Culturanja, 30 De Agosto De 2009

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Poesia Função de escrita Por Thiago Calixto Papel em branco, corpo em ebulição Tinta em obras, mente em construção

Umuarama, domingo, 30 de agosto de 2009

por Tiago K. Inforzato

Páginas que merecem ser viradas Na noite da quinta-feira, 20 de agosto, estive presente no lançamento da Coleção Vire a Página de livros infantis, que foi idealizada, escrita e ilustrada pela escritora umuaramense Angela Russi. Tal coleção foi publicada graças à grande ajuda do Rotary Club de Umuarama e é Composta por cinco livros: Eu, no Espelho, A Vitória Régia, A Árvore Careca, O Anjo Querubim e Químio, o Caçador, os quais falam, através de metáforas e outras imagens, sobre o Câncer, sendo que cada livro aborta um aspecto da doença e seu tratamento. O evento estava muito bem freqüentado, muitas pessoas presentes: colunáveis da cidade, o pessoal do Rotary, autoridades e muitos amigos que eu não via há muito tempo. Até a Caroline Gil, companheira de Culturanja e entusiasta das letras estava por lá. Considerando que o público alvo da coleção são as crianças de 05 a 12 anos, portadoras da doença, o salão do Buffet Kaskata estava mais pra parque do que pra coquetel, muitas crianças brincando, brinquedos e duas alegres palhacinhas da Cia. Identidade Teatral de

Umuarama mantendo-as saltitantes. E nesse ambiente alegre, durante as explicações e leitura dos livros, percebi que o alvo daquela linhas eram mais do que crianças com câncer, afinal, os livros falavam sobre insegurança, medo e demais sentimentos que devem ser vencidos para que se continue a vida e não há nada mais universal do que esse tema. Durante o tratamento de uma doença como o câncer (doença enfrentada e vencida pela autora dos livros) ou simplesmente ao encarar o desconhecido ou escolhas difíceis na vida, estamos exercitando a nossa coragem, que está diretamente ligada à nossa vontade de seguir em frente e realizar nossos planos. Nas sábias palavras da minha antiga psicoterapeuta, a Dra. Margarida Abrunhoza, que também estava no evento, “nós temos muitos medos e eles surgem de muitas coisas”, e certamente, vencê-los é o primeiro passo para que se dê passos mais seguros e não caiamos nas armadilhas da frustração. Cada coleção com os cinco livros custa R$ 15,00 (quinze reais) e toda a renda conseguida com a

venda será revertida para a Casa Vita Vitória, entidade especializada no tratamento do Câncer na nossa região. Inclusive, quem quiser adquirir os livros da coleção

“Vire a Página” pode ligar para o telefone (44) 9131-3660. E por tudo isso não poderia deixar de parabenizar a corajosa Angela Russi, tendo dois motivos em

especial: primeiro por produzir literatura em Umuarama, uma cidade carente de manifestações artísticas próprias; segundo por transformar uma experiência pessoal

ruim em combustível para a vida e dividir com todos nós e, principalmente com as nossas crianças, em sua maioria também carentes de bons e palpáveis exemplos.

por Tiago K. Inforzato

Fragmentos do que não é mais Até o dia 1º de Setembro, segunda-feira, você ainda pode visitar a exposição Fragmentos Xetá, de quadros do pintor Silvio Rocha, nascido em Cruzeiro do Oeste (PR) e residente hoje em Campo Grande (MS). Sua obra tem características marcantes do Surrealismo, a mesma escola de Salvador Dali, Joan Miró e René Magritte. Na coleção de 19 telas que compõem esta exposição (não havia mais as 20 iniciais) Silvio mostra suas impressões e sentimentos acerca da relação Índio Xetá x Homem Branco. Na maioria das vezes encontramos no primeiro plano das pinturas o índio e sua cultura que vai se diluindo e encontrando com os planos de fundo, que retratam o homem branco através de queimadas, lavouras de café, placas demarcatórias e outros símbolos. Também estão bastante presentes o vermelho tanto em gotas de sangue quanto em labaredas de fogo e o arame farpado. Achei uma boa forma de se demonstrar a o aniquilamento desrespeitoso da cultura Xetá e sua substituição pela cultura branca. Vejamos as palavras do artista: “As queimadas e derrubadas de florestas representavam, ao mesmo tempo, o fim de tal civilização e a gênese da cafeicultura, uma forma de riqueza que faria o porvir do noroeste paranaense. O vermelho dominan-

te denota tanto o derramamento de sangue, a morte e a destruição das florestas nativas ocorridos no interior desse processo, quanto a cor da terra, que cede pigmentos naturais ao artista”. Além das telas, temos também dois painéis e um vídeo. Num dos painéis temos fotos antigas dos índios, em pretro e branco, tiradas durante a colonização da região; no outro temos as fotos de alguns dos últimos descendentes dos Xetás ainda vivos (ou não, não pude apurar tal fato). No telão se apresenta um pequeno documentário com imagens e depoimentos do citado povo indígena. Durante minha visita, havia também uma escola municipal presente – que não sei qual é - e, apesar dos alunos estarem mais preocupados em escor-

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regar no chão do salão e correr e brincar, ao invés de ver o documentário (o que quase me fez perder a fé nas crianças), houve uma hora que tudo se resolveu. Com o fim do documentário, todos correram para ver os quadros e, acho que eles se emocionaram mais com as pinturas. Ficaram tão intrigados (tudo bem que

muitos ainda preferiram correr pelo salão), a ponto de garotinha me perguntar, curiosa, sobre o quadro que eu estava olhando e sobre quem o havia pintado. Então expliquei algumas coisas pra ela e para outras tantas que aglomeraram em volta. Quando descobriram que foi a mesma pessoa que havia pintado “tantos

quadros e todos tão legais” – na palavra de uma delas ficaram mais impressionadas ainda. Foi então que percebi: muitas vezes a ignorância artística, a falta de interesse e paciência em aprender algo novo não é culpa das crianças. Talvez falte tira-las da superfície, inserir o que se estuda no seu cotidiano, dar aquele algo mais que vai faze-las se apaixonar e querer se inteirar do assunto. Creio que se as professoras que levaram os alunos para visitar a exposição tives-

sem explicado, não só sobre os índios, mas sobre o “moço que pintou os quadros, nascido em Cruzeiro do Oeste”, sobre formas de pintar quadros e tudo mais que envolve uma exposição, essas crianças sentiriam que, pelo menos naqueles minutos que ali ficaram, olhar e pensar era mais divertido do que escorregar no chão. Por fim, se quiser conhecer mais do trabalho de Silvio Rocha, o nosso conterrâneo Surrealista, é só acessar http://miro.fisica.unam. mx/silvio/index.html

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