Umuarama, domingo, 22 de março de 2009
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CONTO
Quem quer ser um Milionário
?
Falta uma pergunta para Jamal Malik ganhar 20 milhões de Rúpias. Como ele conseguiu isso? A) Ele trapaceou B) Ele tem sorte C) Ele é um gênio D) Estava escrito É com essa pergunta que começa o filme Quem Quer Ser Um Milhonário [Slumdog Millionaire], lançado no final de 2008. A película, dirigida pelo genial diretor Danny Boyle, o mesmo de Trainspoting, é a adaptação do livro Q & A, do diplomata indiano Vikas Swarup e foi o grande vencedor do Oscar 2009, levando oito estatuetas pra casa: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Canção Original e Melhor Mixagem de Som. Todas elas muito merecidas. Algumas pessoas decidem o próximo passo na vida depois de muito pesquisar, medir e refletir; outras simplesmente seguem a intuição. Jamal Malik (Dev Patel) nunca estudou, mas sempre esteve atento ao que que a vida lhe ensinava. Era o garoto que servia chá num “call center”, e agora está prestes a responder a última pergunta do programa de TV indiano “Quem Quer Ser Um Milionário” e transformar sua vida no que sempre sonhou. Entretanto, por ser favelado e semi-letrado, antes de conquistar o direito a dar a ultima resposta, Jamal foi preso e teve que explicar como havia con-
seguido responder tantas perguntas sem nunca ter estudado. Chegou a ser torturado, mas no fim provou que para cada resposta correta havia um episódio em sua vida. Episódios às vezes felizes, algumas vezes trágicos e muitas vezes tristes o prepararam e o levaram à grande chance de sua vida. Quem Quer Ser Um Milionário tem tudo o que um filme deve ter: Drama, Suspense, Ação e Romance. Tem uma pitada filosófica ao provocar o questionamento sobre a existência ou não do destino e do amor ideal e ainda nos dá de brinde uma viagem, mesmo que superficial, pela cultura e lugares da Índia, alguns nojentos como as favelas e coloridas lavanderias, outros maravilhosos (ou quase) como o Taj Mahal. Mas a mágica acontece quanto todos estes ingredientes são colocados juntos e transformam essa película em algo imperdível. E você acredita em destino? A resposta dessa pergunta nunca será igual, cada pessoa terá uma opinião que dependerá de como viveu; se tomou as rédeas da própria vida ou se deixou-se levar. Nessa ultima opção, há um grande o risco de se acabar onde não queria. De qualquer forma a vida é feita de escolhas e todo mundo sabe, mesmo se a escolha for não escolher a opção foi feita. Se eu fosse você escolheria assistir esse filme.
O Fantasma de Umuarama
Estava num bate papo com um amigo, falávamos dessas lendas urbanas quando ele exclamou descrente: “Não acredito que você não saiba dessa!”, respondi um tanto envergonhado que não sabia mesmo. Mas era um caso tão curioso que me senti na obrigação de escrevê-lo. A história da, talvez, primeira lenda urbana exclusivamente umuaramense é a seguinte: Ninguém sabe ao certo quando aconteceu, mas uma senhorinha, já nos seus quase sessenta anos de idade, estava lavando a louça numa daquelas casas do último quarteirão - ou o primeiro da Avenida Maringá, perto da Copel. O Carnaval havia terminado há uma semana, era uma dessas tardes de quaresma tipicamente umuaramenses, quentes, com um sol de rachar coco, porém úmidas pelas chuvas esporádicas dessa época do ano. Lá da cozinha ela ouve baterem palmas no portão da sua casa. Ao atender o chamado encontra um jovem magro, nariz pontudo, sem camisa e de pele um pouco queimada do sol. Tinha cabelo escuro, encaracolado, um pouco comprido e bem volumoso. Ele transpirava feito parede de sauna e respirava cansado. Ela se adianta e diz: - Boa tarde. - Oi, boa tarde. Desculpa incomodar, mas a senhora poderia me arranjar um copo d’água? - Claro. - Bem gelada... se for possível... - Pois não, espera só um tiquinho. Então a mulher volta para a cozinha, pega um copo, capricha na água e leva até o rapaz sedento. - Aqui está a sua água, moço. - Ah, muito obrigado! Numa golada só o rapaz bebe toda a água e imediatamente olha para a senhora, mas seus olhos estavam completamente negros, como os de um tubarão. Ele coça a barba, por fazer, dá um sorriso largo e mostra os dentes todos pontiagudos. A mulher arrepiou-se até as unhas com aquele sorriso que, apesar de amedrontador, expressava uma imensa gratidão e satisfação. - Muito obrigado mesmo! – agradece outra vez e desaparece num piscar de olhos, com copo e tudo. A senhorinha, coitada, solta um grito lancinante de pavor e desmaia. É acordada pelos vizinhos aos quais conta o insólito acontecimento e descreve o rapaz que, após algumas especuladas descobriu-se ser um dos três rapazes linchados e queimados na praça Miguel Rossafa em Dezembro de 1986, logo ali, na rua de cima da sua casa. Dizem que após o ocorrido a mulher ficou muito abalada, meio louca e alguns meses depois já não morava mais em Umuarama. Mudou-se com o marido pra não se sabe onde. É curioso como a sua incrível história permaneceu na boca de poucos. Até agora.
O novo capítulo de Ed Motta. Dia 12 de Março tive o privilégio de assistir a um show do Ed Motta no Memorial da América Latina, em São Paulo, na belíssima sala Simon Bolívar. A apresentação faz parte do Projeto Adoniram Barbosa, da Fundação Memorial América Latina que, durante o ano trás artistas renomados para se apresentar no Memorial. Coincidentemente no mesmo ano em que celebram os 20 anos do Memorial, Ed Motta também comemora os seus 20 anos de carreira. Mais um motivo para ele constar entre os artistas convidados do projeto. Muitas pessoas, já mais familiarizadas com as apresentações do artista disseram que esta foi muito mais dinâmica e energética do que as da turnês anteriores. Talvez pelo espírito um pouco mais roqueiro do novo disco, diferente da pegada jazz e soul que vinha levando nos discos anteriores. No repertório figuraram hits como Fora da Lei, Tem Espaço na Van, Manuel, Baixo
QUEM LÊ ESCREVE Sabe de alguma história, lenda, acontecimento curioso com personagens reais ou fictícios de Umuarama ou qualquer outra cidade da região? Envie sua história pelo e-mail do Cultura & Arte (
[email protected]) ou pelo correio, para o endereço da redação do Umuarama Ilustrado. As histórias serão todas lidas e, se aprovadas, publicadas nesta página com a autorização do remetente. Não existe prazo final para o envio. Ajude a preservar nossa memória!
Rio, Colombina e canções do disco mais recente como You’re Supposed To..., The Sky is Falling e Tommy Boy’s Big Mistake, todas muito boas e dançantes, além de outras canções de fases diversas de sua carreira. Ed Motta surpreendeu a si mesmo e a todos da platéia ao abrir o microfone para o público. Descobriu ali alguns ótimos cantores e selecionou quatro para subirem ao palco e atuarem como backing vocais em uma das músicas. Depois sugeriu uma melodia par ao público cantar enquanto ele solava vocalmente por cima. Foi uma apresentação incrivelmente interativa, com uma banda de ótima qualidade composta por Paulinho Guitarra e Luiz Fernando Comprido nas guitarras, Robinho Tavares no baixo, Leandro Cabral nos teclados, Vitor Cabral na bateria e Ed Motta nos teclados e vocais. Um show extremamente recomendado assim como o novo disco do cantor entitulado Chapter 9, que também surpreende.