Anatomia, Histologia e Fisiologia da Tireóide ULBRA/2007 CURSO DE MEDICINA CLÍNICA MÉDICA III – ENDOCRINOLOGIA Profª Adriana Fornari e Profª Jocely Vieira da Costa
Anatomia LD LE
Lobo piramidal (15% da população)
Localização anterior à traquéia e inferior à cartilagem cricóide
Anatomia
Anatomia Vascularização: artéria tireoidéa superior e inferior Drenagem venosa: veia tireoidéa superior, média e inferior Inervação: gânglio cervical médio e inferior (n. laríngeo inferior)
Fisiologia
TRH: hormônio liberador da tirotrofina TSH: hormônio estimulador da tireóide T4: tiroxina T3: triiodotironina Tg: tireoglobulina MIT: monoiodotirosina DIT: diiodotirosina
Fisiologia Hipotálamo: TRH
Hipófise: TSH
Tireóide: T3 e T4
Feedback negativo
Histologia
Fisiologia Circulação
I‾
Célula epitelial folicular
Colóide MIT Peroxidase
I‾
Tg
I‾
Na+
Lisossomas
Desiodinase MIT e DIT MIT
DIT Tg
T3 e T4
T3 e T4
DIT
T3
T4
MIT + DIT = T3 (triiodotironina) DIT + DIT = T4 (tiroxina)
T3
T4
Fisiologia
T4 : 100% produzido na tireóide. T3: 20% produzido na tireóide, 80% proveniente da desiodinação periférica do T4 (desiodinases tipo 1 e tipo 2). T3 reverso: metabolicamente inativo, quase totalmente proveniente da metabolização periférica de T4 pela desiodinase tipo 3. O T3 é 4-10 vezes mais potente que o T4 e é o hormônio que exerce a maior parte da atividade biológica.
Fisiologia
TBG: globulina ligadora da tiroxina (70% do T4 e 80% do T3 se ligam à TBG; o restante à transtirretina e à albumina).
0,03% do T4 e 0,5% do T3 circulam livres: essa é a fração biologicamente ativa que se liga aos receptores específicos de hormônios tireoidianos nos tecidos periféricos.
Avaliação Funcional da Tireóide
TSH ultrasensível
T3 e T4 livres
T3 e T4 totais
Avaliação Funcional da Tireóide
Testes adicionais: Anticorpos antimicrossomais (AAM)
Anticorpos
marcadores de autoimunidade
antitireoperoxidase(Anti-TPO) Anticorpos estimuladores do receptor de TSH (TRAb) TBG Tireoglobulina (Tg) Anticorpos antireoglobulina marcadores de CA de tireóide Calcitonina
Distúrbios tireoidianos TSH ↑
TSH ↓
T3 e T4 ↓ T3 e T4 ↑ HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO SECUNDÁRIO T3 e T4 ↓ T3 e T4 ↑ HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMO SECUNDÁRIO PRIMÁRIO
Hipotireoidismo Estado
caracterizado
por
uma
produção deficiente de hormônios da tireóide, decorrente de anormalidades estruturais e/ou funcionais.
Hipotireoidismo
PRIMÁRIO : perda ou atrofia do tecido tireoidiano
- Tireoidite de Hashimoto - Tireoidites subagudas - Hipotireoidismo pós-cirúrgico - Hipotireoidismo pós-radioiodo - Hipotireoidismo primário idiopático - Cretinismo esporádico (aplasia ou displasia tireoidiana) - Drogas: lítio, interferon, amiodarona
Hipotireoidismo
SECUNDÁRIO OU TERCIÁRIO: estimulação insuficiente de uma tireóide normal decorrente de doença hipotalâmica ou hipofisária (5%) -
Síndrome de Sheehan Doenças infiltrativas da hipófise ou hipotálamo Tumores (adenoma, craniofaringeoma,...) Trauma (cirurgia, radioterapia,...)
Sintomas e sinais
PELE E FÂNEROS Pele
seca, descamativa e áspera Palidez e frieza (vasoconstrição e anemia) Coloração amarelada por acúmulo de caroteno Cabelos secos e quebradiços, queda de cabelos Fragilidade ungueal Madarose (rarefação do 1/3 distal das sobrancelhas) Edema facial e peripalpebral MIXEDEMA Edema de MMII Lenta cicatrização de feridas e ulcerações
Fáscies Mixedematosa Madarose
Edema peripalpebral
Pele amarelada
Fáscies Mixedematosa
Fáscies Mixedematosa
Antes do tratamento
Após tratamento
Sintomas e sinais
SISTEMA CARDIOVASCULAR Bradicardia e menor débito cardíaco Diminuição fluxo sanguíneo para os tecidos Derrame pericárdico - abafamento de bulhas e aumento da sombra cardíaca
Coração mixedematoso: ↑ volume alt. ECG (↓ voltagem QRS) alt. enzimas
Sintomas e sinais
SISTEMA RESPIRATÓRIO Dispnéia Derrame pleural (RX) Depressão ventilatória → coma mixedematoso Apnéia do sono
Sintomas e sinais
SISTEMA DIGESTIVO Macroglossia ↓ atividade peristáltica → constipação Impactação de fezes→ megacólon mixedematoso Ascite (rara) Hipocloridria ↓ fator intrínseco e vitamina B12
Sintomas e sinais
SISTEMA NERVOSO Fluxo cerebral diminuído Letargia, sonolência Falta de iniciativa Demência Reações paranóides e/ou depressivas ↓contração e relaxamento muscular
Sintomas e sinais
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Fadiga muscular generalizada Mialgias Cãibras Artralgias Derrames articulares Síndrome do túnel do carpo Pseudogota
Sintomas e sinais
SISTEMA REPRODUTIVO Irregularidade menstrual (oligomenorréia, amenorréia, menorragia) Diminuição da libido Distúrbios ovulatórios Infertilidade abortamento de repetição Disfunção erétil e oligospermia Hiperprolactinemia
Sintomas e sinais
SISTEMA HEMATOPOIÉTICO ↓ eritropoietina → anemia normocrômica normocítica ↓vit.
B12 → anemia macrocítica Redução da adesão plaquetária FUNÇÃO HIPOFISÁRIA Aumento da pituitária Hiperprolactinemia, galactorréia
Sintomas e sinais BÓCIO
Ausente:
Hipotireoidismo central Ectopia, hipoplasia ou aplasia tireoidianas
Sintomas e sinais BÓCIO
Presente
Tireoidite de Hashimoto
Bócio difuso
BMN
Sintomas e sinais BÓCIO
Presente
Drogas: lítio, fenilbutazona, etc. Deficiência endêmica de iodo Defeitos hereditários de síntese hormonal Uso de iodo Resistência periférica à ação hormonal
Diagnóstico
Quadro clínico Início insidioso (meses ou anos) - exceto tireoidectomia CANSAÇO E LETARGIA GANHO DE PESO CONSTIPAÇÃO INTOLERÂNCIA AO FRIO DISTÚRBIOS MENSTRUAIS / ABORTAMENTOS QUEDA DE CABELO/UNHAS VOZ ROUCA EDEMA PERIORBITAL PALIDEZ
Diagnóstico
Laboratório Primário: ↑ TSH → ↓FT4 → T3 HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO: apenas ↑ TSH Secundário:
↓ FT4 e TSH normal ou ↓ Teste do TRH (diferenciar origem hipofisária ou hipotalâmica) RMN de sela túrcica ( tumor, lesão infiltrativa,...)
Diagnóstico
Laboratório METABOLISMO DA ÁGUA E ELETRÓLITOS: ↓fluxo plasmático renal e filtração glomerular + retenção de líquido pelos depósitos hidrofílicos
HIPONATREMIA
Diagnóstico
Laboratório METABOLISMO ↑ ↑
LIPÍDICO
colesterol total
LDL-colesterol ↓ HDL-colesterol ↑ triglicerídeos
Coma Mixedematoso
Estágio final do hipotireoidismo não tratado
Fraqueza progressiva, estupor, hipotermia, hipoventilação, hipoglicemia, hiponatremia, choque e morte
Patofisiologia : 1. Retenção de CO2 2. Distúrbio hidroeletrolítico 3. Hipotermia
Tratamento
Levotiroxina - tratamento de escolha Níveis estáveis de T4 e T3 Absorção - 60 % Meia vida de 8 dias - dose única diária Uso preferencial pela manhã (em jejum) Dose ideal varia de acordo com o peso e a idade do paciente adultos: 1,6 a 1,8µg/Kg de peso ideal Crianças: de acordo c/ idade
Cuidado: coronariopatas, hipotireoidismo não tratado de longa duração, insuficiência adrenal
Tratamento
Triiodotironina - raramente utilizado Rápida absorção e desaparecimento da corrente sanguínea Quando se espera resultados rápidos Absorção de 90 %
Avaliação do tratamento
Remissão dos sintomas Primário: TSH entre 0,5 e 2,0µUI/L Secundário: FT4 dentro da normalidade
Após atingida a dose de manutenção, novas avaliações da função tireoidiana devem ser feitas a cada 6-12 meses.
A duração do tratamento depende da etiologia.
Hipotireoidismo subclínico
Aumento discreto de TSH com níveis de T3 e FT4 normais Mínima ou nenhuma manifestação clínica 2 a 8% da população geral e 15% da população acima de 65 anos Mais comum em mulheres Evolução p/ hipo: 5% ao ano; 20% em idosos Causas auto-imunes são as mais comuns
Hipotireoidismo subclínico
Critérios para tratamento: Presença TSH
de anticorpos antitireoidianos
> 10 Presença de sintomas Hipercolesterolemia Mulheres > 50 anos Coexistência de doença cardíaca ou coronariana
Hipotireoidismo congênito
Prevalência: 1:5000 A
maioria não apresenta sinais e sintomas ao nascimento
Rastreamento:
“teste do pezinho”
Causas:
sem bócio: aplasia, hipoplasia ou ectopia tireoidianas com bócio: causas maternas
Hipotireoidismo congênito
Quadro clínico: Persistência de icterícia fisiológica Choro rouco e macroglossia Constipação Sucção débil Hérnia umbilical Atraso da maturação óssea Retardo mental e de crescimento se atraso no tratamento Cretinismo: hipotireoidismo congênito associado a retardo mental, baixa estatura e edema de face e mãos