“A OUTRA”
Marta Prior 10º ano – turma F – nº 22
Leitura do conto.
Ao ler este conto,”A Outra”, apercebi-me de que, ao longo da história, nada é o que parece ser. História retrata um casal que aparentemente vivia junto há algum tempo e que não tinha filhos em comum. A certa altura a mulher começa a desconfiar da ausência constante do marido, e um dia apanhao a divagar em pleno sonho a chamar pela outra, que ela julgara inicialmente ser uma mulher, mas, em breve, sabe que não havia mulher alguma, mas sim uma árvore, a quem o seu marido se confessa e falava como se fosse uma pessoa. O que mais me impressionou nesta história foi a capacidade da mulher perceber que na “árvore” estava alguém a quem um dia ela iria falar como se fosse uma
irmã semelhante,
longínqua, como se, desde logo, tivesse descoberto alguém com quem não falava há muito e que quando esse tipo de relação é restabelecida uma alegria constante faz com que já nada do passado interesse. Eu tenho esta opinião baseada no desfecho desta história, que apesar da mulher não gostar da ideia de que havia outra e não apenas ela no pensamento do marido, apercebe-se de que ” a outra” é também provavelmente o seu ponto de abrigo, com quem fala e se confessa.
Frases escolhidas
“No jejum do coração quem emagrece é a alma” (sem amor não somos felizes);
“Até que o céu perde o cheiro o tempo não tem sabores e a vida se declara” (sem amor não damos importância às outras coisas elementares da vida); “Abstraído de tudo que ama e do mundo segue então o infeliz homem o seu caminho”. Ao
fazer
a
interpretação
interligada
dos
excertos
que
seleccionei, cheguei à conclusão de que sem amor não somos felizes, sem amor não damos importância às outras coisas elementares da vida e que a personagem, abstraída de tudo o que ama e do mundo, segue então o infeliz homem no seu derradeiro caminho.
Simbologia do conto:
Numa primeira leitura, escapou-me a sua simbologia, mas, ao relê-lo várias vezes , apercebi-me que ele simboliza, sem dúvida, a amizade, porque envolve as confidências e a partilha de emoções que há ou poderá haver entre duas ou mais pessoas, e também não só com as pessoas como com a algo que para nós é estimado. Esta história conta isso mesmo, uma relação que talvez não fosse a mais vulgar, que até provocasse comentários de outrem mas que, no final , acaba em consensual bem estar entre as três personagens, o marido, a mulher e a outra.
Legenda: Marta e Mariana Prior com 5 anos de idade.
Eu escolhi esta imagem porque fiz uma relação entre o conto e a minha amizade com a minha irmã, uma relação de amizade e de confidências entre nós, somos confidentes uma da outra, por mais que nos zanguemos, sabemos sempre a quem apelar, com quem podemos realmente contar. A nossa relação é mais ou menos semelhante à da a mulher com a árvore . Apesar da mulher saber perfeitamente que “a outra” existiria sempre na sua vida e na do seu marido, ela, no desfecho do conto, apercebe-se que “a outra” poderá ser o seu grande porto de abrigo, aquela possível amiga a quem poderia apelar, falar e confessar-se sem ser julgada, sem estar sujeita a juízos de valor. Laura”mulher” considerava a árvore uma espécie de irmã, e por isso mesmo é que eu escolhi esta fotografia.
Categorias da narrativa Considero o conto como uma narrativa fechada, mesmo apesar de um ou outro aspecto em aberto, porque tanto o casal como a árvore ficam a viver em boa harmonia. Espaço: Toda a acção se desenvolve num espaço compreendido entre a casa, o jardim do casal e o parque. Tempo: Não há referências temporais.
Caracterização das personagens: Laura”mulher” - ciosa, ciente, orgulhosa, sensata, desconfiada, directa, engenhosa. “A
mulher
ensaiou
truques,
a
ver
se
ele
escorregava”,”oleava as conversas”,”talentos de arquétipos” É também muito decidida, pois procura descobrir a verdade a qualquer custo. Notei-lhe algumaimpaciência, mas a sensatez acaba por nela imperar Marido
-
era
uma
pessoa
transparente,
cujo
coração
trabalhava a céu aberto, (in)fiel ” a sua noção de amor era eternamente sempre entre o fogo e a fogueira”
Opinião geral sobre os contos de Mia Couto Ao ler todos os contos de Na Berma de Nenhuma Estrada, de Mia Couto, apercebi-me que o escritor brinca muito com as palavras,
e faz grandes jogos mentais com o
leitor, com o qual estabelece uma relação cúmplice, deixando amplo espaço para que, nas suas narrativas maioritariamente abertas, cada leitor solte a sua imaginação e continue a sua história.