Cultura & Arte 2009 - Jul-12

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Umuarama, domingo, 12 de julho de 2009

CRÔNICA Reflexão sobre o a essência do Ser por Caroline Guimarães Gil por Vinícius de Moraes

Conto O pé de valsa

Ah! Quantas coisas se passaram por minha cabeça. Talvez eu me dê tão pouco para existência, por isso que todos querem sempre muito de mim. Não fico sabendo o que teria eu de oferecer a outrem. O que eu veria em mim, se tivesse exceto mim? Penso que talvez tenha de ser gente, afinal. Mas o que seria ser isso? Não sei nem por onde dar início. Ninguém sabe, no entanto já começamos. E quem deu o arranque? Quem falou: “Que se abre a viver...”? Eu não fui. Só sinto que fui parar aqui, num dia desses, numa varanda de uma casa ignota, com vários passatempos esparramados pelos azulejos amarelos. Nasci e vi que tinha um corpo, foi um choque! Tinha pessoa, eu era um indivíduo. Mas, e agora o que eu fazia com aquilo? Eu tinha olhos, nariz, e eu pensava muito, pensava sempre, uma coisa meio esquisita o pensar! Eu tinha duas pernas para me levar onde eu quisesse, e duas mãos para resgatar tudo o que eu pudesse. Mas para onde quero ir? O que eu quero pegar? Isso ninguém pode ensinar. Contudo a existência deveria ser mais do que isso, pensava eu. O que é ser gente? Quando sei que estou sendo o que sou, se quando sou é ser um pouco do outro dado por mim mesma? Creio que dou tantos presentes num dia... Sou tão mãe, tão coruja. Mimo tanto as partes minhas que nem tenho. E acho pulcro ainda embora tão ausente. Creio que isso acontece conosco uns pares de horas. E como que para me distrair das dúvidas, deram-me um lápis e um caderno. Nestas figuras, algumas definidas outras distraídas, perguntaram-me: “Somos grafia sua ou você é grafia nossa?”. Até hoje estou na ambigüidade dessa questão. Enfim, se sou ou não, não sei ao certo. Mas sei onde estou, sei que vivo talvez só isso eu ei de ser. Mas sou também tudo o que eu não digo. E por saber o que não sou já sei o que eu sou! Fortifico-me no que sou sabendo o que não quero vir a ser. Sou porque o ser e o estar caminham juntos numa mesma casa. Às vezes relutam ser, e às vezes são desesperadamente! Seja lá o que for. Sou e estou na medida em que me permito ser. Só eu, sou eu. Eis a exaustão do ser humano. Só ser o que se é. E não há nada, nem ninguém que possa nos tirar desta rotina. Nenhuma roupa irá disfarçar a pele que é sua, nenhuma história falsa irá camuflar o que é a boca sua. Só nós, somos nós. Eis a grande solidão. Esforçarmo-nos em dizer aos outros, aquilo que é só nosso. Dar o máximo de si para o outro, e sentirmos mais unos. Parecendo-nos menos tolos, com esses braços, ou nos esquecer no outro, para não nos tornar presentes de nós mesmos, ausentes de nós mesmos. Respira, respira, pois só você consegue ser você mesmo.

Ouvi esses dias uma história que aconteceu em uma pequena cidade do interior do Paraná. Era meados dos anos 70 e a cidade era bastante recente, muito religiosa como era bem comum naqueles tempos. Era tempo de quaresma, período de resguardo dos católicos, quando a igreja não aconselha festas. Dizem também que nessa época o exército celeste está ocupado com outras coisas e deixam de cuidar de nós, os mortais, então o caminho fica livre para as forças do mal. Mas o dono do salão de baile, o Manoel, também conhecido como Mané, não dava a mínima pra isso, não achava a idéia de ficar quarenta dias sem abrir seu bailão muito boa. “Quem vai pagá o meu feijão, pô?!” – dizia ele. E foi assim que o Mané resolveu abrir o baile naquela Sextafeira de quaresma. O padre excomungou, as beatas esconjuraram, todo mundo olhou torto pra ele. Mesmo assim bailão lotou e o rastapé comeu solto a noite toda... ou quase toda. Dizem que por volta das onze da noite apareceu um forasteiro, um cara elegante, de paletó e camisa, sapato branco lustroso, bigode charmoso e babosa no cabelo penteado pra trás. O sujeito chegou calado e foi tomar um trago, debaixo da atenta vigilância dos homens do salão - os olhos de todas as garotas brilharam de desejo. Não demorou muito e o forasteiro pé de valsa estava rodando o salão, dançava com uma, com outra, mais outra... estava literalmente dando um baile no pessoal e deixando as moças ouriçadas, todas queriam mais. Chegou um ponto que todas elas só queriam dançar com o tal cara do bigode. Os homens do recinto, indignados, foram tirar satisfação. Aí a coisa ficou feia. O Ademar da quitanda, um cara enorme e esquentado, já chegou empurrando o forasteiro de lado e perguntou: - Quem diabos é você, cumpadi? Vai chegando e atrapalhando o nosso baile, pegando nossas garotas... tu acha que é quem? O forasteiro, olha firmemente para Ademar durante uns 5 segundos sem esboçar qualquer reação. Então começa a rir. A gargalhada vai aumentando cada vez mais até ecoar por todo o salão e encobrir a música. A banda para de tocar e, todos assustados, olham para o risonho forasteiro. As luzes então

O Pó da Estrada.

Nevilton e seus companheiros andam com a agenda lotada. Acabaram de retornar de uma apresentação de sucesso na Funhouse, em São Paulo e já embarcaram este fim de semana para Paraíso do Norte, pequena cidade a uns 100 Km daqui de Umuarama. Lá em Paraíso se apresentaram na segunda edição do festival Paraíso do Rock. O festival é considerado um dos mais bem estruturados do sul do Brasil, e está prestes a entrar no calendário da Abrafin (Associação Brasileira dos Festivais Independentes). Este ano Nevilton (que também esteve presente na primeira edição) divide o palco com grandes nomes do nosso novo rock, como: Zefirina Bomba, de João Pessoa; Relespública, de Curitiba e

Quem Lê escreve: Sabe de alguma história, lenda, acontecimento curioso com personagens reais ou fictícios de Umuarama ou qualquer outra cidade da região? Envie sua história pelo e-mail do Cultura & Arte ([email protected]) ou pelo correio, para o endereço da redação do Umuarama Ilustrado. As histórias serão todas lidas e, se aprovadas, publicadas nesta página com a autorização do remetente. Não existe prazo final para o envio. Ajude a preservar nossa memória!

começam a piscar desordenadamente; apagam e acendem ao som daquela maldita risada até que finalmente tudo escurece. Ao acender das luzes o forasteiro não está mais ali na frente do Ademir, mas em cima das caixas de som do palco, e continua rindo. Enquanto gargalha feito um lunático levanta suas duas mãos para cima, se consome numa labareda de fogo e desaparece. Todos que estavam no salão imediatamente saem correndo desesperados, deixando na sala apenas um forte cheiro de enxofre. Dias depois tomaram coragem para voltar ao salão, foram acompanhados pelo delegado e pelo padre. A única coisa que encontraram como prova do fatídico foram marcas de cascos queimadas sobre a caixa de som de onde sumiu o forasteiro. No jornal daquele dia publicaram a foto das marcas e a seguinte manchete: “O dia em que o capeta veio pra dançar”.

Wander Wildner, mitológica figura rock Gaucho, ex-integrante do grupo Replicantes e compositor de canções de sucesso como “Bebendo Vinho” e “Eu tenho uma camiseta escrita Eu Te Amo”. Depois de passar pelo Paraíso, Nevilton segue com sua disputadíssima agenda de julho, tocando em Curitiba nos dias 19, no Expressões Oi e no dia 24 no Festival Rock de Inverno. A banda também se apresenta em Santa Catarina: dia 18 estão em Joinville com a banda Fevereiro da Silva e dia 25 em Florianópolis, com a Aerocirco. Para mais detalhes acesse www.nevilton.com.br e mantenha-se informado das façanhas dessa banda Umuaramense que está dando o que falar Brasil afora.

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