Diogo - O Escrevido - Conto De Mia Couto

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  • Words: 1,039
  • Pages: 6
Mia Couto, Na Berma de Nenhuma Estrada

“O escrevido”

Diogo Alves/ nº12/ 10ºF Profª Eli

Introdução

Escolhi este conto porque o título, “O escrevido”, despertou a minha atenção, talvez seja por eu dar muitos erros ... Espero ter conseguido superar as minhas dificuldades iniciais e atingir os meus objectivos, defendendo bem as minhas ideias já que o conto ainda me é um pouco estranho.

Síntese

Bernardino queria ser personagem de uma história, e não fazia nada da vida, para estar totalmente livre que, quando um escritor o encontrasse, Bernardino pudesse oferecer a sua alma intacta. Tinha ideias um pouco estapafúrdias e teorias bastante curiosas. Por isso já ninguém tinha paciência para ouvir as suas maluqueiras. Até que um dia, depois de procurar muito, encontrou Teotanico, um escritor falhado. Teotanico fez uma entrevista a Bernardino para ver se a personagem iria encaixar na sua história. Depois de estudarem que personagem iria caber a Bernardino, o escritor chegou à conclusão que iria ser a de falecido já que a história falava de uma viúva chamada Margarida. A partir daí Bernardino tomou conta do conto pois a personagem em que se transformou ganhou vida autónoma, o querer do escritor não interessava, pura e simplesmente deixou de ter mão nela. Assim que Bernardino ganhou vida idealizou uma mulher que era Margarida e que dizia que Bernardino tinha morrido mas quem tinha morrido tinha sido ela. Talvez seja algo confuso mas esta era a realidade para Bernardino até que uma vez foi falar com Teotanico e ele lhe disse

que a viúva se iria suicidar. Bernardino não gostou do desfecho, pois quem mandava na história era a personagem e deste modo achou que a única hipótese era mesmo matar o escritor. Bernardino já tinha tudo o que pretendia, foi utilizado na história, ganhou vida autónoma na história, teve um escritor e, por fim, descontente com o desfecho arquitectado pelo criador, o escritor, e talvez satisfeito por já ter o que sempre pretendera, acabou com a vida do escritor (Teotanico).

Personagens

São apenas três as personagens, sendo Bernardino a personagem com mais actividade no conto, é a personagem principal com o desejo de entrar numa história, conseguindo tornar esse desejo real toma conta da história do escritor, ganhando vida por completo. A segunda personagem é Teotanico, escritor falhado,

que se

interessa por Bernardino e o inclui na sua história. A terceira e última personagem é Margarida, a viúva, que entra na história de Teotanico e que, tal como Bernardino, ganha vida autónoma.

Palavras ou frases «plasticamente» surpreendentes

“Bernardino nasceu quando já nada era uma vez.” Esta foi talvez das frases que me despertou mais a atenção quando comecei a ler pois achei curioso como o escritor brinca com as palavras de um modo real e, simultaneamente, irreal. Porventura confuso, mas os contos começam habitualmente por “Era uma vez” e

aqui “já nada era uma vez”, quer dizer que já tinha acontecido muita coisa e que não tem nexo estar-se sempre a usar a mesma frase pois já aconteceu tanta coisa nos dias que correm porquê começar por “Era uma vez”? “Neste tempo em que os animais quase nunca falam.” Outro frase que acho curiosa e que tem ligação com a anterior pois nos contos de fábulas e fantasia, que costumam começar por “Era uma vez”, existem animais falantes e até com poderes sobrenaturais. Neste conto, como que para acentuar a desordem do tradicional, a inversão do que deveria ser, era um «tempo em que os animais quase nunca falam». E penso que será até uma crítica do próprio autor jogar com estas palavras e sentidos.

Um parágrafo que me “sensibilizou”...

“Foi assim o modo de desaparecimento de Bernardino. Existia mas não havia. O homem era legível mas apenas palpável nas entrelinhas. Ele a si mesmo se sentia, escutava seus passos de noite. Chamava por ele mesmo e não recebia presença. Mas afinal havia um sentimento estranho, lá no fundo dele. Lá bem dentro, ele estava contente, e quando queria estar consigo mesmo, ele visitava Tiotanico e pedia que o escritor lhe falasse do falecido.”

Sensibilizou-me este excerto pois, aqui, está bem presente que Bernardino ganhou vida na história porque, a partir do momento em que Teotanico começa a escrever sobre Bernardino, ele entra

na

história mas só na história porque de resto não existe nenhuma mulher nem nada do género é apenas a vida da personagem que faz o seu rumo. E neste parágrafo está patente que Bernardino toma o

seu rumo como personagem e pede a Teotanico para saber mais pois quer-se encontrar consigo mesmo.

O título

Exististe uma íntima relação entre o título e o conto pois sendo o título “O escrevido” relaciona-o com Bernardino, que não faz nada na vida senão ficar à espera de ser personagem de uma história e que escrevam sobre ele. Por isso existe uma grande relação com o conto apesar de ser uma palavra inventada percebe-se bem o seu significado.

O final

É um final aberto, com um pouco de estranheza para mim mas para um escritor talvez seja bem esta a realidade pois quem toma conta de uma história é a personagem e não o escritor que, em muitos casos, é completamente abafado e, neste caso, morto. Era pouco previsível e depois de ler e reler chego à conclusão que é até é lógico.

Conclusão

A meu ver consegui superar as minhas expectativas de uma forma positiva, consegui exprimir as minhas ideias e de ficar com grande agrado por ter escolhido este conto. Reflecti mais e melhor sobre o acto de Criação.

Penso que tenha sido uma intuição pois adorei mesmo e eu não sou muito dedicado às palavras nem à leitura mas, depois de observar bem certos pormenores, gostei muito da escrita e vou ler mais sobre e de Mia Couto. Foi um conto com um desenrolar um pouco difícil e só percebi bem com os esclarecimentos da professora, antes deles estava achar uma seca e a pensar „porque fui eu pelo título…‟ Depois disto espero que a minha apresentação agrade pois a mim soube-me bem dedicar um pouco da minha paciência à escrita e aos seus meandros, apesar de estar sempre com preguiça quando entro no ritmo é só desenvolver. Por vezes até demais.

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