Ano Xxviii - No. 307 - Dezembro De 1987

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Projeto

PERGUNTE

E RESPONDEREMOS ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizagáo de Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (¡n memoriam)

APRESEISTTAQÁO

DA EDKJÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanga a todo aquele que no-la pedir (1 Pedro 3,15). Esta

necessidade

de

darmos

conta da nossa esperanga e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questoes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortalega no Brasil e no mundo. Queira Deus abengoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e zelo pastoral assim demonstrados.

SUMARIO

Maraña Tha!

"Caminhos das CEBs no Brasil" As Testemunhas de Jeová e a Biblia Sim ou Nao ao Fumo? A Escrava Anastácia

Que fazer com os Fetos Extraídos? Urna Parábola do nosso Tempo CQ

O CC O.

ANO

XXVIII

DEZEMBRO

1987

307

PERGUNTE E RESPONDEREMOS

DEZEMBRO - 1987

Publicacao mensal

N5 307

etor-Responsável: Estéváo Bettencourt OSB

SUMARIO MARAÑA THA!

T-

Autor e Redator de toda a materia

Reflexáo crítica:

publicada neste periódico

"CAMINHOS DAS CEBS NO BRASIL",

etor-Administrador: D. Hildebrando P. Martins OSB ministrado e distribuidlo:

Edicóes Lumen Christi Dom Gerardo, 40 - 5" andar, S/501 Tel.: (021) 291-7122 Caixa Postal 2666 20001 - Rio de Janeiro - RJ ComposlíSo e impressAo

"MARQUCS-SARAIVA"

" tl'AtUItlMIMtOl Í.I4ÍKOI I * Rui Stftto* Rij. Estado 0o 54 - 2O2SO

Tela.- 273-M9B - 273-9447 9 - fíj

SINATURA EM 1988: CzS 400,00 Número avulso: CzS 50,00

por D. Amaury Castanho

529

530

Poucos sabem:

As Testemunhas de Jeová e a Bfblia

539

Discute-se:

Sim ou N3o ao Fumo?

550

Que fundamento tem...? A Escrava Anastácia

568

Aborto:

Que Fazer com os Fetos Extraídos? .

573

UMA PARÁBOLA DE NOSSO TEMPO

ÍNDICE GERAL DE 1987

575

577

NO PRÓXIMO NUMERO: 308 - Janeiro - 1988

> NOVOS Assinantes:

i assinatura (desde 1987) será válida até

As Imagens no Culto Cristao. - Jornada de

íesmo mes de 1988.

Oracóes no Japao. - Suicidio: por qué? -

aira depositar a importancia no Banco Brasil para crédito na Conta Corrente

0031 304-1 em nome do Mosteiro de ) Bento do Rio de Janeiro, pagável na éncia da Pra9a Mauá {n- 0435) ou en-

r VALE POSTAL pagável na Agencia itral dos Correios do Rio de Janeiro.

RENOVÉ QUANTO ANTES A SUA ASSINATURA

Crise Vocacional na Ótica de um Leigo. -

"María, Rosa Mística". - Rede Nacional de Missoes Católicas.

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA

COMUNIQUE-NOS QUALQUER MUDANCA DE ENDERECO

MARAÑA THA!

i-

(1 Cor 16,22)

A grande novidade do Cristianismo consiste na Boa-Nova de que Deus

vem ao homem antes que o homem tente ir a Deus. Esta noticia marca toda a Revelacao bíblica, que fala freqüentemente da visita de Deus, a fim de atender aos anseios de vida que o próprio Criador colocou no coracao do ho mem. Os escritos do Novo Testamento assinalam com alegría a vinda do Senhor na pessoa do Messias: "Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, porque

visitou o seu povo e o libertou" (Le 1,68). Todavía o evangelista verifica em tom de tristeza: "Veio para o que era seu, e os seus nao o receberam" (Jo 1,11). Apesar de tudo, o Senhor continua a oferecer a sua presenca a todo

homem que tenha a delicadeza de ouvir a sua voz: "Eis que estou a porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrare¡ em sua casa, e

cearei com ele" (Ap 3,20). O pulsar do Senhor é suave e nao se impoe. Daí a exortapao á vigilancia, repetidamente formulada por Jesús: "Vigiai, porque

nao sabéis em que dia vem o vosso Senhor" (Mt 24,42; 25,1-13). Vigiar significa renunciar ao sonó da noite ou, metafóricamente, lutar

contra o torpor espiritual e a negligencia, estar em alerta como se cada dia fosse o

último da vida do indivi'duo na Térra. O Senhor pode demorar — o

que suscita cansago no cristao, como o suscitou ñas dez virgens da parábo la (Mt 25,1-13); mas o discípulo de Cristo nio se deixa vencer pelo desani mo; ele eré que a historia é regida por um sabio designio do Senhor e, por isto, reaviva constantemente a chama da sua fé e da sua esperanca. "Aquele

que dá testemunho destas coisas, diz: 'Sim, eu venho em breve!' — 'Amém. Vem, Senhor Jesús (Maraña tha)!' " (Ap 22,20; cf. 1 Cor 16,22). Sao estas algumas idéias que ocorrem a mente do cristao no fim de

mais um ano, quando a Igreja celebra o Advento e o Natal de Jesús. O prese pio é um ponto de chegada e um ponto de partida; sim, pos termo á expec

tativa dos Patriarcas e Profetas, e veio agugar nos cristaos o desejo da Plenitude. Alias, desta já temos um penhor seguro nos sacramentos, sinais que se podem tornar cada vez mais transparentes para os valores eternos presentes

no tempo. É hoje e aqui que o cristao comeca a desfrutar a grapa de Deus, cíente de que a cada momento podem cair os véus que Ihe encobrem a Face

da Beleza Infinita! A TODOS OS NOSSOS LEITORES DESEJAMOS SANTO NATAL E FELIZ 1988, PRENHE DA GRATIFICANTE PRESENCA DO SENHOR. E.B.

529

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS7' Ano XXVIII - N? 307 - Dezembro de 1987

Reflexáo crítica:

"Caminhos das CEBs no Brasil" por D. Amaury Castanho

Em síntese: O livro "Os Caminhos das CEBs no Brasil" se deve a alguém que vem acompanhando as comunidades eclesiais de base desde as suas

origens, há cerca de vinte anos. É, portanto, bom conhecedor do assunto; nos Encontros Nacionais realizados sucessivamente desde Janeiro de 1975,

D. Amaury Castanho, Bispo de Valenca (RJ), pode averiguar a evolucao que tais grupos tém sofrído: vao perdendo o seu caráter de eclesialidade e comunhao com os legítimos pastores para assumir características sempremais politi

zantes e seculares. As expressoes destas novas marcas das CEBs vem registra das no livro que as páginas seguintes apresentam.

O Sr. Bispo de Valeria (RJ), D. Amaury Castanho, tendo acompanhado atentamente o desenvolvimento das Comunidades Eclesiais de Base

(CEBs) no Brasil, ese revé u um Mvro-depoimento1, que chama a atencao nao so para os valores latentes nessas instituicoes, mas também para os desvíos que elas vém sofrendo em conseqüéncia de infiltracoes ideológicas. Trata-se de obra documentada, eco vivo de quanto tem ocorrido em Encontros e Assembléias de CEBs. Visto que póe em foco um problema de grande impor

tancia, apresentaremos, a seguir, alguns dos trapos principáis do livro de 0. Amaury Castanho.

1

DOM AMAURY CASTANHO, Caminhos das CEBs no Brasil. Reflexáo

crítica. - Ed. Agir, Caíxa Postal'3291,20001 -Rio deJaneiro (RJ), 140x210 mm, 153 pp. 530

"CAMINHOS DAS CEBs NO BRASIL"

1. Valores positivos As CEBs tiveram origem no Rio Grande do Norte ou, mais precisa mente, em Sao Paulo do Potengi. Na década de 60, Mons. Expedito de Medeiros, Vigário da localidade, verificava ter urna grei demasiado grande e esparsa para poder a sos servir-lhe adequadamente. Nao podía contar com o re-

forco de colegas no ministerio, cujo número era exiguo. Daf nasceu o plano de constituir dentro da sua paróquia núcleos ou comunidades de leigos, que, sob a coordenacao de um animador especialmente formado, cultivassem a sua vida crista através de oracáo, culto dominical, leitura da Biblia, reflexao, apoio mutuo e solidariedade.. .

Essas comunidades, que constariam cada qual de quinze pessoas apro

ximadamente, seriam visitadas periódicamente pelo Vigário ou pelo Bispo, que celebraría para elas a Eucaristía e administraría os outros sacramentos.

Hoje existem milhares (100.000?) de CEBs no Brasil, espalhadas prin cipalmente ñas zonas rurais e ñas periferias das grandes cidades, contando com a assessoria de Bispos e sacerdotes delegados. Inegavelmente a inspiracao originaria das CEBs é sadia, chegando a refletir-se em aspectos da vida das CEBs, onde se nota: 1) Redescoberta da Palavra de Deus. O movimento bíblico, anterior ao surto das CEBs, teve grande acolhida por parte destas: a Biblia é lida e co mentada ñas reunioes comunitarias. Infelizmente, porém, ocorre nao raro

nestas urna re-leitura da Palavra de Deus em chave política e ideológica, que encobre a dimensao da fé. "As regras de urna boa hermenéutica parecem desconhecidas pela maioria absoluta dos membros das CEBs. A Biblia é re-

fletida amadoristicamente, freqüentemente na linha do livre exame" (p.45). 2) Valorizado da Vida Comunitaria. A consciéncia de Igreja "corpo" e "comunhao" é essencial á vida crista. Tem sido vivida intensamente ao

menos dentro de cada CEB: a solidariedade e os mutiroes dáo testemunho disto. - A comunhao, porém, nem sempre existe com os pastores da Igreja, como adiante se dirá; cf. pp. 46s.

3) Presenca da Igreja na base. "Difundindo-se pelos mais distantes rincoes do nosso interior, as CEBs conseguiram aglutinar... um sem número de humildes operarios e trabalhadores rurais, de despretensiosas donas-de casa e

domésticas, de indios, negros, lavadekase pescadores" (p. 48). 4) Integracao entre fé e vida. "A valorizapao das implicacoes da fé na vida é outro ponto forte das CEBs. Assim retorna sempre, ñas reunioes das 531

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

CEBs, a leitura da epístola de Sao Tiago, cuja mensagem central é que 'sem as obras a fé é morta' e que 'todos devemos tornar-nos praticantese nao me ramente ouvintes da Palavra de Deus' " (pp. 51s). 5} Conscientizacao e Participacao. "A valorizacao da dimenslo políti ca da fé é um dos aspectos fortes das CEBs" (p. 50). "Seu senso crítico vai da problemática geral dos direitos humanos frente ao Estado á marginalizapao do pobre, do indio, da mulher, do negro, etc." (p. 51). Verifica-se, porém, que estas notas positivas das CEBs vém sendo afetadas por cáusticos elementos negativos, que desvirtúam o plano originario das comunidades; assim estas vao perdendo seu caráter eclesial para tornar-se

agrupamentos ideológicos e políticos de índole marxista. - É o que D. Amaury aponta nos seguintes termos:

2. A infiltracao ideológica Muitos dos documentos emanados das CEBs atestam a transformacao das mesmas em núcleos de acirramento político inspirado pelo socialismocomunismo de Marx; os termos, os chavóes, a linguagem e as atitudes assu-

midas o manifestam claramente. Eis alguns textos típicos: 2.1. Os niños das CEBs

O Hinário do Encontró das CEBs em Trindade (GO), 1986, aprésenla, entre outras, a seguinte letra:

"Pois é, pois é, acredite, irmio: aínda tem gente inconsciente que aínda vota no patrio.

1. Quem é que faz a leí? - É o patrio, {refrió! A quem a leí protege? - É o patrio. Quem dá preco ao produto? - £ o patrio. Quem tem tudo que quer? - é o patrio.

2. Quem é latifundiário? — é o patrio. Quem tem o capital? - é o patrio. Quem tem a embarcacio? - É o patrio. Quem é que tem o gado? — É o patrio. 3. Quem é que nio tem nada? — é o peao. Quem é que faz a roca? - É o peio. 532

"CAMINHOS DAS CEBs NO BRASIL"

Quem passa sacrificio? — É o peao. Quem lucra com todo isso? - é o patrio.

4. Quem é que vende caro? - É o patrio.

Quem é que ganha pouco? - É o peio. Quem tem a mesa farta? — é o patrio. Quem é que passa fome? - £ o peao ". Comenta o Sr. Bispo: "A opcao revolucionaria e pela violencia é marca

registrada do marxismo. Sinto profundamente, como cristao e Pastor da

Igreja, encontrar a sua apología cantada em diversos tons em nossas CEBs" (p.65). Outro hiño muito cantado em Trindade em arrebatadora melodía reza o seguinte:

"Pelos caminhos da América (3 vezesi

Latino-américa!

5. Pelos caminhos da América, bandeiras de um novo

tempo vio semeando no vento frases teimosas de Paz\ Lá, na mais alta montanha há um pau d'arco florido:

um guerrilheiro querido que foi buscar o amanha\"

Como se vé, até a guerrilha é ¡ndíretamente exaltada.

"A leitura de outros cánticos... parece insinuar a crenca utópica num

paraíso terrestre, outra categoría marxista. Cantase o Reino de Deus, canta se a Térra Prometida, cantase a Nova Sociedade e mesmo a Nova Igreja, co mo se tudo isso, um mundo perfeito. 'igualitario' (é a expressio preferida, em vez de menos desigual) fraterno, justo e pacífico, pudesse vir a ser cons truido e realizado aqui e agora, no espaco e no tempo da historia.. .

Sem dúvida, muítos agudos problemas enfrentados por nos podem e devem ser resolvíaos quanto antes. . . Mas á luz da nossa fé, o Reino de

Deus, a verdadeira Térra Prometida, o novo céu e a nova Térra, em que jé

nio haverá mais nem dor, nem luto, nem lágrimas nem morte... vira após es ta v¡da, no amanhá da gloria e da visio beatífica" (p.66). 2.2. Comunhao com os Pastores da Igreja Escreve D. Amaury:

"O sen timentó anticlerical, anti-hierárquico é agora bastante freqüente nos ambientes das CEBs... 533

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987 Nao deixou de impresionar negativamente a alguns Bispos participan

tes do Encontró de Tríndade a freqüéncia com que. . . eram contrapostos, de modo debochado, os diversos tipos de padre: o antigo e o moderninho, o que rejeita e o que se empolga pelas CEBs. Estes e somente estes eram apresentados como bons, renovados, amigos dos pobres, identificados com as

causas populares, numa palavra, os padres do futuro! Os demais. .. Pior aínda fot o que ousou afirmar alguém das bases...: 'CEBs somos nos. Vamos acabar com a hierarquia ec/esial'.

A retificacao tentada por alguém nao melhorou muito o soneto, por que a firma va:

'Nao é o caso de acabar com a hierarquia; os bispos e os padres devemse adaptar ao povo, se converter ao povo, e logo depois dar orientacao ao

povo'. Como se vé, a conversSo jé nao é para o Evangelho, mas para o povo.

Pergunto: que povo?... Estou a cada dia mais impressionado com as críticas a Hierarquia da

Igreja, que vém sendo feitas em Encontros, reunioes e publicacoes de varios

setores intimamente ligados as CEBs: a Pastoral do indio, do Negro e da Tér ra" (pp. 93s).

É aínda citado o periódico PORANTIM, órgao da Pastoral Indígena, edicao de dezembro de 1986, p. 13: "A Igreja criou urna infinidade de estruturas teológicas, canónicas e li túrgicas, ás quais ela uniu indissoluvelmente a fé. As estruturas sao verdadeiros obstáculos ao diálogo. As estruturas corrompem a Igreja. A Igreja está

apodrecida de estruturas e normas humanas, que nao a deixam dialogar. Se a Igreja nao se abaixa, nao se simplifica, é impossi'vel o diálogo" (p. 94). "Em si'ntese, estou para ver. em meus 59 anos de vida e 35 de padre, críticas tao duras, algumas, certamen te, caluniosas, contra a Hierarquia sa grada da Igreja.

Lamentavelmente tudo aconteceu no 6? Encontró Internacional das CEBs do Brasil" (p. 95). 534

"CAMINHOS DAS CEBs NO BRASIL" 2.3. Celebrares da Fé e da Vida

"É muito freqüente os animadores das CEBs falarem em liturgia en

carnada, em celebracdes da vida e das Iutas do povo. É, por contraposícSo,

criticarem o que chamarn Missas e homilías 'desencarnadas', e sacramentos e manifestacdes de fé que tém por alienantes. Nessa linha, é forcoso reconhecer que as CEBs foram longe domáis, nao raro desfigurando as celebracdes

da fé, transformando-as mais em celebracdes políticas e sociais" (p. 102).

"Comecam a multiplicarse as CEBs despreocupadas com a Eucaristía. Muitas chegam a passar meses sem a Missa, parecendo nao sentir a sua falta. Parece bastar-lhes a celebracao da Palavra, a saber, a leitura e a reflexao so

bre a Biblia e a partir da Biblia. O fato nio deixa de ser preocupante" (p. 110).

Há um livro intitulado "A Eucaristía ñas Comunidades Eclesiais de

Base", do Pe. Antonio Francisco Falconi (Ed. Paulinas 19822), que explíci ta a nova concepcao da Eucaristía:

"É preciso que a celebracao da Eucaristía recupere a nossa historia,

pois fora da historia de um povo nao há o que se celebrar" (p. 33 do Hvreto).

"Podemos afirmar que nestes — no margina/izado, no enfermo, no prisioneiro, etc. — Ele (Cristo) esté.mais presente do que no pao e no vinho. E aquí a nossa fé ganha urna nova e mais rica dimensao" (ib. p. 35).

"0 centro nao é a Eucaristía, mas sím a Encamacao. Deusse faz pre sente entre os homens. O pobre e o oprimido sao, pois, os sacramentos da presenca de Deus entre os homens. . . Quando participamos da celebracao da Missa e repartimos o corpo de Cristo, repartimos as Iutas de cada dia e os ideáis de libertacáo de Cristo passam também a ser os nossos... A dimensao histórica deve ser o paño de fundo de nossas celebracoes... Da i ser preciso celebramos sempre esse encontró, para que possamos descobrír os nossos caminhos ñas Iutas... A Eucaristía ¿ um grito profético de urna comunidade que denuncia toda prátíca contraria ao repartir o pao e anuncia o banquete

de que participaremos amanhi, porque hoje já estamos fufando por ele" (ib. pp. 36.37 e 38).

Na verdade, a Eucaristía é a celebracao da Páscoa (Morte e Ressurreícío) de Cristo, da qual participamos oferecendo com Cristo nossa vida (nossos trabalhos, nossas dores, nossas esperanzas...); a vida do cristao é, de certo modo, a continuacao da vida de Cristo, pois o Batísmo enxerta todo ho-

mem no Corpo prolongado de Jesús. É neste sentido que a Eucaristía está ligada a vida dos cristaos; isto, porém, nunca significará que "fora da histó535

8

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

ría de um povo nao há o que se celebrar"; toda Eucaristía é sempre a oblapao do sacrificio de Cristo no Calvario..., a este se associa a oblacao da Igre¡a.

2.4. A tentacao das ideologías

"A maioría das CEBs do Brasil optou pela Ideología do populismo e do proletario, 'o pobre', corr\o dJzem. O socialismo marxlsta é a ideología

da maloria de nossas CEBs" (p. 134). Dom Frei Boaventura Kloppenburg descreve o raciocinio que faz do concertó bíblico de Povo de Deus um conceito ideológico, polftico e revolu cionario, segundo os mentores das CEBs: -

povo veio a ter o sentido de pobre; pobre acabou sendo identificado com oprimido; pobre-oprimido veio a igualarse com o pobre no Evangelho; pobre do Evangelho — oprimido veio a ser o construtor do Reino de Deus;

- tornou-se também "sacramento de salvacao" e ainda... - único lugar do encontró com Deus..., - único portador do Evangelho...,

- dotado de um "privilegio profético"..., - chave hermenéutica para a compreensao da Palavra de Deus; - portanto sujeito da Teología e da própria Igreja. "Evidenciase assim... como a Ideología, quando se sobrepoe á pureza e á fidelidade á Palavra de Deus e ao Evangelho, acaba levando ás posicoes

mais radicalizadas, falsas e perigosas, para a própria fé" (p. 135). "A marcha inexorável da historia, afirmam, caminha para o socialismo - mesmo que nos países ho/e dominados pelo comunismo acontece o pro-

cesso contrario —, tendo seu verdadelro motor na luta de classes, opondo sempre 'oprimidos'e 'opressores'" (p. 136). A "Orientacao Partidaria para as CEBs", publicada em 1985, inclusive no Boletim Diocesano de Barra do Piraí, reza o seguinte: "5. Que os membros da Comunidade manlfestem sua preferencia por partidos que sejam populares mesmo. . ., que tenham urna orientacSo socia lista, isto é, que visem colocar a economía ñas maos do povo organizado" (p. 137 do livro de D. Amaury). 536

"CAMINHOS DAS CEBs NO BRASIL" 2.5. A re-leitura da Palavra de Deus

A Palavra de Deus ñas CEBs é frequentemente I ida nao a partir da Tradicao e do Magisterio, mas, sim, a partir de principios ideológico-políticos. As

linhas matrizes dessa hermenéutica bíblica sao expostas por Frei Carlos Mesters, um dos principáis mentores das CEBs, nos seguintes termos:

"A leitura materialista da Biblia está prestando um grande servico. Multiplicam-se os cursos nesta perspectiva. A exegese científica comeca a ser

questionada por esta Igreja que retomou a Biblia ñas suas mios e que pede urna assessoria orientada nao pelos problemas que o exegeta levanta, mas pe

los problemas que a própria realidade do povo está levantando... Apesar de todas as suas falhas e incertezas, a interpretacao que o povo faz da Biblia traz urna grande contribuicao para a própria exegese. . . Nos olhos do povo está reaparecendo a visao certa com que os cristaos devem ler e interpretar

a Biblia" fFlor íom Defesa - Urna exploracao da Biblia a partir do Povo3. p. 39). Citado por D. Amaury á p. 83.

Surpreende-nos, nesta passagem, a exaltacao da leitura materialista da Biblia, preconizada por Fernando Bello em perspectiva nitidamente mar-

xista. Pode-se dizer que, em vez de ser a auténtica hermenéutica bíblica, tal modo de ler é frontalmente contraditado pelos autores sagrados, que em ab

soluto nao eram materialistas, mas fiéis cultores de Deus e da sua transcen

dencia. Nao se diga que melhor lé a Biblia quem a lé nesta chave, pois a verdade é precisamente o contrario.

A posicao de Frei Carlos Mesters ainda se explícita quando ele distin

gue "pré-texto", "con-texto" e "texto" da Biblia. O pretexto e o contexto

parecem, para ele, mais importantes do que o próprio texto da Biblia, pois

este é colocado a servico daqueles, ou seja, da situacao sócio-económica dos respectivos leitores. Tal situacao é que fornece os criterios para a re-leitura materialista da Biblia. Ora isto é erróneo: a Biblia há de ser lida a partir das categorías de pensamento dos seus autores origináis, semitas pré-cristaos e cristaos até o sáculo I d. C; a preocupacao sócio-económica nao pode ser o

luzeiro de ¡nterpretacao da Biblia; aquela será, sem dúvida, beneficiada pela leitura objetiva da Biblia, pois esta tem implicacSes de ordem ética muito

exigentes. Eis palavras de Frei Carlos Mesters:

"Tudo isso que acabamos de dizer sobre o 'pre-texto'e o 'con-texto' é o 'lugar' de onde o povo, presente no Encontró, lia e interpretava a Biblia.

Este 'lugar' tem as seguintes características: 1. situacao de 'cativeiro'; 2. ca-

minhada e luta de libertacao; 3. Vida e fé misturadas numa unidade; 4. Fé a servico da vida que se liberta; 5. A Biblia lida para alimentar esta fé que é 537

10

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

servico. .. Nasua interpretado a Biblia mudou de lugar e ficou do lodo dos oprimidos" (Ib. p. 51). Citado por D. Amaury, p. 84. Como se vé, a ótica sócio-econdmica perpassa todo esse texto, impe-

dindo a interpretacao objetiva da Biblia; o em si da Biblia nao exclui o para mim, mas é anterior a este, e nao vice-versa. Muitas citacoes se poderiam aínda fazer para evidenciar os desvíos das

CEBs no Brasil. Estas, porém/já fálaram com suficiente eloqüéncia. 3. Conclusao O autor concluí seu livro exprimindo esperanza quanto ao futuro das CEBs. O que deseja, é contribuir para evitar os evidentes desvíos ocorrentes ñas comunidades. Julga D. Amaury que isto so poderá ser obtido se houver

colaboracao dos Pastores e da CNBB no encaminhamento das CEBs. Muito importantes sao os subsidios que chegam ás CEBs de cada diocese; compete ao Bispo diocesano decidir sobre a conveniencia de produzir ele mesmo, ou mediante presbíteros e leigos de sua confianca, o material de reflexao das

CEBs de sua diocese: assim coibirá a invasáo de escritos de valor discutível, mais interessados em orthopraxis do que em ortodoxia, em ideología e polí tica mais do que na Palavra de Deus. Nao podemos deixar de reconhecer no livro de D. Amaury Castanho

um elemento precioso para a reflexao da Igreja no Brasil. É obra de coragem

e também de bom senso, que testemunha fidelidade á Igreja, amor á fé e zelo pastoral. Possa abrir os olhos dos leitores para os perigos da politizacao

do sagrado e preservar as CEBs de trair as suas origens! *

*

*

A Biblia em Palavras Cruzadas, pelo Pe. Ruperto Antonio Jaeger S.J. -Ed. Loyola, Sao Paulo 1987. 140x210 mm, 161 pp.

Eis um livro original, pois, em vez de propor palavras cruzadas sobre

assuntos profanos, retira seus temas dos livros sagrados do Génesis e do Éxo

do. Propoe 44 quadrinhos e criptogramas, que só podem ser preenchidos

mediante consulta atenta do texto bíblico. Assim o leitor é obrigado, por vezes, a ler um capítulo inteiro (indicado pelo Pe. Jaeger) para descobrír a

palavra que interessa. é este um trabalho catequético, que leva a um conhecimento mais exato da Palavra de Deus; embora nao exponha a mensagem teológica da Bíblica, tem seu valor didático; desperará a curíosidade pelo Livro Santo, o qual, porém, deverá ser aprofundado num auténtico estudo de Iniciacao Bíblica. 538

Poucos sabem:

As Testemunhas de Jeová e a Biblia Em síntese: As Testemunhas de Jeová apregoam o próximo fim do

mundo dominado pela Serpente ou por Satanás. Dando preponderancia ao Antigo Testamento sobre o Novo, negam a Divindade de Cristo e o misterio da SS. Trindade, o que faz que jé nao possam ser considerados cristaos. A sua mensagem se prende a interpretado singular e arbitraria que fazem das

Escrituras Sagradas; violentando o texto, apresentam urna traducao da Bi

blia que nao corresponde á dos Protestantes e, multo menos, á dos Católicos. Especialmente estranha é a introducSo do nome Jeová nos livros do Novo Testamento, escritos em grego; Jeová também nao se encontra no texto hebraico do Antigo Testamento, mas resulta da combinacao das consoantes J H W H com as vogais de A D O N A Y fmeu Senhor) feita pelos judeus medievais.

É notoria a propaganda que fazem de suas idéias as Testemunhas de Jeová, das quais dao freqüentes noticias os jomáis e revistas. Verifica-se, porém, que a maioria da populadlo está pouco informada a respeito do que tal corrente professa e significa na sociedade contemporánea. Eis por que pas tamos a apresentar um pouco da historia dessa denominado e a maneira co mo trata a Biblia, pois este ponto é altamente significativo para se conhecer a índole das Testemunhas.

1. Esboco histórico 0 jeovismo (como o chamam alguns estudiosos) teve origem nos Esta

dos Unidos da América por obra de Charles Taze Russell (1852-1916). Era filho de um comerciante de Allegheny (Pennsylvania). Pouco depois dos quinze anos entrou em crise religiosa por causa das doutrinas da punicao eterna e da predestinacao. Superou a problemática lendo intensamente a Biblia; sem outro preparo, com dezoito anos de idade reuniu amigos para a leitura semanal da Biblia (de 1870 a 75). Foi-se aproximando aos poucos da corrente adventista, que havia fixado a data do fim do mundo para 1844. 539

12

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

Em 1877, Russell escreveu o livro "Tres mundos e a messe deste mundo", em que afirmava: em 1874 Cristo voltou invisivelmente á Térra; levará para o parafso os seguidores de Russell em 1914, ou seja, quarenta anos mais tarde. Este anuncio encontrou ressonSncia positiva em muitos admiradores

de Russell. Entrementes, poróm, o mestre esteva.envolvido em problemas

sociais diversos, como reconheciam os seus próprios discípulos: separou-se da esposa após dezoito anos de vida conjugal; vendeu sementes de trigo comuns como sendo grao milagroso, que valia um proco mais elevado do que o

comum. Foi acusado de imoralidade, coisa de que o defenderam os seus dis cípulos.

Passou-se o ano de 1914 sem que Russell visse o cumprimento de sua "profecía". Morreu em 1916, com 64 anos de idade.

Os seus seguidpres, chamados "Serios Estudiosos da Biblia" ou "Rus-

sellianos", perplexos com a nao verificacao dos dizeres do mestre, dividíram-se em diversos grupos, f¡cando á frente de umdestes Joseph Franklin Rutherford (1869-1942).

Este novo mestre refez os cálculos para a segunda vinda de Cristo, esti pulando os anos de 1918 e, depois, 1925. Introduziu varias mudancas na sua congregado: abolicao da cruz de dois bracos, extincao de todas as festas

clássicas (Natal, Epifanía, Páscoa. . .); direcionamento para Jeová, que desvíou a seita da sua linha crista (a 1^03/1939 a revista jeovista "Torre de Vigía" substítuiu o seu sub-tftulo "Arauto da Presenca de Cristo" por "Mensageíro do Reino de Jeová"!). Aos 26/07/1931, Rutherford deu aos seus se

guidores o nome de "Testemunhas de Jeová", aos quais ele impunha direcio fortemente autoritaria.

O sucessor foí Nathan Homer Knorr (1915-1977), desde 1942. For-

mou emíssáriqs da doutrina jeovista de tempo integral; proíbiu as transfu-

sóes de sangue em 1944/5, e profetizou o fim do mundo para 1975, valendo-se, como os seus antecessores, de textos bíblicos (especialmente de Da niel). Também morreu sem ver cumprida a sua predicao.

Depois de Knorr, a direcao suprema passou para Frederíck W. Franz. Este contínuou a incutir a iminéncia da consumacáo da historia, mas sem definicao de data precisa.

As Testemunhas sao fervorosos mensageiros de catástrofes, que se devem desencadear sobre o mundo sujeito a Serpente ou a Satanás. O seu pessimismo leva-os a rejeitar até mesmo instituicoes de ordem social, como o

servico militar, a cetebracSo de aniversarios natalicios, o día das Maes, o dos 540

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A BÍBLIA

13

País, a antiga Liga das Nacoes, etc. - É o que torna tal corrente fanática e infensa aos que nao compartí Iham suas idéias.

A organizacao das Testemunhas é assaz autoritaria, como dito. Compreende: 1) o Corpo da Direcao, ou seja, o Presidente e quinze a dezoito asses-

sores, que gozamde ampios poderes. Seguem-se 2} as Sedes Filiáis, que zelam pela execucao das diretrizes gerais ern cada napao ou em ampios territorios; sao chefiadas por equipes de tres a sete pessoas. As Filiáis se subdividem em 3) Distritos. Estes, por sua vez, compreendem 4) Circunscricóes, que constam de S) Congregares (o equivalente de paróquias). Cada Congregacao tem seu Salao do Reino, que nao é chamado "¡greja". Cada Congregagao, a seu tur

no, consta de áreas, que as Testemunhas costumam percorrer, passando de casa em casa, com a sua Biblia e seus livros doutrinários. A Congregacao é dirigida por Anciaos.

Ouas sao as revistas editadas pelas Testemunhas nos Estados Unidos

(Brooklyn) em varias línguas: "Torre de Vigía" e "Despertai!". istofaz que

a doutrina das Testemunhas seja uniforme; ñas sessoes de doutrinacao, os

novatos aprendem a responder exatamente a perguntas clássicas que os mestres Ihes fazem; quem destoa da forma oficial de responder ou de proclamar a mensagem, é desligado da Congregacao.

As Testemunhas refizeram a traducao da Biblia para seu uso, a fim de

torná-la esteio (ao menos, aparente) das suas proposicoes doutrinárias. Este traco é tfpico de tal denominacao. Embora digam que seguemos origináis he braico e grego, qualquer estudioso que se aprofunde no assunto, pode verificar que o texto crítico original da Biblia nao fundamenta a versao das Testemu nhas; para o comprovar, basta lembrar que nenhuma denominacao protes tante (e muito menos a Igreja Católica) traduz como as Testemunhas traduzem; estas, nos últimos decenios, te rao descoberto o verdadeiro sentido das

Escrituras, que os estudiosos de dezenove séculos (católicos e nao católicos)

nunca perceberam! Eis como os fatos se apresentam.

2. A traducao Bíblica das Testemunhas A traducao da Biblia editada pelo jeovismo tem por titulo "Traducao do Novo Mundo das Escrituras Sagradas. Traducao da versao inglesa de 1961 mediante consulta constante ao antigo texto hebraico, aramaico e grego". Além do texto sagrado, apresenta o que se chama geralmente "Chave Bíbli541

14

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

ca" (ocorréncias da cortos vocábulos ñas Escrituras) e dois Apéndices, que reúnem citacoes atinentes aos termos nefesh (alma, segundo as Testemunhas) e Jeová, palavras-chaves para o jeovismo. Eis alguns exemplos de falsa traducao do texto bíblico:

2.1. Jeová

Nenhum manuscrito grego apresenta a palavra Jeová1, que nem sequer se encontra no texto hebraico, como diremos a seguir. Nao obstante, Jeová aparece no texto portugués de Mt 1,20.22.24; 2,13.15.19; 3,3; 4,4.7.10;

5,33... A lista continua até Ap 22,6. Ora este fato é verdadeira aberracao lingüística. Com efeito; o nome Jahveh é o nome revelado por Deus a Moisés, conforme Ex 3,14s. Tornou-se muito freqüente no Antigo Testamento, onde ocorre 6.820 vezes, nao, porém, no Cántico dos Cánticos, nem em Ester, nem no Eclesiastes. — Os hebreus só exreviam as consoantes J H V H, suprindo mentalmente as vogais

a e. Após

o

exilio

(587-538

a.C), porém, os judeus tendiam sempre

mais a nao pronunciar o santo nome de Deus, a fim de nao correr o risco de

o profanar; quando, pois, encontravam as quatro consoantes sagradas, pronunciavam Adonay (meu Senhor). Ora, nos séculos VI e seguintes após Cris to, os massoretas {rabinos judeus) quiseram colocar as vogais por escrito no texto bíblico; mas ao nome de J H V H nao deram vogais, apenas escreviam na sua proximidade as vogais de A D O N A Y, a saber: a mudo (com pronun

cia de e), o e a1. Donde se fez Jehovah. Vé-se, pois, que o nome Jeová nem sequer está na Biblia, mas resulta da combinacio, feita pelos judeus medie-

vais, dos nomes Jahveh e Adonay. 2.2. A Santíssima Trindade

As Testemunhas nao interpretam o Antigo Testamento a luz do No vo Testamento, o que contraria a toda a tradicáo crista, que diz: "O Antigo Testamento está patente no Novo, e o Novo está latente no Antigo". O proprio texto bíblico em Hb 1,3s nos diz que Deus falou outrora muitas vezes

1 As Testemunhas dizem ter utilizado as edicoes críticas do Novo Testa mento para fazer a sua traducao. Todavía quem consulta qualquer desses

textos críticos (o de Westcott'Hort, o de Nestle, o de Bover, o de Merk, o de Kurt-Alland...) verifica que nenhum traz o vocábulo Jeová.

1 Y em hebraico sería iod, urna semi-consoante, e nao urna vogal (embora em portugués se/a pronunciado como t). 542

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A BÍBLIA

15

e de varios modos aos País pelos Profetas, mas nos últimos tempos nos falou peto Filho, que é sua própria Palavra (Jo 1,1.141. Também nos diz que Cris to é o Fim ou o ponto de chegada da Lei de Moisés {Rm 10,4). Em vez de dar preponderancia ao Novo Testamento, as Testemunhas

subordinam-no ao Antigo. Por isto nao aceitam o misterio da SS. Trindade; negam, pois, a Divindade de Jesús Cristo (= Deus feito homem) e a do Espi rito Santo. Em conseqüéncia, infligem violencia a alguns textos do Novo Testamento, a saber:

2Cor 13,13: o texto original diz: "A grapa de Nosso Senhor Jesús Cris to, o amor de Deus e a comunhao do Espirito Santo estejam com todos

vos". As Testemunhas, porém, traduzem: "A benignidade ¡merecida do Se nhor Jesús Cristo, e o amor de Deus e a participacao no espirito santo sejam com todos vos". Escrevendo "espirito santo" com letras minúsculas (como sempre fazem), os jeovistas querem insinuar que ele nao é a terceira Pessoa da SS. Trindade.

Quanto á segunda Pessoa, também nao é reconhecída como Deus, con forme se vé a seguir.

2.3. Jesús Cristo

Cl 2,9: "Em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da Divinda de". Este texto é traduzido por: "Em Cristo mora corporalmente toda a ple nitude da qualidade divina". Ora em grego theótes é a Divindade ou a natureza de Deus. Hb 1,8: "Ao Filho diz: 'O teu trono, ó Deus, é para os sáculos". As Testemunhas léem: "Com referencia ao Filho: 'Deus é o teu trono para sem

pre' ". Assim a patavra Deus já nao se refere a Jesús Cristo, mas ao Pai.

Em Cl 1,16s o texto jeovista aurescenta entre colchetes o adjetivo outras para insinuar que o Cristo também é urna criatura, a primeira criatura. Assim, pois, léem eles:

"Mediante ele foram criadas todas as [outras] coisas nos céus e na tér ra, as coisas vis/veis e as coisas invisfveis, quer sejam tronos, quer sejam senhorios. . . Todas as [outras] coisas foram criadas por intermedio deje e para ele. Também ele é antes de todas as [outras] coisas e todas as [outras] coisas vieram a existir por meio dele". 543

16

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987 Para as Testemunhas de Jeová, Jesús nao é mais do que um homem, o

segundo Adao, que teve por papel realizar positivamente o que o primeiro fizera negativamente; assim Jesús terá restituido á humanidade o paraíso terrestre {entendido física e geográficamente), que o primeiro Adao perdeu. perdeu.

Conforme o jeovismo, Deus criou primeiramente Jesús e serviu-se deste para criar as outras criaturas ou o mundo angélico, humano, ¡nfra-humano. Mais exatamente: antes de criar o mundo, Deus criou dois filhos - Jesús (que tinha o nome de Miguel Arcanjo) e Lucífero. Este pecou e induziu o homem ao pecado, tornándose o Príncipe deste mundo. Jesús na térra era

apenas o representante de Deus, que veio dizer Sim ao Eterno, em reparacáo do Nao que Ihe dissera Adao.

Para firmar sua posicao, as Testemunhas se valem de textos bíblicos, entre os quais

Jo 14,28: "O Pai é maior do que eu". Na verdade, Jesús aqui fala de si como homem ou como Messias, tanto que a frase citada comeca pelas palavras: "Vou para o Pai porque o Pai é maior do que eu". Alias, no comeco do mesmo capítulo 14 de Joao, Jesús se apresentara como Deus: "Filipe, quem

me viu, viu o Pai. . . Nao crés que eu estou no Pai e o Pai está em mim?... O Pai que está em mim, realiza as suas obras... Eu estou no Pai e o Pai está em mim" (Jo 14,9-11). Me 14,32: "A respeito do dia e da hora... ninguém sabe, nem o Filho, mas somente o Pai". - Jesús, neste caso, fala como homem e Messias: nao estava em sua missao de Messias revelar aos homens o dia e a hora do juízo final. Jesús mesmo disse: "Nao compete a vos saber os tempos e os momen tos que o Pai dispós em seu poder" (At 1,7).

ICor 15,28: "E, quando tudo Ihe estiver submetido, tambémo Filho se submeterá Áquele que tudo Ihe submeteu, para que Deus seja tudo em to dos". — De novo, a submissao mencionada é a do Messias; no fim dos tem pos terá encerrado a sua obra messiánica e a entregará ao Pai consumada. "Para que Deus seja tudo em todos" nao excluí que Jesús seja Senhor e Rei para sempre. Com efeito; lemos em Ef 5,5: "... no reino de Deus e de Cris to" e em 2Pd 1,11: "... o reino eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesús Cristo". 2.4. Eucaristía

Em Mt 26,26-28; Me 14,22-24; Le 22,19s; ICor 11,23-25 as Testemu

nhas léem: "Tomai, comei; isto significa meu corpo. . . Isto significa meu 544

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A BÍBLIA sangue do pacto". diz, sem mais, esti que nao admitem texto bíblico a tal

17

Evidentemente tem-se aquí desvio do texto original, que (= é) e nao semainei {= significa). Nem os protestantes, a real presenca de Cristo na Eucaristía, ousam retocar o ponto; conservam os dizeres: "Isto é meu corpo. .. Isto

é meu sangue".

A Ceia do Senhor, entendida simbólicamente, deve ser celebrada urna vez por ano apenas, segundo as Testemunhas, que apelam para o uso da Páscoa judaica (Ex 12,14.18; Lv 23,4s). Esquecem que Jesús mandou repetir a Eucaristía em memoria dele, e nao da Páscoa judaica (Le 22,19; 1Cor 11, 24-26) e que os primeiros discípulos eram assíduos na celebracáo da Eucaris tía; cf. At 2,42.

2.5. A Cruz

As Testemunhas afirmam que a cruz é um símbolo pagao, que, por is to, deve ser eliminado da arte crista. Jesús terá sido pregado a urna estaca, com as míos transpassadas por um so prego. Em conseqüéncia, traduzem a palavra grega staurós (cruz) por "estaca, estaca de tortura". Assim em Cl 1,20: ". . . fazer a paz, por intermedio do seu sangue na estaca de tortura". Gl 5,24: "Os que pertencem a Cristo Jesús, penduraram na estaca a

carne com as suas paixoes e désejos".

Rm 6,6: "A nossa velha personalidade foi pendurada na estaca com ele".

1Cor 1,17: "... a fim de que a estaca da tortura do Cristo nao se tor ne inútil".

O argumento segundo o qual a cruz era um instrumento usual entre os

pagaos, nada prova, pois, na verdade, o Cristianismo, sendo a mensagem de Deus Encarnado, utilizou elementos humanos pré-cristios para exprimir o que é de Deus: utilizou, sim, linguagem humana, carne humana, caminhos humanos, recursos humanos..., so nao utilizou o pecado.

Objetam outrossim as Testemunhas que a palavra grega staurós signifi ca originariamente um poste. - Respondemos que isto é verdade nos escri tos de Hornero, Esíquio e outros autores antigos. Mas é certo que passou a indicar duas través (urna vertical e outra horizontal) atravessadas urna na outra e que Jesús foi pregado nao só a urna trave vertical, mas também a 545

18

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

horizontal. Com efeito; tanto os escritores pagios como oscristaos nos dáo a conhecer a Cruz com duas través usual no tempo de Cristo para punir os criminosos: havia urna trave vertical geralmente fixa ao solo, chamada stipes ou staticulum, e-uma outra dita patibulum, que era f ixada á anterior em sen tido horizontal. O réu era preso á trave horizontal com os brapos abertos e

depois fixo ao poste vertical. Eis testemunhos significativos:

Plauto, poeta romano (t 184 a. C): "Patibulum ferat per urbem, deinde adfigitur cruci. - Carregue o patíbulo através da cidade; depois seja preso

á cruz". Firmício Materno, retórico pagao feito crista o (séc. IV d.C): "Patíbu lo suffixus, in crucem tollitur. - Pregado ao patíbulo, é erguido na cruz". A mais antiga representado da cruz de Cristo data do sáculo II: no Palatino (Roma) se encontrou um grafito, que apresenta a Cruz com dois bracos e um Crucificado com cabepa de asno, diante do qual se vé um indi viduo em adorapáo. - Urna inscripáo explica: "Alexámenos venera o seu Deus". - Este desenho bem ilustra como os antigos pensavam ter sido a Cruz de Cristo.

Sao Justino (t 165 d.C.) observa que Moisés a orar com os brapos es tendidos (cf. Ex 17,10-12) era figura de Jesús ¡ntercedendo pela humanida-

de, pregado á Cruz (Diálogo com o judeu Trifao 90,4).

Tertuliano (|222 aproximadamente), autor cristao, diz que as aves com as asas abertas para voar significam a cruz de Cristo (De Oratione 29,4). Todos estes testemunhos sao anteriores ao Imperador Constantino

(285-337), que, segundo as Testemunhas, terá introduzido a Cruz de dois brapos na iconografía e na piedade cristas.

2.6. Nefesh (= alma?) As Testemunhas ensinam que a morte física destrói por completo a

vida humana. Deus, porém, re-cria a vida dos justos, de modo que gozarao do paraíso, em lugar excelente, os 144.000 de que fala Ap 7,1-8. Os pecado

res que morram obstinados ñas suas faltas, nao teráo o inferno, mas, simplesmente, serSo aniquilados por Deus; assim em Ez 18,4, segundo os jeovistas: "A alma que peca, essa morrerá". — O bom ladráo teria, sim, a recompensa, mas so depois de haver sido destruido e recriado por Oeus; daí a tradupao de Le 23,43: "Deveras eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso", terá dito Jesús ao bom ladrao — o que nao corresponde ao modo geral de pontuar a frase: "Em verdade eu te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso". 546

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A BÍBLIA

19

Para incutir a sua doutrina, as Testemunhas traduzem, sistemáticamen te, a palavra hebraica nefesh e a grega psyché por alma; de modo que, quan-

do a Escritura diz que a nefesh ou a psyché morre, julgam que afirma a ex-

tincao do principio vital ou da vida mesma do ser humano1. Para tentar pro-

var que tém razao, os jeovistas apresentam, no fim da sua Biblia, um Apén dice ou urna longa serie de citacoesescriturfsticas, ñas quais a palavra nefesh Ihes parece significar alma: assim Gn 1,20s.24.30;2,19;5,1;2Rs 12,4;1Cr

5,21; SI 19,7. . . Disto resulta que Deus tem alma (ISm 2,35; Pr 6,16; Is 1,14:42,1...). Ora quem abre qualquer Dicionário da Língua Hebraica, verifica que nefesh tem varios significados: hálito, garganta, avidez, alma, vida, o com posto humano, e até cadáver. . . O mesmo se diga com relagao ao vocábulo grego psyché.

Na verdade, já o Antigo Testamento afirma a sobrevivencia de um nú cleo da pessoa após a morte; era chamado refaim (sombras) e encontrava-se

no cheol (lugar subterráneo e tenebroso) adormecido ou inconsciente. Vejam-se, por exemplo, os seguintes textos:

Gn 15,15: "Quanto a ti, em paz irás para os teus país, serás sepultado numa ve/hice feliz", diz Deus a Abraao;

Gn 25,8s: "Abraao expirou; morreu numa velhice feliz, idoso, e foi reunido á sua parentela. Isaac e Ismael, seus filhos, enterraram-no na gruta de Macpelá".

Gn 35,29: "Isaac expirou. Morreu e reuniu-se á sua parentela.. .;seus

filhos Esaú e Jaco o enterraram".

Gn 49,39: "Quando Jaco acabou de dar suas instrucoes a seus filhos (= fosse sepultado em Macpelá, conforme o v. 29).... expirou e foi reunido aos seus". Em todos estes textos nota-se a distingao entre "reunir-se com os

país" e "ser sepultado". Os cadáveres foram colocados na sepultura de Mac pelá (que nao era a sepultura dos antepassados de Abraao, filho da Mesopo-

1 Eis o raciocinio das Testemunhas: Deus disse a AdSo que ele havia de morrer (cf. Gn 3,19); ora Adao era urna nefesh (cf. Gn 2,7); donde.. .a al ma há de morrer ou é mortal. — Nao levam em conta que nefesh, enj hebrai co, pode significar o próprio homem inteiro, e nao apenas a sua alma ou o seu principio vital. 547

20

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

támia), ao passo que o cerne da pessoa (nefeih ou ruach) se reunía aos país ou antenatos ho cheol.

O cheol cortamente nao ó o sepulcro, mas um imaginario lugar comum a todos os que deixam este mundo, conforme a concepcao dos judeus antigos; vejam-se:

Gn 37,33.35: "Jaco disse: 'É a túnica de meu filho! Um animal feroz o

devorou. José foi despedazado'.'. . Ele recusou toda consolacao e disse;

'Nao; é em luto que descerei ao cheol para junto do meu filho' ". - Se José

havia sido devorado por urna fera, ele nao teria sepultura; por conseguinte, o lugar onde Jaco esperava encontré-lo nao era o sepulcro.

Jó 30,23: "Bem vejo que me levas á morte, ao lugar de encontró de todos os mortais", disse Jó. Esse lugar de todos os mortais nao pode ser a sepultura.

Nm 16,31-33: "O solo se fendeu sob os pés de Coré, Data e Abirá, a térra abriu a sua boca e os engoliu, eles e suas familias, bem como todos os homens de Coré e todos os seus bens. Desceram vivos ao cheol, eles e tudo aquilo que Ihes pertencia. A térra os recobriu e desapareceram do meio da assembléia". - Vé-se que o cheol é tido como um lugar no profundo da tér ra, e nao como urna sepultura.

2.7. Universalismo da salvacáo

Mt 28,19: "Ide, pois, e fazei discípulos todas as nac5es" é redigido pe las Testemunhas do seguinte modo: "Ide, pois, e fazei discípulos de pessoas de todas as nacoes". Tratar-se-ia de pessoas de cada napao, e nao de todas as pessoas da térra. A razao da alteracao realizada pelas Testemunhas é a se guinte: acreditam que apenas um pequeño número em cada país se salvará. 2.8. Desconsiderado dos géneros literarios

A linguagem humana de todos os tempos tem os seus géneros literarios ou suas maneiras de se exprimir: assim há um modo próprio de escrever urna

carta, urna leí, urna poesía, urna página de historia, um romance, urna pará bola. ..

Cada género literario, assim como tem suas regras de redacto próprias, tem também suas regras de interpretacio, de tal modo que ná"o é lícito en tender urna poesia como urna crónica, urna parábola como um romance,

urna carta como urna lei . . . - Ora também na Biblia há géneros literarios, 548

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E A BÍBLIA que é preciso saber discernir a fim de nao incidir em interpretacoes erróneas. Todavía as Testemunhas nao levam em conta tal fato: tomam ao pé da letra e ¡nterpretam simbólicamente os textos sem proceder ao exame literario e lingüístico dos mesmos, mas, antes, atendendo ás suas premissas doutrinárias.

Sao estes alguns pontos que, entre outros, exemplificam bem o uso ar

bitrario ou violento que as Testemunhas de Jeová fazem da Biblia para dis seminar urna doutrina que apavora as pessoas incautas ou despreparadas. A propósito ver

E. BETTENCOURT, Diálogo Ecuménico. Ed.

Lumen Christi, Caixa

Postal 2666.20001 Rio (RJ). PR

221/1978. pp. 215-226; 157/1973. pp. 25-42.

Novo Testamento. Traducáo Ecuménica da Biblia. - Ed. Loyola, Sio Paulo. 1987. 140 x 212 mm. 690 pp. Católicos, Protestantes e Ortodoxos, dando testemunho de sua mutua aproximacSo e compreensao, houveram por bem na Franca realizar conjun

tamente urna traducáo francesa da Biblia; desta temos hoje em portugués os

livros do Novo Testamento, oferecidos pela Ed. Loyola. — É obra de grande importancia: além do texto criteriosamente vertido, apresenta mapas, pági nas introdutórias a cada livro sagrado e densas notas de roda-pé; quando algum texto é suscetfvel de mais de urna interpretacao, estas sSo apresentadas ao leitor; vejase, por exemplo, a nota p relativa a Jo 20¿2 (a remissao dos pecados), a nota f pertinente a Mt 16,18 (o primado de Pedro) a nota e re ferente a Jo 21.15-17 {Pedro, pastor das ovelhas). Trata-se, pois, de um trabalito honesto, orientado por criterios científicos, destituidos de preconcei-

tos ou paixoes. O fiel católico, alias, sabe que a Biblia tem que ser lida no

contexto da Tradicao oral, que bercou e ilumina a tradicao escrita. Um indi-

ce alfabético das notas principáis permite consultar o livro, de modo que o estudioso tem auténticos verbetes de Teología Bíblica á sua disposicáo. Parabéns á Ed. Loyola1. Fazemos votos para que a obra encontré a devida aceitacao por parte dos nossos irmSos separados.

549

Discute-se:

Sim ou Nao ao Fumo? Em síntese: O presente artigo, da autoría da Dra. Ennia Picciafuoco, pondera, nos planos científico, filosófico e ético, os efeitos do fumo, mos trando que sao mais nocivos do que, á primeira vista, parecem.

Em nossos días, enquanto, de um lado, se faz ouvir eloqüente propa

ganda de marcas de cigarro (com filtro, suaves, elegantes...), de outro lado há quem replique aprontando as conseqüéncias daninhas do tabagismo. Neste contexto parece mais oportuno do que nunca um estudo exato e objetivo do assunto, capaz de levar a conclusoes científicas, destituidas de preconceitos. - É precisamente isto que a Dra. Ennia Picciafuoco apresenta ñas pági nas seguintes, com o saber e a experiencia de médica e orientadora educacio nal, que, além do mais, fez o Curso regular de Teología na PUC-RJ. Recorrendo a ampia bibliografía, elencada no fim do artigo, e tendo consultado colegas especialistas, a Dra. Ennia presta valioso servico á nossa sociedade, pelo qual a RedacSo de PR Ihe é profundamente grata.

Segue-se o trabalho da Dra. Ennia Picciafuoco1. QUE PENSAR SOBRE O FUMO?

I II

III

-

IV V VI Vil -

1

HISTÓRICO DO TABACO ESUADIFUSÁO COMPOSICÁO DO FUMO DOENCASCAUSADAS PELO FUMO

OS ESTUDOS ÑAS ÚLTIMAS DÉCADAS APLICACÁO DAS DESCOBERTAS

PROBLEMAS ÑAS CAMPANHAS EDUCATIVAS O PRINCIPIO DO PRAZER NA SOCIEDADE

Ennia Picciafuoco, Médica e Orientadora Educacional. CfíM-RJ 52.

43410.7'/Reg.MEC781. 550

SIM OU NAO AO FUMO?

23

Que pensar do cigarro? - A respotta a eita pergunta é complexa. Bas tará referir os efeitos da nicotina, das centenas de outras substancias identifi cadas no fumo e as recentes concluso» médicas.

I - HISTÓRICO DO TABACO E SUA DIFUSAO O fumo é planta originariamente americana. Os companheiros de Colombo teriam encontrado, numa ilha da América Central, muitos nativos, homens e mulheres, com pequeños rolos acesos, feitos de folhas a que chamavam de "tobock", derivando-se de tal termo a palavra "tabaco".

Jólo Nicot, embaixador de Portugal, no ano de 1560 introduziu fo lhas de tabaco na Franca: em sua homenagem Linneu deu o nome de "Nicotiarta tabacum" á nova especie. Os cigarros, depois dos charutos, do cachimbo e do rapé, foram intro-

duzidos como forma de prazer inocuo, requintado e usado por homens ricos e elegantes.

A difusáo do fumo havia-se dado rápidamente em todos os países, sen do sempre assunto de grandes controversias; mas ainda nao estava científica mente provado quanto poderia ser nocivo á saúde. Os médicos alertavam contra o uso excessivo do fumo, mas geralmente admitiam seu uso modera

do:. . . de até seis cigarros por dia e de um charuto após urna refeicao! - Havia servicos sanitarios que publicavam tal criterio, no Rio de Janeiro, ató o ano de 1955, e definiam o fumo como um "mal necessário", urna compensacao.

Infelizmente, ainda hoje podem ser encontradas muitas pessoas que

nao atualizaram seus conhecimentos e continuam repetindo as opinioes já condenadas, e até contrarias as declaracoes da Organizado Mundial de Saú de, feitas no ano de 1980.

II - COMPOSIQÁO DO FUMO Pela importancia médica, podemos reunir cinco grupos:

1? - Nicotina com seus derivados alcaloides e produtos de sua degradacao.

A nicotina é urna das mais tóxicas substancias naturais. Químicamen

te, é urna combinacao de anéis de piridina e pirrolidina, com fórmula

C10H14N2; ñas folhas do tabaco é encontrada na quantidade de 2 a 8% 551

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

sendo um líquido oleoso, incolor, fácilmente solúvel na agua e volátil; em

contato com o ar, adquire cor escura e o odor do tabaco. É absorvida por todas as mucosas e toda a pele, armazenando-se em quase todos os tecidos orgánicos. Nao tem aplicacao terapéutica. No homem produz tfpica intoxicacao aguda e crónica com dependencia física e síndrome de abstinencia. — Com especiáis cuidados pode ter aplicacao como inseticida rural e na fabricacao de tintas.

Entre os derivados da nicotina podemos citar: a cotinina, o ion isometilnicotínico, o ácido 3-piridilacético, o ácido y-(3-pir¡d¡l)-y-oxobutfrico, etc.

29-Gases tóxicos. Mais de 500 substancias diferentes já foram identificadas na fumaca produzida pela combustao do fumo. Sao responsáveis pela mais nociva poluicao do ambiente. No organismo dos fumantes, e no dos que vivem perto

deles, inalando a fumaca, produzem alteracoes sanguíneas, respiratorias, ce lulares e também, durante a gravidez, serios prejuízos ao sistema nervoso embrionario.

Sao exemplos: o monóxido de carbono, gerado em grande quantidade pela combustao indireta do fumo e que no sangue forma carboxihemoglobi-

na, de acao ¡squemiante, na proporcao de 4 a 5% por cada maco de cigarros diarios; na placenta, sua concentracao pode ser 15% mais elevada; também forma carbomioglobina, que produz danos miocárdicos; causa hipóxia do endotélio arterial, alterando as aberturas das pontes intercelulares e assim favorecendo lesoes ateromatosas, etc.

O monóxido de carbono é considerado o maior responsável pela diminuícao da forma física dos fumantes. Sao outros gases tóxicos produzidos pelo fumo: o acetaldeído, cujo efeito intoxicante permanece no organismo; o ácido tiociánico, que afeta a vitamina B12; o tiocianato, que causa hipotensio; o sulfato de hidrogénio, o ácido hidrociánico, os óxidos de nitrogénio...

3?— Substancias irritantes no fumo. Podemos citar: furfural, aeróleína, varios fenóis, piridina, amónia, alcatrao, óxido de nitrogénio, dióxido de nitrogénio, quinonas e cresóis. As substancias irritantes do fumo causam vasoconstrícao ¡mediatamen te após cada inalacao. Propiciam também o desenvolvimento de infeccoes 552

SIM OU NAO AO FUMO?

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viróticas e bacterianas por prejudicarem a concentracio de imunoglobulina. Alteram a secrecao do muco e inibem a acao ciliar do epitelio brdrtquico, o que também favorece as ¡nfeccóes. A irritacao leva também ao edema de mucosas, a tosse, ás bronquites crónicas recorrentes, pneumonías, bronquiectasias; pode haver sialorréia variável com a sensibilidade individual. 4?— Carcinógenos e cocarcinógenos.

Iniciam ou aceleram a producao de cáncer, conforme o tempo e a

quantidade de fumo. Sao encontrados principalmente no alcatrao e alguns entre eles podem atravessar a placenta, prejudicando a gestacao.

Como exemplo, temos os álcoois aromáticos policiclicos: o 3-4 benzopireno, que é o mais poderoso cancerígeno até agora conhecido; o dibenzopireno e o benzantraceno. Os hidrocarbonetos aromáticos heterocfclicos, a dibenzacridina, o dibenzocarbazol e a nitrosodialquilamina. Alguns metáis, o níquel, o cadmio, o polónio 210, que vaporiza abaixo da temperatura da chama que acende o cigarro.

5?- Substancias adventicias: tóxicas, cancerígenas e irritantes.

Até o papel tratado que envolve o cigarro, ao queimar produz substan

cias cancerígenas, que podem ser até tres vezes mais poderosas que as do ci garro de tabaco leve. Podem ser nocivos também os aditivos de cigarros de "suave sabor". O mentol, de charutos e cigarros, produz aldeidos e ácidos ir ritantes. Polióois humectantes sao precursores de ácido paramino-hipúrico e fenóis irritantes. Os nitratos fertilizantes sao precursores de óxido de nitrogenio e de nitrosaminas. Pode haver inseticidas como o DDT, o TDE e o ar

sénico. Fungicidas como os tiocarbamatos sao precursores de ácido sulf ídrico e de sulfeto de carbono. Substancias radioativas, como o poldnio 210 e outras absorvidas pelas raízes da planta.

III - DOENpAS CAUSADAS PELO FUMO No ano de 1980 a Organizacao Mundial de Saúde (OMS) dedicou ao

problema do fumo o Dia Mundial da Saúde - o dia 7 de abril - com o lema

"A ESCOLHA É SUA: FUMO OU SAÚDE", e afirmou que o tabagismo é um vicio endémico no mundo moderno e, o que é mais trágico, evitável e

desnecessário.

Estatísticas dos EUA, do Canadá, da Inglaterra e da Suécia já haviam provado que urna em cada duas pessoas que fumam acaba morrendo, em 553

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"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

maior ou menor prazo, por alguma das doencas ligadas ao consumo de cigar ros.

Trata-se, pois, de tomar medidas para salvar a vida de milhoes de pessoas que morrerao devido ao fumo. Calculam-se em 50 milhoes, em todo o mundo e até o ano 2000, os que morrerao por doencas ligadas ao fumo.

Sao exemplos de agravos a saúde devidos ao fumo: 1) - Diminuicáo da funcao respiratoria pulmonar: já é sensfvel, experimentalmente e em medidas laboratoriais com as sofisticadas técnicas de es pirometría, depois de um so cigarro. Em fumantes jovens a diminuipao per manece até seis semanas depois de abandonar o fumo: este fato tornou o ci garro proibido para os atletas; deve-se principalmente aos efeitos tóxicos da nicotina sobre o mecanismo da respiracao e o débito cardíaco.

Ñas enancas que vivem em lares onde há fumantes, o fluxo expiratório forcado medio é sempre menor do que ñas enancas cujos parentes nao fumam, proporcionaImente á exposicao.

2) — Síndrome respiratoria do fumante: em geral é confundida com

asma. Caracteriza-se por dispnéia, sibilos, constricao faríngea, dor torácica e mais freqüentes ¡nfeccoes das vias aéreas superiores. Desaparece quando se suprime o fumo.

3) - Bronquite crónica: caracteriza-se por tosse e expectorado matu tina, crises de dispnéia e ¡nfeccoes mais freqüentes: o paciente pode, sem sa ber, deglutir o escarro, ou atribuir ao cigarro urna acáo expectorante, con-

fundindo causa com efeito. Na Franca a bronquite foi encontrada em 38% dos fumantes entre 30 a 39 anos. A morte por bronquite crónica é 20 vezes mais freqüente nos grandes fumantes. Poderá haver tratamento proveitoso, caso o fumante deixe definitivamente o fumo: nao é suficiente a reducáo do número de cigarros.

4) - Enfisema pulmonar: doenca altamente debilitante e que evolui

com a idade e o número de cigarros. Tem incidencia de 36,8%em fumantes de até urna carteira por dia, e 51% nos de mais de urna. As suas manifestacees clínicas só aparecem quando já foi atingido 33%do pulmSo funcionan te; pode ou nao ser precedida de bronquite.

Leva á morte por insuficiencia cardíaca congestiva, acidóse respirato ria e colapso dos pulmoes, entre os 45 e os 64 anos. 554

SIM OU NAO AO FUMO?

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5) — Doenca pulmonar obstrutiva crónica: é hoje um problema de saúde pública como grande causa de incapacidade para o trabalho. Tal como o efisema, sua principal causa é o fumo; outros fatores podem acelerar sua evolupao. Inicia com falta de ar e tosse: em funcao do tempo de fumo e do nú mero de cigarros, leva lentamente a morte, sempre precedida por anos de trágica incapacidade respiratoria. Produz lesoes ir rever sCveis, porém o deixar de fumar reduz os sínto

mas, melhora a f un cao pulmonar e diminuí a mortalidade.

6) — Carcinoma broncogénico: 95% de todas as neoplasias malignas pulmonares ocorre em tabagistas. O risco de cáncer é diretamente proporcio

nal á quantidade de fumo. Este tipo de cáncer incide em 10% dos grandes fumantes. A incidencia é menor em fumantes de charutos: deve-se ao fato

da fumapa do charuto ser mais irritante, daf geralmente nao ser tragada; mas na cavidade oral, até as cordas vocais, produz mais cáncer, na proporcao de cinco fumantes para um nao fumante. — O cáncer pode manífestar-se anos após o abandono do fumo.

Entre os nao fumantes que apresentam cáncer, existe a possibílidade de terem sofrido prejufzo como "fumantes passivos" ou "involuntarios". Em Tóquio, no Japao, no Centro Nacional de Cáncer foram estudadas 100.000 mulheres nao fumantes, mas casadas com fumantes: neste grupo a incidencia de cáncer de pulmao fo¡ o dobro da ocorrente em mulheres casa das com nao fumantes.

7) — Doencas coronarianas: o fumo obriga o coracao a prestar maior trabalho e, ao mesmo tempo, tira-lhe os meios, pela hipóxia e isquemia dos vasos — a nicotina ativa os corpos aórticos e carotCdeos, resultando reflexa-

mente em vasoconstripao generalizada.

Segundo avaliapao da OMS, 25%das doenpas coronarianas sao devidas ao fumo, podendo haver infarto juvenil, até a meia-idade, e a morte súbita, que ocorre de duas a tres vezes mais em fumantes do que em nao fumantes.

Ocorre cinco vezes mais em fumantes de até vinte cigarros por dia. 8) — Arteriosclerose: os fumantes de um so mapo de cigarros por día

apresentam 20% mais arteriosclerose que os nao fumantes e mais agravapao de todas as doencas do sistema arterial. A freqüéncia cardíaca, a pressao ar

terial e o nivel de epinefrina sobem durante e após fumar um $6 cigarro. 9) - Tromboangefte obliterante: descrita em 1908, hoje sabemos que esta doenpa é devida á apao da nicotina e apenas rarissimamente ao frió. A 555

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

cessacao do tabagismo, sem outro tratamento, quase invariavelmente leva á remissáo permanente, retornando com o uso de sonriente alguns cigarros. Principalmente acomete jovens, entre os 20 e 35 anos. Sua lenta evolucao demora alguns anos, iniciando com dores ñas pernas, que chegarao a ser cru-

ciantes, claudicado, trombos com microabcessos nos pequeños vasos, lenta fibroso, cianose e finalmente gangrena levando á amputaclo das extremida des, pernas e bracos.

10) - Úlceras gástricas e ¡ntestinais levando á morte: resistem a trata

mento. Sao devidas á acao da nicotina, a qual retarda a cicatrizacáo, deprime a secrecao de bicarbonato no intestino e produz ativacao combinada dos ganglios parassimpáticos e das terminacóes nervosas colinérgicas, resultando em aumento do tono e da motilidade intestinal. Podem tornar-se curáveis desde que se deixe o fumo.

11) — Prejuízos na gestacáo e amamentacao: outrora dizia-se á m3e que limitasse - apenas - o número de cigarros. Hoje sabemos melhor a ex-

tensao dos prejuízos á placenta e ao desenvolvimento do concepto. Conhecemos a susceptibilidade da gestante a doencas como a toxoplasmose, a ru

béola, e outras; a defeitos congénitos como o labio leporino e outros; abortamentos precoces, partos prematuros e mortalidade perinatal. A incidencia é sempre maior quando a mulher fuma.

O especialista hoje diz que toda prenhez de gestante que fuma - qualquer número de cigarros por dia - deve ser tratada como de alto risco. Caso a mulher deixe de fumar antes de ficar grávida, seu filho nao sofrerá prejufzo. Nos filhos das fumantes está comprovado que existe sempre leve desvántagem física, neurológica e intelectual, sensfvel também no rendimento esco lar.

Hoje o catedrático ensina que é "imperiosa" a proibipao do fumo du

rante a amamentacao, pela comprovada contaminacSo da nicotina no leite materno em quantidade di rotamente proporcional á quantidade de tabaco usada.

12) - Outras patologías atualmente relacionadas ao fumo: - reducao da acuidade visual; - injurias cromossomicas nos espermatozoides, mais comuns em fumantes de mais de 20 anos; - envelhecimento precoce; - insa nia; - ressaca matutina; - aneurisma aórtico nao sifilítico; - extrassfstoles; - hipertensao arterial; - reduelo da fertilidade; - osteoporose; - menopau-

sa precoce; - na fumante em uso de anticoncepcional, risco cinco a onze vezes maior de infarto agudo do miocardio e de acidentes vasculares cere-

brais; - céncer de páncreas; - cáncer de bexiga; - espessamento das cordas vocais, o que profbe o fumo aos cantores; — reacoes poliposas, que regridem 556

SIMOU NAO AO FUMO?

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ao se deixar o fumo; - rugas precoces, causadas pela vasoconstricao periféri

ca; - ambliopia evoluindo com atrofia do ñervo ótico, podendo levar ácegueira; - queratoses, mais comuns em fumantes de charuto e de cachimbo; — estimuladlo nicotínica do sistema hipotálamo-neurohipofisiário, resul tando, entre outras, em acao anti-diurética; - bloqueio nicotínico neuromuscular por dessensibilizagüo dos receptores, dando diminuicao de capacidade de concentracao e precisao; — descargas de adrenalina e catecolaminas, ou seu impedimento; - excitacao seguida de depressao; — reativacao de fo

cos tuberculosos; — reduelo dos níveis teciduais de vitaminas B12 e C, por acao do cianeto da fumaca do cigarro; — aborto espontáneo, mais comum em operarías de fábricas de cigarros, mesmo nlo fumantes, em virtude da absorcao percutánea de nicotina; — mortalidade por todas as doencas duas ve-

zes mais freqüentes em fumantes; - reduelo do tempo de vida: calcula-se em 14 minutos por cada cigarro fumado; — outras alteracoes ¡mprevisíveis muitas vezes, nao apenas pelas variacoes individuáis, mas por serem devidas á acao da nicotina simultáneamente em varias juncóes neuroefetoras, dando fases de estimulacao e de acao depressora e até fator de risco de impotencia. 13) — Estado de dependencia nicotínica: outrora pensava-se que a nicotina fosse toda e em poucas horas eliminada pela urina. O vicio era

atribuido apenas a fatores psicológicos. - Os estudos mais apurados, com a

moderna tecnología, provaram que urna pequeña parte da nicotina absorvida pelas mucosas e a pele, se armazena lenta e cumulativamente em quase to dos os tecidos do corpo, principalmente no gorduroso. A parte que chegar, transformada ou nao, aos rins, será eliminada pela urina em quantidade maior ou menor, em funcao do pH urinario. A lenta e progressiva acumulacáo da nicotina no organismo é que leva á dependencia fisiológica, a partir das menores doses de cigarros. O indivi

duo elimina mais nicotina quando toma bebidas alcoólicas, em situacóesde "stress" e outras. Os efeitos da abstinencia de nicotina sao acompanhados de mudancas

no eietroencefalograma e na funcao autónoma. A "síndrome de abstinencia

de nicotina" manifesta-se no desejo muito intenso de fumar, irritacao, dificuldade de concentracao, nervosismo, tensao e depressao. O fumante hoje defi-

ne-se nlo mais pelo número de cigarros por dia, mas pelo fato de permane cer sob os efeitos físicos do fumo, mesmo que ele, de fato, fume pouco. Sempre que no corpo há qualquer pequeña mudanca no equilibrio de nicotina já estabelecido, o fumante senté inquietacao e irritacao: um único

cigarro pode re por o nivel de nicotina, com efeito, pois, calmante. Na realidade, porém, e hoje está científicamente comprovado, que o efeito '¿calman te" da nicotina versa apenas sobre a irritacao que a própria intoxicacao nico tínica antes havia produzido no corpo.

557

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987 Hoje sabemos que a nicotina nao tem efeito terapéutico em nenhuma

dose ou condicao. Sao efeitos de sugestao os muitos efeitbs benéficos que Ihe sao atribuidos, sendo tal auto-sugestao muitas vezes apoiada pela ri ca propaganda comercial dos cigarros, fantásticamente apresentados.

O prazer físico do fumo consiste apenas na manutengao do nivel de intoxicapáo orgánica já

alcancado crónicamente, depois dos sintomas da

¡ntoxicapáo aguda.

Todo fumante cpnheceu, em maior ou menor grau, os desagradareis efeitos do primeiro cigarro: náusea, sudorese, cefaléia, respiracao difícil, embotamento dos sentidos, diarréia e até vómito as vezes. - Sao os sintomas da intoxicapáo aguda. Persistindo em fumar, em poucos dias geralmente se esta-

belece a chamada "tolerancia", a qual nada mais é do que o estado de into xicapáo crónica. No caso da nicotina, a "tolerancia" nao corresponde a formapao de maior defesa ou "costume" benéfico: pelo contrario. Deve-se á diminuipao da capacidade orgánica de manifestar-se contra o tóxico. Raras pessoas, felizmente para elas, sao mais resistentes e nunca esta-

belecem "tolerancia": voltam a sentir forte mal-estar toda vezquetentam fu mar de novo. Desistem de fumar para sempre.

Nao há para os fumantes a possibilidade, livre e impunemente, de ser apenas fumante ocasional ou social, assim como pode alguém fazer com alguma bebida alcoólica. Urna primeira bebida pode ser agradável e nio criar dependencia. - O fumo tem apáo diferente.

Podemos porém encontrar, entre os fumantes, o tipo do adolescente que, ao ser advertido pelos país, pelos professores ou médicos, afirma sentir-se bem com, o fumo dos cigarros, e diz so fumar um, de vez em quando. — O fato é geralmente outro: ele tem vergonha de confessar que passou mal ao primeiro cigarro, coisa que atribuí a "fraqueza de crianpa". Também "es-

quece" de contar os cigarros que realmente já fuma, quando nao é visto. Co mo justificativa, ou por efeito de sugestao, atribuí ao cigarro beneficios ine xistentes.

IV — Os estudos científicos das últimas décadas A exatidáo das ¡nformapóes sobre os efeitos do fumo foi garantida. Na

Inglaterra escolheram-se 40.000 médicos fumantes, no ano de 1951, os quais foram estudados por dois dentistas, Dol e Hill, durante vinte anos, sobre o uso e os efeitos do fumo. 558

SIM OU NAO AO FUMO?

31

Os Estados Unidos encomendaran! estudos detalhados a dez renomados especialistas (cinco fumantes e cinco nao fumantes) apoiados em 189 instituicóes científicas, nacionais e estrangeiras: juntos elaboraram o que ficou mundialmente conhecido como "relatório Terry". No mesmo período, mais da metade da populacao já era de fumantes, nos países mais desenvolvi dos. Outros serios e profundos trabalhos científicos foram solicitados por diferentes países. Em todos havia a pressao médica e, contra ela, a pressáo representada pelos enormes interesses económicos das industrias de cigarros, as quais aumentaram a propaganda comercial e também equiparam sofisti cados laboratorios, visando a defender seus lucros: nisso gastaram centenas de milhoes de dólares.

Nenhum laboratorio conseguiu defender o uso do fumo. Pelo contra rio, entidades famosas e de renome mundial, de todas as nacionalidades, concordaram plenamente na total nocividade do fumo, em qualquer dose ou condicao, e, mais, descobriram outros efeitos prejudiciais até entao deseonhecidos e comprovaram alguns até entao discutidos.

Entre as instituicóes que realizaram pesquisas sobre o fumo, encontram-se: a Harvard Medical School, a London University, a Columbia University, a Secretaria de Saúde, Educacao e Bem-Estar dos EUA; o Centro Nacio

nal de Cáncer no Japao; a Universidade de Michigan; a Canadian Thoracic Society e milhares de entidades científicas de porte, no mundo todo.

No ano de 1977, baseandose na evidencia de todos os estudos, o Royal College of Physicians, na Inglaterra, concluiu declarando a nicotina urna droga tóxica e causadora de síndrome de abstinencia.

As industrias de cigarros já haviam lancado novos produtos, que apresentavam como menos nocivos. Pesquisas realizadas pela Faculdade de Saú

de Pública de Harvard, pela Escola Médica da Universidade de Bostón e pelo New England Journal of Medicine, provaram que os cigarros de baixo teor de nicotina e alcatrao, os com filtros especiáis ou tratados, nao sao menos nocivos. Pelo contrario: seu uso leva a maior consumo, pois o fumante au menta o número de cigarros para alcanzar seu nivel orgánico de nicotina, e

aisim inala ainda mais fumaca, com todas as suas outras centenas de substan cias nocivas.

V - APLICAQÁO DAS DESCOBERTAS A Organizacao Mundial de Saúde preconizou, entre outras medidas:

1 - Obter proporcóes cada vez menores de fumantes em todos os níveis de idade, através de todas as formas de pressao, e com a criacao de cartv panhas educacionais;

559

32

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987 2 - encorajar os nao fumantes, especialmente os jovens a permanecer

assim;

3

— proibir todas as formas de promocáo do tabaco;

4

— encorajar os fumantes a deixarem o fumo.

a) - A divulgacao nos diferentes países No ano de 1962 a divulgacao já havia sido iniciada, na Inglaterra, com a pubiicapao do relatório "Smoking or Health", do Royal College of London, que estigmatizava o fumo como causador de varias outras doencas,

além do cáncer.

Em 12 de Janeiro de 1964 as conclusoes do "relatório Terry" haviam

sido mánchete do Herald Tribune, de Nova York, EUA, com os dizeres: "É

oficial: o fumo pode matar vocé" e citava as provas - contra as alegacoes das industrias de cigarros - de que o efeito do fumo sobrepuja em muito to dos os outros fatores nocivos, inclusive a poluicao atmosférica. Havia sido constatado que, mesmo ñas cidades com poluicao mínima, as doencas pelo fumo eram igualmente elevadas. No mundo todo 100.000 médicos logo deixaram de fumar. Na Ingla

terra os médicos fumantes de 66%passaram para menos de 22%; - nos EUA de 39% para 19% Na Finlandia e na Suécia quase nao há mais fumantes en tre os médicos.

Oeixar de fumar é muito difícil; mas nao é impossível. Para a populacao, as entidades médicas, com o apoio da Organizacao Mundial de Saúde, conseguiram leis anti-fumo em 57 países. A Noruega proibiu que o fumo aparecesse nos programas de televisao. Na Rússia os adultos que fumam na presenca de enancas sao multados. Nos EUA foi empreendida grande campanha em todo o país com re cursos da imprensa, televisao, radio, correios, artistas e atletas. No ano de

1967 foi realizada em Nova York, EUA, a I Conferencia Mundial sobre "Fu mo e Saúde". Foi relatado que o fumo faz, anualmente, cinco vezes mais vi-

timas que todos os acidentes de tráfego e mata mais do que as guerras. A conclusao: "A industria do cigarro espalha veneno mortal e joga com a vida humana em troca de lucros financeiros" foi pronunciada pelo entao jovem político Robert Kennedy, mais tarde assassínado. 560

SIM OU NAO AO FUMO?

33

Na Inglaterra e nos EUA os fumantes eram maioria: atualmente, des de 1973, já sao minoría. Em todos os países ocidentais sao as classes de me nor educacao e renda as que mais continuam fumando: relatam casos de maes de familia pobres que trocam comida essencial por cigarros. O cessar de fumar foi maior entre os que léem mais e sabem mais. Depois de alguns anos de campanhas, "O fumo ainda mata" foi o tí tulo do editorial do British Medical Journal, de novembro de 1982, o qual denunciava que ainda, na Inglaterra, todos os dias mais de sessenta pessoas

em idade produtiva morriam precocemente de doencas causadas pelo fumo. b) - A divulgacao no Brasil

No Brasil, na última década, algo já foi realizado. Inicialmenteforam publicadas obras de divulgacao científica - no ano de 1978, até com premio da Academia Nacional de Medicina. Ñas principáis revistas especializadas, renomados médicos, professores da UNI-RIO, da PUC do Rio de Janeiro e de Sao Paulo, e de outras Escolas Superiores, escreveram artigos sobre o proble ma do fumo; foram também redigidas reportagens em jomáis de grande tiragem.

Falta muito mais a ser feito: há dezenas de projetos de lei aguardando no Congresso Nacional, sobre o fumo.

O trabalho é vultoso: no Brasil os fumantes sao calculados em cerca de 30 milhoes. Também há o problema social de milhares de trabalhadores ñas industrias do fumo: 20.000 funcionarios numa so Companhia, - a qual rece be tabaco das plantacoes de 5.0C0 agricultores. Uma das Companhias de ci garros já comecou a diversificar seus empreendimentos.

A propaganda do cigarro no Brasil, embora com 20 anos de atraso, já sofre restricoes. Alguns avisos contra a poluicao do fumo já estao sendo da dos pela te levi sao. Na protecao aos nao fumantes algumas leis já estao em

vigor. Por exemplo, no Rio de Janeiro há uma lei garantindo aos motoristas de taxi a faculdade de exigir dos seus passageiros que apaguem o cigarro. Uma Faculdade particular, há tempo, incluiu em seu Regimentó interno que o aluno, antes de se matricular, assine um termo de compromisso de nao fu mar nosespacos fechados - medida que funcionou, apesar de algumas resis tencias. Também no Rio já está em vigor uma lei proibindo a professores, alunos e funcionarios, que fumem ñas salas das escolas munícipais.

Infelizmente ainda podemos encontrar, no Brasil, alguns médicos ou psicólogos, professores, etc., que pela sobrecarga de trabalhos nao atualizaram seus conhecimentos. Há também casos de estudantes de Medicina, de 561

34

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

algumas Facilidades, que mesmo na última década nao foram devidamente apresentados 'as repercussoes el (nicas do fumo.

No Brasil já foi verificado que 31%dos médicos professores universita rios sao ex-fumantes; há os que nunca fumaram; outros ainda nao conseguíram vencer o vicio.

No Brasil precisamos de divulgar muito mais, entre a populacao, as

conclusoes científicas sobre o fumo; ao menos, as orientacoes da OMS e alguns dos avisos já publicados pelos mais eminentes de nossos médicos. Por exemplo: "O único cigarro realmente inocuo é aquele que nao se fuma"; "É melhor nao fumar"; - "No ambiente do fumante todos sao prejudícados pelo fumo"; - "A poluicao atmosférica do material perigoso do cigarro é, aproximadamente, 100 milhoes de vezes maior que a pior contaminacao at

mosférica conhecida"; - "A fumaca de um so cigarro, em ambiente fecha do, é altamente prejudicial a todas as pessoas que estiverem presentes"... Infelizmente mesmo entre as pessoas cultas ainda há muitas desconhe-

cendo que hoje, científica e honestamente, a questao do fumo nao pode mais ser colocada, como há mais de trinta anos, em termos de fumar-se mui to ou pouco.

A ciencia médica hoje recomenda nao fumar nada, nunca, ou nunca mais. Deve-se fazer exatamente, como é muito bem dito no aviso antifumo

transmitido pela televisáo brasileira: "CIGARRO: APAGUE ESSA IDÉIA!". VI - PROBLEMAS ÑAS CAMPANHAS EDUCATIVAS 1?) - O consumo que nao diminuí e até aumenta

Junto á populacao, as ¡nformacSes dadas pelos meios de comunicacfo e até mesmo, nos EUA, a partir de 1966, os avisos obligatorios nos macos de cigarros, alertando quanto ao risco para a saúde, logo se evidenciaram pouco eficazes. Nao lograram diminuir, sensivelmente, a venda de cigarros. Com-

provadamente, mais de 90% dos fumantes nao se preocuparam com tais avi sos. Em algumas regióes, onde as campanhas insistiram mais em mostrar as

mortes de vidas ao fumo, houve até casos em que o consumo aumentou!

Considerou-se, entao, á luz da psiquiatría, a possibilidade de que o prazer do risco de fumar seja algo inerente ao vicio de fumar. Haveria a possibilidade do desafio ao medo da morte em cada cigarro

fumado. Poderia ser forte a influencia do fasemio da "libido moriendi", do instinto de morte já descrito por Freud. - Um desejo de morte e nao um de562

SIMOU NAO AO FUMO?

35

sejo de prazer apenas: um impulso de agressáo ou de destruipao. - Seria o caráter oral, inserido muito mais na estrutura psicológica do que na realiza-

pao concreta. Poderia ha ver o desejo de urna dependencia oral. Na atracao

pela coisa proibida, haveria a transgressio da "leí do pai". - A impulsividade vivida como sintónica ao ego, gerando ten sao e levando o individuo a agir em funpao do principio do prazer: tal como urna enanca age. - Estes e outros motivos, de maior ou menor peso nos casos individuáis, sao porém relevantes nos grupos dos fumantes, principalmente entre os mais desconten tes com a vida.

Hoje sabemos que a adesao ao fumo, como a outras drogas, resulta do encontró de tres fatores de peso variável: um tipo de personalidade, um produto, um ambiente.

Considerando um mesmo ambiente e as mesmas condicoes de obter

cigarros, sempre existe a possibilidade de haver dois diferentes tipos de comportamento:

a) - o da pessoa que comeca a fumar, mas, sentindo o mal-estar pro-

duzido pelo primeiro cigarro, logo naturalmente o correlaciona com outros

prejufzos futuros e decide nao fumar mais. Espontáneamente opta em favor de melhores me ¡os de afirmar sua masculinidade ou liberdade, independen cia ou sucesso. Nao se senté obrigado a seguir o exemplo dos fumantes e assume urna posicao crítica em relacao á propaganda comercial do fumo; b) - o tipo da pessoa que continua a fumar. Ao primeiro cigarro sofre náusea, irritacao respiratoria, suores, espasmos e até vómitos ás vezes; mas continua fumando e adere á ¡ntox¡cacao crónica. Hoje considera-se, no fumante, um tipo de personalidade que parece

ter inclinacao a reagir "favoravelmente" ás influencias maléficas do meio ambiente e dos transtornos emocionáis.

Urna forte motivapáo poderá levar o fumante a desejar abandonar o fumo. Remedios e cursos, comprovadamente, pouco ou nada ajudam ao fu mante para vencer o vicio. Para tal tuta, o fumante precisará de saber reconhecer e saber controlar sua própria inclinapáo prejudicial e o seu tipo de

personalidade. Precisará de muita forca moral para superar os efeitos físicos da privapao de nicotina, acrescidos pela situapao que tiver desenvolvido em sugestao compensatoria e outras.

Nao há pravas de adesao a outras drogas, nosex-fumantes, masdeveser

considerado o sofrimento da irritapao, da tensSo e da ¡nsonia, em maior ou menor grau sempre presentes e devidas a dependencia física da nicotina. 563

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"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

Apoio médico, poderá ser necessário, por algum tempo, ao fumante que deixar o fumo.

O fumante pode ser inserido no conceito homeopático de que a

"doenca é vida alterada", ou seja, urna perturbacao conjunta da parte espiri tual, das funcóes orgánicas e do comportamento do individuo.

Em todo caso, urna profunda, enérgica e sincera revisao de vida, em todos os seus níveis, é que poderá levar a deixar o fumo. Poderáo dar real ajuda alguns valores religiosos, escolhidos entre os mais apurados. Algumas pessoas podem encontrar grande apoio, para urna

resolucáo firme e definitiva, na convicclo religiosa de dar contas a Deus de todos os seus atos, entre os quais os do aperfeicoamento e da conservacao da

vida, dom de Deus, que o fumo atinge.

2?) - O éxito com o maíor enfoque no prejuízo social

As campanhas conseguiram diminuir mais o consumo de cigarros,

quando passaram a ressaltar principalmente o prejuízo do fumo á saúde dos nao fumantes: os fumantes passivos, ou involuntarios, ou seja, os que vivem ou trabalham com fumantes.

Há um aumento de 33% na incidencia de doencas respiratorias ñas

pessoas que vivem ou trabalham junto a fumantes, principalmente ñas criancas. Estatisticas provaram que as viúvas de fumantes vivem em media quatro anos menos que as de nao fumantes.

Também resultou eficaz a demonstrapao do grande prejuízo dado ao

país, seja pela invalidez e morte precoce de tantas pessoas em idade produti-

va, seja pelas faltas ao trabalho por doenca, faltas que sao 30%mais numero sas do que as de nao fumantes.

Os elevados gastos da assisténcia social ñas ¡numeras doencas oriundas do fumo ás vezes superam o total da arrecadacáo de impostos dos cigarros, como foi demonstrado pela Suécia, pelos EUA e pela Inglaterra.

As leis antifumo, que já existem em quase todos os países, nos EUA e

na Europa provocaram casos até de conflitos, devidos, principalmente, a rea-

cóes típicas da estrutura psicótica da personalidade de alguns fumantes. A pressáo do ambiente teve o maior éxito. 564

SIM OU NAO AO FUMO? 3?) - O sucesso das campanhas junto aos jovens nao fumantes

Entre todos os grupos etários, seguem-se melhores resultados junto aos pré-adolescentes. Pode-se fazer: a) _ explanáoslo objetiva e apropriada dos efeitos do fumo;

b) - conveniente desmistíf¡cacao da figura do fumante, tio fantástica mente promovida pela rica propaganda dos cigarros. Deve haver especial cui dado para nao levantar hostilidade e, sim, conseguir compreensSo em relacao ás pessoas que fumam, dentro do direito e do respeito á saúde dos que nao

fumam. É importante explicar, mesmo aos mais novos, que os adultos, pais ou conhecidos, quando comecaram a fumar, nao sabiam que o cigarro é tao prejudicial, nem que seria tao difícil de se deixar. As criancas sempre se entusiasmam com as "novidades" científicas e logo tomam o empenho de repetir em casa o que aprenderam na escola. Até sabem, espontáneamente, recorrer a frases enteroecedoras, como, por exem-

plo: "Papai, nao fique doente pelo fumo: preciso de vocé!" — "Mamae, nfo se mate com o cigarro: eu gosto de vocé!". As criancas completam, assim, o que a Organizado Mundial de Saúde mandou:"... Usar todas as formas de pressao para diminuir o número de fumantes." — "Encorajar os fumantes a deixar o fumo."...

c} - entrevistar ex-fumantes, em equipe com os alunos, ou visitar doentes em tratamento dos efeitos do fumo; ¡nformar-se, em lojas de pequenos animáis, a respeito dos passarinhos que resistero á poluicao das rúas, mas em poucos dias, ou poucas horas, morrem ñas casas com fumaca de cigarro; pesquisar em livros, revistas, etc.

d) — maior embasamento de nocoes relativas ao uso natural de nosso

corpo e suas funcoes, também poderá ser feito. É fácil mostrar, mesmo aos alunos do 1?grau, que a nossa boca, anatómicamente, nao tem estrutura pa

ra ser usada como chaminé de fumaca. ■ ■

O aspecto do uso apropriado á funcio do órgao também poderá ser muito fecundo, educativamente, numa perspectiva do agir da mesma natureza do ser, em todos os seus níveis.

Vil - O PRINCIPIO DO PRAZER NA SOCIEOADE Para a sociedade, existe nao apenas a poluicao do ambiente, mas tam

bém o grave maleficio da difuslo do vicio como algo bascado no principio do prazer e estritamente individualista. 565

38

"PERGUNJE E RESPONDEREMOS" 307/1987 Na discussao sobre o fumo, é importante nao negar o valor do prazer,

mas a nocividade da procura do prazer como um principio.

Examinado o prazer, deve ter-se presente a importancia das suas consequéncias reais, totais e nao imaginarias. Nio devemos fugir da realidade. Numa avaliacao corajosa, podemos contar com a forca libertadora da verdade, situando o agir na mesma natureza do ser. Conseqüentemente reconheceremos o acertó dos que sempre tiveram

posicao contraria ao fumo. Na medida do seu embasamento em sadia indi-

nacáo e mais ajuizada filosofía! Estas sao as primeiras bússolas do agir huma no, também no campo da saúde mental e física.

Buscando em tudo as solucóes verdadeiras, sempre poderemos encon trar a felicidade, real e útil, de conhecer melhor e mais perfeitamente o que a natureza significa, aproveitando mais as suas ¡mensas riquezas.

Vale a pena pensar no assunto!

Referencias bibliográficas:.

1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8} 9)

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S1M OU NAO AO FUMO?

39

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1983

Médicas, 1981

acesa".

Jesús sabia que era Deus?, por Francote Dreyfuss O.P. Traducao de Jo sé Nogueira Machado S.J. - Ed. Loyola, Sao Paulo 1987, 140 x 210 mm, 148 pp.

Esperava-se um Hvro como este, ou seja, urna obra que abordasse de. maneira sistemática e cabal a questao da consciéncia psicológica de Jesús —

asaunto muito controvertido nos últimos tempos. - O Pe. Dreyfuss é Proi'essor de Teología Bíblica na Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém desde

1968; com a sua competencia, oferece meticuloso estudo da Biblia, da his toria e da Tradicao crista, que reafirma a tese clássica de que Jesús sabia que era Deus: "Quisemos mostrar que, do ponto de vista de urna exegese históri ca crítica exigente e leal, nao se tem razio para recusar ou por em dúvida a

figura do Jesús da historia que nos apresentam o Quarto Evangelho, os Pa dres da Igreja, os Concilios Ecuménicos e o testemunho unánime de quase

vinte séculos de Tradicao crista. Se a Jesús, no decurso de sua vida terrena.

Ihe tivesse caído ñas maos o Quarto Evangelho, Ele teria dito: Sou eu mesmo" fp. 142). — Muito se recomendé esta obra seria e sabia, que dissipará as dúvidas de quem nao tenha nocoes claras sobre tao ponderoso assunto. Co mentaremos o Hvro num de nossos próximos números.

567

Que fundamento tem...?

A Escrava Anastácia Em síntese: Vio a seguir apresentados os passos que deram origem á devoqao á "Escrava Anastácia", que, como se verá, nunca existiu, podendo a respectiva documentacSo ser consultada no Museu da Igreja de Nossa Senhora do Rosario e Sao Benedito dos Homens Pretos, á Rúa Uruguaiana 77, Centro, Rio de Janeiro (RJ).

Tem-se espalhado no Brasil a devocao á "Escrava Anastácia", com oracoes, promessas, medalhas, etc. Há mesmo quem arrecade dinheiro para promover o seu processo de canon izacao.

Visto que a respe ito reina grande confusSo, pois os devotos mal sabem o que há de histórico e fundamentado nesse movimento, reproduziremos a seguir o artigo de Mons. Guilherme Schubert, membro do Instituto Históri co e Geográfico do Brasil, publicado no "Jornal do Brasil", de 15/09/87, p. 11. Este estudioso, tendo pesquisado meticulosamente o assunto, está prepa rando um livro sobre o mesmo,. . . livro cujas conclusoes vém antecipadas no citado artigo. Acrescentaremos o texto de urna Nota da Curia Metropoli tana do Rio de Janeiro referente á mesma temática.

ESCRAVA ANASTÁCIA De uns tempos para cá, surgiu no Rio um movimento sentimental que tomou ares místicos e se espalhou pelo Brasil afora, primeiro ligado á igreja do Rosario (melhor: ao museu desta igreja), depois á Umbanda: a devocio á Escrava Anastácia. Pesquisamos científicamente este movimento e suas orígens e apresentaremos oportunamente o resultado de nossas pesquisas. Hoje bastam os pontos essenciais.

568

A ESCRAVA ANASTÁCIA

41

De cunho popular, assume, mesmo no ambiente católico, característi cas de urna "devocao": oracoes, pedidos e agradecimentos por gracas recebidas (promessas), confecpáo e venda de santinhos com oracoes, medalhas, estatuetasem gesso, "posters", livrinhos impressoscom urna suposta biografía, missas á escrava Anastácia, velas - e até um movimento para pedir a canonizacao litúrgica. Um esperto, afanado pelos responsáveis da Irmandade de N. S. do Rosario, se colocou ñas imediacoes da igreja, com um grande saco aberto e um cartaz, pedindo contribuicóes "para as despesas da canonizagao".

Depois, tudo passou mais para a Umbanda (que, contudo, também

pleiteia a canonizado pela Igreja Católica): um centro de Umbanda no Rio e urna obra social em Cachoeira Paulista assumiram o nome déla - um busto

em bronze foi erguido em prapa pública das cidades mencionadas. Num apartamento do Rio funciona um "Templo da Ordem Universal da Escrava Anastácia", foram impressos (com a ajuda de urna Empresa Estatal) livrose folhetos de "espiritualidade Anastaciana"; um programa de "pensamento

positivo" com esta inspiracáo é anunciado numa emissora de radio - e nSo pode faltar urna novela biográfica num programa radiofónico.

1. Quem era a Escrava Anastácia? A resposta é:

1?- ela nunca existiu;

2? - o que seria o "retrato" déla, com o suplicio da "gargantilha" no pescoco e urna máscara de flandres tapando a boca, se refere a um homem ou, melhor, dois homens, como se verá em seguida.

2. Como surgiu a lenda? Em 1971 houve urna solenidade, com toda razao, cara aos homens de cor: a trasladacio para o mausoléu, na Catedral de Petrópolis, dos restos moríais da Princesa Isabel e de seu marido o Conde d'Eu. Antes de seguírem em 29/7/1971 para lá, ficaram, para urna vigilia cívica, na igreja do Rosario. Para acentuar o merecimento da Princesa na questlo da Abolicao da Escravidao, organizou o Servico do Patrim&nio Histórico e Artístico do entáo Esta do da Guanabara urna exposicao iconográfica no museu desta igreja e, a pe dido do diretor deste, sr. Volando Guerra (T3G711/83), ficou após'oencer-

ramento da exposicao urna ampliacao fotográfica, feita pelo Servico do Pa trim&nio, da ¡lustraclo dum livro francés que apresenta, como diz o título do 569

42

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

desenho, "chátiment des esclaves (Brésil)" - "Castigo dos escravos no Bra sil". O "poster" está ainda no Museu.

O resto é totalmente inventado do sr. Yolando Guerra. Condofdo pela apresentacao dos castigos e influenciado pelo ¡nteresse despertado entre os visitantes, comecou a escrever sobre o assunto (ele já tinha escrito anterior mente artigos sobre a igreja do Rosario, a escravidáo, a Princesa Isabel, a Umbanda) e avancou pouco a pouco: comecou achando que se tratava de urna mulher escrava (se bem que inicialmente comentasse "que nada se sabia déla"); achou que "poderia ter sido" - e apresentou urna biografia completa com o nome Anastácia, princesa banto-Angola, ligada a Abaeté-Bahia e Rio.

Até acrescentou urna "prece" de sua autoria, nesta "Oferta de Yolando Guerra". Tudo isso consta de documentos impressos ou mimeografados pe lo sr. Yolando Guerra.

Na exposicao definitiva, apresentaremos detalhes da literatura de outros autores, com "milagres" (ridículos e até inconvenientes) e poemas a "Deusa-Escrava, Escrava-Princesa, Princesa-Deusa", como se vé, totalmen te inaceitáveis para um católico.

3. E a origem do "poster"? Em 1817 visitou o Rio de Janeiro um escritor e desenhista francés, Jacques Étienne Víctor Arago, figura interessante que estudaremos mais a fundo em nosso trabalho definitivo.

Como outros dessa época, participou de urna expedicSo científica, encarregado da documentacao iconográfica. Desenhou (pois nao existia máqui na fotográfica) e seus trabalhos foram, por técnicos especializados, transfor mados em litografías, algumas coloridas, outras em preto e branco. Observou, com espirito crítico e bastante negativo, a sociedade brasileiro-portuguesa da época, ficando particularmente penalizado e escandaliza

do com o sofrimento dos escravos. No livro Viagem ao redor do mundo. Me moria de um cegó, conta muitos detalhes e a certa altura descreve dois dos castigos observados: "Oírte aquele homem que passa por lá, com um anel de ferro, ao qual é adaptada urna haste do mesmo metal, fortemente presa á nuca: é um escravo que tentou fugir"; "Eis um outro cujo rosto é totalmen te coberto por urna máscara de flandres, na qual foram abortos dois furos para os olhos; o miserável comeu térra e capim para se suicidan . . "Para mostrar isso, junta os dois castigos numa só ilustracáo, alias nao com toda 570

A ESCRAVA ANASTÁCIA

43_

precisao. Pois a haste da "gargantilha" costumava ser mais alta, para cumprir a finalidade: dificultar a fuga pelo mato, embaracando-se nos galhos. E, se bem que existia também urna máscara em forma de bridao, era mais usada a máscara total. Temos gravuras de muitos outros visitantes do Brasil nessa época.

4. Conclusao Portanto: 1?o sr. Arago reúne numa s6 figura o castigo que tinha ob servado em dois homens;

2? ele, que em outros

trechos menciona os nomes dos escravos em

questao, aqui apresenta um anónimo {em lugar de dois);

3? numa edipao de 1840 que pude consultar, é fácil ver que quis apre sen tar um homem e nao urna "mulher de extraordinaria beleza" (as ilustracoes de outras edicoes nao puderam ser controladas por ele, que tinha f icado

cegó);

4? a ¡lustracao é em preto e branco. Portanto é pura fantasía falar de "olhos azuis";

5? — fantasia igual é afirmar que este "retrato" da escrava Anastácia foi encontrado entre as cinzas da igreja após o incendio de 25/3/1967. Nao

sobraram quadros a óleo, quanto menos um papel fotográfico (!}, levado á igreja em 1971, como explicamos. O sr. Guerra comenta claramente que, antes de 1971, nao se sabe nem se diz algo sobre o assunto.

Assim, devemos chegar á conclusao de que, por mais justo que seja compadecer-se com o sofrimento dos escravos negros, nao podemos aceitar o culto litúrgico duma figura que nao existiu, baseando-nos numa gravura

que nao apresenta urna mulher, mas um homem (melhor: dois homens). Um movimento popular surgiu pela fantasia inventora do sr. Volando Guerra.

Esta fantasia pode servir para um romance, um filme se quisermos. Se a Umbanda aceita isso, nao sabemos. A Igreja Católica nao o aceita.

Em vista dos resultados atrás publicados, entende-se que a Curia Arquidiocesana do Rio de Janeiro tenha publicado a seguinte nota. 571

44

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

"ESCRAVA ANASTACIA" O culto dos Santos sempre fo¡ objeto de especiáis cuidados por parte da Igreja, pois o exemplo de suas vidas é proposto como modelo de santidade a ser imitado.

Assim sendo, antes que urna pessoa falecida seja declarada Santa ofi cialmente, sua vida é submetida a serios exames e pesquisas, efetuados por estudiosos competentes, como vem acontecendo, por exemplo, com o Vene ra ve I Pe. Anchieta e outros. Nestes últimos decenios, tendo surgido um certo movimento de culto popular á "E serava Anastácia", a Autoridade Eclesiástica viu-se na obrigacSo de promover estudos e pesquisas sobre este assunto, a fim de que a piedade dos fiéis possa ter um sólido e firme suporte e nao seja, eventualmente, de cepcionada na sua boa fé. Os estudos, em face de conclusao, sSo negativos quanto á autenticidade da existencia dessa personagem.

Determina-se aos Sacerdotes que se abstenham de aceitar ¡ntencoes de Missa de acao de grapas ou por outro qualquer motivo a "Escrava Anastá

cia". Tal determinacao, naturalmente, nao impede que sejam aceitas por al mas dos escravos.

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1987 Dom Romeu Brigenti Vigário Geral e Moderador da Curia

O interesse da Igreja, no caso, é evitar que a piedade se torne mera mente sentimental e quase irracional, baseando-se em "estórias" nao devidamente conhecidas e avaliadas. A atitude da autoridade eclesiástica está longe de significar descaso do problema da escravatura, que deve ser abordado na

base de fatos históricos e nao sobre fundamentos lendários. Ver a propósi to PR 267/1983, pp. 106-132; 269/1983, pp. 318.

A Vida Intima de Nosso Senhor Jesui Cristo,pela Abadessa María Ce cilia Baij. - Acrópole Editora e Distribuidora Ltda. 1984, Caixa Postal 30.556 Sao Paulo (SP). 235x 155mm, 726pp.

Tratase de revelacoes particulares feitas é Madre María Cecilia Baij

(1694-1799). Descem a minucias, que pretenden) relatar quanto ia no ínti

mo de Jesús durante os anos de sua vida terrestre. Trabalho que parece mah fantasioso do que fidedigno.

E.B.

572

Aborto:

Que Fazer com os Fetos Extraídos? Segue-se urna crónica tirada da revista norte-americana Human Ufe International Reports, julho de 1987, p. 7, que comenta o destino dado aos fe tos extraídos do seio materno por abortamento. Este texto faz eco, de certo modo, ao livro Bebés para Queimar da autoria de Susan Kentish e Michel Litchfield, livro já apresentado em PR 213/1977, pp. 377-390. Asduaspublicacoes revelam quanto há de indigno e degradante entre as conseqüéncias do abortamento.

PROJETO TOBÍAS

"Quando eu os via, enterrava os cadáveres dos meus compatriotas ati-'

rados por sobre os muros de Nfnive" (Tb 1,17). Para onde vao os corpos das criancas assassinadas por aborto? Em muitos Estados norte-americanos, é obrigatório mandar os corpos para patologistas. Os patologistas incineram a maioria deles. Muítos corpos tém sido jogados no lixo (no Texas, em Kansas, Missou

ri, Maryland, D.C., Minnesota, como também ñas Filipinas e em El Salva dor). Em conseqüéncia, montóos de lixo e entulhos por toda a regiao tornaram-se cemitérios. Na Virginia, há um depósito de lixo transformado em cemitério á margem da Furnace Road, rotulado "Servieo de Despejo dos Cidadaos" iCitizen Disposaí Fatílity), denominacao muito apropriada, embora nao tenha sido

intencionalmente premeditada.

Varios cadáveres sá*o atirados no vaso sanitario. Mas isto pode provo car problemas de entupimento. Em Chicago, de acordó com Joe Scheidler,

um bombeiro foi chamado para urna Clínica de Aborto, a fim de desantupir alguns canos, e descobriu que os ossos e as cartitagens lancadas pela equipe de abortistas haviam sido mais volumosos do que aquilo que as instalacdes 573

46

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

podiam suportar, embora os corpos tivessem sido empilhados nutn recipien te de despejo.

Alguns cadáveres sao utilizados para finalidades cosméticas. Esta bár bara prática pode nao ser córrante nos Estados Unidos; aqui nffo há eviden cia que confirme o clamor segundo o qual os corpos das criancas sao atualmente utilizados para este objetivo. Mas em City ofJoy o novelista Dominique Lapierre denuncia a venda desses cadáveres para a fabricacáo de cosmé ticos na India.

Maís: em 1986 aparecerán) fotografías de macabros brincos; exibiam um atraente modelo, a saber: pequeños corpos ressequidos e inteiricos pendiam de cada orelha (os nazistas faziam abajures de pele humanal). Tal uso bem pode ser legal na maioria dos Estados norte-americanos, desde que o ca dáver tenha sido devidamente purificado e acondicionado. Os austríacos ertao fabricando um crematorio a ser usado pelas Clíni cas abortistas. Isto permitirá aos praticantes do aborto dispor dos cadávers sem ter que pagar avultadas contas aos patologistas.

Os dizeres desta crónica falam por si mesmos, dispensando qualquer ulterior comentario. *

*

*

Eis o Paráclito, Oracoes ao Coracao de Jesús. Oracoes a María (coléelo de Oracoes a Nossa Senhora do ano 200 ao sáculo XVI), pelo Pe. Artur Schwab SVD. - Ed. Loyola, Sao Paulo 1987, 110 x WOmm.

Eis tres livros que excitam e alimentan) a auténtica piedade. O primeiro expoe a acao do Espirito Santo na santif¡cacao dos fiéis tal como nos é apresentada pelo Novo Testamento. O segundo e o terceiro apresentam ora coes veneráveis e profundas, que a/udam o crístSo a e/evar-se a Deus vocal e

menta/mente. Em particular, a analogía mañana dé ao leitora idéia de como a Tradicao crístS exaitou María por me/o de seus grandes Doutores (S. Efrém sirio, S. Cirilo de Alexandría. S. Bernardo, S. Boaventura...). Precisamos de textos que provoquem e sustenten) a vida de oracSo, pois nao sabemos como devemos orar; é o Espirito Santo quem nd-lo ensina fcf. Rm 8¿6s).. . e ensina por meto dos Santos que nos antecederam. — Daí o mérito dos tres opúsculos em pauta, pelos quais somos gratos ao Pe. Artur Schwab, erudito conhecedor das linhas da piedade católica.

574

Urna Parábola de Nosso Tempo A propósito da simplificado da ortografía, conta-se a seguinte parábo la:

Num reino distante, o soberano defrontou-se com intrincado proble ma: distribuir térras a todos os cídadSos que possuissem conhecimentos agrí colas, como estipulava a lei. Acontece, porém, que poucos súditos praenchiam o requisito exigido. Se a lei fosse aplicada, sobrariam milhares da propriedades. Surgiriam protestos, passeatas, graves de fome, etc. Consultados sabios a oráculos, um deles encontrou a solucSo salvado

ra: "Mande Sua Majestade modificar, em todos os Dicionários do reino, o significado da palavra 'agricultura'. A partir de entao, todo aquele que sou-

ber distinguir entre uma rosa e um abacate, será tido e havido por profundo conhecedor dos segredos agrícolas".

Assim se fez. E puderam ser distribuidas as térras. Nao houve exce dentes...

Estamos diante de um caso idéntico. Ao que nos consta, á excecáo de meia-dúzia de vocábulos esdrúxulos, qualquer pessoa de media instrucao pode grafar corretamente as palavras de nossa Ifngua. Nao podem apenas os analfabetos, os iletrados, os mal alfabetizados, os destituidos de cultura. Manda a lógica que tais pessoas sejam assistidas para que cheguem á condicSo da outra parte.

Qual! Os sabios e oráculos daquela reino distante encontraram tolucao

melhor: ao invés de letrar os iletrados, vamos obrigar os letrados a escrever

como os primeiros! Temos que simplificar! Se muitos nao conhecem "agri

cultura", por que "perder tempo" ensinando e ensinando? Nao é muito mais fácil mudar os Dicionários?

É significativa esta estória, e portadora de profunda Moral. Aplica-se

nao só á simplificacao da ortografía, mas, talvez mais ainda, á apregoada simplíficacáo da cultura - da cultura civil e religiosa.

Em vez de nivelar por baixo - o que pode ser concesslo feita á preguica dos ensinantes —, tentemos fazer que as pessoas culturalmente menos aquinhoadas possam subir de nivel, falando conforme a boa lógica e exprimindo-se em linguagem e formas inteligíveis. 575

48

"PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

Ten hamos em vista especialmente alguns pontos diretamente relacio

nados com a fé:

1) as traducoes da Biblia em linguagem dita "popular" (cf. PR 296/

1987, pp. 40-48); em vez de tender a reproduzir a linguagem nao polida ou mesmo a gfria, procure-se apresentar o texto sagrado num portugués de ni vel medio, que saja ocasiáo para que os pequeninos se elevem nao só no pla no da fé, mas também no da cultura;

2) a apresentacao da mensagem evangélica; nao seja reduzida a me ro humanismo antropocéntrico (que todoscompreenderiam com facilidade), mas guarde-se a autenticidade da mensagem com a sua linguagem da cruz, que é loucura e escándalo para uns, mas é fonte de vida para os que a acei-

tamlcf. 1 Cor 12,23-25)!

Estévao Bettencourt O.S.B.

O Valor do Raciocinio no Pensamento de Cristo, por Santo Grimaní.

Traducao de Alvaro Cunha. - Edicao da Provincia dos Padres Carmelitas Desáleos do Sudeste do Brasil, 1985,125x180 mm. 117 pp. Este livro é valioso porque mostra a importancia do uso da razio e, por conseguíate, da Filosofía na vida do homem e, especialmente, do cristio. Em linguagem simples, apresenta alguns temas básicos da Filosofía, co mo sao o valor do bom uso das palavras para construir defínicoes claras, o

principio da razio suficiente, o da contradigo... Procura outrossim por em relevo as verdades filosóficas que levam a Deus e á teología: a ¡mortalídade da alma, a Teología natural, a cosmología racional. .. Exercita também a razio parante as verdades da fé, inclusive a ressurneicao de Cristo tal como nos é apresentada nos escritos do Novo Testamento. Em suma, diz o autor,

justificando a sua obra: "O encontró do humano com o divino corre sobre os trilhos da racionalidade. Com efeito, a razio serve de ponte levadioa, de ponto de embarque para a conquista dos espacos eternos propostos por

Cristo. .. Sendo urna proposta que entra em confuto com outras ideologías, a Palavra de Cristo nio pode ser proferida e vivida sem o concurso do racio cinio. Sendo o vefeulo da ¡luminacio intelectiva, o raciocinio é insubstituivel. E, conseqüentemente, tem seu lugar na discussao, na avaliacio, na escoIha, na execucao e na revisSo de qualquer proposta, incluindo até mesmo a proposta aínda mais exigente de Cristo" (pp. 113s). O livro é de edicao particular. Distribuido á Rúa Mariz e Barros 354. Rio (fíJ). Fone: 228-4904. 576

ERGUNTE Responderemos

índice de 1987

50

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

ÍNDICE

(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo, ano

de edicao e página)4!

ABORTO: que fazer com os fetos extraídos? ABSOLVICÁO COLETIVA

3O7/1987,p.573. 300/1987,p.238.

AIDS: medicina e ética ALVES BARBOSA, B.: ".. . Pena de Morte" AMBROSIANO, BANCO EIOR "A MISSÁO" - filme AMOR E JUSTICA EM DEUS ANASTÁCIA - escrava ANO MARIANO ANTI-AIDS - campanha ANTROPOLOGÍA IÓGUICA APARICOES EM NATIVIDADE-RJ ASSIS: Jornada de Oracóes ASTROLOGIA: que é? ASTRONOMÍA E FÉ - entrevista ATEÍSMO E CIENCIA

30S/1987,p.462. 298/1987,p.l36. 304/1987,p.399. 3O3/1987,p.373. 306/1987,p.458. 307/1987,p.569. 302/1987,p.335. 305/1987,p.462. 299/1987,p.l64. 306/1987,p.466. 301/1987,p.274. 304/1987,p.422. 300/1987,p.l94. 299/1987,p.l46.

por Leonardo Boff. "A VIDA ETERNA SEGUNDO O NOVO TESTAMEN-

298/1987,p.lll.

"A TRINDADE, A SOCIEDADE E A LIBERTACÁO" TO", por Michel Gourges

301/1987,p.250. B

BATISMO DE CRIANCAS BEM-AVENTURADA AQUELA QUE ACRED1TOU. . . BEM-AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUI DO BIBLIA: linguagem acessível e 1. vulgar manuscrito mais antigo.,

303/1987,p.362. 302/1987,p.292. 302/1987,p.317. 296/1987,p. 41. 296/1987,p. 29.

* Por um lapso, a numeragio 433480 corresponde tanto ao número de outubro (305) quanto ao de novembro (306). 578

ÍNDICE GERAL 1987 BIOÉTICA: Instruyo da S. Sé BISPOS NA SUfifA: Intercomunhao católico-protes tante

51 302/1987,p.299. 296/1987,p. 23.

BLANK, RENOLD: "Viver..."

306/1987,p.448.

BOFF, LEONARDO: "ATRINDADE..."

298/1987,p.ll 1.

C CAMBODJA: situacáo religiosa CAMINHADA DA IGREJA E UNIDADE DE TODOS OS CRISTÁOS

304/1987,p.428.

302/1987,p.295.

"CAMINHOS DAS CEBs NO BRASIL" por D. Amaury

Castanho CAMPO DE CONCENTRACÁO - carta de Aleksandr Ogorodnikov

307/1987,p.530. 299/1987,p.l79.

CARCINÓGENOS E COCARC1NÓGENOS: e fumo CASADOS SAO ORDENADOS PADRES

3O7/1987,p.553. 302/1987,p.330.

"CASAMENTOS QUE NUNCA DEVERIAM TER EXISTIDO" por J. Hortal

303/1987,p.338.

CHADWICK, OWEN, E PIÓ XII CIENCIA E FÉ, HOJE CIENTIFICISMO - insuficiencia COMPROMISSO NO MUNDO COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE COMUNHÁO DOS SANTOS CONFISSÁO SACRAMENTAL antes da la. ComunhSo . CONSCIÉNCIA DAS LIMITACOES CONVERSÁO CORÉIA E CRISTIANISMO COSMOLOGÍA MODERNA E FÉ

305/1987,p.434. 300/1987,p.l94. 297/1987,p. 52. 296/1987,p. 9. 3O7/1987,p.53O. 296/1987,p. 18. 300/1987,p.235. 297/1987,p. 56. 301/1987,p.242. 298/1987,p.l40. 299/1987,p.l46.

CRER - para que serve? CRUZ para as T. de Jeová

296/1987,p. 4. 307/1987,p.545.

CATOLICISMO E RELIGlOES NAO CATÓLICAS

301/1987,p.266.

D

DATA DO NASCIMENTO DE JESÚS DEUS - sua descoberta

EXISTE? PRESENTE AO HOMEM AUSENTE 579

300/1987,p.204. 306/1987,p.462;

297/1987,p. 62; 296/1987,p. 3.

52

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

DIREITO DE ESCOLHA DA ESCOLA

303/1987,p.358.

DIVIDA EXTERNA - documento da S. Sé

30J-/1987,p.277.

DOR - resgatc

297/1987,p. 67.

"DOUTRINA SOCIAL CRISTA" pelo Cardeal Joseph Hffffner

305/1987,p.447.

E "EL RAJA YOGA DE SAN JUAN DE LA CRUZ" por Swami Siddheswarananda

299/1987,p.l69.

EMBRIÓES HUMANOS: respeito

302/1987,p.302; 307/1987,p.531.

ENCARNACÁO - sentido

304/1987,p.388.

ENCONTRÓ DE ASSIS

301/1987,p.274.

"É PERIGOSO FALAR DE DEUS" por Tatiana Goritcheva

301/1987,p.242.

ESCOLA LIVRE E ESCOLA ESTATAL

3O3/1987,p.36O.

ESCRAVA ANASTÁCIA

307/1987,p.569.

EVO

306/1987,p.405. F

FECUNDACÁO ARTIFICIAL E ÉTICA homem-macaco

302/1987,p.305; 30461987,p.408.

FÉ, IGREJA E VIDA FÉ EM JESÚS CRISTO COMO DEUS E SALVADOR . . E SOFRIMENTO -porqué?

296/1987,p. 2. 296/1987,p. 27. 297/1987,p. 66. 3O4/1987,p.386.

FERRERO, MAURO e horóscopo

304/1987,p.415.

FRAGMENTO BÍBLICO- descoberto o mais antigo . . .

296/1987,p. 29.

FUMO - sim ou n3o?

307/1987,p.S51. G

GÉNERO HUMANO E SENSO REUGIOSO

301/1987,p.274; 306/1987,p.434.

GENÉTICA MODERNA

302/1987,p.299;

GORITCHEVA, TATIANA: converslo GOURGES,MICHEL, "Ávidaeterria..."

301/1987,p.242. 301/1987,p.252.

304/1987,p.408.

580

ÍNDICE GERAL1987

53

H

HOCHHUT, ROLF e PIÓ XII HÓFFNER, JOSEPH: "Doutrina Social Crista"

305/1987,p.434. 305/1987,p.447.

HOMEM CASADO - Ordenado

302/1987,p.327.

MACACO - em proveta HOMOSSEXUALISMO: Carta aos Bispos HORÓSCOPO HOJE: crédito HORTAL, JESÚS: "CASAMENTOS..."

304/1987,p.408. 298/1987,p. 98. 304/1987,p.420. 303/1987,p.338.

I

IDADE MEDIA: Luzes sobre IDEOLOGÍA E CIENCIA

297/1987,p. 70. 299/1987,p.lS0. 307/1987,p.536.

IGREJA: conceito CONFIADA A PEDRO E SACRAMENTOS NA CORÉIA OU "UMA IGREJA"

296/1987j>pieJ9. 304/1987,p.389. 296/1987,p. 26. 298/1987,p. 140. 296/1987,p. 27.

- por qué? - povo de Deus SANTA E O PECADO TEM FUTURO?

304/1987,p.386. 296/1987,p. 30. 296/1987,p. 6. 296/1987,p. 8.

VISIVEL E JURÍDICA

304/1987 ,p.393.

ILETRADOS E CULTOS NA IDADE MEDIA

297/1987,p. 74.

ILUMINACÁO NA HORA DA MORTE IMORTALIDADE DA ALMA

306/1987,p.480. 301/1987,p.252.

IMPEDIMENTOS PARA CASAMENTO

303/1987,p.349.

INDIFERENCA RELIGIOSA

297/1987,p. 58.

INFERNO: nocáo "INQUISICÁO E CRISTÁOS-NOVOS" por Antonio José Saraiva INQUISICÁO ESPANHOLA

306/1987,p.457.

MEDIEVAL. .

PORTUGUESA

INTERCOMUNHAO EUCARfSTICA CATÓLICOPROTESTANTE INTERVENCÁO NA PROCRIACÁO HUMANA IOGA-o queé 581

300/1987,p.225. 297/1987,p. 82. 300/1987,p.226. 300/1987,p.229.

296/198,7,p. 22. 302/1987,p.304. 299/1987,p.l61.

54

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

I.O.R. E AMBROSIANO IVO SCHMITT: ordenagao

304/1987,p.399. 3O2/I987,p.327. J

JACQUES LOEW: "Meu Deiis..."

JEOVÁ OU JAVÉ? JESÚS CRISTO E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ JOÁO XXIII: discurso alterado?

296/1987,p. 12.

307/1987,p.542. 307/1987,p.543. 298/1987,p.l23.

JOÁO PAULO IIE JOVENS

296/1987,p.

2.

JOVENS FRANCESES E PAPA

296/1987,p.

2.

JUIZO, PURGATORIO E INFERNO

306/1987,p.454.

JULGAMENTO PARTICULAR E UNIVERSAL

306/1987,p.4S 1.

K KURT WALDHEIM NO VATICANO

306/1987,p.477.

L

LEGITIMA DEFESA: justificativa

298/1987,p.l37.

LEJEUNE, JEROME, e Genética

305/1987,p.457.

LIBERTACAO ETRINDADE

298/1987,p.lll.

LOGOSOFIA: que é?

305/1987,p.472.

LUCHAIRE, JEAN: conversío

306/1987,p.462.

"LUZ SOBRE AIDADE MEDIA" por RéginePemoud .

297/1987,p. 70.

LOEW, JACQUES: "Meu Deus..."

296/1987,p. 12.

M

MACONARIA E JOÁO XXIII

306/1987,p.475;

NA INGLATERRA "MÁEDO REDENTOR": encíclica

305/1987,p.470. 302/1987,p.290.

NHO MAL E EXISTENCIA DE DEUS MANUSCRITO BÍBLICO MAIS ANTIGO MARAN, JULIO: "Sementes de Harmonia" MARCINKUS, PAÚL E AMBROSIANO MARÍA NO MISTERIO DE CRISTO

302/1987,p.295. 297/1987,p. 62. 296/1987,p. 22. 299/1987,p.l68. 304/1987,p.399. 302/1987,p.399.

"MAGNÍFICAT" DA IGREJA QUE ESTÁ A CAMI-

582

ÍNDICE GERAL 1987

55

MARQUÉS DE POMBAL EINQUISICÁO MA'RTIR - quem é

300/1987,p.232. .

299/1987,p.lS4.

MÁRTIRES DA AMÉRICA LATINA

299/1987,p.l54.

MATRIMONIO E HOMOSSEXUAUDADE

298/1987,p.l02.

MEDJUGORJE: apreciacao "MEU DEUS, EM QUEM CONFIO" por Jacques Loew . "MISSÁO" - filme

300/1987,p.212. 296/1987.p. 12. 303/1987,p.373.

DA IGREJA E UNIDADE DO GÉNERO HUMANO MISSOES INVISI'VEIS E GRACA MODELO DA IGREJA

306/1987,p.441. 298/1987,p.l 18.

MORTE, TEMOR DA

306/1987,p.448.

298/1987,p.l20.

MUDANZAS DE SENTIDO ÑAS TRADUC.ÜES DA BIBLIA

296/1987,p. 44.

N NASCIMENTO DE JESÚS: data

300/1987,p.204;

E MORTE DO HOMEM

297/1987,p. 56.

NATIV1DADE (RJ): apari9Óes? NE1MAR DE BARROS: Circular explicativa

306/1987,p.466. 297/1987,p. 95.

"O DOM DA VIDA" - resposta a questóes de Bioética. .

302/1987,p.299.

OGORODNIKOV, ALEKSANDR - prisioneiro russo. . .

299/1987,p.l79.

"O HORÓSCOPO DA SUA VIDA" pelo Pe. Mauro Ferrero "O NOME DA ROSA" - filme

304/1987,p.415. 303/1987,p.367.

ORAC.ÓES - Jornada em Assis ORGANIZACÓES FINANCEIRAS MULTILATERAL . ORIGEM DO MAL NO MUNDO OSBORNE, D'ARCY E PIÓ XII

306/1987,p.434. 301/1987,p.286. 297/1987,p. 87. 305/1987,p.434.

P

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO e divida

301/198,7,p.279.

"PATREQUE, FILIOQUE, SPIRITUQUE"

298/1987,p.ll6.

PENA DE MORTE: sim ou nSo?

298/1987,p.l33. 583

56

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

PENSAMENTO PAULINO - evoli^o

301/1987,p.261.

PERICÓRESÉ E L. BOFF PERSEGUIDOS POR CAUSA DA FÉ

298/1987,p.lll. 304/1987,p.427.

PIÓ XII, OS NAZISTAS E OS JUDEUS

305/1987,p.434.

POMBAL E INQUISigÁO

300/1987,p.232.

POVO DE DEUS, CHAMADO DO ALTO

296/1987,p. 30.

PRECONCEITOS CONTRA A METAFÍSICA E A FÉ •. . :

299/1987,p.l51.

PRÉ-HISTÓRIA E SEPULTURAS PURGATORIO

CRISTA

306/1987,p.444. 306/l987,p.458. Q

"QUE É A IOGA" por Ismael Quiles, S.J

299/1987,p.l62.

R

REENCARNACÁO E IOGA RE-LE1TURA DA PALAVRA DE DEUS REL1GIÁO - para qué?

299/1987,p.l67. 307/1987,p.537. 297/1987,p. 50.

RÉPLICAS Á BIOÉTICA

302/1987,p.312.

RESSURREICÁO DOS MORTOS NO N.T RICACO E LÁZARO: valor escatológico "RIQUEZAS" DO VATICANO: verdadeira versao

301/1987,p.259. 301/1987,p.256. 302/1987,p.332.

S

SACERDOTES: missSo hoje SALVACAO NO PLANO DIVINO SANTI'SSIMA TRINDADE e L. BOFF

296/1987,p. 8. 301/1987,p.268. 298/1987,p. 111.

SARAIVA, ANTONIO JOSÉ: "Inquísifío..." SCHMITT, IVO: ordenafao

300/1987,p.225. 302/1987, p.327. 296/1987,p. 33. 299/1987,p.l68.

SECULARIZACÁO E SECULARISMO "SEMENTES DE HARMONÍA" por Julio Maran "SENHOR E GRANDE ARQUITETO" - Ora?5o de

Joáo XXIII? SEPULTURAS NA PRÉ-HISTÓRIA SER HUMANO: quando cometa? SILVA, EMILIO: "Pena de morte já" 584

306/1987,p.475. 306/1987,p.444. 305/1987,p.457. 298/1987,p.l33.

ÍNDICE GERAL 1987 SOFRIMENTO - o porqué

57 297/1987,p. 61.

- só para os maus?

297/1987,p. 64.

- vantagens

297/1987,p. 65.

STENDHAL, KRISTER e imortalidade

301/1987,p.252.

SURTO DA IGREJA NA CORÉIA

295/1987,p. 140.

SVETLANA STALIN - através de cartas

299/1987,p.l87.

T TABACO - histórico e difusao

307/1987,p.551.

TERESA NEUMANN: que pensar?

299/1987,p.l72.

TESTEMUNHAS DE JEOVÁ E BIBLIA

307/1987,p.539.

TRADUCÓES DA BIBLIA - linguagem popular TRINDADE E LIBERTADO

296/1987,p. 40. 298/1987,p.l 11.

V

VALORIZAC.ÁO DA ORAC.ÁO

3O6/1987,p.44O.

VATICANO E DIVIDA EXTERNA E BANCO AMBROSIANO

301/1987,p.277; 304/1987,p.399;

E KURT WALDHEIM VATICANO II: discurso de abertura VIDA ETERNA SEGUNDO O NOVO TESTAMENTO. .

E BIOÉTICA

306/1987,p.477. 298/1987,p. 123. 301/1987,p.2S2,

302/1987,p.299; 30S/1987,p.457;

- seu sentido

297/1987,p. 51.

"VIVER SEM O TEMOR DA MORTE" por Renold J.

Blank VOCACÓES, segundo J.P. II "VOCE, VOCES"' e traduces da Biblia

306/1987,p.448. 296/1987,p. 7. 296/1987,p. 46.

W

WALDHEIM, KURT, E VATICANO

306/1987,p.477.

ED ITO R I AIS

A CORAGEM DO APOSTÓLO A MÁE DO REDENTOR

301/1987,p.241. 300/1987,p.l93. 585

58

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 307/1987

AO TEU ENCONTRÓ, SENHOR! ATÉ QUANDO, SENHOR? "EIS QUE BATO Á PORTA..."

305/1987,p.433. 304/1987,p.38S. 296/1987,p. 1.

MARAÑA THA!

307/1987,p.529.

PALAVRA E VIDA

302/1987,p.289.

PARA QUE A VIDA SEJA PRECIOSA

306/1987,p.433.

PÁSCOA: A VITORIA DA VIDA PEREGRINACÁO, JEJUM E ORACÁO

299/1987,p.l45. 297/1987,p. 49.

PROFECÍAS... CALAMIDADES

303/1987,p.337.

30 ANOS

298/1987,p. 97.

LIVROS APRECIADOS BIBLIA SAGRADA, NOVO TESTAMENTO. Edicto Pastoral

306/1987,p.478.

BAIS, María Cecilia. A Vida Intima de Nosso Senhor Jesús Cristo

307/1987,p.572.

CAVALCANTI, Tereza Mana. Pensamento Teológico de

Carlos Mestets

298/1987,p.l43.

CECHINATO, Pe. Luiz. Caminhando com Jesús

303/1987,p.381.

DREYFUSS, Francois. Jesús sabia que era Deus?

307/1987,p.567.

FREIRE-MAIA, Newton. Criacáo e Evolucáo. Deus, o

Acaso e a Necessidade

298/1987,p.l44.

GALLAZZI, Sandro. Ester, a Mulher que enfrentou o

Paládo

303/1987,p.383.

GRIMANI, Sandro, O Valor do Raciocinio no Pensa mento de Cristo

307/1987,p.S76.

HORTAL, Jesús. Os Sacramentos da Igreja na sua Di-

mensáo Canónico-Pastoral

304/1987,p.398.

INSTITUTO DIOCESANO MISSIONÁRIO DOS SERVOS DA IGREJA Obediencia e Salvacáo. Vol. I:

Moral Fundamenta]

3O3/1987,p.381;

Vol. II: Vicios e Virtudes

304/1987,p.426.

JAEGER, ¡Ruperto Antonio, A Biblia em Palavras Cruza das

307/1987,p.538.

MAIA, Antonio. Pequeño Dicionário de Nossa Senhora . MARSILI, S. e outros. Anamnesis. Vol. 3: A Eucaristía-

Teología e Historia da Celebracáb

298/1987,p. 144.

306/1987,p.480. 586

ÍNDICE GERAL 1987

59

NOVO TESTAMENTO. Tradu?áo Ecuménica da Biblia .

307/ 1987,p.549.

ORAC.OES A NOSSA SENHORA, col.por A.Schwab. . .

307/1987,p.S74.

ORAgÓES AO CORACÁO DE JESÚS, col. por A. Schwab

307/1987,p.574.

SCHWAB, Artur. Eis o Paráclito

307/1987,p.574.

SIQUEIRA, Tercio Machado e outros. A Verdade da

Justica

306/1987,p.479;

Leitura da Páscoa como Memorial de Iibertacao

. . .

TEPE, Valfredo. Nos somos Um. Retiro Trinitario

303/1987,p.382.

305/1987,p.456.

TONUCCI, Paulo Maria. Historia do Cristianismo Primi tivo

303/1987,p.304.

"EU VOS PECO: AMA I COMiGO, CORREI CRENDO, DESEJEMOS

A PATRIA CELESTE, SUSPIREMOS PELA PATRIA DO ALTO. SINTAMO-NOS COMO PEREGRINOS AQUÍ. . . CARISSIMOS, DIZ JOÁO, SO

MOS FILHOS DE DEUS E AÍNDA NAO SE MANIFESTOU O QUE SERE MOS; SABEMOS QUE, QUANDO APARECER, SEREMOS SEMELHAN-

TES A ELE, PORQUE O VEREMOS TAL QUAL É!

PERCEBO QUE VOSSOS SENTIMENTOS SOBEM COMIGO PARA

AS ALTURAS; MAS O CORPO CORRUPTlVEL PESA SOBRE A ALMA... DEIXAREI ESTE PULPITO; SAIREIS TAMBÉM VOS, CADA UM PARA A SUA CASA. SENTIMO-NOS BEM NA LUZ COMUM, MUITO NOS ALE GRAMOS. . .; MAS, AO AFASTAR-NOS UNS DOS OUTROS, DELE NAO NOS AFASTAREMOS".

(S. AGOSTINHO, SOBRE S. JOÁO, TRATADO 35,8-9)

587

CURSOS POR CORRESPONDENCIA SAO PEQRO NOS DIZ QUE TODO CRISTÁO DEVE ESTAR SEMPRE PRONTO PARA RESPONDER A QUEM LHE PECA RAZOES DA SUA ESPERANCA (1PD 3,15). EM VISTA DISTO, A ESCOLA "MATER

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ATÉ A ESCATOLOGIA OU CONSUMACÁO.

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