Culturanja, 11 De Outubro De 2009

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Dança

15

Se não tê-las, como sabê-las?

Umuarama, domingo, 4 de outubro de 2009

por Tiago K. Inforzato

Asas por Angela Russi Frasquete

A mulher é um mistério, um delicioso enigma. Se eu fosse geômetra diria que o homem é um polígono, com seus ângulos e pontas facilmente medíveis – acidentado, bruto e exato; porém a mulher não teria outra forma senão a circular, curvilínea, cujo cálculo de sua superfície exata é quase impossível, é aproximada, depende de artimanhas como a constante π (um número irracional, de pelo menos 25 casas decimais) ou de algoritmos avançados de computação – suave, delicada, nunca exata e sempre complexa. Ora, talvez a natureza já tenha seguido algumas dessas dicas, não é mesmo? Divagações à parte, esta semana teremos ajuda na explorar o misterioso universo feminino: em conjunto com a Secretaria da Cultura de Umuarama, o Projeto Palco Giratório do SESC, em sua 4ª etapa traz para Umuarama o espetáculo de dança Rito de Passagem, do grupo amazonense Índios.com Cia. de Dança. A apresentação acontecerá neste dia 12 de Outubro (segunda-feira, feriado), às 20h, no Centro Cultural Schubert, com entrada franca (mas é preciso retirar os ingressos, com antecedência no SESC ou Fundação Cultural de Umuarama). Com quase uma década de vida e evidente influência indígena (o nome do grupo deixa claro), a Índios.com Cia. de Dança explora movimentos contemporâneos e tem suas coreografias montadas com a utilização de técnicas de esportes verticais como o rapel, a tiroleza e a escalada, além de técnicas circenses como a dança com tecido. Apesar do rito de passagem em questão ser inspirado nos costumes do povo indígena (houveram pesquisas com mulheres das populações ribeirinhas do Amazonas), ele pode ser interpretado de forma ampla e nos remeter às fases de evolução de todas as mulheres de todas as culturas, com seus tantos ritos de passagem que acontecem nesse processo de formação da mente e do corpo feminino. Certamente um espetáculo imperdível. Serviço: Espetáculo: Rito de Passagem Gênero: Dança Data: 12 de Outubro de 2009. Local: Centro Cultural Schubert, Umuarama. Horário: 20 horas. Duração: 40 min. + bate-papo Censura: a partir de 16 anos Valor : Entrada Franca Detalhes: Retirar Ingressos antecipadamente no SESC e Centro Cultural Schubert.

O que fazer quando se está fisicamente longe de alguém que você ama? Lembra-se dela. Imagina-se o que ela estaria fazendo naquele momento. Imagina-se como seria se ela estivesse ao seu lado. Pensa-se. Pensa-se muito. Nela. Pensar. Dói demais pensar porque o pensamento reaviva a saudade. Não pensar pode parecer mais prático, entretanto, é bem difícil mudar o foco do pensamento em momentos de saudade. Então, penso, lembro, imagino. Sinto saudade. Quero-a perto de mim, mas, ao mesmo tempo quero-a crescendo longe de mim e galgando os degraus de sua própria vida.   Desde o início de 2008 repito uma frase para mim mesma quase que diariamente. “Quem ama dá asas.” A liberdade permite que o ser amado volte por vontade própria, por amar de volta,  por querer estar perto.Quando a saudade dói demais digo:” quem ama dá asas.”   O que mais pode-se dizer quando o seu amor mais puro e verdadeiro se afasta para crescer? Sim, é aquela pessoa que tive dentro

de mim, aquela com quem nasci de novo. Fui criança novamente, adolesci. Tive momentos de extrema alegria e satisfação. Noites insones e instantes de amargura. Resumindo, aquela com quem sou feliz. Diante disso só posso dizer:”quem ama dá asas.”    Malditas asas quando a levam. Benditas quando a trazem. Podem as mesmas asas serem dois extremos? Podem, sim.  É assim que me sinto no início de ano letivo. Olhando as malditas asas afastando-se e que levam minha filha para a universidade em outra cidade, longe de mim.   Mas, quando essas mesmas benditas asas a trazem no fim de semana ou nos feriados e ainda nas férias, que alegria. Ela volta tão diferente, tão melhor, tão mais madura. Fico tão orgulhosa e agradeço em pensamento a Deus que colocou essa frase tão certa para mim, realmente na medida de minha saudade. “Quem ama dá asas.”   Malditas e benditas. Acima de tudo, necessárias .Essas asas que também respondem pelo nome de liberdade.

Visão mecanicista disfarçada de nova teoria? Pane no sistema! por Caroline Guimarães Gil

  Quem já não ouviu a música “Admirável Chip Novo” da cantora Pitty? Tenho certeza que a maioria dirá sim, independente do gosto musical; seja por algum veículo da mídia, seja por algum amigo que curti, enfim, diversos meios. Não quero esquadrinhar os bons entendedores de música, mas considero interessante o aspecto abordado pelo contexto dela. Pode parecer um pouco antiquado, falar de uma música que já obteve o seu reconhecimento e já passou pelo seu ápice considerado “moda”. Não que tenha simplesmente se extinguido, mas a freqüência em ouvi-la diminui. Em contrapartida, o tema abordado, é um motivo de causar-nos reflexão profunda, pois aborda um tema que perdura na sociedade atual, ou seja, aborda uma forma de pensamento que deixou resquícios no modo de agir e pensar da sociedade na atualidade: a visão mecanicista.       Esta teoria filosófica segue os preceitos de que o ser vivo é quase como uma máquina, que pode ser previsível e determinado. Conseqüentemente, pensa-se que, segundo este viés, o ser humano é reduzido a apenas seu aspecto biológico, sem considerar seu impulso vital, onde existe um espaço psíquico que nenhuma ciência alcança e explica em sua totalidade.       Por meio desta afirmação, a música traça perfeitamente esta idéia quando diz “parafuso e fluído em lugar de articulação”, ou mesmo “até achava que aqui batia o coração”, ou ainda “nada é orgânico, é tudo programado”. Onde se encontra a subjetividade do ser humano com esta linha de pensamento? Se pensarmos que o ser vivo é uma máquina, estamos validando que ele pode ser controlado, ficando a mercê de um considerado comandante. Mas ainda não acaba por ai, no refrão da música, há verbos no imperativo, como se estivesse obrigando e mandando o sujeito a executar devidas tarefas, como “tenha, more, gaste e viva” ou “use, seja, ouça, diga”, e no final do mesmo, há a resposta a este comando como “não senhor, sim senhor”.       Este pensamento, nega o ser vivo como ser. Nega a evolução do ser humano como ser cultural e social. Não há opção de escolha, há apenas comandos a serem efetuados. Por que desconsiderar a escolha do sujeito?      É interessante abordar este ponto, entramos numa estrutura histórica político-social da civilização, em que há o poder por meio do saber. Quando conheço e convenço o outro de que é verdade aquilo

o que digo, faço com que o outro fique a mercê da minha verdade, submetido a minha realidade de enxergar o mundo, até que ele descubra por si mesmo que aquela não era uma verdade absoluta, que tinha a opção de escolher. E quando acontece isto? E quando notamos que durante um bom tempo de nossa vida, achávamos que não nos era permitido à escolha? Sejam lá as consideradas mais diversas circunstâncias? “pane no sistema”, como descreve no início da música.      Este pane é perceber que uma verdade tinha sido encoberta, que toda a realidade não se concentrava em apenas uma afirmação. Agora, o sujeito enxerga pelos seus próprios olhos, e com certa consciência, passa a perceber uma nova realidade, precisa agora se reinventar, já que havia se submetido a uma visão particular de outro.      Esta visão mecanicista ainda existe em muitos ramos da ciência, em acreditar que ela é um campo restrito e autônomo, considerando o homem como um ser apto a ser manipulado e isolado. Um sistema maior de organização da sociedade se vê enclausurado se enxerga que a sociedade inventada não deu certo, pois as pessoas estão descobrindo as verdades encobertas, dando novos sentidos e rumos. Portanto, faz-se necessário, segundo o sistema, reinventar uma nova humanidade, uma nova forma de organização social, assim Pitty finaliza sua música ao dizer “e lá vêm eles novamente, e sei o que vão fazer: reinstalar o sistema”. Vai um admirável chip novo ai?

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