Cultura E Arte 2009 - Ago-01

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15

Poema

O zumbir adestrado

por Caroline Guimarães Gil

Esta senhora negríssima Com par de asas no dorso Que eu comumente distorço Chama-se consciência Uma liberdade burguesa De quem só comeu na mesa E não ouvia com clareza O zumbir de sua grandeza Artrópode bem treinado Com zumbir alcoolizado Me desperta agoniado Com o meu jeito alienado.

Crônica

A arte de parar Arte é aquela criação inspirada, o momento único onde o criador une sua intuição e sentimentos com o mundo e se expressa numa síntese de elementos que nem ele mesmo sabe exatamente quais são. Enfim, é um momento sagrado e especial. Não me surpreende que chamamos de “arte” tudo aquilo que demanda um empenho além do natural, como “futebol arte”; “arte do encontro” e nesse grupo temos a “arte de parar”, que é aquele momento de intuição aguçada onde se escolhe pendurar as chuteiras, sair de campo antes que alguma coisa séria e ruim aconteça com sua vida, ou a dos outros. Numa conversa com meu amigo Machado (sim, o de Assis, o imortal das letras) fiquei sabendo que ele achou um desses homens iluminados e, por que não corajosos, num anúncio de um jornal. Dizia lá: “Vende-se uma casa de barbeiro fora da cidade, o ponto é bom e o capital diminuto. O dono vende por não entender do ofício”. Tanto no Machado, quanto em mim o espanto foi o mesmo. Não só pelo exemplo de coragem ter vindo de um barbeiro, mas pela raridade de se ver gente honesta consigo e com os outros a ponto de reconhecer que não entende do que está fazendo e parar, respirar fundo e recomeçar em outra seara. Dizem que o trabalho enobrece o homem. Mas quão nobre é um homem que faz serviço mal feito pois não gosta do que faz? Quão nobre é o sujeito que odeia o próprio dia. Quão nobre é andar cabisbaixo, choramingando, frustrado? E o pior, o que há de nobre em executar um serviço de qualidade inferior ou sequer satisfatória? Seria nobre, então, enganar a todos que precisam dos seus préstimos? Ok, sem mais perguntas. E aí me veio uma outra história, também de barbeiros, acho até que aconteceu no mesmo salão que estava à venda no jornal que o meu amigo Machado leu. Essa história me chegou por um outro amigo, de São Paulo, o Luis. Lá vai: Chegou um rapaz sem um dos braços no salão do barbeiro e pediu um corte completo. “Barba, cabelo e bigode” – pediu o moço. O barbeiro pô-se ao trabalho imediatamente. Tesoura pra lá, tesoura pra cá, espuma de barbear, navalha sobe, navalha desce...sangue escorre, orelhas à perigo... e alguns gemidos de dor e medo. Terminado o serviço e curativos feitos, o barbeiro olhou bem pro cliente e disse: - Ora, mas eu conheço o senhor! O senhor não foi meu cliente há muito tempo atrás? E respondeu o maneta, em tom de sarcasmo: - Não, o braço eu perdi num acidente de carro, ano passado. Ora, está mais do que provado que foi sábio o barbeiro quando, ao ver o perigo e transtornos que poderia causar se metendo onde não tem vocação, abandonou o posto e mudou de vida. Foi cuidar, certamente, de algo que sabe fazer. Mas isso acontece com outras pessoas e empregos pelo Brasil. Veja o caso do nosso amigo literata, senador e insistente José Sarney. Ele pode entender de Política, de vida pública e ter um currículum muito legal, mas estou certo que não é o suficiente para exercer sua função do jeito que se deve. Acho mesmo que ele entende muito bem de outra profissão, mas essa dá cadeia. Será que ele já ouviu falar sobre a “Arte de Parar”?

Umuarama, domingo, 2 de agostro de 2009

As histórias mirabolantes de Stephen King: ou você odeia ou você ama! por Caroline Guimarães Gil É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Quem já leu algum livro do autor sabe muito bem do que eu estou falando. Ou quem já assistiu alguma de suas obras transpostas para o cinema, igualmente sabe do que eu estou falando! Afinal de contas, do que eu estou falando? Ah, sim! Claro! Para ter uma base, você leitor, que ainda não entrou em contato com este excêntrico autor, tome nota de uma pequena receita que considero essencial para se criar uma obra de Stephen King! Pegue uma panela de pressão e vá colocando nela: um pouco de sangue, psiquismo, esoterismo, misticismo, moralismo, ética, metáforas, ficção, realidade, outras dimensões, relações interpessoais e todos os tipos, eu disse TODOS os tipos de pessoa que encontrar. Pronto! Teremos uma história de Stephen King. É, não é tão simples assim quanto parece. Pareceu simples? Enfim, para quem já leu Celular, deve ter ficado chocado como eu quando chegou ao final da história, melhor dizendo, ficou chocado durante todo o processo da história! Neste livro em particular, Stephen relata a respeito da agressividade humana um considerado “instinto”, que segundo ele, o ser humano possui, guardando seus impulsos primitivos. A história se desencadeia quando o personagem principal Clayton Riddell percebe uma mudança drástica nas pessoas: algumas começam a se matar de forma aterrorizante. Mas, o que afinal estaria acontecendo? Com o passar do tempo, Clayton descobre que há alguma relação em especial aos fatos com o celular. Todas as pessoas que se utilizaram dele passaram a ter comportamentos esquisi-

tos, como se fossem zumbis sanguinários, pessoas incivilizadas, sem compaixão alguma pelo próximo. Chega a desconhecer todo e qualquer aprendizado antes adquirido, tornando-se basicamente um animal controlado por alguma coisa até então enigmática. Quando algumas pessoas passam a descobrir por meio de levantamento de hipóteses, a respeito do que poderia estar acontecendo, passam a juntar-se em grupo - os que estão “saudáveis” - e tentam buscar uma forma de acabar com aquilo tudo. É neste instante, que muita desordem surge. Os conflitos das relações interpessoais, e é isso o que mais me chama a atenção nas histórias mirabolantes deste famoso escritor. Pois o que mais me espanta, não são os zumbis, monstros, pessoas de outras dimensões, e sim, o comportamento do ser humano diante situação em grupo. Começa um conflito de valores, pois até então, você passa a ter que conviver com pessoas que nunca viu antes. Os demais passam a conhecer nossos momentos de tristeza, nossa maior fraqueza, nossas crenças e filosofia de vida. Há pessoas que durante a trama não suportam o terror dos acontecimentos e se suicidam, outras matam achando que é a melhor forma de solucionar os problemas, enquanto algumas tomam a posição de líderes outros preferem ficar na retaguarda. Stephen King se utiliza do imaginário para desenvolver suas obras, mas não é isso que nos assombra, o que mais nos instiga é o comportamento humano. Para quem se interessar, vale a pena procurar os filmes baseados em suas obras, mas, fique tranqüilo se acaso no final você sentir uma fúria tremenda ou começar a rir sem sentido.

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