15 Umuarama, domingo, 23 de agosto de 2009
por Tiago Inforzato
47 anos de bons conselhos. Parabéns aos Psicólogos! Era só mais um dia. Poderia ser
Crônica
As vias de um discurso
por Thiago Calixto
E aquele menino que gostava da chuva, não podia nela brincar, na terra então nem ousava pisar. Não podia escolher suas roupas, seu lugar na mesa. Paladar ele não tinha; era seu pai quem lhe dizia. Obrigado a estudar quando bola ele queria jogar. Não lhe eram respeitados seus direitos enquanto sujeito vestido de criança. Como se não tivesse vontade própria. Desejava futebol, fazia natação, preferia espanhol, matriculavamno nas aulas de inglês. Daí para as brigas na escola e na rua foi um passo. E nesse passo o percalço de uma tola vida obliterada, impedida. Era sua forma inconsciente de requerer seu nome, pugnar por sua identidade em formação, prejudicada de antemão. A liberdade, vigiada, de repente lhe foi dada. Nesse ínterim já não mais queria escolher (nem sabia o quê e pra quê), também pudera. Tal promessa equivocada lhe atravessou numa dor calada, suprimida, revoltada. Liberdade de escolha, agora, meu caro menino, isso só pode ser piada travestida de elogio. Teu choro foi engolido, esquecido, menino, haja vista que nem metade da história coube nestas linhas. E num baile de máscaras a Senhora Sociedade, clama pelo poder ignóbil. Pó é o que te espera Menino/ homem. Vosso futuro é a abjeta morte. O fim de teu respiro, a queda da tua libido, o fenecer de teu corpo flácido, a impotência de teus desejos. Tudo isso enterrado num dia de chuva!
de sol ou de chuva, frio ou calor... não se sabe. Mas naquele momento, há milhares de anos atrás, aquele sujeito tomou consciência de si, libertou-se da massa, notou que era mais do que apenas um no meio dos outros, percebeu que era único. A consciência de si o fez pensar. Questionou-se pela primeira vez e quis saber os seus motivos, os por quês das coisas e do mundo. Mas não importa exatamente quem ou quando, naquele momento, armado com o “por quê?”, aquele simples “ser” tornou-se um “ser humano”. E com o pensamento feio a filosofia, a mãe das ciências. Apesar de serem tão antigos quanto a origem do pensamento, os estudos psicológicos se desvincularam da Filosofia e da Fisiologia e foram reconhecidos como ciência autônoma só no final do século XIX. E foi por pensarmos tanto, por tanto tempo depois daquilo, chegamos ao mundo moderno cheios de idéias, manias, desejos, medos, regras, limitações, liberdades e outras tantas coisas que podem ser boas ou más e – pasmem! - isso depende muito do seu ponto de vista. Sou filho de Psicóloga, amigo de inúmeros Psicólogos e já fiz terapia (e recomendo!). Isso me deixou muito sensível à causa da Psicologia. Então fiquei sabendo que neste dia 27 de Agosto, completa-se 47 anos do reconhecimento oficial da profissão de Psicólogo no Brasil e resolvi dar uma olhada na odisséia desse pessoal. Era 1962 e o a Seleção Brasileira de Futebol de Pelé, Didi, Zagallo e Garrincha tinha acabado de conquistar o Bi-Campeonato da Copa do Mundo. E foi em meio a essa alegria toda que regulamentou-se a profissão de Psicólogo. Mal sabiam que dali a dois anos viria Golpe de 1964 e a Ditadura Militar tomaria conta da vida nacional em todos os aspectos, inclusive do pensamento. E assim, a classe recém reconhecida dos profissionais do pensamento - e também do sentimento, da emoção, como me disse o Calixto - que poderiam atuar como agente de
transformação social nesse período crítico da história, sofreu com as limitações ideológicas dos Militares. Com uma ideologia despolitizada e em sua maior parte acrítica, trabalhava-se para inserir da melhor forma possível o sujeito na sociedade. O tempo passou, a Psicologia evoluiu e saiu das clínicas, extrapolou o indivíduo. Hoje o papel do psicólogo se desenvolve em diversas áreas como a forense, a educacional, no trânsito, na indústria, no esporte e em vários setores das políticas públicas. E não se duvida mais do caráter fundamental do uso da Psicologia para o bom funcionamento de qualquer organização social. Hoje, com uma concepção mais abrangente de homem e de mundo, já não se tem como objetivo adaptar o sujeito às normas sociais, mas sim de ajuda-lo a conhecer-se, aceitar-se e interagir sem medo com a sociedade e seus iguais, pois é assim que se evolui. Encara o homem como agente transformador, que influencia ao mesmo tempo que é influenciado pelo meio em que vive. Percebi também que a psicologia está mais presente do que eu imaginava em minha vida, que mesmo sem saber exatamente o que ela é ou mesmo a função exata de um psicólogo, todos nós a usamos no trato diário. Basta se relacionar com mundo, afinal palavra “relação” é fundamental na Psicologia. Portanto, por estarem tão presentes em nossas vidas, desejo um Feliz Dia do Psicólogo a todos os profissionais e estudantes da área, pois nos somos felizes (e podemos continuar a ser) com vocês por perto.
“Ação Cultural”: Bate Papo com o Pessoal da Cia. Cênica da Unipar por Caroline Guimarães Gil
Leia e assine o Jornal Umuarama Ilustrado 3621-2500
No dia 14.08 pude presenciar um ensaio da peça “O Pequeno Príncipe” elaborado pela Cia. Cênica da Unipar – bolsistas do PIBIA (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Artística) - com a presença do Coordenador de Arte de Cultura, Alessandro Antonio Silva. Após o ensaio, numa conversa com o Coordenador, informou que os eventos que iriam acontecer nos dias 21, 22, 27 e 28.08 serão prorrogados para o mês de novembro. Segundo ele, a edição dança - dos eventos da “Ação Cultural” da Universidade - teve que ser adiada devido à suspensão das atividades - estabelecidas pelos órgãos de Saúde Pública – com relação às medidas preventivas contra a gripe A. Explica que, como as atividades foram suspensas, conseqüentemente os bailarinos e os envolvidos com o evento de algumas cidades, foram afastados dos ensaios, portanto irão transferir a data para novembro. Além de avisar sobre este ocorrido, explicou melhor a respeito da “Ação Cultural”, título atribuído aos eventos de arte de cultura pela DEGCD (Diretoria Executiva de Gestão da Cultura e Divulgação). Afirma que os eventos artísticos realizados pela faculdade são os mesmos, apenas foi conferido um nome para a ação como forma de identificação e que este se vincula muito bem à idéia de formação de público que seriam as ações primordiais deste ano. Por este motivo, a edição Teatro da Cia. Cênica (PIBIA) estará acontecendo em Outubro, durante 4 dias, restrito apenas a escolas convidadas, com o intuito de incitar esses jovens a ter um olhar mais crítico sobre a arte, ou seja, alcançar uma formação de público para os eventos culturais da cidade, preparando-os. Além deste evento, acontecerá no mês de novembro deste ano o FEITU (Festival Intercampi de Talentos Universitários) que irá trazer teatro, música e dança aberto a toda comunidade.
Ainda neste bate-papo com o Coordenador, conversei com duas integrantes do grupo da Cia. Cênica, que estão tendo seus primeiros contatos com o teatro. Luciane de Oliveira – 16 anos – explica que antes de possuir o contato com esta arte possuía uma visão totalmente diferente da mesma, reconhecendo a seriedade do projeto que despende de constantes ensaios. Afirma ainda – a estudante – que a comunidade precisa se informar melhor sobre dança, teatro e música. Já Angélica Caetano – também da Cia. Cênica, 17 anos – diz estar aprendendo não somente arte, mas também coisas para a sua própria vida. E neste converseiro, Alessandro complementa que a arte “é uma forma de entrar em contato com você mesmo”, explicando que as meninas tiveram essa oportunidade enquanto faz o espetáculo “O Pequeno Príncipe”. Ah! Ufa! E depois de toda essa conversação! Não poderia deixar de contar um pouquinho para vocês sobre a espiada que eu dei no espetáculo e o que eles me contaram sobre a peça. Ela dispõe de muitos recursos, como instalações de plataformas giratórias no palco, repleto de movimentações, para ambientar o público no espaço da magnífica fábula de Saint-Exupéry. Se preparem para os olhares! Pois o público ficará bem próximo aos atores, dispersos pelo próprio palco, para vivenciar de perto esta história do jovem príncipe. Segundo Alessandro, trazer uma obra infantil para os estudantes que estão tendo um primeiro contato com a arte será de grande proveito, pois obterá um contato muito rápido, um vínculo de fácil acesso. E ainda conta que o texto do livro é seguido na integra, e que possui questionamentos contemporâneos do ser humano. Depois desta, acho bom reservarem o mês de novembro para a tonelada de eventos artísticos na cidade.