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DOMINGO 11 DE FEVEREIRO DE 2007
JORNAL DO BRASIL
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PERÍCIA I Efeito ‘CSI’ deixa telespectadores mais espertos, mas ensina criminosos a se safarem
A ciência está a serviço da polícia Juliana Anselmo da Rocha
O seriado de TV CSI: Crime scene investigation tem dado mais trabalho para os investigadores americanos. De acordo com o consultor da série e autor do livro Forensics for dummies (“Perícia para iniciantes”), Doug Lyle, os episódios “ensinam muito sobre os crimes e as maneiras de acobertá-los”. – A série CSI é muito popular. Os telespectadores ficam mais espertos. Os criminosos, também. Aprendem, por exemplo, que devem cobrir os sapatos para não deixar pegadas e usar alvejantes à base de cloro para limpar evidências de sangue – observa Lyle. Marg Helgenberger, que interpreta a perita Catherine Willows no seriado, prefere chamar atenção para o impacto nas crianças: – Educa e faz com que se entusiasmem com a ciência. O “efeito CSI” já afeta o Brasil, com exibições da série na TV aberta e fechada. – O programa mudou profundamente a forma como as pessoas encaram a criminalística e a perícia. Não precisamos mais explicar a um júri o valor de uma impressão digital ou de um exame de DNA – pondera o produtor executivo Naren Shankar. Thiago Moretti, entomologista forense da Unicamp, concorda que a série torna o público mais consciente da cooperação entre a ciência e a polícia para a solução de crimes. – A diferença entre o CSI e a vida real é que no seriado tudo acontece muito direitinho – compara. – É difícil para a perícia coletar evidências, principalmente porque nem sempre o local é corretamente preservado. Entre as técnicas de perícia
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mais empregadas para a identificação humana estão a observação das características físicas – como tatuagens e cicatrizes – impressões digitais e análise de ossadas – como a medição da arcada dentária, do diâmetro do crânio e da bacia. – Outro exame que se popularizou é o dos seios da face. Descobrimos que as marcas nas cavidades nasais são únicas, como as impressões digitais – explica o perito legista do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, Paulo Carneiro. O custo e a rapidez são as grandes vantagens desses métodos. Quando são insuficientes, a opção é o exame de DNA. – Mas os peritos podem usar qualquer coisa que encontrarem – completa Lyle. – Pedaços de tecidos, fios de cabelo, guimbas de cigarro e mesmo insetos. Para o diretor do Instituto de Criminalística do Estado de São Paulo, José Domingos das Eiras, “a criminalística é a ciência na qual os fatos não se repetem”. O trabalho exige “levantamento minucioso do local do crime e análises laboratoriais do material coletado”. Paul Guilfoyle, que interpreta o capitão Jim Brass, completa “que o seriado mostra que as evidências físicas não mentem e faz com que acreditemos na ciência”. Lyle só faz uma ressalva: – As pessoas esperam que a ciência resolva todos os crimes. Mas, em alguns casos, bons policiais fazendo perguntas certas às pessoas certas são suficientes. A ciência é um suporte, mas é caro e demorado.
Insetos explicam a morte
A entolomologia forense usa especialmente besouros e moscas para descobrir detalhes sobre um crime. Comemorada no exterior por conseguir esclarecer desde o intervalo post mortem – tempo passado entre a morte e a descoberta do corpo – até o abuso de substâncias químicas, não é muito empregada no Brasil por falta de um banco de dados de insetos característicos de cada região. – A entomologia forense é muito útil. Pode mesmo nos dizer se um cadáver foi transportado, ao encontrar insetos de áreas diferentes de onde foi achado – explica Lyle.
Moretti, que trabalha na compilação de dados de insetos úteis à entomologia forense no Brasil, revela que o primeiro registro do uso dessa ciência aconteceu na China em 1235. – Ovos, larvas e insetos adultos são analisados. No país, 90% das informações são colhidas de exemplares das famílias Calliphoridae, Sarcophagidae (de moscas) e da Dernestidae (de besouros) – completa. De acordo com Moretti, as moscas chegam ao corpo poucas horas depois da morte, enquanto os besouros têm papel especializado na decomposição dos ossos.
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O seriado educa e faz com que as crianças se entusiasmem com a ciência Marg Helgenberger, atriz de ‘CSI’
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O ‘CSI’ é muito popular. Os telespectadores ficam mais espertos. Os criminosos, também Doug Lyle, consultor científico