Ano Xix - No. 228 - Dezembro De 1978

  • Uploaded by: Apostolado Veritatis Splendor
  • 0
  • 0
  • April 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Ano Xix - No. 228 - Dezembro De 1978 as PDF for free.

More details

  • Words: 19,348
  • Pages: 66
Projeto PERGUNTE

E RESPONDEREMOS ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizacáo de

Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESEISTTAQÁO DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao

Pedro que devemos

estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta

necessidade

de

darmos

conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora,

visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenga católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e

Responderemos propóe aos seus leitores:

aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se ! dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus

abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual

conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

UBÜFENTC

Sumario pég.

CORAGEM E COERÉNCIA

493

Comentando urna noticia... A AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO HOJE

495

Abusos e mal-estar:

CRIATIVIDADE E ESPONTANEIDADE NA LITURGIA

508

Ecos de nossos tempos:

BIORRITMO : A NOVA CIENCIA ?

520

Na época das seltas:

MAIS UMA VEZ A SEITA DE MOON

531

LIVRO EM ESTANTE

540

ÍNDICE 1978

543

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

NO

PRÓXIMO

NÚMERO:

Teología da Libertacao. — Os Meninos de Deus aínda em foco. — Discos voadores e Ufologia : sim ou nao ?

X

«PERGUNTE Direyáo

E

RESPONDEREMOS»

e Redas&o de Estéváo

Bettencourt O.S.B.

Assinatura anual

Cr$

180,00

Número avulso de qualquer mes

Cr$

18,00

REDAQAO DE PB _ , _ . , _„.-

Calxa

Postal 2.0(10 ZC00

20.000 Rio de Janeiro

ADMINISTRADO I.ivraria Misslonítrla Editor*

(RJ)

Bua mxicOt 1G8.B (Cnstelo) 20.031 Rio de Janetro (RJ) Tel.:

2240059

CORAGEM E COERÉNCIA Quem acompanha as alocucóes do Papa Joáo Paulo II, descobre através das mesmas um fio condutor permanente:

a exortagao á coeréncia crista,... coeréncia que na prática é * inseparável de coragem e heroísmo. Trata-se de levar os prin cipios da fé até as últimas conseqüéncias, em meio a um mundo contraditório, cujos criterios sao muitas vezes o comodismo, o hedonismo (a procura do prazer) e a demanda do lucro financeiro. Eis um dos trechos mais- significativos de urna alocucáo proferida aos 15/11/78 pelo Pontífice em sete idiomas:

"O temor, com freqüéncia, arresta os que vlvem sob a ameaca, a opressSo, a perseguidlo. Resultam particularmente valiosos os homens que conseguem superar a chamada barreira do medo para prestar testemunho á verdade e á justlca".

Continuava o Pontífice lembrando que, para adquirir forga, o homem precisa de superar a si mesmo, correndo o risco de enfrentar urna situagáo desconhecida, conseqüéncias desagradáveis, insultos, perdas materiais, e até o cárcere e a perseguigáo. É isto que faz um herói. E acrescentou exemplos, «em geral pouco conhecidos, de virtude grande, freqüentemente

heroica» :

"Pensó numa mulher, máe de familia numerosa, que recebe múltiplos conselhos para p6r flm a urna nova vida concebida em seu ventre e que responde que a nova vida em seu ventre é demasiado grande, de valor demasiado sagrado, para que ela possa ceder a tais pressfies.

Outro exemplo: o de um homem a quem se promete a llberdade e urna carrelra fácil, sempre que claudique em seus principios ou aprove algo que vá contra a honradez dos demals. Ele também responde negativa mente apesar das ameacas de um lado e dos atrativos do outro... Tais homens podem encontrar-se freqüentemente nos campos de concentraQáo e nos centros de deportacfio" ("L'Osservatore Romano", ed. franc, 21/11/78).

O Papa Joáo Paulo n fala, certamente, a partir de sua experiencia própria, vivida em pais que pressiona os cristáos a apostatarem da fé em vista de pretensos beneficios materiais. Todavía as palavras do Pontífice tém alcance universal: pode-se dizer que urna das maiores lacunas de que se ressente a sociedade contemporánea, é a de pessoas coerentes e corajosas, que saibam sacrificar tudo para nao trair..., nao trair a Verdade e o Bem, nao trair o ideal que em juventude livremente tracaram o acariciaran!. Visto que a coragem para tanto é difícil e exigente, a maioria dos homens cede a meio-caminho, capitula perante os obstáculos ou os sacrificios e se torna «amorfa». Isto talvez nao espante muito, porque nao há radiografías do — 493 —

íntimo do ser humano. Em conseqüéncia, muitos morrem sem ter realizado o seu ideal ou sem ter desabrochado por completo as suas virtualidades, pois é mais fácil morrer subdesenvolvido (interiormente) do que levar os principios cristáos até as suas ultimas conseqüéncias.

A verificacáo deste quadro é triste... Lembra a figura do anáo. Este, sem culpa própria, nao chega 'a. sua plena estatura

física. O que nao o impede de ser urna personalidade plena

mente desenvolvida. Se poucos sao os anSes no plano físico, talvez se possa perguntar se nao sao numerosos os anóes no plano da personalidade ou, mais ainda, no plano da vida crista. Quantos conseguem chegar até o fim dos seus propósitos ?

Estas reflexóes se tornam, de modo particular, eloqüentes

dentro da moldura de um fim de ano. Todo olhar retrospectivo, espontáneo como é nesta época, suscita na criatura humana a impressio da insuficiencia, da pequenez, da lacuna... Pois bem; o cristáo reconhece sinceramente a sua realidade, sem a

procurar alterar ou embelezar artificialmente. Todavía a verificagáo do «déficit» nao o abate nem deprime, porque precisa mente o Natal é o sinal renovado de que Deus amou o homem antes que o homem O pudesse amar, e o amou na sua miseria para chamá-lo a urna vida nova, rica em valores, coerente até o extremo... Se nao conseguí isto até hoje, sou interpelado por novo chamamento da parte de Deus Pai, que, em penhor de melhores resultados, rae oferece o seu próprio Filho. Ele assumiu tudo que é nosso para dar-nos tudo o que é dele. Por isto o cristáo responde com Sao Joáo: «Cremos no amor que Deus tem para conosco» (Uo 4,16). E, porque cremos, dispo-. mo-nos a recomecar em novo ano, procurando mobilizar todas

as fibras do nosso ser para nao fraquejar á meia-estrada... «Ir até o fim, até as últimas conseqüéncias» é o lema de todo cristáo; na verdade, a vocacáo crista é vocagáo para o heroísmo e a magnanimidade, para a plenitude de tudo o que é belo

e nobre. Nada há de táo contrario ao espirito cristáo do que a mesquinhez, a pusilanimidade e a covardia !

Que a celebracáo do Natal avive nos eoracóes cristáos a consciéncia destas verdades e os leve a conceber o ideal da coragem, disposta a todo e qualquer sacrificio para nao trair, para nao quebrar!

Senhor, que quiseste imprimir em nossa argila a tua imagem e semelhanca, dá consistencia á tua obra e fortalece-nos com novo enxerto do Eterno e do Absoluto dentro das nossas realidades temporais e relativas ! E.B. — 494 —

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» Ano XIX — N' 228 — Dezembro de 1978

Comentando urna noticia...

a autenticidade do texto bíblico hoje Em símese: O JornalIsta Paulo Francls publlcou um artigo em "A Folha de Sao Paulo" de 8/08/78 em que diz que a abertura da Igreja efetuada pelos Papas Joao XXIII e Paulo VI levou os estudiosos a penetrar nos documentos básicos da Igreja (manuscritos do Novo Tes tamento), donde teráo deduzido as conclusdes mais revolucionarlas posslveis a respailo de Jesús Cristo e dos textos origináis dos Evangelhos e de SSo Paulo.

Ora esta asserc§o é de todo Infundada, revelando total ignorancia

do autor a propósito do assunto'. Os antfgos manuscritos do Novo Tes tamento nfio estáo encerrados no Vaticano, mas esparsos por bibliotecas

do mundo Inlelro, Inclusive em Moscou e

Lenlngrado.

Cal asslm por

Ierra toda a construcfio fllosóflco-religiosa de Paulo Francls. As páginas subseqüentes anallsam, tópico por tópico, os dlzeres do jornallsta ati nentes

ao

Novo

Testamento.

Comentario: O falecimento de dois Pontífices em meses

sucessivos deu ocasiáo a que a imprensa e a opiniáo pública dedicassem grande atencáo á vida da. Igreja dos nossos tempos. Os comentarios tecidos pelos repórteres e vaticanistas a respeito dos Cardeais papabili foram os mais estranhos e diversificados; nao faltou a consulta ao computador! Era evidente que os comentarios estavam interessados em sensacionalismo mais do que na difusáo da verdade pura e sim ples. Dentre as noticias mais falsas que nos chegaram, está um artigo assinado pelo jornalista Paulo Francis de Nova York e publicado no jornal «A Folha de Sao Paulo de 8/08/78 com o título «A espera de um sucessor de esquerda>. Dessa coluna de periódico, toda caracterizada por frases genéricas e infundadas, destacaremos um inciso, que, por suas

surpreendentes

afirmativas,

merece

especial

atencáo:

"Um dos resultados da abertura de JoSo XXIII e Paulo VI é pouquíssimo conhecido do grande público. O acesso de eruditos modernos aos textos básicos da Igreja, examinados científicamente, revela coisas

— 495 —

cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978 espantosas que estarreceriam os fiéis, se as conhecessem. Cito as menos indoloies: o prlmelro Evangelho de Sao Marcos fol escrito em 112 A. D. O aramalco de Marcos é de semlanalfabeto e aprésente urna versao total mente falsa da Palestina no tempo em que Jesús teria vivido (que ele descreve pastoral e idílica. Havia urna revolugao por semana). Sao Paulo apostólo, o verdadeiro fundador da Igreja, jamáis usa (nos origináis nao adulterados por diligentes monges da Idade Media) a palav.a 'Jesús'; lala de 'Cristo', 'Cnresto' no oiiginal, palavra vaga, 'o ungido' e, mais Interessante, exlstiam seguidores de 'Chresto' com o sobrenome de 'Chiesto' em Roma imperial, entre os escravos, antes do nascimento de Jesús Cristo. Nio irel adiante. Adiro á conspirado de silencio dos eruditos".

Examinemos de transcrito:

1.

perto os

principáis

tópicos

do

trecho

As pretensas descobertas

O articulista insinúa que a renovagáo da Igreja apregoada por Joáo XXIH e Paulo VI abriu aos eruditos os tex tos básicos da Igreja, levando aqueles a espantosas conclu-

sóes relativas á origem dos Evangelhos.

mente falso a mais de um título: 1)

Ora isto é total

O autor parece julgar que os mais antigos manuscri

tos dos Evangelhos e das' cartas de Sao Paulo estavam encer rados nos arquivos do Vaticano; urna vez propostos ao estudo dos eruditos, estes teriam chegado a teses totalmente diver sas daquelas que comumente se ensinavam sobre o surto e o conteúdo dos escritos do s Novo Testamento.

Ora, para que o leitor possa averiguar a inverdade destas suposigóes e afirmagóes, basta-lhe abrir qualquer manual (católico ou nao católico) de Introdugáo ao Novo Testamento.

Verificará que os manuscritos do Novo Testamento estáo esparsos por bibliotecas de diversas partes do mundo, só havendo um código, datado do século IV, no Vaticano. Tenha-se em vista a relagáo abaixo: a) Os papiros sao os mais antigos testemunhos do texto do Novó Testamento1. Acham-se assim distribuidos pelo mundo: 1 Sabemos que os autógrafos, tais como sairam das mSos dos escri tores sagrados (Mateus, Marcos, Paulo...), se perderam, dada a fragllidade do material utilizado. Todavia ficaram-nos copias antigás desses autógrafos, que

s&o os

papiros, os códices

uncíais

(escritos em carac

teres malúsculos sobre pergamlnho), os códices minúsculos (escritos tardíamente em caracteres minúsculos) e os Ieclonáilo9 (antologías de textos

para uso

litúrgico).

— 496 —

AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

Número do pap iro

Conteúdo ■ Lugar onde é guardado

Data1

(séc.)

P1

Evangelhos Philadelphia (U.S.A.)

m

P9

Evangelhos Florenga

VI

P8

Evangelhos Viéna (Austria)

P4

Evangelhos

París

m

Pl

Evangelhos

Londres

m



Evangelhos

Estrasburgo

IV



Atos

Berlim

IV

VI/VH

Em suma, existem 76 papiros do texto original do Novo

Testamento, dois quais nenhum é guardado no Vaticano. Acham-se ainda em Leningrado (p11, p8s), no Cairo (pIS, pie), em Oxford (p18), em Cambridge (p*7), em Heidelberg. (p40), em Nova York (p80, p80, p81), em Genova (p74, p74, p")... Desses papiros alguns datam de cerca do ano 200, o que é extremamente importante, desde que se leve em conta que o Evangelho de Sao Joáo foi escrito por volta do ano 100. Sao, por exemplo, do ano 200 aproximadamente o papiro 46 (Chester Beatty) guardado em Dublin, o papiro 64 (Oxford e Barcelona), o.papiro 66 (Bodmer n) guardado em Genova, o papiro 67, guardado em Barcelona.

b) Os códices uncíais sao verdadeiros livros de grande formato, escritos em caracteres maiúsculos (uncíais) 2. Eis urna amostragem de sua distribuicáo: Códice

Conteúdo

Aleph 01 (Sinaítico) A 02 (Alexandrino) em

Lugar onde é guardado

Data (séc.)

N.T.

Londres

IV

N.T.

Londres

V

i lndlca-se a data aproximada em que cada papiro teva orlgem ou que fol feila a copla do texto bíblico apresentado pelo papiro res

pectivo.

* Uncial vem de uncía, polegada (em latlm). A desIgnacSo supSe exageradamente que as letras de tais códices tinham' a dimens8o .de urna polegada.

— 497 —

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

B03 (Vaticano)1

N.T. (menos o Apocalipse)

C 04 (Efrém rescrito) N.T. D 05 (Beza)

IV

Paris

Evangelhos Atos

D 06 (Claromontano)

Roma

Paulo

V

Cambridge

VI

Paris

VI

Em suma, há mais de duzentos códices uncíais, espaIhados por Moscou (K 018; V 031, 036), Utrecht (F 09), Leningrado (P 025), Washington (W 032), Monte Athos (H 015, 044), Sao Galo (037)... Destes fatos deduz-se que a pesquisa e o estudo dos manuscritos do Novo Testamento nao dependem da abertura ou concessáo do Vaticano, mas sao algo que sempre se realizou independentemente de autorizagáo da Igreja Católica. Os manuscritos bíblicos sao patrimonio da humanidade; muitos foram outrora levados do Oriente, por estudiosos e outros

interessados, para bibliotecas de países ocidentais, onde se acham guardados até hoje. Vé-se, pois, que o jornalista

Paulo Francis nao tem fundamento para fazer as afirmagóes atrás mencionadas. A imagem que dos Evangelhos tém os exegetas, em nada foi modificada por pretensa franquía de arquivos do Vaticano.

2.

O Evangefho segundo' Marcos

O autor afirma:

«O primeiro Evangelho de Sao Marcos

foi escrito em 112 A. D.

O aramaico de Marcos é de semia-

nalfabeto».

Paulo Francis caiu em graves equívocos: a)

Sao

Marcos

nao

escreveu

em

aramaico,

mas

em

grego, muito provavelmente quando estava na cidade de Roma, após ter acompanhado Sao. Pedro em sua pregagáo. Eis o testemunho dado por Papias, bispo de Hierápolis, em cerca de 130: — 498 ~

AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO "Marcos,

intérprete

de

Pedro,

escreveu

com

exatldSo,

mas

sem

ordem, tudo aqullo que recordava das palavras e das acSes do Senhor. Nao tlnha ouvldo nem seguido o Senhor, mas... Pedro... Tinha so esta preocupadlo: nada negllgenclar de tudo o que ouvlra, e nao dlzer men tira"

(Apud

Eusóblo,

"Historia

Eccleslastlca"

III

39,15).

S. Ireneu (f 202 aproximadamente), bispo de Lááo (Gá-

lia), deixou-nos o seguinte depoimento:

"Mateus compós o Evangelho para os hebreus na lingua deles, enquanto Pedro e Paulo pregavam o Evangelho em Roma e (undavam a Igreja. Após a morte deles, Marcos, discípulo e Intérprete de Pedro, também nos transmltlu tudo o que fora objeto da pregafao de Pedro" ("Adversus haereses"

III

1,1).

Os mais antigos prólogos latinos dos manuscritos dos

Evangelhos, que datam provavelmente do secuto II, confirmam a noticia de Ireneu:

"Após a morte de Pedro, Marcos escreveu este Evangelho quando se encontrava na Italia" (cf. de Bruyne, "Les plus anclens prologues latins des Evanglles", em "Revue Bénédictine" 40, 1928, pp. 193-214)..

Está, pois, evidente que Paulo Francis confundiu Marcos com Mateus.

Este, sim,

(e nao Marcos)

escreveu em ara-

maico a primeira redagáo do seu Evangelho, como atestavam S. Ireneu, atrás citado, e Papias no texto abaixo: "Mateus, por sua parte, pos em ordem os logia (dlzeres) na lingua hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Apud Eusébio, "Historia Ecclesiastica" III 39,16).

O texto aramaico de S. Mateus deve ter sido escrito por volta do ano 50 (antes do de Marcos, portante!). Perdeu-se, porém, pois em 70 os judeus foram expulsos da Palestina e

o texto aramaico do Evangelho foi caindo em desuso. Ficou-nos, porém, urna tradugáo grega do mesmo, ampliada e retocada, que data de 80 aproximadamente. Em hipótese

nenhuma, porém, o texto de Mateus ou o de Marcos poderá ser atribuido ao ano de 112, como pretende Paulo Francis.

Sabe-se hoje que o último escrito do Novo Testamento, na ordem cronológica, é o Evangelho segundo Sao Joáo, que data do ano 100 aproximadamente. Esta tese foi brilhantemente confirmada quando em 1935 se encontrou no Egito um fragmento do texto de Sao Joáo (19,31-34.37-39). Este papiro deve datar de 130 mais ou menos. Isto quer dizer

que a redagáo do Evangelho terá ocorrido alguns decenios antes de 130, ou seja, em 100 mais ou menos. — 499 —

8

tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Nao há dúvida, o Evangelho segundo Marcos foi escrito

em linguagem grega simples e tosca. Quanto á noticia, trans mitida por Paulo Francis, de que na Palestina havia urna revolugáo por semana, é exagerada (como exagerada é a qualificacáo que o autor atribuí á linguagem de Marcos: seria de um «semianalfabeto»). Na verdade, o texto de Mar

cos nao excluí agitagóes políticas no tempo de Jesús, mas

simplesmente nao as refere, porque nao pretende ser urna historia da Palestina. Passemos agora a

3.

As caitas de Sao Paulo

1. O jornalista julga que os «origináis das cartas de Sao Paulo foram adulterados por diligentes monges da Idade

Média>...

O absurdo desta

afirmacáo se evidencia desde que se

tome em máos urna edigáo critica do Novo Testamento. Os paleógrafos e filólogos, cristáos e liberáis, tém-se dedicado ao estudo dos manuscritos do Novo Testamento ñas mais diversas partes do mundo; em conseqüéncia, tém publicado edigóes do Novo Testamento grego que procuram chegar a urna imagem táo fiel quanto possível dos autógrafos pauli nos; os resultados assim obtidos sao dignos de elogios. Tenha-se em vista, entre todas, a edi;áo intitulada «The Greek New Testament» aos cuidados de Kurt Aland, Matthew Black, Cario M. Martini, Bruce M. Mezger e Alien Wikgren, em colaboragáo com o «Institute for New Testament Textual Reseach», sob o patrocinio de «United Bible Societies». Este texto foi publicado simultáneamente em Nova Iorque, Lon dres, Edimburgo, Amsterdam e Stuttgart. Ora nenhum cri tico conhece as mencionadas «adulteragóes do texto devidas a diligentes monges da Idade Media» (donde terá Paulo Fran cis haurido tal noticia?). É, antes, na base dos mais antigos códices que se edita hoje o texto grego das cartas paulinas,

sem hesitagóes sobre a autenticidade global de tal texto.

2. Sao Paulo nao foi o fundador da Igreja ou do Cris tianismo, mas foi, sim, o apostólo dos gentíos, ou seja, o portador da Boa Nova aos povos nao judeus. Foi ele quem

tornou clara a tese de que a Leí de Moisés era um pedagogo que encerrara a sua missáo logo que Cristo viera; por con— 500 —

AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

seguinte, os gentíos nao estariam obrigados á circuncisáo e as práticas rituais da Torah (cf. Gl 3,23-29). — Esta atitude de Sao Paulo nao habilita o estudioso a dizer que Sao Paulo foi «o verdadeiro fundador da Igreja». 3. Quanto ao nome de Jesús, ocorre simplesmente sem o aposto «Senhor» ou «Cristo» urna dezena de vezes ñas car tas paulinas, conforme os melhores manuscritos. Assim, por exemplo, em

lTs 4,14: «Jesús morto e ressuscitado»;

Gl 6,16-17: «Os estigmas de Jesús»; 2Cor 4,10: «.. .tragos da morte de Jesús»;

2Cor 4,5: «... vossos servos por causa de Jesús»; 2Cor 11,4: «Se alguém vos daquele que vos pregamos...»;

prega

um

Jesús diferente

Ef 4,21: «... a verdade em Jesús»; ICor 12,3: «Ninguém pode dizer 'Jesús é Senhor' a nao ser no Espirito Santo». Quanto as expressóes «Senhor Jesús» ou «Jesús Cristo», sao assaz freqüentes no epistolario paulino, como se depreende de urna leitura sumaria do mesmo.

4. Paulo Francis .diz que, «antes do nascimento de Cristo, existiam seguidores de Chresto... em Roma imperial, entre os escravos».

Eis outra noticia que nao se encontra nos auténticos documentos dos historiadores romanos (Suetónio, Tácito...) e que resulta de outra confusáo. Com efeito. Suetónio, por volta de 120, relatava em sua biografía de Claudio que o Imperador «expulsara de Roma os judeus, que se achavam em constantes agitacóes por causa

de Chresto» («Vita Claudii» XXV). Neste texto, a palavra «Chresto» equivale ao vocábulo grego «Christós», que corres ponde ao hebraico «Messias». Suetónio assim alude aos tu multos que ocorriam entre judeus e judeo-cristáos a respeito de Cristo em Roma (Trastevere). Havia, pois, seguidores de Jesús em Roma, na classe dos escravos (os judeus em Roma eram antigos escravos levados para aquela cidade por Pom pea em 63 a. C). Todavia esses seguidores de Chresto eram posteriores a Jesús Cristo (e nao anteriores, como supóe — 501 —

10

¿perguntc a responderemos» 228/1978

Paulo Francis); na verdade, o Imperador Claudio reinou de 41 a 54 d. C. e realizou o referido ato de expulsáo em 49 d. C. (cf. At 18,2). Interessa-nos agora dizer algo sobre a transmissáo do texto original do Novo Testamento até nossos días.

4.

A transmissáo do texto ido N. T.

através dos sáculos A crítica bíblica hoje em dia nao questiona a autenticidade do texto do Novo Testamento comumente divulgado. Nao há dúvida de que se tem, através do confronto de ma nuscritos antigos, o texto mesmo que os Apostólos escreveram em sua substancia. É o que havemos de averiguar a seguir. 4.1.

As testemunhas do texto original

Verdade é que os autógrafos, escritos no século I, se perderam, visto que eram escritos em material frágil. Toda vía há copias desses documentos a partir do século II, como é o caso do fragmento papiráceo de Jo 19,31-34.37-39, que se encontra na Biblioteca Rylands de Manchester (Ingla terra) sob a sigla P. Kyl. Gk. 437. Dutros papiros datam do séc. III, como sao os da colecáo Chester Beatty, restos de

doze códices, que contém os livros sapienciais e proféticos do Antigo Testamento e o Novo Testamento inteiro. Os papiros da colegáo de Bodmer, referentes ao Novo Testamento e aos apócrifos, sao dos séculos II e III. Em suma, conhecem-se

hoje cerca de 5.236 manuscritos do texto original grego do Novo Testamento, assim distribuidos:

Papiros

81

Códices maiúsculos

266

Códices minúsculos

2.754

Lecionários

2.135

Notemos que os códices maiúsculos sao geralmente mais antigos do que os minúsculos. Quanto aos lecionários, sao — 502 —

AUTENTIC1DADE DO TEXTO BÍBLICO

11

coletáneas de textos bíblicos destinados á leitura na Sagrada Liturgia.

Quem compara esse tipo de testemunhas do texto original do Novo Testamento com o das obras dos clássicos latinos e gregos, verifica como realmente é privilegiada a documentagáo hoje existente para se reconstituir a face auténtica do Novo Testamento. Eis alguns dados a propósito:

Época

Escritor

do escritor

Intervalo entre o escritor e a

primeira copia de

Virgilio

19

a.C.

350

anos

Tito Lívio

17

d.C.

500

anos

8

a.C.

900

anos

Julio César

44

a.C.

900

anos

Cornélio Nepos

32

a.C.

1.200

anos

Platáo

347

a.C.

• 1.300

anos

Tucídides

395

a.C.

1.300

anos

Eurípides

407/6 a.C.

1.600

anos

Horacio

Em síntese, o número de testemunhas do texto grego do Novo Testamento (mais de 5.200!) e a proximidade das

mesmas em relagáo aos autógrafos sao algo de inédito na

transmissáo de textos antigos, máxime se se leva em conta a precaria transmissáo dos escritos dos clássicos gregos e

latinos.

Perguntar-se-á, porém: os copistas nao introduziram fa inas decisivas no texto do Novo Testamento tantas e tantas vezes copiado á máo? — É o que examinaremos. 4.2.

Nao

E as variantes?



dúvida,

numerosas sao

as variantes do texto

grego do Novo Testamento, as quais se devem a erros de copistas, tentativas, da parte destes, de corrigir o texto origi nal que lhes parecesse obscuro, interferencia de hereges dese— 503 —

V2 _

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

josos de adaptar o texto as suas conceptees, deterioragáo de manuscritos, etc.

Contam-se mesmo cerca de 200.000 variantes do texto grego do Novo Testamento. Todavía pode-se dizer que 7/8 deste sao criticamente seguros; na oitava parte restante, as variantes consistem em diferencas de ortografía, diferengas gramaticais, diferencas na ordem das palavras, troca de par tículas, omissáo ou colocagáo de artigo...

Assim, por exemplo, em At 5,32, encontram-se as seguintes variantes:

«Nos somos testemunhas.. .> «Somos testemunhas...» «Testemunhas somos...» «Somos dele testemunhas...» «Nele somos testemunhas...»

Em Le 13,27 tem-se:

ou ou ou ou

«E falará dizendo-vos...» «E falará dizendo...» «E falará: 'Digo-vos...' > «E falará: 'Em verdade, digo-vos...'» «Falará a vos...»

Em ICor 12,9 acha-se:

ou ou

«Em um so Espirito...» «No mesmo Espirito...» «No Espirito...»

Em Ap 5,1 lé-se:

ou ou ou

«Livro «Livro «Livro «Livro

escrito escrito escrito escrito

por por por por

dentro e por fora» fora e por dentro» dentro e na frente» dentro, por fora e ina frente».

— 504

_

_

AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

13

As variantes mencionadas, como se vé, nao alteram pro-

priamente o sentido do texto. Há, porém, 200 variantes do Novo Testamento que chegam a alterar o sentido, nao, po rém, em materia de fé.

Eis alguns exemplos:

Rm 12,11: «Servi ao Senhor (kyriou)» ou «Servi ao tempo (kairooi)» lOor 2,1:

«Anuncio-vos o misterio (mysteriou) de Deus» ou «Anuncio-vos o testemunho (martyrion) de Deus»

At 12,25: ou ou ou ou

«Barnabé e Paulo voltaram para Jerusalém» «... voltaram de Jerusalém» «... voltaram para Antioquia» «... voltaram de Jerusalém para Antioquia» «... voltaram para Jerusalém e para Antioquia».

Apenas quinze variantes tém certa importancia para a doutrina da fé.

IGor 15,51:

Eis as principáis:

«Nem todos morreremos, mos transformados»

mas todos sere

ou «Todos morreremos, mas nem todos sere mos transformados»

ou «Ressuscitaremos, mas nem todos seremos transformados». Em tais casos, deve-se procurar ponderar a autoridade e credibilidade dos códices e autores que atestam cada variante, e seguir aquela que mais abalizada parega. No caso, é inegavelmente a primeira que merece a preferencia; as outras se explicam pelo fato de que os copistas verificavam que todos os homens morrem, mas nem todos parecem ter levado vida reta e digna, merecedora de glorificacáo final. Sao

Paulo tinha em vista os que estiverem vivos no dia da segunda vinda de Cristo (ele e muitos de seus leitores julgavam que a presenciariam, sem passar pela morte). Mais: quando o Apostólo fala dos novíssimos, só costuma considerar a sorte dos bons ou a glorificacáo eterna. — Sao estes ele mentos que explicam tenha o Apostólo escrito como refere a primeira variante atrás mencionada. — 505 —

14

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Me 1,1:

Deus».

«Inicio do Evangelho de Jesús Cristo, Filho de

Há códices que omitem o aposto «Filho de Deus». A edicáo de Kurt Aland a insere entre colchetes. Está fun dada em bons manuscritos, e costuma ser aceita pelos edi tores do Novo Testamento.

Mt 1,16: «... José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesús, que é chamado Cristo» ou «José, ao qual estava esposada a Virgem Maria, gerou Jesús, que é chamado Cristo».

Na yerdade, a primeira variante é incomparavelmente mais sólida e fidedigna do que a outra. Em conseqüéncia, nenhuma edigáo do Novo Testamento (mesmo as .protestan

tes)

refere a segunda variante ácima.

Le 22,19b-20: «... que é entregue por vos. Fazei isto em memoria de mim. Da mesma maneira, tomou o cálice depois que ceou, dizendo: 'Este cálice é a nova alianca em meu sangue, o qual é derramado por vos'».

Alguns códices omitem estes

dizeres,

porque parecem

duplicar a noticia da entrega do cálice aos discípulos; cf. Le 22,17: «Tomando o cálice, deu gracas e disse: 'Tomai-o e distribui-o entre vos' ». Todavia esta primeira entrega do

cálice corresponde a um dos cálices rituais da ceia pascal, que Jesús quis celebrar de acordó com os costumes do seu povo; nao se tratava do cálice eucarístico, que realmente só ocorre em 22, 20, quando o Senhor menciona o seu sangue

e a nova alianca. De resto, os manuscritos abonam os ver sos 19b-20 sem deixar margem a hesitacáo. O motivo poi

que alguns copistas eliminaram tais versículos, deve ter sido, ao menos em parte, o uso litúrgico, que só conhece um cálice na ceia eucarística (os copistas omitiram entáo, erróneamente,

a mengáo

do segundo cálice, que é

precisamente o

cálice

eucarístico). Le 22,43s: «Apareceu-lhe um anjo do céu reconfortando-o. E, entrando em agonía, orou com mais instancia. E o o seu suor se tornou como gotas de sangue que corría por térra».

Este texto foi muito controvertido entre os escritores e copistas dos primeiros sáculos, pois tanto acentúa a humanidade de Cristo que parece reduzir Jesús a mero homem. — 506 —

+

AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

15

Todavía há bom fundamento na tradigáo dos manuscritos e dos antigos escritores para guardar-se a autenticidade desses

versículos, que parecem ter sido omitidos por copistas desejosos de tirar argumento aos que pretendiam negar a Divindade de Jesús baseados em tal passagem do Evangelho. Na

verdade, os dizeres em foco nao depóem contra a Divindade de Cristo, mas evidenciam que o Filho de Deus quis em tudo assumir a condigáo humana, com todos os seus afetos naturais e sadios, ficando apenas imune de pecado.

Jo 1,18:

«O Unigénito Deus, que está no seio do Pal»

revelou-0 (= revelou Deus Pai)».

Alguns códices omitem «Deus» após «Unigénito». Multo. mais abalizada, porém,.é a variante «Unigénito Deus». Os outros casos de textos cujas variantes tenham signi ficado teológico, sao muito menos significativos.

Vé-se, pois, que somente quem nao conhece o assunto pode escrever frases do teor daquelas oriundas da pena do jornalista Paulo Francis. Nenhum estudioso abalizado levaría a serio o que disse Francis... Por conseguinte, nem o grande público lhe há de atribuir importancia! *

Bibliografía:

Kurt Aland e outros, The Greek New Testament

JosQf Scharbert, O mundo da Biblia.

Petrópolla 1965.

Domenlco Grasso, O problema de Críalo,

R. Schnackonburg e Petrópolls 1973.

Fr. J.

Stuttgart 1968.

Schlorse,

sao Paulo 1967.

Quem fol

Jesús

Luden Cerfaux, Cristo na teología de Sfio Pauto. Vlttorlo Messorl, Hipóteses sobre Jesús.

Os

T. Ballarfnl, St. Vlrgulln e St. Evangelhos. Petrópolls 1972. Frederlco Dattler,

Eu Paulo.

Sfio Paulo

de

SSo Paulo 1977. 1978.

Lyonnet, Introducto á Biblia,

Petrópolls

— 507 —

1974.

Nazaré?

vol.

IV:

Abusos e mal-estar:

criatividade e espontaneidade na liturgia

Em ahítese:

VSo,

a seguir, transcritas

em

portugués

de

dividir os

páginas

da

autoría de Max Thurian, monge da comunidade de Taizé, a respeito dos abusos que se vém registrando ñas celebracóes litúrgicas. Tais páginas tiveram a cháncela e aprovacao da próprla Santa Sé. Mostram que já exlstem nos ritos litúrgicos momentos previstos para que o celebrante possa apresentar seus comentarlos próprlos e asslm dar sentido atual e concreto aos textos e ás func0e3 litúrgicas. Qualquer Inovagao ou producáo própiia de um sacerdote ou de urna assemblóla que retoque os dizeres e os gestos da Liturgia, em vez de edificar pode manifestar sub

jetivismo

e individualismo;

assembléla,

além

de

acarreta o

por em risco

perigo

a ortodoxia

da

doutrlna

fiéis

ou a

transmitida.

A Liturgia sempre foi considerada poderoso velculo tanto da reta fé como das hereslas; daí o empenho antigo e recente da S. Igreja por que nño se Improvisem textos litúrgicos, mas so se adotem os que tenham sido previamente aprovados por quem de direlto.

O autor observa que nem no protestantismo a criatividade subjatlva tomou alguma vez o vulto que ela tem tomado no catolicismo; pergunta outrosslm se o gosto da mudanca pela mudanca nSo se deve, em parte, á influencia da sociedade de consumo na qual estamos todos Imersos. Por flm, o autor lembra que qualquer mudanca exterior que nao seja acompanhada de convetsáo interior, é inútil; cuidem os iiturgos da renovacfio dos corajes e encontraráo ñas fórmulas oficiáis da Li turgia o que nio enconirariam em textos extra-oficlais.

Comentario:

Varios leitores tém pedido a PR publique

algo sobre os freqüentes abusos cometidos na celebragáo da

S. Liturgia: improvisagóes, modificagóes, interpolagóes nos textos e ñas cerimónias litúrgicas tém-se tornado motivo de perplexidade para nao poucos fiéis, que desejam participar

auténticamente das celebragóes da fé.

Conscientes da importancia do problema, apresentamos, seguidas de comentarios, as valiosas ponderales que a res peito foram teadas peio Ir. Max Thurian. Este monge da comunidade de Taizé, embora protestante, revela lúcida compreensáo da questáo e oferece aos fiéis católicos pontos de reflexáo de grande sabedoria... AS. Congregagáo para o Cuito Divino em Roma houve por bem publicar tal texto em — 508 —

CRIATIVIDAPE NA LITURGIA

17

seu periódico «Notitiae» de abril 1978 — o que bem demons

tra quanto Max Thurian está identificado com os pontos de vista da Santa Sé. De resto, o texto que, a seguir, é oferecido aos nossos leitores, faz parte do capitulo «Le sacrifice eucharistique» do livro de Max Thurian intitulado «Tradition et renouveau dans l'Esprit» (Tradigio e renovacáo no Espi rito), edicáo de «Presses de Taizé» 1977.

O leitor terá prazer em observar a clareza, a precisáo e a ortodoxia com as quais Max Thurian delineia a questáo e propóe solugóes á mesma.

I.

CRIATIVIDADE E ESPONTANEIDADE

1.

O gosto pelas mudan$as

«É surpreendente a necessidade de criatividade e espontaneidade existente na Igreja Católica Romana de nossos dias. Com efeito, durante muitos séculos, por exemplo, a Liturgia romana utilizou apenas urna oracáo eucaristica, dotada de . quinze prefacios próprios. De alguns anos paraca, aos sacer dotes é facultado escolher entre quatro cánonesl, e o Missal contém oitenta e dois magníficos prefacios, sem contar as inúmeras fórmulas de oragóes próprias, as* mui variadas leituras, as Missas votivas ou rituais. Dir-se-ia que essa imensa riqueza de textos adaptados a todas as circunstancias, em vez

de satisfazer as necessidades diversas, contribuí aínda maís para excitar o gosto da mudanga pela mudanca, doenga de nosso tempo. Neste ponto também estaríamos sendo vítimas da sociedade de consumo?

2.

Críativktode: excessos e límites

Procuremos definir e delimitar essa necessidade litúrgica moderna. Se compreendo bem, alguns gostariam de que se outorgue a cada presbítero a possibilidade de criar de ante-

máo ou mesmo de improvisar na hora prefacios, preces, ora

góes eucarísticas;

desejariam

lOragáo Eucarlstlca, canon ou

mesmo anáfora

que

se concedesse

(elevacSo)

é

a

parte

a

cen

tral da Mlssa. Canon vem do grego e significa regra; é a parte norma tiva, obrlgatóiia de cada celebracio; sem canon ou oracfio eucaristica nSo



celebracSo eucarfstlca.

— 509 —

18

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

faculdade de substituir as leituras bíblicas por textos de auto res modernos ou até por artigos de jomáis... O protestan tismo mais liberal nunca foi táo excessiyo. Felizmente nem todos os profetas da criatividade gam a tal ponto! Alguns aspirariam a poder deixar a Litur gia oficial, vez por outra, a fim de usar textos mais atuais. e mais significativos para o homem de hoje. Nao se contentam com os momentos previstos pela Liturgia para que o cele brante faca suas intervengóes e atualizagóes legítimas, se gundo a carta 'Eucharistiae participationem' da Congregagáp para o Culto Divino datada de 27 de abril de 1973: introdugáo á celebragáo, admoestacáo ao ato penitencial, introdugáo as leituras, homilía, oragáo dos fiéis, introdugáo á prece eucaristica antes do prefacio, exortacáo ao Pal Nosso, conclusáo da Missa. Segundo a disciplina da Igreja, há portanto oito mo mentos da Liturgia Euoarística em que se admitem criativi

dade e palavras de atualizagáo.

Isto já me parece muito im

portante. Que se poderia desejar mais, sem chegar a urna tagarelice fastidiosa e cansativa? Da minha parte, estou certa

de que muitos fiéis prefeririam mais longos momentos de silencio, em que teriam a possibilidade de criatividade inte rior, em na hora que nao cima do

lugar de constantes exortagóes, oragóes fabricadas e difíceis de ser compreendidas, homilías-discursos acabam mais e que lembram um aviáo a girar por nevoeiro á procura de um lugar para aterrissar!

Os cristáos de hoje tém sede de oragáo sobria e de contemplagáo auténtica; a Liturgia simples proposta pela Igreja, cercada de silencio, vai-lhes oferecer algo de muito melhor do que todas as produgóes clericais de celebrantes individua

listas, mais ciosos áe exprimir suas idéias do que de ajudar

seus irmáos ressuscitado.

3.

a

contemplar a face

do Cristo crucificado e

Textos fixos e odmoestasoes lívres

Falemos agora nao mais dos momentos da Liturgia em que a disciplina permite a criatividade, mas daqueles em que o sacerdote deve utilizar os textos propostos: as oragóes, o prefacio, as preces eucarísticas, por exemplo. Para que alguém possa criar nesses setores, necessita de urna formagáo — 510 —

CRIATIVIDADE NA LITURGIA

19

teológica e litúrgica muito segura. Com efeito, tais oracóes comportam urna estrutura precisa e transmiten! urna doutrina que nao se pode inventar de maneira individualista. Tomemos, por exemplo, a oracáo eucaristica: ela obedece

a um estilo e se constrói sobre um modelo necessário á fé

eucaristica; dai se segué que nao podemos criar muito mais formularios do que aqueles que temos atualmente. É mister que seja urna prece de agáo de gracas no estilo da berakah judaica, a qual é um louvor por todas as maravilhas de Deus:

quem poderia criar algo melhor do que os oitenta e dois prefacios atuais? A epiclese consecratória nao pode variar muito.

As palavras da instituigáo eucaristica devem ser sem-

pre

mesmas

as

ou

quase

proferidas de memoria.

as

do misterio de Jesús Cristo.

Igreja

ao

mesmas para

que

possam

ser

A anamnese cita os acontecimentos

único sacrificio

A oblagáo une a oferenda da

do Salvador,

apresentado

como

memorial. A epiclese sobre a Igreja se continua ñas interces-

sóes que terminam com a doxologia final. Esta estrutura necessária limita naturalmente os formularios1.

A criatividade no tocante as oracóes, aos prefacios e aos cánones só poderá ser da competencia de presbíteros muito bem formados. Por conseguinte, apenas um pequeño número de especialistas teria o dom de produzir tais formularios. Haveria entáo urna élite de liturgós. E os outros, todos os i O autor se refere ás diversas partes que compOem o canon ou a

anáfora ou oracáo eucarfstica.

Esta compreende:

— duas eplcleses ou InvocacGes do Espirito Santo: uma sobre as oferendas de pao e vinho antes da consagracfio eucarfstica (pede-se que o Espirito faca -desses elementos o corpo e o sangue de Jesús); a outra

(posterior ¿ consagrado)

mals vivificada pelo teor

sobre a Igreja,

para que seja mals e

Espirito;

—as palavras da instltuicfio eucarfstica pronunciadas por Jesús, cujo essenclal é: "Isto ó meu corpo", "isto é meu sangue";

— a anamnese ou memoria, recordacSo. dos grandes feltos saivf(icos de Cristo: paixfio, morte, • ressurrelcño e ascensao. Esses feltos sSo tornados presentes sacramentalmente mediante a celebracfio eucarfstica; — a doxologia final ou glorlficacáo do Pai, do Filho e do Espirito

Santo, que encerra a grande prece eucarfstica.

Desde que se tem conhecimento de anáforas eucarfstlcas (séc. III aproximadamente), tais elementos af aparecem, via de regra, como flxos óu constantes. Por Isto qualquer. nova anáfora a ser criada hoje deveria comportar os mesmo's elementos.

— 511 —

20

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 228/1978

outros?... Seria necessário que se contentassem com os textos oficiáis. Estes, portante, ficariam sendo a solugáo po bre para quem nao tivesse o dom da criatividade e da espontaneidade. Estranha concepgáo da Liturgia da Igreja! Caso nao quiséssemos aceitar tal concepgáo, diríamos que todos os sacerdotes, bem ou mal, tém o direito de criar as suas pre ces para adapta-las tas suas comunidades — o' que acarretaria a degradagáo da Liturgia; esta se tornaría urna tagarelice piedosa

sem solidez doutrinária e sem valor universal.

4.

As características da Liturgia

Urna das fungóes essenciais da Liturgia é a construgáo da comunidade crista como Igreja Corpo de Cristo. A Liturgia tem urna fungáo formadora.

Mediante a Li

turgia, a Igreja transmite o Evangelho do Cristo com toda a sua riqueza e sua diversidade. A Liturgia é urna das formas da Tradigáo viva, pela qual a palavra de Deus é comunicada aos homens para transformá-los. A criatividade individual limita forgosamente a doutrina a alguns temas caros ao 'criador litúrgico'. Determinado sacerdote, por exemplo, dirá 'libertagáo' sempre que encontrar os vocábulos 'salvagáo' ou 'redengáo'; esta troca poderá ser aceita desde que o sacerdote nao tencione assim limitar a obra de Deus aos termos do bem-estar terrestre dos homens. Outro presbítero evitará 'os anjos' ou 'a gloria' de Deus, para falar quase exclusivamente da 'pobreza' e da 'fraqueza' do Filho do homem, ... Filho

do homem que ele chamará 'nosso irmáo' de preferencia a 'nosso Senhor'. Poderíamos continuar a lista de exemplos. Quem nao percebe nisso tudo um empobrecimento da mensagem bíblica?

A Liturgia tem urna fungáo comunitaria: é a agáo de um povo. Os textos, amadurecidos pela experiencia da Igreja inteira, alimentada pela palavra de Deus através dos sáculos, sao portadores de seiva vivificante apta a fazer crescer a

comunidade crista.

A Liturgia vem a ser urna experiénci i

única de oragáo contemplativa do povo de Deus, da qual ni:.guém tem o direito de privar os membros da Igreja. A cria tividade pessoal de um celebrante é, por vezes, a maneira de subtrair aos fiéis urna heranga á qual eles tém direito por

que é a da sua familia, a Igreja universal, a comunháo dos santos. Os problemas de criatividade litúrgica sao, muitas — 512 —

CRIATIVIDADE NA LITURGIA

'

21

vezes, do interesse de alguns celebrantes e nao corresponden! a urna necessidade da comunidade. Existe mesmo urna espe

cie de clericalismo na liberdade que alguns celebrantes átribuem a si mesmos no tocante á Liturgia do Povo de Deus. Muitos cristáos poderiam dizer: 'Essas questóes de Liturgia nao nos interessam; sao problemas dos sacerdotes. O que nos queremos, é participar de urna oragáo auténticamente vivida por urna comunidade e um sacerdote que tenham fé no que dizem e que manifestem essa fé'. O respeito ao Povo de

Deus implica que lhe transmitamos a experiencia sempre viva dos santos que viveram na amizade do Cristo, heranca esta

á qual o Povo tém direito e que o fará viver muito mais auténticamente do que as experiencias pessoais deste ou da-

quele sacerdote.

A Liturgia tem um caráter contemplativo. Ela orienta o olhar e o coragáo para a face do Cristo; ela tenta antes descrever e representar do que explicar ou raciocinar. Ora as experiencias de criatividade sao, geralmente, didáticas; um sacerdote, julgando que determinada oragáo é demasiado po bre de conteúdo, resolve enxertar-lhe consideragóes explica tivas e didáticas. Entáo a oragáo, em vez de reunir a comu

nidade orientando-a para a contemplagáo de Deus, propóe urna reflexáo mais ou menos bem construida, que faz o fiel voltar-se para si mesmo em vez de abri-lo para a transcen

dencia.

O protestantismo liberal viu florescer (se se pode

dizer!) essas oragóes didáticas e moralizantes em que os fiéis

falavam mais aos homens e a si mesmos do que a Deus. As

vezes ouvi oragóes que* se seguiam á homilía e ñas quais tudo o que já fora dito, era repetido em outro estilo. Tinha-se a impressáo de- que a pregagáo devia ser reiterada sob forma de prece, que era chamada (com acertó, infelizmente!) 'ora cáo de abundancia'. Inútil dizer que essas oragóes tidas como espontáneas exprimiam mais as opinides teológicas, polí ticas ou sociais do pastor do que transmitían! a substancia do Evangelho. Em vez de orar, os fiéis ouviam essas elevagóes espirituais perguntando a si mesmos que tendencias elas exprimiam.

. A Liturgia tem um caráter universal. É a oracáo cató lica por excelencia. O fato de que os fiéis adaptem seu espi

rito e seu coragáo a textos que sao rezados por numerosos

cristáos em Igrejas muito diversas através do mundo faz da oragáo mais um vinculo ecuménico que consolida a unidade do Corpo de Cristo. — 513 —

22

228/1978

5.

Os desvíos da ora$ao

Urna doenca freqüente em nossos dias 6 a necessidade de mudar por mudar. Muita gente acredita que a vida da oracáo melhor se manifestará se se trocarem constantemente os textos. Ora esse constante mudar produz a distragáo mais do que o espirito de oracáo. A verdadeira e proveitosa mudanga é a do coragáo. É preciso que em cada celebragáo litúr gica o coracáo se converta para tornar-se disponível á acolhida da Palavra de Deus e da Tradigáo viva da Igreja. É

este o sentido da exortagáo 'Elevemos nossos coragóes' e da resposta 'Voltamo-los para o Senhor' Se o celebrante vive

profundamente essa metaiioia, essa conversáo do seu cora-

Cao, ele profere a oracáo da Igreja de modo totalmente novo; ele a transforma interiormente sem modificar a sua letra; ele a enche de espirito ou do Espirito Santo Criador.

Registra-se em nossos días ainda outro desvio: a descon-

fianca para com a doutrina recebida da Igreja. Muitosgostariam de recomecar desde Pentecostés, a partir da estaca zero da Tradigáo. Ora estamos inseridos numa caudal de fé e de oragáo que a Liturgia através dos séculos nos transmite

em sua pureza.

Precisamos, mais do que' nunca, de ter o

'senso da Igreja' para nos conservamos fiéis na fé. Tantas tarefas nos aguardam neste mundo, que vai morrendo por nao ser alimentado pelo Evangelho, que nao podemos perder

o nosso tempo na tentativa de refazer a fé da Igreja.

Esta,

transmitida-pela Liturgia, fortalece e liberta nosso espirito, que pode entregar-se a exigencias mais prementes na linha dos compromissos a servico dos homens.

Um terceiro desvio da oragáo é a opiniáo de que o diá logo entre cristáos já é urna oracáo. A Liturgia consistiría em partilhar o Evangelho e considerar a vida dos homens, em vez de ser a entrega da vida dos homens a Deus na adoragáo e na intercessáo. Urna tal forma de oracáo dobra os homens sobre si mesmos e jamáis será libertadora. Por fim, a nossa época, de um lado táo crítica para com

a Ünguagem, de outro lado confia demais ñas palavras, esque-

cendo que frente a Deus as palavras sao sempre simbólicas; elas orientam os coragóes para o Inefável, sem jamáis o poder compreender totalmente. Por que perder tempo a corrigir, sem fim, os textos litúrgicos quando se sabe que as — 514 —

CRIATÍVIDADE NA LITURGIA

23

palavras seráo sempre mera aproximacáo e deveráo ser ultra* passadas na contemplacáo? A bela reforma dos textos litúr gicos recentemente efetuada nao se iludía a tal respeito. Mas pode-se dizer que todo o esforco foi exercido a fim de se ter um texto para o nosso tempo e que se trata hoje de viver plenamente desse notável resultado. A multiplicacáo das ini ciativas de criatívidade em vista de corrigir o texto oficial dá a impressáo de tagarelice: debaixo das muitas palavras, o essencial desaparece submerso. O conjunto dos textos se torna monocórdico, sem a feliz diversificagáo de estilos que a atual Liturgia oferece com tanto proveito.

6.

As vantagens «fe bons comentaristas

As vantagens de se ter um bom comentarista da Litur gia, entregue á sua própria iniciativa, mas devidamente pre parado, consistem em que ele pode chamar a atengáo para o conteúdo do ato litúrgico antes que este comece; pode assim preparar e interpretar o rito litúrgico antes que este se realize. Ao contrario, a alteracáo dos textos mesmos de oragáo produz distracáo nos espíritos dos fiéis que procuram as razóes pelas quais se fizeram as alteracóes,... por que o cele brante disse isso ou aquilo... Que intencño teve ele? Deseja ele modificar a doutrina da Igreja?... Essas circuns

tancias nao sao favoráveis, de modo nenhum, á oracáo e á contemplacáo. Urna introducáo ou um comentario bem feito, conforme

o espirito do texto litúrgico que se segué, é um apelo á medi tar sobre o que a comunidade realiza diante de Deus; é bom

que as palavras do comentador sejam seguidas de breve mo mento de silencio, após o qual o texto litúrgico, recitado

calmamente e com todo o entendimento, toma todo o seu relevo. Já dissemos que a atual disciplina litúrgica prevé oito momentos para se intercalaren! exortacóes do celebrante... Quem quisesse fazer mais do que isso ou mesmo quem quisesse utilizar todas essas oportunidades, afogaria a celebraCao num fluxo de palavras humanas e cansativas. Nao se pode excluir que, no decurso de urna oracáo, de um prefacio ou de um memento, o celebrante se sinta cha mado a introduzir urna breve interpolagáo. Ele respeitará o texto litúrgico, mas, seguindo o fluxo de significado do

— 515 —

24

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

mesmo, inserirá urna frase que ponha em relevo um aspecto particular do texto sagrado. Contudo tenhamos sempre presente o essencial do pro blema da criatividade e da espontaneidade na Liturgia. A verdadeira espontaneidade, a verdadeira criatividade numa celebragáo consiste em que o celebrante se prepare bem para dar vida aos textos, comunicando espirito á letra da Litur gia. Urna orquestra e um solista nao criam, de novo, a par tir do zero, um concertó executado talvez dezenas de vezes; eles se preparam longamente para dar-lhe vida, e é precisa mente a interpretado que Ihe dáo, em fidelidade ao texto,

viva pelo coragáo e pelo espirito dos artistas, que exprime a espontaneidade e a criatividade dos mesmos. Max Thurian»

II.

COMENTARIO

A leitura do texto de Max Thurian sugere-nos quatro pontos que podem ser tidos como comentarios ao mesmo: 1.

O estilo litúrgico

Antes do mais, importa, notar que o estilo da Liturgia é o da oragáo; deve contribuir para elevar os coragóes e as mentes ao Senhor e aos valores eternos. Requer, pois, reve rencia e um tom hierático que a consciéncia da presenga de Deus costuma incutir aos orantes. A fim de fomentar esse respeito em termos mais signi ficativos para cada assembléia, é facultado aos celebrantes

intercalar breves comentarios em momentos oportunos. Tais comentarios, porém, nao se devem transformar em aulas nem, muito menos, em exibigáo de genialidade ou de singularidade. Nao devem cansar nem gerar justa impaciencia nos fiéis.

2.

Oracáo comunitaria

O aspecto comunitario da sagrada Liturgia exige que o celebrante se abstenha de atitudes subjetivistas e individua-

— 516 —

CRIATIVIDADE NA LITURGIA

25

listas. O sacerdote pode, vez por outra, ser levado a crer que tal ou tal mudanga ou improvisagáo no decurso da celebragáo seria útil aos fiéis; lembre-se, porém, de que as alteracóes assim concebidas, em vez de ajudar, talvez prejudiquem, pois depreciam valores objetivos, comuns, para dar lugar a intuigóes subjetivas, de valor talvez duvidoso.

Essas

alteragóes podem mesmo escandalizar, dando a impressáo de desobediencia ou desordem na celebragáo da Liturgia. É pre ciso, portante, que o celebrante nao imponha á assembléia suas interpretagóes e preferencias pessoais, nao propostas pelas rubricas. Isto é tanto mais imperioso quanto se sabe que a reforma litúrgica já procurou deixar certa margem de flexibilidade em diversas celebracóes, precisamente para que

o celebrante possa dar um cunho mais existencia! as funcóes litúrgicas,

fazendo

esta ou

aquela

das

opgóes oficialmente

previstas.

As indevidas intervengóes e alteragóes provocadas pelos sacerdotes podem dividir e irritar a assembléia, atendendo a uns cristáos com desagrado de outros. O que as inspira, nao seria, por vezes, o gosto da mudanga pela mudanga?... Como se tudo o que é antigo ou oficial, fosse menos bom e, por

isto, devesse ceder ao que é novo e particular... !• A Igreja

tem um patrimonio de fé e de disciplina que santificou gera-

góes e geragóes durante vinte sáculos e que certamente é apto a santificar também a presente geragáo e as vindouras.

3.

Regra de fé

«Lex orandi, lex credendi» (A maneira de orar é a maneira de crer, e vice-versa). A Liturgia é um veículo antigo e eficaz de profissáo de fé. De um lado, verifica-se que as fórmulas da Liturgia sempre foram inspiradas ñas grandes

verdades da fé; de outro lado, sabe-se que o povo cristáo sempre se imbuiu e ainda se imbui das verdades da fé me diante as fórmulas da Liturgia. Por isto a Igreja desde remotas épocas exerceu vigilancia sobre os textos a ser ado tados no culto sagrado. Já Sao Paulo, em ICor 14, procurava regulamentar o uso dos carismas (dom das linguas, interpretagáo das mesmas, profecía...) ñas assembléias de culto; a Apóstelo atribuía a si o direito de estabelecer nor mas, mesmo nos casos de haver profetas inspirados entre os

fiéis:

«Tudo se faga com decoro e com ordem» (ICor 14,40). — 517 —

26

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Verdade é que na Igreja dos tres primeiros sáculos ficava sempre uma certa margem para improvisagóes na Liturgia. Todavia já a partir do sáculo IV encontram-se cánones de Concilios que restringem essa liberdade e legislam minuciosa mente sobre o desenrolar da Liturgia. Assim, por exemplo, o Concilio de Hipona em 393 determinava no seu canon 21: "Ñas orajes nlnguóm se dirija ao Pal em lugar do Fllho, ou ao Fllho em vez do Pal. Junto ao altar, o sacerdote sempre dirija a oracSo

ao Pal. Se atguém compuser alguma oracSo, nao a utiliza na Liturgia a nSo ser que primeramente a tenha submetido aos Irmáos instrutores" (Collectio Canonum Eccleslae Hispanas, Madrid 1808, col. 963).

O Concilio de Laodicéia em 343 prescrevia: "NSo se recltem na igreja salmos compostos por gente desprepa rada... nem se lelam llvros que nao estejam no canon, mas apenas se usem os livros canónicos do Antigo e do Novo Testamento" (can. 59. Mansl, Conelllorum amplissima collectio, t. II, col. 590).

O livro De Sacramentas, oriundo no sáculo IV e outrora

atribuido a S. Ambrosio, ao referir as preces do canon da Missa, observa a intervalos regulares: «Ne variétur (Nao se introduzam alteragóes)».



O Concilio de Milevo em 402 admoestava por sua vez: "Na Igreja nSo se dlgam oraches que nao tenham sido redigldas por pessoas sabias e aprovadas por um sínodo, a flm de que nao se pronuncie algo contra a té Inspirado pela Ignorancia ou por má Intencáo" (Collectio Canonum Ecclesiae Hispanae. Madrid 1808, col. 185).

A vigilancia da Igreja sobre os textos litúrgicos evidenciou-se mais e mais necessária através dos sáculos pelo fato de que os hereges freqüentemente se valeram da Liturgia para disseminar falsas proposigóes. Tal foi o caso dos aria-

nos (sáculo IV), dos monofisitas (sáculo V), dos adopcionistas (sáculo VDI), dos reformadores protestantes do conti nente europeu (sáculo XVI). Na Inglaterra, Eduardo VI, desejoso de introduzir a reforma protestante, mandou ela

borar o «Book of common Prayer», que seria a expressáo e o veículo da fé reformada. Na Franga, o galicanismo dos sáculos XVII, XVIII e XIX recorría amplamente á Liturgia para instilar no povo cristáo a concepgáo de uma Igreja nacio nal separada de Roma.

Eis por que até hoje a S. Igreja pede aos sacerdotes e fiéis nao alterem os textos litúrgicos; as modifioagóes podem — 518 —

CRIATIVIDADE NA LITURGIA

27

ter suas implicares teológicas, contribuindo (as vezes, sem que o saibam ou queiram os seus autores) para disseminar no povo de Deus proposicóes de fé desfiguradas ou inovadas. É o que pode acontecer, por exemplo, quando, em vez de dizer «Jesús Cristo nosso Senhor», se menciona táo somente «Jesús Cristo nosso irmáo», ou quando se omite sistemática mente a referencia aos anjos ou, aínda, quando se insinúa que a salvacáo trazida por Cristo ao mundo tem únicamente significado terrestre ou temporal, pois identificada com refor» mas sócio-económicas... O depósito da fé é revelado por Deus; aos homens compete guardá-lo ciosamente, em vez de o alterar segundo correntes de pensamento heterogéneas. O nosso mundo atormentado espera dos cristáos o anun cio do Evangelho e um testemunho de vida coerente; ora tal missáo é posta em perigo todas as vezes que um grupo de católicos se póe a criar a sua fé e a sua disciplina próprias.

4.

Mudanja inferior nuas do que exterior

Max Thurian acentúa muito sabiamente que o tipo de mudanga que a renovagáo litúrgica propóe, é essencialmente dependente de conversáo interior (metanoia). O significado e o poder de comunicagáo dos textos litúrgicos sao fungáo, em grande parte, da fé e do amor com que o celebrante os proclama e comenta.

Nao acuanta alterar os textos e os ges

tos da Liturgia se o celebrante e os fiéis nao se preparam a urna, celebragáo consciente e profunda. Os textos oficiáis da Liturgia podem tomar vida nova e própria para cada assembléia se o celebrante se interessa por assimilá-Ios á sua oracáo pessoal e transmití-los sob o impulso da fé e da sua espi-

ritualidade devidamente cultivadas. Alias, é esta urna norma que se aplica a todo tipo de renovagáo ou reforma: se nao

se dá énfase principalmente á conversáo interior, nao texto ou rito sensível que satisfaga aos interessados.



Sao estas algumas reflexóes que o problema dos abusos litúrgicos sugere a quem o aborda serenamente. Possam tornar-se úteis aos nossos sacerdotes e aos fiéis em geral!

— 519 —

Ecos de nossos tempos:

biorritmo: a nova ciencia?

Em afntese: A teoría do biorritmo (ol concebida no inicio do século XX por Swoboda e Flless, que julgavam estar o ser humano su]e1to a tres ciclos: o físico, com a duracáo de 23 días; o emocional, com a de 28 días; o intelectual, com a de 33 días. Esses ciclos comecam a ser contados desde o día do nascimento; compreendem días bons e días críticos. Em conseqüéncla, os mestres do biorritmo enslnam o público a calcular, mediante computadores e tabelas adequados, os seus dias propicios e os seus dias Infellzes. Ora

contra

esta

teoría

levantam-se varias

objecSes:

1) os próprios arautos do biorritmo reconhecem que 03 tré3 ciclos mencionados constituem algo de multo complexo, de modo que difícil mente se pode prever, atravó3 dos cálculos, se determinado día será bom ou mau. 2) Nada prova que o homem esteja totalmente sujelto a torcas biofísicas e bioquímicas. Sabe-se, ao contrario, que o ser humano é dotado de llberdade de arbitrio. A educacSo moderna visa a desenvolver o uso da llberdade; esta procura dominar os Instintos e os elementos cegos do ser humano. Ora o biorritmo sugere, antes, o fatalismo (há pes-oa3 que em seus días presumidamente ruins se deixam ficar na cama e evitam

mesmo

pensar...).

3) Os casos de acertó das prevlsfies biorritmicas estSo Incluidos dentro da falxa das probabilidades. Ao Jado desses, há os casos em que as predicóos biorrltmlcas náó se cumprlram. Além do que, o poder do sugestlonamento explica multos acedos: a pessoa que julga estar fadada a sofrer algum acídente ou desgrasa, sente-se combalida e pro pensa a capitular diante dos eventos do seu día ou da sua vida.

4) O éxito da teoría do biorritmo deve-se, em grande parte, á natural curlosldade de todo ser humano em relacfio ao seu futuro; todo tipo de profecía e "horóscopo" desparta naturalmente grande interesse. A isto se acrescentam a propaganda e o Interesse comercial dos produtores de aparelhos de computadlo blorrltmlca. Nfio há, pois, motivo para dar crédito a essa nova forma de "cien cia" que é o biorritmo. Este, antes, deseduca e deforma, sem beneficiar de manelra alguma os seus clientes.

Comentario: cias e anuncios descoberta e a humano prever insucessos

e

A imprensa tem divulgado amplamente noti referentes ao que se chama «biorritmo>. A utilizagáo do biorritmo permitiriam ao ser os seus dias críticos e acautelar-se contra

desastres.

A «nova ciencia»

— 520 —

está

associada a

BIORRITMO QUE fi?

29

determinado tipo de computador, mediante o qual as pessoas procuram calcular os seus días felizes e os infelizes... Como se compreende, a propaganda do biorritmo tem desper tado grande interesse no público, que deseja encontrar nesse novo recurso um meio de escapar as desgrasas ou mesmo de chegar á prosperidade. Atendendo, pois, a esse interesse, vamos abaixo expor a teoria do biorritmo, para poder avaliá-la serenamente.

1.

Biorritmo : que é ?

' A teoria do biorritmo ensina que, desde o nascimento até

a morte, o ser humano é influenciado por tres ciclos inter nos: o físico, o emocional e o intelectual.

O ciclo físico refere-se as funcóes corporais básicas do metabolismo; diz respeito as disposicóes para digerir, andar, dormir,... á resistencia as doencas, etc. Tem a duracáo de 23 dias. O ciclo emocional concerne aos afetos, & saúde mental, á criatividade, ao equilibrio dos sentimentos. Estende-se por 28 dias. O ciclo intelectual rege as funcóes do raciocinio, da me moria, da aprendizagem... Completa-se em 33 dias.

No dia do nascimento de todo homem os tres ciclos tém o seu inicio no respectivo ponto zero. A partir dai, comecam a erguer-se — o que significa fase de vida positiva ou pro pensa ao sucesso. Sobrevertí contudo o declínio, que é impre-

visivel, de tal modo que na metade do periodo o ciclo atravessa o ponto zero e entra em sua fase negativa — o que

implica indisposigáo física, emocional ou intelectual.

Como se

percebe, a metade do período ou o ponto zero (passagem da

fase positiva para a negativa) ocorre aos 11,5 dias a partir do ponto de origem, no ciclo físico de 23 dias; ocorre aos 14 dias, no ciclo emocional de 28 dias, e aos 16,5 dias no ciclo intelectual de 33 dias. Na fase negativa as energías sao refeitas para retomar a sua ascensáo oportunamente.

Visto que os tres ciclos tém duracáo diferente, é muito difícil passarem pelo ponto zero no mesmo momento da vida. Isto só acontece, dizem os estudiosos, quando a pessoa nasce e aos 58,6 anos de idade. Em conseqüéncia, o sujeito está geralmente sob a influencia de ritmos diversos; pode o ciclo físico estar em alta, enquanto o emocional e o intelectual estáo — 521 —

30

cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

em fase negativa, ou vice-versa.

Isto quer dizer que rara

mente a pessoa tem dias totalmente teiizes ou totalmente infeüzes; ela passa por dias bons, dias ruins e dias interme diarios, em dependencia das combinagóes positivas ou nega

tivas dos seus tres ciclos.

Nos dias físicamente críticos, as pessoas estáo sujeitas a sofrer acidentes, apanhar resinados e sofrer todos os tipos de danos corporais, inclusive a morte. — Nos dias emocionalmente críticos, ocorrem disputas, rixas, depressóes psico

lógicas, frustragóes sem motivo. — Quanto aos dias em que

o ritmo intelectual está crítico, propiciam decisóes erradas, resistencia a aprender coisas novas, dificuldade para usar a memoria...

Em conseqüéncia,

os

cultores

do

biorritmo

procuram

antecipadamente calcular as fases positivas e negativas dos seus ciclos. Isto é feito mediante aparelho próprio — compu tador ou disco giratorio —, que se encontra no comercio. Além disto, certa bibliografía é oferecida ao público ñas livrarias. Na base de tais cálculos, os homens de negocios recusam-se a assinar contratos de importancia nos dias emo

cional ou intelectualmente críticos. Os atletas evitam parti cipar de tomeios ou jogos nos dias físicamente críticos, pois entáo estáo sujeitos a ferimentos e lesóes. Quando dois ou tres ciclos do biorrítmo estáo críticos, há pessoas que ficam na

cama e procuram

nao se

mover,

nem

pensar em coisa

alguma! — Na verdade, dizem, apenas 20%

dos dias da

vida humana sao críticos; os 80% restantes sao dias mistos, cujo caráter é ambiguo. Quem sabe disto, planeja seu futuro

dando preferencia aos dias nao críticos; todos os assuntos

mais importantes sao abordados quando os tres ciclos se encontram perto de seus picos, ao passo que nos dias mais críticos a pessoa se abstém de facanhas relevantes. Interessa-nos agora considerar

2.

A desooberfa «lo biorritmo

Dois sao os pesquisadores aos quais se atribuí a deseoberta do biorritmo no fim do sécalo passado: o Dr. Hermann Swoboda, professor de Psicología da Universidade de Viena,

e o Dr. Wilhelm Fliess, otorrinolaringologista de Berlim, que

se tornou presidente da Academia Alema de Ciencias. Swoboda foi muito influenciado por Johann Friedrich Herbart, que entre 1850 e 1852 publicou um Manual de Psi— 522 —

BIORRITMO: QUE S?

31

cologia, no qual registrava alteragóes aparentemente rítmicas

nos estados mentáis das pessoas, sem poder explicar tais transtornos. Examinando a vivencia de seus pacientes, Swoboda notou que sonhos, idéias e impulsos criadores parecem repetir-se com ritmo regular; tal fenómeno se torna notorio

em muitos artistas, que atravessam sucessivamente etapas esteréis e penodos de criatividade frenética com variacáo previsivel. Swoboda comegou também a fazer registros mi

nuciosos sobre a dor e a inflamagáo de tecidos dos pacientes, considerando principalmente inflamagóes que pareciam inexpücáveis... 'l'ambem se interessou pelas datas de inicio e desenvolvimento de outras enfermidades, assim como pela flaquencia com que as pessoas sofriam ataques cardiacos e acessos de asma. Aos poucos foi observando que esses fenó menos físicos pareciam recorrer rítmicamente, enquadrando-se em ocios de 23 a 28 dias. Em conseqüéncia de tais estudos, Swoboda publicou varios livros, entre os quais «Os per.odos da vida humana (em seu significado psicológico e biológico) > (1904), «Estudos sobre a base da psicología» (1905), «O Ano de Sete», «O significado do ritmo de sete anos em hereditariedade humana» (1954). Desejoso de faci litar o cálculo dos dias importantes do biorritmo, Swoboda em 1909 produziu urna régua de calcular, mediante a qual qualquer pessoa podia descobrir com rapidez e seguranga os seus dias críticos; tal instrumento foi acompanhado por um folheto de instrugóes intitulado «Os dias críticos do homem>.

Finalmente em 1963, com a idade de 90 anos, faleceu Hermann Swoboda após intensa atividade pesquisadora e editorial.

Ao mesmo tempo que Swoboda, trabalhava Wilhelm Fliess (1859-1928). Este pesquisador berlinense, sem previo entendimento com seu colega vienense, chegou a condusóes semelhantes as dele. Formado em otorrinolaringología — tera péutica de nariz, ouvidos e garganta — no ano de 1895, teve

bom relacionamento com Sigmund Freud, que aceitava teo

rías de Fliess e confiava neste colega a ponto de submeter-se a duas intervengóes cirúrgicas praticadas por Fliess.

Este médico comegou a suspeitar a existencia do bior ritmo quando se pos a examinar as variagóes dos pacientes na resistencia á doenga, principalmente em idade infantil: coletou numerosos dados sobre o inicio de diversas enfermi dades, a cura da febre respectiva e o eventual falecimento, relacionando tudo isto com o dia do nasdmento da pessoa — 523 —

32

em causa.

«PERGUNTC E RESPONDEREMOS» 228/1978

Após estudos apresentados em prelegóes e traba-

lhos publicados entre 1895 e 1805, convenceu-se de que a melhor explicacáo da alta ou da baixa resistencia de alguém ás

molestias se prendía a ciclos de 23 a 28 días, ciclos que vém a ser a estrutura do biorritmo.

Nao contente com esta veri-

ficacáo apenas, Fliess quis indagar a causa da periodicidade dos ciclos físico e emocional: por que afetam o comporta-

mentó humano com tanta profundidade?

Para responder a

esta pergunta, observou que os organismos muito primitivos sao unissexuais ou hermafroditas; ia medida que a vida evo-

lui, os dois sexos váo-se diferenciando por características físi

cas e psíquicas próprias; todavía mesmo nos graus mais evo-

luidos da vida permanecen! vestigios do estágio unissexual anterior; em conseqüéncia, todo individuo humano estaría sob a influencia de hormónios tanto masculinos como femininos. Mais: Fliess julgava que as células masculinas e femininas no corpo humano tém ritmos diferentes; ás células femininas ele atribuiu o ritmo de 28 dias (que corresponde ao ciclo emocional) e ás células masculinas o ritmo de 23 dias

(que corresponde ao do ciclo físico); Fliess também quis explicar a variacáo do ciclo menstrual de 26 a 33 dias pela

combinacáo dos ritmos masculino e feminino da mulher. A tese da bissexualidade das células humanas, proposta por Fliess, terá sido adotada por Freud. Urna vez estabelecidas tais premissas, o médico alemáo se entregou & construgáo da aparelhagem matemática necessária para calcular o biorritmo das pessoas interessadas.

A obra de Swoboda e Fliess ainda recebeu complementagáo por parte do engenheiro austríaco Alfred Teltscher. Este observou que até os melhores estudantes parecem ter dias

bons e dias ruins; para averiguar as causas de tal fenómeno, comparou entre si as datas dos exames escolares e as do

nascimento de cada aluno seu. Assim chegou á conclusáo de que o ritmo intelectual do ser humano está enquadrado em

ciclos de 33 dias; a capacidade cerebral de absorver e expri

mir idéias novas estaría sujeita a relógios internos como os outros ciclos.

Estavam assim descobertos os fundamentos da atual teo ría do biorritmo. Tais bases seriam aperfeicpadas e ulterior mente desenvolvidas com o passar do tempo. Apesar do aperfeigoamento da tese do biorritmo, os arautos da mesma em nossos dias reconhecem-lhe pontos fráeos: — 524 —

BIORRITMO: QUE É?

33

1) Os tres grandes ritmos sao interdependentes entre si; nenhum deles é táo forte que sobrepuje os outros dois; sempre agem em conjunto.

Por isto em dia emocionalmente

critico pode acontecer que os ritmos físico e intelectual, em fase positiva, neutralizan as ameacas provenientes do ciclo

emocional;

2)

os fatores (ou relógios) internos que regem o com-

portamento humano, dependem das circunstancias ou do am

biente no qual vive cada pessoa; em conseqüéncia, as predi-

góes obtidas mediante os cálculos do biorritmo podem nao se verificar nos termos previstos.

Nao obstante, os'defensores do biorritmo julgam válido o estudo deste, pois sempre fica alguma probabilidade de acertó ñas previsóes — o que permite nortear a conduta das pessoas.

Bernard Gittelson, autor de «Biorritmo. Ciencia Pessbal», k p. 42, baseando-se no fato de que o ciclo emocional dura 28 dias, diz o seguinte: "Como o ritmo emocional passa de positivo para negativo (ou vlce-versa) a cada duas semanas e principia no día do nasclmento, o prlmelro día emocionalmente critico ocorre duá3 semanas após o día do nasclmento. Todos os días emocionalmente críticos a partir de entáo, ató o día do faleclmento, ocorrerfio com Intervalo de duas semanas. Se voco nasceu numa sexta-felra, cada segunda sexta-ieira será critica... Basta descobrlr o día em que nasceu e perguntar a si próprlo se esse día

explica multas de suas oscllacoes rito"

(p.

42) i.

mals profundas no estado de espi

Hoje em dia existém computadores fabricados em vista do cálculo do biorritmo. Ássim o Biocom 200, de origem

japonesa e de porte pequeño. A firma Olivetti em 1973 tam-

bém produziu o seu microcomputadór de biorritmo. Nos Es

tados Unidos George Thommen inventou o Dialgraf, que é urna especie de régua de cálculo circular para o biorritmo; o mesmo Thommen produziu um dispositivo mais popular — o Cylclgraf — que recorre a cartóes especiáis. B. J. Krause-Poray, colega de Thommen na Australia, aperfeigoou um calendario biorrítmico... 1A respelto nSo podemos omitir urna observacfio: é evidente que a

praposlcfio ácima sugestiona a pessoa Interessada. Se esta Julga que todas as sextas-feiras ocurrentes de qulnze em qulnze dia3 sSo fatídicas

em sua vida, ela está propensa a se delxar derrotar pelos aconteclmentos dessas sextas-feiras. Estas serfio Infellzes nSo por causa do pretenso bior ritmo, mas por causa do condiclonamento que o paciente terá aceito.

— 525 —

34

«PERGUNTE E RESPONpEREMOS>_228/iq78

Os adeptos da teoría pretendem ainda corrobora-la nar rando casos de pessoas em que o biorritmo e acontecimentos

da vida de tais individuos oonvergiam na mcsma qualificagáo. Importa-nos agora proferir a respeito

3.

Urna ovaliagao serena

Proporemos duas observagóes genéricas, após consideraremos diretamente a tese do biorritmo.

3.1.

as

quais

Duas observacóes genéricas

1) Reconhegamos que a constituigáo humana é psicossomática, ou seja, composta de alma espiritual e corpo mate

rial. Em conseqüéncia, estamos sujeitos a leis da biofísica e da bioquímica: adquirimos e gastamos energías, necessitamos de alimentagáo e de repouso, como precisamos de exercicio e de trabalho. Isto explica que haja, na vida humana, perio dos de maior produtividade e outros de menos rendimento; há, portante, fases de disposigóes psicossomáticas mais felizes e fases de disposigóes menos felizes; essa alternancia rít

mica é natural, mas reconhegamos que é flexível e sujeita á forga de vontade de cada um.

Em outras palavras: as no§sas capacidades físicas e psí quicas sao finitas. Por isto elas nos impóem seus limites, ou seja, termos além dos quais os elementos positivos (a comida, a bebida, o repouso, a recreagáo...) se tornam negativos, ou mesmo prejudiciais á saúde física e ps.quica; é o que explica, em parte, que fases boas e menos boas sucedam urnas as outras em nossa vida psicossomática. 2) Também é preciso reconhecer que o homem está ímerso num universo marcado pelo ritmo do tempo (día e

noíte, fases da lúa, estagóes do ano...). Isto, sem dúvida, repercute na constituigáo físico-psíquica das pessoas. A noite, com sua escuridáo, nos torna propensos ao sonó,

ao passo

que o día, com sua claridade, excita ao trabalho e á operosidade... O veráo, com seu calor, leva a preferir certos

alimentos, mais sadios entáo do que outros, ao passo que o

invernó pede regime alimentar diverso; um diá nublado ou chuvoso muitaá vezes nos acabrunha, ao passo que um dia de céu azul nos torna alegres e felizes...; o veráo convida

a viajar para as praias ou as montanhas, enquanto o invernó — 526 —

BIORRÍTMO: QUE fi?

tem seus esportes próprios...

35

Somos, sim, dependentes do

ambiente em que vivemos, ambiente que sugere um ritmo natural (nao, porém, inexorável ou inevitável) de vida... É, pois, nestes termos que se pode reconhecer urna certa

veracidade á expressáo «biorritmo». Faz-se mister, porém, frisar que esse tipo de ritmo é assaz flexível, ficando subor dinado á livre vontade do homem; este tem conseguido, por exemplo, apagar ou inverter a diferenga entre o dia e a noite, trabalhando a noite inteira e repousando em grande parte do dia. Feitas estas observagóes, nao podemos deixar de levantar serias objegóes contra a teoría do biorritmo. 2.2.

Objeeóes

Proporemos cinco ponderagóes:

2.2.1.

Fundaméntaselo insegura

A teoría do biorritmo exagera o caráter ciclico de certos fenómenos da vida humana, como sao a fome, o sonó, a. vigilia, o ciclo menstrual..., presumindo que todo o comportamento humano esteja sujeito ao imperio de forgas biofísi cas e bioquímicas. Ora tal suposicáo é gratuita. Alias, os próprios fautores da teoría reconhecem que os tres presumi dos ciclos (o físico, o emocional e o intelectual), desenrolando-se com suas características próprias, nao permitem sempre prever claramente as disposigóes do sujeito: "A forca relativa dos ritmos físico, emocional e intelectual varia con

forme as pessoas. É tollce generalizar sobre quals ritmos, em que fases,

domlnarSo outros ritmos e fases, e tal problema vem naturalmente com plicar a questSo de interpretar os días mistos — questSo esta que Já ó por si bastante ambigua" (B. Gittelson, obra citada, p. 44).

É, pois, gratuita, a premissa de que a conduta do homem

é regida pelos ciclos do biorrítmo. Os casos concretos que os arautos da teoría propóem como comprovantes de suas idéias, nao as demonstram; também se conhecem casos de pessoas que foram vitimas de tremendos desastres em días

que o respectivo biorritmo nao indicara como sinistro.

Ver

observagóes sob o titulo 2.2.3. Por conseguinte, os desastres que presumidamente ocor-

rem nos dias críticos do biorrítmo das respectivas vitimas, sao — 527 —

36

228/1978

os que o cálculo das probabilidades poderia prever; pode-se dizer que a cota provavel nao foi ultrapassada. Insistamos também sobre o seguinte ponto: 2.2.2.

A llberdade de arbitrio

Faz-se mister salientar que o ser humano sadio ou ñormal é dotado de liberdade de arbitrio. Esta diferencia o homem dos viventes írracionais e dos robos. Embora tenhamos as nossas tendencias afetivas espontaneas, somos capazes de moldá-las segundo o nosso ideal; somos capazes de criar hábitos contrarios aos nossos instintos, corrigindo-nos e reestruturando-nos do ponto de vista ético, a fim de atingirmos determinada meta livremente escolhida. Sabemos também que a educagáo recebida de outros e a sociedade na qual vivemos, nos podem influenciar profun damente, de modo a revirar o que haja de cegó ou mera mente mecánico em nos. A escola hoje em dia tende a educar para a liberdade, ou seja, para fazer que a pessoa se sinta capaz de optar com dignidade em vez de se deixar subjugar por instintos ou torgas mecánicas ou por condicionamentos fatalistas. Em contraposigáo, a teoría do biorritmo incute atitude fatalista, dando a crer que ,a pessoa esteja fadada ao mau

éxito físico, emocional ou intelectual em cértos dias do ano.

Tende a reduzir o ser humano á condicáo de joguete de for gas biofísicas e bioquímicas, provocando a alienagáo e a degradacáo do mesmo (a ponto de certas pessoas quererem

ficar na cama, prostradas e alheias a qualquer realidade, nos

dias tidos como ruins!). O biorritmo assim nao valoriza sufi cientemente a capacidade que o homem tem (e deve pro curar ter cada vez mais), de dominar e modelar seu biotipo; antes, leva a pessoa a condicionar-se de antemáo a circuns

tancias sobre as quais o homem é chamado a exercer seu dominio. A grandeza de urna personalidade consiste em mo delar as tendencias inatas, em vez de se submeter a elas numa atitude conformista irracional. 2.2.3.

Experiencias negativos

Certas pesquisas levadas a efeito nos Estados Unidos comprovaram experimentalmente ser Uusória a teoría do bior— 528 —

BIORRITMO: QUE fi?

ritmo.

37

Citemos, por exemplo, o ocorrido na Laurentían Uni-

versity em Sudbury, Ontario. Os professores Michael A. Persinger, Walter J. Cooke e Jean T. Joanes analisaram quatrocentos acidentes verificados em minas de duas industrias tanto na superficie como em subterráneos; tendo procurado averiguar se haviam ocorrido nos dias ditos «críticos» das pessoas vítimas, chegaram a conclusáo de que os desastres nada tínham a ver com os presumidos dias infelizes do bior ritmo. — Outra pesquisa realizada pelo prof. Johan W. Schaffer da John Hopkins University levou em conta duzentos e cinqüenta acidentes ocorridos em rodovias; ficou também averiguado que os infortunios nao correspondían! aos propa

lados dias críticos dos motoristas. É o que leva os dentistas a desacreditar a teoria do biorritmo.

A propósito de estudos feitos em pacientes a fim de ave riguar a incidencia de desgracas em dias críticos do bior ritmo, vejam-se os dois artigos publicados pela revista sema nal norte-americana «Science News», vol. 113, 1978, pp. 118 e 376. Tal publicacáo resume pesquisas cujos resultados constam dos periódicos «Archives of General Psychiatry» e «Perceptual and Motor Skills». As conclusóes a que chegaram tais estudos de casos concretos, sao desfavoráveis a teoría do biorritmo.

2.2.4.

E a aceitas» *> biorritmo pelo público?

O sucesso que a tese do biorritmo tem logrado na sociedade, pode explicar-se por dois fatores importantes: a) de um lado, toda pessoa senté o desejo inato de des vendar o seu futuro e de penetrar nos fenómenos que lhe parecem misteriosos. É espontáneo aos homens querer livrar-se dos imprevistos e dominar a sua vida. Por isto toda teoría que prometa satisfazer a tais tendencias, há de lograr acei-

tacáo por parte do grande público, que, em tais momentos,

mais fácilmente se deixa levar pela fantasía e a emocáo do que pelo raciocinio. Tenha-se em vista o interesse sentimen tal despertado pelo horóscopo, que, prometendo sadia orientagáo, nao faz senáo alienar a pessoa!

b) Há interesses comerciáis na propaganda feita a favor do biorritmo. Os aparelhos e os livros até agora vendidos a

propósito constituem notável fonte de lucro. Ora infelizmente a cobiga de vantagens comerciáis prevalece muitas vezes sobre

— 529 —

38

cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

outros interesses, mais elevados e dignos, na sociedade con temporánea. O ser humano incauto é, nao raro, manipulado segundo intenses espurias, revestidas de capa «científica». Já dizia o adagio latino: «Vulgos vult decipi» (a massa gosta de ser iludida).

2.2.5.

E os casos tidos como eomprovontes ?

Os propalados casos de coincidencia de desgraga com dias críticos ou de ventura com dias bons do biorritmo, podem

ser entendidos á luz de duas ponderagóes:

a) O poder da sugestáo é sempre muito importante. Se alguém Julga estar num dia crítico, condiciona-se a expe rimentar infortunios; comega seu programa de atividades já combalido, na espreita de ser vitima de acidentes ou pouca sorte. Ora essa atitude interior certamente induz a pessoa a criar em si mesma, talvez inconscientemente, urna situagáo de desánimo e mal-estar, no qual os assuntos que poderiam

ser bem sucedidos vém a ter mau éxito.

b) Em toda serie de «profecías» há sempre algumas que «dáo certo», porque também o acertó tem a sua probabilidade de ocorrer. Nao nos impressionemos, pois, com os casos em que as previsóes biorrítimicas foram confirmadas pela realidade; seria preciso levar em conta outrossim os casos em que outras previsóes biorrítmicas foram desmentidas pelos fatos... Em conclusa©,

vemos neste recente surto

de interesse

pelo biorritmo mais urna expressáo dos anseios que o homem contemporáneo experimenta em demanda da Verdade e da

Vida. Em última análise, é a sede de Deus, do Bem Infinito, que assim se manifesta. Ora Deus é mais fácil de ser encon trado do que os resultados de cálculos... «Tu nao me pro curarías, se já nao me tivesses encontrado», diz Jesús segundo segundo Pascal. Toda oragáo filial e simples, elevada do fundo da alma ao Pai, já é um encontró com a Verdade e a Vida; Deus nao pode deixar de lhe dar a Sua Resposta ! A propósito, como llvro Introdutórlo no assunto, podemos citar Bernard Glttelson, Biorritmo. Urna citada passoal. Artenova, Rio de Janeiro 1977.

— 530 —

Na época das saltas:

mais urna vez a seita de moon

Em ahítese: Sun Myung Moon é um coreano de 58 anos de Idade, fllho de familia presbiteriana, que diz ter recebldo revelacOes da parte de Deus e Insinúa ser o novo Messlas ou o tercelro Ad&o, que-velo con

sumar a historia.

Tendo comecado sua campanha religiosa na Córela,

Incompatiblllzou-se com os comunistas e estabeleceu-se nos Estados Uni dos da América, onde desfruta de grande riqueza e leva vida farta.

. Os adeptos da seita de Moon sfio allclados e tratados segundo meios nem sempre honestos, sujeitos. como sSo a pressdes moráis e a processos que despersonalizam o ser humano (trabalho extenuante, sonó reduzido, proibicfio de agrupamentos livres e de critica). O que atrai os jovens ao Moonlsmo ou á Assoclac&o para a Unlflcacfio do Cristianismo Mundial (A.U.C.M.), ó o clima de fraternidade e de acolhida que a seita' oferece ¿ prlmelra vista; é também o fervor ou o entusiasmo com que os dirigentes apregoam as suas idéias; é ainda a segurarla com que preconlzem a luta contra o comunismo e a adesfio á orientac&o política dos Estados Unidos da (América, tidos como na$fio escolhlda por Deus para ser o baluarte da fé crista. Em suma, a mística exaltada e "profétlca", em meio ao cetlclsmo reinante em ambientes outrora religiosos, desperté os |ovens e os move a procurar na sella urna resposta aos seus anseios transcendentais. Contra a seita e os seus indignos procedlmentos jé tdm levantado a voz blspos e escritores da Igreja Católica asslm como ex-moonlstas, que falam de sua experiencia próprla.

Comentario: A seita de Moon já é atuante no Brasil, tendo urna de suas sedes mais notorias em Belo Horizonte. Já em PR 212/1977, pp. 353-363, demos noticia da pessoa e da doutrina de Sun Myung Moon, o fundador da seita. Atendendo, porém, a pedido de nossos leitores, voltamos a apre-

sentár, em sintese, dados biográficos e teses de Moon assim como algumas informacóes sobre o tipo de vida e as ativi-

dades dos moonistas. — O Moonismo vem a ser mais urna entre as seitas que caracterizan! a época moderna e significa a sede — nem sempre bem orientada — que os homens con temporáneos experimentam em relagáo aos valores transcen

dentais.

— 531 —

40

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

1.

Quem é Sun Myung Moon?

Sun Myung Moon nasceu na Coréia do Sul aos 6 de Janeiro de 1920, como descendente de familia presbiteriana. No día de Páscoa de 1936, quando tinha dezesseis anos, sentiu que Jesús lhe aparecía e o mandava consumar a missáo

que Ele, Jesús, deixara inacabada. Durante nove anos Moon

estudou e orou: diz ter tido coloquios diretos com Jesús Cristo,

que lhe deu a conhecer segredos nao contados na Biblia; assim Moon pode descobrir os «Principios Divinos» da criacáo e da salvagáo do mundo, que ele publicou em livro portador desse título.

Moon comegou a pregar na Coréia do Norte em fins da segunda guerra mundial (1939-1945). Era breve foi encarcerado e submetído á tortura pelos comunistas, depois enviado a um campo de trabalhos forgados, onde ficou tres anos. Li

bertado pelas tropas norte-americanas em 1950, retómou sua missáo. Hoje vive, refugiado, nos Estados Unidos da Amé

rica do Norte.

Em 1954 fúndou a «Associacáo para a Unificagáo do Cris

tianismo Mundial» (AUCM).

Diversas questóes se levantam a respeito de Moon, pro-

vocando discussóes:

1) Moon parece favorecer (ou, se nao favorece, aceita) um estranho culto de sua personalidade; ele se insinúa o Mes-

sias e é chamado tal, ou também o Senhor da segunda vinda. Refere-se que ele mesmo se apresentou como sendo maior do

que Jesús.

2) Casado em quatro matrimonios e pai de sete filhos, Moon foi preso diversas vezes na Coréia como adúltero, bigamo, ofensivo aos bons costumes. 3) Chegado pobre aos Estados Unidos, hoje Moon e o seu Movimento dispóem de riqueza estimada em quinze mi-

lhóes de dólares. Urna fonte de informacóes norte-americana

noticioü que lhe toca a renda de seis milhóes de dólares por ano.

Mora em suntuosa mansáo no bairro de Wetchester

(periferia' de Nova Iorque), e possui numerosas propriedades, sendo acionista de muitas firmas importantes. Os diri— 532 —

A SEITA DE MOON

41

gentes do movimento moonista levam tipo de vida farta... Os observadores perguntam como tal riqueza foi adquirida... Há quem responda que para tanto contribuiram as relagóes de Moon com grupos políticos (ou talvez com a CÍA) e o apoio que o mesmo deu a Nixon por ocasiáo do caso Water-

gate.

Examinemos agora

2.

A «butrino da AUCM

Tal doutrina é exposta em obra volumosa intitulada «Os principios divinos». Outro livro menor, «Cristianismo em crise. Nova Esperanga», reproduz tres conferencias de Moon. Há opúsculos moonitas que apregoam conversáo interior e soais de Moon. Ei-la compendiada : A mensagem universal de Moon vem a ser um misto de passagens bíblicas (tomadas, sem discernimento, ao pé da letra), de filosofía oriental (dualismo taoísta) e de idéias pessoais de Moon. 2.1..

Ei-la compendiada:

Os principios da eria$áo

Deus existe para amar. Por isto Ele criou o mundo, projetando de modo especial a sua imagem no casal humano. A relagáo de «dar e receber» existente no casal é o modelo

de qualquer outro relacionamento; tudo foi criado á semelhanca do binomio humano. Por conseguinte, o próprio Deus, do qual tudo se deriva, deve ter as características masculina e feminina, ou também as características de sujeito e objeto.

O nome «Deus Pab significa Deus como sujeito interior mas culino, ao passo que as criaturas sao o objeto feminino desse

sujeito.

Para o homem, como para Deus, só existe vitalidade e alegría se lhe é dada urna parceira.que ele ame de todo o

coragáo e de quém receba amor. 2.2.

A queda do homem

6 arcanjo Lucífero tomou-se de inveja por Adáo, por

que julgava que Deus amava a este mais do que a ele. Por — 533 —

4

42^

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS* 228/1978

isto cedeu á paixáo para com Eva, seduzindo-a e fornicando com ela. Entáo Lucífero tornou-se Satanás, e Eva tentou

Adáo, que teve relacóes carnais com ela antes da época pre vista por Deus. Dai por diante Adáo e Eva foram assujeitados a Satanás e aos espirites maus; tornafam-se incapazes de amar, pois a relacáo «dar e receber» fora deturpada; o

género humano, descendente dos primeiros pais, está cónseqüentemente privado do senso de fraternidade.

O meio de

restaurar o Reino de Deus sobre a térra há de ser o casa mento de um homem e de urna mulher perfeitos, que poderáo gerar urna nova humanidade sem pecado.

2.3.

Jesús: sua mSssáo

Jesús veio para estabelecer o Reino de Deus visível (cf. Is 11 e 60; Le 1,31-33) e gerar a humanidade nova. Fracassou, porém, em tudo. Com efeito, Joáo Batista alimentava dúvidas a respeito de Jesús; por isto, seguiu o seu próprio caminho em vez de sustentar Jesús. Nem mesmo a familia de Jesús o compreendia; ela nao cumpria a vontade de Deus. O silencio do Evangelho a respeito dos trinta anos passados em Nazaré se deve a que Jesús viveu em grande angustia e dor no seio de sua familia. Muitos fatos ficaram desconhecidos ao público, mas foram revelados por Jesús a Moon; este, porém, nao pode falar a respeito sem motivo imperioso. Por causa desses pre cedentes, o povo nao aceitou Jesús, apesar dos milagres deste. Vendo, pois, que nao poderia realizar a sua missáo, Jesús pós-se a falar da volta do Filho do homem, esperando assim salvar o essencial da sua tarefa. Deus jamáis quis um Messias padecente; prova disto foi a tristeza de Jesús em

sua agonia. Após a crucifixáó, Deus ressuscitou Jesús «por restituicáo». Mas o Reino visivel ainda está por ser instau rado; para tanto, aguarda-se urna segunda vinda: ... Messias dos «Pioneiros» (Sun Myung Moon...?).

a do

Mediante Jesús, Deus tencionava restaurar o casamento

perfeito e fecundo. Por isto quería encontrar urna auténtica esposa para Jesús; em conseqüéncia, Jesús se apresentou como o esposo

(cf. Me 2,19s).

Se Jesús se tivesse casado,

teria dado inicio a nova humanidade. Mas, morto prematu ramente, nao pode encontrar a esposa perfeita nem realizar — 534 —

A SETTA DE MOON

43

a cópula abencoada. Vira, porém, um Messias como terceiro Adáo

(Moon?!), que realizará tal missáo.

Jesús mesmo é mero homem. Nao é Deus, pois Deus nao pode ser limitado pelo corpo de um homem. 2.4.

A comumasSo da historia

A segunda vinda do .Messias pora termo á soberanía de

Satanás e do mal, mas o mundo continuará, transformado

em reino do céu. Alias, esta transformacáo já comecou em 1960, quando os «Pioneiros» moonistas iniciaram sua obra. Estes preparam a segunda vinda do Senhor, mediante revéIacoes de Deus cem vezes mais lúcidas do que o Novo Tes

tamento.

Jesús nao voltará, porque fracassou.

Todavía há

perigo de que os cristáos se deixem obcecar pelo Novo Tes tamento e rejeitem o Senhor ou o terceiro Adáo, como os judeus, obcecados pelo Antigo Testamento, rejeitaram Jesús ou o segundo Adáo.

3.

A vida dos grupos moonistas t

Os membros da AUCM vivem em comunidades «caris-

máticas», com ou sem esses grupos

habitacáo comum.

Caracterizam-se

por

a) urna intensa vida comunitaria, que atrai jovens ávi dos de amizade e carentes do carinho que a familia lhes deveria oferecer. Entre eles há grande uniáo afetíva, de modo qué dizem levar «vida de familia»; b) urna vida de oracáo que vai de urna a duas horas por dia, em estilo afetivo, sentimental e espontaneo; os oran

tes falam sem parar — o que as vczes dá a impressáo de provir de certp «encantamento» e provocar «deslumbramento»;

c)

urna grande austeridade.

A alimentagio é, multas

vezes, pobre, e o sonó «racionado» (das 2h as 6h lOmin da* manhá em alguns grupos). O trabalho é exigente, estendendo-se por dezesseis horas diarias em alguns casos (quando oficialmente leva apenas oito horas). Os «lazeres» propriamente nao exlstem, pois as horas que seriam destinadas a _ 535 _

44

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

isto sao ocupadas por conferencias e cantos.

As conversas

particulares, ou seja, entre pessoas que já se conheciam ou em grupos pequeños sao impossíveis, porque um dos vigilan tes da Sociedade intervém e as dissipa. As cartas dos moonistas aos familiares sao proibidas, ficando apenas permitidos os cartóes postais. As unióes conjugáis sao decididas pelos dirigentes, muitas vezes pelo próprio Moon, baseado numa lista de cinco candidatos ou em um álbum de fotografías; d) espirito «missionário» muito ativo, principalmente entre jovens : seminaristas, Religiosas, estudantes...

A agáo missionária ou propagandista desenvolvida pelos pioneiros moonistas (que sao meros veículos do pensamento de seus chefes)

nem sempre emprega tátioas honestas, mas,

ao contrario, recorre a inverdades.

Por exemplo,

— nos países predominantemente cristáos, os moonistas

se apresentam como cristáos, quando na-verdade a mensagem moonista nao é crista;

— apregoam o ecumenismo e a urgencia de restaurar a unidade entre as denominagóes cristas, ao mesmo tempo que

deturpam sistemáticamente as comunidades cristas;

— afirman» que o clero católico (as vezes mesmo citam algum bispo) está de acordó, com a AUCM, que tal ou tal reuniáo moonista recebeu a aprovagáo de dirigentes cató licos, embora as pessoas citadas se tenham manifestado con trarias ao Movimento.

O ánimo proselitista leva mutos jovens ao estrangeiro para ai implantaren! a sua seita.

Muitos váo, pois, para os

Estados Unidos, o Japáo, a Coréia do Sul e últimamente para o Brasil. Verdade é que a seita de Moon tem sofrido a

recusa dos dirigentes cristáos de tal ou tal localidade... Doutro lado, a AUCM restituí as suas familias os jovens cuja saúde esteja abalada.

4.

Diretrizes políticas

Quem lé as publicagóes da AUCM, tem a impressáo de que é urna sociedade anticomunista e pró-americana de rótulo religioso. — 536 —

A SETTA DE MOON

45

Moon distingue apenas dois tipos de homens: os comu nistas e os cristaos (ou seja, todos os outros, qualquer que seja a sua arenca ou a sua filosofía). Para corroborar este modo de pensar, cita duas passagens do Evangelho:

Mt 25,32s: o Filho do homem, no dia do juizo final, colo

cará as bvelhas á direita, e os cabritos á esquérda... Direita

e esquérda, no caso, significariam o mundo livre e o mundo comunista.

Le 23,39-43: dos dois ladróes crucificados com Jesús, o

da direita, penitente, significaría o mundo democrático, do qual os Estados Unidos sao o centro; o da esquerda, endu recido no mal, simbolizaría o mundo comunista.

Alias, segundo Moon, foi nestes dois textos do Evange lho que, em última análise, tiveram origem os apelativos «direita» e «esquerda» usados em linguagem politica; cf. «Christianisme en crise» pp. 58-60. 104;

A salvagáo consiste em aderir á política e aos interesses dos Estados Unidos, nagáo pioneira do campo direito e, por isto, pioneira de Deus, para lutar contra o campo da esquerda. Moon aplica aos Estados Unidos o que a S. Escritura refere ao povo de Israel: sao o país abencoado, no qual se réfugiaram os puritanos, deixando sua familia e sua patria, como outrora Abraáo ; Deus os protegeu e salvou dos inimigos, colocando-se do lado de George Washington, novo Davi, e dos colonos americanos; depositou riquezas ñas máos deles, porque precisava de urna nagáo crista poderosa a fim de ser «seu instrumento para a salvacáo do mundo». «O futuro do mundo inteiro depende da América do Norte: é a campea

de Deus e o milagre da historia moderna», diz Moon. Dos

Estados Unidos sairá a salvagáo do mundo. Foi por isto que Deus enviou Moon para lá: «Amo a Deus, e Deus ama os Estados Unidos». Sem dúvida, Moon reconhece que este país atualmente está «deteriorado» pelas drogas, pelo racismo, pela delinqüéncia juvenil, pelo divorcio, pelo ateísmo; sabe que a juventude norte-americana se tem entregue ao mate rialismo. Nao obstante, desenvolve um programa bem defi nido e certeiro: julgam alguns observadores que Moon esta ría procurando congregar os elementos de urna futura bri gada internacional destinada a lutar contra o comunismo na Coréia do Sul.

Pergunta-se agora: — 537 —

46

tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

5.

^

Por que o éxito da AUCM ?

Diante dos pronunciamentos e das

atitudes

dos mem-

bros da AUCM, muitos dos genitores e familiares de jovens moonistas contituiram na Franca a «Association pour la Défense des valéurs familiales et de l'individu» (Associagáo para

a defesa dos valores da familia e do individuo). Tém em mira lutar contra o totalitarismo de Moon, apoiado em méto dos psicológicos que visam a submeter os incautos e despre venidos. Todavía pergunta-se: como pode táo estranha e eclétíca mensagem atrair tantos jovens, principalmente das classes medias intelectuais?, Eis as razóes que mais verossimeis parecem:

a) o que os moonistas oferecem para comegar, é amizade, fraternidade, comunidade. A principio, nao falam de doutrina; recusam-se mesmo a. responder a perguntas ati nentes a esta;

b) para muitos jovens de hoje, a fé consiste mais em sentimento ou em atitudes afetivas do que em doutrina. Dáo

mais valor
c) em contraparte, muitas pessoas tém a impressáo de que na Igreja Católica a doutrina está vacilando; faltam gran des certezas ou verdades sólidas, ao passo que ñas novas comunidades, como a de Moon, há urna mensagem que parece coesa, precisa, com incidencias Imediatas na vida de seus adeptos (novas revelacóes, vinda próxima do terceiro Adáo, posigóes políticas definidas, etc.). Ora o homem de hoje quer certezas..., certezas, alias, que nao somente nao faltam na Igreja Católica, mas sao mais sólidas nesta porque isentas de fantasía puramente imaginativa;

d) os processos de recrutamento aplicados pela AUCM sao poderosos: equivalem a condicionamentos psicológicos do — 538 —■

A SEITA DE MOON

47

tipo da lavagem de cránio e outros métodos dos regimes totalitarios. Tendem a impedir tanto a reflexáo pessoal quanto o diálogo em pequeños grupos, tornando difícil urna visáo objetiva ou um distanciamento critico. Acrescente-se a isto

a austeridade e o desgaste de forcas físicas ocasionados pelo regime da AUCM; isto tudo faz do Moonismo urna escola que acaba por destruir as personalidades e produzir seres que sao joguetes de idéias alheias. Muitos dos genitores de jovens moonistas observam que os seus filhos se lhes apresentam como que drogados ou vitimas de encantamento, ou seja, pro fundamente transformados. Na verdade, parece que os dirigentes moonistas nao exercem pressáo física sobre os jovens para que permanegam na seita, mas, sim, pressáo moral: a quem manifesté o désejo de abandonar a AUCM, os mestres suscitam problemas de

consciéncia, apontando-lhe os sacrificios que a seita faz em seu favor e a gratuidade que o beneficia. Caso descubram dúvidas no íntimo de algum membro da seita, mandam-no para o estrangeiro, onde só lhe resta aderir mais firmemente ao

seu

grupo.

Estes dados contribuem para que o leitor possa conceber a nocáo do que sejam o Moonismo e a sua agáo nefasta, que já se fazem sentir no Brasil.

Bibliografía:

Além das obras de Sun Myung Moon, já mencionadas á p. 533, refe rimos

B. Polrler, La secte de Moon, em pp.

"Etudes", aoút-septembre

1975,

211-218.

A.

Woodrow,

"Ouest

em

Franco"

"Le Monde" de de

4/03/75.

2/06/75.

Fr. Lombardl, La setta di Sun Myung Moon e II proselittsmo dalle

sette, em

"La

Civiltá

Cattollca"

3044,

16/04/77, pp. 160-169.

PR 212/1977, pp. 353-363 (o Moonismo).

Estévao Bettenoourt O.S.B.

— 539 —

livros em estante Moral do amor e da sexualldade, por Marciano Vidal. TraducSo de

Isabel Fontes Leal Ferrelra. Ed. Paulinas, Sao Paulo 1978. 145x210 mm,

412 pp.

O autor é sacerdote redentorlsta e professor universitario. Oferece-nos

um grosso volume sobre delicado assunto, reconhecendo que nao se trata de obra definitiva, mas, sim, de um convite ao diálogo comum entre médicos, psicólogos, sociólogos e teólogos (cf. p. 5). A leitura de tal estudo é útil a títulos diversos:

— O autor aprésenla urna boa introdugSo histórica e bíblica, na qual

mostra a evolucSo de certos conceltos da Moral sexual;

— M. Vidal propoe urna visao antropológica que procura Integrar a

sexualidade e o amor dentro do conjunto da pessoa humana;

— O autor conhece bem o pensamento filosófico moderno. Asslm propicia ao leftor a ocasiáo de focalizar numerosos elementos das ciencias humanas contemporáneas.

De maneira geral, M. Vidal é fiel ao pensamento da Igreja. Critica, porém, autores de séculos passados por nSo terem levado na devida conta a pessoa humana, que possui algo de subjetivo e misterioso e nao se reduz exclusivamente a fenómenos biológicos. É. á luz do personalismo asslm concebido que M. Vidal anallsa, por exemplo, o fenómeno da masturbacSo (distlnguindo acertadamente diversos tipos de masturbacáo, nem todos igual

mente graves) asslm como o costume, cada vez mais difundido, das relacSes pré-matrlmoniais; cf. pp. 327-381. O pensamento do autor nSo é multo claro em se tratando deste último ponto; preconiza a crlacáo de novas "instltuclonalIzacSes" para o amor pré-matrlmonial ou de um catecumenato, mals jurídico e oficial do que o atual, para o matrimonio. "Se se admitissem formas institucionalizadas anteriores ao matrimonio, poder-se-la pensar na llceidade das relacdes sexuais pré-matrimoniais. Antes do matrimonio, existlrlam outras formas mediante as quals a sociedade civil e religiosa reconhecerla o amor pleno e total entre os nolvos" (p. 381,).

Ora esta proposta de M. Vidal nSo é lúcida; equivalerla ao casamento gradatlvo, de que se tém felto experiencias, moralmente Infelizes, na Franca, e em outros países ? O falo é que, de um lado, M. Vidal condena as relaCñes pré-matrimonlals, desfazendo os argumentos que geralmente sao apresentados em favor das mesmas (cf. pp. 374-380); doutro lado, porém, apregoa algo que parece, por outra vía, querer levar a legitimar as relagSes

pré-matrlmonlals. Lendo Isto, lembramo-nos de que o autor nSo tenclonou definir sentencas, mas, sim, provocar os colegas ao diálogo...

Julgamos, alies, que a consideracáo da dlmensfio pessoal do ser humano é Importante, pols o homem nSo é mero animal redutlvel á sua fisiología. Todavía nSo é suficiente para se avallar a moralldade dos atos humanos; quer-nos parecer que a dlmensSo personalista tem algo de subjetivo e vago, pols o desabrochamento de urna personalldade pode ser entendido de manetras diversas ou mesmo contradltórias; em parte, sao os criterios biológicos que dlsslpam o subjetivismo ou Individualismo e fundamentam o que se chama "a leí natural" e urna moral universal. Recomendamos, pols, o livro aos estudiosos que desejem refletlr sobre o problema moral em suas facetas mais atuals. E. B.

— 540 —

PREZADO ASSINANTE,

NAO HA QUEM IGNORE OS ELEVADOS ÍNDICES DE INFLACAO MONETARIA POR QUE PASSA O BRASIL, JA HA ANOS...

APESAR

CURADO,

DE

DISTO,

CERTO

A

MODO,

NOSSA

REVISTA TEM

IGNORAR

TAO

PRO

VIOLENTA

SUBIDA DO CUSTO DE VIDA, ELEVANDO MUITO MÓDICA MENTE

O

PREQO

DE

SUA ASSINATURA

ANUAL.

ASSIM

PROCEDEMOS PORQUE NAO TEMOS OBJETIVOS COMER CIÁIS. EIS, PORÉM, QUE NESTE MOMENTO JA NAO NOS

É LÍCITO FECHAR OS OLHOS A REALIDADE, POIS ISTO SERIA MORTAL PARA O NOSSO PR. TIVEMOS, POIS, QUE FAZER UM

ORCAMENTO

MINUCIOSO

PARA

1979...

EM

CONSEQÜÉNCIA, EVIDENCIOU-SE QUE, SE PR NAO QUER SAIR DE CIRCULACAO NO PRÓXIMO ANO, DEVE COBRAR CR$ 180,00 (CENTO E OITENTA CRUZEIROS) POR ASSINA TURA ANUAL.

É O QUE LHE COMUNICAMOS, CERTOS DE SUA CAPA-

CIDADE

DE COMPREENSAO.

COLABORACAO DE V.S.

CONTAMOS,

POIS, COM

A

E OUSAMOS AÍNDA PEDIR-LHE

QUEIRA DIFUNDIR PR, OBTENDO-NOS NOVOS ASSINANTES. V.S. PODERA UTILIZAR O VERSO DESTA FOLHA.

GRATOS,

DIRECAO E REDACAO DE PR

AMIGO, SE ESTA REVISTA LHE É ÚTIL, AJUDE-NOS A DIFUNDI-LA PARA QUE OUTROS SE POSSAM DÉLA BENEFICIAR. SABEMOS QUE MUITOS PROBLEMAS SAO TAIS ÚNICAMENTE POR FALTA DE RETO EQUACIONAMENTO DOS RESPECTIVOS DADOS. QUEM CONSEGUIR CINCO ASSINATURAS NOVAS, TERÁ DIREITO A SEXTA ASSINATURA GRATUITA. QUEIRA, POIS, DESTACAR ESTA FOLHA E ENVIAR-NO-LA, PREENCHIDA, COM O NUMERARIO COR RESPONDENTE. ASSINATURAS NOVAS 1)

Nome: ._._....„.........................-.....

.

Endereco completo

2)

Nome: ...........

.......

Endereco completo

3)

Nome:

Endereco completo

4)

Nome:

Endereco completo :

5)

Nome:

.........

Endereco completo : ...................................................

ASSINATURA DE CORTESÍA

Endereco completo: Doador :

..................

.„.....„_.....„._

ÍNDICE

1978

TE e

esoonderemos CONFRONTO

ÍNDICE (Os números á direita de edicáo e página).

ABESC:

indicam

1978 respectivamente

V Encontró Nacional

fascículo, ano

220/1978, p. 363;

ABORTO e a lei do Brasil

225/1978, p. 363;

sentimental

225/1978, p. 369;

terapéutico

225/1978, p. 367.

ABSOLVICAO COLETIVA:

abusos

223/1978, p. 295.

AGOSTINHO (SANTO) E O PAPA ZÓSIMO

..

222/1978, p. 255.

ALEXANDRE VI, PAPA, e crise do Papado

..

222/1978, p. 259.

ALMA

HUMANA

E

FECUNDAQAO

ARTIFI

CIAL

226/1978, p. 412; É ESPIRITUAL VEGETATIVA, SENSITIVA E INTELECTIVA

226/1978, p. 424;

IMORTAL

227/1978, p. 475.

AMÉRICA LATINA: distribuicao ,do clero reunioes do episcopado ...

ASTROLOGIA:

que é?

226/1978, p. 428;

225/1978, p. 398; 225/1978, p. 389.

217/1978, p.

33.

ATEUS MILITANTES NA ROSSIA

221/1978, p. 205.

ATLANTIDA:

224/1978, p. 348.

A.U.C.M.

existiu?

(Moonlsmo)

228/1978, p. 531.

B BAHA'I: crencas e histórico

218/1978, p.

70.

BATISTAS e salvacSo eterna

227/1978, p. 467.

BEBÉ-PROVETA

226/1978. p. 407.

BENS DA SANTA SÉ: controversia recente ...

226/1978, p. 444.

BERMUDAS, TRIANGULO DAS

224/1978, p. 335.

— 544 —

,

ÍNDICE DE 1978

_53

BIBLIA: autentiddade do texto

228/1978, p. 495;

e programas

219/1978, p. 120.

revolucionarios

BIORRITMO: que é?

228/1978, p. 520.

BROWN, CASAL, E BEBÉ-PROVETA

226/1978, p. 407.

BULTMANN, RUDOLF, E DEMITIZACAO ....

219/1978, p.

97.

218/1978, p.

82.

c
autenticidade

texto

DA URSS:

CASAMENTO DE RAM A FÉ

Testemunhos

CRISTAOS

cristaos

QUE

do ...

PERDE-

GILDA DE ABREU

CATÓLICOS E COMUNISTAS NA ITALIA ...

228/1978, p. 500.

221/1978, p. 193. 223/1978, p. 300; 217/1978, p.

36.

218/1978, p.

86.

CELEBRACAO COMUNITARIA DA PENITEN CIA

223/1978, p. 297.

CLONE HUMANO (Engenharia Genética)

226/1978, p. 419.

CONCILIO PAN-ORTODOXO PASCOA

E

DATA

CONFERENCIA DO EPISCOPADO •AMERICANO EM PUEBLA CONFERENCIA (I)

DA

LATINO-

GERAL DO EPISCOPADO

DA AMÉRICA LATINA, NO RIO

CONFERENCIA (II) DO EPISCOPADO AMÉRICA LATINA, EM BOGOTÁ CONFISSAO E ABSOLVICAO CAO COMUNITARIA

«CONTATOS IMEDIATOS GRAU> — filme

DA

NA CELEBRA-

DO

TERCEIRO

CORPO E ALMA: distinguem-se? CRIATIVIDADE LITURGIA

E

218/1978, p.

61.

225/1978, p. 389.

225/1978, p. 391. 225/1978, p. 392. 223/1978, p. 297.

225/1978, p. 399. 226/1978, p. 426.

ESPONTANEIDADE

NA

CRISTAOS E MUCULMANOS NO EGITO

....

220/1978, p. 143.

SOCIALISTAS: origem e programa

219/1978, p. 109.

— 545 —

228/1978, p. 508.

54

ÍNDICE DE 1978

__

CRISTIANISMO E MARXISMO: oposigüo e diá logo

218/1978, p.

86;

219/1978, p. 109;

NA RÚSSIA SOVIÉTICA

....

CRITICAS AO PAPA: fatos históricos

221/1978. p. 204.

222/1978, p. 251.

D DESEJO NATURAL DE UMA VIDA SEM FIM

227/1978, p. 478.

DIVORCIADOS que se casaram de novo

223/1978. p. 301.

DIVORCIO:

222/1978, p. 231.

a nova legislacao

D1ZIMOS: histórico e implantacáo DORES DE

PARTO ATRIBUIDAS A

223/197S, p. 282. MARÍA

DUDKO, DMITRIJ, e resistencia crista

22V1978, p. 190. 221/1978. p. 204.

E <£...> — peca teatral de Millor Fernandos

...

223/1978, p. 305.

EDUARDO DE MOURA CASTRO E REENCAR NACAO

217/1978, p.

EDUCACAO SEXUAL ÑAS ESCOLAS

227/1978, p. 457.

EGITO E CRENCAS RELIGIOSAS

E PIRÁMIDES

41.

220/1978, p. 144;

217/1978, p.

18.

«ELOHIM»: uso bíblico

217/1978, p.

13.

ENGENHARIA GENÉTICA E CASAL BROWN

226/1978, p. 407.

EPÍSTOLAS PAULINAS: autenticidade do texto

228/1978, p. 500.

ERICH VON DANIKEN:

217/1978, p.

12.

ESPIRITISMO E REENCARNACAO

217/1978, p.

36.

ESPIRITO E ALMA: que sao?

226/1978, p. 423.

ESPÓRTULAS DO CULTO: origem e significado

220/1978, p. 165;

teses próprias

223/1978, p. 282.

ESTADO PONTIFICIO:

historia

226/1978, p. 436.

<EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ» — livro de Günther Pape ...

221/1978, p. 215.

EVANGELHO A LUZ DO MARXISMO

219/1978, p. 121.

EXEGESE

219/1978, p.

BÍBLICA:

escolas

contemporáneas

— 546 —

95.

ÍNDICE DE 1978

55

F FECUNDACAO dernas

ARTIFICIAL:

experiencias mo

226/1978, p. 407.

FEMINISMO HOJE

223/1978, p. 308.

FILOSOFÍA É HISTORIA

227/1978. p. 482;

DO HINDU1SMO

219/1978, p. 130;

— IV SEMANA INTERNACIONAL

218/1978, p.

FIUC: XII Assembléla Gernl

227/1978, p. 486.

(1978)

92.

G GENIOS E ESPIRITISMO

217/1978, p.

GILDA DE ABREU E REENCARNACAO

....

44.

220/1978, p. 174.

H HABITANTES EM OUTROS PLANETAS

217/1978, p.

21;

225/1978, p. 401.

HERMENÉUTICA

MODERNA

219/1978, p.

99.

HINDU1SMO E PANTEÍSMO

219/1978, p. 128.

HONORIO I, PAPA, E INFALIBILJDADE ...

222/1978, p. 256.

HORÓSCOPO:

217/1978, p.

que é?

33.

I IGREJA E DIREITOS HUMANOS

220/1978, p. 150.

— povo de Deus e Sacramento

220/1978, p. 162.

«IGREJA (A) E O RECONHECÍMENTO DOS DIREITOS HUMANOS

livro de H. Lepargneur

NA HISTORIA» —

IMORTAUDADE DA ALMA HUMANA INFALIBII.JDADE PAPAL RICOS

E

FATOS

220/1978, p. 150.

227/1978, p. 475. HISTÓ

INQUISICAO ESPANHOLA

222/1978, p. 251.

220/1978, p. 154;

MEDIEVAL

220/1978, p. 152;

ROMANA

220/1978, p. 154.

INTENCOES DE MISSAS: histórico e Direito ..

220/1978, p. 164.

INVESTIDURAS LEIGAS E SIMONÍA

222/1978, p. 259.

— 547 —

66

ÍNDICE DE 1978

J «JEOVÁ>: origem do nome

221/1978, p. 225.

<JESUS> — llvro de J.E.M. Térra, S.J

219/1978, p.

JESÚS HISTÓRICO E J. DA FÉ

219/1978, p. 106;

CRISTO segundo H. Küng

95.

219/1978, p. 106.

cJESUS DE NAZARÉ» — filme de Zeffirelli ..

221/1978, p. 187.

JUSTICÁ E RETRIBUICAO POSTUMA

227/1978, p. 479.

K KÜNG, H: «SER CRISTAO»

'

223/1978, p. 275.

L LATRAO: Tratado e Concordata LEÍ

226/1978, p. 439;

6.515: divorcio

LJBERDADE DADE

222/1978, p. 238.

DE ARBITRIO E

ESPIRITUAL!-

E BIORRITMO LITURGIA:

.

abusos

226/1978, p. 431; 228/1978, p. 528. 228/1978, p. 508.

M MALAQUIAS

(SAO) E «PROFECÍAS»

227/1978, p. 453.

MARÍA E DORES DO PARTO

221/1978, p. 190.

MARXISMO NA AMÉRICA LATINA

219/1978, p. 109.

MEDITACAO TRANSCENDENTAL; que é? CRISTA:

MEMORIAS

DE

...

219/1978, p. 128.

..

221/1978, p. 204.

como?

UM SACERDOTE RUSSO

219/1978, p. 134.

MENINO SABIO É REENCARNACAO

220/1978, p. 174.

MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS: que é?

219/1978, p.

MÉTODOS DE MEDITACAO CRISTA: exemplos

219/1978, p. 133.

«M1LAGRE NA BIBLIA. Alíons Weiser

224/1978, p. 319.

MILAGRE:

nocSo

O QUE £> — llvro de

93.

teológica

224/1978, p. 427.

MISSAS «COMUNITARIAS» E ESPÓRTULAS ..

220/1978, p. 164.

— 548 —

ÍNDICE DE 1978

57

MOON E MOONISMO

228/1978, p. 531.

MORAL NOVA E SUBJETIVISMO

225/1978, p. 375.

MUNDOS HABITADOS: possibilidade

217/1978, p.

21;

225/1978,p. 40L

N NOSTRADAMUS: «proíedas»

217/1978, p.

23.

NOVA HERMENÉUTICA

219/1978, p.

99.

218/1978, p.

63;

NOVO TESTAMENTO — TANTE É O AMOR» —

«NOVOS

«O

MAIS

variantes grego

IMPOR do

texto

FILÓSOFOS>

228/1978, p. 503.

217/1978, p.

3.


218/1979, p.

63.

ORACAO

228/1978, p. 514.

O COMUNITARIA: abusos

ORIGEM DOS EVANGELHOS

219/1978, p.

95.

P PAPA.INFALÍVEL: PAPADO: Criticas

PASCOA:

em que

sentido?

222/1978, p. 252.

do

222/1978, p. 251;

poder temporal

226/1978, p. 444.

data fixa?

218/1978, p.

PAULO RESISTTU A PEDRO (Gl 2,11)

51.

222/1978, p. 254.

«PECADO: O QUE É?> — livro de Ambrosius Karl Rui

225/1978, p. 373.

PIRÁMIDES DO EGITO: misterio?

217/1978, p.

PLATAO E A ATLANTIDA

224/1978, p. 350.

«PODER

DO

SUBCONSCIENTE»

Joseph Murphy



livro

de

«PROFECÍAS» DE NOSTRADAMUS

PUEBLA.E

CANO

EPISCOPADO

23;

227/1978, p. 451.

..

LATINO-AMERI

— 549 —

222/1978, p. 263. 217/1978, p.

DE SAO MALAQUIAS

PSIQUIATRÍA E IDEOLOGÍA NA U.R.S.S.

18.

221/1978, p. 197.

225/1978, p. 389.

68

__

ÍNDICE DE 1978

Q QUARTODECIMANOS

E

DATA

DA

PASCOA

222/1978. p. 25-1.

R REENCARNACAO: caso de Eduardo Castro caso de Gilda de Abreu cRIQUEZA> DO

217/1978 p.

41;

220/1978, p. 174.

VATICANO

226/1978, p. 435.

s «SACERDOTES PARA A LIBERTACAO>

219/1978, p. 113.

SADAT EM JERUSALÉM

220/1978, p. 147.

SALVACAO ETERNA DO CRENTE

227/1978, p. 46G.

«SAMIZDAT», REDE DE INFORMACOES

221/1978, p. 194.

SÉCULO X, sáculo «de ierro»

222/1978, p. 258.

SEITA DE MOON

228/1978, p. 531.

SEMANA (IV) SOFÍA

INTERNACIONAL

DE

FILO-

218/1978, p.

92.

«SER CRISTAO» — livro de Hans Küng

223/1978, p. 275.

SIMONÍA E INVESTIDURAS LEIGAS

222/1978, p. 259.

SOCIALISMO

219/1978, p. 116.

MARXISTA

E

CRISTAOS

SOFRIMENTO E REENCARNACAO

217/1978, p.

SUBCONSCIENTE: seu potencial

222/1978, p. 263.

42.

SUN MYUNG MOON

228/1978, p. 531.

T TAXAS DO CULTO

223/1978, p. 288.

TEOLOGÍA FUNCIONAL OU ECONÓMICA ...

219/1978, p. 104.

TESTEMUNHAS DE JEOVA: quem sSo?

221/1978, p. 216.

TEXTO BÍBLICO: autenticidade

228/1978, p. 495.

TORTURA E

MEDIA

PENA

DE

MORTE

NA

IDADE

220/1978, p. 159.

TRIANGULO DAS BERMUDAS: misterio?

224/1978, p. 335.

THURIAN, MAX, E LITURGIA

228/1978, p. 516.

— 550 —

ÍNDICE DE 1978

59

V VATICANO:

«riquezas»

VIDA ETERNA (Batistas)

E

226/1978, p. 435.

VIDA

INAMISSIVEL

227/1978, p. 471.

VIDA VEGETATIVA, SENSITIVA E INTELEC TIVA: «incoes

226/1978, p. 424.

VIRGINDADE,

223/1978, p. 310.

RETORNO A

VON BRAUN, WERNER. DA ALMA

E

IMORTALIDADE

220/1978, p. 177.

EDIT0RIA1S A FIM DE QUE O MUNDO CREÍA

227/1978, p. 449.

AMOR A VERDADE CORAGEM E

«HABEMUS

* 220/1978, p. 141.

COERÉNCIA

228/1978, p. 495.

PAPAM!»

226/1978, p. 405.

«HOJE, SE OUVIRDES (SI 94,7)

A

SUA

VOZ...»

223/1978, p. 273.

NATAL E O MISTERIO DA IGREJA

217/1978, p.

1.

O «ABSURDO> CRISTAO

219/1978, p.

93.

OS ASTRÓNOMOS E DEUS

224/1978, p. 317.

PAULO VI, O PAPA DO DIALOGO

225/1978, p. 361.

PEREGRINO

DO ABSOLUTO

221/1978, p. 185.

PESSIMISMO

OU OTIMISMO?

218/1978, p.

TEMPO DE VIOLENCIA

LIVROS AGUIAR,

A.A.



49.

222/1978, p. 229.

APRECIADOS

JOGRAIS EVANGÉLICOS

PARA CATEQUESE DO 1«

GRAU

221/1978, 3* capa.

ARENHOEVEL, Diego — ASSIM SE FORMOU A BIBLIA. PAKA VOCÉ ENTENDER O ANTIGO TESTAMENTO

222/1978, p. 272.

BACH, J. Marcos — SENTIDO DA SEXUALIDADE

226/1978, 3» capa.

ESPIRITUAL

-^ 551 —

ÍNDICE DE 1978

BALLARINL Teodorico P. — INTRODUCTO A

BIBLIA COM ANTOLOGÍA EXEGÉTICA. Vol. II/3: Profetismo e Profetas era geral — Isaías

— Jeremias — Lamentacoes



Baruc — Carta de Jeremias — Ezequlel .. BATTAGLIA e outros — COMENTARIO AO EVANGELHO DE SAO MARCOS

BATTISTINI. Fr. VIVO.



A

Curso bíblico

dadelra Igreja

IGREJA DO

VERSO

VERSO E RE

BOFF Clodovls — TEOLOGÍA E PRÁTICA. TEOLOGÍA DO POLÍTICO E SUAS ME-

DIACOES

CARAM, Dalto — VIOLENCIA DADE CONTEMPORÁNEA

NA

SOCIE-

COELHO DE SOUZA, José — O SANGUE PELA JUSTICA. PADRE JOAO BOSCO

PENIDO BURNIER, S.J

CONSELHO INTERCONFESSIONAL PARA A EDUCACAO RELIGIOSA (CIER) — EDUCACÁO REUGIOSA ESCOLAR. ROTEI-

ROS DE AULAS DO 2' GRAU

COUSIN, Hugues — O PROFETA ASSASSINADO. HISTORIA DOS TEXTOS EVAN-

GÉLIDOS DA PADCAO

DODD.

C.H.



A

INTERPRETACAO

QÚARTO EVANGELHO

DUQUOC,

Christian



CRISTOLOGIA:

DO

EN-

^S000™00^11 °HOME"1

GOMES, Cirilo Folch. OSB — DEUS É COMUNHAO. O COÑCEITO MODERNO DEPESSOA E A TEOLOGÍA TRINITARIA .. GONZÁLEZ-BALADO,

José Luis — O DESA-

FIO DE TAIZÉ, Ir. ROGER

GRINGS, Dadeus — VTTAUDADE

TIANISMO NO SÉCULO XX

DO CRIS

GRUEN, Wolígang — O TEMPO QUE SE CHAMA HOJE. UMA INTRODUCAO AO

ANTIGO TESTAMENTO

— 552 —

226/1978, 3* capa.

DEUS

popular sobre a ver-

BENETT, Santos — SALMOS.

220/1978, p. 184.

223/1978. 3» capa.

224/1978. 3' capa.

224/1978, p. 358. 221/1978, 3* capa.

227/1978, 3' capa.

221/1978. p. 227.

223/1978, p. 314.

224/1978. p. 360.

217/1Í78, 3. capa. 227/1978, p. 489.

224/1978, p. 360.

222/1978, p. 271.

221/1978, p. 227.

INSTITUTO DIOCESANO DE ENSINO SU PERIOR DE WÜRZBURG — TEOLOGÍA PARA O CRISTAO DE HOJE. Vol 5: A

VIDA NA FÉ

JEREMÍAS,

Joachim

— A

MENSAGEM

CEN

TRAL DO NOVO TESTAMENTO

LAMBIASI. F. — AUTENTICIDADE RICA DOS EVANGELHOS

HISTÓ

LEBRETON, Jacques — CEGÓ E SEM MAOS LEMONNIER, A.M.

— CARTAS A UM CON

DENADO

LOHFINK, Gerhard — AGORA ENTENDO A BIBLIA. PARA VOCÉ ENTENDER A CRI

TICA DAS FORMAS

MARITAIN,

Jacques



PROBLEMAS

FUN

DAMENTÁIS DA FILOSOFÍA MORAL

MESSORI,

Vittorio

JESÚS



HIPÓTESES

..

SOBRE

223/1978, p. 315. 219/1978, p. 140.

223/1978, p. 315. 227/1978, p. 489.

227/1978, p. 490.

222/1978, p. 271. 224/1978, p. 359.

227/1978, p. 489.

MESTERS, Carlos — ABRAAO E SARA

222/1978, 3* capa.

MIRANDA, Mario de Franca — SACRAMENTO DA PENITENCIA. O PERDAO DE DEUS NA COMUNIDADE ECLESIAL

225/1978, 3* capa.

MOODY Jr., Raymond A. — A VIDA DEPOIS

DA VIDA

RAHNER,

Karl

CRISTAO

RATZINGER,

CIACAO

— • O

Joseph



DESAFIO DOGMA

DE E

SER

ANUN-

SCHMAUS, Michael — A FÉ DA IGREJA. Vol. III: CRISTOLOGIA. Secáo 2: JESÚS

CRISTO

SELLIN, E. e FOHRER G. — INTRODUCAO AO ANTIGO TESTAMENTO. Vol. I: LIVROS HISTÓRICOS E CÓDIGOS LEGÁIS

TRUJILLO. D. Alfonso López — LIBERACAO MARXISTA

E

LIBERACAO CRISTA

REVISTA «PARAPSICOLOGÍA NICA» Ano 2 — N* 3

....

E PSICOTRÓ-

SUPLEMENTO DE «O DOMINGO» — BIBLIA GENTE. Seminario para Circuios Bíblicos

VIDAL, Marciano — MORAL DA SEXUALIDADE

DO

AMOR

E

227/1978. 3' capa.

220/1978, p. 184. 219/1978, p. 140.

217/1978, 3* capa.

222/1978, p. 272. 219/1978, 3» capa.

220/1978, 3» capa. 226/1978, 3' capa.

228/1978, p. 540.

"NOSSO SALVADOR, AMADOS FILHOS, NASCEU HOJE ¡

ALEGREMO-NOS. NAO PODE HAVER TRISTEZA QUANDO

NASCE A VIDA ; DISSIPANDO O TEMOR DA MORTE, ENCHE-NOS DE ALEGRÍA COM A PROMESSA DA ETERNIDADE. NINGUÉM ESTA EXCLUIDO DA PARTICIPACAO NESSA FELICIDADE ; A CAUSA DA ALEGRÍA É COMUM A TODOS POR

QUE NOSSO SENHOR, AQUELE QUE DESTR6I O PECADO E A MORTE, NAO TENDO ENCONTRADO NENHUM HOMEM

ISENTO DE CULPA, VEIO LIBERTAR A TODOS. EXULTE O JUSTO, PORQUE SE APROXIMA DA VITORIA. REJUBILE-SE O PECADOR, PORQUE É OONVIDADO AO PERDAO. REANIME-SE O GENTÍO, PORQUE É CHAMADO A VIDA !"

COM ESTAS PALAVRAS DE SAO LEÁO MAGNO (t 461),

DESEJAMOS AOS NOSSOS AMIGOS A ALEGRÍA E AS GRACAS DE SANTO NATAL, PENHOR DE PRÓSPERO 1979.

PR CONTINUA A DISPOSICÁO

DE

SEUS

LEITORES

PARA SERVIR-LHES DO MELHOR MODO POSSIVEL E CONTA COM A COLABORACÁO DOS MESMOS NA DIFUSAO DA SUA REVISTA.

Related Documents


More Documents from "Apostolado Veritatis Splendor"