Dengue

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CYAN MAGENTA AMARELO PRETO

Vida Saúde&Ciência A28

DOMINGO 3 DE JUNHO DE 2007

JORNAL DO BRASIL

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INTERNACIONAL 28

CYAN MAGENTA AMARELO PRETO

INTERNACIONAL 29

Sintomas das principais doenças Dengue Febre, dores musculares, nas juntas e atrás dos olhos. Vômitos e sangramentos nas gengivas em casos graves Encefalites Dores de cabeça, que nem sempre se apresentam. Sem tratamento, evolui para morte

Malária Pele pálida, náusea, vômitos, dores de cabeça, febre alta e inter mitente Filariose Só é reconhecida em estágio avançado quando os membros – pés, braços – apresentam inchaço, pelo emaranhado e

calcificação de vermes mortos Febre Amarela Na fase aguda, apresenta náusea, vômito, tremores e dor muscular. Na fase tóxica, três dias depois, os sintomas são dor abdominal, hemorragia e falência dos rins, com produção de urina escura

Vida Saúde&Ciência

MOSQUITOS I São mais de 3 mil espécies conhecidas, das quais 33% pertencem ao gênero ‘Aedes’. Só no Brasil, esses insetos são vetores de mais de 200 vírus, além de protozoários e vermes

O zumbido traz a doença Juliana Anselmo da Rocha

São conhecidas pelo menos 3 mil espécies de mosquitos, das quais 1/3 pertencem ao gênero Aedes. Vetores de doenças importantes, esses insetos são capazes de transmitir mais de 200 tipos diferentes de vírus, além de protozoários e vermes. – É impossível calcular o número de arboviroses existentes, que são as doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos contaminados – garante Anthony Guimarães, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. Dengue, febre amarela e encefalites são as principais arboviroses. No Brasil, os casos destas últimas estão restritos, respectivamente, à região Norte e a cidades do interior, especialmente no paulista. Já a dengue, observa Vitor Berbara, superintendente de vigilância em saúde do Estado do Rio de Janeiro, pode ser considerada “endêmica” – sempre presente – em todo o país. – Registramos epidemias de dengue no Rio Grande do Sul, em

Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro. A doença existe em todos os Estados – completa. Só este ano, no Estado fluminense, já foram notificados 32.488 casos e 13 mortes por dengue. Embora os números alarmem os profissionais de saúde, Guimarães pondera que os registros são poucos comparados à população e insuficientes para serem classificados como uma nova epidemia. Além das arboviroses, os mosquitos podem transmitir doenças cujos agentes são protozoários – que tem como exemplo a malária, provocada pelas espécies Plasmodium falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malariae – ou vermes – caso da filariose, popularmente conhecida como elefantíase e cujos agentes são a Wuchereria bancrofti e Brugia malayi. A contaminação do mosquito

acontece quando ataca uma pessoa doente. Ao sugar o sangue, o inseto permite ao vírus alcançar seu sistema digestivo, onde se multiplicam ativamente. O mesmo acontece quando o agente é um protozoário ou um verme. No caso dos vírus e protozoários, as cópias migram para as glândulas salivares do inseto e são transmitidas aos humanos em uma nova picada. – O inseto inocula enzimas anticoagulantes no homem antes de começar a sugar seu sangue – esclarece Guimarães. – Produzidas nas glândulas salivares, essas substâncias são transferidas com os vírus. Os vermes, que têm tamanho maior, migram para as probóscidas – as peças bucais do inseto. Caem do inseto sobre a pele humana e aproveitam a perfuração da picada para alcançar o interior do corpo.

As mulheres e as crianças são as vítimas preferidas pelas fêmeas dos mosquitos. São elas que picam, pois precisam de uma proteína do sangue animal para amadurecer seus ovos. – São atraídas pelo ácido lático, eliminado pela pele, e pelo CO2, da respiração – revela Guimarães. – Mulheres e crianças costumam ter mais áreas do corpo descobertas e falar mais, o que as transformam em presas atraentes. Ao conviver com os diferentes tipos de doença transmitidos por mosquitos, a população mundial conseguiu minimizar o prejuízo que traziam. O fenômeno pode ser explicado pela seleção natural. Pelas gerações, as epidemias levaram à morte àqueles indivíduos suscetíveis aos patógenos, deixando intocados os resistentes. Os herdeiros desses humanos selecionados car-

regam em sua DNA as marcas que os protegem das doenças. – Um exemplo clássico da seleção se deu na Europa. Dos séculos 13 a 16, o continente foi alvo de várias epidemias de peste, que dizimavam de 50% a 80% dos habitantes das cidades – lembra Maulori Cabral, pesquisador da UFRJ. – Depois de tantas barreiras seletivas, a doença deixou de ser um problema, pois os humanos resistentes passaram a ser dominantes na população. Guimarães explica que muitas vezes pessoas infectadas por arboviroses apresentam sintomas semelhantes aos da gripe, como febre e dor de cabeça, que regridem espontaneamente até a cura. – Eu mesmo viajei para o Norte do país e voltei com uma febre que me acompanhou por três meses, sempre no mesmo horário do dia – conta. – Certamente era uma arbovirose, mas até hoje não sei qual o vírus ou o mosquito que o transmitiu. O mesmo tende a acontecer com as outras doenças transmitidas por mosquitos, sugere Cabral.

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