Cultura E Arte - Nov-23.pdf

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Umuarama, domingo, 23 de novbembro de 2008

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CRÔNICA E a Minha Cota de Paciência? Todo mundo sabe que o ensino do nosso país está entre os piores do mundo, com resultados coladinhos com alguns da África e abaixo de muitos outros menos desenvolvidos economicamente do que a gente. Também sabemos que é uma grande minoria de estudantes que conseguem sair do ensino médio e entrar nas universidades públicas, ainda mais se o ensino médio foi feito em escolas públicas. Os motivos desse déficit são diversos, mas todos tem como base o despreparo do estudante para enfrentar uma carreira acadêmica, resultado de um sistema de ensino falho que não ensina nada. Os números mostram que não existem negros, nem índios o suficiente nas universidades publicas e que a maioria dos agraciados com o curso superior público fazem parte da burguesia branca, rica e comedora de criancinhas. Pro governo isso não tá pegando bem, afinal, onde que fica a inclusão das minorias? Não podemos concordar um sistema de ensino preconceituoso como esse. A solução? Obviamente não é melhorar o ensino de base para que os estudantes cheguem preparados, com conhecimento suficiente para enfrentar um vestibular, entrar numa universidade e fazer com que o nível do ensino superior continue superior. É muito mais fácil separar metade das vagas a esses malamados estudantes que tiveram o azar de não ter um ensino decente e que, se entrarem na universidade, vão ajudar o Brasil a não queimar o filme com a ONU e nem com a UNICEF, afinal, o que importa são os números, que não mentem. E foi bem isso que aconteceu nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados deu mais um show de objetividade na resolução dos problemas do pais, aprovou o projeto de lei que reserva metade das vagas das Universidades Federais para estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas. Eu fiquei louco de feliz, vi na minha frente o futuro dourado da inclusão social no Brasil. E pra ser mais justa e isenta de preconceitos, a lei ainda cria sub-cotas para índios, negros e estudantes de baixa renda, não poderia ser mais perfeita e fácil de aplicar. Num país sem miscigenação como o Brasil, vai ser tarefa simples definir quem é negro, quem é índio e quem não é nenhum dos dois. Caso descubram que existem mestiços, a gente fica esperando a regulamentação da porcentagem de genes necessária para ser classificado como essa ou aquela etnia, ou então que criem uma lei abolindo a existência dos mestiços, já que lei resolve tudo feito mágica. Eu me lembro de ter ouvido “você tem que estudar, senão não chega a lugar nenhum” e, até esses dias era assim mesmo, meus pais é que estavam com a razão, mas agora o pessoal vai poder escolher entre estudar, ser negro, índio ou pobre. Simples assim. Aí eu imagino aquelas pessoas que vão se esforçar pra não melhorar de vida até que os filhos entrem na faculdade pela “cota dos baixa-renda”. Eu só vejo um futuro promissor. Brilhante. Será que essa gente não teria vergonha de saber que faz parte da metade sem condições intelectuais para agüentar um curso superior? Será que os que estudaram, se prepararam, passaram na prova sem regalias vão aceitar esse pessoal recebendo as mesmas honras de “estudante universitários”? O como ficaria o nível do ensino? Será os professores vão ter que descer o nível das aulas para que essa gente mal formada, que precisou de uma ajudinha, entenda do que está se passando na aula? Eu não sei vocês, mas eu me sentiria um completo boçal incapaz se fosse um cotista. Eu fico imaginando quando descobrirem que existem poucos analfabetos cursando o superior (pois alguns eu sei que tem). Eles vão ganhar cotas também? Afinal, educação em um direito de todos eles também são gente sorridente, que não desiste nunca e merece um lugar ao sol. Mérito? Pra que! E a gente ainda é obrigado a ouvir pérolas como essa do Deputado Paulo Renato: “Todos os dados têm dito que é a situação de renda da família que determina o desempenho diferencial entre os estudantes sistemas de ensino”. Aí a gente percebe que pra galera de Brasília, não é a qualidade do ensino público, oferecido pra quem não pode pagar por algo melhor, que atrasa a vida das pessoas, a culpa é da renda familiar. Assim podemos criar a incrível equação : quando mais pobre, mais burro; quanto mais rico mais inteligente. Por tudo o que é sagrado, Deputado, vai dizer que quanto mais índio ou mais negro, mais burro também? Que pensamento mais preconceituoso, heim! Aí vem o líder do governo, Henrique Fontana pra cabecear pro gol, dizendo: “O projeto revoluciona o acesso ao ensino público superior no país. A Câmara hoje marca uma mudança na historia do acesso ao ensino publico superior”. Excelentíssimo, eu entendo que educação é um direito de todos, mas o ensino superior não é chamado de superior à toa, ele é feito pra quem tem cérebro o suficiente para estar lá, no alto escalão pensante do país. O governo não tem que garantir acesso a nada ali, tem que garantir é estrutura de ensino e de pesquisa universitária, tem que oferecer educação básica de qualidade que possibilite aos estudantes as condições de resolver uma prova honesta, que vá medir o seu conhecimento e não tapar o sol com a peneira, colocando a culpa na cor de pele ou condição social. Só resta uma conclusão: O Brasil caminha para a autodestruição. O ensino fundamental já morreu faz tempo, agora vão querer sucatear o superior. Seremos servidos por profissionais cada vez menos preparados, pessoas acostumadas com atalhos, regalias e completamente alheias à noção de mérito ou merecimento. Não tem mistério, a culpa é da estrutura pública oferecida, melhorem essa pouca vergonha ou abandonem logo, terceirizem a educação para a Finlândia ou alguém capacitado. E não me venham mais com xurumelas.

Aos Doadores de Sangue Só para lembrar, o Hemepar está esperando a todos os doadores de sangue e demais interessados em salvar vidas a comparecerem no Hemonúcleo de Umuarama, que está decorado especialmente para os dias de campanha, com direito até a um lanchinho é especial. Na terça-feira o atendimento será realizado até as 22h e haverá show com o grupo Viola Refinada. Na sexta o atendimento também se estenderá até as 22h. O horário padrão de atendimento do Hemonúcleo é das 8h às 12h e das 14h às 16h, de segunda a sexta, durante o ano todo. Sejam os heróis de verdade, possibilitem a vida.

Tchubarubarando com a Mallu O que pediria uma menina de 15 anos de idade ao seu pai rico? Certamente um monte de coisas legais como celulares, sapatos, roupas, festas ou viagens maneiras. O bom é que pra tudo tem exceção e, nesse caso tem até nome próprio: Mallu Magalhães. Mallu poderia ser mais uma cocotinha paulistana, que torra a grana do pai bem de vida em frivolidades adolescentes que só a ajudariam a ter mais sucesso entre suas iguais, entretanto resolveu bancar a esperta e não ser simplesmente a melhor entre seu grupinho, resolveu ser realmente diferente de todas. Ao invés de um festerê lindo pra society, Malu resolveu pedir um “paitrocínio” para gravar um disco com músicas escritas por ela mesma. Com o presente do pai e suas canções ela foi até o estúdio “Lucia no Céu”, lá no Sumaré, em São Paulo e, juntamente com os músicos do local arranjou e gravou suas primeiras canções, disponibilizadas em seu MySpace. Dai pra frente, após divulgar bastante o trabalho e causar frison no circuito alternativo de São Paulo, blogs, jornais e MTV’s em geral, a menina ganha os festivais de música do Brasil e, já com 16 anos de idade, acompanhada pelos músicos do estúdio “Lucia no Céu”, que agora são a sua banda oficial, entra novamente em estúdio e grava o seu disco de verdade. O trabalho é uma superprodução, com direito a equipamentos antigos da gravadora EMI restaurados (com os quais também foram gravadas as músicas do Led Zeppelin IV), instrumentos escolhidos à dedo como o piano usado por Tom Jobim, guitarras dos anos 50, colheres e panelas na bateria e experimentações diversas, tudo supervisionado pelo renomadíssimo produtor musical Mário Caldato, que já trabalhou com gente

graúda como o Beastie Boys, Super Furry Animals, Molotov, Seu Jorge, Planet Hemp, Bebel Gilberto, Marcelo D2, Chico Science & Nação Zumbi, dentre outros. Enfim, com tudo isso jun-

OS CARECAS

to, não poderia sair outra coisa senão um álbum de sonoridade caprichadíssima. “Mallu Magalhães” e um leãozinho atento, estilo bolacha passatempo, é o que se vê na

Por Jefferson Silveira

capa do disco que carrega o cancioneiro da garota paulistana e que foi lançado oficialmente no dia 15 de Novembro deste ano, durante o festival Gig Rock, em Porto Alegre. No festival estavam presentes diversos nomes de vulto da música independente nacional, mas a boa notícia para os conterrâneos é que a banda que se apresentou logo após o show de Mallu (muito bom, por sinal) foram os Umuaramenses do Nevilton, que continuam cada vez mais marcando presença no cenário nacional. Folk por excelência, dá pra se notar tons de Bod Dylan, Johnny Cash, Elvis Perkins e comparsas bem evidentes em todas as faixas do álbum, ainda mais que a maioria das músicas são em inglês, mas sem qualquer desabono no sotaque da garota. As guitarras de Kadu Abecassis, a bateria de Jorge Moreira e os baixos de Thiago Consorti, conversam de igual pra igual com os vilões, banjo e gaita de boca de Mallu, criando um clima feliz e colorido, inclusive nas músicas mais melancólicas. Infelizmente, chega uma hora que a voz ainda um tanto infantil de Mallu começa a soar incômoda, dando a impressão de que o disco poderia terminar lá pela décima música ao invés de se estender por 14. Mas isso é só um pequeno detalhe que é diminuído pela qualidade sonora e musical que essa trupe conseguiu criar nos 10 dias de gravação do álbum. E é essa criatividade de qualidade que faz com que cada nova canção que começa se torne uma surpresa dessa caixinha carinhosamente criada e decorada pela menina prodígio mais descolada do momento. Que sirva de exemplo! Para saber mais: www.myspace.com/ mallumagalhaes

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