Ano Xxx - No. 320 - Janeiro De 1989

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Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESENTTAQÁO DA EDipÁO ON-LINE Diz Sao

Pedro

que devemos

estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questoes da atualidade

controvertidas, elucidando-as do ponto de

ÉL vista cristáo a fim de que as dúvidas se

. dissipem e a vivencia católica se fortaleca " no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos

convenio

com

d.

Esteváo

Bettencourt

e

passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

responderemos SUMARIO

Adao e Eva co

"ADignidadedaMuIher"

q

Cristianismo e Catolicismo

M

Que devemos Crer?

tu

3 O

-^ V)

<

O Catolicismo através da Historia O Santo Sudario e a Ciencia O Chintoísmo

S LU _l

CQ

O ce Q.

ANO XXX

JANEIRO

-

1989 320

OUNTE E RESPONDEREMOS

JANEIRO- 1989

N? 320

Publicacao mensal

SUMARIO r-Responsável:

Adío e Eva

§vao Bettencourt OSB :or e Redator de toda a materia ilicada neste periódico r-Administrador:

Hildebrando P. Martins OSB listracáb e distribuicáb:

1

Fala Joao Paulo II: "A Dignidade da Mulher"

2

Visao Panorámica (I): Cristianismo e Catolicismo

16

Visao Panorámica (II):

coes Lumen Christi

n Gerardo, 40 - 5? andar, S/501 :(021) 291-7122

Que Devemos Crer?

22

Visao Panorámica (III):

xa Postal 2666 101 - Rio de Janeiro - RJ

O Catolicismo Através da Historia ....

27

Sui presa! O Santo Sudario e a Ciencia

32

I "MARQVESSARAJVA" caÁfcos i tonofxs &*

As Grandes Religioes da Humanidade:

(«ico « 54 - CE» »í*0

O Chintoísmo

}rj-M4t • 0*9 M MAMra (AJÍ

lo leitor,

41

NO PRÓXIMO NÚMERO:

nicamos-lhe que

o preco da assina-

321 - Fevereiro - 1989

e nossa revista PR 1989 foi estipula dos constantes

Aínda a origem dos Evangelhos. — Jesús vi

:es de papel, Correios, mao-de-obra...

ve u na India? - Liberdade Religiosa é Indife

mo

segué,

em

vista

rentismo Religioso? - As Aparicoes da Vir-

sso país.

gem de Guadalupe (crónica).

ento efetuado até

/89:

CzS 10.000,00

'89:

Cz$ 13.200,00

COM A PROVAQÁO ECLESIÁSTICA

i da compreensáo de V.S. subscrevemo-nos atenciosamente A ADMINISTRACAO iento (á escolha)

.LE

POSTAL a Agencia Central dos

rreios do Rio de Janeiro.

EQUE BANCÁRIO

3. No Banco do Brasil, para crédito na Con-

ta Corrente n° 0031, 304-1 em nome do MosteirodeS. Bentodo Rio de Janeiro, pá-

gável na Agencia da Praga Mauá (n? 0435).

Adáo e Eva Cometamos novo ano pouco depois que a ¡mprensa chamou a atenca"o

do público para a criacSo do mundo e de AdSo e Eva

(ver JB, 29/11/88,

p. 5, 1? Cad.). Os relatos bíblicos da origem do mundo (Gn 1-3) nao pretendem ser narracSes científicas, mas querem ensinar, em estilo primitivo, que tudo o

que existe é criatura de um só Deus (nao há astros nem animáis nem bosques

divinos!). Tal mensagem se compatibiliza bem com a tese da evolucao; Oeus pode ter criado a materia inicial dando-lhe as leis de sua evolucao até o nivel do primata superior. Quando este se achava suficientemente organizado, Deus terá infundido a alma (principio vital intelectivo, que nao é material, mas espiritual) a esse organismo. Assim terá tido origem a criatura humana. Esta hipótese (que realmente nao passa de hipótese) já foi aceita pelo S. Pa dre Pió XII em sua Encíclica Humani Generis (1950). Quando a Biblia diz que Oeus criou o homem a partir do barro e nele

soprou o principio de vida, está recorrendo a urna ¡magem literaria freqüen-

te entre os antigos. Ela quer dizer o seguinte: como o oleiro está para o bar ro, assim Deus para o homem; donde se segué que a sabedoria, o carinho, o dominio, a providencia... que todo oleiro exerce para com o seu barro, Deus os exerce, de maneira infinitamente perfeita, para com o homem. Tal modo de falar nao exclui o evolucionismo indicado nos termos ácima; ao contra

rio, críacao e evolucao se conciliam muito bem na concepcáo crista da ori gem do mundo e do homem.

Á luz destas verdades, vemos que nao se pode dizer que Adao e Eva nunca existiram ou sao mito e lenda. Existiram de modo tao real quantoé real a existencia do género humano, cuja origem é abordada em Gn 1-3. A Biblia quer precisamente narrar o que se deu com o homem nos primordios da sua historia: logo depois de criado por Deus, foi elevado a dignidade de

filho de Deus (com os dons da chamada "justica original"); submetido a urna prova para que se confirmasse na filiacao divina, o homem disse Nao a Deus num ato de soberba e desobediencia, cujo teor é descrito figurada mente pela Biblia ("fruta proibida"). A elevacao inicial e a queda (o pecado original) do homem sao proposicoes essenciais da fé crista. S. Paulo desenvolve soDre elas a doutrina do segundo Adao, Jesús Cristo, novo Cabeca do gé nero humano: como por Adao entrou no mundo o pecado e, pelo pecado, a

morte, por Jesús Cristo (novo Adao; cf. Rm 5,12-14) nos foram devolvidas a graca e a vida. Por conseguinte, nao é lícito a um cristlo volatizar os primeiros capítulos do Génesis como se fossem historias ficticias. Ao contrario,

a Biblia, já no séc. IX a.C, professava a verdade da criacao do mundo e do

homem (sem excluir a evolucío), ultrapassando todas as concepcoes filosó

ficas e religiosas da época pré-cristá!

PUC

R

SIU1-T r,

;.

E.B.

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" Ano XXX - N? 320 - Janeiro de 1989

Fala Joao Paulo II:

"A Dignidade da Mulher"

Em síntese: A Carta Apostólica de Joao Paulo II sobre a Dignidade da

Mulher, assinada aos 15/08/88 por ocasiao do encerramento do Ano Maria no, póe em relevo o significado específico que a Palavra de Deus atribuí á mulher: por sua feminilidade mesma, ela está especialmente vinculada á vi da,... á conceicao e á formacSo da vida. Em conseqüéncia, ela é a primeira mestra de todo ser humano ou do próprio vario, que déla aprende as nocoes básicas para a estruturacSo de sua personalidade. Tal missio equivale a um auténtico sacerdocio real (cf. Ex i9,6), que Deus confiou á mulher, ao lado dos ministerios que Ele quis entregar ao homem na sua especificidade mas culina.

*

*

*

Aos 15/08/88, encerrando o Ano Mariano, o Papa Joao Paulo II quis assinar a Carta Apostólica Mulieris Dignitatem, sobre a Dignidade e a Vocac5o da Mulher por ocasiao do Ano Mariano. Este documento responde ás justas tendencias, da sociedade atual, de reconhecer o valor insubstituível da mulher, apontando a exata maneira como o Cristianismo considera a fe minilidade a partir das fontes da fé. A Carta compreende nove Partes, lógi camente concatenadas entre si: 1) Introdupao; 2) Mulher-Mae de Deus (Theotókos); 3) Imagem e Semelhanca de Deus; 4) Eva-María; 5} Jesús Cris to; 6) Maternidade e Virgindade; 7) A Igreja Esposa de Cristo; 8) Maior é a Caridade; 9) Conclusao ("Se conhecesses o Dom de Deus"). Percorreremos sucessivamente essas Partes, realcando os seus traeos principáis.

"A DIGNIDADE DA MULHER"

1. Introdupáo n? 1-2 O Papa Joao Paulo II comeca por observar que a dignidade e a vocacao da mulher, sempre presentes ao pensamento cristao, tém sido recentemente

consideradas com especial a ten cao. Entre outros testemunhos, cita a Mensagem Final do Concilio do Vaticano II. "A hora chegou em que a vocacao da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo urna influencia, um alcance, um poder ¡amáis alcanzados até agora. Por isto, no momento em que a humanidade conhece urna mudanca tao profunda, as muiheres iluminadas pelo espi rito do Evangelho muito podem a/udar a que a humanidade nao decaía"

(Acta Apostolicae Sedis 58, 1966, 13s).'

Dentro dessa linha de estima que a Igreja vem consagrando á mulher, está a Declaracáo de Santa Teresa de Jesús e Santa Catarina de Sena como Doutoras da Igreja em 1970 por parte de Paulo VI. Mais recentes documen tos da Igreja tém manifestado o desejo de que se aprof undem as premissas antropológicas e teológicas da dignidade da mulher. Ora precisamente fazendo eco a tais anseios é que se sitúa a presente Carta Apostólica.

2. Mulher-Mae de Deus (Theotókos) (n? 3-5) Na plenitude dos tempos, diz o Apostólo, Deus enviou o seu Filho ao mundo nascido de urna mulher (cf. Gl 4,4). Isto nos mostra que no pontochave da historia da salvacáo se dá um acontecimento capital em que entra a figura de urna mulher. 0 Apostólo nao diz o nome "María", mas, sim, "mu lher", lembrando as palavras do Proto-Evangelho: "Porei inimizade entre a serpente e a mulher. .." (Gn 3,15). "Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central, que decide da plenitude dos tempos; esse evento

realiza-se nela e por meio déla" (n? 3).

Esta mesma Mensagem prossegue nos seguintes termos nSo citados por Joao Paulo II: "Vos, muiheres, vos tendes sempre, como responsabilidade, a guarda do

lar, o amor das fontes, o sentido da maturldade. Vos estáis presentes ao mis terio da vida que comeca. Vos consoláis na partida da morte. Nossa técnica

corre o risco de se tornar desumana. Reconciliai os homens com a vida. E, sobretudo, velai, nos vos suplicamos,, sobre o futuro da nossa especie. Segurai a mió do homem que, num momento de loucura, tentasse destruir a civilizaeao humana" (ib.).

4

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

É de notar que a vinda de Deus ao mundo e a revelado do plano eter no de salvacSo dizem respeito a toda a humanidade. Sim; todos os homens. qualquer que seja a sua crenca religiosa, procuram urna resposta para as suas

questdes fundamentáis ("Que é o homem? Qual o sentido da vida?... do sofrimento?... da morte?..."). Ora a mulher acha-se no coracao da auto-revelacao de Deus, que vem ao encontró do homem para responder as indagapoes

deste. Na plenitude dos tempos, portante manifestou-se a extraordinaria dignidade da mulher. Esta entao assumiu urna forma de uniao com Deus que

é típica e exclusiva da mulher; sim, tornou-se a Theotókos, a Mae de Deus feito homem; este título significa o ponto culminante da grandeza da mu lher e, conseqüentemente, do género humano. Com efeito; a dignidade de todo homem tem a sua medida definitiva na uniao com Deus; ora María é a expressao mais acabada de tal uniao.

3. Imagem e Semelhanca de Deus (n? 6-8) A grandeza da mulher tem sua base mais remota no fato de que ela e

o homem foram criados a imagem e semelhanca de Deus; por sua racionalidade a criatura humana espelha o Criador e participa do dominio que Este tem sobre os seres infra-humanos. Assim homem e mulher aparecem, desde o inicio, dotados da mesma dignidade e natureza; existe urna igualdade essencial entre o varao e a mulher. Mais: um é feito para o outro, de modo que

através do consorcio marital constituem "urna só carne" e transmitem a vida aos seus descendentes.

"O homem nao pode existir só (cf. Gn 2.18); pode existir somente co mo unidade dos dois, e portanto em relacao a urna outra pessoa humana.., retalio recíproca do homem para com a mulher e da mulher para com o

homem" (n? 7). A reciprocidade existente entre o homem e a mulher deve manifestarse em auxilio mutuo, comunhao interpessoal e dom de um ao outro. "O ser pessoa significa tender a própria realizapao, que nao se pode alcancar se nao

por um dom sincero de si mesmo" (n? 7).

A semelhanca do ser humano com Deus é ocasiao para que Deus se re

vele ao homem utilizando nocoes e imagens humanas. Por isto a Biblia atri buí a Deus predicados masculinos e femininos; Deus aparece nao só como Paie Esposo (cf. Os 11,1-4; Jr 3,4-19), mastambém como Mae (cf. Is49,14s;

66,13; SI 130, 2s). "Em diversos trechos, o amor de Deus, solícito para com

seu povo, é apresentado como semelhante ao amor de urna mae: tal como urna míe, Deus carregou no próprío regapo a humanidade e, particularmen

te, o seu povo escolhido, deu-o a luz na dor, nutríu-o e consolou-o (cf. Is

42,14;46,3s)"(n?8).

"A DIGNIDADE DA MULHER"

Ao usar tais imagens, os autores sagrados nao esquecem as limitacSes da semelhanpa ou da analogía existente entre Deus e o homem: "Deus nao é homem para que mima, nem filho de Adao para que se retrate. Por acaso

Ele diz e nao o faz, fala e nao realiza?" (Nm 23,19; cf. Os 11,9; Is 40,18; 46,5). Afinal há mais dissemelhancas do que semelhancas entre Deus e o homem: Deus é "o Diverso" por esséncia, "o totalmente Outro", "Aquele

que habita urna luz inacessi'vel" (1Tm 6,16). Estas dissemelhancas se aplicam especialmente á paternidade divina comparada a paternidade humana:

embora se derive de Deus toda paternidade nos céus e na térra. (Ef 3,14s), a paternidade divina nao implica as características corpóreas (masculinas ou

femininas) que marcam o gerar humano.

4. Eva-María (n9 9-11) 4.1. O principio e o pecado (n? 9) Ao criar o homem á sua imagem e semelhanca, Deus quis fazer o varao e a mulher consortes da vida e felicidade do próprio Criador. O homem, po-

rém, abusou da sua liberdade de arbitrio, dizendo Náb ao dom de Deus; a soberba o moveu a autosuficiencia. O pecado assim cometido foi causa da ruptura:... ruptura da criatura humana com Deus,... do vario com a mu

lher,... do homem consigo mesmo (ou no seu íntimo) e com o mundo ex terior... Tal é o pecado da origem ou original; contrapóe-se á justica origi nal, com que fora prendado o primeiro casal.

Ao descrever estes fatos, a Biblia refere que o inicio do pecado se deu na mulher: "Nao foi Adao o seduzido, mas a mulher" (1Tm 2,4). Com isto, porém, o texto sagrado nao exime de culpa o homem. "O primeiro pecado é

o pecado do homem, criado por Deus varao e mulher". É o pecado dos primeiros pais, que por isto tem conseqüéncias hereditarias: os pósteros nasceram, e nascem até hoje, destituidos da grapa santificante e dos demais dons

que os primeiros pais receberam de Deus para os transmitir, mas perderam pelo pecado (de modo que nao os puderam transmitir).

O pecado dos primeiros pais teve ainda outras seqüelas:

- introduziu a nao semelhanca dentro da imagem e semelhanca de Deus existente no homem; sim, o--pecado é a antítese da santidade, que se

identifica com o próprio Deus. A ¡magem e semelhanca de Deus nao foram destruidas, mas ofuscadas e empalidecidas;

— a dor e a morte entraram no mundo (Gn 3,15-19):o homem se afadiga para ganhar o pao, a mulher sofre as dores da maternidade tanto no

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989 parto como na educacao dos filhos. E ambos, "tirados do pó, voltam ao

pó"(Gn3,19).

4.2. "Ele te dominará" (n? 10) O ser humano — tanto o homem como a mulher - foi feito para viver em comunhao,... comunhao que faz a unidade dos dois e a dignidade pessoal tanto do homem como da mulher. Acontece, porém, que o pecado original

acarretou urna ruptura dessa unidade harmoniosa e complementar, pois dele decorreu a tendencia do homem a dominar a mulher: "Ele te dominará"

(Gn 3,16). A violacao da auténtica comunhao ou da igual dignidade resulta em desfavor nao só da mulher, mas também do homem, pois é ofensa á ordem instituida pelo Criador. "A mulher nao pode tornar-se objeto de dominio e de posse do ho

mem" {n? 10), nao só no matrimonio, mas também nao na vida civil. Verdade é que o relacionamento entre o homem e a mulher, no curso dos sáculos,

é sempre ameacado pela tríplice concupiscencia dos olhos, da carne e do fausto da vida (cf. Uo 2,16). Mas será sempre reprovável qualquer situacáo em que a mulher seja discriminada pelo fato de ser mulher; quando a Escri tura se refere a tais situacóes, chama o homem a conversáo. Foi precisamen te fazendo apelo a Lei divina que os escritores cristaos do sáculo IV reagiram fortemente contra a discriminacao ainda em vigor, a respe¡to da mulher, nos costumes e na legislacSo civil do seu tempo.

Em nossos dias, a questao dos direitos da mulher tem adquirido novo

significado. É de notar, porém, que a réplica a discriminacao da mulher nao deve levar á masculinizacao das mulheres; "a mulher - em nome da sua libertacao — nao deve tender a apropriar a si as características masculinas con trariando a sua originalidade própria; caso ceda a esta tentacao, a mulher perde a sua riqueza essencial, que é ¡mensa. As prendas femininas nao sao menos valiosas do que as masculinas, mas safo diversas. A mulher (como tam

bém o homem} deve conceber a

sua realizapao na linha de suas prendas tí

picas ou características. Somente por este caminho pode ser superada a he-

ranea do pecado sugerida pelas palavras da Biblia: "Sentir-te-ás atraída para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3,16).

4.3. O Proto-Evangelho (n? 11) Ao referir a sentenca sobre a criatura pecadora, o livro do Génesis

anuncia também a salvacao no chamado "Proto-Evangelho": "Porei inimizade entre ti (serpente) e a mulher, entre a tua descendencia e a déla; esta te

esmagará a cabeca, enquanto tu te I ancas contra o seu calcanhar" (Gn 3,15). É significativa a mencSo da mulher neste contexto; ela, representando o gé6

"A DIGNIDADE DA MULHER"

ñero humano, é mencionada em primeiro lugar; é ela que inicia a inimizade contra a serpente. Nesta funcao de protagonistas da luta contra o mal emer-

gem duas figuras femininas: Eva e María.

Com efeito; as palavras do Proto-Evangelho realcam tao fortemente a mulher porque com ela tem principio a nova e definitiva Alianca de Deus

com a humanidade, Alianca selada pelo sangue do Redentor. Assim a primei-

ra Eva prenuncia a segunda Eva, a Mae da Vida por excelencia, que é María. Alias, no decorrer da historia da salvagáo, Deus quis servir-se de algumas mu-

Iheres, como a mae de Sansao e a de Samuel; na plenitude dos tempos quis servir-se de Maria, significando que a nova Alianca quer precisamente realcar a dignidade da mulher.

O ti'tulo de "nova Eva" quer dizer, entre outras coisas, que "Maria é o novo princi'pio da dignidade e da vocacao da mulher, de todas e de cada uma

das mulheres". "Grandes coisas fez em mim o Todo-Poderoso", exclamou Maria (Le 1,49), insinuando toda a riqueza, todos os recursos da feminilidade. "Em María, Eva redescubre a verdadeira dignidade da mulher, da hu

manidade feminina. Esta descoberta deve chegar continuamente ao coracio

de cada mulher e plasmar a sua vocacao e a sua vida" (n? 11).

5. Jesús Cristo (n? 12-16) 5.1. "Jesús conversava com uma mulher" (n? 12) 0 reconhecimento da dignidade da mulher foi manifestado por Jesús

Cristo, cujo modo de tratar as mulheres era surpreendente no seu tempo. Sim; Jesús causou estranheza aos Apostólos pelo fato de estar conversando a sos com a Samaritana (Jo 4,27); escandalizou o fariseu por permitir que uma mulher pecadora Ihe ungisse os pés com óleo perfumado (cf. Le 7,39). Deve ter provocado indignacao nos ouvintes ao exclamar: "Os publícanos

e as meretrizes vos precede rao no reino de Deus" (Mt 21,31). Mais: o Senhor extinguiu o direito de repudiar a esposa que, conforme a Lei de Moi sés, tocava ao homem (cf. Mt 19,3-8); tratou com deferencias as "filhasde

Jerusalém" que sobre Ele choravam (cf. Le 23,28). Isto tudo evidencia que Jesús quis romper os preconceitos que havia em detrimento da mulher, para afirmar o valor próprio da feminilidade.

5.2. As Mulheres do Evangelho (n? 13) Quem folheia os Evangelhos, verifica outrossim o papel saliente que as mulheres ai' ocupam. Ora trata-se de mulheres que acompanhavam Jesús viandante por cidades e aldeias, assistindo-lhe com os seus bens (cf. Le 8,

8

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

1-3). Ora vemos mulheres beneficiadas de maneiras diversas, como aquela

encurvada pela doenca e chamada por Jesús "filha de AbraSo" (Le 13,1116), título que na Biblia só é dado aos homens; a sogra de Simio (Me 1, 30); a mulher que sofría de um flu'xo de sangue e que foi louvada por sua fé (cf. Me 5,25-34); a filha de Jairo ressuscitada (cf. Me 5,41), a viúva de Nafm, cujo filho voltou á vida (cf. Le 7,13), a cananéia que pedia a cura de sua filha (Mt 15, 28), a viúva cujo óbolo generoso mereceu especial elogio, conforme Le 21,1-4 (a viúva era totalmente indefesa no sistema socio-jurí dico da época, cf. Le 18,1-7). As parábolas tambám p5em ante os olhos do leitor diversos tipos femininos: a mulher que perdeu a dracma (cr. Le 15,8-10), a que langou fer mento na massa (cf. Mt 13,33), as virgens prudentes e as insensatas (cf. Mt 25,1-13). As mulheres desprezadas pela opiniáfo pública foram benignamente

acolhidas por Jesús: a Samaritana junto ao poco de Jaco (cf. Jo 4,7-27), a pecadora pública em casa do fariseu (cf. Le 7,37-47), a mulher surpreendida em adulterio e pelos fariseus condenada ao apedrejamento (cf. Jo 8,311)...

Ora "o comportamento de Jesús a respeito das mulheres que Ele encontra ao longo do camintio do seu servico messianico, é o reflexo do de signio eterno de Deus, o qual, criando cada urna délas, a escolhe e ama em Cristo (Ef 1,1-5)".

5.3. A mulher surpreendida em adulterio (n? 14) É muito eloqüente a maneira como Jesús tratou a mulher adúltera, conforme Jo 8,3-11: antes de a despedir, quis despertar a consciéncia do pecado nos homens que a acusavam, como se dissesse: "Esta mulher, com

todo o seu pecado ná"o é talvez o testemunho dos vossos abusos masculi nos e da vossa ¡njustica?"

Tal fato era paradigmático, pois em todas as épocas da historia houve mulheres expostas como pecadoras, enquanto por tras do seu pecado se escondía um homem co-responsável pelo mesmo. Muitas vezes a mu

lher é abandonada na sua maternidade, dado que o pai da crianpa nao quer assumir a sua responsabilidade. Quantas tambám ná"o sao pressionadas pelo homem culpado para se livrar da crianpa abrigada no seio mater

no? As que cedem a tal pressSo, ná"o escapam do duro trauma de ver tira da a vida ao seu filho, pois nao conseguem apagar o senso de maternidade inscrito no rfíais íntimo do coracSo da mulher. 8

"A DIGNIDADE DA MULHER" Jesús também fala do adulterio que o homem pode cometer em seu

coracao olhando para urna mulher com mau desejo (cf. Mt 5,28). Com ¡sto o Senhor quer lembrar ao homem que ele pode agredir a mulher, mes-

mo sem a violentar físicamente. É claro, porém, que a própria mulher deve

comportar-se á altura de sua dignidade, pois ela também pode agredir a si mesma e expor-se á agressáfo do homem se nSo sabe manter urna conduta de vida condizente com a sua nobreza feminina.

5.4. Custodias da Mensagem Evangélica (n? 15) Cristo chega a fazer da mulher a destinatária da Boa-Nova: falou-lhe de questoes sobre as quais, naquele tempo, nao se discutía com urna mu

lher, tornando-a discfpula do Divino Mestre. O exemplo mais típico é o da Samaritana, que se tornou também mensageira do Evangelho {cf. Jo 4,3942). Sejam lembradas outrossim as irmSs de Lázaro, das quais María escutava a Palavra do Mestre (cf. Le 10, 38-42) e María recebeu a mensagem da ressurreicá"o de Lázaro e dos mortos (cf. Jo 11,21-27). Instruidas por Jesús, as mu I rieres deram-lhe a sua resposta de fé, que o Senhor elogiou mais de urna vez: vejam-se o caso da cananéia (Mt 15,28), o da pecadora convertida em Le 7,47, o da mulher que ungiu os pés de Jesús na presenca de Judas (Mt 26,6-13).

Por ocasiSo da Paixáo de Cristo, as mulheres se mostraram seguidoras fiéis e perseverantes: assim as que ficaram intrépidas ao pé da Cruz ou do Calvario (cf. Jo 19,25; Mt 27,55), aquelas que na via dolorosa se lamentavam por Jesús (cf. Le 23,27)... Além destas, pode-se referir também a mu lher de Pilatos, que admoestou o marido a que nao se envolvesse no processode Jesús (cf. Mt 27,19).

5.5. Primeiras testemunhas da Ressurreicáb (n? 16) NSo s6 no momento da Cruz, mas também na manha da RessurreicSb, as mulheres desempenharam papel significativo: foram as primeiras junto a

sepultura, as primeiras a ouvir: "Ressuscitou comodisse" (Mt 28,6); as primei ras a abracar os pés de Jesús (Mt 28,9), as primeiras chamadas a anunciar a Ressurreicao aos Apostólos (cf. Mt 28,1-10; Le 24,8-11). Especialmente Maria Madalena se destacou como "apóstola dos Apostólos" (cf. Jo 20,1618). Disto tudo se deduz que a mulher recebeu, como o homem, o dom de acolher e transmitir a verdade de Deus, gozando, para ¡sto, do carisma da profecia concedido pelo Espirito Santo.

A mulher foi feita, assim, sujeito e testemunha insubstituível das grandes obras de Deus.

9

10

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

6. Maternidade e Virgindade (n9 17-22) 6.1. Duas dimeruSes da vocacáb da muiher (n? 17} A personalidade feminina se realiza segundo duas modalidades: a virgindade e a maternidade. María realizou-as plenamente, de modo que se completaram nela urna e outra.

6.2. A Maternidade {n? 18) A maternidade é fruto da uniao matrimonial, ou seja, da doagSo mu tua do homem e da muiher; o dom recíproco se abre para urna nova vida, um novo homem, que também é pessoa á semelhanca de seus pais. Assim os esposos participam da obra grandiosa do Criador. Os aspectos genéticos, biológicos e psíquicos da maternidade tém sido estudados com grande afinco nos últimos tempos; verifica-se cada vez mais que todo o ser da muiher se dispoe para a geracao de urna nova vida. Toda

vía essa face fisiológica da maternidade, embora muito importante, nao esgo-

ta o significado da mesma. A maternidade transcende tais aspectos na medi da em que é obra de urna pessoa que se dá. Mais: verdade é que nao há ma ternidade sem paternidade ou sem a colaboraca*o do varao, mas deve-se reconhecer que a mufher está mais associada do que o homem ao processo ge

nerativo. "É sobre a muiher que recaí diretamente o peso desse comum ge-

rar, que absorve literalmente as energías do seu corpo e da alma. É preciso, portanto, que o homem seja plenamente consciente de que contraí, neste seu comum 'ser genitores', um débito especial para com a muiher. Nenhum

programa de paridade de direitos das muiheres e dos homens é válido se nSo

tem presente isto de modo todo essencial". Leve-se em conta outrossim que a muiher, mais do que o homem, é capaz de atenca"o a pessoa concreta e a vida que desabrocha ou definha. "O homem... encontra-se sempre fora do processo de gestacá"o e do nascimento da enanca; por isto deve, sob muitos aspectos, aprender da má*e a sua pro-

pria paternidade". A educacáo do filho exige, sem dúvída, a colaboracao de pai e mSe; "todavía a maternidade é decisiva para as bases de urna nova per sonalidade humana". A muiher é a primeíra educadora do homem.

6.3. Maternidade e Alianca (n? 19) A funca"o materna da muiher tem seu paradigma na Santa Mae de Deus, Maria.-a qual, mediante o seu consentimento (Fiat), deu inicio a nova Alian9a.de QejuV.com.a humanidade. María exerceu seu papel compartíIhan-

'■■'■'' ' ■'■■

10

"A DIGNIDADE DA MULHER"

do as dores de seu Filho, que foram transfiguradas pela Páscoa ou pela vitória da vida sobre a morte.

"Contemplando esta Mae, cu/o coracao foi transpassado por urna espa

da (cf. Le 2,35), o pensamento vo/ta-se a todas as mufheres que sofrem no mundo, tanto no sentido físico como no moral. Neste sofrimento, urna par te é devida á sensibilidade própria da mulher; mesmo que efa, com freqüén-

da, saiba resistir ao sofrimento mais do que o homem. É difícil enumerar estes sofrimentos, é difícil nomeá-los todos:podem ser recordados o desvelo maternal pelos filhos, especialmente quando estao doentes ou andam por

maus caminhos, a morte das pessoas mais queridas, a solidio'das mies esquecidas pelos filhos adultos ou a das viuvas, os sofrimentos das mufheres que lutam sozinhas pela sobrevivencia e os das mulheres que sofreram urna in/us-

tica ou sao exploradas. Existem, enfim, os sofrimentos das consciéncias por

causa do pecado, que atingiu a dignidade humana ou materna da mulher, as feridas das consciéncias que nSo cicatrizam fácilmente. Também com estes

sofrimentos é preciso pór-se aos pés da Cruz de Cristo" (n? 19). A alegría de Páscoa seguir-se-á a tal com-paixao.

6.4. A Virgindade (n? 20s) 0 ideal da virgindade ou da vida una, totalmente dedicada á causa do Reino de Deus, tem seu fundamento no próprio Evangelho (cf. Mt 19,12); vem a ser urna das expressoes típicas da vida crista, dado que no Antigo Tes

tamento toda mulher tendía a maternidade para preparar a vinda do Messias. María é o prototipo da virgindade que é fecunda ao se consagrar totalmente a Deus.

Na virgindade espontáneamente abracada existe um grande amor esponsal a Cristo e, conseqüentemente, a todos aqueles que Cristo redimiu com o seu sangue. Donde se vé que virgindade nSo é simplesmente um Náb, mas contém um profundo Sim ao amor; é doacSb de amor total e indiviso ao Senhor Jesús e ao seu Reino aqui na térra.

A renuncia á maternidade física abre para a experiencia da maternida de segundo o Espirito (cf. Rm 8,4). De fato, a virgindade nSo priva a mulher das suas prerrogativas. Urna mulher consagrada encontra o Esposo na pessoa dos homens que precisam de sua solícitude: os doentes, os abandonados, os

órfaos, os encarcerados, os marginalizados...; a estes todas as Religiosas dedicam seu trabalho ou, se levam vida contemplativa, a sua fidelidade especí fica á oracSo e á renuncia. Também no mundo ou em familia é possível vi-

ver-se a vida una em beneficio dos irmSos. É tal fecundidad? que permite aproximar entre sí a mulher nlo casada e a casada. 11

12

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

6.5. "Filhinhoi mmif..." (Gl 4,19) (n? 22) Sao Pauto escrevia aos Calatas: "Filhinhos meus, por quem sofro novamente as dores do parto" (Gl 4,19). Vd-se assim que o Apóstolo-homem sentiu necessidade de recorrer a urna ¡magem fe minina para significar o seu

servico apostólico. A fim de ilustrar o misterio fundamental da Igreja, Sao Paulo ná*o encontrou melhor expressá*o do que a matemidade. Alias, o Con cilio do Vaticano II reafirmou que na"o se pode compreender o misterio da Igreja se ná"o se contempla a Má"e de Deus, figura e prototipo consumado da realidade eclesiat.

Recapitulando, pois, o que foi dito até aqui, podemos observar: "A Biblia convence-nos do fato de que nSo se pode ter urna adequada hermenéutica do homem, ou seja, daquilo que é humano, sem um recurso

adequado ¿quilo que é feminino. Análogamente acontece na economía sali fica de Deus: se queremos compreendé-la plenamente em relacao a toda a historia do homem, nSo podemos deixar de lado, na ótica de nossa fé, o mis

terio da mulher: virgem-mSé-esposa" (n? 22).

7. A Igreja, Esposa de Cristo (n? 23-27) 7.1. O Grande Misterio (n? 23-25) SSo Paulo compara o amor esponsal existente entre o homem e a mu

lher com o misterio de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5,25-32): Cristo é o Esposo da Igreja, a Igreja é a Esposa de Cristo, alias, em consonancia com quanto já haviam anunciado os Profetas (cf. Is 54,4-8.10; Os 1,2; 2,16-18; Jr 2,2; Ez 17,8; Is 50,1; 54,5-8). O Apostólo exorta os maridos a amar as esposas como Cristo ama a

Igreja, a fim de torná-la resplandecente de gloria. SSo Paulo nao ve contra di cao entre essa exortacá*o e a observacSo de que "as mulheres sejam submis-

sas aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeca da mulher" (Ef 5,22s); o autor sagrado sabe que a posica*o da mulher na sociedade antiga há de ser entendida de modo novo, pois o próprio Apostólo admoesta:

"Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo" (Ef 5,21); vé-se, pois, que na relapáfo marido-mulher a submissá*o ná*o é unilateral, mas recíproca. Tal é a novidade evangélica, fruto da RedencSo. A consciéncia desta norma deve penetrar o comportamento do marido e da mulher; esta, alias, há de se lembrar de que também o Apostólo escreveu: "Em Cristo Jesús nao há escravo nem livre, nffo há homem nem mulher, pois vos todos sois um so em Cristo Jesús" (Gl 3V27s). 12

"ADIGNIDADEDAMULHER"

13

Outro trapo importante se deduz do texto de Ef 5,24-32: a Esposa é a Igreja. Este sujeito, porém, é coletivo; significa urna comunidade composta de homens e mulheres. Nesta concepcá*o, por meio da Igreja, todos os seres humanos — tanto homens como mulheres — sá*o chamados a ser a Esposa de Cristo, Redentor do mundo. Assim ser esposa, portanto o feminino, torna-se símbolo de todo o humano, segundo as palavras do Apostólo; como membros da Igreja, também os homens estilo compreendidos no conceitode Es posa. Na Igreja todo ser humano — homem e muiher — é a esposa, enquanto acolhe o amor de Cristo e procura corresponder-lhe com o dom da própria pessoa.

7.2. A Eucaristía (n? 26)

É de notar que Cristo so chamou homens para serem seus Apostólos. Fazendo ¡sto, o Senhor agiu de mane ira livre e soberana; nao se creia que

Jesús, assim procedendo, tenha apenas procurado conformar-se a mentalidade discriminatoria dominante em sua época; Ele náfo fazia accepcao de pes-

soas (cf. Mt 22,16). Em conseqüéncia somente os doze Apostólos receberam o mandato: "Fazei isto em memoria de mim" (Le 22,19; 1Cor 11, 24). Somente eles na tarde da Ressurreicao receberam o Espirito Santo para perdoar os pecados (cf. Jo 20,22s). Daf se pode deduzir que o sacramento da Ordem, que perpetua a acao redentora de Cristo mediante seus ministros, é destinado aos homens apenas, como alias já observou a Congregacao para a

Doutrina da Fé na Declaracao ínter Insigniores de 15/10/76.

7.3. O Dom da Esposa (n? 27) A muiher participa do sacerdocio universal de todos os fiéis, derivado dos sacramentos do Batismo e da Crisma. Assim todos tém parte na grande oblaclo que Cristo fez de Si mesmo ao Pai no Calvario e que Ele perpetua na Eucaristía.

Na Igreja o que valoriza alguém nao é o seu grau hJerárquico (embora tenha significado importante), mas é a santidade. O Concilio do Vaticano II

recordou que na linha da santidade precisamente a muiher María de Nazaré é figura da Igreja. Contemporáneamente a María e depois déla, numerosas mulheres - ao lado dos homens - se destacaram por sua santidade ou por seu amor esponsal a Cristo. Tais foram, entre outras: as mulheres que acom-

panhavam Jesús durante a sua vida mortal e estiveram presentes no Cenáculo de Pentecostés (cf. Le 8,1-3; At 1,14; 2,1-3); as mulheres que tiveram parte

na vida da Igreja nascente (a diaconisa Febe, de Céncreas, cf. Rm 16,1; Prísca, cf. 2Tm 4,19; Evódia e Síntique, cf. Fl 4,2; María, Trífena, Pérside, Trifosa, cf. Rm 16,6-12)... Em todas as épocas houve mulheres perfei-

tas (Pr 31,10), que corajosamente participaram da missáo da Igreja: Mdnica, 13

14

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

mié de Agostinho; Macrina, Olga de Kiev, Matilde da Toscana, Edviges da Silesia, Edviges de Cracovia, Elisabete da Turfngia, Brígida da Suécia, Joana

d'Arc, Rosa de Lima, Elisabete Seato'n, Mary Ward... além das doutoras San

ta Catarina de Sena e Santa Teresa de Ávila.

Tarnbém em nossos dias a Igreja ná*o cessa de enriquecer-se com o testemunho de numerosas mulheres que realizam a sua vocapao a santidade. As mulheres santas sao urna personificacáto do ideal feminino e um modelo para todos os cristfos.

8. Maior é a Caridade (r>9 28-30) Os relatos da criacSo do homem e da mulher no Génesis, re I ¡dos á luz da carta aos Efésios, permitem intuir urna verdade que parece decidir a questáo da dignidade da mulher e da sua vocacáfo: a dignidade da mulher é medida pela ordem do amor. A mulher é a pessoa que manifesta ao mundo o amor que Deus tem aos homens e que os homens devem entreter uns com os

outros. Isto implica para ela urna missSo: Deus Ihe confia de maneira espe cial o homem, o ser humano. A mulher é forte pela consciéncia dessa missao, forte pelo fato de que Deus Ihe confia o homem, até ñas condipoes de discriminacao social em que ela se possa encontrar. Deste modo a mulher

perfeita (Pr 31,10) torna-se um amparo ¡nsubstitufvel e umafonte de forga espiritual para os outros, que percebem as grandes energías do seu espfrito. A tais mulheres perfeitas muito devem as suas familias e, por vezes, inteiras nacóes.

Nossa época de consumismo e bem-estar material ameapa a sociedade de perder gradativamente a sensibilidade pelo homem ou pelos valores es-

sencialmente humanos. Dar se deduz o papel particularmente importante daquele genio da mulher que assegura a sensibilidade pelo homem em todas as circunstancias pelo fato mesmo de ser homem. E porque "a maior das vir tudes é a caridade" (1 Cor 13,13). "Se o homem é por Deus confiado de modo especial á mulher, isto nSo significará talvez que Cristo espera déla a realizacao do sacerdocio real (cf. IPd 2$) que é a riqueza que ele deu aos homens? Esta mesma heranca Cristo, sumo e único Sacerdote da nova e eterna Alianca e Esposo da Igreja, nao cessa de submeter ao Pai, mediante o Espfrito Santo, para que Deus se/a tudo em todos (iCor 15¿8¡".

9. Conclusáo(n?31) As ref lexdes desenvolvidas nestas páginas permitem-nos contemplar o dom que Deús fez á mulher outorgando-lhe a feminilidade e o papel que ela tem desenvolvido e ainda há de exercer na historia da humanidade. "Em úl14

"ADIGNIOADE DA MULHER"

15

tima análise, nao foi nela e por meio déla que se operou o que há de maior na historia do homem sobre a térra: o evento pelo qual Deus mesmo se fez homem?"

A Igreja, portanto, rende grapas a Deus por todas as muiheres e por cada uma délas, quer vivam no mundo, quer se tenham consagrado a Deus

na Vida Religiosa... A Igreja agradece todas as manifestacoes do genio feminino ocorridas na historia. Agradece todos os carismas que o Espirito Santo concede ás muiheres na historia do Povo de Deus, todas as Vitorias que deve á fé, á esperanca e á caridade das mesmas; agradece todos os frutos de santidade feminina. - Ao mesmo tempo pede que tais manifestacoes do Espirito sejam reconhecidas e valorizadas e que todas as muiheres encontrem na mensagem bíblica a sua identidade e a sua suprema vocacao. María obtenha tais frutos para a toda a Igreja no limiar do terceiro milenio da vinda de Cristo! * * *

Como se vé, o texto p5e em relevo o significado especifico que a Palavra de Deus atribuí á mulher: por sua feminilidade mesma, ela está especial mente vinculada a vida, a conceicao e á formacáo da vida. Em conseqüéncia ela é a mestra de todo ser humano ou do próprio homem; este deve aprender

da mulher as nocdes básicas que formam a sua personalidade. Tal missao

equivale a um auténtico sacerdocio, que Deus Ihe confiou ao lado dos minis terios que Ele quis entregar ao homem na sua especificidade masculina. *

*

*

(continuafio dapág. 48)

b) Motivar para o engajamento numa comunidade de fé e a ¡nsercáb no mundo;

c) Transmitir as verdades fundamentáis da fé;

d) Ajudar a desenvolver o senso crítico e a responder ás questóes existenciais no desenvolvimento psico-sócio-poli'tico e cultural numa dimensao libertadora da fé;

e) Fazer a síntese entre fé, vida, conhecimentos e valores transmiti dos na Escola;

f) Promover a integracáo do Ensino Religioso no conjunto do processo escolar.

(continua na pág. 21) 15

VisSo Panorámica (I):

Cristianismo e Catolicismo

0 presente artigo e os dois subseqüentes serio dedicados a apresentar

sintéticamente o Catolicismo: II o Catolicismo dentro do conjunto das denominacoes cristas, ligado diretamente a Jesús Cristo mediante os Apostó los; 2) o Catolicismo e sua profissao de fé, derivada da Palavra de Deus oral e escrita; 3) o Catolicismo e sua historia, pondo-se em relevo os principáis quadros da historia da Igreja. - Desta maneira PR tenciona oferecer em poucas páginas um subsidio a quem procure conhecer a identidade ou as linhas essenciais do Catolicismo. * * *

Chamamos "cr¡stá"os" o conjunto de pessoas que no mundo acreditam em Deus Uno e Trino (Pai, Filho e Espirito Santo) e em Jesús Cristo como

Deus e Homem. S3o cerca de 1,64 bilhá*o de fiéis', o maior bloco religioso

da humanidade.

Quem considera o panorama do Cristianismo no mundo, verifica que nele há diversas denominacoes: a Católica, as Protestantes, as Ortodoxas...

Daf a necessidade de procurarmos compreender essa variedade, que está li gada a fatos históricos.

1. Igreja Católica Jesús Cristo fundou a sua Igreja, e confiou-a a Pedro e seus sucessores, como narram os Evangelhos:

Mt 16,17-19: "Jesús disse a Pedro: 'Bem-aventurado és tu, SimSo, fi lho de JoSo, porque nSo foi carne ou sangue que te revelou isso, e sim ó meu

Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pe-

1 Os números aquí publicados sio fomecidos pelo Conselho Mundial das tgre/as e referem-se ao ano de 1987. 16

CRISTIANISMO E CATOLICISMO

dra edificare'! a minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevaleceráo con tra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na térra será ligado nos céus, e o que desligares na térra, será desligado nos céus' ". Le 22,31 s: "Disse Jesús a Pedro: 'Simio, Simio, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, rezei por ti a fim de que a tua fé nSo desfaleca. £ tu. voltando-te, confirma teus irmSos' ". Jo 21,15-17: "Disse Jesús a Pedro: 'Simio, filho de Joio, tu me amas mais do que estes?' Ele Ihe respondeu: 'Sim, Senhor, tu sabes que te amo'. Jesús Ihe disse: 'Apascenta os meus cordeiros'. Urna segunda vez Ihe disse: 'Simio, filho de Joio, tu me amas?' - 'Sim, Senhor', disse ele, 'tu sabes que te amo'. Disse-lhe Jesús: 'Apascenta as minhas ovelhas'. Pela terceira vez disse-lhe: 'Simio, filho de Joio, tu me amas?' Pedro respondeu...: 'Tu sabes tudo; tu sabes que te amo'. Jesús Ihe disse: 'Apascenta as minhas ovelhas'".

A Igreja, que deve durar até o fim dos tempos, precisará sempre do fundamento visfvel instituido por Cristo; este fundamento sao os Papas, os sucessores de Sao Pedro e Bispos de Roma (pois Pedro morreu em Roma

como Bispo da comunidade local). A Igreja fundada por Jesús se chama: a) Católica, porque é universal ou destinada a todos os homens, como

já anunciavam os Profetas (Is 2,2-5; 56, 6-8) e Sao Paulo confirmou (Cl 3,11; Gl 3,27s; 1Cor 12,13). A palavra "católica" vem do grego kath'holon, que significa "por toda parte" (universal). b) Apostólica. A Igreja de Cristo é apostólica nao só porque exerce o

apostolado ou a missao no mundo, mas também porque a mensagem de Cris to passa necessariamente pelos Apostólos; sao estes que representam as doze

tribos de Israel (cf. Mt 19,28) e se tornaram pilastras da Igreja {cf.Ap 21,14). c) Romana, porque o Chefe visível da Igreja de Cristo é o Bispo de Roma (-o Papa). O título romana nao significa nacionalismo ou particula rismo, pois a Igreja nao tem nacionalidade, mas precisa de urna sede central localizada em algum ponto da terja. Assim também Jesús era o Salvador de todos, mas tomou o título de Nazareno (= Jesús de Nazaré), porque ele precisava de ter urna residencia ou urna localizacáo na térra. A Igreja fundada por Cristo e entregue ao pastoreio dos Apostólos e seus sucessores desenvolveu-se através dos séculos. Em nossos dias, conta cerca de 907 milhSes de fiéis, espalhados por todo o mundo. 17

18

'ERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989 No decorrer dos tempos, separaram-se aiguns biocos do tronco central

da Igreja Vejamos quais sá*o.

2. Monof¡sitas e Nestorianos No sáculo V os teólogos procuraram exprimir em fórmulas precisas o misterio da EncamacSo do Filho de Oeus.

Houve entao uma corrente dita Nestoriana (porque encabecada por Nestório, patriarca de Constantinopla desde 428); afirmava que em Jesús

havia dois Eu ou duas pessoas: uma divina, com a sua natureza divina, e outra, humana, com a sua natureza humana. Esta doutrina foi rejeitada pelo

Concilio de Éfeso em 431, pois nao ressalvava devidamente a nocao de Encarnacao. Todavia muitos seguidores de Nestório na"o aceitaram a decisao do Concilio e separaram-se da Igreja, formando o bloco nestoriano. Espalharam-se até a China e a India, mas em nossos dias estao reduzidos a pequeño número, pois nos últimos quatro sáculos a maioria voltou á comúnhao cató lica.

Pouco depois, uma corrente de teólogos propos doutrina contraria á

de Nestório: em Jesús haveria um só Eu e uma só natureza (a divina), pois a humanidade teria sido absorvida pela Divindade. Eram os chamados "Monofisitas", chefiados por Oióscoro de Alexandria. A sua tese foi rejeitada pelo Concilio de Calcedonia em 451, que afirmou haver em Jesús uma só Pessoa

(Divina) ou um só Eu e duas naturezas (a divina e a humana). Muitos monofisitas nao aceitaram a definicao de Calcedonia e separaram-se da Igreja Ca tólica; sSo hoje cerca de 5 milhoes no Egito, na Etiopia, na Siria e na Arme nia; já nao professam a doutrina de Dióscoro, de modo que a sua volta á comunhá"o católica está facilitada.

3. Os Ortodoxos orientáis No decorrer dos sáculos os cristáos do Oriente e os do Ocidente foram sendo caracterizados por culturas diferentes: a grega no Oriente, cuja capital

era Bizáncio ou Constantinopla (= Istambul na Turquía de hoje); e a latina no Ocidente, cuja capital era Roma. Falavam uns o grego, outros o latim; os costumes litúrgicos e a disciplina iam-se diferenciando aos poucos. Ora isto causou mal-entendidos e rivalidades entre cristaos bizantinos e cristáos lati nos. Finalmente essas divergencias deram ocasiSo a um cisma ou uma ruptu

ra em 1054, por obra do Patriarca Miguel Cerulário de Constantinopla. Por motivos teológicos secundarios, os cristSos de Bizáncio separaram-se de Ro18

CRISTIANISMO E CATOLICISMO

19

ma, e, com eles, outros orientáis (rumenos, búlgaros, russos, etc.). Consti-

tuem hoje um bloco de cerca de 173 milhSes de fiéis. Chamam-se "ortodo xos", porque na época das controversias teológicas sobre a SS. Trindade e Jesús Cristo {séc. IV-VIII) sempre mantiveram a reta doutrina (ortodoxia), nao cedendo ao arianismo, ao nestorianismo ou ao monofisismo... Houve tentativas de reuniao dos ortodoxos com os católicos através dos séculos, principalmente por ocasiá'o dos Concilios de Liao II (1274) e Florenca (1438-45). Todavía os resultados positivos foram de curta duragá"o. Em nossos dias, há grande aproximaclo entre Roma e Constantínopla, pois na verdade sao poucas as diferencas doutrinárias que separam do Cato licismo os ortodoxos orientáis.

4. Protestantismo No sáculo XVI Martinho Lutero, a partir de 1517, resolveu reformar a

Igreja, que passava por urna fase difícil: a teología ná*o alimentava a piedade dos fiéis, que era exuberante, mas mal orientada; além disto, o Renascimento ou o interesse pelas artes e a cultura antigás, desentulhadas nos arquivos e bibliotecas, fazia que o clero se deixasse penetrar por espirito mundano.

Lutero, levando em conta esta situacao e atendendo a um problema pessoal, proclamou que a fé sem as obras boas nos faz amigos de Deus; ten-

cionava assim interpretar Sao Paulo, rejeitando a epístola de S. Tiago... Além disto, recusou a TradicSo oral, ficando só com a Biblia. Lutero apregoava o "livre exame" da Biblia, isto é, quería que cada crente lesse a Bi blia sem levar em conta alguma orientacifo ou o magisterio da Igreja; cada qual poderia interpretara Biblia segundo o que a sua consciéncia Ihe dissesse. A ruptura com a Igreja deu-se definitivamente em 1521 na Alemanha. O exemplo de Lutero foi seguido por Jólo Calvino, de Genebra (Suíca), que proclamou doutrinas semelhantes ás de Lutero. As proposicoes desses reformadores se espalharam rápidamente pelo centro e o Norte da Europa. Dentro de cada denominacao foram surgindo

novas e novas "reformas". Isto era lógico, pois, o que Lutero tinha feito com a Igreja Católica, cada crente poderia fazé-lo em relacSo á sua comunidade; o principio do "livre exame" colocava (e coloca) o crente ácima de qualquer magisterio, de modo que, se alguém discorda do que a sua comu ni dade ensina, pode separar-se déla e fundar outra "igreja". O bloco protestante hoje compreende 322 milhoes de crentes apro ximadamente. 19

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PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

5. Anglicanismo Na Inglaterra reinou Henrique VIII de 1509 a 1547. O reí quis separar-se de sua esposa Catarina de Araga"o para unir-se á cortesa Ana de Boleyn. Todavia o Papa nao Ihe concedeu o divorcio. Em conseqüéncia, o mo narca separou de Roma os cristSos da Inglaterra; foi proclamado pelo Par

lamento Chefe Supremo da Igreja Anglicana em 1534. Assim teve origem o que hoje se chama "a ComunhSo Anglicana", espalhada pelo mundo, com cerca de 51,6 milhoes de crentes. A principio o Anglicanismo visava apenas a independencia frente a Roma; mas aos poucos houve infiltrapao doutrinária dos reformadores do continente na Inglaterra. Com efeito; os sucessores de Henrique VIII chamaram teólogos calvinistas para reestruturar a Igreja na Inglaterra. Em conseqüéncia, originou-se entre os anglicanos urna mentalidade protestante: muitos cristSos julgavam que a ruptura com Roma nao fora bastante profunda, pois a Igreja oficial anglicana conservava diversos elemen tos do Catolicismo. Aos poucos fez-se a primeira divisao entre os anglicanos: os mais fiéis á Tradicao constituiram a High Church (a Alta Igreja), regida pelo Parlamento e a Coroa; e os dissidentes, a Low Church (a Baixa Igreja),

de índole mais radical protestante, que nao obedecía á reforma oficial. Os crentes rebeldes, em grande parte, emigraram para os Estados Unidos (a No va Inglaterra) no sáculo XVII, e lá gozaram de plena liberdade para interpre tar a Biblia segundo o principio do livre exame. Isto deu origem ás numero

sas divisSes e subdivisoes do protestantismo norte-americano, que muito afetam o Brasil.

6. Os "Velhos-Católicos" Em 1870 o Concilio do Vaticano I proclamou a infalibilidade do Papa quando define proposicóes de fé ou de Moral. Esta definicao do Concilio, que nlo era mais do que a expressafo de quanto já se acreditava e vivia na Igreja, nao foi aceita pelo sacerdote Inácio Dbllinger de Munique (Alemanha). Isto o levou a sair da Igreja Católica juntamente com alguns adeptos para fundar o ramo dos "Velhos-Católicos" (1872). Em 1889, estes se uniram aos Jansenistas, pequeño grupo de CristSos que se haviam separado da

Igreja em 1723 e viviam na Holanda; formaram assim a "Uniáto de Utrecht", que conta aproximadamente 100.000 fiéis.

7. Conclusao: A Igreja de Cristo A quem pergunte agora qual é o concertó de Igreja de Cristo diante

deste conjunto de denominacSes cristas, respondemos: a Igreja de Cristo compreende-todas essas denominacñes, porque cada urna délas possui ele mentos da Igreja (a Biblia, a Tradicao, alguns Sacramentos, a prática da ora20

CRISTIANISMO E CATOLICISMO

21

pao, o martirio...). Mas a Igreja de Cristo só subsiste plenamente na Igreja Católica Apostólica Romana, governada pelo Papa e os Bispos em comunhao com ele, pois somente nesta se encontram todos os elementos que, por ins tituido divina, devem integrar a Igreja; ver Constituido Lumen Gentium

nP 8; Decreto Unitatis Redintegratio n? 4, do Concilio do Vaticano II. As denominacoes nao católicas estáo em comunhao imperfeita ou incompleta com a Igreja de Cristo. Todos os cristáos devem esforcar-se para que tal co munhao se torne completa mediante a oracSo e a fidelidade de cada um á sua vocapao; o Espirito Santo fará que descubram o caminho de volta á co munhao integral. *

*

*

(continuado da pág. 15) 7. Quanto ao Ensino Religioso ñas Escolas, 'compete á Conferencia

dos Bispos tracar normas gerais nesse campo de acáb, e ao 3ispo Diocesano compete organizá-lo e supervisioná-lo' (Código de Direito Canónico, canon

804, § 1). É de competencia dos Regionais a conducho do processo e da po lítica do Ensino Religioso conforme a legislacáb estadual e o contexto reli gioso de cada Regional.

8. A questao do Ensino Religioso nao se esgota na def inicao da ¡den-

tidade. É necessário que a Igreja acompanhe com interesse o processo do

Ensino Religioso, sua legislacao e sobretudo a formacao, remuneracáo e estabilidade dos professores do Ensino Religioso. Visto o relacionamento que o Ensino Religioso tem com as outras materias, náb se relaxe a formacab crista" dos professores dos outros componentes curriculares". Como se vé, o texto formula as seguintes respostas ás questoes atrás elencadas:

1) O Ensino Religioso ñas Escolas públicas nao á favor prestado pelo Governo ás familias brasileiras, mas é respe i to do direito que toca a estas de ter, na educacao ministrada a seus filhos, também a instrucfo religiosa; 2) 0 Ensino Religioso há de ser confessional, atendendo ás ConfissSes religiosas credenciadas ñas respectivas Secretarias de Educacao, e naoacon-

fessional (meramente humanista) nem "ecuménico" (no sentido de construir urna nova crenca religiosa que seja denominador comum de católicos e pro testantes).

Tais normas sao de enorme importancia na atual conjuntura brasileira.

Possam encontrar a devida ressonancia junto a quem compete legislar! Estéváb Bettencourt O.S.B.

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Visío Panorámica (II):

Que devemos Crer?

Por vezes ouve-se o cristSo perguntar se esta ou aquela proposito (a existencia do purgatorio, dos anjos...) é ou nlo ó de fé. - Eis por que passamos a apresentar urna sfntese do Credo da Igreja Católica.

1. A Fonte da Mensagem de Fó Deus fala aos homens por meio da natureza que Elecriou (ver Rm 1, 19*21) e por meio da consciéncia bem formada. Sabemos que Ele também nos falou por meio dos Patriarcas e Profetas, chegando a se revelar ao máxi mo por Jesús Cristo.

O Senhor Deus nada escreveu, de modo que a sua Palavra ficou viva no que se chama "a TradicSo oral". Os homens de Deus (profetas, Apostó los) escreveram ocasionalmente os livros sagrados como eco da Palavra oral

de Deus, dando assim origem a Biblia (Antigo e Novo Testamento). A fé é a adesfo a essa Palavra de Deus que nos vem pela TradicSo oral e pela TradicSo escrita (Biblia Sagrada). Esta nunca poderá ser separada daquela, pois a Biblia supo*e a pregacSo oral dos Profetas, de Jesús e dos Apos

tólos. O próprio Sá*o Joao declarou que Jesús fez muitas coisas que nSo foram escritas no Livro Sagrado (ver Jo 20,30s; 21,25). A Tradiclo oral ressoa ainda hoje na Igreja, que goza da assisténcia es pecial do Espirito Santo para interpretá-la auténticamente aos fiéis (ver Le 22,31s;Jo 14,26; 16,13-15).

É portanto, da Palavra de Deus oral e escrita que a Igreja recebe e transmite a mensagem da fó. Concluimos, pois, que pode haver verdades de fé contidas implicitamente na S. Escritura e desenvolvidas no decorrer dos

tempos por acSo do Espirito Santo entre os fiéis (assim a Imaculada Conceicao de María "cheia de graca". Le 1,28). E que é que a fé ensina propriamente? 22

QUE DEVENIOS CRER?

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2. Deus Uno e Trino Em primeiro lugar, a fé nos diz que há um so Deus... l'-n só Deus, cuja vida é táo rica que ela se afirma trds vezes ou em tres Pessoas; estas ná*o retaIham nem dividem a Divindade, de modo que adoramos um só Deus, que é Pai, Filho e Espirito Santo. Aimagem do triángulo representa bem a unidade na trindade e vice-versa.

A comunhao existente entre as tres Pessoas Divinas envolve cada cristao fiel, chamado a compartilhar o conhecimento e o amor de Deus. É Sao Paulo quem no-lo diz em Gl 4,6: "Porque sois filhos, Deus enviou aos nossos coracóeso Espirito do seu Filho, que clama: Abba, Pai!" (ver Rm 8,15).

3. Criapáo e Pecado Deus quis criar por bondade e amor ou para fazer que outros seres, ti rados do nada, ccmpartilhassem a felicidade do própric Deus. Por conseguinte, na raiz da existencia de cada um de nos há um ato de amor gratuito e irreversfvel da parte de Deus. Só existimos porque Ele nos ama e nlo pode retirar de nos o seu amor. O homem é um composto de corpo (materia) e alma (espiritual). - A

Igreja náío se opoe á hipótese de que o corpo humano tenha vindo por evolucao da materia viva preexistente. A alma, porém, é sempre criada por Deus diretamente para cada criatura humana que comeca a existir; ela é espiritual, portanto nao pode vir da materia. — De modo geral, pode-se admitir que Deus tenha dado a materia nebulosa inicial as leis para que fosse evoluindo aos poucos dentro das potencialidades da materia.

Tendo criado os primeiros pais, Deus os elevou a filiacao divina e Ihes concedeu dons especiáis (preternatural): a imortalidade, a ausencia de sofrimento e de tendencias desregradas, como também urna consciencia responsável por seus atos. Esta ¡mensa riqueza interior do homem devia ser

confirmada pelo Sim da criatura. Por isto Deus a submeteu a urna prova (simbolizada pela proibicSo da fruta...); todavía os primeiros pais, movidos

pelo orgulho, recusaram obediencia ao Criador; cometeram assim o pecado original. Este repercute nos descendentes, pois todo homem nasce privado da graga e dos dons que os primeiros pais receberam para transmiti-los a nos; essa ausencia dos dons iniciáis, que é causa da nossa desordem interior

(concupiscencia desregrada), é o que se chama "pecado original" ñas criancas; este nao é um pecado voluntario, como os outros, mas é a falta de urna

riqueza interior, que deveria estar em cada criancinha. - Por isto, pouco depois de nascer, toda enanca tem que ser levada ao Batismo, que confere a graca santificante (a filiacSo divina), mas nao restituí os dons pretematu23

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

rais. O cristao batizado pode entSo encaminhar-se para o Pa¡, mantendo fidelidade á grapa do Batismo.

Sabemos que Deus também criou os anjos. Sao espfritos sem corpo. Deus também os elevou a filiacffo divina e os submeteu a urna prova. Muitos nSo se sujeitaram; tornaram-se anjos maus ou demonios, aos quais Deus concedeu o poder de tentar os homens, a fim de consolidar a virtude destes -

(ver ICor 10,13).

4. Jesús Cristo e a Igreja Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho feito homem para sal

var a humanidade das conseqüéncias do pecado original. Jesús Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por amor ao Pai e aos homens, assumiu as nossas dores e a nossa morte e ressuscitou, para fazer de nosso sofrimento o caminho de volta ao Pai. Em conseqüencia, o cristao que hoje carrega a sua cruz e morre com Cristo, sabe que nao está sendo objeto de justica ape nas, mas está-se configurando á Páscoa de Cristo, que foi Cruz e RessurreiCao.

Deus Filho, fazendo-se homem, nada perdeu daquilo que compete á Divindade (o poder de ressuscitar os mortos e multiplicar os paes..., como

também o saber ou a ciencia do próprio Deus). Ele nao era como os Profe tas, que só aos poucos e por experiencia iam descobrindo o plano de Deus e só faziam prodigios invocando o poder de Deus. Ao terminar sua missá*o na térra, Jesús, como homem, foi elevado á gloria do céu. Mas nSo nos quis deixar órflos: enviou o Espirito Santo para reunir todos os homens num só Corpo, do qual Cristo é a Cabeca; esse Cor po dito "Místico" (ná"o físico, nem meramente figurado) á a Igreja. Cada cristao inserido na Igreja torna-se membro do Corpo de Cristo e passa a viver a vida da Cabeca ou urna comunhSo de vida com o Pai, o Filho e o Espirito Santo. Para ilustrar esta verdade, Jesús dizia que Ele ó o tronco da verdadeira videira e nos somos seus ramos; ora entre os ramos e o tronco corre a

mesma seiva (ver Jo 15,1-6; ICor 12,12-27). A Igreja, portanto, ná*o é apenas urna assembtéia de pessoas que procuram viver dignamente; Ela á o Cristo presente e atuante de maneira mística (sacramental, encoberta, mas real). Por conseguinte, mesmo quando os ho

mens falham, nao se pode dizer, sem mais, que a Igreja falha, pois o Cristo nela vivo nffo falha e ó fonte de reerguimento para aqueles que caem, desde que procurem essa mesma Santa MSe Igreja (ás vezes desfigurada pelo peca do de seus filhos). Nffo se pode recomecar a Igreja, pois quem a recomecasse faria obra humana, separada da sua Cabeca, que é Jesús Cristo, o único Fun dador da Igreja. 24

QUEDEVEMOSCRER?

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María Santfssima, a criatura que Jesús escolheu como MSe na térra, é o

membro da Igreja mais rico de grapa. É aquela que já realizou em si a caminhada que a Igreja está percorrendo; preservada de todo pecado, ela obteve a vitória sobre a morte, e hoje, em corpo e alma, está na gloria do cóu, como Mié e Advogada nossa.

5. Os Sacramentos Chama-se "sacramento" um sinal instituido por Cristo para significar e

transmitir-nos a graca santificante. SSo sete os sacramentos. Eles acompa-

nham a vida do homem desde o nascimentó até a morte, fazendo de cada fa se importante urna ocasiao de crescimento espiritual. Com efeito,

- o nascimento físico é recoberto pelo Batismo, que é um re-nascer da agua e do Espirito Santo para a vida eterna; - o crescimento físico é recoberto pelo sacramento da Confirmacao

ou Crisma, que confirma e fortalece a vida dos filhos de Oeus, fazendo-os adultos e militantes em Cristo;

- a aliméntamelo física é recoberta pelo sacramento da Eucaristía, que coloca em nossos corpos mortais o Corpo glorioso e ¡mortal de Cristo como penhor da nossa ressurreicao gloriosa;

- a medicina corporal é recoberta pelo sacramento da Penitencia ou

da Reconciliando, que cura nossas chagas interiores e nos restaura ou forta lece na vida espiritual;

- a escolha de um estado de vida é santificada pelo sacramento do Matrimonio, que faz o lar cristao ou a "igreja doméstica", e pelo da Ordem, que instituí os ministros de Deus, participantes do único sacerdocio de Cristo;

- a fase final da vida é santificada pelo sacramento da Unció dos En

fermos, que corrobora o cristao nos momentos decisivos da sua vida terres tre a fim de que compareca puro e sereno diante do Pai.

Dos sacramentos o principal é o da Eucaristía, que também é sacrifi cio, ou seja, a perpetuacao ou o tornar-presente o sacrificio da Cruz. No Cal vario, Jesús se ofereceu sozinho ao Pai como Sacerdote e Hostia; na Missa Ele se oferece conosco, participantes da sua qualidade de Sacerdote e Hos tia, para que possamos voltar definitivamente com Ele ao Pai, após urna vida consagrada e transfigurada pela comunhSo com a Páscoa de Cristo. 25

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

É por causa da enorme importancia da S. Missa que a Igreja manda que participemos da S. Missa ao menos no sábado de tarde ou no domingo, que á o dia da RessurreicSo ou da Páscoa de Cristo. A vida sacramental é essencial ao fiel católico. Podemos dizer que o Primeiro e Grande Sacramento ó a humanidade de Cristo, pois por ela passava o dom de Deus que ressuscitava os mortos, curava os doentes e apagava os pecados. A continuacSo deste Primeiro Sacramento é a Igreja, realidade visível que é portadora e transmissora da vida da grapa. Por último, o Gran de Sacramento nos atinge na Igreja mediante os filetes sacramentáis ou os sete sacramentos propriamente ditos. Esta perspectiva e a comunhao com esta santa realidade á central para o fiel católico, que nSo pode deixar de ser "praticante".

6. A ConsumacSo O cristáo é chamado a ver Deus face-a-face no fim da sua peregrinacao terrestre; cf. Uo 3,1-3; ICor 13,12. Esta é a suma felicidade a que possa as pirar urna criatura: ver a face da Beleza Infinita. Deus é sempre novo para aqueles que O contemplam; em Deus reencontraremos nossos familiares e amigos. Tal bem-aventuranpa nao será mais do que o desabrochamento total da sementé da grapa que já existe em nos, e que se deve abrir sempre mais mediante a nossa fidelidade de cada dia, dando-nos assim um antegozo do céu.

Se o cristSo morre em estado de grapa, mas com restos de pecado aín da nSo eliminados, deverá purificarse disto num estado postumo chamado

"purgatorio". Este é objeto de fé (cf. 2Mc 12,38-45; 1Cor 3,10-15). NSo consiste em chamas, mas é a ocasiao, oferecida pela Misericordia Divina, para que repudiemos o pecado leve que as vezes negligentemente o cristao vai tolerando em sua vida cotidiana. Podemos e devemos rezar pelas almas do purgatorio. Procuremos viver de modo a fazer nosso purgatorio aqui na térra e nao depois da morte.

Para quem morre voluntariamente avesso a Deus, ficará a separacSo de Deus para sempre; é o que se chama "o inferno". Só Deus sabe o que acon tece no íntimo do mais endurecido dos pecadores que agonizam. Por isto nio podemos condenar ninguém ao inferno. A ressurreiplo dos corpos é um dom que Deus nos reserva para o dia do jufzo final, quando Cristo vier em sua gloria para rematar a historia e por as claras todas as tramas que a percorrem. A reencamapao nSo se compa-

tibiliza com a fé católica; ela supSe que a materia seja má e que, por isto, o homem deve voltar ao corpo para expiar os seus pecadcs. Dizemos que Deus 26

QUEDEVEMOSCRER?

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fez a materia boa e que no decorrer desta caminhada Ele nos dá as gracas necessárias (visteis e ¡nvisfveis) para chegarmos á plenitude da vida. Confi antes nisto, caminhamos animados por fé viva dentro da Santa Igreja, pro curando ser sinal que aos homens de hoje fale de Deus, que "primeiro nos amou" (Uo 4,19), e desperté neles a esperance da Verdadeira Vida. *

*

*

O Plano de Deus, por J. Ribólla, C.SS.R. - Ed. Santuario, Apareada (SP), 1987, 157x226mm,326pp. Bste livro vem a ser urna Súmula de Doutrina Católica redigida para movímentos leigos. Tem seccdes muito valiosas, em que o leitor pode apren

der com facilidade e vantagem verdades da fé. Mas infelizmente "escorrega" em pontos importantes: assim a distincao entre pecado grave e pecado mor

tal (sendo este nio apenas um ato, mas "urna vida de pecado, um hábito constante de pecado ), proposta és pp.75s, nSo se sustenta ¿ luz da doutrina

da Igreja (ver DeclaracSo Persona Humana, da CongregacSo para a Doutrina

da Fé, de 29/12/75). A ressurreicSo se dará no fim dos tempos, e nio logo após a morte do individuo, como o autor insinúa é p. 194 (ver a DeclaracSo sobre alguns Pontos de Escatologia, da mesma CongregacSo, com a data de

17/05/79). A linguagem do autor, concebida para causar impacto, nem sempre exprime bem tudo o que deveria exprimir. — Cremos que o Pe. Ribólla,

zeloso missionário como ó, nSo se fuñará a rever estes e outros pontos á luz dos recentes documentos da Igreja. *

*

*

CURSOS POR CORRESPONDENCIA "Estai sempre prontos a dar razao da vossa esperanza a todo aquele que vola pedir" (1Pd 3,15). A fim de facilitar aos cristSos o testemunho mais convicto da sua fó e da sua esperance, todos tém á sua disposic&o seis Cur sos por Correspondencia:

1) Curso de S. Escritura; 2) Curso de Iniciacfo Teológica; 3) Curso de Teología Moral; 4) Curso de Historia da Igreja; 5) Curso de Liturgia e Espiritualidade e... NOVIDAOE: 6) CURSO DE

DIALOGO ECUMÉNICO (abordando os temas controvertidos

entre católicos e protestantes).

ESCOLA "MATER ECCLESIAE" Rúa Benjamín Constant, 23, 3? andar 20241 Rio (RJ) 27

Visao Panorámica (III):

O Catolicismo

através da Historia A historia da Igreja é a historia do Corpo de Cristo prolongado através dos sáculos; traz as características desse Corpo dilacerado pelos homens, mas vencedor pela forca do Pa¡. — Dividimo-la em quatro per Todos: 1) a Idade Antiga, que vai desde Pentecostés até 692 (Concilio de Trulos II, em Constantinopla). Nessa data as ¡nvasSes bárbaras na Europa haviam terminado; novo cenário e nova cultura se formaram, dando cunho no vo ás atividades da Igreja;

2) a Idade Media (692-1450), apoca que termina com o Renascimento da cultura greco-romana. Este e a Reforma protestante, assim como a deseoberta de novos continentes, mudam o quadro da historia da Igreja, dando origem a nova fase; 3) a Idade Moderna (1450-1929), marcada pelo racionalismo e o surto

de outras correntes de pensamento alheias á fé católica, mas também carac terizada pela expansao missionária nos novos continentes; 4) a Idade Contemporánea (1929 até nossos dias): o Tratado do La-

trSo em 1929, restaurando o Estado Pontificio (que caira em 1870), assim como o intercambio entre a Igreja e o mundo atual, ¡mprímem nova configuracSo á marcha do Catolicismo.

Estudemos brevemente cada urna destas quatro fases.

1. A Idade Antiga (- 692) Divide-se em duas sub-fases:

a) das origens a 313; a Igreja dos mártires perseguidos pelo Imperio Romano. "O sangue dos mártires é a sementé de novos cirstSos" (Tertuliano t220); 28

HISTORIA DA IGREJA

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b) de 313 a 692. Em 313 o Imperador Constantino resolve dar paz a Igreja mediante o Edito de MilSo. Os cristaos entffo se multiplicam e evangelizam as instituicdes do Imperio Romano assim como os bárbaros invasores. Eis os pontos salientes da historia da Igreja Antiga:

1) As perseguicoes. Comecaram em 64 sob o Imperador Ñero. Eram inevitáveis, pois os cristaos professavam um so Deus dentro de um mundo em que todas as instituicoes (até mesmo as do lar e da familia) eram marca das pelo paganismo. Os cristaos, heroicos pela grapa de Oeus, foram mais fortes do que os adversarios nao porque tivessem armas ou dinheiro, mas porque possuiam em seu favor a verdade do Evangelho, que eles traduziam corajosamente em vida fiel e coerente.

2) A época de Constantino (306-337), após o Edito de Milao, permitiu a acao missionária mais dilatada. A Igreja se manteve sempre alheia ás práticas pagas; um dos exemplos mais típicos é o do Bispo S. Ambrosio, de Mi

lao, que em 390 censurou enérgicamente os desmandos do Imperador Teodósio, levando-o a penitencia. 3) A elaborado das grandes verdades da fé referentes a SS. Trindade, a Jesús Cristo, á Igreja, ao pecado e a grapa foi realizada pelos grandes Bispos e teólogos dos séculos IV-VII. Houve heresias, que desviavam a fé do seu curso auténtico e que foram rejeitadas pelos Concilios Ecuménicos (assembléias de Bispos de toda a Igreja) em Nicéia I (325), Constantinopla I (381),

Éfeso (431), Calcedonia (451), Constantinopla II (553), Constantinopla III

(680/1). 4) A fundacao do Estado Pontificio. Em 330 Constantino transferiu a capital do Imperio de Roma para Bizancio no Oriente (Istambul, na Turquía de hoje). 0 Ocidente da Europa foi entao entregue aos bárbaros invasores, que causavam grandes desordens. Nesse cenário confuso, ia sendo cada vez

mais respeitada e solicitada a autorídade do Bispo de Roma (o Papa), pois este exercia a funció de protetor das populacSes devastadas pela guerra. Também acontecía que muitos nobres, ao morrer, doavam suas térras ao Pontífice. Isto tudo deu ocasiao a que se formasse em tomo da Sé de Roma um territorio governado pelo Papa a título de Pastor dos fiéis. Tal estado de

coisas foi-se consolidando, visto que os bizantinos se desinteressavam sem pre mais pelos ocidentais. Diante destes fatos, Pepino o Breve, mordomo do palacio do re i dos Francos, mas na realidade chefe do reino, que se ia impon

do no Ocidente, resolveu reconhecer o Papa como soberano do Estado Pon tificio (Patrimonio de Sao Pedro, como se chamava) em 756; em resposta, o Papa Estévao II o reconheceu nao mais como mordomo da casa do Rei, mas como Rei dos Francos.

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

Vfi-se assim que o Estado Pontificio resulta das doacdes de cristfos fervorosos feitas ao Papa, assim como de urna s¡tuaca*o política que dava na turalmente ao Papa o governo de numerosas populagdes abandonadas.

2. A Idade Media (692-1450) Subdivide-se em:

a) Idade Media Ascendente (692-1054): reconstrucSo após as ¡nvasSes. O poder civil vai-se ingerindo excessivamente nos assuntos da Igreja, sufo cando a liberdade desta, principalmente pela nomeacfo de Bispos (investi dura leiga); b) a Idade Media Alta (1054-1294). A Igreja se emancipa da intromissSo do poder civil e atinge o máximo de sua projecSo tanto no plano religio so como no civil; c) Idade Media Decadente (1294-1450). A Igreja foi perdendo influen cia no foro civil; houve o empobrecimento da teología e da piedade. Eis os pontos salientes da Idade Media:

1) O Papa S. Gregorio Vil (1073-85) insurgiu-se contra o costume, dos

nobres, de nomear os Bispos1. Opós-se especialmente ao Imperador Henri-

que IV, da Alemanha, que, excomungado, no ano de 1077 fez penitencia em Canossa na Italia do Norte. A Igreja assim readquiriu a liberdade que o Cesaropapismo dos Imperadores Ihe quería confiscar.

2) O ponto alto da Idade Media foi o século XIII, no qual viveram

- o grande Papa Inocencio III (1198-1216), prestigiado por eclesiásti cos e leigos;

- os Santos Domingos, Francisco e Clara de Assis, pioneiros da po breza dentro da Igreja, provocando o seguimento de numerosos filhos e fiIhas espirituais; - os grandes doutores das Universidades de Ñapóles, París, Bolonha, Oxford: S. Alberto Magno, S. Boaventura, S. Tomás de Aquino, Alexandre de Hales..., que deixaram famosas "Sumas de Teología".

1 0$ nobres nomeam os Bispos. A Igreja aceitava as nomeacoes e conferia a sagrada Ordem do Episcopado.

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HISTORIA DA IGREJA

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3) Ai Cruzadas foram expedicSes dos cristáos ocidentais destinadas a libertar o Santo Sepulcro de Cristo em Jerusalóm, que estava em poder dos muculmanos. Foram inspiradas pelo vigor da fé medieval, mas nem sempre os respectivos chefes militares mantiveram a intencfo inicial estritamente re ligiosa (fazer "a viagem da Cruz"); cederam a interesses políticos, que muito prejudicaram a acato dos homens de fé, seus soldados. Sao Luís IX, rei de Franca, empreendeu a sétima e oitava Cruzadas. - Estas expedicSes todas hao de ser entendidas á luz da mentalidade da época, que era profundamen te marcada pela fé e que via no ideal dos cavale¡ros postos a servico de Deus

em Ordens Religiosas urna de suas expressSes mais típicas e caras.

4) A Inquisícao surgiu no século XII como tribunal misto (eclesiástico e civil), destinado a combater os hereges cataros. Estes eram contrarios ná"o só ás verdades da fé, mas também as ¡nstítuicSes civis (matrimonio, autoridade do Governo, servico militar...), de modo que causavam serias desordens entre as populacees urbanas e camponesas. - Do século XIV em diante, a

Inquisicao foi sendo mais e mais utilizada pelo poder dos reis para favorecer seus interesses políticos sob título religioso. Esta característica se acentuou em Espanha e Portugal a partir do século XVI, quando os reis quiseram uni ficar as populacoes dos seus territorios, combatendo judeus e muculmanos. Esta ingerencia preponderante do poder civil desvirtuou a Inquisicao, que a principio era urna expressao da fé encarnada dentro dos moldes e costumes da Idade Media. - S. Joana d'Arc foi vítima do reino da Inglaterra, que

queria livrar-se dessa jovem heroína, acusando-a calurosamente diante da Inquisicao. Em síntese, a Idade Media nao foi um período obscurantista, mas, sim, o traco entre a antigüidade e a época moderna; teve suas realiza-

cSes culturáis e científicas, sem as quais nSo se explicaría a continuidade da historia.

3. Idade Moderna (1450-1929) No fim da Idade Media deu-se a descoberta de documentos da cultura paga greco-romana, que deu origem a nova mentalidade, conhecida como

"renascentista". O ideal da Cidade de Deus, em que o Papado e o Imperio colaborariam (tío acariciado por Gregorio Vil e Inocencio III), foi cedendo a tendencias individualistas dos reis dos séculos XVI e seguintes, os quais

procuraram mesmo formar Igrejas nacionais, emancipadas de Roma. Isto fez que a Idade Moderna seja caracterizada por tres grandes negativas: a) o Náb á Igreja Católica dito pela Reforma protestante (século XVI). b) o Náb á Religiáb revelada (Cristianismo) dito pela filosofía raciona lista, que teve sua expressao máxima na Revolucao Francesa de 1789. 31

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

c) o Nao ao próprio Deut, proferido pelo ateísmo em suas diversas modalidades {positivismo, socialismo, marxismo).

Em nossos dias, já na Idade Contemporánea, dá-se um retorno aos valores perenes, que a Igreja guardou fielmente através da tempestada. A guiñada para o ateísmo cede lugar de novo á consciéncia do misterio de

Deus e da vida espiritual, sem os quais o homem se autodestrói. Eis os traeos mais salientes da Idade Moderna:

1) O protestantismo. Já foi abordado as pp. 19s deste fascículo. 2) O processo de Galileu. Este tinha razao. Todavía as circunstancias da época dificultavam que isto fosse reconhecido; Galileu parecia contradizer á Escritura Sagrada (cf. Josué 10,12-14) e, além disso, ainda nao tinha argumentos plenamente claros em prol da sua tese. - Nao foi condenado por um Concilio Ecuménico nem por um pronunciamento dogmático do Papa, mas por urna Congregacao da Santa Sé - o que ná"o compromete o magisterio infalível da Igreja.

3} A Revolucáb Francesa em 1789 pos termo ao absolutismo dos reis, favorecendo idóias democráticas. Contudo foi movida por menta lidade ra cionalista, em conseqüéncia da qual a "Oeusa Razá*o" foi entronizada no altar-mor da catedral de París. Muitos fiéis católicos morreram mártires sob a pressáo de revolucionarios extremados. Aos poucos a onda de ¡mpiedade recuou.

4) O Estado Pontificio cedeu ao movimento de unificacao da penín sula itálica sob a hegemonía do reino do Piernónte-Sardenha em 1870. O Pa

pa Pió IX nao quis opor resistencia as tropas que cercavam Roma. Doravante o Pontífice e seus sucessores ficariam prisioneiros no Vaticano. A extinpSo

do Estado Pontificio, grande como era, teve suas vantagens para a Igreja,

pois o Papa foi dispensado das preocupaedes ligadas á administracao de um Estado; pode sobressair mais na grandeza da sua missfo espiritual.

5) É de notar que, no mesmo ano em que a Igreja perdeu seu poder temporal, foi realizado o Concilio do Vaticano I. Este, fazendo eco á fé dos cristios, definiu o primado do Pontífice Romano e a infalibilidade de que goza quando define proposiedes de fé ou de Moral. Cristo nao podía deixar sua Igreja sem a assisténcia neoassária para que o patrimonio do Evangelho nao fosse dilapidado pelos homens. 6) Os -Papas posteriores a Pió IX insistiram na restauracao do Estado Pontificio, ainda que de pequeñas dimensSes. Com efeito; a independencia 32

HISTORIA DA IGREJA

_33

do Papa em relacao ao Governo da Italia era necessária para que o Pontífice pudesse (e possa) exercer Hvremente a sua missao espiritual, que atinge as consciéncias de fiéis esparsos pelo mundo inteiro. - Finalmente o Tratado

do Latrao em 1929 fez ressurgir o Estado Pontificio, que mede 0,44 km2

(o menor Estado independente do mundo), mas é suficiente para garantir ao Papa a isencao de qualquer interferencia estrangeira nos assuntos da Igreja.

Em nossos dias, a Igreja, desafiada por novas situacSes, tira da sua vitalidade novas expressSes de fé e zelo apostólico. *

*

*

Jesús de Nazaré. Historia e Interpretacáb, por Rinaldo Fabrís. Tradu-

cao do Pe. Mauricio ñuffier S.J. Colecao "Jesús e Jesús Cristo", 1? volume. - Ed. Loyola, Sao Paulo 1988, 135x 208 mm, 372 pp.

O autor é doutor em Ciencias Bíblicas pelo Instituto Bíblico de Roma. Especialista em estudo do Novo Testamento, procura reconstituir, no livro ácima identificado, os fatos históricos e as idéias que explicam o texto atual

dos Evangelhos; aplica assim o chamado "Método da Historia das Formas". O autor nao nega a ressurreicao de Jesús nem outras verdades capitais da mensagem crista, mas traba/ha na base de numerosas hipóteses acerca do que Jesús deve ter dito e feito, e a maneira como os Apostólos entenderam e

transmitiram as palavras e as facanhas do Senhor;na verdade, é obra arbitra ria e subjetiva reconstituir uma historia sem ter dados suficientes para tanto

(pouco se sabe a respeito dos anos que medeiam entre a AscensSo de Jesús e a redacao final dos Evangelhos). Por isto o autor assume posicóes discutíveis: por exemplo, 1) segundo Fabris, Jesús parece ter tido um saber limita do no tocante ao sentido da sua morte e é sua ressurreicao (pp. 235-242); 2) a realidade das aparicoes corpóreas de Jesús Ressuscitado é tída como

algo sujeito a dúvidas. embora Fabris aceite a ressurreicSo do Senhor (pp. 313s). ..

Muito interessantes sSo as informacoes que o livro oferece a respeito das pesquisas exegéticas sobre Jesús e sobre a historia da critica (pp. 5-58); valiosos sao também os dados sobre o ambiente, a origem e o estado civil de Jesús (pp. 59-88). Em suma, o autor tenciona ser um dentista, que quer respeitar os dados da fé, mas ás vezes se deixa guiar por conjeturas e suposicoes que podem reduzir Jesús ao nivel de um profeta. Por isto o livro talvez desconcerté os leitores pouco afeitos a esse trabalho, que nao deixa de ser arbitrario e, por vezes, engañador, pois pode esquecer os parámetros da fé. O exegeta saberá discutir as páginas mais ousadas do livro. E. B.

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Surpresa!

O Santo Sudario e a Ciencia

Em tíntese: 0 Sudario de Turím foi tido até data recente como prová-

vel mortalha que envolveu o corpo de Jesús logo depois de mono; principal mente a ¡magem fotográfica faz pensar na autenticidade desse lencol, pois difícilmente um pintor medieval tena produzido tal tragado sem conhecer a arte moderna da fotografía. Todavía o teste do Carbono-14 aplicado em

1988 a tal lencol dá a crer que á de origem medieval ou da faixa de 1260 a 1390. A Igreja aceita tranquilamente os resultados das pesquisas científicas, visto que a fé em Jesús morto e ressuscitado nSo está ligada a reliquia alguma. — Mesmo assim no plano científico nSo está esclarecido o misterio da origem da ¡magem ¡mpressa no Sudario; restam varias facetas do problema a ser examinadas; alám do qué, se pode perguntar se o teste do Carbono-14 podía ser fidedigno, dado que a qualidade de carbono da mortalha terá sofrido varias alteracdes no decorrer dos sáculos, exposta ao calor, ao sol, á agua, i umidade, ao contato de maos suadas... Em conseqüéncia, aínda nao se tem umjufzo definitivo sobre a origem do Sudario de Turím. *

*

*

Registrou-se nos países cristSos certa surpresa diante dos resultados do

teste de Carbono-14 a que foi submetido o Santo Sudario de Turim em setembro pp. Em conseqüéncia da noticia de que o Sudario nao é peca do sáculo I, mas da Idade Media, espalharam-se rumores infundados: a Igreja teña tido medo da ciencia, a fé haveria sido debilitada pela descoberta da nao autenticidade do Sudario... Na verdade, nenhuma dessas conjeturas é ve rídica. Para dissipá-las, o Cardeal Anastasio Ballestrero, de Turim, cidade on de é guardado o S. Sudario, aos 13/10/88 emitiu urna Nota oficial á impren sa, na qual expde a posicáfo da Igreja diante dos acontecímentos.

A seguir, publicaremos esse texto', ao qual se seguirlo alguns comen tarios.

1 Traduzido a partir do francés publicado pelo Boletim SNOP, da Conferen cia dos Bisóos da Franca, edícSo de 21/10/88, p. 8. 34

OS. SUDARIO E A CIENCIA

35

I. O COMUNICADO "Por urna missiva que chegou á Custodia Pontificia do Santo Sudario em 28 de setembro, comunicaram os resultados de seus trabalhos os Labora-

torios da Univarsidade de Arizona, da Universidade do Oxford e do Instituto Politécnico de Zurique, que procsderam á datacáb, pelo Carbono radioativo, do tecido do Santo Sudario, tendo por Coordenador do projeto o Dr. Mi-

chael Tite, do Museu Británico.

O relatório afirma que se pode, com 95%de probabilidade, estimar que o tecido do Sudario pode ser datado do período compreendido entre 1260 e 1390 após Jesús Cristo. Informacoes mais precisas e minuciosas so bre este resultado serio publicadas pelos Laboratorios e pelo Doutor Tite

numa revista científica, cujo texto está em fase de elaboracáb. Do seu lado, o Professor Bray, do Instituto de Metrología 6. Colon-

netti de Turim, encarregado de rever o relatório recapitulativo apresentado pelo Doutor Tite, confirmou a compatibilidade dos resultados obtidos pelos tras Laboratorios; a certeza desses resultados entra nos limites previstos pelo método adotado. Após ter informado a Santa Sé, proprietária do Santo Sudario, eu vos informo a respeito do que me foi comunicado.

Enquanto entrega á ciencia a avaliacao desses resultados, a Igreja con firma seu respeito e sua veneracfo para com essa venerável imagem de Cris

to, que fica sendo objeto do culto dos fiéis, conforme a atitude sempre expressa frente ao Santo Sudario. O valor de imagem que este possui, prepon dera sobre o eventual valor de peca histórica. Assim a Igreja quer dissipar as conclusóes gratuitas, de caráter teológico, que foram formuladas num clima

de pesquisa levada única e rigorosamente no plano científico.1 Entrementas os problemas concernentes á origem dessa imagem e á

sua conservacáb permanecem aínda, em grande parte, náb resolvidos. Exigi rlo pesquisas e estudos ulteriores; frente a estes a Igreja manifestará a mesma abertura, inspirada pelo amor á verdade, abertura da qual ela deu provas ao permitir a datacáb pelo Carbono radioativo, que Ihe foi sugerida em termos operacionais aceitáveis. Muitas noticias referentes a essa pesquisa científica, principalmente

em Ifngua inglesa, causaram dissabores, antecipando a publicacáb na ¡rtv

1 O texto se refere provavelmente a conjeturas de ordem teológica ou refe rentes á fé, proferidas em ambientes nio teológicos. (N. d. Tradutor). 35

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

prensa. Lamento-o pessoalmente, pois isto favoreceu a insinuado, um tanto passional, de que a Igreja tinha medo da ciencia, tentando ocultar os resulta dos desta. Tal acusacib está em contradicho manifesta com as atitudes que a

Igreja, mais uma vez nesta ocasiáb, adotou com toda a firmeza".

II. COMENTARIO Proporemos cinco pontos:

1. Que é o Sudario? O S. Sudario é um lencol de linho de 4,36 x 1,10 m, que, segundo se pensava (e ainda se pode pensar), terá envolvido o corpo de Jesús antes que

José de Arimatéia o colocasse no sepulcro; cf. Jo 20, 6s. Sobre o paño acham-se duas imagens desmaiadas, cor de palha: uma

representa a frente, a outro o dorso de um homem nu, que foi flagelado, coroado de espinhos e crucificado segundo o costume dos romanos e que tem

as míos cruzadas sobre a bacia ou pelve. Essas imagens se sobrepoem cabeca

sobre cabeca, tórax sobre tórax..., como se um corpo tivesse sido deitado de costas numa das metades do lencol; este terá sido dobrado para cobrir depois a parte da frente do cadáver.

Há no Sudario diversos buracos resultantes de um incendio que se deu em Chambéry no ano de 1532. A peca estava dobrada e guardada num cofre de prata; o fogo fez derreter a prata, que derramou suas gotas sobre o paño, perfurando-o; véem-se tambám marcas da agua com que procuraram apagar

o fogo; aparecam outrossim remendos em forma de triangulo feitos no len col pelas Religiosas Clarissas, que tinham a guarda dessa pepa.

Desde 14 de setembro de 1578, após uma historia assaz acidentada, o Sudario se acha em Turim na Cápela de Guarini, construida sobre a catedral

de SSo Joto de Turim. O lencol está enrolado ao redor de um cilindro de madeira e encerrado numa urna de prata. Esta, por sua vez, se acha dentro de uma caixa de madeira protegida por grades de ferro que se abrem com tres chaves: uma destas está com o ex-rei da Italia (hoje exilado), outra com o arcebispo de Turim, e a terceira com o curador (ou guarda) do S. Sudario.

2. O S. Sudario e a Fotografía Aos 28 de maio de 1898 deu-se impressionante fato na historia do Su dario, fato que desencadearia uma serie de outros acontecimentos altamente significativos.

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O S. SUDARIO E A CIENCIA

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Celebravam-se entSo as bodas do futuro reí Vítor Emanuel III. Para solenizá-las, resolveram os organizadores da festa exibir publicamente o len-

col sagrado durante oito dias. No sáculo XIX seria aquela a sexta apresentacao da venerave I peca ao público. Entre os promotores do evento, estava o

advogado Secondo Pia, que era também o Presidente da Sociedade dos Afi cionados da Fotografía em Turim, tendo ganho numerosos premios pelos seus trabalhos fotográficos; este benemérito amador quis entáo fotografar o Sudario para formar a documentacáo respectiva. Conseguiu a necessária licenca, e tirou duas fotografías do paño es

tendido sobre um tablado de 4 m de altura. Tirou enormes chapas de 50 x 60 cm de tamanho. Ao revelá-las, esperava ter primeiro os negativos, como em todo processo de revelacfo. Todavía experímentou enorme surpresa ao verificar que a ¡magem tirada da solucao de oxalato de ferro, em vez de ser um negativo pior do que o original, era, ao contrario, um be lo positi vo. O fenómeno era e seria inédito em toda a historia da arte fotográfica. Em vez dos trapos esmaecidos ou mesmo repelentes do Sudario ao natural, deparava-se com um rosto sereno e majestoso. Secondo Pia tinha entre as maos urna auténtica fotografía, do tamanho natural de um corpo morto,

com cerca de 1,80 m de altura, apresentando muitos pormenores que ja máis se descobriri am na observacao direta do lenco I. A ¡magem existente no Sudario, diziam os entendidos, nao poderia ter sido pintada por um medieval, pois na Idade Media nao se conhecia a arte fotográfica com suas imagens negativas e positivas.

De entáo por diante o Sudario foi sendo objeto de estudos cada vez mais precisos por parte de cientistas especializados em diversos ramos do

saber; em 1977 os técnicos especiáis da NASA se transferiram para Turim a fim de proceder aos mais sofisticados exames da mortalha; conseguiram os sabios urna fotografía tridimensional da imagem do Sudario; analisaram o tipo do paño respectivo; descobriram os vestigios de duas moedas romanas (leptos) cunhadas por Pilatos, que parecíam ter sido colocadas sobre as palpebras de Jesús morto a fim de Ihe manter os olhos fechados. Em suma, to

dos os resultados das pesquisas pareciam convergir para atestar a autentícidade do Sudario.

Faltava, porém, até 1988 o teste do Carbono-14.

3. O Carbono-14 O Carbono-14 é um isótopo radioativo do Carbono, que tem a massa atómica 14; geralmente origina-se na atmosfera por efeito das radiacdes cós micas. Produzido no ar, o C-14 penetra, por fotossfntese e metabolismo, nos vegetáis e animáis; tal processo perdura ao longo da vida desses corpos, e 37

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

cessa logo após a morte dos mesmos; entSo o teor de Carbono-14 vai dimi tí uindo nos organismos mortos segundo a leí de desintegrando radioativa. As-

si m se pode com certa verossimilhanca determinar a idade de um corpo or gánico morto, como é, por exemplo, o linho de que é feito o lencol de Turim. A Santa Sé hesitou sobre a conveniencia de se fa¿er tal teste porque, quando se comecou a pensar no assunto, era preciso queimar cerca de um sexto da superficie total do Sudario e se devena repetir por duas a tres vezes a experiencia para chegar a um resultado fidedigno. Ademáis é tao grande a quantidade de materia orgánica heterogénea depositada sobre o linho no decorrer dos sáculos que forzosamente ela haveria de prejudicar os resultados

da datacáo (a eliminacao mesma de tais impurezas ñas fibras do Sudario aca baría por destruir as próprias fibras). Mais: a mortalha sofreu dois ou tres in

cendios; o de Chambéry em 1532 chegou a fundir a caixa de prata que o continha, chamuscando e queimando boa parte do paño. Para apagar o fogo, jogou-se agua sobre o cofre, a qual terá arrastado muitas partículas de Car bono. Mais: diz-se que o lencol foi férvido em azeite para se pro va r a sua autenticidade. Além disto, a mortalha permaneceu muitas horas ao ar livre recebando o sol da Italia e o vento possivelmente carregado de poeira. Em

outras ocasioes, o mesmo paño esteve estendido por muitos dias em igrejas úmidas e frías, em locáis fechados, ocupados por multidóes de fiéis, ou seja, em ambientes carregados de dióxido de Carbono; recebeu também a fu ma ca de cirios acesos postos ao seu lado. Outrossim note-se que esse paño foi tocado por centenas de maos, que o seguraram para as exibicoes públicas, podendo essas mSos estar suadas; beijaram-no enfermos e devotos, deixando sobre ele alguns vestigios do seu organismo.

É de se observar também que o pleno éxito da datacao pelo método do Carbono-14 requer nao tenha havido alteracao no Carbono comido ñas moléculas do objeto analisado; nem se deve ter mesclado qualquer materia orgánica alheia a tal objeto. Foram todos estes fatores que levaram a Santa Sé a hesitar diante da

proposta da api ¡cacao do método do C-14.

A oscilacao, porém, foi superada, de modo que em 1988 procederam ao referido exame tres Laboratorios distantes e independentes um do outro, a saber: na Inglaterra, na Su fea e nos Estados Unidos. Os peritos receberam pedacos da mortalha misturados com outras tiras, também de tecidos antigos. Nenhuma das equipes sabia se estava avaliando a idade do Sudario ou se datava panos antigos de idade já conhecida. Ao fim das experiencias, as tres tiras do Sudario foram unánimemente consideradas como tendo idade

nao superior a 728 anos, e as tiras dos outros tecidos também foram datadas corretamente.

Ver ulteriores consideracoes sobre o teste no Apéndice a este artigo. 38

OS. SUDARIO E A CIENCIA

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4. E a Fé? A fé na Paixáo, Mortee Ressurreicaosalvfficasde Jesús Cristo nao está ligada a alguma reliquia, nem mesmo ao Sudario. Ela se funda na Palavra de Deus oral e escrita, corroborada pelos frutos de coragem e santidade que tais acontecimentos tém despertado na historia da humanidade. Em conseqüéncia, nada muda no plano da Religiao em virtude dos recentes testes...

Durante dezenove sáculos os cristaos professaram heroicamente a sua féem Jesús Cristo morto e ressucitado, e poderao continuar a fazé-lo, sem levar em conta o Sudario, para o futuro.

5. Resultados definitivos? Embora muitos pesquisadores tenham como firmes as conclusdes do teste do Carbono-14 no Sudario de Turim, outros julgam que aínda há muitas facetas da questáo a explicar, de modo que nao se podem considerar defini tivos tais resultados. A propósito transcrevemos em Apéndice a este artigo as

ponderales do Dr. Eurípides Cardoso de Meneses,' autor do livro"OSanto Sudario á Luz da Ciencia", Ed. Loyola, Sao Paulo 1987. Em conseqüéncia de tao sabias consideracoes, o estudioso mantém-se sobrio, na expectativa de ulteriores pesquisas, ciente de que a verdade cien tífica nunca prejudicará a fé.

APÉNDICE O SUDARIO DE TURIM, O TESTE DO TESTE "Á página 51 do meu livro O Santo Sudario á luz da Ciencia salientei a inconveniencia e a inoportunidade da prova do carbono-14 por um processo ainda em vias de aperfeicoamento. Se se utilizasse o sistema até agora usado,

seria necessário incinerar urna sexta parte do Sudario, e até mesmo repetir

duas ou tres vezes o processo (?!) para maior confiabilidade, o que seria simplesmente ¡mpensável.

Ademáis nao se costuma datar pelo teste do carbono-14 com a desejável precisao: um objeto de 2.000 anos é datado como sendo de 1.800 ou 2.200 anos, portanto com urna aproximacao para mais ou para menos de

200 anos; logo com urna margem de 'seguranca' de 400 anos...

1 Eurfpedes Cardoso de Meneses é ex-deputado federal e magistrado. 39

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

Outro problema que um dentista digno desse nome nao poderia igno rar, segundo o próprio dr. Willard Libby — premio Nobel 1960, a quem se deve a adocSo do método -, é que, levando-se em conta as perdas inevitáveis

na operacSo, é necessário contar para a prova, no mínimo, com uns lOg de

carbono puro. É tal, entretanto, a quantidade de materia orgánica existente

no Sudario que forcosamente haveria de prejudicar os resultados da sua dataclo, mesmo porque a eliminacá*o de tais impurezas ñas fibras do Sudario acabaría por destruir essas fibras também. Algo parecido acontece, alias, com muitos panos achados ñas antigás múmias egipcias. Outros entraves dificultarían) outrossim a objetividade dos resultados da prova: as vicissitudes sofridas pelo Sudario ao longo dos sáculos, capazes

de alterar a composieao química do carbono nele contido. Como é sabido, sofreu o Sudario dois ou tres incendios, notadamente

o de Chambéry em 1532, com temperatura de 900°, que chegou a fundir a caixa de prata que o continha, chamuscando e queimando mesmo boa parte do paño. E ainda para apagar o fogo jogou-se sobre o cofre grande quantida

de de agua, que terá arrastado certamente muitas partículas de carbono; nem falemos, se é verdade o que consta, em haver sido o Lencol férvido em azeite para se provar a sua autenticidade. Também permaneceu o Sudario estendido muitos dias em igrejas úmidas e frías, em locáis fechados, ocupados por multidóes de fiéis, portanto em ambientes carregados de dióxido de carbono, e perto de cirios acesos, com a conseqüente producSo de fumaca.

Foi tocado o Sudario por centenas de má*os que o seguraram para exibicoes públicas, maos que podiam estar suadas... e posto em contato com

tantos enfermos, esperanzosos de urna cura; e beijado ¡numeras vezes, o que tornou bem duvidosos os resultados que se obtivessem da prova.

É de se levar em conta ainda ser fundamental para o éxito do método o fato de nao ter havido nenhuma alteracá*o no carbono contido ñas molé culas do objeto analisado, e o de nao se Ihe haver mesclado qualquer materia orgánica alheia ao Sudario, de difícil eliminacao. Por tudo isto propós o prof. Cesare Codegone, diretor do Instituto

Técnico do Politécnico de Turim, que se fizesse primeiro urna prova com os lencóis de linho egipcios, de data já conhecida; ou melhor, que se esperasse pelo aperfeicoamento do método ou por sua substituicSo por outros mais dignos de confianca.

Recentemente, porém, com permissáo da Santa Sé, que se tornou, por doacao testamentaria do rei Umberto II, proprietária do Sudario desde 19 40

OS. SUDARIO E A CIENCIA

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de outubro de 1983, obtiveram lícenca as Universidades de Arizona, Oxford e Zurich para realizarem nova prava de carbono-14 substituindo-se o tradi cional processo feito por meio de contador proporcional, mais confiável, pe lo de datacao por aceleradores, ainda nao suficientemente testado. Para tal se subtraiu do paño do Sudario, de 4,30 x 1,10, urna amostra de 1 cm x 7, que foi dividida pelos laboratorios daquelas Universidades, de mistura com tres pedacinhos de linho antigo de outras procedencias. Cabe aqui urna consideracao prática de um engenheiro especialista em construcoes, para quem seria técnicamente perigoso, na verificacao da natu-

reza do subsolo de um terreno em que se vai construir um edificio, fazer-se urna sondagem em um so ponto do solo. Poderia, disse ele, haver dúvidas so bre a validado estatCstica de urna só amostragem, pois quanto menor a amostragem, menor a probabilidade de ser ela deveras representativa do 'univer

so' em estudo. Nao se deveria fazer para a construcá*o de um predio apenas urna pequeña sondagem num só buraco do terreno, mas sim em vinte ou mais buracos em locáis diferentes. Em se tratando, portanto, de um paño, quanto maior a amostra, maior a probabilidade de que ela seria representativa do 'universo' em estudo;

quanto menor, menor... disse o engenheiro aludindo ao minúsculo pedacinho de tecido examinado pelos técnicos de Oxford. Ora, se se tirou dum paño de 4,30 x 1,10 apenas um pedacinho de 1 cm x 7, poderemos estar certos de que o que se verificou naquela única e minúscula amostragem seria deveras representativo da realidade existente em toda a extensao do Sudario?

Na reuniao havia em Londres para se decidir da conveniencia de se fazer a prova de que foram encarregadas as tres Universidades, eu teria vota

do favoravelmente á proposta do prof. Codegone. Mais: á vista das peripecias por que passou, no decorrer de tantos sáculos, o Santo Sudario, e enquanto nao houver garantía absoluta de credibilidade das conclusoes a que se possa chegar pelo exame proposto, através de aceleradores, eu declararía o Santo Sudario um objeto inadequado para a prova do carbono-14 já que nao se sa-

tisfez á exigencia do próprio dr. Willard Libby: a comprovada existencia de 10 gr. de carbono puro, condicSo sine qua non da validade de prova.

Como era de esperar-se, já está sendo contestada a valídade da 'prova' dos tres pedacinhos. Alias, escrevendo ao cardeal Ballestrero, na qualidade de autor de um livro sobre o assunto, manifesté i-Ihe a 'minha estranheza pe la acodada divulgacáo do resultado do exame, a meu ver desnecessariamente secreto, das supostas amostras do Santo Sudario, desacompanhado do res41

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

pectivo relatório cienti'fico, que se esperava assinado pelo representante do Museu Británico ou pelos até agora desconhecidos investigadores'. O Estado de S. Paulo a 2 do corrente divulgou também judiciosas declaracoes do dentista brasileiro dr. Walter Demetrio González Alarcon, do Departamento de Geofísica e Aeronomia do Instituto de Pesquisas Espaciáis

(o Inpe) e da Assist (Associacao Internacional de Estudiosos do Sudario de Turim), que espera seja contestado por numerosos dentistas o recente pro-

nunciamento sobre a 'datacáo' de Oxford.

Alias, fosse tido mesmo como válido esse veredictum, maior se teria tornado o misterio do Sudario. Perguntaríamos, no caso, aos sabios anóni

mos: e a prova do polen, com a qual Max Frei reconstituiu científicamente o itinerario do Santo Sudario de Jerusalém a Turim? E a prova das moedas descobertas nos olhos do Homem do Sudario, que o prof. Francis Filas, da Universidade de Loyola, de Chicago, identificou com o lepto cunhado por Póncio Pilatos nos anos 31-32 da era crista? E aquele outro acontecimento

fantástico e único de 24 de maio de 1898 que se deu ao revelar Secondo Pia

a primeira fotografía do Sudario, cujo negativo surpreendentemente se constatou ser um negativo-positivo?

E, para aumentar o misterio, como se

explicará, se fosse verdadeira a 'datacáV de Oxford, a tridimensionalidade da imagem do Homem do Sudario? De resto esses dois fenómenos, — o do negativo-positivo e o da tridi

mensionalidade, - só se dáo, única e exclusivamente, com o Sudario. Qualquer outra fotografía posta no VP-8 — analisador de ¡magens — mandada

pelos planetas para a NASA, sai horrivelmente distorcida, como aconteceu com a de Pió XI. E qualquer copia que se fizesse do Sudario de Turim reve laría no laboratorio fotográfico aquele borrao grotesco que lembra um es pectro, um verdadeiro fantasma e nao aqueta figura atlética, magnífica do Homem do Sudario, aquele semblante sereno e majestoso do negativo-posi tivo, até agora considerado como o auto-retrato de Jesús. Razao tinha de sobra o grande Pierre Barbet para afirmar a autenticidade intrínseca do Santo Sudario. Alias, nao havia na Idade Media tao perfeito conhecimento da anatomía para que mesmo um genio muitíssimo su perior ao de Da Vinci pudesse produzir urna obra tao perfeita como o Santo Sudario.

Falharam, pois, os anónimos pesquisadores de Oxford: nao merece

crédito o laudo que, alias, nem assinaram. Urge, como disse um jovem arquiteto: fazer o teste do teste". *

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*

As Grandes Religioes da Humanidade:

O Chintoísmo

Em síntese: O Chintoísmo é urna religiao e um modo de vida que im-

pregnam profundamente a cultura japonesa. Cultua a deusa suprema Amate-

rasu-Omikami (deusa do Sol) e os Kami, divindadessubordinadas ou.melhor, manifestares da deusa suprema. O culto de Amaterasu é próprio da familia

imperial, que descende diretamente da deusa. como se diz. Os kami sSo seres superiores que tutelam as familias, os povos, as cidades, os trabalhos, os doentes, os sofredores... Importa ao japonés chintoista viverem harmonía com os seus kami, com a Natureza trios, lagos, vegetacao...) e com os demais homens; disto resulta a felicidade, favorecida pelo culto dos antepassados e as

festas de familia ou da nació, sem que haja no Chintoismo algum especial interesse pela vida postuma.

Há 2.600 anos os japoneses sao fiéis a um conjunto de eren gas, ritos e

costumes, que constituem o Chinto (Shinto) e que dao sentido a cerca de cem mil templos esparsos por todo o Japáo, com os seus sacerdotes. O Chin to, juntamente com o culto do Imperador e o amor á natureza, tornou-se um elemento característico do Japao. A religiáo chintoi'sta vem a ser um

marco profundo do estilo de vida japonés. — Examinemo-la de perto.

1. Chintoísmo: notas gerais 0 Chintoísmo nao tem fundador nem Escrituras Sagradas nem dogmas precisos nem intérpretes autenticados. Possui, porém, seus traeos caracterís ticos, que se manifestam em ritos e símbolos. Chinto significa "caminho dos deuses". Mais precisamente, é o caminho dos kami ou, melhor, o caminho aos kami.

Kami quer dizer Deus nao no sentido bíblico, mas no sentido de manifestaedes da Divindade Suprema, chamada Amaterasu-Omikami, Deusa do 43

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

Sol. - Oeus, no Chintoísmo, é tido como urna forca vital cósmica, que cria e sustenta, dá a vida e faz crescer e multiplicar; garante harmonia e prosperidade a todo o universo.

O Chintofsmo tem sua origem nos mitos e ritos dos varios cISs que formavam a antiga populacSo do Japá*o. Essas tribos foram-se unificando sob o predominio do cIS Yamato, que cultuava a deusa Amaterasu. Esta tornou-se

a deusa suprema do JapSo, ao passo que os kami titulares dos outros clá"s se tornaram kami subordinados, tidos como derivados de Amaterasu. Assim a

populacSo do Japá*o se unificou sob o regime do seu Soberano (Imperador); a familia imperial é tida como fiiha da deusa-ma"e e, por conseguinte, de to do o povo japonSs. O Imperador é o símbolo e o vínculo da unidade nacio nal; ñas grandes festas de sua familia ou da nacao, reza pelo bem-estar de todo o povo japonés, celebrando a deusa Amaterasu-Omikami.

Assim vé-se que o Chintoísmo pode ser definido como o conjunto de conviccóes, atitudes e comportamentos religiosos e cívicos que integram a

vida e a cultura do Japao no decorrer de vinte e seis séculos de historia. Atualmente o Chinto se apresenta sob quatro formas: 1) o Chinto da Casa Imperial, que consiste nos ritos celebrados pelo Imperador ñas grandes datas da naca*o e no contexto das idéias atrás ex postas;

2) o Chinto dos Templos: é a corrente principal. Consiste ñas crencas e nos ritos celebrados nos numerosos templos do Japao pelos respectivos sa

cerdotes. Os japoneses freqüentam esse culto, orando aos kami e oferecendo-lhes principalmente arroz e saké (vinho de arroz) por ocasiSo das festas e romanas;

3) o Chinto popular. Compreende todos os elementos da religiosidade

popular, com práticas mágicas, em voga no povo mais simples, É esta a ca

rnada mais profunda da religiosidade japonesa, que atualmente está marcada por influencias do Budismo e do Confucionismo;

4) o Chinto das Seitas. No sáculo XVI derivaram-se da tradigao chintofsta treze grupos religiosos, dos quais doze foram fundados por pessoas ca-

rismáticas, que muito enfatizaram o valor da fé pessoal. A mais conhecida dessas novas seccóes é o Tenrikyo, que hoje em dia já nao pode mais ser tido como urna seita chintofsta, mas é urna nova religiao.

2. A evolucSo do Chintoísmo Vimos'que o Chintofsmo resulta da fusao de crencas e ritos professados pelos antigos clás do Japáfo seis séculos antes de Cristo. 44

OCHINTOfSMO

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No sáculo VI d.C. o Budismo foi introduzido no Japfo, a partir da India e da China. Criou-se entao a palavra Chin-to para distinguir a religiao

japonesa da religiao estrangeira invasora, chamada Butsu-do (via de Buda,

e nao via dos deuses). Aconteceu, porém, que, no decorrer dos tempos, o Chintoísmo foi-se fundindo com o Budismo, originando um amalgama com

predominio ora de Chintofsmo, ora de Budismo. Para os budistas, os kami

chintoístas eram apenas manifestacSes do Buda eterno; e, para os chintoís-

tas, o Buda e os boddhisattva (imitadores de Buda) eram meros nomes dos

diversos kami do Japao. Em conseqüéncia, apareceram lado a lado no Im perio Japonés templos chintoístas e templos budistas.

No sáculo XIII deu-se urna reacSo contra o sincretismo religioso. Va rias correntes nacionais reivindicaram o Chinto puro, procurando eliminar os

elementos religiosos estrangeiros. O Budismo foi assim ameacado de desapa recer.

Todavía no período de Governo militar feudal da familia Tokugawa (1615-1867) o Budismo recuperou sua voga, tornando-se, por assím dizer, quase a ReligiSo do Estado. Na mesma época, porém, foi-se esbocando um

movimento nacionalista, ¡nteressado em favorecer a cultura ctássica do Japao e, por conseguinte, o retorno as fontes religiosas do país, ou seja, ao Chinto. Este empenho deu seu pleno fruto em 1868, quando Mutsuhito (ou Meiji Termo) promoveu a restauracao do regí me imperial e a instituido do Chinto do Estado. De entáo por diante, foi-se fortalecendo o nacionalismo japonés, que tomou atitudes extremadas de imperialismo em diversas guer ras; todavía foi vencido em 1945 e oficialmente abolido pelo próprio Impe rador Hirohito; o Chinto foí reduzido a urna organizado religiosa, semelhan-

te ás de outras religides; contudo o nacionalismo japonés nlo pode prescin dir, por completo, do Chinto como corrente religiosa nacional.

3. Os diversos "Kami" Muitos sSo os kami (manifestacoes da Divindade) do Chintofsmo; hi perbólicamente diz-se que se contam oito milhóes. Apresentam-se em tres categorías distintas:

1) Os "kami" da nacáb e das familias. Sao os deuses nacionais e fami liares, todos descendentes de Amaterasu, cultuados com os antepassados na familia imperial e em todas as familias japonesas;

2) os "kami" das comunidades locáis. Cada povoado, aldeia ou cidade tem um kami próprio, que une e protege todos os respectivos habitantes. Tém os mais diversos nomes;

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"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

3) os "kami" tutores da natureza, de atividades e circunstancias espe

ciáis. 0$ mais antigos sSo os tutores da natureza:... do mar e das montanhas, por exemplo, ñas épocas de pesca e caca;... dos campos e dos arrozais, ñas épocas de semeadura e colheita... Cada atividade importante tem seu kami protetor: o trabalho, a guerra, o comercio, a industria... Também certos mo

mentos da existencia humana sSo assim tutelados: há o kami protetor do matrimonio, do nascimento, o dos doentes, o dos sofredores... Por^conse

guirte, sempre e em toda parte o japonés se encontra com um kami, que é

fonte de energía e harmonia e que assegura aos devotos um bom relacionamento com tudo o que o cerca.

Entre os atributos dos kami, destaca-se a beleza. Os japoneses nao sao

táo contemplativos quanto os indianos, nem táo pragmáticos quanto os chineses, mas safo cultores da beleza e procuram perceber a Divindade dentro das categorías da estética; alias, a própria Ifngua japonesa é assaz poética e simbolista; sao penetradas de estética a arquitetura, a jardinagem, as vestes... dos japoneses.

Um lugar belo e bem ornamentado pode tornar-se templo de um kami, desde que este seja ritualmente invocado. 0 mesmo se dá com urna pessoa cuja vida ou cuja morte seja bela; um herói nacional, vivo ou morto, se torna mansáo de um kami.

4. A Moral Chintofsta

Todos os homens tém sua origem na mesma Divindade, que se manifesta nos kami. Por isto todos os homens s§o filhos dos kami e ¡rmá*os entre si. Mais: também a natureza provém dos kami, de modo que homens e natu

reza (rios, plantas, montanhas, mares...) sao aparentados entre si e devem viver em harmonia, na harmonia da mesma beleza. O pecado (tsumi) consiste na falta de beleza e pureza. Urna e outra se

adquirem mediante purificacao dos costumes. Diante das culpas cometidas, os japoneses nao preconizam o arrependimento no sentido cristao; sao pro

pensos, de certo modo, a adotar urna "Ética da Situacao", segundo a qual as circunstancias contingentes é que definem provavelmente o que é bom e o que é mau no plano ético. Importa aos chintofstas praticar a ascese, que pu

rifica o coracá'o, tornando-o belo e reto. Este esfórpo é sustentado por uma cerimónia própria: matsuri (festa); esta implica o culto dos kami com seus ritos; implica também as festas que p3em os homens e os kami em comu-

nhao' entre si; incluí outrossim todo tipo de conduta que ponha os homens

em relacionamento mutuo para bem administrar e governar a socíedade. V§-

se assim que ó Chintofsmo ná*o é somente religiáo, mas vem a ser também um estilo de vida. Este estilo de vida parece satisfazer plenamente as necessi46

OCHINTOfSMO

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dades espiritual e religiosas dos japoneses, que, frente ao Cristianismo, se julgam auto-suficientes. Do Ocidente interessa-lhes muito mais a técnica do que a filosofía crista.

Ademáis os japoneses parecem propensos ao relativismo religioso ou ao sincretismo; 70% deles declaram-se chintoistas e budistas ao mesmo tempo 1o Chintofsmo se manifesta ñas comemoracSes de acontecí mentos dos in

dividuos, das familias e da naca"o, ao passo que o Budismo realiza os ritos re ferentes á morte). Alguns japoneses aceitam também ser cristSos, ao menos em algumas ocasiSes da vida. Assim os japoneses aceitam a coexistencia das religioes, mas nao parecem interessados num diálogo serio e profundo, como aquele que a Igreja Católica tem em vista. Aínda é de notar que a mentalidade chintoCsta valoriza a familia e a nacao mais do que a pessoa humana, ao passo que o Cristianismo muito enfatiza a pessoa (sem menosprezar a familia). Para os chintofstas, qualquer comunidade é vista como extensá*o da familia: a escola é a familia que estu-

da; a fábrica e o escritorio perfazem a familia que trabalha; a nacáo é a fami lia global. O fato de que o Chintofsmo penetra toda a vida do Japá"o, explica que o Chintoismo seja tido como a mais auténtica expressao da "japoneseidade". É um tronco robusto que nos seus ramos pode acolher expressSes re ligiosas de outra origem, ou seja, budistas e confucionistas.

O Cristianismo na"o pode aceitar esta especie de fusáo. É o que torna

diffcil o diálogo entre Chintoismo e Igreja Católica.

0 Chintofsmo n2o se preocupa muito com a vida postuma; propoe e

espera a felicidade para a existencia terrestre; esta resulta, como dito, da har monía do homem com a natureza, com os demais homens e com os seres di vinos ou kami. A propósito:

JAN SWYNGE DOUW, Shirito, em "Dictionnaire des Religión* sous la Direction de Paúl Poupard". París 1984.

JOHN BOSCO SHIRIEDA, Shintoismo, una Chiave per capire il Giap-

pone, in JESÚS, ottobre 1986, pp. 70-73. *

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ENSINO RELIGIOSO ÑAS ESCOLAS OFICIÁIS Neste momento em que as Legislacóes estaduais e municipais estío sendo revistas á luz da nova Constituicao Federal, poe-se naturalmente a te mática do Ensino Religioso ñas Escolas públicas. Especialmente tres ques47

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 320/1989

toes se agitam a respeito: 1) o Ensino Religioso tem ou nao tem lugar ñas Escolas de um Estado que se diz arreligioso ou leigo? 2) Caso exista, o Ensi no Religioso deye limitar-se á formapío humana e moral dos alunos, ficando o Catecismo propriamente dito para as paróquias? 3) Caso se ministre um ensino típicamente religioso, deve ser ele confessional (católico, protestan

te...) ou "ecuménico" (transmitido apenas as proposicoes básicas do Cristi anismo que satisfacam a católicos e protestantes)?

Ora a propósito a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, mediante

o seu Conselho Permanente reunido na sua 20? Reuniáo Ordinaria em 1988, emitiu a seguinte DeclaracSo de Principios (publicada no boletim "Noticias" da CNBB, n? 34, de 25/08/88):

"1. A Escola deve tornar possfvel o Ensino Religioso Escolar de acor-

do com a confissío religiosa dos país dos alunos (Doc. 36 'Por urna nova Ordem Constitucional', n? 140). 2. A educacáb religiosa nao decorre da confessionalidade do Estado, mas do direito dos pais de querer dar aos seusfilhos urna formacáb integral,

na qual se deve incluir a religiáo (Declaracío Dignitatis Humanae, n? 5).

3. O Ensino Religioso desenvolverá atitudes ecuménicas entre os cristíos e o diálogo com as religióes ná"o-cristís, evitando, porém, o perigo de indiferentismo religioso ou de proselitismo, que desrespeita a identidade reli giosa específica dos alunos.

4. Depois destas premissas, pode-se considerar o Ensino Religioso co mo processo de educacío da dimensfo religiosa de educadores, pais, mestres e educandos, no pluralismo da Escola Oficial, para ajudá-los a dar urna resposta pessoal a Deus, no quadro da sua comunidade religiosa, e encontrar o sentido último da sua existencia.

5 O quadro de referencia do Ensino Religioso consiste nos valores

fundamentáis da vida humana, iluminados pelos Livros Sagrados e pela Tradicao religiosa dos alunos, o que, para os católicos, implica a Verdade sobre Jesús Cristo, a Igreja e o Homem.

6. A f inalidade do Ensino Religioso aprésente os seguintes aspectos:

a) O Ensino Religioso pode ser considerado tanto como qualificado preámbulo para a Catequese quanto como reflexáb posterior sobre os con-

teúdos da Catequese ja adquiridos (Joáb Paulo II, 5 de marco de 1981, aos sacerdotes da diocese de Roma); 48

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