Mariana Cruz - Os Amores De Alminha - Conto De Mia Couto

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ESCOLA SECUNDÁRIA ARTÍSTICA ANTÓNIO ARROIO

Os amores de Alminha Mia Couto, in Na berma de nenhuma estrada e outros contos Mariana Cernadas Ferrinho Nunes da Cruz 08/09

Profª. Elisabete Miguel

Índice Apreciação do conto As frases mais marcantes do conto A ilustração A simbologia do cisne As categorias da narrativa Conclusão

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Introdução O trabalho a realizar tem como propósito o desenvolvimento das minhas capacidades de compreensão de uma narrativa curta, do meu poder de síntese e das minhas faculdades de cativar um auditório, com a apresentação oral na turma. Para tal, depois de lidos todos os contos de Mia Couto, escolhi um dos que mais gostei, “Os amores de Alminha”. Li-o, reli-o, consultei dicionários de português e de símbolos, revi matérias teóricas como a das categorias da narrativa e, perante algumas palavras usadas pelo escritor Moçambicano, folheei gramáticas para melhor me aperceber da formação e significados de alguns neologismos. Elaborei desenhos, minhas interpretações imagéticas do que ia lendo e sentindo com o lido. E é de parte do meu percurso que me proponho agora aqui falar-vos, a outra parte guardo-a para a apresentação oral na turma pois espero motivar os meus colegas não só para a escrita de Mia Couto mas também para a discussão das teses que irei apresentar. Espero que este meu trabalho vos dê prazer a ler, pelo menos tanto quanto a mim ao fazê-lo.

Apreciação do conto:

Os Amores de Alminha é a narrativa do conforto que uma rapariga encontra para poder escapar à realidade em que vive: o seu mundo sujo - “ […] no meio de tanto sujo deste mundo”- o facto de ser a vergonha e humilhação do seu pai e mal entendida pelos pais. Considero que, apesar de pequena, é uma história incrivelmente bonita, tanto pela fantasia de Alminha, não compreendida pelos pais, como pelo amor não expresso da sua mãe. Página 3 de 11

As frases mais marcantes do conto:

“Hoje lhe vi. Gosto de espreitar o seu corpo, assim branco, no meio de tanto sujo deste mundo.” “Hoje vi-o nadar e me apeteceu atirar para a água, me banhar nua com ele.” As frases acima transcritas transmitem a fantasia e o conforto de Alminha, assim como a incompreensão dos seus pais em relação ao que a menina estava a referir-se quando escreveu no seu caderno a palavra “branco”… As expressões da menina reflectem a pureza de um sentimento triste, ou seja, em vez de Alminha se restringir, se acomodar, ao seu mundo imundo e magoado, ela imagina um outro mundo mais claro, leve, puro.

A ilustração:

A ilustração é a figuração do desejo de Alminha: “Hoje vi-o nadar e me apeteceu atirar para a água, me banhar nua com ele.” Caracteriza a esperança e o desejo que Alminha tem de abandonar o seu mundo e partir com o cisne para o seu lago, para um mundo de alegria e paz, um mundo “limpo” e calmo…

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A menina negra representa Alminha a banhar-se no mesmo lago que o cisne, cisne esse que foi confundido com um rapaz branco que, segundo os pais, Alminha namoriscava.

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SIMBOLOGIA DO CISNE BRANCO:

O cisne na maior parte das culturas e religiões é símbolo de luz e esperança, da vida humana e da fidelidade quando a representação é a de um casal de cisnes. A espiritualidade, na Índia, é geralmente representada pelo deus Brama que monta um cisne. Também na cultura celta os cisnes eram a forma dos espíritos dos mortos que regressavam ao mundo dos vivos. Na cultura do Oriente o cisne é um símbolo de música e poesia, da elegância e nobreza. Na antiga Grécia, o cisne macho, no mito de Leda, era a forma de Zeus quando este se transformou para perseguir Leda na terra, tendo esta fugido na forma de ganso (que é semelhante ao cisne). O canto dos cisnes é uma crença antiga, que possivelmente teve origem na Grécia, esta consiste no som emitido pelos cisnes antes da sua morte. Acreditava-se que os cisnes nunca emitiam um único som durante a sua vida com a excepção do momento antecedente á sua morte, o som emitido era um canto magnifico que sensibilizava qualquer um que o ouvisse.

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CATEGORIAS DA NARRATIVA Acção Personagem Principal: Alminha; é por ela faltar às aulas e por causa do seu diário que as personagens secundárias são envolvidas. Personagens Secundárias: pai e mãe; são as únicas personagens que têm um diálogo no conto e são estas mesmas que determinam as acções da personagem principal e o desenrolar da narrativa. É uma narrativa aberta porque não é possível determinar o que acontece após a mãe descobrir a verdade. A acção começa com o diálogo entre os pais de Alminha, quando a mãe regressa da escola; em seguida, Alminha é expulsa de casa e o amor que a sua mãe lhe tinha fez com que, preocupada, a seguisse; uns dias após o desaparecimento da filha a mãe reencontra-a sentada num banco perto do lago junto com um cisne branco.

Personagens A protagonista do conto é uma rapariga negra, Alminha, que vive com os pais e frequenta a escola. Alminha recorre à imaginação para, possivelmente, se evadir de um mundo que a asfixiava e acaba por encontrar conforto num cisne branco, tentando assim escapar à sua própria realidade. As personagens secundárias são o pai e a mãe; a mãe é uma mulher negra, calma, que não gosta de confusões, vive sob a sombra do seu marido não tendo opinião sobre assuntos onde o pai da filha esteja envolvido; o pai é um homem negro que desvaloriza as mulheres, possivelmente isto acontece devido à educação que teve, sendo também autoritário e orgulhoso.

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Espaço (físico) A primeira e segunda acções desenrolam-se em casa dos pais de Maria Alminha, a terceira e última decorre num jardim público junto ao lago. Espaço (psicológico) O espaço vivenciado por Alminha sempre foi amargo com a excepção de quando ela se encontra com o cisne. O espaço da mãe é igualmente um espaço triste tanto pelas palavras do marido como pelo que acontece com a filha, o seu mundo apenas se torna mais alegre quando descobre que o que pensavam ser um rapaz branco era afinal um cisne. O espaço do pai é um espaço de humilhaçãohumilhado pela filha que tem. Tempo A narrativa passa-se em dois dias, muito ou pouco distantes um do outro. O primeiro dia é quando a mãe descobre a ausência de Alminha na escola até a filha ser expulsa de casa. O segundo dia é quando “certa vez”, após o desaparecimento da filha, a mãe a reencontra junto ao lago. Narrador É um narrador não participante tem focalização interna e a sua posição é objectiva. Conclusão A escrita de Mia Couto, que apenas fiquei a conhecer este ano na aula de português, é uma escrita interessante, por vezes muito bela, mas nem sempre fácil de entender. Tanto pela realidade africana que subjaz nos seus textos, e que não conheço, como pelos neologismos que constrói. Estas palavras dão alguma estranheza ao texto mas, simultaneamente, tornam-no mais interessante. Eu gostei muito de Página 8 de 11

algumas destas palavras, por exemplo, na palavra «tristemunha” faz logo a síntese perfeita de “triste” e “testemunha”. O conto “Os amores de Alminha”, como eu já tinha referido antes, é um conto incrivelmente

bonito

devido

sensibilidade

narrativa,

à

riqueza

metafórica, ao final aberto. Posso dizer que a leitura deste conto foi realmente gratificante e que dos contos lidos “Os amores de Alminha” foi o que mais me abalou.

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Escola Secundária Artística António Arroio Apresentação oral do conto Os amores de Alminha Livro: Na berma de nenhuma estrada e outros contos Autor: Mia Couto

Mariana Cernadas Ferrinho Nunes da Cruz 10º F nº 19 Prof. Elisabete Miguel 2008/09

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Apresentação do conto á turma: 1.1.

Contar a história da personagem principal num ponto de

vista pessoal e um breve resumo da vida e carácter das personagens secundárias. 1.2.

Eu e Toya iremos recitar algumas frases e diálogos para

uma melhor compreensão das personagens e da narrativa. 2. Entrega da minha ilustração e a explicação desta mesma. 3. Provocar a discussão sobre os pontos controversos da minha apresentação.

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