QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
2 a Quinzena de Março de 2009 Ano XXIX - No. 1059 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual
Benvindos quem por bem vem!
CINEMA
Antero de Quental em filme Produzido pela RTP Açores e dirigido por Zeca Medeiros, estreou-se no Teatro Micaelense no dia 9 de Março, o telefilme Antero - o Palácio de Aventura. Um filme que durou mais de cinco meses a realizar e que conta a história de um dos nossos maiores poetas e escritores, nascido e morto em Ponta Delagada. Este telefilme será exibido dentro de pouco tempo na Costa Leste. Seria importante que o pudessemos ver na California.
Praia da Vitória - uma cidade de futuro - esta extraordinária fotografia panoramica de José Enes (parcialmente aqui representada) mostra bem a beleza da Cidade da Praia da Vitória. Saudamos a comitiva praiense de visita à California. Que levem todas as nossas saudades quando regressarem.
Vale de San Joaquin é um autêntico poema
CULTURA
Maria F. Simões publica livro No dia 22 de Março na Casa dos Açores de Hilmar terá lugar a apresentação do livro de Maria F. Simões intitulado “As Lavadeiras, suas lidas”. A Casa dos Açores aproveita a ocasião para estrear o seu Grupo de Matanças, de Violas e Mar Bravo. Não faltem.
Amendoeiras em Flor na estrada de acesso ao Pico dos Padres, Turlock
foto de jose avila
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SEGUNDA PÁGINA
15 de Março de 2009
Cada vez é maior a confusão EDITORIAL
O terceiro núcleo...
S
eria bom que todos lessem o interessantíssimo artigo do Diniz Borges na página 10 deste jornal. Falar comunidade não é tão simples como parece.
A nossa comunidade vista a trinta mil pés de altitude não é a mesma como a vista da porta da nossa casa. Penso até que a nossa Comunidade são três núcleos comunitários distintos inseridos neste grande Estado o primeiro, acaba nos fins de cinquenta, o segundo começa nos sessenta até a meados de oitenta e o terceiro, o mais importante para o futuro, começou nos oitenta até agora. O terceiro núcleo, o mais novo da nossa comunidade é realmente o mais rico em termos culturais, cientificos, intelectuais, mas encontra-se esvaído na comunidade americana, o que é muito bom e de louvar. O problema está em querermos que esse núcleo seja tão conhecido nas nossas mais antigas comunidades como é conhecido e admirado pela comunidade americana. Então, o que é que teremos de fazer? Como é que podemos trazer de volta, nem que seja por dois ou três dias por ano, essa juventude (os nossos filhos, os nossos netos) para que possamos partilhar com eles o futuro de todos nós. Quem percorre as páginas das revistas da UPEC, da Luso-American e outras organizações e vê as centemas e centenas de jovens a quem foram dados bolsas de estudo, pergunta “Onde estará toda esta gente, hoje com 30, 40 anos?” Que é feito deles? O Tribuna vai tentar encontrar muitos deles e partilhar com todos vós esse achamento. Ajudem-nos também. Em tempo devido solicitámos ao Presidente da SATA uma entrevista, mas até ao fecho desta edição ainda não recebemos a sua concordancia. Pode ser que na nossa próxima edição a possamos partilhar convosco. jose avila
no Ensino de Português nos EU ... assim dizem dois Conselheiros das Comunidades, José João Morais e Manuel Carrelo, das áreas consulares de New York, Newark e Washington. Acusam o Governo Português de ter imposto dois Coordenadores e um Consultor de Lisboa, nomeados por critérios de confiança política, depois de terem dito que os concursos seriam públicos. Estes dois Conselherios referem-se às nomeações de Ana Cristina Sousa, que trabalha em Turlock desde Setembro de 2007 e Fernanda Costa que veio para a Costa Leste, em Dezembro de 2008. O consultor referido chama-se João Graxinha e trabalha no Departamento de Educação do Estado de Massachusetts. Segundo noticia a imprensa da Costa Leste, os dois Conselheiros afirmam que nunca foram consultados sobre estas nomeações. Na carta em questão, os Conselheiros fazem diversas considerações sobre os Coordenadores, seus cursos e vencimentos e afirmam que nos Estados Unidos teríamos pessoas altamente qualificadas para assumirem aqueles cargos. Ana Cristina de Sousa, a Coordenadora colocada na California, já respondeu à carta dos Conselheiros e afirma a certa altura na sua carta: ”Não tenho conhecimento de qualquer grande polémica em relação à minha nomeação em Setembro de 2007, data em que assumi a Coordenação do Ensino Português na Califórnia e outros Estados Ocidentais (CEP.CA). Muitos dos meus colegas professores e significativo número
dos representantes das comunidades neste estado, já me conheciam do tempo em que fui Leitora de Língua e Cultura Portuguesas na California State University, Stanislaus, em Turlock. Sendo natural haver discordâncias de estratégias ou opiniões entre pessoas envolvidas na mesma área de actividade, não me sinto nem desajustada a um contexto que já conhecia anteriormente e agora passei a conhecer ainda melhor, nem nunca me tinham dito, até ao momento em que os Senhores Conselheiros assim o expressaram, que não possuo as qualificações ou as competências necessárias para este trabalho”. Mais à frente, Ana Cristina refere-se às “QUALIFICAÇÕES DA COORDENADORA” Normalmente não costumo publicitar o longo caminho que trabalhosamente percorri na minha carreira académica, mas vou fazer aqui um pequeno apanhado do que me parece mais relevante para a situação vigente: - 1 Diploma de conclusão do Ensino Secundário em Letras (Português, Inglês, Francês e Alemão) - 2 Licenciaturas: Línguas e Literaturas Modernas, Variantes de Inglês/ Alemão e Português/Inglês - 1 Mestrado: Estudos Norte-Americanos, Literatura Norte-Americana - 1 Doutoramento (em fase de conclusão): Formação de Professores de Português com apoio da tecnologia (cujo enfoque é precisamente a Califórnia) - 1 Certificado de pós-graduação em Educação e Formação Online - 1 Certificado de pós-graduação em Facilitação e Tutoria online
Depois, a Coordenadora interroga-se sobre se a “A COORDENAÇÃO É NOVA OU NÃO É NOVA? A CEP.CA é uma nova coordenação. Seria incorrecto afirmar o contrário, pois nunca existiu nada semelhante na Califórnia. Pessoalmente sintome muito honrada por estar aqui no preciso momento em que é possível levar a cabo este modelo de coordenação, como já antes me aconteceu quando vim inaugurar o 1º Leitorado de Português no Vale Central. A uma nova política de língua, correspondem neste caso novas estruturas de coordenação. Por isso se fala de novo. Mas como sabemos, o novo tem sempre uma história e por isso as novas Coordenadoras tentam conhecer o trabalho das Coordenações anteriores. Por exemplo, estive a fazer a actualização das listas elaboradas pela Drª Graça Castanho, a anterior Conselheira em Washington, contendo o número de alunos e de escolas que ensinam Português na Califórnia. E para o ano que vem terei de rever novamente essa lista, pois o número de alunos não é um dado fixo, já que o trabalho em educação está sempre em fluxo e não se pode dizer que alguma coisa está feita de uma vez por todas e para todo o sempre”. E mais disse, numa longa carta, defendendo sempre a seriedade e as qualificações da sua escolha. jose avila
Year XXIX, Number 1059, March 15, 2009
COLABORAÇÃO
Tribuna da Saudade
Ferreira Moreno
O
saudoso vilafranquense padre Ernesto Ferreira, em “Animais de cor negra”, no seu livrinho Ao Espelho da Tradição, deixou dito que “no Egipto faraónico gozava da maior celebridade o boi Ápis, que era retintamente preto e apenas tinha, do lado direito, uma mancha branca com a configuração de lua crescente. Haveria alguma dificuldade em encontrar este animal, mas logo que o encontravam era conduzido p’ra Mênfis e endeusado entre ruidosas manifestações de regozijo. O boi Ápis recebia homenagens de adoração durante 25 anos, findos os quais os sacerdotes o afogavam solenemente no Nilo, e em seguida o embalsamavam e sepultavam no templo de Serápis, com magnificentes honras fúnebres. Depois procuravam-lhe su-
cessor”. Seja-me permitido, aqui e agora, advertir que no capítulo 32 do Livro do Êxodo está descrito o episódio ocorrido no deserto, quando os israelitas moldaram em estátua um bezerro de ouro, presumivelmente em lembrança do boi Ápis. Conforme o testemunho do padre Ferreira, “na ilha de S. Miguel o povo acredita que a cor negra de certos animais lhes confere uma eficácia singular e um poder prodigioso. Assim, se em ocasiões de trovoada alguém ocupar o lugar donde acabou de sair uma rês preta, pode ter a certeza de que não será fulminado pelo raio. O fígado e o coração do boi preto tem largo emprego na feitiçaria”. Um outro ilustre vilafranquense, dr. Urbano de Mendonça Dias, no quarto volume de “A Vila”, apontou ser “muito apreciado, e
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Na companhia de bois (2) por isso de muita procura o coração de boi preto, porque por meio dele se praticavam vários bruxedos, e se alcançam vários favores. Diz-se que por meio dele se pode dar cabo duma pessoa que nos seja importuna, ainda mesmo que viva em Reinos Estrangeiros, sem haver necessidade de sairmos de nossa casa, e assim dar lugar a que pessoa alguma saiba das nossas intenções”. Seguidamente, Mendonça Dias transcreve as diferentes práticas ou métodos no emprego do coração do boi preto, com o devido acompanhamento de determinadas rezas e invocações. Visto que não pretendo repetir essas mirabolantes lengalengas, aqui fica a referência. Carreiro da Costa, na série “Tradições, Costumes & Turismo” (Outubro 1964), anotou que “tanto o boi como a vaca ocupam posição de destaque no quadro das superstições populares açorianas, o que não é de admirar, uma vez
que desde remotas eras, nos Açores, os bois marcaram presença saliente em consequência de terem pertencido ao número dos primeiros animais aqui espalhados a fim de apoiar os trabalhos dos povoadores”. Relativamente ao boi, prossegue Carreiro da Costa, “trata-se dum animal que tem sido considerado como sagrado, devido sem dúvida, não apenas a certas reminiscências mitológicas, como também ao facto de prestar serviços apreciáveis aos trabalhos da lavoura”. P’ra poupar tempo e espaço, não vou agora enveredar p’la carreira de superstições associadas com o boi, como sejam aquelas lendárias e curiosas crónicas alusivas ao aparecimento providencial desse animal, cuja carne concorria p’rós tradicionais bodos do Divino Espírito Santo, como está amplamente patente em diversas páginas do livro “Açores, Lendas & Outras Histórias”, de Ângela Furtado Brum. Não quero deixar em branco que, em português, temos “olho-deboi” aplicado à chamada clarabóia (skylight, em inglês), ou seja, aquela abertura envidrada existente no alto de edifícios e destinada a iluminar e ventilar o interior. A expressão “passo de boi” significa andar devagar, enquanto “andar com o carro adiante dos bois” indica fazer qualquer coisa ao contrário. E bom será lembrar que em vão se leva um
boi a beber água quando ele não tem sede, nem tão pouco se vende um boi por dois carniceiros. Dito isto, vamos agora aos adágios: o boi com muito viço dá com o corno no toutiço. O boi pelo corno e o homem pela palavra. Quem não tem bois, trabalha com vacas. Quem seu carro unta, os seus bois ajuda. Não vai o carro adiante dos bois. Onde vai o carro, vão os bois. O boi depois de morto é vaca. Boi bravo em terra alheia fica manso. Boi farto não é comedor nem lambedor. Boi que campeia, sinal de mau tempo. Boi solto lambe-se todo; boi amarrado, só um bocado. Boi que engorda na canga, engana o companheiro. Boi velho, dêem-lhe de comer, que ele por si procura a abrigada. Mais come o boi duma só vez que a ovelha em todo o dia. Boi velho gosta de erva tenra. Vaca do monte não tem boi certo. Vaca que não come com os bois, ou comeu antes ou depois. Não se aparelha um boi e um burro ao mesmo arado. O boi conhece o dono e o jumento a manjedoura. O inferno não se fez p’rós bois, nem p’ràs vacas. A boi velho chocalho novo. Ainda que o teu boi seja manso, não o mordas no beiço. De boi manso me guarde Deus que do mau eu me guardarei. De pequeno verás que boi terás. Guarda-te do boi pela frente, do burro por detrás e do demo por todos os lados.
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COLABORAÇÃO
15 de Março de 2009
Where are you?
Da Música e dos Sons
Nelson Ponta-Garça
[email protected]
Novos Tempos Depois de alguns pedidos de leitores, aqui vai mais uma lista de música Portuguesa que não é muito usual em terras Americanas. Não procurem em CD na Califórnia, Infelizmente não existe (e muitas destas musicas tem mais de 20 anos). Mas, vale-nos a Internet!... Façam uma pesquisa e encontrarão: (A medida que se aproxima o 25 de Abril, musica ideal!) Milho Verde – Zeca Afonso – Zeca Afonso no Coliseu Venham Mais Cinco – Zeca Afonso - Zeca Afonso no Coliseu O que faz Falta - Zeca Afonso Zeca Afonso
Zeca Afonso no Coliseu Vampiros – Zeca Afonso - Zeca Afonso no Coliseu Temas mais “Mexidos”... Quase que davam para dançar: Canção do Engate – Delfins - O caminho da Felicidade Lugar ao Sol - Delfins - O caminho da Felicidade Um Sonho Teu – Delfins - O caminho da Felicidade A minha Casinha – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas Fim do Mes – Xutos e Pontapés – Sei onde tu estas Chuva Dissolvente - Xutos e Pontapés - Sei onde tu estas Aqui Ao Luar – Xutos e Pontapes Dunas – GNR – Tudo o que você queria ouvir Brilho Dental – Rui Veloso – Ar de Rock Chico Fininho – Rui Veloso – Ar de Rock O Barco Vai de Saída - Fausto Castelos No Ar – Rita Guerra O Anzol – Radio Macau Sempre Longe demais – Radio Macau Se eu fosse um dia o teu Olhar – Pedro Abrunhosa Vira-Vira – Mamonas Assassinas Criatura da Noite – Entre Aspas A Carta – Toranja
Perdidamente – Luís Represas
Estes são os primeiros jovens que vamos tentar descobrir o seu paradeiro. Todos eles receberam Bolsas de Estudo da Luso American Education Foundation em 2003, há precisamente 6 anos, o que quer dizer, que a maioria deles já acabaram os seus estudos e
estão a trabalhar nas suas profissões. Quem souber do paradeiro destes nossos jovens, digam-nos através do email
[email protected] ou telefonando para 209-576-1951.
Nas nossas próximas edições continuaremos com este painel, tentando compreeender onde estão e o que fazem toda esta juventude portuguesa.
Luso-American Life Insurance Society License # 0825403 Serving our Portuguese Communities for over 140 anos • • • • •
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COLABORAÇÃO
Muito Bons Somos Nós
Joel Neto
[email protected]
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ivesse eu uma filha em idade de casar e seria o primeiro a dar-lhe o conselho: “Filha minha, desconfia sempre um bocadinho das pessoas – mas sobretudo desconfia muito das razões porque elas se associam umas às outras, nomeadamente se se tratar de outra coisa que não de amizade. Desconfia de grupos e de grupelhos, filha. Desconfia de movimentos e de partidos políticos. Desconfia de sindicatos e de plataformas – e, já agora, desconfia também, desconfia muito e desconfia metodicamente, de religiões. Portanto, se queres casar-te com um muçulmano, casa-te com um muçulmano. Lá estarei no casamento. Mas, em todo o caso, pensa bem.” Naturalmente, tenho sobre Miguel Portas uma série de vantagens. A primeira é que, independentemente dos calendários eleitorais, costumo fazer um esforço por pensar pela minha própria cabeça. A segunda é que estive quase sempre mais de duas horas nos países e territórios islâmicos que visitei. E a terceira é que sou protestante. Ou fui protestante – e um protestante, conhecendo a verdadeira dissolução familiar em que pode redundar um simples casamento entre elementos mais ou menos descontraídos de duas congregações cristãs diferentes, conhece também a dissolução em que pode redundar um casamento entre elementos
devotos de duas religiões que há séculos se diabolizam. As razões por que a história de Mourtala Diakité me encanta, pois, não são as mesmas por que encanta Miguel Portas. Pensando bem, Miguel Portas há-de ver ali, naquela história de um muçulmano que se casa com uma testemunha de Jeová apesar dos apelos de quase toda a gente para que mande às malvas a cerimónia, mais um belo conto sobre a inexorável aproximação de civilizações: mais um contributo para a extinção de todos os muros e, já agora, nova prova de que o ser humano é fundamentalmente bom – fundamentalmente bons todos nós, mesmo quando apregoamos o ódio, a sede de vingança e o desejo de sangue. Pois eu vejo ali uma história de futebol – e rio-me. Rio-me e delicio-me. Delicio-me porque tudo naquela história de um jogador que tem casamento marcado para o dia de um jogo contra o Benfica e, de repente, dá por si cercado de pedidos de treinadores, de adeptos e até de jornalistas para que vá lá depressa casar, mas deixe a boda e a noite de núpcias para outro dia, de forma a poder “dar o seu contributo à equipa”, me traz de volta um futebol, um mundo e mesmo um tempo de que quase me esquecera já – e de que tenho inegavelmente saudades. Delicio-me por isso – e rio-me porque nada do que verdadeiramente interessa naquela história tem o que
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A insensibilidade da sra. Diakité “Tenho sobre Miguel Portas uma série de vantagens. A primeira é que costumo fazer um esforço por pensar pela minha própria cabeça. A segunda é que estive quase sempre mais de duas horas nos países islâmicos que visitei”. quer que seja a ver com o facto de o Diakité ser muçulmano e a sua noiva testemunha de Jeová. Dizia Jaime Pacheco, treinador do Belenenses, na véspera simultaneamente do jogo e do casamento: “As mulheres, hoje em dia, é que mandam.” Na sua cabeça, duas coisas são óbvias. A primeira é que o casamento é claramente coisa de mulheres. A segunda é que, apesar de tudo, um homem não pode viver sem uma mulher, tal como não pode viver sem a SporTv, o GPS TomTom e a churrasqueira do quintal – e, portanto, quando elas querem mesmo casar, é sempre difícil um homem contrariar-lhes o capricho. de nada serve, como muito bem se viu, apelar à sua “sensibilidade”. Anunciou Pacheco: “Vou apelar à sensibilidade dela” – e eu acredito que ele o tenha feito. Infelizmente, como se sabe, as mulheres encasquetam estas coisas na cabeça e depois não há nada a fazer. De forma que Diakité não teve outro remédio senão casar, ficar para a boda, alinhar naquela treta da noite de núpcias – e, naturalmente, deixar o Belenenses órfão no meio campo. E nós, já agora, não temos outra coisa a fazer senão compreendêlo, se ainda por cima a cínica da noiva se pôs (vejam bem como é manipuladora) a usar argumentos como “este é o dia mais importante das nossas vidas”, entre outras demagogias parecidas.
Para mim, e à excepção do avião que amarou no Hudson, foi a melhor história do mês. Uma história vinda ainda de um tempo em que as mulheres se dedicavam a caprichos inúteis e os homens à brincadeira viril. Uma história vinda ainda de um tempo em que se podia discutir o casamento entre duas pessoas de religiões inimigas com a necessidade de proteger um desafio de futebol como principal argumento – e so-
bretudo uma história vinda ainda de um tempo em que o casamento entre duas pessoas de religiões inimigas tinha como mais perigoso efeito colateral deixar o Belenenses sem médio defensivo. Infelizmente, porém, o futebol já não é assim tão boçal. Nem o mundo tão inocente.
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Hajam bons leitores, porque livros há e dos bons! É interessante que muitas vezes nem nos apercebemos da qualidade dos livros que se publicam na California. Passamos ao lado e só nos damos conta desse facto quando percorremos a Internet e se ouvem ladainhas a aleluias àcerca dos nossos escritores e da qualidade da sua escrita. Comprem e leiam as histórias que nos fizeram aquilo que somos.
California and the Portuguese; how the Portuguese helped to build up California.
Footprints in the soil: a Portuguese-Californian remembers
The Holy Ghost festas : a historic perspective of the Portuguese in California
By Rose Peters Emery, Portuguese Heritage Publications of California,
The Portuguese in San Jose
by Meg Rogers with support from the Portuguese Historical Museum, Arcadia, 2007
A quest for the story of Antonio and Maria from the Azores to Washington Township
A monograph written for the Golden Gate international exposition on San Francisco bay, 1939 by Celestino Soares; drawings by Jorge Barradas, R and E Research Associates, 1970, Reprint of 1939 ed.
by Tony P. Goulart, project coordinator, San Jose Portuguese Chamber of Commerce, c2003
The Portuguese Californians: immigrants in agriculture by Alvin Ray Graves, Portuguese Heritage Publications of California, c2004 [305.869 B53 Case & circulating copy]
The Portuguese in California
by Doris Machado Van Scoy, c1992
by Vicky Borba ... [et al.], University of Santa Clara, 1986
Azoreans to California: a history of migration and settlement
Portuguese in California
Barrelful of memories: Stories of my Azorean Family
The Portuguese shore whalers of California, 1854-1904
by Robert L. Santos, Denair, Calif., AlleyCass Publications, c1995
By Pauline Correia Stonehill, Portuguese Heritage Publications, c2005
by Walton John Brown, R and E Research Associates, 1972 (Reprint of M.A. Thesis, USC, 1944)
by David E. Bertão, Portuguese Heritage Publications of California, c2006
Report: First symposium on Portuguese Presence in California Luso-American Education Foundation, 1974
Stories of California Azorean immigrants: an anthology of personal life sketches compiled by Robert Leroy Santos, Denair, Calif., Alley-Cass Publications, c1998
Stories Grandma never told: Portuguese women in California by Sue Fagalde Lick, Heydey Books, c1998
Flight of the Hawk Islanders: an Azorean emigrant story by Robert Santos
Acorianos na Califórnia: prólogo, entrevistas e notas
por Eduardo Mayone Dias, Secretaria Regional da Educação e Cultura, Direcção
Regional dos Assuntos Culturais, c1982
Os portugueses na Califórnia
por Urbino de San-Payo, Secretaria de Estado da Emigação [i.e. Emigração], Centro de Estudos, Fundo Documental e Iconográfico da Emigração e das Comunidades Portuguesas, 1985
A rota da saudade [videorecording] : portugueses na Califórnia PBN Productions; produtor executivo, David Martins; director, Sergio do Lago; texto, Eduardo Mayone Dias
A history of the Azores Islands
by James H. Guill, Tulare, Calif. : Golden Shield Publications, Golden Shield International, c1993 NOTA - Se forem ao Google e escreverem Eduardo Mayone Dias, encontrarão centenas de referências àcerca da nossa emigração. Vale mesmo a pena.
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COMUNIDADE
15 de Março de 2009
Falecimento
Coisas & Loisas
Ana Oliveira Vieira
Alcides na Televisão - quando este jornal estiver a ser
Faleceu no dia 8 de Março no Hospital de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Ana Oliveira Vieira, contando 95 anos de idade. Era viúva de Manuel Sequeira Vieira. Lamentando a sua morte deixa seus filhos, Alberto Vieira, casado com Catarina Vieira; Bernardete Vieira Lynch, casada com Bill Lynch; Batista Vieira, casado com Dolores Vieira; Lino Vieira (falecido) casado com Fátima Vieira; e Velma Vieira Santos, casada com Dalberto Santos. Deixa 12 netos e 11 bisnetos, e duas irmãs, Isabel Amarante e Bernardete Oliveira. Tambem deixa duas cunhadas, Maria Vieira Pires e Victória Vieira, ainda sobrinhos e sobrinhas. Será celebrada uma missa sufragando a sua alma quando o filho Alberto Vieira regressar dos Açores e que será anunciada brevemente nas estações KSQQ e KLBS.
imprimido (dia 13 de manhã bem cedo), Alcides Machado estará a cantar e a ser entrevistado no Canal 14 da Univision em San Francisco. Assim é que é. Conquistar reconhecimento internacional tem sido sempre o lema do Alcides.
Educação, again? -
já não bastava a crise financeira, económica, roubalheira, mental, para mais uma vez a educação vir ao de cima, com insinuações graves trazidas por dois conselheiros das comunidades da Costa Leste, que deveriam ser provadas, pois está em jogo o profissionalismo dos acusados.
Ramana Vieira - penso que seria interessante se a Ramana
Vieira cantasse o Fado em Inglês. Seria bonito e poderia trazer novos horizontes musicais a ela e ao seu conjunto. O Fado não é a língua. O Fado é sentimento, amor e paixão. Também pode e bem ser transmitido em Inglês. Aqui fica o palpite. Em Roma sê romano.
Carnaval - alguém deveria contabilizar todas as despesas havidas com o Carnaval, para se poder mostrar àqueles que não querem pagar $5.00 ou $7.00 dólares para ver os bailinhos da nossa alegria. Custa-me a acreditar que ainda há muita boa gente que pensa que o mundo é quadrado e que as pessoas se vestem e se movem de terra em terra pela força da gravidade.
Biblioteca J. A. Freitas - tal como se vai à Missa
todos os Domingos, deveríamos tirar um certo tempo da nossa vida para visitar a melhor e única Biblioteca Portuguesa no Estado da California. Na página 19 podem admirar quão bela ela é, com mais de 12 mil livros à disposição de toda a gente. Visitem-na, toquem naqueles livros, procurem autores das vossas terras, e mesmo que não os leiam, percorram-os com os olhos. Quantas vezes é que as nossas escolas, os nossos alunos de Português a visitaram? Aceitamse apostas. E já agora, visitem também o Museu da UPEC. Vale bem a pena. Na nossa próxima edição mostraremos o Museu.
Quem não sabe pergunta - nesta altura do ano
quem passeia à volta dos canais de irrigação já centenários existentes nalgumas cidades do Vale de San Joaquin apercebe-se dos milhões ou biliões de cascas de ameijoas no fundo dos ditos canais, que estão secos no inverno. Metia-nos uma certa confusão a existência de tal “marisco” nos canais. Nada mais simples - são ameijoas de água doce, diz-nos o MID. E esta?
CONVERSA COM JESUS Converse com Jesus todos os dias, durante nove dias orar: Meu Jesus em Vós depositei toda a minha confiança. Vós sabeis de tudo, Pai e Senhor do Universo, sois o Rei. Vós que fizestes o paralítico andar, o morto voltar a viver, o leproso sarar, Vós que vedes minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabes, Divino Amigo, como preciso alcançar do Vós esta grande graça: (pede-se a graça com fé). A minha conversa conVosco, Mestre, dá-me ânimo e alegria de viver. Só de Vós espero com fé e confiança (pede-se a graça com fé). Fazei, Divino Jesus, que antes de terminar esta conversa que terei conVosco durante nove dias, eu alcance esta graça que peço com fé. Com gratidão publicarei esta oração para que outros que precisem de Vós aprendam a ter fé e confiança na tua misericórdia. Ilumine meus passos, assim como o Sol ilumina todos os dias o amanhecer e testemunha a nossa conversa. Jesus, tenho confiança em Vós, cada vez mais aumenta a minha fé, por graças alcançadas. A.V.
Oração dos Aflitos Aflita se viu a Virgem aos pés da Cruz. Aflita me vejo eu. Valei-me Mãe de Jesus. Confio em Deus com todas as minhas forças. Por isso peço que ilumine os meus caminhos, concedendo-me a graça que tanto desejo. (Faça a pedido e mande publicar ao terceiro dia e aguarde o que acontecera no quarto dia).
Oração à nossa querida Mãe Nossa Senhora Aparecida, Nossa Que rida Mãe, Nossa Senhora Agradecida. Vós que amais e nos guardais todos as
dias. Vós que sois a mais bela das mães, a quem eu amo de todo o coração, eu vos peço mais uma vez que me ajudeis a alcançar esta graça, por mais dura que ela seja (fazer o pedido). Sei que vós me ajudareis, que me acompanhareis até à hora da minha morte. Amen! Rezar 1 Pai-Nosso e 3 Ave Marias. Fazer esta oração, 3 dias seguidos e alcançará a graça, por mais difIcil que seja. Mande publicar no jornal. Em caso extremo pode-se fazer em 3 horas. Agradeço à nossa querida mãe, Nossa Senhora Aparecida, por esta graça. IM
COLABORAÇÃO
Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
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Sorte na Vida
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er ou não ter – eis hoje o simpático teor da minha comovente questão.
Coitadinho! – Não teve sorte! – Dizem-me os que mal o conhecem. É burro! – Não tem cabeça! – Insinuam os menos bem intencionados. Francamente, não concordo com uns nem com outros. Aguiar, sentado na sua bicicleta, pedala forte e feio ao cair da noite a caminho do ginásio onde investe regularmente na simbólica troca de suor por saúde. Com boa saúde e muita sorte acredita poder vir a dar ainda este ano um certeiro pontapé na vida que o desafia à sua frente. É tambem jogador de futebol nas horas vagas mas continua ilusivamente à espera dum fortuito remate vitorioso que lhe dê verdadeira razão para celebrar em grande. Lembra-se perfeitamente bem de ter festejado há vários anos atrás a alegria única do nascimento do filho lá na ilha que um dia nos viu nascer e mais tarde convidou tambem a imigrar. Imigrou à balda e para trás ficaram filho e mãe. O drama continua. Não teve uma infância fácil. Mas a culpa não foi sua. Foi de quem, impreparadamente, decidiu trazê-lo ao mundo. Do mundo verdejante que sempre foi e continua a ser a bonita ilha onde cresceu… guarda as melhores recordações. É certo que – sem ideia clara do futuro, atropelou então o presente faltando muito à escola –
Catarina Freitas
900 H Street, Suite G Modesto, CA 95354 Phone: 209.338.5500 Cell: 209.985.6476 Fax: 209.338.5507
[email protected]
nem sequer chegou a completar a quarta classe. Porém, não foi tanto por não ter cabeça. Foi mais por não ter tido outro remédio. Por, infelizmente, ser comum demais nos dias d’hoje os pais não se entenderem e os filhos é que pagarem as favas – como foi o seu caso – a sorte não esteve do seu lado. Cedo se desapegou dos livros para se apegar ao trabalho e à responsabilidade de ajudar a trazer algum pão para a mesa que repartia humildemente com a mãe e com o irmãozinho. O pai desertara-os de forma que ainda hoje dói. As cicatrizes não mentem. É triste quando um homem nem vale meio tostão. O que vale é que um ilhéu tem sempre uma boa safa: o seu mar – o amigo fiel que jamais o abandonará. A nadar, Aguiar era tambem um perito. Tinha licença de mergulhador. Durante vários anos, de facto, encontrou no mar o seu melhor amigo. Nunca o deixou mal. Ao musgo, às lapas, aos polvos, ao peixe em abundância mergulhava regularmente para garantir o sustento da mulher e do filhote. Passaram os três momentos inesqueciveis picnicando à borda d’água com a vida a mostrar-lhe sorridentemente o seu lado melhor. O pior, quando menos se espera, são os mergulhos em seco que um homem dá – as cabeçadas à toa nos calhaus roliços e traiçoeiros que lhe reviram num instante a vida de pernas para o ar. Um desentendimento, uma querela, a separação, o divórcio – as dores que não se curam com uma simples passagem para a
Costa dos Biscoitos, Terceira
America de ida sem volta. Sem papeis, sem carro, sem carta, sem canto certo de dormir nem comida assegurada ao jantar – “…A America é nas ilhas.” – Desabafa às vezes com ilusões de regressar. Apetecia-lhe mas não pode. A sua corrente situação, ilegal em ambos os lados, aconselha-o a pensar duas vezes. Nem a pé nem a cavalo, crama a sua sorte e tenta fazer das tripas coração a ver se a coisa calha. A coisa, porém, como todos sabemos, não está para brincadeiras. Mas ele também não se importa.
Aguiar, sem licença nem carro seu, cantarola ao volante com gracejos e picardias, sempre a rir e a brincar porque o bossa o deixa raivar desde que não bata com a cabeça na parede. “Isso é que nunca.” Garante, decisivo: “Tenho um filho crescido e quero ajudá-lo a ser alguém.” Não me digam que este gajo não tem cabeça. Também não tem cara de burro. Ter ou não sorte na vida, isso já é outra questão. Cada qual faz a sua e ninguém julga ter a que merece.
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A Vida Real
Edmundo Macedo
A Rosinha da Foz Velha do Porto ... A NOSSA “BABE”
ceiro ouro no salto em altura. A Babe excedeu no Desporto a Mulher! Não conseguiu excederse a si própria porque foi inesgotável! O seu multifacetado e incomparável legado que a qualificou como a melhor atleta homem ou mulher - da primeira metade do Século XX, nutre o aplauso público pela sua excelência em desportos tradicionalmente competitivos e absorve de
de sentido valiosíssimo e cara ourivesaria! DIDRIKSON ZAHARIAS! É assim em todos os desportos. Só ganha o ouro quem nasceu A Rosinha da Foz Velha do Porpredestinado! to faz-me lembrar a “Babe” DiNa sua primeira Maratona Olímdrikson Zaharias, uma de sete pica em 1984 em Los Angeles, filhos de imigrantes noruegueses a Rosinha sofreu um percalço. que foram fixar-se no Sudeste do Trouxe bronze em vez de ouro. Texas e se afirmou como uma Um transtorno do ofício, remedimulher-gigante do Século XX, ável nas mãos dela. juntando-se em toda a sua magQuatro anos depois, na Olimpíanificência a Margaret Mead - céda de Seoul na lebre autora e Coreia do Sul, Rosa Mota corria como o vento. antropologista a Rosa Maria Corria com a agilidade da gazela. americana -, a atacou a dois Eleanor RooCom a intrepidez do menino Gavroche. q u i ló m e t r o s sevelt - quiçá A Rosinha saltitava como a alvéloa. da meta conuma das mais Legou às estradas imagens de pura elegância. quistando o admiradas PriPor pouco não transformou ligeireza em volátil. ouro e deixanmeira Dama dos Tratava o asfalto com reverente delicadeza. do a prata para Estados Unidos Parecia não querer beliscar o betume negro e lustroso. a Lisa Martin. e decerto PriCorria como lume que ela ateava soprando. Ouro, ouro e meira Dama do Tinha no mínimo três pulmões, não apenas dois. ouro enriqueUniverso, recoCorria-lhe nas veias sangue Lusitano. ceram tamnhecida interA nossa Rosinha pediu asas emprestadas. bém o bolso da nacionalmente Tardou a devolvê-las e Portugal benfeitorizou. nossa Rosinha pelo seu trabaCorria a Maratona como se fosse em passeio de Lordelo do nos Europeus lho e esforços Ouro a Cedofeita. de 1986 em h u m a n i t á r io s Nos recônditos do seu peito pulsou sempre um coração tão Estugarda e de e, finalmente, Nortenho quão Português. 1990 em Split a Agnes GonQuando corria, a Rosinha sentia a voz dos nossos egrégios e no Mundial xha Bojaxhiu avós que haveriam de levá-la à vitória. de 1987 em - a santíssima Roma. Mother Teresa Só ganha o A Rosa Maria nunca esqueceu as nobres Comunidades. nascida em 1910 ouro quem Emigrante nos fins de semana, cumulou-as, diligentemente, em Skopje, ennasceu predesde esperança. tão parte da Jutinado! É asRobusteceu-as de orgulho. goslávia. sim em todos Fê-las acreditar. Quatro Mulheos desportos. res-Gigantes do Fê-las sonhar. Em 1987, 1988 Século XX! Levou-lhes, volta e meia, alegrias indescritíveis, e 1990 a Rosa Há pontos de siIncitou-as a trazer na lapela o emblema da Ditosa Pátria. Maria triunmilaridade enCom o verde e o encarnado, a esfera armilar e as cinco quinas. fou na Maratre a nossa Rosa O emblema mais bonito do mundo. tona de BosMaria (“Rositon e em 1985 nha”) Correia dos Santos Mota e a Mildred Ella um trago a plêiade que com ela e repetiu em Chicago o triunfo de contra ela competiu. 1984. (“Babe”) Didrikson Zaharias. Zaharias dominou em saltos Com a sua postura campeã priviEntre elas - colossais atletas! aquáticos, softbol, golf, basquelegiou Roterdão em 1983, Tóquio - há sinais e marcas distintivas tebol e atletismo. em 1986, Osaka em 1990 e Loncomuns, que desde logo as coloZaharias desafiou noções condres em 1991 indo ali dizer que cam num horizonte, num trono e suetudinárias de feminidade com a Foz Velha do Porto e Portugal num “céu” inacessíveis a menos as suas arrojadas piadas à im- existiam e conquistar, categorido que gigantes! camente, o primeiro lugar. SemDe aí que as diga fenómenos raros prensa. Zaharias dilatou os limites acei- pre o primeiro lugar! Sempre o e as admire incondicionalmente. De aí que as considere eminen- táveis do que uma atleta podia e ouro! É assim em todos os desportos. tes pelo seu talento, valor e cora- devia ser. A biografia de Babe Didrikson Só ganha o ouro quem nasceu gem. Zaharias obriga o fascínio, dá rapredestinado! De aí que lhes reconheça qualidazão a trabalho longo e torna deliComo as essências coníferas que des de paridade com o Homem. predominam nas florestas do Curiosamente, são ambas de Ju- cioso escrever. nho. A Babe - que viveu apenas Como, porém, se torna igualmen- norte do hemisfério, entre 1982 até 1956 - nasceu há 97 anos em te delicioso escrever sobre uma e 1991 predominou no mundo a Port Arthur no Texas e a Rosinha mulher-gigante da Nobre Cidade essência Rosa Mota! há 50 anos em Foz Velha do Por- Invicta, vou deixar por agora a Predominou a sua qualidade de Babe e falar da nossa Rosinha. maratonista extraordinária! to. Irei falar da Rosa Maria como Predominou a sua genética proZaharias distinguiu-se no prinquem fala de uma das mais depensão para vencer! cípio - em competições nos seus primeiros anos de escola - como licadas rosinhas-de-Portugal - Para vencer sem se jactar! uma atleta tão dotada que excedia como as que salpicam com cor Na excelência e humildade de todas as outras a correr, saltar, jo- suave tufos alindando o lindo da Rosa Mota, Portugal resplandegar e a pensar - parecendo que a inigualável Sintra e despontam ceu! Natureza a produzira num rasgo como a aurora entre o verde- A Rosinha da Foz Velha do Porto alourado do musgo, o fresco dos faz-me lembrar a “Babe” Didrikde excepcional perfeição. Na Universidade salientou-se nas limoeiros e a giesta a explodir son Zaharias ... Ao escrever estas linhas tive semequipas femininas de basquetebol uma sinfonia de amarelo. e ténis e durante os Jogos Olímpi- Rosa Mota foi considerada como pre a Rosinha no pensamento. cos de 1932 em Los Angeles - o uma das melhores maratonistas E a infinita paciência da minha Mulher. mesmo ano em que Amelia Ea- do Século XX. rhart se tornou na primeira mu- Em 1982, nos Campeonatos da E a saudosa memória da minha lher a voar solo sobre o Atlântico! Europa em Atenas, a Rosa Maria Mãe. - Zaharias conquistou medalhas correu a sua primeira Maratona. (Texto apresentado durante o de ouro, com recordes mundiais, O ouro - dizia-se - pertencia à Encontro “Mulher Migrante em no lançamento do dardo e nos 80 Ingrid Kristiansen. Congresso”, realizado em Espimetros barreiras, enquanto um Erro crasso pois a corredora por- nho de 6 a 8 de Março de 2009) pormenor técnico a privou de ter- tuguesa prevaleceria conquistan do na Grécia a sua primeira peça
15 de Março de 2009
O Regresso à Ilha foi uma romaria de Saudade
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romessa implícita de mim a de voltar um dia! Após trinta e sete anos de ausência, foi impossível controlar a emoção da chegada! ‘Onde estou, será possível’? É a pergunta que faço a mim mesma ao chegar ao aeroporto. De olhos extasiados vejo tudo como se fosse pela primeira vez. Tudo é
contrei camélias e umas flores azuis, exóticas, que ela dizia não existirem em S. Jorge; e também o cimo daquele pico ao qual que só agora se tem acesso de carro e donde se avista a Vila das Velas, numa prespectiva lindíssima com a baía em meia lua, como eu nunca tinha visto antes. Um sonho! Mas isto é bem mais bonito do
novo agora, mas igual aos meus anos de menina, é um passado renovado e absolutamente lindo! O primitivo que renasceu, pelo menos na minha memória. Valeu a pena voltar para recrear os olhos nessa ilha paradisíaca que resistiu às intempéries que o tempo lhe infligiu e mesmo assim continua lá erguida e mais bela do que nunca. È isso, cresceu em beleza, porque o sofrimento que não mata, fortalece. Lá segui para as Velas, com uma paragem no Canavial, aquele recanto lindo com a pequena baía entre dois montes, onde o mar tem uma tonalidade inegualável. O progresso tirou-lhe um pouco o ar bucólico e tornou-o diferente daquele óleo que pintei na juventude, e que felizmente consegui reaver. Ver aquele mar de onde emergem rochas negras como que ilhas em miniatura e com formas tão peculiares, foi um milagre. Revi-as com uma ternura imensa ao redescobri-las nas minhas recordações mais distantes. Como me lembro desse mar, onde os meus olhos de menina se fixaram tantas vezes imaginando-o com pontes que me ligariam ao mundo, esse mundo que tanto ansiava conhecer, e que eu sabia existir para além do horizonte. E a Tia? lá estava, com as marcas do tempo no bonito rosto, os olhos negros e inteligentes, agora com menos brilho. Triste pelas perdas sofridas mas feliz de nos ver, a mim e à minha prima que chegou na manhã seguinte. Ela, responsável por esta viagem, quem me motivou e a quem nunca poderei compensar, pela ternura destes dias que passámos juntas. Descrevi-lhe o meu passeio às Sete Fontes ao parque onde en-
que eu pensava! Pela manhã fui despertada por uma vozinha doce. Era a minha prima.‘Olha vem à janela vê que serenidade. O Pico e o Faial estão aqui ao lado’. Tão perto! O ar tão rarefeito deixava ver os pormenores e até as casas, o mar espelhava um céu limpo de um azul suave onde tudo parecia parado à espera de ser presenciado e admirado. Indescritível. O andar pela vila foi impressionante. Tudo tinha algo de diferente e que merecia a nossa atenção. Ruas novas com casas lindas e outras que foram lindas, agora em decadência, e as construções felizes e as infelizes, tudo merecia um olhar observador. As pessoas, as poucas que pude ver, os grandes amigos do coração, esses sempre iguais. Foi aí que doeu, doeu muito perceber que eles continuavam os mesmos de sempre e a saudade tocou fundo, no recordar aqueles tempos e peripécias, já tão longe para mim mas tão presentes para eles. Mas soube bem, recordar tantas coisas vividas contadas por eles. Breve chegou a hora da partida. Lá deixámos a Tia, os amigos e a ilha, para outra ilha, outros convívios familiares, outras descobertas...e a promessa do regresso!
A
Julieta Maria Ferreira Cabral nasceu nas Velas, São
Jorge, Açores, e reside em Providence RI, Estados Unidos.
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COLABORAÇÃO
Sabor Tropical
Elen de Moraes
[email protected]
O
episódio que envolveu, recentemente, uma menina pernambucana de nove anos, violada pelo padrasto e que ficou grávida de gêmeos, só ocupou as páginas dos jornais brasileiros e estrangeiros, mais tempo do que o comum, porque médicos e familiares da criança foram excomungados pelo Arcebispo de Olinda e Recife, sob a alegação de que aborto é crime. O padrasto, muito embora tenha confessado que abusou, durante três anos, da criança e da sua Irmã de 14 anos, com debilidade mental, foi preso, porém não foi excomungado e o Arcebispo alega que estupro é crime, mas o aborto é um crime mais grave. Bem, para mim crime é crime e todos deveriam receber o mesmo tratamento pela Igreja. Há por aí tantos estupradores que matam as suas vitimas - pela violência do ato - e nunca ouvi dizer que algum deles tenha sido excomungado. E o padrasto cometeu dois crimes graves: estupro e pedofilia. Não fosse a repercussão da excomunhão, a criança seria só mais uma menina violentada, aumentando a estatística das mulheres que são constrangidas fisicamente ou que são assassinadas por homens que se julgam no direito de praticarem tamanha barbárie.
Eles têm certeza que ficarão impunes ou que terão uma pena leve para o crime cometido. E o “Dia internacional da Mulher” foi criado em 1911, numa reunião de mulheres na Dinamarca e confirmado por decreto pela ONU, em 1975, exatamente para marcar um ato de extrema violência cometida contra 129 operárias de uma fabrica têxtil, da cidade de New York, em oito de março de 1857, durante uma greve, quando reivindicavam melhores condições de trabalho, redução da jornada de dezesseis para dez horas, bem como equiparação dos salários com os dos homens (as mulheres chegavam a receber só um terço do que eles recebiam, para fazer o mesmo trabalho). A manifestação foi reprimida, a fábrica incendiada e as mulheres, ali trancadas, não conseguiram sair. Morreram carbonizadas, num ato selvagem e desumano. Ao longo da historia há relatos sobre o grande sofrimento das mulheres no que diz respeito à violência e ao preconceito. No fim do século dezenove, na Inglaterra, mulheres sozinhas, sem marido, eram consideradas um problema social. Na verdade, os detentores do poder econômico se alarmaram porque havia, de acordo com o censo da época, mais mulheres solteiras do que
Um ensinamento para não esquecer homens e essa era uma preocupação política com o mercado de trabalho. Chegou a se cogitar em mandá-las para as colônias para se casarem. Segundo Fernando Antonio Gonçalves, Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, até o maior Teólogo católico da Idade Media, Tomas
as mangas e partir para buscar as nossas soluções. Afinal somos maioria no planeta! Todavia, enquanto houver mulher que não vota em candidatas a cargos eletivos por achar que os homens são melhores e enquanto houver mulher que não procura os serviços profissionais de outras mulheres médicas, dentistas, advogadas,
de Aquino (1225-1274) considerava a mulher “um homem incompleto”. O “Dia internacional da mulher” deveria servir, também, para nós mulheres, refletirmos sobre os nossos erros. Não adianta fazermos passeatas, fórum para discussões dos problemas e ficarmos esperando que os homens os solucionem, porque até agora bem pouco foi resolvido, embora reconheça boa vontade por parte de muitos. Temos que arregaçar
arquitetas, engenheiras, detetives, etc., por também confiar mais nos homens, nada mudará, porque o preconceito começa (e é muito maior) entre as próprias mulheres. Aqui no Brasil temos uma expressão popular, sem nenhuma graça, mas repetida também pelas mulheres, quando vê outra apanhando ou que foi machucada pelo companheiro: ”ele até pode não saber por que está batendo, mas ela sabe por que está apa-
Acredite no que quiser...
nhando”. Isso é de uma falta de amor e de um machismo sem comparações. Outra situação infeliz é quando ouvimos comentários de algumas mulheres se referindo a outra que foi violentada (e às vezes até morta): -“Ela estava pedindo para ser violentada, por usar aquelas roupas coladas ao corpo, aquelas blusas decotadas e ao sorrir para os homens como sorria!”. Não vou tecer comentários sobre as outras religiões por não saber as suas doutrinas a respeito das mulheres, mas nós, Cristãos, se amássemos o nosso semelhante como Jesus nos ensinou, se seguíssemos os Seus ensinamentos, não haveria diferenças entre homens e mulheres, porque para Jesus, homens e mulheres eram iguais, segundo relatos do Evangelho de São Lucas. Nas Suas parábolas, as mulheres são colocadas como modelos e paradigmas a ser seguido. E foi dado às mulheres o privilégio de serem as primeiras testemunhas da Sua ressurreição. Como cristãos, podemos nos alegrar com o que está escrito “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus (Gálatas 3.28). Um ensinamento para não se esquecer.
Ao Sabor do Vento
José Raposo
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M
uitos católicos não fazem a mínima ideia por que razão a Páscoa não é numa data fixa. Então dizem: - “Tem a ver com a lua. O entrudo é que manda. Tem que se contar com a primeira lua do ano, etc., etc. “ Houve um grande debate dentro da Igreja para determinar em que dia a Páscoa deveria ser observada. Muitos anos antes do nascimento de Cristo as tribos pagãs da Europa adoravam a bela deusa da Primavera, Eostre. Há quem acredite que esta palavra evoluiu para Easter. Os Judeus já celebravam a Páscoa (Pessach) com um sentido diferente, o da libertação do cativeiro do Egipto. O imperador Constantino I, aproveitando o encontro dos líderes ecumênicos europeus, em 20 de Maio de 325, pediu ao papa Gregorio XIII para que fixasse uma data oficial para a celebração da Páscoa e que viria a ser o primeiro Domingo depois da primeira lua cheia, a partir do primeiro dia de Primavera. Ora a Primavera começa a 21 de Março, data do equinócio de verão, dia em que o Sol cruza o equador. Por isso, o mais cedo que a Páscoa poderá ser é no dia 22 de Março. Usando a data da primeira lua cheia, conta-se 40 dias para trás, não incluindo os domingos e aí se determina a QuartaFeira de cinzas. E o dia antes é, então, o dia de Entrudo. Portanto a Páscoa é que determina o Entrudo e não o Entrudo a Páscoa. A razão principal que se viria a discu-
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tir no Concílio de Nicea, no ano 325 da era Cristã, foi para provar a consubstancialidade entre Jesus e Deus. Os seguidores de Ario e da sua doutrina (Arianismo), afirmavam que sendo Jesus o filho de Deus, portanto seria subordinado ao Pai e como só há um Deus e Jesus é seu filho, não poderá ser Deus. O Concílio condenou essa doutrina e considerou-a herética e reafirmou, por voto dos bispos, a divindade de Cristo e que Jesus, o Espírito Santo e Deus são um só. Embora o imperador tivesse pedido para que unificassem a data da celebração da Páscoa e tivesse enviado cartas aos bispos, alguns não apareceram ao Concílio e não houve uma concordância geral. A igreja ortodoxa celebra a Páscoa de acordo com o calendário Juliano e escolheram o primeiro Domingo depois da festa judaica, Passover. Os católicos usam o calendário lunar e a formula criada no concilio de Nicea. É complicado. Não é? Mas ainda poderei complicar mais o caso se juntar o coelhinho Pascal. Como é que um coelho pôe ovos? Muito fácil: diz a lenda que o coelho da Páscoa era um belo pássaro que pertencia à deusa Eostre e um dia transformou-se em coelho. Como por dentro continua pássaro, contrói o seu ninho e põe ovos. Em Portugal não sei quando começou essa história do coelho da Páscoa, mas no Brasil é muito recente, pois foi le-
vada pelos emigrantes alemães em 1913. Em tempos tive uma quantidade de coelhos e agora só tenho as pombas e os canários. Quem sabe se um dia destes, em vez de ovos nos ninhos, me vão aparecer coelhos? De uma forma ou doutra, desejo a todos uma Feliz Páscoa e o leitor acredite no que quiser.
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15 de Março de 2009
... não aproveitamos para mandar mensagens culturais
A
nossa comunidade portuguesa na Califórnia está em mudança! É, seguramente, a frase mais usada e mais abusada por quem pensa as nossas comunidades, quem as analisa e quem as reflecte, além do episódico e néscio contacto. Apesar da frase ser usada e abusada, são raros, quase até extintos, os espaços públicos onde se reflecte as nossas comunidades. Há, acima de tudo, um grande receio de se analisar e reflectir, objectivamente, as nossas comunidades. Caso para perguntar: porque será que temos medo de enfrentar a realidade? Será que andamos a fingir ou a fugir ao inevitável? Comecemos por falar dos espaços públicos de reflexão comunitária. É sabido que num vasto Estado como a Califórnia, um dos lugares privilegiados para essa reflexão é, indubitavelmente, a comunicação social. Porém, são pouquíssimos os espaços onde há lugar para a análise fria e objectiva, para a crítica sem rodeios e receios, para o comentário sério e coeso, que vá além do paroquial, do populismo e do elogio gratuito e banal. Aliás, abra-se um pequeno parêntese para confessar a minha própria culpa. É que, particularmente nos últimos dois anos, muitos dos textos reflectivos que tenho
alinhavado sobre a nossa comunidade não têm visto a luz do dia. E a razão é muito simples: seriam incompreendidos, seriam mal interpretados—bem, isto não quer dizer que o que escrevo sobre o mundo político, social e cultural nos Estados Unidos também não seja mal interpretado. Mas também nunca escrevi para ganhar um concurso de popularidade ou uma medalha. O que é mais do que óbvio, é que, colectivamente, não gostamos muito de olhar e reflectir além do que está programado para esta tarde. Passamos muito tempo a promover esta ou aquela festa, sem tirarmos um minuto para o diálogo e a reflexão. É que, como comunidade, cada vez mais falamos uns para os outros e não uns com os outros. Fazemos festa atrás de festa, as quais, infelizmente, raras vezes são julgadas pelas mensagens que passam ou pela cultura que transmitem. São sim aquilatadas pelo número de bilhetes que conseguem vender ou pelos salões que enchem. Acho que um dos maiores desperdícios que temos tido em termos culturais é deixarmos os grandes eventos comunitários, porque os temos em todas as comunidades, à mercê do sabor da ocasião e não os aproveitarmos para transmitirmos mensagens culturais urgentes nestas nossas comunidades
Memorandum João-Luís de Medeiros
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1 – nem sempre o antigo envelhece...
I
magino muitos ilhéus da minha geração com a memória fresca das homilias que serviam para intervalar a lengalenga bilingue da contacorrente da moralidade paroquial. Há mais de meio século, para não melindrar a sensibilidade materna, raramente falhava presença na missa dominical, junto da rapaziada que se aglomerava nas redondezas do “Coração de Jesus”, cujo altar ficava logo a seguir à entrada da sacristia. Durante a homilia dominical, a coberto do vozeirão do nosso pároco, a rapaziada discutia em surdina a “formação” da equipa de futebol que ia treinar no areal, para continuar em “boa forma” para defrontar outras equipas que compareciam no Poço Velho. Nos meses de verão a nossa imaginação juvenil vagueava no dorso imaginário das ondas que vinham meigamente inundar o conhecido “boqueirão”, ali no sopé sul da igreja, onde a nossa piscina natural é protegida pelo bordado vulcânico que ainda hoje separa o areal pequeno da praia das milícias. Naquele tempo, não era costume aprender a nadar. O mar é que nos ensinava a nadar... Com mais ou menos agilidade cultural, éramos quase todos ino-
centes dançarinos do folclore religioso. Quem ousasse optar por uma posição equidistante entre a hostilidade cordial das mordomias religiosas, sentia-se réu dum atrevimento deveras pecaminoso. Ainda hoje a ‘palavra da verdade eterna’ continua a ser pesquizada nos laboratórios da fé; e havia suspeitas de que a atracção emocional pela ‘espiritualidade tecnológica’ podia conduzir as mentes mais frágeis à corrida supersónica da fantasmagoria... Era uma vez a “palavra de honra”. Desde há muitos anos, vimos procurando decifrar o idioma do Silêncio. Por vezes surpreendome a desabafar com amigos sobre a suspeita de que há silêncios mais calados do que outros... E até hoje não desisto de afinar o meu “ouvido mental” para não perder as nuances ideológicas da Palavra. Imagino que há gente que prefere o acesso ao discurso geométrico, desnudado de paramentos almofados para se proteger das quinas das ideias; gente pronta a abraçar o discurso que estabeleça uma linha recta concludente, infalível, das falas & dizeres; o discurso que não apresente esforço extra para o leitor apressado; enfim, o discurso que diga que, no passado, a nossa ilha já foi vírgula esquecida numa oração ao sofrimento, mas que agora é ponto de interrogação no discurso do progresso...
em mudança. Mas é também mais do que óbvio que infelizmente estamos infestados com uma grande inércia, em termos de reflexão comunitária, em termos de ponderar cada um dos nossos eventos comunitários. E dir-se-á, até com alguma razão, porque primeiro; dá trabalho; segundo, pode trazer (quase sempre traz) chatices. Porém, é mais do que sabido que sem canseiras, e sem aborrecimentos, o mundo não progride, nem tão pouco as nossas comunidades. Daí que continuamos com os mesmos afazeres, que nos dão prazer e nos trazem alguns momentos de felicidade efémera: mais uma festa, mais uma matança, mais uma tarde de touros, mais uma visita desnecessária de entidades vindas de Portugal e dos Açores, mais uma dança, mais um bailinho, mais uma noite cultural sem cultura, mais um sermão oco, mais um discurso longo e pilhado de elogios fáceis, mais um momento de pseudo intelectuais em franca hemorragia apologética, mais uma jantarada de peixe (em tempo quaresmal, à sextafeira pode-se mentir, pode-se falar mal, pode-se atropelar o nosso próximo para que cheguemos ao nosso objectivo mais cedo, mas comer carne, nunca) mais uma ceia de sopa, mais um banquete de caranguejo. Pelo menos não
Reflexos do Dia–a–Dia
Diniz Borges
[email protected] brincamos com a barriga, salvo seja! Enquanto nos divertimos, esquecemo-nos, ou fazemos que nos esquecemos, das modificações que são indeclináveis numa comunidade que não se renova há mais de 25 anos. Enquanto persistimos em fazer o que fazíamos há três décadas, porque é mais fácil e dá-nos menos trabalho, perdemos oportunidades únicas de levar a nossa cultura, as nossas tradições, junto do mundo americano, do qual, quer queiramos, quer não, também fazemos parte e é o mundo dos nossos filhos e netos. Enquanto recusamos trazer à ribalta, na nossa comunicação social os assuntos pertinentes, alguns até mesmo melindrosos duma comunidade em mudança, porque tais questões ferem susceptibilidades, ou giram controvérsia, perdemos oportunidades de elevar o discurso e a cogitação comunitárias. Há 30 anos que ouço: isso não é para as nossas comunidades. Durante 12 anos do simpósio Filamentos da Herança Atlântica ouvi: essa cultura não é nossa. A verdade é que as nossas comunidades de origem portuguesa na Califórnia, se entendemos por comunidades todos aqueles que um dia emigraram e os seus descendentes, são muito mais expansivas do que os pseudo líderes co-
munitários pensam que elas são, ou até gostariam que elas fossem. É que cada vez que se enche um salão com 400 ou 500 pessoas para termos “a festa do século”, há milhares de compatriotas nossos que não estando no bailarico, estão contribuindo para a nossa comunidade, muitos anonimamente, nos mais variados cargos das cidades, dos condados, da região onde trabalham e vivem. A nossa comunidade, e a nossa cultura, nunca estarão circunscritas a um conjunto de guetos. Bem sei que os guetos são espaços (entenda-se o termo não meramente como espaço físico, mas no nosso caso sobretudo como social) seguros onde muita gente se sente bem, onde outros só aí podem sobressair, brilhar até, mas esses espaços são cada vez menos expressivos em termos de representarem a globalidade da nossa comunidade. É que a nossa comunidade está em todos os espaços da sociedade norte-americana. E nós só ganhamos com isso! É disto precisamos falar e reflectir, sem complexos nem assombros. Precisamos, nos nossos fóruns públicos, ter a coragem, a audácia, de ir além do que é fácil, rijo, absoluto e cada vez menos representativo da comunidade em geral, da tal comunidade em mudança.
Era uma vez a “Palavra de Honra”... 2 – No dignidade do discurso parlamentar, “o Verbo é de oiro”... Imaginemos por um momento o talento ímpar de alguns dos vetustos tribunos do parlamentarismo português do século XIX (estou a pensar em Almeida Garrett, José Estevão, sem cuidar de enaltecer figuras ímpares da escola Coimbrã, onde o rigor do apostolado da livralhada nem sempre rimava com o humanismo estudantil da “ínclita” geração integrada por Antero de Quental, Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, e outros açoreanos mais recentes...) ado que a comunicação social portuguesa (e seus devotos satélites at large) raramente presta atenção profissional ao desenrolar dos trabalhos parlamentares, acontece que a opinião pública só costuma ser alertada para aspectos menos dignos da sua rotina. Foi o que aconteceu há dias com o sensacionalismo em saldo, ilustrado pela “escaramuça” verbal de dois deputados da Assembleia da Republica (PS versus PSD). Refiro-me aos recrutas do civismo parlamentar, porventura distraídos de que o antigo convento de S. Bento, em Lisboa, não é caserna do “fala-barato”, mas sim “artéria” vital da democracia portuguesa. O nosso espanto não se limita a vociferar “credos-em-cruz” face ao mau gosto dos palavrões então usados. A questão centra-se na manifesta incapacidade de al-
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guns parlamentares para terçar, com elegância verbal e educação temperamental, os argumentos em defesa da sua “dama”, ou seja a sua “ideia”. Não receio de ser apodado de parlamentar demófilo da “velha escola” lusitana. Mas jamais esquecerei a pertinente escaramuça verbal que presenciei entre dois parlamentares do meu tempo. Refiro-me ao desaguisado verbal entre os deputados Adelino Amaro da Costa (CDS) e Lino Miguel (PCP), ambos parlamentares de reconhecidos recursos. A dado momento ouviu-se o adjectivo “parvo” ribombar no interior da vetusta Câmara. Foi então que o então deputado Lino Miguel, na circunstância o mais idoso de ambos, ripostou num tom convincente: “- Saiba V.Exa. que não sou parvo; e não sou parvo há mais tempo que V.Exa.” (risos) Como muitos talvez recordam, antes da Primavera de 1978, a situação revolucionária continuava ainda “quente”, até mesmo nos Açores onde o ministro Almeida Santos fora pesadamente agredido por um grupo de energúmenos. Ora perante tão dramática circunstância (que depressa “saltou” ao plenário da Assembleia da República) não faria qualquer sentido ao deputado açoriamo incensar a prudência do silêncio. Era imperativo denunciar o incidente, sugerir medidas inequívocas para o reforço da segurança pública, e abreviar o subsequente apuramento de responsabilidades dos governantes locais. E assim foi.
Sabemos que os adversários do sistema semi-presidencialista fazem gala das estórias macabras que procuram denegrir a instituição parlamentar. Imagino que muitos ainda se lembram do tenebroso sequestro da Assembleia Constituinte (1975) com o fim de impedir a aurora do constitucionalismo democrático. Todavia, é sempre preferivel para um parlamento alcançar fraca visibilidade pequeno-burguesa do que ser objecto, pela negativa, duma inesperada curiosidade existencial. Explico-me: no dia 1 de Março de 1954, o Presidente da Casa dos Representantes dos E.U.A. era um congressista eleito por Boston, chamado Joe Martin. Naquele fatídico dia, quando estava a conferir a presença dos 243 deputados federais, dois rapazes acompanhados por uma beldade saltaram subitamente para o hemiciclo a gritar “Free Puerto Rico”. Logo a seguir começaram a disparar, indisciplinadamente... Mais tarde, soube-se que os atacantes eram membros da mesma facção terrorista que, quatro anos antes, tentara assassinar o presidente Harry Truman. ... espero nunca ver o chão da dignidade democrática da minha terra encharcado pelo sangue honrado da democracia portuguesa. No discurso parlamentar o insulto é um vírus maligno: só o Verbo é de oiro!
COLABORAÇÃO
Sabores da Vida
Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
Quinzenalmente convidaremos uma pessoa a dar-nos a receita do seu prato favorito, com uma condição - que saibam cozinhá-lo.
[email protected]
Os tempos difíceis... Devemos dar o crédito merecido às familias produtoras de leite pelo seu esforço e participação na protecção do meio ambiente
O
ano 2009 começou com terríveis consequências económicas para a produção de leite - os preços do queijo desceram para preços inferiores ao minimo estabelecido pelo Governo Federal e muito aquém dos altos custos de produção, e disso falaremos em mais detalhe antes de terminar este nosso trabalho. A pressão económica sobre os produtores, especialmente os da California e suas familias é tão severa que haverá dificuldades de sobrevivência económica, devido à instabilidade dos preços do leite e altos custos de produção, especialmente investimentos que não resultem em maiores ganhos, tais como ambientais. Os regulamentos ambientais são presentemente um obstáculo e os produtores estão procurando resposta em como condescender a estes regulamentos. Aqui no Vale de San Joaquin as leitarias estão particularmente sob rigorosa vigilancia. Há dois
anos atrás o “Center Valley Regional Water Quality Control Board” (Regional Board) adaptou os regulamentos mais severos, nunca antes implementados a nenhuma industria. Estes requerem extensivas investigações e testes ao meio ambiente desde os poços de produção de água subterraneas, às águas usadas como fertilizantes na agricultura, incluindo a própria água de irrigação, fruto das neves que caem nas serras. Requerendo ainda testes ao solo, nutrientes utilizados, incluindo quantidades para cada cultura, documentação tem que acompanhar todas estas exigências ao custo de milhares de dólares anuais, Segundo os mais entendidos, isto é apenas o princípio de uma longa caminhada em que a industria acabará por ser sempre a mais sacrificada. O período da implantação de todos os regulamentos é de cinco anos, para dar aos operadores o tempo necessário para se adaptarem a cumprir com os regulamentos e ao mesmo tempo a possibilidade de manter os seus negócios. O Senador Dean Florez (D-Shafter) introduziu no passado dia 27 de Fevereiro uma proposta lei
Coisas da Vida Maria das Dores Beirão
[email protected]
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ma das coisas que tenho a certeza acerca deste jornal, é a qualidade e diversidade dos seus colaboradores. O que ainda não me havia ocorrido é o número de mulheres que fazem parte da grande lista, que nos traz incalculáveis benefícios. É sobre este assunto que humildemente me debruço neste meu pequeno apontamento. Nem todas escrevem com a mesma assiduidade, por isso começo por aquelas cuja presença já é constante.
gostos, as suas preferências literárias, as suas preocupações políticas e o seu humanismo. Escusado será dizer que os teus textos são parte da minha leitura.
Filomena Rocha, mulher de muitos talentos, entre os quais locutora, poetisa e cantora, traznos com a sua “ Água Viva”, opiniões, análises de acontecimentos relacionados com as nossas vivências, tanto daqui como do outro lado do mar, as suas preocupações de mulher que pertence dois mundos. Sempre presente o seu interesse pelos nossos costumes e tradições. Leio-te atentamente e com gosto.
Goretti Silveira, com menos frequencia, oferece-nos “ A Outra V oz”, uma voz clara e inteligente, sempre à procura da justiça e igualdade de todas as mulheres, de todas as raças e idades. Tenho respeito pelo teu empenho e pela tua visão.
Margarida Silva, nos “ Traços do Quotodiano”, partilha os seus
para eliminar o “Gonçalves Milk Pool Act”. Esta lei foi introduzida por um Português Joe Gonçalves e inicialmente aprovada em 1969. A popularidade desta lei decaíu um tanto, à medida que a industria foi crescendo e a quantidade de leite utilizado na classe 1 diminuíu em percentagem, mas os entendidos dão crédito a esta lei pelo sucesso gigantesco da industria da agropecuária na California nos ultimos quase 40 anos, eliminando injustiças e práticas destrutivas na distribuição dos valores recebidos pelo leite naqueles anos. Foi especialmente efectiva em eliminar práticas comerciais, em que os comerciantes e transformadores do leite em produtos do mesmo extraiam conceções aos produtores de leite que ambicionavam que o seu leite fosse incorporado e vendido na classe mais alta.
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ma estimativa dos preços do leite para os meses de Fevereiro e Março indica que o preco do overbase será de $9.64 e $9.61 respectivamente por cada 100 libras. A pergunta que se faz é: quando é que o Governo Federal tem mecanismos para garantir o preço mínimo ds
A nossa convidada nesta quinzena é Maria Ascenção Mendes, natural da Terceira, casada com Antonio Mendes e residente em Denair, California.
Alcatra à Moda da Terceira 1 Kg de carne boa do pescoço 2 cebolas picadas miudas 2 dentes de alho 1 folha de louro 10 a 12 bolinhas de pau de cravo 3/4 de toucinho de fumo, cortado miudo 1 colher de sal 2 copos de vinho - um branco tipo Chablis e um Burgundy. 1 copo de água Forno a 350 graus. 3 horas e meia a cozer Experimentem e depois convidem-nos. Nós levamos o vinho.
$9.90, quando os custos de pro- ger os grandes distribuidores que dução estão oscilando entre $16 tem dado provas de sobejo de só e $18 dólares. Porque razão não pensarem em si próprios. estão os produtores de queijo e outros transformadores usando esses mecanismos para proteger o preco minimo em vez de prote-
... a qualidade e a diversidade dos seus colaboradores Sinto-me bem quando vejo os vossos rostos, quando leio os vossos artigos, quando sinto os vossos anseios, quando me atrevo a fazer-vos companhia. Sinto-me bem neste momento, em que escrevo acerca destas Mulheres, embora sabendo ter omitido valores merecidos, mas com a certeza que cada palavra teve origem num espaço muito intimo do meu coração.
Ellen Morais, com o seu “ Sabor Tropical”, delicia-nos com os sabores e dissabores do seu Brazil, assim como do estado das coisas na aldeia global. O seu talento como escritora e poetisa são relevantes para qualquer leitor. Foi muito bom conhecer-te embora brevemente.
Lélia Nunes, escritora profícua, escreve com grande afecto acerca dos Açores, e embora raramente, navega na “ Maré Cheia” dos mares do nosso amigo Diniz Borges, com artigos de grande interesse. Conhecemo-nos nos Açores e en
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Para todas um abraço fraterno Até à volta
contramo-nos novamente em Santa Catarina, sua terra natal e assim nasceu uma amizade alimentada pela correspondência virtual e pelas recordações vividas em duas ilhas tão distantes, mas tão iguais. Judite Teixeira, oferece os seu conhecimentos profissionais em assuntos relacionados com a
segurança social, um serviço de grande interese para a comunidade portuguesa. Alícia Filomena Cota, embora com raridade, “ Do Meu Jardim”, espalha flores de tanta beleza nas páginas da nossa Tribuna e deixa-nos com o grande desejo de a conhecer. A juventude necessita de ti e das tuas flores.
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COMUNIDADE
15 de Março de 2009
Celebrando Goa
M
ais de duas centenas de goeses reuniramse no Centro Comunitário da India em Milpitas no Domingo, dia 22 de Fevereiro, para celebrar com música, poesia, arte e culinária a sua terra natal – GOA. Querendo que nesta celebração anual da comunidade goesa da àrea da Baia a língua e cultura portuguesas sejam sempre dos elementos mais importantes do programa, o organizador e presidente desta associação, George Pinto, uma vez mais convidou a comunidade portuguesa a participar. Este ano, dois conhecidíssimos elementos da nossa comunidade, Nelson Ponta-Garça e João de Brito, aceitaram o desafio e
Fotos e Texto de J.R.
organizaram um programa muito interessante e que certamente vem ajudar a construir uma melhor ponte de aproximação e entendimento entre as comunidades locais de Goa e de Portugal. Nelson Ponta-Garça organizou e ensaiou um conjunto musical com a seguinte composição: Crystal Mendes – Vocalista Luís Sousa – Voz e Acordeon Bruno Dutra – Violão Eric Moules- Bandolin Daniel Santos – Trumpete, 12 anos de idade Nelson Ponta-Garça – Teclas E durante 30 minutos estes músicos, prata da nossa casa, deliciaram a vasta audiência com música portuguesa, mas na sua maioria interpretações de música
Nelson Ponta-Garca, Luis Sousa, Eric Moules, Crystal Mendes e Bruno Dutra.
apresentação de um segmento do seu documentário Fado. Este segmento de 15 minutos, soberbamente filmado em Goa, e ilustrado com música de fado, faz parte do documentário de longa metragem que será formalmente apresentado no mercado internacional em Outubro próximo. E o programa da tarde prosseguiu com música e danças de Goa interpretadas por adultos e muitas crianças trajando os mais coloridos trajos regionais de Goa. Para além de Goa Institute of San Francisco, uma organização com mais 35 anos de idade, no ano de 2000 a comunidade goesa criou Goa Sodharop, uma instituição sem fins lucrativos, que ainda este ano passado angariou mais de 300 mil dólares entre os goeJoão de Brito declamando um poema seu Embaixo: O jovem Daniel dos Santos tocando o Hino Nacional Português. Direita: Catedral de Santa Catarina em Goa
regional dos Açores. Para finalizar a actuação deste conjunto, Nelson apresentou o jovem e talentoso Daniel Santos para tocar o Hino Nacional Português. E sem a menor hesitação, toda a audiência se levantou, e em silêncio e com o maior respeito, escutou a magnífica interpretação do hino nacional por aquele jovem. Em seguida o conhecido pintor, João de Brito, subiu ao palco para declamar, em inglês, um poema de Adelina Azevedo Axelrod e outro que ele próprio compôs para a ocasião. Foi também a convite de João de Brito que o cineasta, Joshua Mellars, deliciou a audiência goesa com uma enorme e agradável surpresa – a
ses espalhados pelo mundo, para benefíciar, directamente, indivíduos e instituições de Goa. Todos os anos Goa Sudharop seleciona um novo alvo para a sua campanha de solidariedade. Neste ano que findou os fundos angariados foram dedicados a programas e eventos relacionados com a juventude de Goa. No próximo ano, o alvo será o meio ambiente de uma Goa que está a ser assaltada por um desenvolvimento desenfreado e maléfico que ameaça destruir a sua beleza natural. Celebrando Goa é um evento que certamente merece o maior apoio da comunidade portuguesa, ajudando assim a estreitar os laços de amizade entre todas as facções da comunidade lusófona da California.
COLABORAÇÃO
Agua Viva
Filomena Rocha
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Carlos César em Winnipeg
Não vais as Ilhas este ano? Agora, o tema é sempre o mesmo, e a pergunta é sempre igual à de todos os anos: Vais este ano a Portugal? Não vais às Ilhas este ano? Há que matar as Saudades a qualquer preço. E o Açoriano é o mais saudoso da sua terra. Se preciso for, para ajudar a coragem, faz uma promessa ao Divino Espírito Santo, ou outro Santo ou Santa da sua devoção e até vem mesmo a calhar aquela promessa que um dia os pais fizeram, mas que não tiveram tempo nem oportunidade de “pagar“… Porque os problemas inesperados acontecem e se avolumam de ano para ano. Se a doença ou a morte se antecipam, por muita Fé que se tenha, o que está escrito, escrito está para ser cumprido. De nada adianta atribuir culpas seja a quem for. Deste modo, se os filhos sabem que o pai tinha aquela promessa, querem cumpri-la para que a sua alma fique em paz. E sempre é uma oportunidade, talvez única, de ir visitar os lugares de origem, onde nasceram, brincaram, foram à primeira escola, e até se deram as primeiras cambalhotas que no momento custaram um amargo puxão de orelhas… Mas que agora ao recordar até parece doce. Esfrega-se as mãos de contente, e um brilhozinho nos olhos sobressai do propósito e da nostalgia dos velhos tempos. A verdade, é que em chegando esta época, já a inquietante Saudade, aliada ao bichinho “carpinteiro” começam a incomodar os mais “fraquinhos”, isto é: os que não resistem à Saudade; e dôa a quem doer, pernas para que vos quero. Está tudo a aprender a outra forma de vida. É uma questão de cultura. O Americano também vive para o dia de hoje. O Mexicano a mesma coisa. E nós aprendemos com eles ao fim de muito conviver e labutar. Talvez seja um pouco frívolo e um tanto irresponsável pensar assim, mas o contrário não será também uma falta de Fé em Deus e no futuro? Então, seja o que Deus quiser. E não fosse esta maldita crise que há tanto se apregoa por causa de uns quantos que esbanjaram mais do que deviam sem se preocuparem com ninguém, e já todos estaríamos de malas aviadas, com planos feitos para as Sanjoaninas de Angra, ou as Festas do Concelho da Praia, como agora se diz. Isto, sem contar com as outras festas, pois eu sei que há quem tenha promessa para a festa da Senhora dos Milagres na Serreta, mas ao preço que estão as passagens, só mesmo por milagre. Bem que a gente quer e fala, mas quem dá trôco ao emigrante? - Se até já ninguém quer dólares, nem para as pipocas, milhos torrados e as saborosas pastilhas elásticas cor-de-rosa, que antes pareciam rolinhos de rebuçado e sabiam a coisas boas… E nos transportavam ao país das estrelas com vestidos de chiffon dançando nas núvens com Fred Astaire, cantando e sapateando debaixo de chuva com Gene Kelly… E sonhando com estranhos na noite na voz única de Frank Sinatra… Como tudo mudou! Até o encanto da vida e das coisas simples a que só o imigrante parece dar valor. Hoje, já ninguém parece sonhar com nada. Se naquela altura já tivéssemos todas as semanas uma SATA que nos levasse e trouxesse a preço acessível, poucos teriam ficado na Ilha, nem que fosse apenas para tocar o chão dessas estrelas do cinema e da canção. Bem que nos enchem de promessas nos discursos dirigidos à nossa saudade ingénua, e não faltam embaixadores das festas que aproveitando o que ainda a mãe-Europa dá, nos vêm acicatar o desejo de voltar. É bom vê-los, sem dúvida alguma, mas precisamos dizer-lhes que eles próprios têm de levar o recado dos nossos anseios e preocupações no sentido positivo de haver condições para o imigrante querer e poder sempre voltar, não só pelo Santo Cristo, os que vivem na Costa Leste da América, metade do preço dos que vivem no Oeste Americano. Afinal de contas, todos somos Ilhéus. E, dr. Carlos César, a frase é sua: “O importante é pensar Português”. Paroles, paroles, paroles… caramels, bonbons et chocolats! Que não servem para adoçar as nossas vidas. Precisamos de resoluções! Pensando bem, contas feitas às horas de viagem, gasolina e número de passageiros… Se eu fosse piloto, até gostaria de ter um aviãozinho daqueles… Se calhar ainda faria para os caramelos, bom-bons e chocolates para dar às criancinhas.
O presidente do Governo dos Açores revelou ter aceite um convite da Casa dos Açores de Winnipeg para visitar a comunidade açoriana residente naquela cidade canadiana. Carlos César, que recebeu em audiência o presidente da instituição, José Santos, acrescentou que conjugará as comemorações do Dia dos Açores, já marcadas para Toronto, com deslocações a locais de mais significativa presença de emigrantes açorianos, quer no Canadá, quer nos Estados Unidos, pretendendo mesmo visitar, neste último país, o estado de Rhode Island, no cumprimento de um compromisso que assumiu com autoridades americanas. Realçando a importância da comemoração, fora dos Açores, do dia da Região, o presidente do Governo disse que “em boa verdade, ser açoriano é um estado de espírito, uma forma de estar, e é possível viver a açorianidade fora das nossas ilhas como nas nossas próprias ilhas”. Na mesma linha, afirmou esperar que a comemoração do Dia dos Açores possa também ser feita, nesta legis-
latura, em Lisboa, o que não deixará, na sua opinião, de ser interessante e igualmente muito pedagógico, “evidenciando a qualidade da nossa comunidade açoriana e a sua inserção nos níveis de decisão do país”. Isso seria, de resto, semelhante ao que já aconteceu aquando do Dia dos Açores em Fall River e ao que sucederá com as comemorações marcadas para Toronto, no Canadá, país onde a nossa comunidade “é muito qualificada, dispersa por muitas actividades profissionais, económicas, universitárias e outras – e é a essa diversidade que nós prestamos homenagem, quer do ponto de vista territorial, quer das funções que os açorianos desempenham por todo este mundo”.Carlos César deixou ainda a reafirmação do apoio do seu Governo a todas as iniciativas que tenham em vista a promoção dos Açores no exterior e o consequente incremento do afluxo turístico, nomeadamente dos países onde residem comunidades de emigrantes, como é o caso do Canadá.
Terceira, Frankfurt, Milão A ilha Terceira vai dispor, no próximo Verão, de ligações aéreas às cidades de Milão e Frankfurt, anunciou o secretário regional da Economia, após uma reunião, hoje em Angra do Heroísmo, com dirigentes da Câmara de Comércio e Indústria local. Vasco Cordeiro acrescentrou que, em Junho, arranca a ligação semanal directa entre Terceira e a cidade alemã de Frankfurt, iniciando-se, no mês seguinte, um voo circular Milão/Ponta Delgada/Lajes. Segundo sublinhou, estas ligações representam “mais um passo no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido com o objectivo de captar novos mercados para o sector turístico regional”. Referiu , também, que as duas novas ligações aéreas com Terceira resultam do trabalho “que tem vindo a ser realizado pelas duas câmaras municipais da ilha , Angra do Heroísmo e Praia da Vitória, pela Secretaria Regional da Economia, Associação de Turismo dos Açores e pela Câmara do Comércio e Indústria de Angra, com o objectivo encontrar soluções que permitam dar resposta
aos efeitos negativos que a crise económica internacional tem produzido nos mercados turísticos”. Para Vasco Cordeiro, “a estratégia de conjugação entre diversas entidades demonstra que podem ser encontradas soluções para captar mais turistas para a Região, quer reforçando a nossa presença em mercados onde os Açores têm já bons índices de notoriedade, quer abrindo novas oportunidades de negócio em mercados onde a Região começa agora a ser apresentada”. “Num ano que não será o mais fácil, tendo em conta a retracção a que temos assistido nos países emissores de turistas para a nossa Região, o Governo dos Açores está a fazer, e fará tudo o que for possível, com todos os parceiros do sector, para conseguir vencer os desafios que enfrentamos”, disse. A realização de frequências semanais com as cidades de Frankfurt e de Milão junta-se a outras duas ligações já realizadas em 2008 e que se vão repetir este ano, igualmente com o apoio do Governo dos Açores - Paris e Amesterdão.
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COMUNIDADE
15 de Março de 2009
Comunicados 1. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e tem a honra de comunicar que a Fundação Calouste Gulbenkian anunciou a abertura de um Concurso, relativo ao ano lectivo 2009/2010, para candidatura a “Fellowhip” na John’s Hopkins University. O prazo para candidatura termina a 15 de Maio próximo Informações sobre este Concurso podem ser solicitadas através do e-mail transatlantic @jhu.edu ou telefonando para 202 663 5880. San Francisco, 26 de Feverejro de 2009. 2. O Consulado-Geral de Portugal em San Francisco apresenta os seus melhores cumprimentos e, a pedido da Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, tem a honra de comunicar que quem estiver interessado pode candidatar-se à segunda edição do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, cuja data limite é 31 de Março de 2009. Os processos de candidatura deverão ser submetidos a COTEC PORTUGAL, através do endereco electrónico
[email protected] ou através do site www.cotec. pt/diaspora. San Francisco, 26 de Fevereiro de 2009.
Televisão em sinal fechado à borla na net
Actualmente a internet é um veículo usado para as mais variadas utilizações, sendo os seus conteúdos diversos quanto baste. Ver televisão é um das opções. Agora, por isso, é fácil e mais barato ver televisão e até mesmo assistir a programas que só são transmitidos em canais codificados totalmente à borla na net. Os principais canais nacionais, RTP, SIC e a TVI também oferecem conteúdos televisivos na internet, embora não o façam na totalidade da sua oferta, apostando quase só em programas de informação. Por exemplo, o Sintonizate.net é um novo site, com um design bastante atractivo que lhe permite ver vários canais televisivos online, no entanto, o site permite ainda verificar a programação do dia, ouvir centenas de rádios online em Portugal, vídeos retirados do YouTube e MetaCafe e organizados por categorias e jogar pequenos ‘joguitos’ flash. Na área de “Televisão” do site pode ver os vários canais online. Para além de canais nacionais como Tvi, Sic, Rtp, Sic Radical, entre outros, ainda é possível assistir a canais internacionais como o canal de música MTV, o canal BBC, Cartoon entre muitos outros, que se encontram organizados por tema. Outro projecto português de televisão na internet é a TV Tuga. Pedro Botelho - parcial in Expresso das Nove
PATROCINADORES
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COMUNIDADE
15 de Março de 2009
Reformados - Que qualidade de vida? Começamos hoje uma série de conversas com reformados da nossa comunidade que tiveram uma vida profissional muito activa. O propósito desta troca de impressões é saber como é que se passa de um momento para outro, de uma
actividade diária de grandes responsabilidades, para uma vida mais calma, menos “stressante” e quais as consequências disso na saúde e no bem estar da própria pessoa. As perguntas foram as seguintes:
1. Qual é a sensação que se tem quando uma longa actividade profissional é interrompida por uma passagem à reforma? Que consequências, que frustrações? 2. Hoje, como é que passam os seus dias? Que actividades é que mantem?
3.Qual era a actividade que gostariam de ter, agora que têm todo o tempo do mundo? 4. Que conselhos daria aos jovens, depois da vossa experiência de dezenas de anos de trabalho?
Rodrigo Alvernaz
Fernando Soares Silva
Eduardo Mayone Dias
1. Quando, em 1999, passei à reforma com 63 anos de idade após 42 anos de serviço, não foi por o querer fazer tão cedo na minha vida, mas foi principalmente devido a razões de saúde, ou melhor, falta de saúde. A sensação original foi, sem dúvida, uma de quase completa isolação, senti a falta do contacto diário com a nossa gente, com colegas de serviço, com a nossa querida comunidade. Eu sempre disse que, graças a Deus, eu usufri do melhor de dois mundos. Isto é, tendo a oportunidade de viver neste grande e acolhedor país e lidando no quotidiano com gente da minha gente. Eu tive a felicidade de chegar à Califórnia com 17 anos de idade quando a imigração Portuguesa quase não existia. Eu tinha completado o curso liceal em Portugal, portanto foi aqui que me formei e entrei para o serviço da Luso-American em 1957, quando esta acabava de vir à luz com a fusão de duas velhas sociedades fraternais fundadas por imigrantes Portugueses, a Beneficente fundada em 1868, e a Continental fundada em 1917. No entanto continuei como um consultor para a Sociedade.
1. A passagem à reforma acarreta sempre um período de relativa confusão e desorientação no novo modo de vida de quem se retira das suas habituais ocupações profissionais. Mesmo na hipótese de cuidadosa preparação e de prévia programação das suas novas actividades, o reformado confronta temporárias, e por vezes, inquietantes, sensações de vacuidade e de inutilidade social, que podem ser agravadas seriamente quando ele se refugia nos ilusórios antros da inactividade, mental ou física. Durante a fase de adaptação à sua nova situação, o reformado procura estabelecer condições que lhe permitam coerência e equilíbrio, e também o desejado bemestar no resto da sua caminhada existencial.
1. No meu caso a transição foi relativamente gradual pois continuei a dar aulas por um trimestre após a data oficial da aposentação. Após esse período veio tranquila a passagem à inactividade profissional. A reforma fora aliás maduramente pensada. O meu colega Prof. Claude Hulet, catedrático de Literatura Brasileira. havia-se aposentado um ano antes e não foi substituído. A sua ausência representou um rude golpe para a integridade do programa de Português e eu senti-me frustrado ante o inevitável decréscimo do número de alunos, agora impossibilitados de cumprir os requisitos da licenciatura ou mestrado. Por outro lado, no meu último ano aumentaram os enfadonhos deveres administrativos. A reforma foi deste modo aceite com serenidade e mesmo certo alívio.
2. Depois dum prazo duns meses para poder ver se podia recuperar a saúde e expericenciar um bom descanso, resolvi voltar a uma actividade reduzida servindo como voluntário na Fundação Luso-Americana para a Educação, da qual tinha sido um sócio fundador em 1963. Desenvolvi essa actividade por quase cinco anos como Presidente da Fundação. Também tive a oportunidade viajar, indo a Portugal visitar familiares várias vezes e fazendo algumas viagens de cruzeiros, o que nunca tinha feito durante a minha carreira, quer por falta de tempo, quer por falta de dinheiro. Agora dedico a maior parte do meu tempo gozando o prazer de ver os seis netos crescer, indo aos seus jogos de futebol (soccer) ou Americano. Enfim apreciando muito quanto vale a família, pois quando estava ao serviço da Sociedade pouco tempo tive para poder fazer o mesmo para com os meus quatro filhos. Agora também desde que resido numa comunidade adulta e de golfe, jogo esse passa tempo, quando a saúde me permite, isto é uma actividade a que me dediquei desde que me reformei. 3. Qual é esse tempo todo? Agora não tenho tempo para nada, gosto muito da seguinte anedota: “A minha mulher perguntou-me recentemente, o que estás a fazer?” Eu respondi “Nada”; Ela diz-me “Tu fizeste isso ontem!”; ao que eu respondi “Ainda não tinha acabado de o fazer”. 4. O conselho que eu sempre dei aos meus filhos e que, portanto, daria a todos os jovens seria que a vida serve para muito mais do que ganhar dinheiro. Dediquem-se a uma actividade profissional que vos dê prazer, acima de tudo. Eu dediquei-me de alma e coração a uma empresa sem lucros e portanto soube apreciar bem quanto vale este conselho, porque sempre apreciei o meu serviço embora este requeresse a minha actividade quase sete dias por semana, nunca o considerei trabalho uma maneira de vida. Termino uma vez mais agradecendo ao Senhor José Ávila por esta oportunidade de conversarmos um pouco porque como diz o velho ditado “Recordar É Viver”.
2. Quando ingressei nas fileiras dos reformados, não interrompi ou cessei os meus trabalhos de pesquisa e as minhas actividades literárias e jornalísticas, bem como as minhas preferidas tarefas de labore exercício físico. Assim continuo e prosseguirei com a minha colaboração com jornais e revistas que desejam os meus artigos e os meus estudos e ensaios sobre uma grande variedades de tópicos que interessam aos seus respectivos leitores. Nos últimos anos, alarguei a já volumosa lista bibliográfica das minhas obras com a publicação de livros em prosa e em poesia, em Português e em Inglês, e, ainda, com a elaboração de várias dezenas de novos artigos que, recentemente, têm focalizado relevantes aspectos da saúde e do bem-estar físico e mental humano. “Mens sana in corpore sano” é não só uma das minhas principais preocupações como também o foco da minha colaboração jornalística contemporânea 3. Além das diversificadas actividades literárias e de pesquisa supra mencionadas, eu gostaria de ocuparme, de algum modo, em outros relevantes empreendimentos ou assuntos, de âmbito ou carácter cultural, que sejam de benefício para as nossas comunidades. 4. A juventude de hoje será a humanidade de amanhã. Ela é a precursora do futuro próximo e distante. A universalidade humana atravessa actualmente uma medonha crise cuja enormidade e complexidade são sem precedentes na história do mundo. Esta desastrosa situação é causada fundamentalmente pela negligência, pelo esquecimento ou pelo menosprezo dos princípios e valores perenes que poderiam nortear a conduta e os relacionamentos humanos. A juventude contemporânea irá enfrentar um muito complexo e complicado futuro, para o qual ela necessita preparar-se com uma boa e completa educação que lhe permita vencer ou ultrapassar com sucesso as exigências laborais, sociais, económicas e políticas, Também indispensável será uma sólida formação ética e moral que lhe oriente pelo caminho da dignidade humana. E aqui vai mais um conselho para os meus jovens leitores: Mesmo em tempos de procelas e de desapontamento, nunca deixeis de sonhar! Os grandes empreendimentos humanos brotaram de sonhos que lhes serviram de alicerce. Nunca pareis de sonhar... para um mundo melhor!
2. Difíceis problemas familiares levaram-me a uma vida predominantemente doméstica, digamos de uma quase sentença de prisão domiciliária. Isso, todavia, permite-me algo mais de tempo para me dedicar ao que sobretudo gosto de fazer, ler e escrever. Mantenho ainda alguma actividade académica, dado que me continuam pedindo artigos para publicações de carácter universitário dos Estados Unidos, de Portuga e até num caso, do Japão. Em colaboração com um colega publiquei um livro sobre relações culturais luso-castelhanas e a tradução para espanhol de uma novela portuguesa. Tenho dado certo contributo a projectos audio-visuais e, sobretudo, tenho escrito muito, a um tom mais ligeiro, para vários jornais de emigração. 3. Considero-me satisfeito com o que estou fazendo. Sinto contudo saudades das viagens do antigamente. Teria gostado de voltar a Portugal, interrompidas as antigas estadias desde o ano 2000. Gostaria de ver como evoluiu a minha Lisboa e também de explorar recantos do país, que antes lamentavelmente negligenciara. Os anos passam e infelizmente já quase não me restam amigos em Portugal. Seria contudo recompensante reviver o contacto com os poucos que sobrevivem. Também adoraria que o Pai Natal me desse de presente dias de 48 horas. Poderia assim gozar de mais tempo para reler livros que outrora me entusiasmaram, abrir outros que, intactos, estão apenas acumulando poeira numa estante, acabar projectos de trabalho que se vêm arrastando por anos e anos. 4. Que poderia dizer aos jovens? Pouco convivo com eles. Os antigos alunos que ainda têm a generosidade de se lembrar de mim já são avós ou para isso caminham. Poderia sem embargo dizer que não temam a fase dos cabelos brancos, da bengala, do Medicare, dos óculos para ler, da vacina anual contra a gripe e dos descontos para isto e aquilo. Pode ser um tempo de agradável reflexão, da simpática constatação diária de haver “acordado vivo”, do relembrar de tempos bons de antanho, de aproveitar plenamente o hoje como se o amanhã não existisse.
COMUNIDADE
Ramiro C. Dutra
Decio Oliveira
1. É óbvio que o individuo deve antecipar a aposentação e preparar-se para ela. No entanto, é impossível prever tudo e um certo senso de humor é essencial. Há profissões que permitem uma transicção gradual através de um regime “part-time” nos últimos anos de serviço. Foi o que eu fiz e recomendo.
1. Quando resolvi terminar a minha carreira profissional sabia, de antemão, que não ficaraia de braços cruzados, vendo televisão, semi adormecido, esperando a morte. Embora tivesse sido convidado para instructor clinico em Endodoncia, na Universidade da California, San Francisco, não aceitei para não ter que lutar com o tráfego do dia a dia na estrada 101.
2. Após 41 anos de serviço no ensino e investigação, a ligação com a Universidade manteve-se através da apresentação de “guest lectures”, colaboração em seminários e assistência a estudantes graduados. Dentro das minhas áreas de especialidade (química, nutrição, toxicologia e tecnologia alimentar) tenho mantido um certo nível de actividade dentro das respectivas associações profissionais e servido como recensor (referee) na publicação de trabalhos submetidos a vários periódicos científicos. O fenómeno da emigração, o interesse pela comunidade e o pendor literário que sempre tive tem continuado a conduzir-me a actividades de cariz literário tais como conferências realizadas pela Direcção Regional das Comunidades, o Simpósio Anual de Tradições Portuguesas na UCLA, a série Filamentos da Herança Atlantica que se realizou em Tulare por vários anos. Eram (são) eventos de excelente nível académico cujos organizadores são dignos dos melhores encómios. Mas, muitas destas coisas declinam com o rolar dos anos. Temos, portanto, que seguir outras oportunidades. Durante vários anos colaborei com uma Escola Médica do Sul da California numa campanha de Saude Pública junto das comunidades portuguesas desta área. Também servi como perito de alimentação no “Board of Directors” de um grande complexo residencial para a Terceira Idade. Foram experiências enriquecedoras. O gosto pelas viagens e visitas a centros de cultura (museus, universidades, etc.) adquirido durante as décadas de serviço ainda ocupa posição prioritária no meu calendário. Não desprezo uma ida à praia no verão ou a Las Vegas no Inverno, e passo horas a fio numa enorme livraria onde há poltronas e café. Todavia, a minha grande atracção é o ginásio. Vou lá como cliente e como observador. Vê-se lá de tudo: jovens e velhos, gordos e magros, um cego com o cão, uma senhora em cadeiras de rodas e, últimamente, uma mãe conduzindo pelo braço um rapagão cego de nascença. A motivação e o optimismo são gerais. As vezes tento uma breve conversa e sinto-me feliz. 3. Não acredito que o reformado tem necessáriamente todo o tempo do mundo. Só é inerte na aposentadoria quem já o era dantes. As actividades que mais gostaria de fazer são precisamente as que estou fazendo. 4. Aos jovens da nossa comunidade (e não só), especialmente nos conturbados tempos que este País atravessa, deixo a seguinte mensagem: Aproveitem o período da juventude para adquirir uma boa educação (universitária ou não) e procurem desenvolver três atributos: independência, responsabilidade e tolerancia. Independência para poderem traçar e seguir uma profissão ou negócio que lhes traga satisfação e sustento e os faça cidadãos prestantes. Responsabilidade para aceitar as consequências das suas acções. Tolerancia para reconhecer que dentro do conhecimento humano há as matérias científicas (que se regem pela Razão) e as não-científicas (que se regem pela Emoção e dão a todos igual direito às suas ideias e interpretações). Envio uma saudação cordial aos nossos jovens confiante na clarividência que eles certamente irão exprimir qundo tiverem os cabelos tão brancos como os meus (os poucos que me restam).
2. Desta feita, dediquei-me ao que mais gostava, como passatempo, horticultura, poesia, viajar e, como qualquer avo, dediquei-me aos netos, para além do contínuo envolvimento na Comunidade, em especial a Igreja Nacional das Cinco Chagas, I.E.S., Portuguese Athletic Club, Camara do Comércio Portuguesa, Portuguese Heritage Publications, POSSO, etc. Continuo a dormir as poucas horas que me acostumei há muitos anos, e passo algum tempo de manhã e a noite, no computador, apreciando boa música de fundo. Não é surpreendente que após tantos anos de convívio diário com pacientes, não tenha sentido, até certo ponto, um vácuo difícil de preencher, não no que diz respeito ao trabalho, mas sim à falta do contacto humano, que edifiquei durante a minha carreira profissional. 3. Quanto à actividade que eu gostaria de ter neste momento, para além das actividades acima mencionadas, seria adquirir um emprego (não trabalho) na Sociedade Açoriana de Transportes Aéreos SATA, para viajar gratuitamente para os Açores, sem ter que me preocupar com as tarifas exorbitantes impostas em nós imigrantes. 4. Agora, virado para os jovens, gostaria de dizer-lhes que o saber, ninguém vos rouba, nem por morte, é a maior herança que os vossos pais vos podem deixar. Aproveitem as oportunidades que as Universidades deste grande País vos oferecem para adquirirdes qualquer que seja a vossa ambição. Pensai no futuro, olhai em redor, e vereis que sem uma boa educação académica, a vida se torna mais difícil e o futuro mais nublado.
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Heraldo G. Silva Passa breve tudo quanto passa… Só Deus não passa. Fernando Pessoa 1. Aposentado aos sessenta anos por motivo de doença (1998), a sensação que tenho tido é a de escapar ao peso diário de levantar cedo e da constante preparação das aulas. Até parece que é ”Domingo toda a semana”! Além disso, há tempo livre para leituras, televisão, cuidar do quintal, conviver com vizinhos e amigos e participar em mais actividades comunitárias. 2. O meu dia a dia é muito normal e consta mais ou menos do que se segue: assistência à Missa diária sempre que posso; trabalhos da casa e do quintal; consultas frequentes a médicos no Sul, Norte, Leste e Oeste da Baía. Tenho participado nas seguintes organizações comunitárias: Comunidades Eclesiais de Base – reuniões mensais de imigrantes que se juntam para oração, leituras bíblicas e discussão de problemas de vida; Comunidade de Leigos Carmelitas – reuniões mensais de oração e aprofundamento de tópicos de espiritualidade (Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz e outros); actividades paroquiais: ajuda alimentar a desalojados, cursos de Bíblia, Adoração do Santíssimo Sacramento; colaboração assídua como revisor de trabalhos a publicar pela editora Portuguese Heritage Publications, e colaboração com artigos e traduções; algumas viagens para Portugal, Açores, Brasil, França e Terra Santa; alguma cooperação cultural na Universidade Estadual de São José e nalgumas sociedades fraternais. 3. O meu ideal sempre foi o de participar no desenvolvimento educativo, intelectual e espiritual das pessoas, e é o que continuo a fazer. 4. Aproveitar ao máximo as oportunidades escolares e a promoção profissional; não se deixar absorver tanto pelo trabalho ao ponto de não ter tempo para Deus e para o desenvolvimento espiritual, para a família, para o descanso moderado, exercício físico e convivência com os amigos. Considero o bom relacionamento com a pessoas muito importante para a nossa saúde psicológica e emocional. Dou imensas graças a Deus pelos dons da vida física e espiritual, da família, dos muitos benfeitores, colegas e amigos ao longo dos anos.
Rodrigo Alvernaz, nasceu nos Cedros, Faial, Aço- dem do Infante D. Henrique nos graus de Comendador e res. Estudou no Liceu Nacional da Horta, Liceu Passo Manuel (Lisboa) - Curso Liceal Heald Colleges, San Jose e San Francisco - Accounting Cal State University - Business Management Vice-Presidente Excutivo e Chefe Executivo (CEO). Agraciado com a Ordem de Mérito, no grau de Comendador.
Fernando Soares Silva, nasceu na Ribeira Grande, São Miguel. Iniciou os seus estudos superiores na Universidade Gregoriana, em Roma, Itália, onde se formou em Estudos Teológicos e Filosóficos. Na Universidade de San Francisco - Licenciatura e Mestrado, respectivamente em Filosofia e Línguas Clássicas e Românicas, e em Ciências da Educação e Psicologia. Licenciatura em Filosofia, concedida pelo Ministério da Educação e Cultura, de Portugal. Doutorou-se em 1968, em Ciências de Educação, Filosofia e Estudos Portugueses, na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Professor universitário. Agraciado pelo Presidente da República de Portugal, Dr. Mário Soares, com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de Comendador Eduardo Mayone Dias, nasceu em Lisboa. Licen-
ciou-se em Filologia Germanica na Faculdade de Letras de Lisboa. Doutorou-se em 1971 na USC em Literaturas Hispanicas. Leccionou 29 ano na UCLA e mais 13 anos repartidos entre Portugal, Inglaterra e Mexico. Foi agraciado pelo Governo Português duas vezes com a Or-
Grande Oficial.
Ramiro Dutra, nasceu em Ponta Delgada. Estudou
nas Universidades da California, Berkeley e Davis. Depois de se doutorar em Biochemistry, foi um distinto professor universitário de Nutrição e Tecnologia de Alimentação, na Technical University of the State of California. Foi agraciado com o Colar do Mérito Agrícola e Ordem Militar de Santiago de Espada, no grau de Comendador.
Decio Oliveira, nasceu na Ribeira Grande, São Miguel. Frequentou o Magistério Primário em Ponta Delgada. Veio para a America em 1957. Cursou-se em Medicina Dentária na Universidade de Davis e depois douturou-se na Universidade da California em San Francisco. Foi médico dentista durante 35 anos en San José, e reformou-se em Dezembro de 1999. Agraciado com a Ordem de Benemerência, no grau de Comendador. Heraldo Silva, é natural do Capelo, Faial, Açores. No Seminário de Angra cursou estudos secundários, filosóficos e teológicos, mas não se ordenou. Fez o bacharelato na Universidade Católica de São Francisco, e o mestrado e o doutoramento na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ensinou português, espanhol, francês e latim em escolas secundárias (5 anos). Como professor universitário leccionou português e espanhol na Universidade Estadual de São José (24 anos). Agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique, no grau de Comendador.
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PATROCINADORES
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COMUNIDADE
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J. A. Freitas Library in San Leandro News about the creation of a library exclusively of works related to Portugal and her sons throughout the world, was first made public in January 1964, just before construction of the U.P.E.C. Office took place in San Leandro, California. The Board of Directors authorized space in the Conference Room of the building to house works of Portuguese writers and any literature related to the Portuguese in the United States and in any place in the world. This Library, now with over ten thousand titles, both in English and Portuguese is serving as a center of research and is destined to help divulge knowledge of the Portuguese to the American public, regardless of their extraction. We are glad to see that the library is serving its purpose. People eager to learn and cultivate their knowledge of the Portuguese people visit it daily. After an appeal for donations was made, books began to arrive from several parts of the California, and Massachusetts. Large contributions were registered from Gulbenkian Foundation; House of Braganca; Dr. Manuel Pedro Ribeiro da Silva, Council of Portugal; Cultural Institutes in Ponta Delgada, Horta, Angra do Heroismo, Funchal, and many individuals. Thanks to these original contributors, the library began to flourish and give fruit; it is now enjoyed by many, especially students who come to read and borrow literary works. The library was originally known as the “U.P.E.C. Library” but delegates assembled at the U.P.E.C. Convention in 1965 voted unanimously in favor of a resolution intended to call the library the “J.A. Freitas Library” in tribute to this exemplary officer of the organization. J.A. Freitas was a friend of the Portuguese and throughout his lifetime, not only praised them but also wished that someday Californians would have an opportunity to learn and respect the deeds of the sons of Portugal. However, Joseph A. Freitas, did not live to realize his dream. On March 23, 1965, a sudden death robbed J. A. Freitas from his countless friends within the organization he served and loved. A fund has been created with a grant from the Estate of Louise Freitas, wife of deceased J. A. Freitas, to purchase additional books for the library. Besides this grant, the fund is also made of personal donations. You may also contribute to the growth of this library by either sending books (Portuguese authors or foreign writer whose works are related to Portugal and Portuguese) or by sending your donation to the J.A. Freitas Library. If you intend to offer books, please submit your list to the library in advance. 1120 E 14th St, San Leandro from JA Freitas Library brochure photos by jose avila
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COMUNIDADE
15 de Março de 2009
Carnaval 2009
Excerto das “Heroínas Açorianas” de Hélio Costa A pedido de várias pessoas, transcrevemos a parte final da Dança de Carnaval “As Heroínas Açorianas” de Hélio Costa, pelo Grupo de José Enes e Amigos. ... Oh vocês. Eu fui ouvindo o que aquela gente dizer quis Mas quando a mostarda me chegou ao nariz Eu então disse tudo o que me apeteceu dizer CHICA Há gente que de tudo é capaz E no que diz não medita CAROLINA Isso é o pagamento por aquilo que a gente lhes faz Quando eles vêm cá de visita FAUSTINA (Tenta acalmar) Vocês também não hão de ser dessa maneira Se calhar essa gente disse isso na brincadeira Tirem vocês isso da ideia CARLOTA Tu tens o teu pensar e eu tenho o meu E não gostas da Terceira mais do que eu Mas há certas coisas que chateia Sempre que vem aqui alguém de Portugal Uma filarmónica, um folclore, um baile de carnaval Ou amigos da nossa terra amada O emigrante vibra de emoção E faz das tripas coração Para que nunca lhes falte nada CHICA Tens razão no que estás a dizer E eu concordo contigo também A gente fica sem saber O que é que havemos de fazer Para que eles se sintam cá bem CAROLINA E quando a gente vai à Terceira Alguns até viram o rabo à gente FAUSTINA Ó mulher. Isso não há-de ser bem dessa maneira Vocês estão é nervosas certamente CARLOTA A gente prejudica a nossa vida Para andarmos com eles a passear Sempre numa alegria desmedida Para que eles estejam a gostar Damos carro, damos cama, damos comida Damos de tudo o que há no nosso lar Se vamos a um club tomar uma bebida Nunca os deixamos pagar De tudo um pouco fazemos Para que eles sejam bem servidos E depois a paga que temos É que somos estúpidos e atrevidos CHICA Exactamente como estás a dizer Fazemos um sacrifício enorme Até chegamos a oferecer A cama onde a gente dorme Fazemos tudo com ternura
DESPEDIDA REFRÃO Não importa ser de São Jorge de São Miguel ou Faial Graciosa Santa Maria ou das Flores Corvo ou Pico --- nem da Terceira para nós é tudo igual O que importa é que somos dos Açores E agora vem, a moda que trás o final Mas sempre que há Carnaval Existe uma parte assim É com tristeza que damos a despedida Mas sabemos que na vida Tudo o que nasce tem fim O Carnaval, é genuíno da Terceira Mas quem vem à nossa beira
Sempre no sentido de melhor agradar Até tiramos férias naquela altura Para os podermos acompanhar CARLOTA. E se chegarmos à Terceira de repente O que é que alguns fazem à gente? Fazem metade destes sacrifícios sequer? Com as suas maneiras pacatas Levam a gente um dia à Lagoa das Patas E até amanhã se Deus quiser CAROLINA Se algum grupo da Terceira nos vem visitar A gente mata-se aqui a trabalhar Com amizade e gentileza Fazemos de tudo cá Para que levem uns dólares para lá Que venha reduzir a despesa Trabalhamos por todos os lados Para lhes darmos um apoio financeiro E na hora que são chamados Para recebem o mealheiro Alguns ainda ficam chateados Porque esperavam mais dinheiro… CAROLINA Mas se vamos com um grupo à Terceira A música toca muito diferente Pagamos tudo da nossa algibeira Porque ninguém dá nada à gente O que nos podem oferecer Nos dias que estamos lá É alguma encomenda para trazer Para algum parente que tenham cá FAUSTINA Vocês não hão-de ser dessa maneira O que vocês estão é precisar É de uma tigela de chá de cidreira Para esse nervosismo acalmar CARLOTA A gente não precisa de chá de cidreira Não está aqui ninguém para morrer Precisamos é que algumas pessoas da Terceira Vejam os emigrantes com olhos de ver CHICA Os terceirenses que emigraram Com a sua coragem verdadeira Desde que a esta terra chegaram Nunca se esqueceram e sempre honraram A sua Ilha Terceira Desde que aqui chegamos Com espírito de lutadores De mãos dadas trabalhamos Sem ódios nem rancores E por todos os cantos semeamos As tradições dos Açores FAUSTINA Nessa. Tens razão quanta queira Além das lágrimas que choramos Sempre honramos a nossa Terceira E os amigos que lá deixamos CAROLINA Trouxemos para cá as nossas procissões Das ilhas ou continente É porque adora e para nós o principal É que as festas do Carnaval São feitas para toda a gente E é por isso, que nestas nossas sextilhas Honramos todas as ilhas Com carinho e lealdade Porque no fundo, somos todos emigrantes Que partilhamos por instantes A dor da nossa saudade Cada emigrante, aqui nesta sala em flor Seja lá de que ilha for Para nós é um irmão É uma bonina ou uma hortênsia azulada Que guardarei bem guardada Dentro do meu coração
E as nossas lindas coroações Tudo o que era tradicional Filarmónicas, Folclore, Matanças Marchas de São João e as danças Do nosso querido Carnaval CARLOTA Tudo isso veio para cá Sem haver razão de queixa Se não damos foguetes como dão lá É porque a polícia aqui não deixa CHICA Construímos igrejas, Salões Irmandades, associações Entre tantas coisas mais E estações de rádio igualmente Que transmitem diariamente As nossas musicas regionais FAUSTINA Estações de rádio de primeira Que transmitem musicas açorianas Enquanto os rádios da Terceira Passam a vida inteira Só a passar músicas americanas CARLOTA Por tudo isto e muito mais certamente Que agora não estamos lembrados Ainda acabam por tratar a gente Por estúpidos mal-educados CAROLINA Nunca nos esquecemos de falar português Assim como de em português escrever Ainda falamos espanhol e inglês E só não falamos chinês Porque não foi preciso aprender CHICA Agora pergunto a quem está presente Nesta sala majestosa Será que uma ilha que tem filhos iguais à gente Não se devia sentir orgulhosa? Se as pessoas para a realidade olhassem Inclusive certos fulanos Não ficava nada mal se nos chamassem Por Heróis Açorianos CARLOTA Exactamente! Tal e qual como um mais um serem dois Sempre adorei as tuas ideias repentinas Os nossos maridos foram uns Heróis E a gente somos umas Heroínas FAUSTINA Isso é que é falar Com as tuas palavras me alucinas Carlota. Tenho uma coisa para te perguntar O que é essa coisa de Heroínas? CARLOTA Não sabes mas eu vou-te dizer Já que isso na consciência te rói Uma Heroína vem a ser Todos unidos, caminhando lado a lado Seja qual for o estado Minhas senhoras senhores É com orgulho que o mundo olha para nós Porque juntos somos a voz Das nove ilhas dos Açores E agora quero, a todos vós agradecer E mais uma vez dizer Com sentimento profundo Que o emigrante que é filho de Portugal É o mais sentimental Dos quatro cantos do mundo Também eu quero, agradecer a Jesus A santa paz e a luz Que brilha neste festival E agradecer a todos os Açorianos
A fêmea do Herói Como esclarecido aqui já foi Só uma tola não atina Se és casada com um Herói Tens que ser uma heroína (Musica de Jorge Ferreira) “ Portuguesa é a mais linda” CAROLINA Povo amigo que esta festa partilhas Muito obrigado e não nos leves a mal Porque somos apenas mais quatro filhas Que amamos as nossas ilhas E o nosso Portugal REFRÃO Ó Emigrante Tu és a luz Mais cintilante Da Terceira de Jesus A alma dói Com teus valores És um Herói Das nove Ilhas dos Açores FAUSTINA Os desabafos que ás vezes aqui soltamos Nunca são ditos para ofender ninguém Só os dizemos porque com amor olhamos Tudo o que um dia deixamos Na Terceira nossa mãe CHICA O motivo de soltarmos certos prantos Nestes palcos uma vez em cada ano Não é para nos tratarem como santos Mas para que vejam os encantos Do Emigrante Açoriano CARLOTA Sejam estúpidos ou até mal-educados O que interessa minha gente hospitaleira É que mesmo pela distancia separados Fomos todos embalados Pelos braços da Ilha Terceira REFRÃO
Ó Emigrante Tu és a luz Mais cintilante Da Terceira de Jesus A alma dói Com teus valores És um Herói Das nove Ilhas dos Açores Que ao longo destes anos Honram o nosso Carnaval E deste grupo, que da Artesia aqui vem Quero-vos deixar também Toda a nossa gratidão E a terminar, o nosso muito obrigado E um abraço bem apertado Aos emigrantes que aqui estão
Não importa ser de São Jorge de São Miguel ou Faial Graciosa Santa Maria ou das Flores Corvo ou Pico --- nem da Terceira para nós é tudo igual O que importa é que somos dos Açores
PATROCINADORES
LUSO AMERICAN LIFE FRATERNAL ACTIVITIES OF THE SOCIETY Luso American Fraternal Federation Sociedade Portuguesa Rainha Santa Isabel March
2009
Date
Time
S a t u r d a y , 5:00pm 21th No-Host Cocktail 6:00 Dinner Sunday, 22nd
12:00 pm NoHost Cocktails 1:00 Lunch
LAFF Council City 37B-46C
53B
Presidents Visit
APRIL
7:00pm Cocktails 7:30 Dinner
Luso 3
Sunday, 18th
6:30 pm Cocktails 7:00 Dinner
17B
Friday, 17th
FMarchch S a t u r d a y , 12:00 pm 21th Fellowship 12:30 Lunch
Sunday,22 nd
Fremont Union CityPresidents Visit Gustine Presidents Visit
Flor do Oakley Hall 2nd St, Oakley, CA
Newcastle Portuguese Hall 690 Taylor Rd, Newcastle, CA Alvarado Portuguese Hall Alvarado, CA Gustine GPS Hall 3rd St, Gustine, CA
SPRSI 3, 21,84,105
59
S a t u r d a y , TBA 28th
Antioch, Byron, Walnut Creek Presidents Visit Newcastle
Location
1119
Fremont Presidents Visit More info: Betty Hebel 510-792-1221 Presidents Visit
Spin A Yarn Restaurant 45915 Warms Springs, Bvld Fremont,CA More information to follow
More informaBakersfield P r e s i d e n t s tion to follow Visit
APRIL
11:30 am
66
Los Banos
Country Waffle
Saturday 4th
Noon
26
Newcastle
Info: Emily San-
T h u r s d a y , Secretary Theresa Laranjo 2nd 209-826-2729
20-30’s Associate President Liz Alves, State President Liz Rodrigues, State Youth President Gary Resendes Contact LAFF 925-828-4884
P r e s i d e n t s 845 W Pacheco Blvd, Los Banos Visit P r e s i d e n t s tone 916-652-1237 Visit
SPRSI Presidents: Constance Brazil, Tisha Cardoza, Brianne Mattos
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DESPORTO
15 de Março de 2009
UEFA Liga dos Campeões
Dragões seguem para quartos de final Empate a zero no Dragão entre FC Porto e At. Madrid, em jogo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões escaldante e imprevisível, coloca os azuis e brancos na próxima fase da competição. Depois de ter empatado 2-2 em Madrid, o FC Porto partiu em vantagem para o jogo decisivo e, sobretudo graças a uma segunda parte de grande concentração, atingiu com mérito os “quartos”, fase que não conseguia desde 2003/04, época do segundo título europeu. O treinador Jesualdo Ferreira, que tinha falhado nas duas épocas anteriores o patamar das oito melhores equipas da Europa – caiu então aos “pés” de Chelsea e Schalke 04 – chega também, pela primeira vez na sua carreira aos quartos-definal da prova “milionária”. Com o feito, o FC Porto arrecada perto de 3,5 milhões de euros e mantém Portugal na
luta pela presença na final de Roma, já que o Sporting foi eliminado pelo Bayern Munique, com um estrondoso 12-1, na totalidade dos dois jogos. Apesar de não ter feito nenhum golo, o FC Porto foi superior na segunda parte (uma bola na barra e outra no poste, entre outros lances), acabando, no entanto, por sofrer alguns calafrios na etapa final do jogo. O mesmo tinha acontecido no primeiro tempo. Sem Fucile, ainda lesionado, Jesualdo Ferreira regressou ao “onze” que tinha alcançado o empate em Madrid, com Helton, na baliza, uma defesa com Sapunaru, Bruno Alves, Rolando e Cissokho, ficando o meio-campo entregue a Fernando, Raul Meireles e Lucho Gonzalez Cristian Rodriguez, Lisandro Lopez e Hulk encarregaramse, inicialmente, das manobras mais ofensivas do tricampeão português. Do lado do Atlético de Ma-
drid, a ausência de Diego Forlan do “onze”, por opção, foi colmatada com a inclusão de Sinama Pongolle, ficando assim, somente, Sérgio Aguero, na frente. Leo Franco, na baliza, uma defesa com Luis Perea, Pablo Ibañez, Ujfalusi e Antonio Lopez, e um meio-campo com Paulo Assunção, Raul Garcia, Maxi Rodriguez e Simão, completaram o “onze” espanhol. Habituado a tomar a iniciativa, o FC Porto surgiu empenhado em marcar cedo e os dois centrais, primeiro Rolando e depois Bruno Alves, tentaram abrir activo, num lance de cabeça e num livre directo, respectivamente, ambos sem a direcção desejada. O Atlético Madrid, mais discreto nas investidas ofensivas, respondeu aos 16 minutos, num remate forte de Perea, desviado por Helton para canto e, aos 25, num contraataque rápido, que terminou
com Simão estatelado na área, parecendo ter sido tocado em falta por Bruno Alves. Fernando tentou então colocar o FC Porto em vantagem no marcador, aos 33 minutos, num remate de fora da área superiormente defendido por Leo Franco, embora nesta altura e até ao intervalo, fosse o Atlético a mandar no jogo. Na segunda parte, os “azuise-brancos” começaram destemidos como no primeiro tempo, com Raul Meireles e Lisandro, aos 53 e 56 minutos, respectivamente, a darem os primeiros avisos. Diego Forlan foi então chamado pelo treinador Abel Resino (saiu Maxi Rodriguez) e, aos 59 minutos, os jogadores portistas reclamaram grande penalidade, por alegada mão na bola de um adversário.
Fonte: Lusa /Getty imag
UEFA Liga dos Campeões
Bayern 7 Sporting 1 FC Bayern München confirmou o apuramento para os oitavos-de-final da UEFA Champions League ao derrotar o Sporting por 7-1, no Fußball Arena München, na maior vitória sempre nas fases a eliminar da prova e que igualou o máximo total numa mesma ronda. Depois de ter averbado o seu maior triunfo na prova fora de portas, em Lisboa (5-0), a formação de Jürgen Klinsmann voltou a fazer história e assinou o melhor resultado em casa na principal competição europeia de clubes, na segunda mão realizada na Alemanha. A vitória bávara começou com dois tentos de Lukas Podolski, antes de Anderson Polga fazer um autogolo. João Moutinho reduziu a desvantagem num espectacular remate de longe, mas logo a seguir Bastian Schweinsteiger repôs a diferença. Numa noite infeliz dos “leões” – a sua pior der-
rota na Europa –, Mark van Bommel, Miroslav Klose (penalty) e o suplente Thomas Müller fixaram o resultado no último quarto-de-hora do desafio. Posto isso, o Bayern segue em frente com o expressivo total de 12-1 e estará presente no sorteio dos quartos-de-final e das meias-finais da prova, agendado para 20 de Março. O objectivo de Paulo Bento era tentar apagar a má imagem do encontro de Lisboa, há duas semanas, mas as coisas começaram a ficar complicadas quando o treinador dos portugueses viu a sua equipa sofrer o primeiro tento logo aos sete minutos. Podolski recolheu um mau alívio de Polga, combinou com Zé Roberto e bateu o guarda-redes Rui Patrício de fora da área. O conjunto de Munique esteve perto de aumentar a vantagem quando Miroslav Klose falhou à boca da baliza a recarga a uma bola defendida para a frente por Patrício, após remate de Mark van Bommel, mas o segundo golo teutónico não tardou muito. Hans Jörg Butt, que se estreou em jogos da UEFA Champions League no lugar do habitual guardião Michael Rensing, repôs o esférico em jogo com um pontapé longo e ninguém do Sporting conseguiu anular o lance. Quando Polga tentou impedir Podolski de chegar à bola, o defesa brasileiro chocou com Patrício e, apesar de estar de costas para a baliza, o avançado alemão não desperdiçou a oferta. Simon Vukčević tentou remar
Noite Infeliz contra a maré e viu Butt negar-lhe o golo em dois fortes remates aos 36 e 37 minutos, este na marcação de um livre directo – os primeiros do Sporting ao alvo. Mas logo a seguir, aos 39, chegou o terceiro da noite, em mais um lance infeliz da defesa leonina. Bastian Schweinsteiger apontou um canto da direita e Polga, na tentativa de afastar a bola, introduziua nas suas próprias redes. O capitão do Sporting, Moutinho, deu o exemplo volvidos três minutos ao marcar um espectacular golo num pontapé de fora da área ao ângulo superior direito, mas na jogada seguinte Christian Lell aproveitou a fraca oposição de Miguel Veloso no lado esquerdo da defesa, cruzou rasteiro atrasado e Schweinsteiger não perdoou. Ambos os técnicos fizeram duas substituições ao intervalo e o sportinguista Marat Izmailov, um dos novos em campo, esteve perto de marcar pouco depois do reatamento, mas o remate do médio russo saiu ligeiramente ao lado da baliza germânica, antes de Yannick Djaló também ter criado perigo num pontapé de longe. A desaceleração do Bayern e a rectificação de posições por parte dos jogadores do Sporting equilibraram o encontro até à meia-hora da etapa complementar. Izmailov e Vukčević viram Butt negar-lhes os intentos e foi Van Bommel a fazer o quinto do Bayern a 16 minutos do fim, antes de uma grande penalidade de Klose, a castigar falta de Pedro Silva sobre o dianteiro, e Müller fazerem história.
In uefa.com/ Getty image
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TAUROMAQUIA
15 de Março de 2009
Quarto Tércio
Forcados do Ramo Grande faltaram ao compromisso Foi só na altura de se pagarem as passagens que os Forcados de Turlock tomaram conhecimento que o novel Grupo de Forcados do Ramo Grande, já não queriam vir à California a não ser que os Forcados de Turlock pagassem mais seis passagens, além das dez que estavam combinadas. Para quê trazer 16 forcados para pegarem em 3 toiros? Eu acho que tentaram esta desculpa porque não queriam vir de qualquer maneira. É pena eles não virem, mas mais pena tenho pela maneira pouca airosa como não quiseram vir. Contratos são contratos e não é no dia de se pagaram as passagens que se anuncia que não querem vir. Houve aqui uma falta de
lideranca, que não compreendemos. Quando soubemos desta historia, lembrei-me logo de alguns bailinhos de carnaval da California, em que se falava acerca da maneira como os nossos irmãos das Ilhas nos viam a nós nas Americas. Afinal o Carnaval tinha razão. Há sempre que aprender com a poesia popular. Assim o Grupo de Forcados de Turlock irá pegar os seis toiros no dia do seu 33o. Aniversário. Fuerza, forcados de mi tierra!
Temporada 2009
É tempo de se visitarem ganadarias A primavera é um tempo extraodinario para se começar a visitar ganadarias. É neste altura que as ganadarias começam as suas ferras e mesmo as suas tentas. Começam também a separar os toiros para as próximas corridas e a tratá-los com uma certa atenção, não vão eles magoaremse até a sua entrada nas arenas das nossas praças. Todo o cuidado é pouco no maneio destes estes animais que
todos apreciamos. Ainda não tivemos tempo de ver nenhuma ganadaria em pormenor, mas outro dia ao passarmos em casa de Antonio Nunes, vimos algumas vacas bravas acompanhadas por um bonito semental. Deixamos aqui uma foto do sucedido, vendo-se as montanhas cheias de neve.
José Ávila
[email protected]
Enfio o meu chapéu até aos
ombros pela maneira pouco airosa como os Forcados do Ramo Grande desistiram de vir à California. Parecem brincadeiras de criancas. Tenho esperança que eles um dia virão visitar-nos e que os receberemos sempre com muito carinho.
Tiro o meu chapéu à organização da Corrida da Festa de Stevinson por ter incluido numas das corridas o Ganadero Joe Rocha, que esteve afastado das arenas em 2008. É bom regressar. Outras organizações deveriam também contratar ganadarias que não correm tanto como as outras. Em tempo de crise nada melhor do que distribuir a pouca riqueza por todos. Devo uma entrevista ao Alvaro Aguiar e outra ao José João, mas tenho levado uma vida um tanto ou quanto ocupada com este jornal e a família (tenho 7 netos e a caminho do oitavo), o que não me permitiu ainda a minha deslocação aos Estudios da KLBS em Los Banos. Terei muito gosto e prazer em falar com o meu amigo Alvaro àcerca de toiros e com o José João àcerca do Tribuna. Falando é que a gente se entende, já dizia o velho ditado. Está para breve. Coloquei no website do Tribuna
www.tribunaportuguesa.com e em fotografias, um slideshow dos melhores momentos da Temporada 2008. Vejam-no, gozem-no e digam aos vossos amigos, muito em especial aos de Portugal, para que eles vejam que aqui na California também temos toiros, cavalos, aficion e praças cheias.
Acreditamos que a KIGS e a Via Oceanica
Como um toiro perde beleza, quando toureado à portuguesa! Até rima! fotos de jose avila
Toiro 64 da ganadaria Açoriana, no dia 7 de Março de 2008, antes da corrida e depois na Praça de Stevinson a 26 de Maio de 2008. Que diferença de atitude, de beleza, de altivez? Aquelas bolas só deveriam ser usadas em toiros feios...
irão mais uma vez transmitir as Corridas das Sanjoaninas. Seria bom começar cedo e a boas horas para que possam usar as melhores tecnologias existentes no mercado. Até agora foi assim-assim, há tecnologias melhores, para que possamos ver e ouvir com todo o nível possível. Quem puder, ajude com alguns anúncios a KIGS a suportar essas despesas, tal como este jornal já o faz há anos. Ajudar as nossas Rádios é imperativo, porque senão acordamos um dia a ouvir musica country ou mexicana e depois choraremos lágrima de crocodilo pela falta que nos faz. Quem vos avisa, vosso amigo é!
PATROCINADORES
Abril
VISITAS OFICIAIS PARA O MÊS DE ABRIL April 3, 2009 – 6:30 PM Official Visit, Co #65, View. Tel: 408-243-4079
Mountain
April 4, 2009 – 12:00 PM Official Visit, Co #37, Tel: 831-758-9709
Monterey.
April 5, 2009 – 1:30 PM Official Visit, Co #32, Tel: 408-263-0935
San Jose.
April 17, 2009 – 6:30 PM Official Visit, Co. #15, San Francisco. Tel: 415-731-3002 Aril 18, 2009 – 7:00 PM Official Visit, Co #1, San Leandro. Tel: 510-814-0697 April 19, 2009 – 12:30 PM Official Visit, Co #24, Tel: 209-477-6441
Stockton.
April 26 Sunday – 1:00 PM Official Visit, Co #52 – Modesto. Tel: 209-556-7185
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ARTES & LETRAS
15 de Março de 2009
A Poesia de João-Luis de Medeiros confidências sonoras funeral da alegria Ideias! Ideias! gemidos mentais de orgias de luz nas fendas do pensamento... Ideias de paz traídas pelo aroma falso de juras malditas, solenemente repetidas no leito nupcial da banalidade feito de lascas do cadafalso do génio... Ó astros! certezas são cruéis pancadas no portal do erro chamuscado de verdade... É proibido dar esmola à saudade e reinventar lágrimas soluçadas pela morte de quem nunca foi vida no útero cabisbaixo duma espera... Claridades semeadas na cava das ideias... a luz não humilha a sombra p’ra brilhar no bem-aventurado sermão da valentia. A dor e o prazer são co-pilotos da Vida ambos aí estão com ornamentos trocados a prantear falsidades no funeral da alegria... Inédito 2008
Revelação (*) Nasci! Outra vida a Vida acendeu para desafiar o tempo e o mal, incendiou-se mais um vendaval de promessas, iluminando o céu. Não houve trevas nem o sol morreu temendo que eu desse luz igual; olhei com inocência o meu rival e vi-o mais velhinho do que eu... Adormeci. O mundo foi girando... Oh! quanto tempo eu perdi sonhando ser herói, ser santo ou talvez um deus... Reparo agora – e já não é visão – que andei por aí marginando a Razão sem nada ver para além dos erros meus... (*) – Primeiro prémio: Jogos Florais do Ensino Técnico Profissional (1961) (Este soneto não foi incluído no recente livro “(Re)verso da Palavra”)
aos meus Poetas esculpidos no rochedo da Espera ... dei por mim a escutar melodias do longe em ecos desafinados pelo galope do tempo: sons estranhos ao catequismo musical que moraliza o ruído sob o pálio do espanto a vigiar os lapsos da longevidade humana... bravos mortais! tenham paciência! a morte não pode acudir a todos sem prévia autorização do tempo o passado foi desperto pelo eco da distância de sentinela no guarda-vento da memória e o passaporte da morte já perdeu a validade... rolam magoadas pelo cinzel da eternidade lágrimas de mármore no altar do sofrimento os discípulos devotos de santa dúvida são fiéis defuntos junto ao túmulo da espera conta-gotas da transitoriedade humana ... ó morte! noiva maldita junto ao altar da dor aparição infalível nas bodas da despedida ó morte! atestado da certeza final da nossa hora: - porque finges acudir ao gemido da inocência? acaso és irmã-gêmea da vida? Ó deusas ciumentas... Ó vida! ousadia de pincel na tela do amor: enquanto houver luz, quero ser a tua sombra a espreitar o grito matinal da eternidade...
Inédito Dezembro, 2008
(*) João-Luis de Medeiros é natural de São Roque, São Miguel, Açores (Dezembro, 1941). Em finais de 1980, emigrou para os E.U.A. Presentemente, vive no sudoeste da California e trabalha como agente consultivo em Recursos Humanos. Ainda em Portugal, após a instauração da Democracia, foi eleito Vereador municipal de Ponta Delgada; serviu como deputado à Primeira Legislatura da A.L.R. (Horta, Faial, 1976); e mais tarde, serviu como representante açoriano na Assembleia da República (Lisboa, 1978). As suas publicações em poesia e prosa estão dispersas em jornais e revistas da diáspora lusófona. Desde 1976, é colunistaconvidado da imprensa comunitária (coluna Memorandum). É co-autor do livro “Em Louvor do Divino” (1993). Em 2007 publicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “(Re)verso da Palavra”. João-Luís de Medeiros é licenciado ‘cum laude’ em Humanidades e Ciências Sociais (University of Massachusetts, Dartmouth); mais tarde, obteve o Mestrado em Ciências de Recursos Humanos (Chapman University, Orange, California). Ponta dos Caetanos, São Roque
Apenas Duas Palavras
Diniz Borges
[email protected] Se a poesia passa por pensamentos que respiram e palavras que incendeiam, como escreveu algures o poeta inglês Thomas Gray, então temos nesta edição da Maré-Cheia, um conjunto de poemas que incandescem o nosso pensamento. São poemas do nosso amigo e colaborador João-Luís de Medeiros, com quem quinzenalmente partilho uma página deste Jornal. Há muito anos que o João-Luís de Medeiros escreve poesia. A prová-lo temos um poema de 1961. Os seus poemas são produto dum homem irrequieto, como devem ser todos os poetas, ou não fosse a poesia a revolta do homem contra si próprio, como escreveu James Branch Cabell. É que neste conjunto de poemas vê-se, nos dois inéditos de 2008 que o João-Luís teve a amabilidade de nos deixar publicar, que desde 1961 até hoje, o poeta continua igual a si próprio. A nossa gratidão ao poeta João-Luís de Medeiros por partilhar os seus poemas com os leitores desta Maré-Cheia. Nesta edição também publicamos algumas pinturas dum artista plástico recentemente falecido, Ralph Borge, cujos avós paternos emigraram das ilhas dos Açores. O pintor nasceu em 1922 e faleceu em Dezembro de 2008. Sobre este pintor de origem açoriana, teremos ainda outra Maré-cheia. Abraços diniz
Ralph Borge Ralph Borge, nasceu em Oakland e era professor emerito do California College of the Arts, onde leccionou durante 38 anos. Era um influente professor e extraordinario pintor. Faleceu a 30 de dezembro de 2008 com a idade de 86 anos.
s e r v i n g t h e po r t u g u e s e – am e r i ca n comm u n i t i e s s i n c e 1 9 7 9
Ideiafix
Miguel Valle Ávila
portuguese
• ENG L I S H S E C T I O N
[email protected]
It’s the economy, estupido!* It all started with a simple email I received that read: “I have a good day laborer that is about 5 days from being homeless. It’s a shame but between the economy and the weather he hasn’t any money. Lots of folks hurting. Let me know and I will get a hold of him or give you his number if the phone still works.” It suddenly hit me. The email message came from a fellow neighbor who was looking after a fellow human being. I don’t claim to be an economist or an expert on how to turn the recession around, but here’s an example of how everything is connected. In uncertain times, we start cutting back on our expenses. We usually start with the “luxuries” or items we can live without. If we get a haircut every 4 weeks, we start pushing back to every 8 weeks. This translates into our neighborhood hairdresser making $20-30 per visit less per month per client. If 50% of her clients follow this approach, her salary was just cut by 25% (averaged across a 2-month period). She then cuts back on home expenses — less groceries, less clothes, no dinners at restaurants, no going to the movies, etc. The local restaurant owner starts feeling the impact of less or no visits by the hairdresser and her family. If 50% of his clientele stop their patronage altogether, another 25% reduce the number of visits to his restaurant by half, and another 20% continue to go out to dinner but closely monitor their expenses (no more expensive bottles of wine, shared plates, no dessert) then his income was cut by about 66%. He then is forced to lay off half of his employees. The laid off waiter can no longer rent his apartment and moves out. He defaults on his leased car, auto insurance, credit card bills, and stops all entertainment expenses (no more dinner dates, less haircuts, less groceries). The rental property owner cannot find another renter for the unit previously occupied by the waiter. She tries to sell the apartment building, but prices have dropped so much, she is unable to do so. She starts defaulting on the rental property mortgage, insurance, property taxes, and stops all building maintenance. She mortgages her own home to try to save the rental properties, but
since the recession lasts longer than just a few months, she now owes more on her property than the mortgage. She pulls her kids from private school and moves them to public school, drastically reduces grocery bills and other home expenses, eliminates all unnecessary expenses such as haircuts, dinners, nonfat lattés, and packs up and abandons her properties. Her rental property is foreclosed by the bank and the remaining renters are forced to leave. One of the impacted renters works at the hair salon. Besides being told that he has lost his rental place, he was also notified by his employer, the hair salon owner, that his job has been eliminated because of lack of customers. He’s left with no severance pay, no place to live, and bills to pay. He goes to his local coffee shop to bid goodbye to his friend, the barista. He places the $3.20 on the counter and asks her “How’s it going?” She replies that business has dropped more than 50% and most of her coworkers have been laid off already and she may be next. The barista starts making plans to move back in with her parents. Her father retired a few years before, but his retirement fund all but vanished and his health is failing. Her parents decide to sell their house and move out of state, but there are no buyers. Her mother was working part-time as a book-keeper at the local restaurant earning enough to make the ends meet, but recently was told that she was no longer needed. The barista’s parents already stopped going to the local hair salon, the neighborhood restaurant, and even the coffee shop is now off-limits. With no job, the barista cannot afford to buy her parents’ house or help with their mortgage. In an act of desperation, the barista goes to the salon to get a nice hairdo and takes herself to the local restaurant for a quiet dinner. There, she sees someone walk in. Nice looking, well-dressed. His name? Bond, James Bond! Who says that there is no happy ending to this recession? * Actually, the proper translation is “É a economia, seu ignorante!”
PALCUS
Internship Program The Portuguese-American Leadership Council of the United States (PALCUS) is now accepting applications from university students for the summer of 2009. There may be internship possibilities in the fall as well. Some of the internship positions available for this year will be at Congressional offices in Washington, DC, as well as at their respective home offices. Positions at the Portuguese consulates throughout the United States are also to be found. PALCUS will also have internship positions available at its office. PALCUS can also help students find specific internship positions in other governmental offices.Because intern responsibilities may vary from office to office, we look at each application individually and match students to the internship that will best suit them. Depending on the needs of interns, housing and transportation may be covered. A $100 a week stipend is available for interns working a full-time schedule. The deadline for applications is April 17, 2009, but students are urged to apply as soon as possible. Interested students are also encouraged to get in touch with the office even before completing the application. About PALCUS’ Internship Program The PALCUS Internship Program was established in 1994 to provide Portuguese-American students with work experience in their field of interest. Since its inception, over 150, internship opportunities have been provided to university students. Past and present internships have been in Portugal; Washington, D.C and throughout the United States. Applying The application can be found at the PALCUS homepage (www.palcus.org). If you have any questions, please contact us at 202-466-4664 or by email at internships@ palcus.org. Please mail all applications and their required documents (which can be found in the application itself) to: Internship Program, 9255 Center Street, Suite 404, Manassas, VA 20110. About PALCUS In order to create singular national voice to advocate for the Portuguese-American and Luso-American communities- atlarge, PALCUS was founded in 1991 as a 501(c)3 non-partisan, non-profit organization headquartered in Washington, D.C. with a mission of addressing domestic and international concerns of the Portuguese-American community. PALCUS has conducted an expanding program of research, educational and public affairs activities on salient issues of interest to the Portuguese-American community and the Luso-American relationship. PALCUS is committed to serving the community through increasingly active government relations efforts, the promotion of a greater awareness of ethnic accomplishments and encouraging stronger ties between Portugal and the United States. In this role, we advance the community professionally, politically and culturally, while working to ensure that issues directly affecting our community are addressed through our network of government and community leaders. For more information, please contact the PALCUS office at 202-466-4664 or
[email protected].
PORTUGUESE BAND OF SAN JOSE “Noite de Variedades” Concert Friday, March 27th 07:30pm
Custo: $150,000.00 dolares
This concert will feature brass, woodwind, and guitar ensembles along with a performance by the PBSJ. Admission is free and all are invited….
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Terceira the third to be discovered, but the first in many others ways Part of the central group, Terceira was discovered as third island of the Azores (hence the name, as ‘Terceira’ means the third in Portuguese) but it is also the third largest and, next to São Miguel, the second most important island of the archipelago. With an elliptical shape, Terceira covers an area of approx. 385 sq. km; it is about 29 km long and up to 18 km wide. The distance to São Miguel in the west is about 150 km and to its neighbor island São Jorge in the east about 55 km. Terceira’s capital is Angra do Heroismo (Angra of Heroism), a name, which it was granted by King Pedro IV in 1834 for the spirit of sacrifice and patriotism demonstrated against all exterior threats and its resistance to the then absolutistic Portuguese King Miguel during the Civil War between the Liberals and the Absolutists from 1820 to 1831.
Dominating the eastern part of the island, where also the international Airport of Lajes is located, a large volcanic plateau, which is surrounded by the high mountains of the Serra do Cume, descends softly towards the coast. The archipelago’s largest crater, the Caldeira de Guilherme Moniz (15 km in diameter) and numerous
small craters, often filled with small lakes, mark the island’s centre. Its highest peak, the Serra de Santa Bárbara, a 1,023 high volcanic cone in a large crater, is dominating the scenery of the western part. Protected by a fort here and there, the island’s coasts are in general steep and dotted with numerous cliffs. Due to its fertile soils, Terceira’s about 58,000 inhabitants make their living today mainly out of agriculture – the island has become the archipelago’s main cereal producer - and cattle raising as well as algae harvesting. Terceira’s colonization started around 1450, with the predominantly Flemish settlers dedicating themselves to agriculture, the main crops being cereals and pastel at the time. In the 16th and 17th centuries, Terceira also played an important role as port of call for Spanish galleons charged with the riches from the New World. With all the gold, diamonds, porcelain, spices and silk being stocked in the port town of Angra, the island of Terceira had been a favorite target for raids during centuries, with the corsairs coming predominantly from Spain’s enemies France, Flanders and England. In 1597, even Sir Francis Drake, leading a fleet of about one hundred ships, tried in vain to conquer the Spanish galleons anchoring in Angra’s port. For the protection of the island against the persistent pirate attacks and to ensure the Spanish authority, the Castle of São Felipe (called São João Baptista after the Spaniards’ departure) and ten more castles were built. After the pillaging of the West Indies had come to an end, Terceira’s wealth declined, but it continued to play an important role in Portugal’s history as economic, administrative and religious centre of the Azores. Consequently, in 1766, it became the seat of the General Captaincy and later the regency over the Azores was installed in Angra. In 1943, the Americans built an air for-
ce basis at Lajes, near Praia da Vitória, Terceira’s second most important town. It has three runways, the longest being 3,600 m, and serves both civil and military purposes. Due to military budget cuts on an international level, the American government is constantly reducing its military presence, with the objective of transforming the former air base into a simple service station. Typical for the islanders’ leisure activities are the Touradas à corda, a kind of bullfight using ropes, which takes place in the streets and where everybody can take the challenge, but Angra has also a proper bullring, the Praça de Toiros da Ilha Terceira, located in the eastern part of the town. From May onwards the traditional Espirito Santo (Holy Ghost) festivities take place and Terceira is reputed for having the most colourful and diversified celebrations of all the islands of the archipelago. Witnesses of the islanders’ religious devotion are the many – about 50 - colorful Impérios (shrines to the Holy Ghost) that can be found all over the island. Boasting a captivating history resulting in an important cultural heritage, solidly anchored traditions, beautiful nature attractions and interesting sights to visit as well as the comfort and offers of modern
tourism combined with serene tranquility, the island of Terceira has everything for the discerning traveler to experience an invigorating holiday. Source: www.azores-islands.info
photos by Miguel Avila
Visiting professor teaches at UMD The University of Massachusetts Dartmouth Department of Portuguese, in partnership with the Center for Portuguese Studies and Culture, announces the hire of Dr. Rui Zink, renowned Portuguese fiction writer, poet and professor of literature at the New University Lisbon, for Spring Semester 2009. Professor Zink will teach a one-semester graduate course on Contemporary Portuguese Prose (POR 620/720) in the Department of Portuguese, under the auspices of the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foundation Endowed Chair in
Portuguese Studies. The course will examine Portuguese fiction since 1974, particularly novellas and short stories, and discussions will focus on political and socioeconomic issues—in an era when Portuguese society changed dramatically—as well as literary form. In 2001, Rui Zink is the author of over 20 books. He wrote the enovel Os Surfistas with the help and occasional hindrance from hundreds of readers who accepted to be co-writers. In 2005, his novel Dadiva Divina received Portugal’s prestigious Pen Club
Award. Creative texts and more information about Prof. Zink are available at http://www.ruizink. com. Established in 2001 by the Center for Portuguese Studies and Culture, the Hélio and Amélia Pedroso/Luso-American Foundation Endowed Chair in Portuguese Studies allows for the yearly hire of a distinguished scholar and professor, specializing in the vast and varied Portuguese-speaking world comprised of over 200 million people in eight countries on four continents. More information may also be
obtained by contacting the Center for Portuguese Studies and Culture at 508-999-8255 or www. portstudies.umassd.edu. About the Portuguese Studies Program Founded in 1996, the University of Massachusetts Dartmouth Center for Portuguese Studies and Culture is a multidisciplinary international studies and outreach unit dedicated to the study of the language, literatures and cultures of the Portuguese-speaking world.
Contact: Dário Borim, Chairperson Department of Portuguese
[email protected] (508) 910-6609
California cows grazing the winter fields (photo by Ilda Avila)
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California Chronicles
Ferreira Moreno
S
ince no goats are native to California, the various Goat Mountains, Buttes and Rocks were probably so named because antelope or mountain sheep were mistaken for goats. Yerba Buena Island in San Francisco Bay was called Goat Island for many years, because, at the time of the Gold Rush, it was populated by several hundred goats, descendants of half a dozen that had been placed on the island in 1842-43 by Nathan Spear and John Fuller, merchants in Yerba Buena. (Erwin Gudde, California Place Names, 1998 Edition). In Monterey County there were a Goat Camp and a Goat Ranch. The first, located on Yentana Wilderness Area, on a small grassy ridge between two streams, had a large two-story barn and a small cabin. On this rugged, steep area, George Harlan (who had settled on this land around 1908) homesteaded and raised goats. (Donald Thomas Clark, Monterey County Place Names, A Geographical Dictionary, 1991 Edition). Goat Ranch was the name given by Robert Louis Stevenson (1850-94) to the Jonathan Wright Ranch, where Stevenson was cared for after being found near death nearby. The former town of Diamondville, northeast of Chico in Butte County, laid out in 1857 and named after James Diamond,
a miner, was originally called Goatville. John McKenzie (Dictionary of the Bible) noted that the goat is common in modern Palestine and is frequently mentioned in the Bible. It was considered ritually clean as well as a sacrificial animal. Large flocks of goats were kept by wealthy owners. Jacob gave his brother Esau as a present two hundred female goats and twenty male goats. (Exodus 32:15). Nabal had a thousand goats. (1 Samuel 25:2). In praise of his beloved, Salomon said: “Your hair is like a flock of goats, moving down the slopes.’ (Song_of Solomon 4:1 & 6:5). Biblical references confirm that goat’s milk was esteemed and its meat served as food. Also, goats’ skins were used for water bottles and for the manufacture of fabric used for tent cloth and for garments. According to “Harper’s Bible Dictionary’, the goat is one of the most versatile of domestic livestock animals. It has always been of special importance in the Near East, where it is excellently adapted to the arid climate. Goat bones, attributed to domesticated animals, are the most frequently found faunal remains at the Early Neolithic sites. They testify that humans started herding goats about 9.000 years ago. At first, goats were kept mainly for their
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Goat Stories (2)
meat, but it is thought that later (circa 4.000 B.C.) they were also used for milk, with the hair and skin being useful by-products. Goats are very hardy animals, that can survive on shrubs and the scanty vegetation of the desert, thereby utilizing areas that are useless for agriculture. Even today they form the basis for the nomadic existence of many beduins, who live in tents woven from black goat hair, drink goat milk, eat butter, yogurt and cheese, sell goat meat and use goat skins as containers. It seems that the bedouin life style has hardly changed since biblical times. Actually, numerous references are made in the Bible to the same usages of the goat. Among the ancient Greeks and Romans, the lore of the goat was various. Thus, the Greek woodland and shepherd god Pan, whom the Romans identified with their gods Faunus and Silvanus, was depicted with a goat’s horns
and feet, and sometimes a goat’s hindquarters. The Satyrs, in Greek mythology, were male followers of the god Dionysos, also known as Bacchus. They were part human and part goat in their physical and emotional characteristics. Sometimes they’ were identified in Rome with a species known as fauns. The Romans depicted Faunus, an ancient pre-Roman Italian deity of oracles, agriculture and shepherds, with goat’s feet and horns. Eventually, the Romàns assimilated Faunus with the Greek god Pan. According to Wilfred Funk, (Word Origins, 1992 Edition), the word caprice derives from the ftalian capriccio through the Latin caper (goat). So when a girl is capricious, she is imitating the frisky’, playful
antics of the male cousin of the sheep. As for goatee, it means a little goat, from its resemblance to the scraggly fuzz on the chin of the goat. There is also the Isle of Capri, south of Naples, once dedicated to the Goat Lord. In closing, a few proverbs: An old goat is never more revered for his beard. The little goat follows his kind. No matter how well you clean a goat, it will still smell like a goat. The goat prefers one goat to a herd of sheep. A goat is not easy to fence in. The goat eats where it is tied. Every one fears a goat from in front, a horse from the rear and a fool on every side.
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Do meu Jardim
Alicia Filomena Cota
The Farmer’s Purpose
[email protected]
H
e wakes up every day before the sun rises over the horizon with his son following close behind. In their trucking hats and flannel shirts, the two men lead their cows and calves. From one grazed field to another, the men chuckle at the ferocious appetites of their growing calves. As the sun creeps its way above the hillside, the father dismisses his son so he may eat and dress for his last day at the university. Even though the monster is eating away inside his body, the farmer keeps working. In her kitchen, the farmer’s wife prepares a snack for her hungry family. Out the window, she sees her three children running up the driveway and in the garage. As usual, her son and eldest daughter are picking on the youngest child even though all three are past the days of childish teasing. Although the farmer and his wife often snarl at their kids to get along, they both know their lives will change very soon. Outside the kitchen door the farmer wipes his shoes and comes in for an afternoon snack. As usual, he takes his seat at the head of the table. A pot of calde verde whose smell makes the farmer feel sick is steaming on the kitchen table. He looks at his wife with pleading eyes and stands up to leave for a nap. After leaving the room, the farmers’ family begins to glance at each other with worry. The son looks at his mother and says, “I’m not going to school.” His mother hushes him quickly and whis-
pers harshly, “Shhhh!……Do not shame you father! He works everyday for you kids to go to the University! It is all he lives for. The minute all three of you go to the University will be the moment he finally stops fighting this unconquerable battle.” All her children know this but the son still feels conflicted. Should he seize this opportunity to continue studying on o Continent or take care of his family with his fathers’ health deteriorating? He knows the right choice, which is why he has been packing for his new life on o Continent. Not only will his son leave for o Continent but also his eldest daughter begins her internship for nursing school on another island. Although she will not be living as far as the son, she too cannot help but also feel conflicted. In the meantime, the youngest daughter in her last year of high school is awaiting reply from Instituto Politécnico de Leiria, which is also on o Continent. Six months have passed and the only changed person in this family is the farmer. He is as thin as a 12-year-old boy is and always found praying. One gray morning, farmer and wife held each other for warmth. Even though the farmer’s wife is not cold, she knows to cherish this moment. “Will you pray with me?” whispered the farmer. Like a ballet, the couple simultaneously sat up and began reciting the rosary, “Avé Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco…” Holding in her tears with every word, the
Tom Rodrigues Tom Rodrigues knew he would be an Artist from an early age, in fact, at 14 he was apprenticing in a stained glass studio and by 17, he was teaching adult education classes in stained glass. Tom has always followed his dreams and passions. His love and talent for baseball brought him an offer to play for the NY Mets farm team
farmer’s wife asks herself how much longer she can fight crying in front of her husband. For some reason, she thinks to herself, this feels like the end. Thus, it is even harder now than ever to hold back her tears. And so, for two weeks, the farmer and his wife wake up each morning and fall asleep each night saying the rosary together…until today. It is nearing four p.m. and like any other day, the farmer and his wife are praying their rosary in their bedroom. The last five years have been difficult… unfair… exhausting. With a slender arm across her waist, the farmer held
his wife tighter. Looking at his wife, the farmer scowled at himself in his thoughts for not telling his wife how beautiful she is every day. Although her eyes are closed, the farmer cannot stop looking at his wife. He begins to reminisce back to his wedding day and to the births of his three children. The feeling of elated happiness began sweeping his body, the same way he felt when he married and had his children. Somehow, he felt in his heart that his family would not only survive without him, but also flourish. This thought made him smile and before he could open his mouth to
say anything his wife whispered, “Don’t leave me.” With a calm saintly voice he replied, “Don’t worry; I’m not leaving anyone. Not until all the kids are in University. I know this hurts you but I will always be with you”… [Farmers wife sobbing]…”Stop crying, it’ll be okay. You need to keep your strength for your son. I fear for him the most because we have spent all our lives working together. He needs you to be strong. Our eldest daughter will watch over the youngest. We know we don’t need to worry about them…” Cut off by stampeding steps down the hall, the farmer refrained from speaking further. Cheerfully, the youngest daughter runs in the room and hands her mother an envelope. With a couple of tears the farmer’s wife pulls the letter out and reads, “…tenham sido aceites para Instituto Politécnico de Leiria.” In that moment she dropped the letter onto her lap and sank back into her seat with tears. Looking left she sees the farmers body lying next to her, lifeless. She immediately began screaming, “Não, Meu Deus! Não, Meu Deus!” while beating her hands on his chest. With the cold touch of a child’s hand, the farmer’s spirit scoops his wife’s face and gently whispers, “My purpose on Earth is complete but my purpose to our family still lives. I haven’t left you. I’m with you and my children at every breathe.”
painter, winemaker, baseball fan
when he was a senior at Los Gatos High School. But Tom chose to pursue his art and continue to develop his talent in art. In the early 1980’s, he was the Designer and Production Manager of George Lucas’s Skywalker Ranch Studio that created incredible custom glass work. But Tom’s an entrepreneur, so he went on to produce “Legends at the Stick” in 1993 and had a conceptual art show at Candlestick Park, where his paintings were placed on the field in the position of the players and actors portrayed the players of the era. Tom’s wine introduction began in 1978 by designing the Far Niente wine label and collecting French Bordeaux and Burgundy wines. He has since designed many wine labels, several which reflect the influence and his love of Art Nouveau. Then, in 2001, he decided to combine his passions for Art and Wine, and he and his sweetheart Linda moved to Mendocino to embark on a new life at Maple Creek and start Maple Creek Winery. The vineyard and wines are now his canvas, and his paintings adorn the ARTEVINO wine labels. He is inspired by the beauty and nature and challenge of being a sustainable farmer and vintner. Tom has shown his art in galleries all over the U.S. and has clients all over the world. He still plays baseball, on the Greenwood Ridge Dragons, a men’s senior league hardball team, and his proudest creation is his daughter Amy, who attends USC. Tom’s Azorean parents were fruit farmers in the islands and grew fruit in Santa Clara Valley and made house wine. For more info about Tom Rodrigues, his
art and wines, go to: www.rodriguesstudio. com www.maplecreekwine. com Maple Creek Winery 20799 Highway 128 Yorkville, CA 95494 Phone: 707-895-3001 Fax: 707-895-3437 Email:
[email protected]
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