem é Deus para mim? Deixou, um pouco mais, de ser uma palavra abstraía? ... uma fórmula filosó
fica? ... um desmancha-prazer? ... um Juiz terrível? É Ele o Grande TU com o qual dialogo c que dá estrutura a mi-
nha vida?
Mais ainda: se há continuidade entre a vida presente e a futura, vé-se que vamos construindo a eternidade através dos atos desta existencia terrestre. Sim; a vida humana neste mundo muitas yezes poderá parecer «banal»: reduz-se, nao raro, a uma serie de gestos, em aparéncia, insignificantes. Na verdade, porém, esses atos sao grandes e vém a ser por
tadores de eternidade em virtude da atitude interior com que
os realizamos.
Para ilustrar esta verdade, imaginemos urna obra de arte, como um painel ou uma escultura. Materialmente falando, essa obra é táo somente o resultado de uma serie de pince ladas, das quais cada uma vale pouca coisa. Mas o que faz o valor inegável de cada um desses atos mínimos e do con junto resultante é o pensamento do artista; é este que, em última instancia, move o pincel ou o cinzel e se espelha nos respectivos atos, de tal modo que a síntese dos gestos do
artista é a expressáo do seu genio ou da sua graga. Assim — 499 —
_..
.
—-
através de cada um dos atos mínimos do pintor ou do escul tor constrói-se algo que nao é simples pinceladas ou cinzeladas. Ora o mesmo se diga em relagáo á vida humana; é mediante os gestos simples e modestos de cada dia que vamos exprimindo a nossa intuicáo artística e construimos a nossa eternidade. Em outros termos: é mediante nossos atos de cada dia que vamos afirmando e aprimorando a nossa atitude diante de Deus,... diante daquele que um dia se nos
revelará por completo.
Construir, mediante gestos que passam (aparentes ninharias), algo que nao passa..., tal é a voca§áo e a grandeza do cristáo. Isto é possível nao necessariamente pelo fato de realizarmos grandes facanhas, mas, sim, pelo fato de procurarmos dar urna alma a nossos atos, tornando-os expressóes de nossa adesáo incondicional ao Senhor. É esta atitude interior que metamorfoseia a vida terrestre.
Aínda com outras palavras: queiramo-lo ou nao, cada um dos nossos atos tem repercussáo definitiva:... repercussáo forte e bela se for ato consciente e dinamizado pela uniáo com o Senhor. A consciéncia destas verdades nos leva a valorizar cada vez mais o tempo, qualquer que seja a nossa idade cronoló gica. O fato de estarmos para comegar novo ano (... ano que os antigos chamariam «ano de graga») nos lembra que
o tempo passa e é cada vez mais breve (cf. ICor 7,29), cada
vez mais próximo do Definitivo; incoercivelmente, este vai penetrando sempre mais em nossa vida, como, na aurora, o claráo do sol nascente vai penetrando cada vez mais as trevas da noite. Recordado disto, o cristáo procurará em 1978 viver ainda mais dos valores que ficaráo para sempre. A escola da vida o ensina a escalonar cada vez mais nítidamente os bens que o cercam, fazendo do Eterno o luzeiro que ilumine cada um
dos seus passos de peregrino, e a fonte de energia que dinamize cada qual dos mais simples gestos dése artista que, em última análise, deve ser todo discípulo de Cristo! E.B.
A
TODOS
OS
FELIZ
NOSSOS
NATAL
LEITORES
E
PRÓSPERO
1978!
A diregáo de PR — 500 —.
«PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS»
Ano XVIII — N* 216 — Dezembro de 1977
"Revelares" sensactonais sobre
«vida após a vida» Em
slntese:
A
revista
"Selegoes"
publicou
em
setembro
1977
(pp. 120-136) o artigo "Vida após a vida", que condensa o livro "Afler Ufe" do Dr. Raymond A. Moody Jr. publicado em 1975. O artigo apresenta, em forma breve, relatos de pessoas que estiveram ás margens da morte física, mas se recuperaran! e, em conseqüéncia, contaram suas experiencias. Tais
depolmentos tém nítidamente caráter espirita; concebem o Além, com a sua topografía, á semelhanQa do aquém ; afirmam que os espirites no Além tém um corpo espiritual, que nao deve ser identificado com o que S3o Paulo menciona em 1Cor 15,44, mas com o perispfrito ou corpo astral de que fala o espiritismo. Nos depoimentos em foco, a sorte final parece ser a mesma para todos os homens, o que é conforme com a doutrina espirita. Dadas estas
características do artigo, conclui-se que nao
pode
ser
tido como expressio do pensamento cristáo, o qual é sobrio ñas suas concepcSes
concernentes á vida postuma.
Comentario:
O periódico «Selegócs do Reader's Digest»,
em seu número de setembro de 1977, pp. 120-136, publicou um artigo intitulado «Vida após a vida». tese do livro «After Life»
Trata-se da sín-
(Após a vida) do Dr. Raymond
Moody Jr., o qual refere as experiencias de pessoas que passaram por coma e voltaram ao estado de consciéncia. Ter-se-ia assim um vislumbre do que seja a vida no Além, tema este que suscita sempre interesse do público. Eis por que,
ñas páginas subseqüentes, vamos apresentar as principáis linhas dos depoimentos de tais pessoas e algumas reflexóes sobre os mesmos.
— 501 —
4
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
1.
Os depoimentos
O Dr. Raymond Moody Jr. diz que, durante os últimos doze anos», encontrou grande número de individuos que passaram pela «experiencia da quase morte». Observa que os
respectivos testemunhos apresentam elementos comuns, os quais devem corresponder á realidade objetiva, pois, em hipó-
tese contraria, nao teriam explicagáo. Sao cento e cinqüenta os casos catalogados pelo autor em tres categorías: 1) experiencias de pessoas que foram reanimadas depois que os médicos pensavam já estarem mortas; 2) experiencias de pessoas que, durante acidentes graves doengas, se aproximaram da morte fisiológica;
ou
3) experiencias de pessoas que, tendo estado a beira da morte, recuperaram lucidez; contaram suas impressóes a amigos que finalmente as relataram ao Dr. Moody Jr. Este prefere os depoimentos dos dois primeiros tipos.
Para melhor informar o leitor, transcrevemos, a seguir, um dos relatos mais típicos dos que o Dr. Moody Jr. apresenta:
"Um homem está morrendo. Assim que atinge o ponto de maior des-
falecimento fisiológico, ouve o médico declará-lo morto. Comeca entüo a
escutar um ruido incómodo, urna campainha ou um zumbido forte e, ao mesmo tempo, senté que se move rápidamente através de um túnel escuro e comprido. Oepois disto, descobre que está lora do seu próprio corpo físico, á distancia, como se fosse um espectador. Colocado nesse ponto de observacao privilegiado, observa a tentativa de reanlmacáo. Repara que ainda possui um 'corpo', mas um de natureza distinta e com poderes multo diferentes dos do corpo físico que deíxou para tras. Depressa chegam outros para o conhecerem e ajudarem. Vislumbra os
espíritos de párenles e amigos que já morreram. Um espirito amável e benigno {um ser de luz) aparece á sua frente. Este ser faz-lhe urna pergunta, nao verbal, para levá-lo a avallar a sua vida e ajuda-o, mostrando-the urna retrospectiva instantánea dos fatos mais importantes déla.
A dado momento, descobre-se a si próprio aproximando-se de urna especie de barreira ou fronteira que representa aparentemente o limite entre a vida terrena e a seguinte. Contudo ele senté que tem de voltar á Térra, que a hora da sua morte ainda nao chegou. Nesta ocasüo, resiste,
pois ja está tomado pela sua experiencia na outra existencia e nao quer 10 livro em foco foi publicado em
1975.
— 502 —
«VIDA APÓS A VIDA»
vollar. Está imbuido de sentimentos intensos de alegría, amor e paz. Apesar desta sua atitude, de alguma forma ele volta a seu corpo físico e vive. Posteriormente tenta contar a outros, mas senté dificuldade em fazé-lo.
N5o encontra palavras adequadas para descrever estes episodios sobrena-
lurais. Também é ridicularizado e deixa de falar no assunto. A experiencia todavía afeta
profundamente a sua vida" (art. citado, p.
2.
121s).
Que concluir de tais depoimentos ?
Proporemos as seguintes observacóes:
1)
Os testemunhos em foco apresentam o Além como
se fosse semelhante ao aquém: constaría de realidades materiais e topográficas, dentro das quais os espíritos aparecem revestidos de corporeidade... Tais descricóes nao sao raras nos artigos e livros que tentam desvendar o Além; estes sao geralmente de inspiracáo kardecista, condizendo bem com a filosofía do espiritismo, que se compraz em admitir, sem provas, os espíritos desencarnados a se mover no espaso. Entende-se que a fantasía de pessoas que tenham estado em coma, estimulada por leituras e conversas, haja projetado, como relatos de vida «fora do corpo»,
as estórias coletadas
pelo Dr. Moody Jr... Em se tratando de revelagóes do «sobrenatural» ou do «transcendental», todo estudioso deve exercer certo espirito de crítica, pois o terreno é p.xifusamente explorado por pretensos arautos, que dizem poder desvendar o Além quando na verdade nao estáo senáo criando e projetando ficgóes. Ser crítico nao significa negar de antemáo ou peremptoriamente, mas exigir provas e credenciais — o que é de bom alvitre em qualquer pesquisa; a verdade só
pode lucrar pelo fato de ss apresentarem os seus comprovantes. Pois bem; o Dr. Moody Jr. nao indica, em favor
da veracidade dos relatos transcritos, senáo o fato de serem semelhantes entre si. Ora isto nada prova; é muito fácil explicar tais paralelos pelo fato de que todos tendemos a imaginar o Além á semelhanca do aquém, proporcionando-nos o reencontró com nossos parentes e amigos falecidos. A
bibliografía já existente inspira os novos «videntes», que desta forma, mediante as suas «revelacóes», confirmam o que leram, nao o que realmente viram. Em verdade, quem
aceita como auténticas imagens do Além as narracóes cata logadas por Moody Jr., faz um ato de fé, que é totalmente gratuita ou destituida de fundamento. — 503 —
6
«PERGUNTE E RESPONDEREMOSi> 216/1977
2) O corpo espiritual mencionado em tais relatos cor responde ao que os espiritas chamam «aura» e «perispírito». Na verdade, Alian Kardec admite que os espíritos desencar nados tenham em torno de si urna poreáo de fluido que lhes serve de envoltorio e que ele chama «aura». Assim, por
exemplo, descreve Kardec a «aura»:
"Cada um de nos tem seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta (sic!).
É multo variável a extensao da ¡rradiacáo dessas atmosferas Individuáis.
Achando-se o espirito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiacáo ficar circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando á vontade, pode alcancar distancias infinitas (slc I). A vontade como que dilata o fluido, como o calor dilata os gases... Em seu movimento de translagáo. cada um de nos leva consigo a sua atmosfera fluldlca, como o caracol a sua concha; esse fluido, porém, deixa vestigios da sua passagem; delxa um como sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos" ("Obras postu
mas" pp. 100s).
O perispírito nao é senáo urna poreáo de fluido conden-
sado.
Eis palavras de Alian Kardec:
"O perispírito
é
urna
condensacáo
foco de inteligencia ou alma"
("A
desse fluido em
Génese", p. 262).
torno de um
O perispírito também é chamado «corpo astral», «corpo ódico», «od»... Afim a este conceito é o de «ectoplasma» e o de «forga ecténica».
Ora, ñas «relevagóes» coletadas pelo Dr. Moody Jr., o «corpo espiritual», como dito, há de ser identificado com o «corpo astral» ou o «perispírito». Pergunta-se, porém: como chegou Alian Kardec a saber da existencia dos fluidos e das suas condensagóes em torno dos espíritos desencamados? Talvez
corpo
alguns leitores católicos tendam
espiritual
mencionado
no
livro
do
a
identificar o
Dr.
Raymond
Moody Jr. com o «corpo espiritual» de que fala o Apostólo Sao Paulo em ICor 15,44. A identificacáo carecería de fun damento, pois os pressupostos das «revelacóes» em foco nao sao os de Sao Paulo. O Apostólo tem em vista a ressurreigáo dos mortos que se dará no fim dos tempos •; Paulo nunca propóe visóes da vida postuma;
apenas na carta aos
Filipenses diz que déseja morrer para estar logo com Cristo, em vez de peregrinar mais longamente sobre a térra: «O 1 Alguns autores católicos contemporáneos acham logo após a morte — o que é gratuito e discutivel.
— 504 —
que
ela
se dará
«VIDA APÓS A VIDA*
meu desejo é partir e estar com Cristo, pois isso me é muito
melhor» (Fl 1,23). Note-se como é sobria a expressáo do Apostólo. Tal sobriedade, de resto, deve caracterizar a lin-
guagem do cristáo frente as realidades fináis.
3)
Para o cristáo, a morte é o desfecho da peregrina-
cáo terrestre. Logo após esta, a criatura é julgada por Deus,
isto é, penetrada pela luz divina, para que possa reconhecer claramente o bem e o mal que tenha feito. O cristáo entra logo depois na fruicáo da sorte que tenha preparado para si mesmo: ou a visáo de Deus face-a-face, caso tenha a alma
isenta de pecados1; ou a definitiva separacáo de Deus, que se chama «o inferno». Ora chama a atengáo o fato de que as «revelacóes» cancelam explícitamente o céu e o inferno: «Na maioria dos casos, a idéia de castigo/recompensa na outra vida é abandonada e repudiada, até por muitos que foram habituados a pensar nesses termos» (p. 128). Mais
urna vez, tem-se aqui um trago espirita: o kardecismo julga
que através de reencamagóes sucessivas os espíritos se purificam, de modo que, ao fim das suas diversas existencias na
térra ou em outros planetas, todos merecem a recompensa definitiva.
O Cristianismo, baseado no Evangelho, afirma que há urna só passagem do homem pela térra, durante a qual o Senhor Deus lhe proporciona todos os meios de santificagáo.
Caso a criatura, consciente e voluntariamente, rejeite a graca de Deus, colherá as conseqüéncias desta negativa; o Senhor
respeitará a sua livre op;áo. Repetidamente o Senhor Jesús o deu a entender, como se depreende de Mt 5,22-29; 10,28; 13, 40-42. 49s; 18,8; 25, 1-13. 14-30. 41-46. O cristáo que procure ser fiel á sua vocagáo, tem a certeza moral de que está a caminho da Casa do Pai; sabe outrossim que Deus é sumamente justo, de modo que jamáis poderla cometer a mínima injustiga.
0 «ser de luz» cuja visáo é descrita nos depoimentos do livro do Dr. Moody Jr., em linguagem crista é o próprio Deus na riqueza infinita de sua vida. O Cristianismo, porém,
ensina que o encontró com o Senhor e a experiencia de Deus nao sao algo de reservado para a vida postuma; já na térra o cristáo fiel á sua vocagáo experimenta a pre1 O purgatorio postumo é a ocasiáo de purificacao que o Senhor Deus oterece a quem morra com um amor a Deus aínda incoerente ou entravado por resquicios do pecado.
— 505 —
8
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
senca de Deus, do qual é templo vivo; ser cristáo significa «ser filho de Deus» ou participar da vida trinitaria mediante
os sacramentos, dos quais a Eucaristía é o principal.
Sao estas algumas reflexóes que a leitura do artigo «Vida após a vida» sugere. Verifica-se que se trata de pági nas procedentes da fantasía humana, tendo como premissas as teses do espiritismo. A propósito devem-se recomendar as obras de Frei Boaventura Kloppenburg sobre o espiritismo e as do Pe. Osear Quevedo sobre parapsicología: B. Kloppenburg, O Espiritismo no Brasil. Ed. Vozes, Petrópolis 1960. ídem,
O
Reencamacionismo
O. González - Quevedo, Paulo, 25? edlcfio, 1976.
no
Brasil.
Ed.
Vozes,
Petrópolis
A Face Oculta da
Mente.
Ed. Loyola,
1961.
S3o
ídem, As Forcas Físicas da Mente, 2 vols. Ed. Loyola, Sao Paulo 1974. tdem, O que é Parapsicología. Ed. Loyola, Sao Paulo, 1974.
AMIGO(A) LEITOR(A),
NAO SE ESQUECA DE COLABORAR COM PR NA CAMPANHA DE NOVAS ASSINATURAS. CINCO
NOVAS
ASSINATURAS
DÁO
GRATUITA.
— 506 —
DIREITO
A
SEXTA
Qual o futuro da humanidade ?
valores e mudanca social
Em sintese: Vivemos numa época essencialmente marcada por mudangas. E o futuro nos impoe ulteriores e serias transformacSes, visto que o estado de animo dos homens de hoje é de ¡nsatisfacfio e conflltos ; o homem á vítima de paradoxos que ele mesmo criou para si mediante o
progresso industrial desenfreado. A humanidade poderá mudar para melhores condicdes, como também para plores situacdes de vida individual e social. A mudanca para melhor deverá proceder de urna conversio do
homem para certos valores; importa mais mudar o homem para que este mude o sistema, do que explodir o sistema para entáo construir um homem novo.
Ora há sinais de que a mudanca futura ocorrerá no bom sentido, pois o homem contemporáneo experimenta vivamente a crise gerada pelo descontrolado avanco tecnológico e ¡á pensa em procurar valores trans cenderíais, éticos e religiosos; preocupa-se com a pessoa humana e eom os seus valores próprios. Em suma, dois caminóos se apresentam ao
homem de hoje posto em crise: ou a mudarla violenta dos sistemas sociais, económicos e estruturals para mudar o homem, ou a mudanca
(conversao) do homem para mudar os sistemas sociais e as estruturas Ora
este segundo alvitre pode ser mafs lento, mas é mais justo e, por'isto
mais duradouro.
O presente artigo corresponde ao texto da palestra profe rida pelo Dr. Paulo Cavalcanti da Costa Moura, psicólogo e Vice-Diretor do «Jornal do Brasil», no X Encontró de Lí deres e Homens com Poder Decisorio realizado no Sumaré (Rio de Janeiro) aos 5 e 6 de agosto de 1977.
Somos profundamente gratos ao articulista por mais esta valiosa colaboracáo prestada a PR. O texto levanta o pro blema da angustia do homem de hoje e, recorrendo a argumentagáo acessível a todo leitor, mesmo nao cristáo, apre senta urna solucáo que é humana e, ao mesmo tempo, crista.
1.
Palavra-síntese : MUDANZA
A vida é um processo dinámico e, por isto, o mundo nunca foi estático. Mas, neste final de século, que marca o — 507 —
10
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
alvorecer de um novo milenio, a palavra-síntese, que melhor
caracteriza o mundo agitado em que vivemos, talvez seja a palavra mudanca.
Nos tempos atuais, o volume de mudancas que nos atingem, é simplesmente maior do que nossa capacidade de percepcáo. Há tanta coisa em mudanga que mais fácil se torna perguntar o que nao mudou do que o inverso.
Entre algumas dessas mudancas de grande impacto sobre o homem, a comunidade e as instituigóes, podem-se indicar: Conhecimentos e informagóes Tecnología Comunicagóes
Economía em geral, e o fenómeno multinacional em particular
Estilo de vida e mobilidade social Valores e comportamento humano Novas formas de participagáo política dos individuos, dos Estados e dos blocos de nagóes.
Mudanga, ñas suas origens, na sua dinámica, nos seus efeitos, no seu planejamento e no seu controle, constituí a
preocupagáo dominante que leva os especialistas a se debru-
garem sobre o fenómeno na tentativa de compreendé-lo e de poder influir no processo. É que, se por um lado existe urna forte motivagáo para decifrar o fenómeno, por outro lado o homens e suas instituigóes sentem a necessidade de promo ver mudangas relevantes, dirigindo o processo mais do que apenas observando. Neste sentido, o grande desafio das liderangas está em se assumirem como antes promotores de mu
danga. Compreender que estamos imersos num mundo em mudangas (que nestes dias sao cada vez mais aceleradas e nos atingem mais profundamente, pessoal, social e institucionalmente), discernir quais as mudangas relevantes, criar condigóes de adaptagáo positiva ao processo e planejar a assimilagáo dessas mudangas, orientando ou reformulando valores, atitudes e comportamentos, eis ai a formidável tarefa que os líderes tém diante de si. Em nossa era,
chegamos
á construgáo
de um sistema
social que se mostra bastante paradoxal e carregado de conflitos. Temos mais poder do que em qualquer outra época — 508 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL
11
histórica, e somos impotentes para solucionar urna grande parte das questóes fundamentáis do homem contemporáneo.
E sentimos que esta situagáo conflitiva se está complicando
de tal forma que a medio prazo forgará urna solucáo, talvez orgánica, pacifica e construtiva, mas talvez mecánica, agressiva e destrutiva. Erich Fromm, um dos bons representantes do huma nismo contemporáneo, sintetizou este quadro, quando diz que chegamos a urna encruzilhada: «Urna estrada leva a urna sociedade completamente mecanizada em que o homem é um indefeso dente de engrenagem da máquina — se nao á destruigáo pela guerra termonuclear; a outra leva a um renascimento do humanismo e da esperanga — a urna sociedade que póe a técnica a servigo do bem-estar do homem» (em A BevolucSo da Esperanza).
2.
Sistemas sociais e ¡magem do homem
Nossos sistemas sociais, onde se inclui o económico, e que a maioria das pessoas senté como crescentemente insatisfatórios, nao sao sistemas independentes de fundamentáis. Os sistemas sócio-económicos por nossos comportamentos, que dependem de góes, que por sua vez resultam das imagens construímos e que, na esséncia, constituem os
nossas crengas sao modulados nossas motivado homem que nossos valores.
Cada época histórica constrói sua «imagem do homem»,
que é urna percepgáo global da própria humanidade, tanto individual, como coletiva em relagáo a como senté e percebe o próprio eu, os semelhantes e o cosmos.
Logo,
a
imagem
ó um conjunto de percepgáo sobre as origens do homem, sua natureza essencial, suas habilidades e características, suas relagóes sociais e seu lugar e valor no universo. Essas imagens, que os homens fazem de si mesmos, dominam toda a cultura e sao de fundamental importancia, por que inspiram e orientam as formas pelas quais a sociedade modela suas instituicóes, educa sua juventude e age em todos os setores que Ihe sao significativos. Todas as decisóes, sejam públicas, sejam privadas, necessária, ainda que nem sempre conscientemente, pressupóem alguma visáo do homem, do seu valor e posigáo no mundo. — 509 —
12
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
A política social é, portante, diretamente dependente da imagem que cada grupo social faz do homem. Por exemplo, se adotarmos certas «verdades», tenderemos a assumir certas
conseqüéncias:
Hipóteses (imagens)
Conseqüéncias
1. O homem é separado da
1. Relagóes expoliativas com
natureza e superior a ela.
a natureza.
2. O homem é parte da natu reza ou deve estar unido
2. Ado;áo de urna «ética ecolática», de base conserva dora.
3. O homem é urna máquina.
3. Ignorar os
a ela.
-íisicos
da
aspectos
náo-
natureza
hu
mana.
4. O homem tem urna natu reza completa e fixa.
4. Nossa tarefa é nos adaptarmos (e as instituigóes) a natureza.
5. A natureza humana é um processo que permite um continuo desenvolvimento.
5. Nossa tarefa é compreender a natureza dessa evolugáo e projetar as instituigóes para ajudar o ho mem no seu desenvolvi mento integral.
6. O homem é um ser con dicionado pelas condicóes hereditarias e ambientáis.
6. Nossa tarefa é prover re cursos ao sistema sócio-económico para forgar as condutas «certas» (tecno cracia social, fascismo, so
cialismo).
7. O homem
sofre condicio-
namentos, mas tem capa-
cidade de auto-determinanagáo (livre-arbítrio).
7. Nossa tarefa é a da educaCáo para escolhas e exercicios da liberdade responsável (democracia).
Diferentes épocas criam diferentes imagens, e o que é apropríado a um periodo pode nao o ser para o periodo seguinte. As imagens que se mostraram adequadas para guiar a transigáo de um mundo agrario e de baixa tecnologia para um — 510
VALORES_E_MUDANCA_SOCIAL
13
mundo industrial e de alta tecnología, certamente já nao sao apropriadas para a transigáo nos rumos da sociedade pós-industrial, que se vai configurando. Sociedades afluentes que já estáo ingressando no pós-industrialismo, sentem essa inadequagáo, como um todo. Ñas sociedades ainda nao ple namente industrializadas (e sobretudo nos países subdesenvolvidos), a inadequagáo é sentida mais ao nivel das pessoas,
que por suas condigóes intelectuais e(ou) económicas, vivem
o drama de habitarem urna regiáo subdesenvolvida com a mentalidade e as aspiragóes de um ser afluente.
3.
Porodoxos
No momento atual, a insatisfacáo é urna constante. De varios ángulos se pode concluir o fato paradoxal de que, apesar de tantas coisas estarem táo melhores, o contexto geral está táo pior:
1") O homem, apesar de todo seu poder, conhecimento e capacidade, é cada vez mais o lobo do homem. Torna-se mais superficial e menos humano. Há prosperidade, mas falta Justina social. Há poder e há aspiragáo, mas falta realizagáo. Há mais capacidade, mas falta felicidade. Há mais pro cura, mas há menos encontró. Há mais capacidade de ter e menos coragem de ser.
2Í>) A sociedade, com urna tecnología mais potente do que nunca, criou novos problemas, dificéis de resolver: deterioracáo ambiental e dilapidagáo dos recursos naturais; deca dencia dos grandes centros urbanos; crescentes ameagas de desemprego; necessidades crescentes de capital e baixa produtividade; síntomas de urna patología psicossocial de gravidade crescente (alienagáo, crises existenciais, baixo senso de comunidade, aumento de doengas mentáis, aumento de crime e de condutas margináis, permissividade ética, adesáo cres cente a fórmulas exóticas de comportamento mágico e religiosidade deturpada).
3') Nos países menos avangados, além dos problemas anteriores, ainda se observa: excesso populacional e aumento da pobreza; inadequagóes na distribuigáo de alimentos; vulnerabilidade e dependencia as flutuagóes dos pregos internacio-
nais, aos países mais ricos e as corporagóes multinacionais;
aumento dos contrastes nacionais, com o desnivel crescente — 511 —
14
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
entre ricos e pobres, áreas rurais e urbanas,
etc.
(Alvin
Toffler, no seu livro O Espasmo da Economía, cita que o total das vendas de 140 multinacionais amerioanas passa de US$ 380 bilhóes, o que é maior que a soma de todos os PBN's» do mundo, á excecáo dos EUA e da Uniáo Soviética). Nao deixa de ser curioso o fato de que, em grande parte, esses complexos problemas atuais sao derivados do próprio éxito que o processo social criou e, em particular, a tecnologia. É como se a cada nova conquista, em si mesma válida e meritoria, novos problemas aparecessem: - Reducáo da mortalidade. - Alto nivel lógico.
- Possibilidades de destruicáo em massa lógica) .
científico-tecno
- Desemprego, alienacáo.
- Automagáo, racionalizacáo. - Eficiencia nos sistemas
- Desumanizagáo
de
ñas
comunica-
traba-
- Excesso de informagóes,
ameagas á privacidade.
- Afluencia, crescimento bruto. - Superpopulacáo. nao ativa.
do
lho, poluigáo ambiental.
produgáo.
- Progressos cóes.
(nuclear e bio
- Dilapidagáo de recursos naturais, «eonsumerismo», au mento dos contrastes sociais.
Populagáo
Como já se disse, o Estado industrial desenvolveu urna
maravilhosa capacidade de chegar ao ponto desejado, mas nao tem idéia de para onde está indo. Tem poder, mas nao tem diregáo. E Gailbraith, na mesma linha, afirma: «Sou
levado a concluir que somos servidores, no pensamento e na
agáo,
das máquinas que nos criamos
para nos servirem».
Verifica-se, pois, que vivemos urna situacáo conflitiva, onde os valores, imagens e atitudes que foram necessários para
nos
conduzirem
até
a
situagáo
atual,
sao
agora
os
grandes obstáculos para que possamos evoluir na diregáo de um próximo estágio de desenvolvimento. Willis Harman (Diretor do Center for the Study of Social Policy, Stanford Research Instítute), chamou a isso de «anomalía fundamen tal», definida por ele mesmo como: 1PBN = Produto Bruto Nacional.
512 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL
•
15
Os objetivos básicos do sistema, que dominaram a era
industrial...
(progresso material, propriedade privada do capital, máximo retorno nos investimentos, livre-empresa, etc).
•
.. .E que tém sido perseguidos, através de um com
plexo de objetivos intermediarios,...
(que incluem eficiencia, produtividade económica, crescimento continuado do poder tecnológico, cresdmento constante da produgáo e do consumo).
•
.. .Resultaram em processos e estados... (por exemplo,
trabalho, máquina,
jada,
extrema especializagáo e
dilapidagáo dos
recursos comuns,
ambiental, aumento da pobreza mundial).
•
... Que
divisáo
do
substituigáo compulsiva do homem pela consumo estimulado, obsolescencia plane-
culminam
humanas...
na
contrafagáo
das
degradagáo
finalidades
(por exemplo, enriquecimento das fungóes do traba lho, autodeterminagáo, auto-realizagáo, conservacio-
nismo, preocupagoes humanitarias, estabilidade mun dial, justa distribuigáo da riqueza global).
Ou, em outras palavras, as microdecisóes (como as do mundo dos negocios), mesmo boas, nao levam necessariamente ás boas macrodecisóes. É exatamente daí que surgem as necéssidades de mudangas relevantes, tanto ñas insti-
tuigóes dominantes como ñas próprias atitudes e imagens que os individuos formaram para Ihes orientar a agáo. 4.
Críse, fator de mudanza
A mudanca social (como também a mudanga pessoal, ou a organizacional) é um processo aínda nao totalmente decifrado na sua dinámica psicológica. Mas, por pouco que se saiba (e nao é assim táo pouco, o que já se conhece do pro cesso), a mudanga costuma ocorrer em decorréncia de urna crise e obedece a certas fases.
As origens
(no caso das mudangas sociais)
externas ou internas.
— 513 —
podem ser
.16
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977 a)
Meio Exterior:
• • b)
Processo de inovagáo, especialmente tecnológica Processo de crescimento
ciacáo)
(complexidade, diferen-
Meio Interior:
•
Processos de conflito (guerras, por exemplo)
•
Processos ideológicos (valores, imagens, etc.)
A crise significa o ponto de inflexáo na curva de evoluC§o do processo, quando se senté o impasse entre o ritmo anterior e o novo ritmo que se impóe.
As crises geram ansiedade, mas nao sao necessariamente ruins. Crise (do grego, krisis) significa «momento decisivo», e é exatamente esta característica que deflagra o processo de mudanga.
Quanto as fases, o processo de mudangas costuma obe decer á seqüéncia seguinte: a)
Percepcáo (pessoal ou institucionalmente, chegamos a alterar nossas percepgóes, seja pelo impacto das informagóes, seja pela constatacáo das insuficiencias
vividas na situagáo atual).
b)
c)
Mudanga de atitude (no estado anterior, quando a
percepgáo se altera, tornamo-nos mais abertos e, assim, por diminuir a resistencia e as defesas, pode mos chegar a alterar nossas atitudes, nossas ima gens, nossas bases comportamentais).
Decisáo pela mudanga (correspondendo á adogáo inte rior de um novo padráo de comportamento, mesmo que aínda nao exteriorizado).
d)
Exteriorizagáo (o novo padráo, já assumido interior mente, comega a se explicitar, e essa transigáo é deli
cada, porque o peso do sistema anterior aínda é muito forte, o que provoca certa tendencia «regressiva»).
— 514 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL
e)
17
Estabilizacáo (com o exercício dos novos padroes, aos poucos, o novo estado prepondera sobre o ante
rior). Até que nova crise inicie um novo ciclo de
mudangas.
No caso social, essa dinámica poderá ser mais ou menos
acelerada, mais ou menos tensa, mais ou menos agressiva, tudo dependendo das dimensóes da crise e de outros fatores
circunstanciáis.
Ela poderá ser acelerada e pacifica, porque, hoje, já existem condigóes de infra-estrutura económica, e porque os meios de comunicagáo social sao muito avangados. A mudanga será muito mais de valores do que de mecanismos. Mas poderá, também, ser tensa, conflituosa e demorada, acen
tuando (ñas fases iniciáis) certos desequilibrios, que geram agressividade. Ou poderá ameagar de tal forma a situacáo vigente que haveria a tentativa de um retorno forgado aos estados iniciáis, retorno este possivelmente estribado em for mas autoritarias de intervengáo estatal. Mas, depois, o pro blema poderia tornar-se táo grave (exacerbagáo da crise) que a sociedade se sentiría forcada a experimentar novos modelos, mais orgánicos e mais flexíveis.
O importante é considerar que a mudanga nao precisa ser violenta, nem ameagar as conquistas já obtidas. É muito mais urna questáo de conversáo do que de revolucáo. Mais um problema de valores do que de estruturas. Importa mais mudar o homem, para que este mude o sistema, do que explodir o sistema, para entáo construir um novo homem.
Aínda citando o trabalho de W. Harman, «enquanto taivez seja irreal esperar que os EUA e outras nagóes indus trializadas possam limitar voluntariamente seu próprio con
sumo de recursos físicos, e partilhar mais equitativamente sua riqueza com as nagóes menos afluentes, também pode
ser igualmente irreal pensar que essas nagóes ricas nao sejam forgadas a fazer tal escolha. Pois, como bem disse o Primeiro Ministro Canadense, Lester Person, nenhum planeta pode sobreviver meio escravo, meio livre, meio engolfado na miseria, meio imerso nos supostos prazeres de um consumo quase ilimitado... nem a ecología, nem nossa moralidade,
poderiam sobreviver a tais contrastes».
Nossa crise atual deriva, portante, desses paradoxos, que nos mesmos criamos. Mas, «se há vantagens numa crise, — 515 —
J18
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/197"
urna délas é que isso nos obriga a voltar nossa atengáo para o Homem, seus valores e suas condigóes de vida» (Rollo May, ftlan's Scarch foí Himself).
Estamos desafiados a propor solugáo aos paradoxos dos
lempos atuais.
Urna nova sociedade terá que se de^rontar,
pelo menos, com as seguintes questóes:
a) b)
O continuo crescimento económico ó necessário, mas intolerável ñas suas conseqüéncias. A redistribuigáo global da riqueza é necessária, mas
mostra-se impraticável.
c)
O maior controle social do desenvolvimento tecnoló gico e das decisóes económicas é necessário, mas colide com os principios da livre-empresa.
d)
A racionalizacáo e a automagáo sao necessários ao
e)
Os valores e premissas que possibilitaram o indus
aumento da produtividade, mas trazem desemprego.
trialismo sao impotentes e inadequados para orientar
a sociedade global, mas sao potentes para gerar o aumento de riqueza.
Manter esses paradoxos só servirá para aumentar a tensáo. Reverter aos padrees anteriores seria urna tentativa autocrática e frustrada de impedir a evolugáo. Resolvé-los é a missáo dos que exercem lideranca. Esta solugáo nunca será fácil, porque exigirá condicóes difíceis de executar: reconci liar um estado de escassez de recursos com urna nova cul tura de frugalidade; dar solugóes satisfatórias ao dilema do
controle social das decisóes económicas; assegurar maior eqüidade na redistribuigáo da riqueza; prover oportunidades
para urna plena e valorizada participacáo do vida social.
individuo na
Aurelio Peccei, em comunicado ao Clube de Roma (em Momento de Decisao, de Mesarovic e Pestel), sintetízou mag níficamente a dificuldade atual:
«O homem se entregou com tanto afinco a construir
sistemas artificiáis cada vez maiores e mais com
plexos que ficou difícil para ele controlá-los, per— 516 —
VALORES E MUDANgA SOCIAL
19
dendo oom isso o senso do seu destino e, ao mesmo tempo, o senso de sua comunháo com a natureza e
com o transcendente».
5.
Otimismo
Existem, contudo, serios indicios de que a crise atual já
está atingindo o nivel da mudanca de atitudes. Urna vez que
a percepcáo já se alterou, passou a existir urna consciéncia
da necessidade de mudanga. É claro que esta consciéncia aínda nao é universal, porque ainda (possivelmente) tantos estáo táo presos aos seus privilegios atuais que nao podem aceitar a necessidade de mudanga. Mas, por outro lado, além de já existirem diversos polos geradores de mudanca, que tendem a se irradiar e crescer de importancia, existe um tal estado de desintegragáo e de alienagáo no conteúdo mais humano da vida que mesmo essas pessoas privilegiadas; acabam por alterar suas percepgóes (a incidencia de doengas mentáis e de doengas psicossomáticas, as neuroses, o número de suicidios, o apelo as drogas, os mecanismos de fuga, a
solidáo e as crises existenciais sao exemplos reais desse tipo de desintegraeáo, que transformou a angustia no tema domi nante da psicología da última década).
Entre os síntomas positivos, que denunciam a insatisfagáo com a situagáo atual e a procura de um novo estilo de vida, podemos indicar: a)
A énfase na autodeterminagáo (dos individuos, de grupos minoritarios, na afirmagáo da mulher, na autonomía das comunidades, etc.).
b)
A énfase na qualidade de vida (na procura de relacionamentos mais auténticos, na crítica ao excessivo valor dado ao status social e aos bens materiais, na pressáo sobre a responsabilidade social das empre sas, etc.).
c)
A énfase no controle da tecnología (no clamor con tra as fontes de poluigáo, ñas pressóes pelo controle social da técnica, etc.).
d)
A énfase na procura de urna ética ecológica (nos
movimentos pelo conservacionismo e contra a des— 517 —
20
cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
truicáo do meio ambiental, na tónica de que o ho-
mem é parte da natureza e nao independente déla).
e)
A énfase na procura dos significados transcendentais da vida (no movimento humanista, no reconhecimento científico de que o homem é urna unidade físico-espiritual, na redescoberta dos valores religio sos, na procura de experiencias metapsíquicas, etc.).
Como foi dito atrás, esses síntomas positivos nao constituem aínda urna consciéncia universal. Mas á medida em que eles se fortalecerem e se espalharem, como é a tendencia previsível, entáo estaremos, de fato, nos rumos de um novo estilo de vida, que substituirá a imagem do «homem eco nómico», fruto do racionalismo e da Revolucáo Industrial,
por urna nova imagem, sem dúvida mais humana e, por isto, mais próxima dos valores cristáos.
Pois, se os sistemas sócio-económicos dependem dos cora-
portamentos e estes dependem das motivagóes, e se as motivacóes dependem das imagens e as imagens dependem dos
valores, a mudanga relevante e produtiva obedece á mesma
hierarquia: os sistemas seráo mudados pelas decisóes; os comportamentos pela educacáo; as motivacóes pelas atitudes; as imagens pelas percepcóes, e os valores pela conversño. A grande dicotomía está nestas op;óes: para urna visáo mecanicista, própria da era que estamos deixando, o sistema será mudado de fora para dentro, rompendo-se as estruturas, para daí atingir o homem. Na visáo crista, o sistema será mudado de dentro para fora, através da conversáo (mudanca) dos homens, que atingiráo as estruturas. O primeiro caminho poderá ser até mais rápido, mas contera sempre um componente de violencia contra a transcendencia da pessoa
humana. O segundo poderá ser mais lento, mas será mais justo e, por isso, mais duradouro. Pois, como diz o Evan-
gelho, «nao vim destruir a lei ou os profetas; nao vim ab-rogar, mas levar a consumagáo» (Mt 5,17). Paulo Gavalcanti da Costa Moura Referencias:
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— 518 —
Ethics
of
Business
Changing ?
MUDANCA E VALORES SOCIAIS
21
Bugenthal, James — Challenges of Kumanislic Psychology (MacGraw
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brasiieira. Ed. Agir, Rio de Janeiro).
Mesarovic, M. e Pestel, E. — Momento de Informe ao Clube de Roma (Agir, 1975).
DecisSo — O Segundo
Toffler, Alvin — O Espasmo da Economía (Civilizagáo Brasiieira, 1977).
»
•
*
ESTIMADO ASSINANTE,
AGRADECEMOS
SUA
PRONTIDÁO
EM
RENO
VAR A ASSINATURA PARA 1378.
A Diregio de
— 519 —
PR
Caso controvertido:
a biblia na linsuagem de hoje
Em sínlese: "A Biblia na Linguagem de Hoje" é urna edic3o do Novo Testamento preparada pela Sociedade Bíblica (protestante) do Brasil e aprovada pela Comissáo Episcopal de Pastoral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil. A segunda edicáo da mesma está menos carregada de falhas teológicas e lingüisticas do que a primeira; todavia ainda se ressente de defeitos de tradugáo, dos quais alguns afetam a própria doutrina da fé; assim, por exemplo, as passagens de Rm 1, 17; Gl 3,11 ; Mt 16,19; Le 2, 7; Rm 3,25; 5, 9 ; Ef 1, 7... Outras falhas vém a ser impropriedades, principalmente quando os tradutores evitam palavras con sagradas, aceitas até mesmo pelo povo, como Evangelho, Alianza, pará bola. .., substituindo-as por outras que nao tém a mesma riqueza de signi ficado e conotapóes que os vocábulos clássicos possuem. Em suma, "A Biblia na Linguagem de Hoje" é em muitos casos urna interpretacSo, por vezes tendenciosa (protsstante), que, além de nao exprimir objetiva mente o sentido do texto bíblico, confirma o povo na sua pouca cultura, em vez de o ajudar a elevar o seu nivel cultural.
Comentario: É corlamonlo um anscio de todos os pas tores do povo de Deus difundir o conhecimento da Biblia e, para tanto, dispor de tradugáo moderna, de teor acessível a todos os leitores, mesmo aos menos cultos. Em vista disto, a Sociedade Bíblica dos Estados Unidos da América, com a qual outras Sociedades Bíblicas (protestantes) vém colabo rando, lancou pela primeira vez em 1964 a tradugáo intitu lada «Good News for Modern Man. The New Testament in Today's English Versión» (Boas-Novas para o hornera
moderno. O Novo Testamento vertido para o inglés do hoje). Tal tradugáo serviu de modelo para outras congéneres, que sucessivamente foram sendo feitas para o francés, o alemáo, o espanhol e o portugués, todas contendo apenas o Novo Testamento.
Em portugués do Brasil, «A Biblia na Linguagem de Hoje» (doravante citada como BLH) conheceu a sua pri meira edigáo em 1973. Em nome da Comissáo Episcopal de Pastoral da Conferencia Nacional dos Bispos, o Sr. Bispo D. Mario Gurgel houve por bem «aprovar o uso dessa edi cto por parte de todos os católicos de
— 520 _
lingua portuguesa».
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE
23
A primeira edigáo de «A Biblia na Linguagem de Hoje» suscitou divergencias entre os fiéis católicos, dos quais alguns
se mostraram entusiastas adeptos dessa tradugáo, enquanto outros a combateram. As críticas foram tais que, antes de dar aprovagáo á segunda edigáo de tal Biblia, a CNBB nomeou urna comissáo encarregada de fazer a revisáo do texto traduzido, cotejando-o com os origináis gregos, a fim de averiguar a fidelidade do texto portugués. Essa comissáo levou suas conclusóes ao conhecimento da Comissáo Episco pal de Pastoral da CNBB; esta, após conversagóes com a Sociedade Bíblica do Brasil e emendas feitas ao texto da primeira edigáo, resolveu dar sua aprovagáo á segunda edigáo.
É o texto assim aprovado e editado que vamos agora
analisar de mais perto.
1.
Corregoes oportunas
Pode-se dizer, antes do mais, que a segunda edigáo da BLH é preferível a primeira, pois nesta foram feitas corregóes necessárias. Assim 1) Em Le 1, 34 María responde ao anjo: «Sou virgem», em vez da tendenciosa expressáo «Ainda sou virgem» da primeira edigáo. O texto anterior insinuava que María, ainda
sendo virgem, deixaria, um dia, de ser virgem.
2) A palavra bispo aparece em lugar de líder da pri meira edigáo. O mesmo se diga a respeito de diácono, em vez de
servidor
da
primeira
edigáo.
Trata-se
de
palavras
técnicas, que nao podem ceder a outras de uso nao técnico.
Note-se, alias, que os vocábulos líder e servidor geralmente designam pessoas que exercem fungóes numa sociedade, mas nada exprimem do valor sacramental que toca aos ministe rios (djaconato, presbiterado, episcopado) na Igreja Cató lica. Para os católicos, os diáconos, presbíteros e bispos nao sao meros funcionarios da Igreja, mas sao marcados pelo sacramento da Ordem (que os protestantes nao reconhecem) e exercem seus ministerios pelo poder do próprio Cristo; é o Senhor quem diz: «Eu te batizo», «Eu te absolvo», «Isto é meu corpo...»
— 521 —
24
216/1977
3) No tocante ao casamento, os textos de Mt 5,31s e 19, 8s, que insinuavam ser o divorcio reconhecido pelo Senhor, foram retocados. Comparem-se, por exemplo, os
seguintes textos entre si:
Mt 5,32 (1* edigáo): «Digo a voces: se um homem se
divorciar de sua mulher que lhe é fiel, será culpado de ela
cometer adulterio se ela se casar de novo. casar com ela, também comete adulterio».
Mt separar culpado homem
E o homem que
5,32 (2* edicáo): «Eu digo: todo homem que se de sua mulher, a nao ser em caso de adulterio, é de torná-la adúltera, se ela se casar de novo. E o que se casar com ela, também comete adulterio».
Note-se que na segunda edigáo já nao há insinuagáo de divorcio. Apenas se pode discutir a cláusula «a nao ser em caso de adulterio». A palavra grega pornéia parece corres ponder a zenüt do aramaico e significa uniao incestuosa on ilegitima, nao adulterio (este é a violacáo de urna uniáo legítima).
Todavía, ao lado destas observagóes positivas, é preciso registrar falhas que continuam a afetar a traducáo de «A Biblia na Linguagem de Hoje».
2.
Pontos que tocam a fe
Registraremos os quatro seguintes: 1) Em 1,17b; Gl 3,11b, onde se lé: «Quem é aceito por Deus por meio da fé vivera». O original grego diz simplesmente: Ho de dikaios ek pisteoos zeesetai — o que, ao
pé da letra, significa:
«O justo, porém, pela fé vivera».
Com
estes termos, que sao retirados da tradugáo grega do livro do profeta Habacuc (2,4) e que háo de ser interpretados á luz do mesmo, Sao Paulo quer ensinar que «a pessoa reta ou santa vivera
(.= tem e terá
a
vida eterna)
pela fé,
ou
seja, pela fidelidade á Palavra de Deus». Todavia a tradugáo da BLH é ambigua, pois pode ser entendida no sentido de que «a pessoa que, mediante a fé, se tornou justa ou aceita por Deus, obterá a vida eterna».
— 522 —
A BIBLIA NA IJNGUAGEM DE HOJE
25
A tradugáo francesa correspondente á BLH professa explícitamente este modo de ver, dando a ler: «Celui qui est juste aux yeux de Dieu par la foi, vivra» (Gl 3,11; Rm 1,17), o que significa: «Aquele que é justo aos olhos de Deus pela fé, vivera». Ora esta é urna doutrina luterana que nao cor responde ao que o profeta Habacuc e o Apostólo Sao Paulo querem dizer no caso. Alias, é de notar que a primeira edicáo de BLH colocava urna virgula após «por meio da fé», insinuando exatamente que «quem foi justificado pela fé,
vivera». A segunda edigáo, após as observagóes feitas pela comissáo revisora, já nao traz a vírgula, mas deixa o texto em ambigüidade, podendo ainda ser entendido no sentido luterano. Ainda nos chama a atengáo o teor de Rm 1,17a na pri meira edigáo de BLH: «O Evangelho mostra como Deus nos aceita: é por meio da fé, e somente pela fé». — Esta fór mula era urna profissáo explícita da doutrina luterana da «sola fides» (somente a fé). A segunda edigáo dissipou a tendenciosidade da primeira neste ponto, dando a ler: «O Evangelho mostra que Deus nos aceita por meio da fé, do comego ao fim» (tirou-se o somente). Para se dissipar toda obscuridade do texto da BLH, seria preciso guardar a palavra justo (dilcaios) e nao a subs tituir por «aceito por Deus» (o que vem a ser um participio passado e atrai o instrumental «por meio da fé»).
2) Le 2,7: «Entáo (María) deu á luz o seu primeiro filho». Em portugués usual, a expressáo «primeiro filho» insinúa «segundo, terceiro, quarto...», ou seja, a teoría de que os chamados «irmáos de Jesús» eram filhos de María e José.
Ora a palavra grega prootótokos, traduzida por «pri meiro filho», há de ser entendida no contexto da mentali-
dade semita que Le 1-2 supóe. Em hebraico e aramaico, a palavra bekor, primogénito, nao designava sempre o pri meiro, mas, sim, por vezes, o bem-amado, pois, na verdade, o primeiro filho é aquele no qual, a principio, se concentra todo o amor de pai e máe. O primogénito era pelos israe litas julgado alvo de especial amor da parte de Deus, pois devia ser consagrado ao Senhor desde os seus primeiros dias (cf. Le 2,22; Éx 13,2; 34,19). A palavra «primogénito» podia mesmo ser sinónima de «unigénito», pois que um e outro
— 523 —
26
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
vocábulos na mentalidade semita designam «o bem-amado». Tenha em vista, por exemplo, Zc 12,10s: "Derramare! sobre a casa de Davl e sobre os habitantes de Jerusalém um espirito de graca e de oracfio, e eles voltario os seus olhos para Mim. Quanto áquele que traspassaram, chorá-lo-So como se chora um fllho
unigénito; pranteá-lo-io como se prantela um primogénito".
Aqui se vé nítidamente que sao sinónimos entre si os termos «unigénito» e «primogénito» (inseridos no paralelismo
poético),
significando,
em ambos
os
casos,
o
bem-amado.
Por conseguinte, traduzir «prootótokon» por «primeiro filho» equivale a fazer urna opcáo ou urna interpretacáo do texto, que nao condiz com o contexto da Biblia. Na verdade, os «irmáos de Jesús», mencionados em Mt 13,55s; Me 6,3, nao eram filhos de María, mas primos de Jesús, ou seja, filhos de Cleofas ou Alfeu, que era irmáo de S. José (o pai adotivo de Jesús). Esta afirmagáo resulta da análise de diversos textos do Evangelho, que sumariamente aqui váo indicados: a)
e José.
Nunca o Novo Testamento fala de filhos de María
Somente Jesús é dito «filho (putativo)
de José» e
«o filho de María» (com artigo). Todavía em certas passagens do Evangelho a expressáo «filhos de María» seria mais natural do que «irmáos de Jesús», caso se tratasse propriamente de innatos. Em Me 3,31-35, por exemplo, a repeticáo «máe de Jesús... irmáos de Jesús» é estilísticamente monó tona e pesada; mais lógico seria dizer: «María e seus (outros) filhos». Também em At 1,14 seria mais compreensível a fór mula «... com María, a máe de Jesús, e seus filhos».
b) Jesús, aos doze anos, foi com José e María a Jeru salém, participando da peregrinacáo de Páscoa. Essa viagem deve ter durado cerca de quatorze días ao menos. Como se depreende de Le 2,43, José e María permanecerán! era Jeru salém durante os sete dias da festa; ora isto permite dizer que María nao pode ter deixado em casa e por tanto tempo filhos pequeños, ou seja, irmáos de Jesús no sentido estrito da palavra.
c) Jesús, ao morrer, confiou sua máe a Joáo, o discí pulo bem-amado. A única explicacáo plausível para este fato é a que já os antigos escritores da Igreja propunham: María — 524 —
A BtBLIA NA LJNGUAGEM DE HOJE
27
nao tinha outro filho; dai a necessidade de entregá-lo aos cuidados de Joáo, filho de Zebedeu, membro de outra fami lia. Este gesto do Senhor seria incompreensível, se María
tivesse outros filhos em casa!
d) Lé-se em Mt 1,25: «José nao conheceu María (= nao teve relacóes com María) até que ela desse á luz um filho (Jesús)». Deste texto deduzem alguns comentadores que, depois do nascimento de Jesús, José teve relacóes conjugáis com Maria. Tal interpretagáo, porém, nao leva em conta urna peculiaridade da linguagem bíblica (semita): a expressáo até que corresponde ao grego heos hou e ao hebraico 'ad ki. Ora sao conhecidas as passagens da S. Escritura em que essas partículas ocorrem para designar apenas o que se deu (ou nao se deu) no passado, sem se indicar o que havia de acontecer no futuro. Tenha-se em vista, por exemplo: Gn 8,7: o corvo que Noé soltou após o diluvio, nao voltou á arca «até que as aguas secassem». Significaría isto
que depois do diluvio o corvo voltou á arca?
Aínda hoje na vida cotidiana nao se recorre a semelhante modo de falar, quando, por exemplo, se diz: «Tal homem morreu antes de ter realizado os seus planos» ou «antes de ter pedido o perdáo»? Poderia alguém concluir
disto que, depois da morte, o defunto executou os seus desig nios ou pediu perdáo? Diz-se outrossim: «O juiz condenou o acusado antes de o ter ouvido»; seria licito deduzir destas
palavras que o ouviu depois de o ter condenado? Estés sao casos em que se faz referencia ao passado, prescindindo do futuro. Tal locucáo era freqüente entre os semitas e cons tituí, sem dúvida, a base pressuposta do texto de Mt 1,25, como alias bem reconhecem críticos protestantes do valor de Klostermann. Em conseqüéncia, a traducáo mais clara da passagem de Mt 1,25 seria: «Sem que ele (José) a tivesse conhecido (isto é, tomado em consorcio marital), ela (Ma ria) deu á luz...». Análogamente diriamos para explicar as frases ácima citadas: «Tal homem morreu sem ter executado o seu designio»; «o juiz condenou o acusado sem o ter ouvido»; «as aguas do diluvio secaram sem que o corvo regressasse á arca».
Veja-se a respeito dos «irmáos de Jesús» o longo artigo de PR 180/1974, pp. 481-490. Voltemos as observagóes relativas ao texto de BLH. — 525 —
28
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
3)
At 20,28; Km 3,25; 5,9; Ef 1,7; 2,13; Cl 1,20:
Hb 10,29; 13,20; lPd 1,19; Ap 1,5; 5,9. — A palavra gregá
hairaa é ai traduzida nao por sangue, como sería de prever,
mas por morte. — Ora, se bem que a morte possa em alguns casos lembrar sangue, nao se deveria deixar de usar o vocá-
bulo sangue em tais passagens, pois é este que póe em relevo o valor da morte de Cristo como sacrificio ou como vitima de expiagáo pelos pecados do mundo. O caráter sacrificial da morte de Cristo é essencial á mensagem do Novo Testa
mento.
4) Mt 16,19. Diz Jesús a Pedro, conforme a BLH: «Eu lhe darei as chaves do Reino do céu; o que vocé proibir na térra, será proibido no céu, e o que permitir na térra será permitido no céu».
Os tradutores puseram «proibir-permitir» em lugar de
«ligar-desligar». Ora o binomio «ligar-desligar» (em aramaico, asar e sherá ou hithir) é da linguagem técnica rabínica; signi fica, antes do mais, atos de jurisdigáo, pelos quais os rabinos excomungavam (ligavam) ou absolviam da excomunháo (desligavam). Ulteriormente significava decisóes doutrinárias ou jurídicas, que ou proibiam, declaravam ilícito (ligavam) ou permitiam, declaravam licito (desligavam). — Donde se vé que a tradugáo «proibir-permitir» nao abrange todo o conteúdo do texto original, reduzindo-o a materia de Moral, quando, na verdade, o que Jesús entrega a Pedro, conforme o texto original, é o poder de governar a Igreja tanto no plano jurídico, como no da Moral e no da doutrina. A própria imagem das chaves, que Jesús consigna a Pedro, lembra a jurisdigáo, ou seja, o poder de abrir e fechar a comunháo com a Igreja em nome do Senhor Jesús. As sentencas de Pedro sao confirmadas pelo próprio Deus. Em conseqüéncia, teria sido necessário conservar o bino mio «ligar-desligar» na tradugáo; o seu significado técnico poderia ser explicado no vocabulario da BLH (pp. 719-728). Qualquer tentativa de substituir o binomio «ligar-desligar» equivale a urna interpretagáo, que pode ser tendenciosa, como é de fato no caso da BLH. — A propósito do signi ficado de tal binomio na teología dos rabinos antigos, veja
PR 132/1970, pp. 538s. 543-547. As mesmas observagóes devem ser feitas a respeito de Mt 18,18, onde reaparece o binomio «ligar-desligar», desta
— 526 —
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE
29
vez para designar o poder de jurisdigáo e magisterio que
toca aos doze apostólos reunidos em colegiado.
3.
Impropriecfades de tradugáo
Enunciaremos as seis seguintes:
1) O texto da BLH nao usa o vocábulo alianca, substituindo-o por acordó; cf. Le 22,20; Hb 10,29... — Ora a palavra alianza é teológicamente consagrada; tem ressonáncias que acordó nao tem. Na verdade, importa usar a palavra alianza (que nao é de todo estranha ao povo), pols o
seu emprego abre ao leitor o acesso aos escritos que tratam
da teología da alianca, ao passo que a omissáo deste vocábulo o torna cada vez mais hermético ao leitor de pouca formagáo religiosa.
2) A primeira bem-aventuran;a (Mt 5,3) reza na BLH: «Felizes os que sabem que sao espiritualmente pobres...» Ora a primeira bem-aventuranga nao consiste em saber...,
mas, sim, em viver; ela é dirigida aqueles que tém um coragáo simples, humilde e despretensioso como é o dos pobres
(anawim), que o Antigo Testamento muito louva na medida
em que sao os fiéis de Deus, despojados de qualquer ilusáo a respeito da escala dos valores; os anawim sao os que confiam em Deus, e nao em si, como fazia S. Teresinha do
Menino Jesús, que viveu intensamente a primeira bem-aventuranca.
3)
Em Hb 11,1 a BLH dá a ler:
«A fé é a certeza
de que existem as coisas que nao vemos».
Nesta frase, aparece duas vezes a palavra «certeza» para traduzir vocábulos gregos diferentes, a saber: hypostaste (garantía, penhor) e élenchos (demonstracáo, prova). Percebe-se, pois, que a tradugáo é pobre em recursos de voca bulario, com detrimento da significagáo do texto bíblico traduzido.
4)
O termo parábola nao ocorre na BLH, mas é subs
tituido por comparadlo; cf. Mt 13, 3. 10. 13. 18...
Embora,
no caso, haja certa equivalencia de vocábulos, pergunta-se: por que nao conservar o termo parábola, que também é con
sagrado na linguagem bíblica e que poderia ser esclarecido no — 527 —
30
«PEKGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
vocabulario da BLH, ocasionando ao povo simples a aprendizagem de urna palavra importante da linguagem bíblica?
5) Observe-se que BLH nao utiliza o verbo tomar, mas, sim e sempre, pegar. — Ora nao se pode dizer que tomar seja palavra erudita ou desconhecida ao povo; o que é certo, é que pegar é nao apenas popular, mas até mesmo vulgar e pouco elegante, principalmente numa traducáo bíblica. Tenham-se em vista os dizeres de Jesús em Le 22, 17-19:
a Deus, e disse:
«Entáo J.^us pegou o cálice, deu grabas
— Peguem isto e repartam entre voces...
Depois pegou o pao e agradeceu a Deus...» Mt 35, 1-S: «Jesús disse: Naquele dia o Reino do céu será como dez mogas que pegaram as suas lamparinas e saíram para se encontrar com o noivo. Cinco eram sem juízo, e cinco ajuizadas. As mocas sem juízo pegaram suas lam parinas, mas nao airanjaram óleo de reserva».
6) Mais: o vocábulo «Evangelho» é geralmente omi tido em favor de Boas-Noticias (cf. Me 1,1. 14) ou também
de Boas-Noticias do Evangelho (cf. 2Cor 9,18), esta que é redundante e desnecessária.
expressáo
7) Por último, note-se que na BLH há passagens em evidente desacordó com a gramática portuguesa, como aquelas em que o verbo obedecer rege objeto direto, e nao indireto; assim Rm 4,13s; 5,14...
4.
Conclusao
Como se pode perceber, a BLH nao é simplesmente urna tradugáo, mas vem a ser, em mais de um caso, urna interpretacáo. Verdade é que todo tradutor tem nao raro que interpretar o texto que ele verte. Todavía este fato ocorre com mais freqüéncia e mais serias conseqüéncias quando o tradutor, de caso pensado, procura evitar vocábulos consa grados pelo uso, como se dá na BLH. E diga-se de pas-
— 528 —
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE
31
sagem: a interpretagáo dada ao texto da BLH, cá e lá, é
evidentemente protestante. — Daí nao se poder recomendar o uso da BLH nem para católicos, nem para protestantes, pois uns e outros necessitam, antes do mais, de ler o texto bíblico na sua realidade táo objetiva quanto possível. Ademáis, há quem indague — e com razáo — se é oportuno usar linguagem rude ou mesmo incorreta na tra-
ducáo da S. Escritura.
Está claro que esta nao deve ser
proposta ao grande público em linguagem rebuscada ou «pre ciosa», mas, apesar de tudo, há de valer-se de vocabulario e
estilo de bom timbre, condizentes com a dignidade da mensagem bíblica. O próprio povo aspira a elevar seu nivel de cultura, de modo que so poderá mostrar-se grato a quem o ajude a compreender um bom linguajar portugués que nao deixe de ser simples. Julgamos que nao se devem evitar as palavras técnicas do vocabulario bíblico como Evangelho, parábola, alianca e outras muitas, pois tém suas conotacóes
que outras, tidas como equivalentes, nao possuem; o que elas possam apresentar de insólito, seja explicado ao pé da página
do texto bíblico ou em glossário próprio, de modo que percam sua estranheza para o leitor nao iniciado. Em conseqüéncia de quanto foi dito, sugeriríamos que a BLH tivesse por título «A Biblia interpretada em Lingua gem Popular», visto que a linguagem de hoje é também a linguagem de nivel medio e até mesmo a erudita. Eis o que nos convinha observar, em termos sumarios, a respeito da BLH.
— 529 —
Uma dúvida que se esclarece:
a primeira confissáo das criancas
Em sfntese: Este artigo aborda a praxe recente de se abrir o acesso das criancas á Primeira Eucaristía sem que se confessem previamente. Este costume, oriundo em alguns países após o Concillo do Vaticano \\, foi tolerado pela Santa Sé nos seus primelros anos, mas em 1971, 1973 e 1977 foi rejeitado (apenas ocorre notar que em 1971 a Santa Sé previa que alguns Bispos, desejosos de prosseguir na experiencia, se entendessem a respeito com a Sé Romana). Atualmente eslió vedadas todas as expe riencias neste sentido, ficando, pois, de pé a praxe instaurada por Pió X, segundo a qual a enanca, desde a idade da razio (sete anos aproximada mente), deve ser iniciada nos sacramentos da ReconciiiacSo e da Eucaristía. As razóes de tal insistencia de Roma sSo compreensiveis: A enanca que saiba distinguir entre o bem e o mal, senté necessi-
dade de perdáo. Ora compete á catequese cultivar e incutir sadiamente
essa necessidade, mostrando, entre os meios pelos quals Deus perdoa, o sacramento da Reconcillacáo. Embora este só seja estritamente necessário nos casos de pecado grave, é altamente recomendável tanto aos adultos como ás criancas, mesmo que só haja pecados leves, como tem afirmado repetidamente o magisterio da Igreja nos últimos tempos. Além do que
é de se observar que pouco pedagógico seria omitir a prática da con fissáo nos exercícios da iniciacao cristi se tal prática deve integrar a vivencia do fiel católico durante toda a sua vida; se essa prática nao é aprendida desde a infancia, pode «car sendo algo de estranho na vida do fiel católico, com grave detrimento para este.
Leve-se em conta, porém, a necessidede de apresentar á enanca o pecado e a reconciliagáo em termos tais que, sem deixar de ser fiéis á
verdade, evitem o apavoramento religioso.
Comentario: Sabe-se que nos últimos anos o sacramento da Confissáo se tornou objeto de dúvidas e incertezas, pois muitos apregoaram que fora abolido ou que poderia ser subs tituido simplesmente por absolvicáo coletiva. Esta inseguranca afetou também a praxe de preparar as criancas para a primeira Confissáo sacramental a ser feita antes da pri
meira Comunháo Eucaristica; em alguns países, após o Con cilio do Vaticano II (1962-1965), comecaram as criancas a ser preparadas para a primeira Comunháo sem a prática da
Confissáo sacramental.
Ora a nova catequese levou a Santa — 530 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS
33
Sé a se pronunciar sobre o assunto, oferecendo aos pastores de almas principios que devem reger o seu comportamento pastoral. É esse pronunciamento da Santa Sé que vamos abaixo colocar em seu contexto histórico e sumariamente comentar.
1.
Breve histórico
Foi o Santo Padre Pió X quem incitou os fiéis católicos á freqüentacáo assídua da S. Eucaristía, nao excluidas as
criancas que tivessem atingido o uso da razáo. Ainda im buidos de mentalidade jansenista (segundo a qual era pre ciso ser santo antes de se aproximar da Eucaristía), muitos fiéis nos séc. XVIII e XEX receavam participar da S. Comunháo. Ora Pió X teve o grande mérito de combater tal mentalidade lembrando que a Eucaristía nao é propriamente um premio para os bons, mas um subsidio de Deus para a santificagáo dos cristáos sinceramente dispostos e um antí
doto do pecado. Por isto, desde o uso da razáo, dizia Pió X, seria necessário que as criancas tivessem acesso á Comunháo Eucarística, fazendo entáo previamente a sua Confissáo sacramental. Tal foi a exortacáo contida no Decreto «Quam singulari», que em 1910 fixou a idade para a primeira freqüentagáo
dos
dois
mencionados sacramentos:
"A Idade do discernimento tanto para a Confissáo como para a Comunháo é aquela em que a crianga cometa a raciocinar, ou seja, o sétimo ano de idade aproximadamente, com varlac&es para mais ou para menos. Desde entáo comeca a obrlgacio de cumprlr os dois preceitos da Confissio e da Comunháo".
A própria ordem de enumeracáo, no texto ácima, mostrava que aquela (a Confissáo) devia anteceder a esta (a Eucaristía). As palavras de Pió X deram grande impulso á piedade eucaristica; de modo especial, incentivaran! o acesso das criangas aos sacramentos desde a idade em que comece o uso
da
razáo.
Eis,
porém,
que
após
o
Concilio
do
Vati
cano II alguns pastores de almas julgaram oportuno refor mar tal costume: a Comunháo Eucarística seria postergada para idade mais madura (dez, onze anos ou mais) e nao necessitaria de ser precedida de primeira Confissáo desde — 531 —
34
cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
que se pudesse presumir nao haver pecado grave na vida dos candidatos á primeira Comunháo. O novo costume tendo-se alastrado, a Santa
Sé,
por
meio da S. Congregagáo para o Clero, publicou um Diretório Catequético Geral datado de 11 de abril de 1971. Este
documento contém um apéndice, que aborda especialmente «a iniciagáo aos sacramentos da Penitencia e da Eucaristía», tendo em vista a situagáo vigente em alguns países católicos. Eis a parte desse texto que vem ao caso: "Nos últimos tempos, em algumas regióes da Igreja, foram feitas cer tas experiencias com relacao á iniciacáo aos sacramentos da Penitencia e da Eucaristía, que causam dúvida e perplexidade.
Visando a antecipar convenientemente a Comunháo das criancas, evitar na futura vida crista certas perturbares psicológicas, que podem provir do uso apressado da Confissao, fornecer urna educacáo melhor do
espirito de penitencia e urna preparacáo catequótica mais sólida para a própria Confissao, julgaram alguns que as criancas deveriam ser admitidas á primeira Comunháo sem a previa recepcao do sacramento da Penitencia. Na verdade, porém, o acesso ao sacramento da Penitencia desde o inicio da idade do uso da razio, suposto, naturalmente, que venha pre cedido por urna compreensiva e prudente preparacáo catequética, n§o prejudica as criancas. O espirito da penitencia pode ser ulteriormente de senvolvido por urna instrugáo catequética continuada também depois da primeira Comunháo. Do mesmo modo poderá crescer o conheclmento e a estima do grande dom que Cristo delxou aos homens pecadores no sacra mento do perdao que devem receber, e da reconciliac.áo com a Igreja.
Isto n§o impediu que em alguns lugares se tenha introduzido o uso
de intercalar regularmente um periodo de alguns anos entre a primeira Comunháo e a primeira Confissao. Em outros lugares realizaram-se inova-
goes mais cautelosas: ou a primeira Confissao nSo foi postergada de multo tempo, ou, outras vezes, levou-se em conslderacáo o juizo dos pais
que preferem que as criancas recebam o sacramento da Penitencia antes da primeira Comunháo.
O valor da prática comum O Sumo Pontífice Pió X declarou: 'O costume de nSo admitir & Confissao ou nao absolver as criancas que já atlngiram o uso da razáo é totalmente reprovávet' (Decreto Quam singular) Vil, AAS, 1910, p. 583).
Entretanto, difícilmente se poderá atender ao direito que tém as crlangas balizadas de confessarem os seus pecados, se ao entrarem na Idade do
uso da razáo nao forem bondosamente preparadas e conduzldas ao sacra mento da Penitencia.
Também ó necessário ter presente a utilidade da ConfissSo, que con serva a sua forca, mesmo quando diz respeito somente a pecados veniais;
— 532 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS
35
confere um aumento da graga e da caridade, aumenta as boas dlsposlcSes das criancas para a recepcáo da Eucaristía e ajuda no aperfeicoamento da vida crista. Asslm parece que nao se pode excluir a utllidade da Con-
flssSo em nome daquelas formas penitenciáis ou do ministerio da palávra
com as quais se cultiva a virtude da Penitencia ñas criancas. Estas formas
de penitencia podem ser usadas frutuosamente junto com o sacramento da Penitencia, preparado por urna catequese apropriada. A experiencia pastoral da Igreja, comproyada por numerosos testemunhos, também atuais, mostra-Ihe o quanto a idade chamada 'do uso da razao' seja apta a fazer com que a graca batismal das criancas, pela recepcSo bem preparada dos sa cramentos da Penitencia e da Eucaristía, produza os primeiros frutos, que depois naturalmente deverio aumentar com o auxilio de urna catequese continuada.
Depois de considerada toda a questáo, tendo presente a prática comum e geral, que nSo pode ser violada sem o beneplácito da Santa Sé, ouvldas as Conferencias Episcopais, esta mesma Santa Sé julga que deve ser con servado o costume vigente na Igreja de fazer preceder a ConfissSo á primelra Comunhüo. Isto nao impede que tal costume seja complementado e aperfeicoado de varias maneiras, por exemplo, por meio de urna celebracSo penitencial comum antes ou depois do acesso ao sacramento da Penitencia. A Santa Sé nao desconhece as razdes e circunstancias especiáis das diferentes regióes, mas exorta os Bispos a que neste assunto de nao pequeña importancia n§o se afastem do uso em vigor, sem primeiro estabelecer com ela um diálogo. No espirito da comunháo hierárquica, tampouco permitan) que os párocos, educadores ou instituicdes religiosas comecem ou continuem a abandonar a prática vigente.
Ñas regióes onde já foram introduzidas novas práticas que se afastem notavelmente da antiga, é necessário que as Conferencias Episcopais submetam tais experiencias a novo exame. Se depois desejarem prolongá-las, nao o facam sem antes se comunicarem com a Santa Sé, que os ouvirá
de bom grado, e procedam de acordó com a mesma" (Apéndice nn. 3-5).
Como se vé, em 1971 a Santa Sé lembrava o valor do costume instituido por Pió X e pediu aos Srs. Bispos vigiassem para que continuasse a ser observado. Tolerava, porém, que em casos excepcionais se mantivesse a nova praxe desde que houvesse para tanto razóes ponderosas a serem submetidas á Santa Sé; esta julgaria da oportunidade ou nao, de
levar adiante, em determinadas regióes, a experiencia inovadora.
Contudo a palavra emanada de Roma em tal ocasiáo
nao parece ter aclarado suficientemente a questáo, de modo que nao suscitou a almejada volta á prática mais antiga, instaurada por Pió X.
— 533 —
36
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
Em vista dos fatos, as Sagradas Congregagóes para os Sacramentos e o Culto Divino e para o Clero, aos 24/5/1973, publicaram a Declaragáo conjunta «Summus Pontifex», que
confirmou o costume, vigente na Igreja, de fazer preceder, no caso das criancas, a Confissáo sacramental á primeira Comunháo, e determinou explícitamente que, ao se findar o
ano escolar 1972-1973, deveriam cessar as experiencias em
sentido contrario, que haviam sido permitidas temporaria e condicionalmente em 1971, no Apéndice do Diretório Catequético Geral.
Todavía também esta Declaragáo nao logrou por termo á prática ¡novadora... Em conseqüéncia, varios Bispos e
sacerdotes dirigiram-se -a Santa Sé pedindo-lhe mais um pro-
nunciamento sobre a qúestáo.
Foi o que ocasionou a inter-
vengáo datada de 20/5/1977, cujo texto vai abaixo transcrito:
"A respeito da dúvida: 'Se é licito depois da Declaracáo do dia 24 de malo de 1973 antepor ainda, por modo de regra geral, a Primeira Comunhao á recepcao do sacramento da Penitencia naquelas paróquias onde nestes últimos anos vigorou tal costume':
As Sagradas Congregares para os Sacramentos e o Culto Divino e para o Clero, ccm a aprovacáo do Sumo Pontífice, responde ram : Negativa mente, e segundo a mente da mencionada Declaragáo.
A mente da Declaragáo era que, passado um ano de sua promulgacSo, cessassem todas as experiencias de receber a primeira sagrada Comunháo sem a recepcSo previa do sacramento da Penitencia, para que, segundo o espirito do Decreto Quam singular!, se restaurasse a disciplina'da Igreja. Roma, dia 20 do mes de maio do ano de 1977".
Como se vé, esta última Declaragáo corrobora as ante riores, afirmando que desde 1974 deveriam estar extintas as experiencias em foco.
Pergunta-se agora:
2.
E por que ?
As razóes que levaram a Santa Sé a insistir na praxe
instaurada por Pío X, podem ser assim apresentadas:
1) Desde que chega ao uso da razáo, a crianga con cebe as nogoes do bem e do mal. A consciéncia moral, que
é inata em todo homem, proclama-lhe o seu ditame básico: — 534 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANQAS
37
«Pratica o bem, evita o mal». Após a prática do bem, a crianga senté a aprovagáo íntima de sua consciéncia, donde resulta a alegría de haver realizado uma boa agáo. Parale lamente, após ter cometido o mal, a crianga experimenta a voz da consciéncia que a remorde e lhe suscita o desejo de obter perdáo e reconciliagáo. Esse perdáo é-lhe oferecido pelos país, familiares e também pelo próprio Deus. Ora cabe á catequese a tarefa de ajudar a crianga a conceber e cultivar o desejo do perdáo, incutindo já nos
pequeninos uma seria aversáo ao pecado e o ^propósito de corresponder generosamente ao amor de Deus. Toca tam bém aos catequistas explicar a crianga como esse perdáo do pecado pode ser obtido...; entre outros meios, seja proposto o sacramento da Penitencia, que é necessário para quem caiu em pecado grave.
Como se compreende, a catequese relativa ao pecado e
á reconciliagáo há de ser praticada de modo que desperté nao só o arrependimento pelas falhas cometidas, mas tam
bém a confianga e a esperanga no amor do Pai Celeste, que é sempre o mesmo e recebe a sua criatura com a inabalável
ternura que só Deus pode conceber.
2)
Leve-se em conta outrossim que a reconcUiagáo sacra
mental, embora só seja estritamente obrigatória para quem tenha cometido pecado grave, é também recomendável a
quem só tenha pecados leves ou veníais. É o que a S. Igreja
vem ensinando repetidamente, mesmo nos últimos tempos; a chamada «confissáo de devogáo» se justifica por ser um
canal especialmente rico da graca de Deus, apto a contri buir mais eficazmente do que outros meios para a santifi-
cagáo da criatura. A propósito podem-se citar as palavras que introduzcm o novo Ritual da Penitencia:
"... Quanto aos que caem em pecados veníais, sentindo sua fragilidade na vida cotidiana, adquirem torcas pela celebracSo freqüente da Penitencia para alcanzar a plena liberdade dos filhos de Deus...
... o uso freqüente e fervoroso deste sacramento é muito útil contra os pecados veníais. Pois nao se trata de mera repetigSo ritual nem de uma especie de exerclcio psicológico, mas de um esforco assfduo para aperfelcoar a graca do Batismo a fim de que, trazando em nosso corpo a mortiflcagSo de Cristo, a vida de Jesús se manifesté cada vez mais em nos. Nessas condicdes, os penitentes, enquanto se acusam de faltas veniais, devem preocupar-se sobretudo em assemelhar-se mais plenamente
a Cristo e em obedecer ccm maior atencSo á voz do Espirito Santo" (rft 7).
— 535 —
38
*PERGÜNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977
Tais observacóes aplicam-se á confissáo das mangas que tenham chegado á idade do discernimento. Provavelmente
muitos pastores e catequistas acreditam que, em táo tenra idade, ainda nao cometam pecados graves. Pois bem; sem querer discutir esta suposigáo
(que nao deixa de ser supo
sigáo, para a qual nao há evidencia absoluta), deve-se notar
que, mesmo no caso de ter apenas pecados leves, a crianga
só pode ser beneficiada pelo acesso (devidamente preparado)
ao sacramento da Penitencia. Desde que ela compreenda a grandeza do sacramento que lhe é oferecido, receberá o dom da grasa de modo a unir-se mais intimamente a Cristo e
ao Pai.
3) Tome-se em consideragáo também o aspecto peda gógico da questáo: se o fiel católico é chamado a receber o
sacramento da Penitencia periódicamente durante a sua vida, mesmo que só tenha faltas leves, entende-se que a pedagogía
da fé, desde os seus primordios, inclua a prática da Con fissáo sacramental. Se esta, que para certas pessoas se pode tornar ardua, nao é colocada nos exercícios da iniciacáo crista, difícilmente será integrada posteriormente na vivencia do fiel católico; ficará sendo, em muitos casos, um elemento estranho a essa vivencia, com grave detrimento para o fiel católico.
Como dito, a preparacáo das criangas á Confissáo sacra mental requer, por parte do catequista, compreensáo da psicologia da respectiva idade, a fim de se evitarem os incon venientes resultantes da inadequada catequese. Sim; o mestre procurará comunicar ao catequizando, com fidelidade á sá doutrina, as nogóes do pecado, reconciliagáo, amor de/a Deus, propósito, emenda, sem, porém, recorrer a artificios pseudo-didáticos que exploram o sentimentalismo vazio ou o apavoramento. Para tanto, preparar-se-á oportunamente, con
tando com a graga de estado. Eis o que a propósito do problema da primeira Confis sáo das criangas pensa e ensina a S. Igreja. A dificuldade nao é exclusiva dos países do hemisferio Norte, mas ocorre também em nosso Brasil, onde é de crer seja, sem demora, dissipada.
Esteváo Bettencourt O.S.B.
— 536 —
LIVROS
EM
Religlóes da humanidade, por
Paulo 1977, 140 x 210 mm, 372 pp.
W.
ESTANTE O.
Piazza. —
Ed.
Loyola
S§o
O autor é sacerdote jesuíta, professor de Fenomenología Religiosa e de Teologia Fundamental na Faculdade Teológica de Sao Leopoldo e da
PUC do Rio Grande do Sui. Procurou sintetizar o histórico e a mensagem de mais de trinta grupos religiosos, desde a pré-história até as rellgióes afro-brasileiras de nossos dias. W. Piazza distingue quatro grandes atitudes religiosas, em fungió das quais classiflca as crencas religiosas da huma nidade : — a atitude da Inlegracáo, que tende a Integrar o homem dentro dos ritmos da natureza. Tal seria o caso das rellgiSes dos povos primitivos, cuja organizagáo social nao val além da forma tribal (cf. p. 7); — a atitude da servfdáo, que considera os deuses como grandes senhores do céu, da térra e das regióes Inferiores, aos quals os homens
devem servigos e homenagens, em troca de beneficios imediatos. Tal seria o caso das religiSes do antigo Egito, da antiga Mesopotámia, dos gregos, dos romanos, dos celtas, dos incas, dos astecas... (cf. p. 51); — a atitude da libertando, que supñe estar o homem em situacSo degradante e se propoe libertá-lo da mesma mediante ascese (renuncia) e meditacfio. Ncste conjunto se colocam as rellgióes de Maní (dualismo persa), o gnosticismo, as correntes religiosas da India, o confucionismo..., que s9o predominantemente pantelstas ou monistas (cf. pp. 197s); — a atitude da salvacáo, que supóe um Deus único pessoal soberano,
justo e misericordioso, que perdoa o pecador arrependido e Ihe oferece a salvacáo. Esta se diferencia da libertacáo, porque é dom ou grasa de
Deus, ao passo que a 1ibertac3o resulta do esforco do homem (cf. pp. 304s). O estilo do livro é sucinto, mas procura sempre abranger os pontos
essenciais de cada sistema religioso. Sabe por em relevo a unicldade inconfundfvel da mensagem crista, que é mais de urna vez afirmada, todavía
sem polémica ; ao contrario, o autor aprésenla as crengas nao cristas como tentativas humanas de elevar-se a Deus e como melos da pedagogía do
Senhor para atrair a si os homens dentro das posslbilldades culturáis de cada povo (cf. p. 370). Esta poslc§o nao é relativista nem contraria ao zelo missionário do Cristianismo, mas leva em conta as vias ocultas de salvacáo que Deus oferece aqueles a quem nao propicia o conhecimento explícito do Evangelho. Apenas desejaríamos perguntar ao autor por que, de relance, menciona o Cristianismo á p. 197, como se fosse urna reÜgiSo de libertagáo,
quando na verdade o mesmo autor aborda o Cristianismo entre as religioes de salva<;áo; tal página merecerla revisao em próxima edicáo. Em suma, congratulamo-nos com o autor do livro pelo éxito da sua obra, que recomendamos aos estudiosos interessados em reconhecer ainda melhor a esséncia da novldade crista.
— 537 —
40
de
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS? 216/1977 CNBB. Corminháo e Responssbllidadc, pelo Pe. Gervasio Fernandes Queiroga. — Ed. Paulinas, SSo Pauto 1977, 145 x 220 mm, £03 pp.
A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil tem estado freqüentemente em foco na vida brasileira, pois vem acompanhando a vida nacional com alguns pronunciamentos, que visam a defender os direllos do homem,
"¡magem e semelhanca de Deus", mas nem sempre tem sido feliz ou, ao menos, bem compreendida na execucSo da sua tare fe.
O presente livro, que se deve a um grande estudioso de Filosofía e Direito na diocese de Cajazeiras (PB), é o resultado de longo e minucioso trabalho realizado em Roma e no Brasil em vista do doutoramento em Direito Canónico na Pontificia Universidade Gregoriana (Roma). O autor, embora dé
enfoque prevalentemente
jurídico á
sua obra, nSo
deixa
de
levar em conta o aspecto teológico da Igreja (Comunhio e Corresponsabilidade) e a tarefa pastoral da mesma.
O livro, que saiu do prelo em outubro de 1977, precisamente quando a CNBB completava vlnte e cinco anos de existencia, pretende mostrar ao público o que realmente a CNBB tem sido e tenciona ser. A pos a fundamentagSo teológica, deduzida dos textos do Concilio do Vaticano II, o autor descreve a historia pormenorizada da CNBB desde os ¡mediatos ante cedentes da sua fundacSo até hoje ; apresenta a estrutura da Conferencia e seu funcionamento, dando a ver que se trata de urna expressáo da comunhao e da corresponsabilidade que devem animar os bispos do Brasil
(como os de qualquer país), facilitando-Ihes a atuacSo pastoral.
O leitor, em contato com tal livro, tomará conhecimento de muitos fatos interessantes cuja documentacSo tem estado latente nos arquivos da CNBB; conhecerá também as boas intencfies e os ideáis dos que trabalharam e trabalham na Conferencia, precisamente numa fase em que só
se conhecem
os
aspectos
(geralmente sumarizados)
que
a
imprensa
noticia. Temos assim á disposicao do público um livro de grande en vergadura doutrinária, histórica, jurídica e pastoral, que representa contribulcáo inédita para a historia da Igreja no Brasil, merecendo, pois, os sinceros encomios dos estudiosos. O sentido da vida. Ascese crista e psicología dinámica, por D. Valfredo Tepe, O. F. M. — Ed. Vozes, Petrópolis, 8? edipfio, 1977, 140 x 210 mm, 162 pp.
O livro "O sentido da vida" de D. Valfredo Tepe, blspo de llhéus (BA), sai agora na Editora Vozes, depois de ter atingido sete edigóes na Editora Mensageiro da Fé — o que bem revela o valor da obra. O autor é formado em Psicología. Com o instrumental desta, como também com sólidos conhoclmentos de Teología, Ascética e Mística, procura elucidar os grandes temas da concepcSo crista da vida e dos valores: liberdade, renuncia. Ideal, castidade, virgindade, paixdes, amor, etc. Vai assim descortinando urna visáo sadia e profunda da vocacSo do cristáo á santidade. Ajuda outrosslm o leitor a penetrar com perspicacia em questSes difíceis ñas quais natureza e
graca se entrelagam.
O leitor do livro
encontrará a continuacáo das Idéias do
autor na
obra subseq'üente "Sexo ou Prazer ?" da Ed. Mensageiro da Fé, que fazomos votos seja reeditada em breve. Trata-se de dols livros de enorme peso ha formacSo e na orientacio de vida de um cristlo ; deveriam lé-los todos os que disponham de base cultural media.
— 538 —
LIVROS EM ESTANTE
41
A PalxSo de Teresa de Ltsieux, por Guy Gaucher. Traducáo do fran cés pelo Pe. Mauricio Ruffler. —Ed. Loyola, S8o Paulo 1977, 140x210mm 238 pp.
Este estudo procura pfir em relevo urna face de Santa Teresa de Usíeux que geralmente é pouco explanada, a saber: a sua tempera forte
e corajosa, capaz de sofrer duramente em silencio ou mesmo com um sorriso nos labios. Teresa quls "morrer de amor", e ofereceu-se a Jesús para O Imitar até as últimas conseqüéncias no ocultamento e na simplicidade da vida do Carmelo. Ela mesma pedirá ao Senhor: "Eu déselo a cruz! Amo o sacrificio! Chamai-me, Senhor, estou pronta para sofrer Sofrer pelo vosso amor parece-me urna delicia. Jesús, meu Bem-iAmado quero morrer por vosso amor".
'
SSo os "Últimos Coloquios" (Dernlere Enlretlens) da Santa, palavras de Teresa enferma colhldas por Madre Inés entre abril e setembro de 1897 (ano da morte), que permitem penetrar melhor na intimidado heroica dessa Religiosa Carmelita falecida com 24 anos de Idade, vftima de tuberculose. O autor é médico e estuda os falos com meticulosidade, reamando
os aspectos que o olho clínico, melhor do que outro, pode ver.
em
A vida de Nossa Senhora, recontada em ¡lustracSes de Nazareth Costa,
versos
de
Odylo Cosía, Fllho. — Ed. Agir,
310x235 mm, 72 pp.
Rio
de
Janeiro 1977,
Odylo Costa, Filho, membro da Academia Braslleira de Letras, Imbuido
de profundo espirito cristáo, passou para o estilo poético as poucas passagens que o Evangelho e a TradicSo crista nos entregaram a respeito da Virgem Santisslma. A esposa do poeta ilustrou o trabalho com suas aquarelas, que mostram grande delicadeza e finura. O livro, em seu conjunto,
é urna pequeña mostra de arte religiosa a cantar os louvores da Santa MSe de Dgus... e dos homens. Enquanto felicitamos os dois beneméritos autores, fazemos votos para que essa obra tenha ampia penetracSo em nosso público, que poderá fazer déla o objeto de interessante presente de Natal, de aniversario ou de formatura!
E. B.
— 539 —
PREZADO(A) LEITOR(A),
DESEJANDO-LHE FELIZ NATAL E PRÓSPERO 1978, A DIRECÁO DE PR AGRADECE O SEU INTERESSE POR NOSSA REVISTA, AO MESMO TEMPO
QUE ESPERA CONTINUAR A CONTAR COM A SUA VALIOSA COLABORACÁO. NAO LHE SERÁ ESTRANHO O AUMENTO NO PREQO PARA
DA ASSINATURA 1978 :
PASSARÁ
QUE PARA
SE
NOS
CR$
IMPÓE
100,00.
1977 MAJORAMOS O PREQO EM TERMOS
EM
INFE
RIORES AS NOSSAS NECESSIDADES. O AUMEN
TO QUE PROPOMOS, AÍNDA É MÓDICO DENTRO DO QUADRO GERAL DO CUSTO DE VIDA.
CERTOS DE QUE O(A) AMIGO(A) NOS COMPREENDERÁ, SUGERIMOS-LHE : 1)
ANTES,
RENOVÉ
POIS
A
SUA
ISTO
ASSINATURA
QUANTO
FACILITARA GRANDEMENTE
O TRABALHO DA NOSSA ADMINISTRACÁO. 2)
TORNE-SE
LIARES E AMIGOS
PRESENTE AOS
DURANTE
O
SEUS FAMI
ANO
INTEIRO,
DANDO-LHES, COMO PRESENTE DE NATAL, UMA ASSINATURA DE PR.
3)
COLABORE DA DIFUSÁO DE PR... QUEM
CONSEGUIR CINCO ASSINATURAS NOVAS, TERÁ DIREITA A SEXTA ASSINATURA GRATUITA. COMECE
DESDE
JA
A
SUA
CAMPANHA,
AJUDANDO-NOS A PROPAGAR A BOA LEITURA ! A DIREQÁO DE PR - 540 —
ÍNDICE
1977
ERGUNTE Responderemos CONFRONTO
ÍNDICE (Os
número?
á
1977
direita indicam respectivamente ano de edicáo e página)
fascículo,
A ABORTO: comercializacáo na Inglaterra
213/1977, p. 388.
ADOCÁO DE FILHOS E LEGISLADO SILEIEA "AMA E FAZE O QUE QUISERES":
tacóes abusivas
BRA-
interpre-
213/1977, p. 405.
207/1977, p. 116.
AMOR E SEXO
207/1977, p. 116.
ANTICRISTO NA BIBLIA
209/1977, p. 217.
APARigóES E MILAGRES NA TEOLOGÍA ..
210/1977, p. 261.
"APARICOES", livro de Erich von Daniken
210/1977, p. 256.
ABESC
213/1977, p. 408.
EM
ASSEMBLÉIA
B «BEBÉS PARA QUEIMAR", livro de LitchfieW e Kentish
213/1977, p. 377.
BESTA NO APOCALIPSE
209/1977, p. 220.
BIBLIA E HOMOSSEXUALISMO
207/1977, p. 111.
"BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE": comen
tario
BIO-EMPÓRIOS
OU
MERCADOS
DE
VIDA
216/1977, p. 520. 211/1977, p. 279.
c CARTA 77
211/1977, p. 303.
CASAMENTO: preparasSo
próxima
RELIGIOSO DE CATÓLICOS EM
CRISE CATÓLICOS
VORCIO
E
REGULAMENTAgAO
DO
DI
LEIRO
CONFISSAO
HUMANAS DAS
CONSUMISMO HOJE CONTESTACAO
CREDO
213/1977, p. 391.
214/1977, p. 429;
215/1977, p. 493.
"■CIENCIA CRISTA": s-eita e mensagem CIENCIAS
214/1977, p. 448.
E
E
ENSINO
CRIANCAS: EROTISMO
NA
necessária NA
VIDA
IGREJA
APOSTÓLICO:
205/1977, p. BRASI-
inspirado?
— 542 —
... DE
37.
208/1977, p. 175. 216/1977, p. 530. 200/11)77, p.
55.
208/1977, p. 164; p. 171;
214/1977, p. 415.
206/1977, p.
S2.
45
ÍNDICE DE 1977
■CREMACÁO CRISE,
DE
FATOR
CURANDEIROS CURAS
E
CADÁVERES DE
E
MUDANCA
DAS
A
IGREJA
215/1977, p. 468.
HOJE
216/1977, p. 513.
FILIPINAS
212/1977, p. 340.
"CURAS"
212/1977, p. 347.
D DESAPARECÍ MENTÓ DO PECADO SE GUNDO K. MENNINGER
205/1977, p.
DESPERTAR (PMC)
209/1977, p. 230.
DEUS
DE
SENSO
CRITICO
SEGUNDO "PERFECT
DIREITOS
HUMANOS
DISSIDENTES
CRISTAO
LIBERTY"
....
VIOLADOS
POLÍTICOS
NA
PSIQUIATRÍA
205/1977, p.
29.
205/1977, p.
,3;
211/1977, p. 303.
U.R.S.S.
E
DIVORCIO NO BRASIL: consecuencias canónicas —
16.
regulamentasáo
207/1977, p. 120.
214/1977, p. 429;
215/1977, p. 493.
E ECONOMÍA DA URSS SEGUNDO SAKHAROV EDUCACAO divorcio EL
PALMAR
PARA DE
EMOTIVIDADE DERNAS
E
O
AMOR:
TROYA RAZAO
E
-preventiva
do
VISOES
ÑAS
ENCONTRÓ DE EDUCADORES
209/1977, p. 197. 214/1977, p. 447. 208/1977, p. 153.
SEITAS (ABESC)
MO
210/1977, p. 243.
....
207/1977, p. 175.
ENSINO NO BRASIL E CIENCIAS HUMANAS
208/1977, p. 175.
ERA DA LUZ E JOHREI
208/1977, p. 147.
ERI-CH
210/1977, p. 259.
VON
DÁNIKEN, quem é?
ESCOLA CATÓLICA: documento de Roma
215/1977, p. 479.
ESPIRITISMO E VIDA POSTUMA
216/1977, p. 501.
ESSÉNIOS K JESÚS
206/1977, p.
ESTERILIZACAO HUMANA E CASAMENTO NA
.
INDIA
211/1977, p. 292.
EVANGELIZAgAO E ESCOLA CATÓLICA .... EVANGELHOS: estrutiua
— EXAMES
EXORCISMO genberg
NA
215/1977, p. 479. 206/1977, p.
veracidade
PSICOLÓGICOS
HOMEM
E
72.
214/1977, p. 450;
68;
210/1977, p. 264. DIREITOS
ALEMANHA:
caso
de
DO
Klin-
205/1977, p.
3.
207/1977, p. 125.
46
ÍNDICE DE 1977
F "FACE (A) HUMANA John Robinson FÉ
DE
DEUS",
NECESSARIA PARA DO MATRIMONIO
FRENESÍ DE GIOSA
VIDA
E
O
livro
de
SACRAMENTO
INDIFERENCA
RELI
210/1977, p. 269.
213/1977, p. 396. 206/1977, p.
55.
G "GRAgA livro
(A) LIBERTADORA de Leonardo Boff
GRUPOS DOS
RELIGIOSOS
NOS
NO
MUNDO",
KSTADOS
207/1977, p. 130.
UNI 206/1977, p.
07.
H HARE-KRSNA:
que
é?
HOMOSSEXUALISMO HINDUISMO
E
210/1977, p. 235. LEGALIZADO?
207/1977, p. 107.
HARE-KRSNA
210/1977, p. 236.
"HEXAÉMERON" E SENTIDO DO TRABALHO
212/1977, p. 323.
I IGREJA E
CREMACÁO DE -CADÁVERES
IGREJA
"IGREJAS"
E
"IGREJA (A) E O John McNeill
IGREJA
INDIFERENCA
INGLATERRA
E
E
NISMO
207/1977, p. 107.
208/1977, p. 143.
os porqués
OCIDENTAL
IRRESPONSABILIDADE
CADO
de
TECNOCRATA
ABORTO
"INTELLIGENTZÍA"
livro
JOHREI
RELIGIOSA:
INDUSTRIALIZACÁO
215/1977, p. 468. 208/1977, p. 173.
HOMOSSEXUAL",
MESSIÁNICA
...
E
COLETIVA
COMU E
PE
IRWIN, ASTRONAUTA RELIGIOSO
206/1977, p.
51.
236/1977, p.
55.
213/1977, p. 377.
209/1977, p. 200.
205/1977, p.
20.
215/1977, p. 460.
J JAPONESAS,
RELIGIOES:
"PERFECT
BERTY" IGREJA
SIÁNI'CA
LI-
MES-
SEICHO-NO-I6
— 544 —
205/1977, p.
27;
208/1977, p. 143;
211/1977, p. 314.
ÍNDICE DE 1977
47
JESÚS DOS 12 AOS 30 ANOS
206/1977, p.
61.
"JESÚS RESPONDE A UM PADRE", livio de Aldemar Ferrarri
206/1977, p.
77.
JOHREI: que é?
.208/1977, p. 143.
K KADAR, J.
KÜNG,
E PAULO
HANS:
VI
213/1977, p. 367.
"SER CRISTAO"
209/1977, p. 225.
L LAVAGEM DE CRANIO E MOONISMO
212/1977, p. 358.
LEFÉBVRE, D: desenrolar do caso e a TradicSo
214/1977, p. 415; 208/1977, p. 171.
LEÍ DO ABORTO NA INGLATERRA
213/1977, p. 378.
LITURGIA DE S. PIÓ V
208/1977, p. 167.
M MATRIMONIO CRISTÁO : no?5es básicas
213/1977, p. 392:
RELIGIOSO INVALIDO
214/1977, p. 442.
MEDITACAO E ASCESE ÑAS SEITAS ORIEN TÁIS MEIOS DE fluencia
COMUNICACAO
SOCIAL :
sua
in
210/1977, p. 247. 214/1977, p. 449.
MENNINGER K., E CONCEITO DE PECADO.
205/1977, p.
MERCADOS DE VIDA: que sao?
211/1977, p. 279.
"MEU PAÍS Sakharov
E
O
MUNDO",
livro
de
André
14.
210/1977, p. 263.
MILAGRES: canceituacáo teológica "MISSA DE S. PIÓ V" : que 6 ?
208/1977, p. 164.
MÍSTICA E ASTRONAUTAS
215/1977, p. 459.
MOONISMO:
oi-igens e expansáo
212/1977, p. 354.
MUDANCA : palavra-síntese de nossos tempos ..
216/1977, p. 506.
MULHERES E ORDENACAO SACERDOTAL ..
210/1977, p. 263.
209/1977, p. 202-
210/1977, p. 248.'
N NASCIMENTO VIRGINAL: falsas ¡nterpretacóes
206/1977, p. 81; 216/1977, p. 523.
NÚMERO 666 (Ap 13,18): interpretacoes
209/1977, p. 220.
textos bíblicos
— 545 —
ÍNDICE DE 1977
O OBEDIENCIA RELIGIOSA: opiniáo nova
212/1977, p. 337.
ORACÁO LITÚRGICA: opiniáo nova
212/1977, p. 336.
ORDENACÁO SACERDOTAL DE MULHERES: documento de Roma
209/1977, p. 202;
ORDENACÁO SACERDOTAL E ECUMENISMO
210/1977, p. 248.
DE
MULHERES
"OSTPOLITIK" DO VATICANO
213/1977, p. 367.
"O EXORCISTA", filme
209/1977, p. 223.
P PALMAR DE TROYA, EL
208/1977, p. 153.
PANTEÍSMO ÑAS CRENgAS HINDUÍSTAS PARADOXOS
DA VIDA MODERNA
PASTORAL DO MATRIMONIO E "PECADO Karl
..
(O)
DE
NOSSA
MENNINGER
84.
216/1977, p. 510.
DIVORCIO ..
ÉPOCA",
210/1977, p. 244;
20G/1977, p.
livro
de
214/1977, p. 443. 205/1977, p.
14.
"PERFECT LIBERTY": escola religiosa japonesa
205/1977, p.
27.
POBREZA RELIGIOSA : opinióes novas
212/1977, p. 334.
POLI-CÍA
U.R.S.S
209/1977, p. 194.
PRIVILEGIO PAULINO PETRINO
214/1977, p. 438; 214/1977, p. 439.
"PROFECÍA
209/1977,
NA
(A)", filme
PROFESSOR : missáo
208/1977, p. 176.
PROFESSORES
215/1977, p. 490.
DA ESCOLA CATÓLICA
PSICANALISE E DIREITOS HUMANOS
205/1977, p.
3.
PURGATORIO : falso conceito
206/1977, p.
83.
R REANIMACÁO
EM MEDICINA
211/1977, p. 279.
REENCARNACAO : discussúo da tese
210/1977, p. 244.
RENOVACÁO
206/1977, p. 87; 208/1977, p. 171.
DA
IGREJA : contestac.6es
REPOUSO DO 7? DÍA NA BIBLIA
212/1977, p. 327.
ROBINSON J.: "A FACE HUMANA DE DEUS" (livro)
210/1977, p. 269.
RÚSSIA COMUNISTA E DISSIDENTES TICOS
207/1977, p. 122.
POLÍ
RÚSSIA SOVIÉTICA SEGUNDO A. SAKHAROV
— 546 —
209/1977, p. 187.
ÍNDICE DE 1977
49
s SAKHAROV A. E CONTESTACAO NA RÚSSIA
209/1977, p. 187.
SECÜLARIZACAO E ESCOLA CATÓLICA
215/1977, p. 481.
SEGUNDA VINDA DE CRISTO: falsas profecías .
206/1977, p.
SEICHO-NO-IÉ : que é ?
211/1977, p. 314.
83.
SEITAS CONTEMPORÁNEAS: significado ....
207/1977, p.
SEMANA TEOLÓGICA NACIONAL VI
208/1977, p. 182.
Haré Krsna ...
95;
210/1977, p. 235.
"SER CRISTAO", livro de Hans Küng
209/1977, p. 225.
SEXO E AMOR
207/1977, p. 116.
SISTEMAS SOCIAIS E IMAGEM DO HOMEM.
216/1977, p. 508.
TÉCNICAS PSICANALÍTICAS
205/1977, p.
7.
TESTES PSICOLÓGICOS E DIREITOS NOS
HUMA
205/1977, p.
4.
TESTEMUNHO DE VIDA: resposta á indiferenca religiosa
206/1977, p.
59.
TRABALHO EM PERSPECTIVA BÍBLICA
212/1977, p. 323.
u URBANIZAQAO CRESCENTE
206/1977, p.
U.R.S.S. E CONTESTAgAO
209/1977, p. 187;
54.
207/1977, p. 122.
V VALORES E MUDANCA SOCIAL
216/1977, p. 506.
VASECTOMIA E CASAMENTO
214/1977, p. 450; 211/1977, p. 292.
VAZIO DA VIDA : fenómeno hodierno
206/1977, p.
"VIDA APÓS A VIDA", artigo de "Sele?óes" ....
216/1977, p. 501.
VIDA RELIGIOSA : tem futuro ?
212/1977, p. 329.
VISITA DE JANOS KADAR A PAULO VI ...
213/1977, p. 367.
VISÓES PARTICULARES: que pensar?
206/1977, p.
56.
78;
208/1977, p. 163; 214/1977, p. 425s.
VON
DANIKEN,
E. :
quem
é?
— 547 —
210/1977, p. 259.
50
ÍNDICE DE 1977
ED1TORIAIS A DESUMANIZAQAO DO HOMEM
213/1977, p. 365.
A IGREJA : SIM OU NAO ?
212/1977, p. 321.
ALELUIA EM 1977
209/1977, p. 185.
DIVERGENCIA ENTRE IRMAOS
208/1977, p. 141.
DIVORCIO E CIVILIZAQÁO
211/1977, p. 277.
HOMEM E MAQUINA
205/1977, p.
IR ATÉ O FIM
214/1977, p. 413.
"NO SILENCIO DA MINHÁ NOITE..."
210/1977, p. 233.
"PAI CELESTIAL, A GENTE SONHA...!" ....
206/1977, p.
"SE EXISTES, DA-ME A LUZ !"
215/1977, p. 457.
TEMPO E ETERNIDADE
216/1977, p. 501.
TEMPO OPORTUNO
207/1977, p.
LIVROS
1.
49.
93.
APRECIADOS
ANDRADE FILHO. José H. de — EDUCACÁO MORAL E CÍVICA, 19 grau
213/1977, 3^ capa
AUCLAIR, Marcelle EVANGELHO
214/1977, p. 456.
—
A
ALEGRÍA
PELO
BACIOOCHI. Joseph de — JESÚS CRISTO NOS
DEBATES DOS HOMENS
BENTON,
Teggic — UM HOMEM
CONTRA
212/1977, p. 364.
A
SECA
210/1977, 3? capa
BÜHLMANN. Walbnrt — O TERCEIRO MUNDO E A TERCEIRA IGREJA
214/1977, p. 454.
CHARPENTIER. Etienne — DOS EVANGELHOS AO EVANGELHO
213/1977, p. 412.
COSTA, Nazareth e Odylo Filho DE NOSSA SENHORA
—
A VIDA 216/1977, p. 539.
CÜENOT, Michel — ESCUTA MEU POVO
205/1977, p.
DATTLER. Frederico — O MISTERIO DE SA TANÁS. DIABO E INFERNO NA BIBLIA E NA LITERATURA UNIVERSAL
215/1977, p. 497.
— 548 —
46.
ÍNDICE DE 1977 DIVERSOS POVO
AUTORES
—
A
RELIGIAO
5Í DO
214/1977, p. 456.
DUMAS, Benoit A. — AS DUAS FACES DA IGREJA. ENSAIO DE TEOLOGÍA POLÍ TICA
211/1977, p. 319.
EQUIPE DIOCESANA DE CATEQUESE DE S. ANGELO (RS) — LIBERTAgAO-PASCOA. ROTEIRO CATEQUÉTICO
214/1977, p. 455.
FANTONI, Bruno — MAGIA E PARAPSICOLO GÍA
FOLLEREAU, Raoul — SE CRISTO AMANHA BATER A SUA PORTA; VOCÉ O RECONHECERA? GAUCHER, DE
Guy — A
PAIXAO
LISIEUX
DE
TERESA
213/1977, p. 411.
206/1977, 3? capa 216/1977, p. 539.
GORGULHO, G.S. e ANDERSON. Ana Flora — NAO TENHAM MEDO ! APOCALIPSE .
213/1977, p. 412.
GRASSO, Domenico CRISTO
210/1977, p. 276.
—
A
MENSAGEM
DE
GRÜNDEL. Johannes — OS DEZ MANDAMENTOS NA EDUCACAO PARA PAÍS E EDU CADORES
215/1977, 3? capa
GUZZO. Enzo Campos — PASTORAL UNIVERSI TARIA. UMA PROPOSTA 'CONCRETA
211/1977, 3? capa
HARING, B. — MEDICINA E MANIPULACAO .
215/1977, p. 498.
HOORNAERT. Eduardo e outros — HISTORIA DA IGREJA NO BRASIL
212/1977, 3? capa
INSTITUTO DIOCESANO DE ENSINO SUPE RIOR DE WÜRZBURG — TEOLOGÍA PARA O CRISTAO DE HOJE. Volume 4: IGREJA, MISTERIO DE SALVACAO
211/1977, p. 319.
JEREMÍAS, JESÚS
Joachim
20(1/1977, p.
LACERDA, AMOR
M.ilton
—
—
AS
OS
PARÁBOLAS
SETE
SINAIS
DE
DO
LACOMBE, Amórico Jacobina — PARA A HISTrtRTA DAS ORIGENS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA LUCCHESI.
Vitório
—
BEM-AVENTURADOS
OS PUROS DE 'CORACAO MARAN, Julio — FILOSOFÍA DO YOGA
MARTINS, Waldemar Valle — LIBERDADE DE
ENSINO
— 549 —
91.
207/1977, p. 140.
205/1977 p.
48.
213/1977, 39 capa 209/1977, p. 232.
208/1977, 3? capa
52
ÍNDICE DE 19T7
MENDONCA, Eduardo P. de — FILOSOFÍA DOS
ERROS
MONCHAUX,
Maria
Claudia — A
SOBRE OS BEBÉS
VERDADE
PFEIL, Hans — DEUS E O MUNDO TRÁGICO. PIAZZA, Waldomiro — RELIGIOES DA HUMA-
NIDADE
208/1977, 3? capa 206/1977, p.
92.
212/1977, p. 363.
216/1777, p. 537.
PORTO, Humberto — JUDEUS E CRISTAOS ...
208/1977, p. 184.
QUEIROGA, Gervasio Fernandes de — CNBB. COMUNHÁO E RESPONSABILIDADE ..
216/1977, p. 538.
RAVALICO, Domenico — A CRIAC.ÁO NAO É UM
MITO
214/1977, p. 435.
RIBEIRO Jr., Jorge Claudio — A VÉSPERA DO MILAGRE "
207/1977, p. 140.
ROCHA, Mateus - PROJETO DE VIDA RADICAL
210/1977, p. 274.
ROSAPE, David E. — ORACÁO DIARIA COM A BIBLIA
206/1977, p.
ROWLEY, H. H. PECTOS DO
— A FÉ EM ISRAEL. AS PENSAMENTO DO ANTIGO
TESTAMENTO
RUIJS, Raúl — A MESA DA PALAVRA. SUB SIDIOS PARA A PREGA
92.
209/1977, p. 232.
GIA. Ano A — TEMPO DO ADVENTO ....
215/1977, 3? capa
SCHEFFCZYK, Leo — O HOMEM MODERNO E A IMAGEM BÍBLICA DO HOMEM
208/1977, p. 184.
SCHMAUS, Michael —A FÉ DA IGREJA. Vol. II:
CRISTOLOGIA :
1. OS PRESSUPOSTOS ..
205/1977, p.
45.
STRIEDER, Inácio — DEUS SE ESCONDE NA VIDA.
TEMAS
ORIENTACAO
PARA
REFLEXAO
TEPE, Valfredo — O SENTIDO DA ASCESE CRISTA E PSICOLOGÍA
MICA.
E
VIDA. DINÁ
THYMA, Paúl — GUIA ILUSTRADO DA FECUNDIDADE PERIÓDICA FEMININA VANNUCCHI, Aldo — FILOSOFÍA E .CIENCIAS
HUMANAS
,
VILELA, Orlando — A VIOLENCIA NO MUNDO
ATUAL
VILLACA, Antonio
Carlos — O PENSAMENTO
CATÓLICO NO BRASIL
— 550 —
205/1977, p. 4747
216/1977, p. 538. 210/1977, 3? capa
211/1977, 3? capa
209/1977, 3? capa 207/1977, p. 140.
CARO
LEITOR,
COLABORE
COM
PANHA
NOVOS
DE
TES. ASSIM O
PR
VOCt
QUE
DE
QUE
MOVEM
O
CAM-
ASSINAN-
INCENTIVARÁ,
INTERCAMBIO
CÍENTE
NA
DE
SAO
IDÉIAS,
AS
MUNDO!
IDÉIAS
SEMEIA
SEMPRE
Urna voz — No grande Cosmos, tu és um semeador, tu és presenca e pessoa. Nao podes fugir á
responsabilidade de semear...
Nao digas : O solo é áspero... o sol quelma...
chove freqüentemente... a sementé nao serve...
Nao é lúa missáo julgar a térra, o teimpo e as coisas. TUA MISSÁO É SEMEAR.
19 Grupo — As sementes sao abundantes, e geimlnam fácilmente. 29 Grupo — Um pensamenlo, um gesto, um sorriso, urna promessa de alentó, um aperto de mao, um conselho amigo, um pcuco de agua...
19
como alquém que apenas se desincumbe de um Irabalho, ou cumpre urna simples oferta.
29 Grupo — Semeia com interesse, com amor, com atencSo, como quem enconlra nisso o motivo de sua felicidade!
Todos
— E, ao semear, nao penses : Quanto me daráo ? Úuanta será a colheila ?
Urna voz — Recorda que nao semeias para te enriquecer, aguardando
o
ganho multiplicado. Semeias porque nao podes viver sem dar, porque nao podes seivir a Dcus sem servir a tcdos os irmáos, os demais homens.
És dono de ti e da vida, quando trocas o teu pcuco com o outro.
Sem esperar recompensa, serás recompensado. Sem esperar riqueza, emiquecer-te-ás. Sem pensar na colheila, terás leus bens multiplicados. 1? Grupo — Porque semeias num Reino onde dar é receber, onde enhenar a vida é perd§-la paia ercontrá-la, onde gastar, servindo, é crescer, transformar.
2? Grupo — Semeia sempre, em ledo leneno, om todo lempo, a boa sementé, com amor, com carinho,
como se esllve:ses serrear.do sangue a regará.
o
próp:io
coracha;
o
Urna voz — Sai, Semeador, pa.te, prepara-te levando contigo tudo o que tens, e acolhe o cue o oulro te pode dar. Vigía
Tcdos
e vela.
— Lembra-le E,
de que o fruto é para paitlhar, a olóiia é para o Pal.
na slmpllcidade, dize : Ob;igado!
Sé, pote, um
semeador,
agora,
aqui, e já!