Poesia
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Rumores do fim de tarde por Thiago Calixto
Na reminiscência dos meus sonhos Algo foi roubado É conhecido este fado Mas não o deixo pontuado São velhos os rumores Novos os presságios Análogos No contato, atualizados Reformados nesse diapasão Ilustram a repetição Na perda a vocação
Agora somos todos Culturanja.
Por Tiago K. Inforzato
Caros amigos leitores, os mais atentos devem ter percebido que o nome da nossa página mudou, mas não foi uma simples mudança de nome, tal fato é reflexo das várias pequenas mudanças que estavam acontecendo durante esse ultimo semestre no “Cultura & Arte”. À partir de hoje somos “Culturanja”. Culturanja é um complexo de mídias que eu, juntamente com Nevilton de Alencar Jr. criamos para divulgar a produção independente de arte e cultura. Damos ênfase para a produção local, mas não nos limitamos a ela. Você pode ter acesso a esse conteúdo de várias formas: Caso você não seja muito da leitura e goste de ouvir rádio, temos o Culturanja na Rádio, que vai ao ar pela Rádio Universitária Paranaense (107,7 FM) todas as terças-feiras das 22 às 23h, com reprises aos sábados das 19 às 20h. Mas se você passa horas pela internet, também estaremos lá, no nosso blog: www.culturanja.blogspot.com, onde poderá ler muitos textos produzidos por nossos colaboradores (resenhas de livros, discos e outros textos dos mais diversos temas) e isso inclui nossas publicações de domingo no Umuarama Ilustrado. No blog você também poderá ouvir, à qualquer hora, os nossos programas do rádio, que ficam disponíveis no formato podcast. É só acessar e ouvir. Vocês também vão perceber pequenas e grandes mudanças aqui na página. Vão perceber que não existe mais meu nome no cabeçalho e que agora todos os textos são assinados. Antes eram apenas creditados os textos que não eram meus, já que eram apenas participações esporádicas de colaboradores. Não mais, pois agora a intenção é ter a constante participação dos mais diversos colaboradores nas mais diversas linguagens: poesia, prosa, gravuras, etc. Somos, enfim, um coletivo de autores, de idéias e de formatos. A outra mudança é a entrada de mais um jogador em nosso time titular: a Caroline Guimarães Gil, que abraçou a causa, vestiu a camisa e vêm desempenhando ótimamente bem o seu papel. Seja bem vinda Carol! E logo teremos mais gente legal entrando em campo, os antigos colaboradores já estão no aquecimento para a re-estréia, como o Nevilton de Alencar Jr. e o Thiago Calixto, agora é esperar pra ver. Divirtam-se e até o próximo Culturanja.
Umuarama, domingo, 9 de agosto de 2009
Família da Atualidade: Desordem com que Ordem? por Caroline Guimarães Gil
Fui pesquisar sobre a estrutura familiar na atualidade e me alarmou em muitos aspectos, primeiro que não há verdadeiramente um compromisso com o papel a ser realizado dentro da família. Por exemplo, o pai se torna o avô, o tio é quase um irmão, e a sogra é quase que uma nova esposa! Não há um papel definido dentro da família, ocorrendo muitos conflitos internos e até mesmo num âmbito mais amplo. Bom, acho que deve ser por isso que a criança faz legenda quando desenha numa folha a família. Devemos nos recordar que família é constituída por mais de um elemento, mesmo que estes não se relacionam muito bem, é preciso lembrá-los da importância do seu papel naquele espaço. É como retirar o protagonista da história no final do filme! Não consigo imaginar um filme do SuperMan sem o Clark Kent ou mesmo a Lois Lane, ou até mesmo o Diretor do Jornal, ou até os funcionários da empresa e etc. Tive a oportunidade de estar perto de algumas crianças que possuem essa desordem familiar, e foi muito interessante. Ao brincar com elas, sem que eu perguntasse algo a respeito de sua família, elas começavam a contar sobre todo o seu ambiente familiar, relatando cada um dos membros que a pertencia. Fiquei deslumbrada com o tamanho do conhecimento que elas possuíam sobre a palavra “família” e que este não condizia com o que via dentro de sua casa. Elas ainda palpitavam soluções, argumentando alternativas para resolver os problemas que enxergavam em sua família. As soluções que elas tinham - era sempre muito interessante - combinavam num ponto: as relações interpessoais. É claro, elas não utilizaram este termo, mas relatavam
a dificuldade que cada membro tinha de se relacionar, sempre discutindo, brigando, tornando tudo muito complicado, esse mundo dos adultos! Inclusive, algumas delas, até questionavam esses membros da família, e falavam para eles o que deveriam fazer para que tudo ficasse “melhor”. Toda essa história me lembrou outra! Seu autor é Agostinho Minicucci (Relações Interpessoais – Psicologia das Relações Interpessoais), o qual descreve que o que o jovem Cupido pomposamente preparou suas flechas - ouro, amor, ódio e desprezo – e desceu a terra numa reunião de jovens. No início, Cupido os estranhou, mas achou-os bem comunicativos! E já foi lançando suas flechas de amor... Porém, era muito curioso, pois essas flechas não produziam efeito algum sobre eles. Mas, imaginou que poderia estar à flecha do amor, com prazo de validade vencido. Cupido resolveu então ir pessoalmente conversar com eles e foi logo se apresentando, mas o pessoal da reunião foi tão frio, e cheio de olhares com desdém. Foram depressa falando que sabiam muito bem o que era o amor, e não precisava de ninguém para dizê-los o seu significado! Pois bem, não deu muito tempo para que todos num berro gritassem: FORA! Arrumou então suas lanças, colocando-as no bornal. “Eles amam e não sabem o que é o amor. Gostam e não definem gostar. Sentem-se atraídos e não explicam por quê. Odeiam, mas não sabem o que traduz esse sentimento” refletia Cupido deitado sobre uma nuvem. Então, voltou para Olimpo e mudou de emprego, trabalhando agora num ferro velho. É... Será que escolhemos aprender por meio da dor e não pelo amor?
Ele mostrou como se dança o Baião. E ninguém mais esqueceu. por Tiago K. Inforzato
No dia 02 de agosto de 1989, deixava os palcos e o mundo Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, ou como diria Raul Seixas: o Elvis Presley do Sertão. Gonzaga tirou a música nordestina da marginalidade, dos cafundós do sertão e trouxe os sons da Sanfona, da Zabumba e do Triangulo para a MPB, pela porta da frente, assim com fez Elvis com aquela música de pretos, que hoje chamamos de rock. Nos anos 50 o Brasil era um pais em urbanização e o chique era o americano, o Glenn Miller e companhia. Xaxado, Forró, Xote, Baião... era tudo ritmo de pião de obra nordestino, cabeça chata. E nesse período chegou o Gonzagão, munido de sua sanfona e com contrato assinado com a Rádio Nacional, trouxe o folclore e a cultura nordestina para os filhos do sertão Brasil afora, o braço forte que ergueu, tijolo a tijolo, as grandes metrópoles que temos hoje. De rebote ele também acabou conquistando o coração de todas as classes sociais do país e atingiu o patamar de grande músico de sucesso nacional. À partir dos anos 50 até sua morte em 1989, ele emplacou vários hits em todo o país. Canções como Asa Branca, Baião, Paraíba, Assum Preto e outras tantas ajudaram a divulgar e popularizar um pedaço da cultura nacional que poucos conheciam até então, algo que hoje nos é velho conhecido e faz parte inconteste da nossa cultura: a realidade do sertanejo nordestino, muitas vezes miserável, mas sempre feliz e esperançoso com a vida. E nas comemorações dos 20 anos da morte de Gonzaga, houveram e haverão vários lançamentos em vídeo e áudio de sua obra. Já está em fase de finalização um filme biográfico (nos moldes de Dois Filhos de Francisco, o do Zezé de Camargo e Luciano); também estão saindo do forno vários documentários em vídeo e algumas coletâneas em áudio, como a que a Som Livre lançou a pouco: Gonzagão Sempre. Todos, obviamente, uma boa pedida para conhecer ou matar a saudade do “Véio Lua”, como também era chamado. Certo é que Gonzaga, ao trazer a cultura rica, colorida e peculiar do nordeste para o resto do pais, contribuiu para que todas as vertentes artísticas se sentissem atraídas a experimenta-la, usa-la e serem influenciados em sua arte, resultando nesse sincretismo artístico que temos hoje no pais todo, e até hoje muitos bebem dessa fonte. Tudo bem que ele pode não ter sido o único, mas foi pioneiro. Êta cabra arretado!