Aula 10 - Ascite

  • Uploaded by: santhiagoschneider
  • 0
  • 0
  • May 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Aula 10 - Ascite as PDF for free.

More details

  • Words: 1,580
  • Pages: 47
Ascite, Peritonite Bacteriana Espontânea Universidade Luterana do Brasil Disciplina de Hepatologia Clínica Prof. Cíntia Presser da Silva

Ascite • “Askites”(grego) = bexiga, barriga, bolsa – acúmulo de fluido na cavidade peritoneal • Etiologia: – Cirrose (80%)(80% por álcool) – Carcinomatose peritoneal • Câncer de mama, cólon, estômago ou pâncreas – Insuficiência Cardíaca – Tuberculose peritoneal

Ascite • Mais freqüente das complicações maiores da cirrose. • Cirróticos compensados: – 50% desenvolvem ascite em 10 anos • Cirróticos com ascite: – 50% sucumbe em 2 anos

Fisiopatologia da Ascite • Hipertensão Portal – Aumento da pressão hidrostática capilar

• Hipoalbuminemia • Superação da capacidade de reabsorção dos linfáticos

Fisiopatologia da Ascite • Vasoconstritores – Sistema reninaangiotensinaaldosterona (SRAA) – SNSimpático (catecolaminas)

• Vasodilatadores – Prostaglandinas (PGE2) – Calicreína-cinina – Fator natriurético atrial – Oxido Nítrico (ON)

Fisiopatologia da Ascite • Endotélio – Prostaciclinas • vasodilatadoras – Fator relaxante derivado do endotélio (FRDE) • vasodilatador – Endotelinas • vasoconstritoras

Fisiopatologia da Ascite • Excreção de água livre: – Aumento da atividade do hormônio anti-diurético (ADH) – Diminuição do filtrado aos segmentos diluidores do néfron

Fisiopatologia da Ascite T e o r ia s F is io p a t o lo g i a d a A s c it e

" U n d e r f illin g " S u b e n c h im e n t o

" O v e r f lo w " S u p e r e n c h im e n t o

V a s o d i la t a ç ã o P e r if é r ic a

“Underfilling” • Diminuição da pressão oncótica intra-vascular • Redução do volume vascular efetivo ativação dos baro-receptores arteriais vasoconstrição arterial com diminuição da vascularização renal ativação do SRAA e conseqüente retenção de Na e água.

“Overflow”

• A retenção anormal de Na precederia o surgimento da ascite, representando a sua causa primária. • Mecanismos neuro-endócrinos desconhecidos iniciariam a cascata do SRAA. • O evento primário seria a nível renal.

Vasodilatação Arterial Periférica • Vasodilatação arterial é o evento inicial da retenção de Na e água. • O “Underfilling” ocorreria, na realidade, em função de um aumento do compartimento vascular. • ON- principal agente envolvido

Diagnóstico

• História clínica e Exame físico direcionados para diferenciar as 4 maiores causas • Macicez dos flancos: 1,5 l de líquido • Manobra do Piparote: ascite tensa • Dúvidas? Ecografia detecta até: 100ml

Diagnóstico • Paracentese abdominal: – método mais rápido e custo-efetivo de diagnóstico do LA. – Coagulopatia não é contra-indicação – Complicações: • Hematoma de parede abdominal (1%) • Hemoperitoneo e Perfuração intestinal (1/1000)

Análise do Líquido de Ascite A n á lis e d o L A M a c r o s c o p ia

B io q u ím ic a

S e d im e n to

E xam e B a c te rio ló g ic o

E xam e C ito p a to ló g ic o

Análise do Líquido de Ascite • Macroscopia – Usual: amarelo citrino – Turvo: sugere infecção ou celularidade acima de 500/mm³ – Opalescente: triglicerídios aumentados, geralmente inferior a 200 (ascite quilosa: trig.>200) – Hemorrágico: carcinomatose peritoneal, hepatocarcinoma. OBS:afastar acidente de punção,

Análise do Líquido de Ascite • Bioquímica: – albumina (gradiente de albumina soro-ascite; >1,1=hipertensão portal) – amilase (>1000: ascite pancreática) – colesterol – densidade (pouco valorizada) – LDH, glicose – pH (valor prognóstico qdo < 7,15)(GpH sangue-ascite) – Proteínas totais (transudato<3,0g/dl;exudato>3g/dl)

Ascite

• OBS: Deve-se coletar os exames da bioquímica no sangue também, no momento da paracentese.

Análise do Líquido de Ascite • Sedimento: – Celularidade Total – Celularidade Diferencial • Hemáceas • Leucócitos, polimorfonucleares (PMN), linfócitos, monócitos...

Análise do Líquido de Ascite • Bacterioscópico(Gram) • Cultura: – 50% de positividade em pacientes com >250 céls/mm³ de PMN. – Alto índice de resultados falsos-negativos – Técnica convencional: 10ml de LA inoculados em hemocultura à beira do leito: positividade de 60 a 90%

Análise do Líquido de Ascite • Citopatológico: – Alta especificidade e baixa sensibilidade – 7% de positividade em pacientes com carcinomatose peritoneal (Guidelines)

“Guidelines” AASLD • Análise inicial do LA: – Citológico total e diferencial – Gradiente de albumina soro-ascite – Proteinas totais

• Suspeita de infecção do LA: (além dos anteriores) – Cultura – LDH – Glicose

Diagnóstico Diferencial Parâmetro CI PBE

CA TB IC

Proteínas >3g/dl Grad. Alb >1,1g/dl Amilase> soro Celulas> 500/mm³ PMN>250

-

+

+

+/-

+ +

-

-

+

-

-

-

-

-

-

+

+

+

-

-

+ +/-

-

-

-

Bacteriol.

-

Diagnóstico Diferencial • Citopatológico: pode ser positivo ou não na carcinomatose peritoneal (CA) • Glicose e LDH: importantes para diagnóstico diferencial entre PBE e Peritonite Secundária – G<50 e LDH

sugerem Peritonite Secundária

• Colesterol: acima de 50mg/dl sugere CA • BAAR: positividade de 0% na semeadura e aproximadamente 50% na cultura

Tratamento da Ascite • 1° passo: tratar a doença de base. – Álcool com ou sem hepatite C é a causa mais comum de ascite gerada por HP – Abstinência alcoólica é importantíssima!

Tratamento da Ascite • Repouso no leito: não é recomendado • Dieta pobre em sódio: 2g /dia • Diuréticos: AASLD espironolactona 100mg/dia associada ao furosemide 40mg/dia. Dose máxima de 400mg e 160 mg, respectivamente. • Restrição hídrica: – 1 a 1,5l dia – Somente quando hiponatremia (Na<120)

Hiponatremia International Ascites Club • Na > ou = 126 , Cr normal-manter diuréticos • Na 121 a 125,Na Cr normal-manter diuréticos, mas com cuidado • Na 121 a 125, Cr elevada-suspender diuréticos e dar volume • Na < ou = 120-suspender diuréticos -realizar expansão de volume com colóide. - restrição de líquidos se Cr normal

Tratamento da Ascite • Paracentese de alívio: ascite tensa ou refratária – Reposição de 6 a 8g de albumina por litro de ascite retirado – Quando drenagem <5l, expansores plasmáticos são tão efetivos quanto albumina • Shunt de LeVeen • TIPS (Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt) – Stent colocado por radiologia intervencionista – Shunt porto-cava

Tratamento da Ascite • Objetivo: – Pacientes com edema: perda de 1000ml/dia – Pacientes sem edema: perda de 500ml/dia • Considerar encaminhamento para Transplante Hepático, especialmente quando lista de espera em torno de 12 meses

Ascite • Bacterioascite: cultura positiva sem aumento de PMN • Ascite neutrofílica: PMN aumentados com cultura negativa

Ascite • Ascite Recidivante: retorno dentro de 4 semanas ou mais de 3 episódios /ano • Ascite Intratável: impossibilidade de utilização de diuréticos em função de IR ou efeitos adversos • Ascite Refratária: ausência de resposta aos diuréticos em pacientes sem IR e com dieta pobre em Na

Peritonite Bacteriana Espontânea-PBE • • • •

Infecção do LA na ausência de foco intra-abdominal Maior freqüência em cirrose alcoólica Mortalidade de 30 a 95% (45%) 10 a 27% dos pacientes apresentam a infecção no momento da internação hospitalar • 90% das vezes somente uma bactéria • 60 a 80% Gram negativas • E. coli, Klebsiella pneumoniae, Pneumococo

PBE • Diagnóstico: cultura positiva com PMN >ou=250 sem evidências de foco infeccioso intra-abdominal • Tratamento: cefotaxime 2g EV 8/8h(cobertura dos agentes mais comuns), ceftriaxone. • Diagnóstico diferencial com Peritonite Secundária (infecção do LA causada por foco intra-abdominal potencialmente tratável)

PBE • Clínica: – Clássica: febre, dor abdominal, Blumberg presente – Diarréia, náuseas, vômitos são comuns – Diminuição de resposta aos diuréticos • Profilaxia: Norfloxacin 400mg 1xd – Proteína do LA<1g/dl (10x maior a chance de desenvolvimento de PBE) – Hemorragia Digestiva – PBE prévia

PBE x PS • PBE – – – –

Proteínas totais<1 Glicose >50 Gram negativos LDH ascite<soro

PS – – – –

Proteínas totais>1 Glicose<50 Anaeróbios>80% LDH ascite>soro

Sindrome Hepatorrenal

• Desenvolvimento de insuficiência renal em pacientes com doença hepática grave, na ausência de qualquer doença renal identificável • Distúrbio renal funcional e não estrutural.

Sindrome Hepatorrenal História Natural • 20% dos pacientes cirróticos com ascite e função renal normal desenvolvem SHR em 1 ano 39% em 5 anos. • Prognóstico ruim (sobrevida média < 2 semanas).

Sindrome Hepatorrenal Classificação • Tipo 1: redução da funçaõ renal rapidamente progressiva (< 2 semanas), Creatinina sérica > 2,5 mg/dl ou redução da depuração de creatinina de 24 horas em 50%. • Tipo 2: preenchem critérios diagnósticos, mas a insuficiência renal não evolui rapidamente.

Sindrome Hepatorrenal Critérios Diagnósticos • Baixa taxa de filtração glomerular (Cr>1,5 ou DCE <40ml/min) • Ausência de choque, sepse em evolução, perdas hídricas, drogas nefrotóxicas • Ausência de melhora da função renal após suspensão de diuréticos e expansão do volume plasmático • Proteinúria < 500mg/dia, ausência de obstrução de vias urinárias ou de doença renal

Sindrome Hepatorrenal Critérios Adicionais • • • • •

Volume urinário<500ml Sódio urinário<10mmol/dia Osmolaridade urinária>osmolaridade plasmática Hemácias na urina<50/campo Sódio sérico<130

Sindrome Hepatorrenal Manifestações Clínicas • • • • •

Azotemia progressiva Pressão arterial média baixa Insuficiência hepática e ascite de difícil controle Anorexia, fraqueza, fadiga, náuseas e vômitos Hiponatremia, osmolalidade urinária elevada

Sindrome Hepatorrenal Dianóstico Diferencial • Pré-renal ( diarréia intensa induzida por lactulose, uso excessivo de diuréticos) • Uso de AINES ou drogas nefrotóxicas • PBE • Glomerulonefrite

Sindrome Hepatorrenal Tratamento • PVC • Infusão rápida de 1.500ml de soro fisiológico ou solução colóide • Suspensão de drogas nefrotóxicas • Punçaõ do líquido de ascite • Hemodiálise não é considerada efetiva • Transplante Hepático- Tipo 2 • TIPS

Tratamento Farmacológico • Vasodilatadores: Dopamina (sem melhora efetiva) • Vasoconstritores (reverter a intensa vasodilatação esplâncinica: ornipressina, Terlipressina (glipressina) • N-acetilcisteína

Related Documents

Aula 10 - Ascite
May 2020 10
Ascite E Sd 2
November 2019 10
Aula 9 E 10
November 2019 12
Aula 10.pdf
June 2020 7

More Documents from ""

May 2020 4
May 2020 6
May 2020 6
Aula 6 - Drge
May 2020 5
May 2020 10