Tribuna 09/15/09

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  • Pages: 32
QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Setembro de 2009 Ano XXX - No. 1071 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

Fo rca dos d e Tur l o ck ve n ce ram e co nve n ce ram Li sboa e Al bufe i ra

Pág. 24, 31

POLÍTICA

Tony Lima Presidente Tony Lima é o novo Presidente da Câmara de Artesia, no Sul da California, com uma população de 17,000. Tony Lima foi eleito em Março de 2007 como Vereador e agora, devido ao processo de rotatividade existente na Câmara de Artesia, tornou-se Mayor.

www.portuguesetribune.com

LITERATURA

Novos Livros

Estão sendo apresentados na California dois novos livros, de dois excelentes escritores “My Californian Friends” de Vasco Pereira da Costa e “The Portuguese Presence in California” de Eduardo Mayone Dias. Boa oportunidade para ler o que de bom se escreve sobre a California.

ANIVERSÁRIO

Pág. 9

PHCS tem 30 Anos

O Portuguese Historical and Cultural Society em Sacramento comemorou o seu 30º Aniversário com um Jantar de Gala no dia 13 de Setembro no SPHSS Hall, em Sacramento. Esta Sociedade foi fundada em 1979 e dedicada à preservação da herança Cultural Portuguesa. Joseph D’Alessandro foi quem iniciou o movimento para a formação desta importante Sociedade.

www.tribunaportuguesa.com [email protected]

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SEGUNDA PÁGINA

15 de Setembro de 2009

Comunidades do Sul

EDITORIAL 30 dias a seco... da net Um mês sem recorrer à internet, sem abrir um computador, faz bem a qualquer pessoa. Ver pouca televisão, também ajuda. Usámos esses trinta dias para ver as maravilhas que existem, quer em Portugal Continental quer nos Açores. Tirámos milhares de fotografias que serão apreciadas nas noites frias do próximo inverno. De vez em quando vimos alguns momentos dos debates politicos em Portugal e vimos alguns bons minutos dos Gato Fedorento a esmiuçarem a campanha eleitoral. Embora este programa seja uma cópia chapada do nosso Jon Stewart, antes copiar o melhor, do que inventar coisas pirosas como aquelas entrevistas aos líderes políticos portugueses a passearem ao longo do Tejo. Basta andar numa aerogare quando embarcamos para a America para ouvir os comentários mais diversos de muitos dos nossso compatriotas que regressam a casa: “Já é altura de irmos para nossa casinha” “Já tenho saudades da minha caminha” “Este clima mata-me, estou farto desta humidade” “Os jornais da Terceira nem mostraram as Festas da Serreta, nada disseram sobre elas” “Houve muita gente que já nem me conheceu” “Quantos ares condicionados é que estavam avariados nos restaurantes” Aproveitamos esta oportunidade para vos dizer que este jornal chegou tarde a vossas casas e por isso apresentamos as nossas desculpas. Demorámos mais uns dias em Portugal do que o previsto. Espero que gostem desta edição e prometemos que a nossa reportagem da festa de Nossa Senhora dos Milagres será bonita, tal como bonita foi a sua festa. jose avila

Fernando Dutra Ultrapassadas as Bodas de Prata, a caminho das Bodas de Ouro, trinta anos ao serviço das comunidades portuguesas, ultrapassando todos os obstáculos possíveis e imaginários, uns previstos outros imprevistos, este Tribuna tem sulcado diversos caminhos, uns transitáveis e outros de difícil acesso, no entanto, de cabeça levantada, continua com uma vida saudável navegando e cada vez mais apreciado pelas nossas comu-

Parabéns ao Tribuna

nidades. Sinceros parabéns para o seu director, proprietário e editor, José Ávila e todos quantos trabalham em prol deste digno orgão de comunicação social que deveria ser muito mais apreciado do que é por todos aqueles que ainda preservam o entusiasmo e gosto de lerem um jornal em língua portuguesa. Tenho o prazer de escrever para o Tribuna Portuguesa há trinta anos.

Após a sua fundação em 1979, conversando com o seu fundador, Dr. João Brum, àcerca da nossa estadia, na mesma época na Guiné, este convidou-me para colaborar no jornal. Desejamos ao José Avila e família as maiores felicidades e prosperidades, no comando deste jornal, para que possamos receber o TRIBUNA duas vezes por mês, vinte e quatro vezes por ano.

Cantinho do Miguel Miguel Canto e Castro Por favor digam-me como é que um “Comendador das Almas Penadas, Barão do Cais do Pico e Vales Californianos, Triste Fidalgo Arruinado”... que veio completar as suas 16 primaveras na California em em 1947, trazendo na sua magra bagagem apena o 3º ano (1° ciclo) do antigo Liceu Manuel d’Arriaga na Cidade da Horta, pode escrever sobre o trigéssimo aniversário do nosso TRIBUNA depois de ler os mais genuinos e elogiosos depoimentos escritos pelos verdadeiros senhores da escrita na diáspora?! Eu até tremo! Usaram práticamente todos os adjectivos que eu conhecia e até alguns que fiquei a conhecer... Bom, fico sem adjectivos, mas a vontade de falar e dizer o que sinto quando recebo a nossa TRIBUNA, de quinze em

quinze dias, não precisa de atributos nem adjectivos sómente que chegue a tempo e horas e automáticamente sinto-me adjectivado! Ninguém melhor do que o Editor desta TRIBUNA, meu bom amigo José Avila, compreende a minha adjectividade.,. E sabem como tudo isto principiou? Eu a escrever para um jornal sem qualquer preparação ou conhecimento de causa. Já vos digo. O fundador do TRIBUNA, meu velho amigo João Brum, pediu-me para fazer uma reportagem duma noite de fados em Monterey, no restaurante Captain’s Cove de Franklin Oliveira, em que o Tony de Matos ia cantar e o João não podia assistir pois já tinha outro compromisso. Eu disse-ihe que os meus conhecimentos de escrita

eram limitados à correspondência de vários anos com os meus pais e mais nada. Ele insitiu e eu fui. Parece que a tal reportagem saíu menos mal e o João continuou a incitar-me a escrever. Para falar com a máxima franqueza, gosto muito mais de ler do que escrever. Sempre admirei o estilo metafórico do meu velho amigo João Brum, e noto alguma dessa influência em vários colaboradores do TRIBUNA. Eu próprio também reconheço essa influência nos meus poucos rabiscos que foram publicados nesta TRIBUNA. Agora a confirmar a minha confissão, vou deixar a escrita aos óptimos colaboradores desta nossa TRIBUNA e continuarei a ser um dos seus mais assíduos leitores! Minha querida TRIBUNA estamos todos de PARABÉNS!!!

Year XXX, Number 1071, Sept 15, 2009

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Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

O

terceirense Manuel Luís Maldonado, sacerdote e historiador, nasceu na cidade de Angra e foi baptizado na Sé Catedral aos 13 de Setembro de 1644. Após o falecimento do pai, que era condestável da artilharia do Castelo de Angra, Maldonado assumiu em 1670 o cargo de condestável, posição que abandonou em 1674 “em virtude de estar ordenado sacerdote”. Recebeu então a nomeação de Capelão do Castelo, exercendo ainda as funções de administrador do Hospital de Boa Nova. Maldonado faleceu em Angra aos 14 de Outubro de 1711. Do que acima se transcreve, é-nos fácil deduzir que Maldonado não só residiu no Castelo, bem como conviveu com pessoas que teriam assistido ao lançamento da primeira pedra p’rà construção do Castelo de S. Felipe, que Maldonado declarou ter ocorrido em 1601 (Fénix Angrense, Volume II, pg. 14, Ed. 1990). Na página 13 do volume supracitado, Maldonado deixou dito: “Logo que o Marquez de Santa Cruz sujeitou por armas a Ilha Terceira à obediência d’El Rey Dom Felipe, notou o Sítio do Monte Brazil, considerando nele as circunstâncias de que só bastava cingir-se com muralhas, para que assim ficasse tendo a nominação duma fortaleza inexpugnável, capaz de guarnição de mil e tantos homens, e com a vantagem de que ficava dominando não só a entrada e saída do Porto de Angra, mas ainda em toda a cidade ficando-lhe tão sujeita que em todo a podiam varejar as artelharias e ainda as mosquetarias dela”. Maldonado (página 14), prossegue com novas informações: “E no que tocava aos

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Memórias do Castelo (1)

montes eram estes do Donatário, sendo que alguns dizem que o primeiro possuidor deles foi um homem que por haver passado ao Brazil nos primeiros anos de seu descobrimento lhe chamaram o Brazil de que este monte tomou o nome. Logo que El Rey houve por bem que se fizesse o Catelo, foi enviado à Ilha o engenheiro-mór de Espanha que dizem os mais antigos se chamava João de Vilhena, sendo por ele desenhado com o admirável artifício engenho a fortaleza que a todos consta”. Com base na referência (página 16) que “é certo serem feitas as obras do Presídio com pragas, suor e sangue”, Maldonado deixa transparecer subtilmente que extrema crueldade fio empregada e muita gente foi submetida a trabalhos forçados na construção do Castelo. Outras referências fornecidas por Maldonado (páginas 33 e 34), confirmam com incontestável evidência que as obras do Castelo tornaram-se de grande importância a El Rey Dom Felipe, apelando e insistindo com os governadores, impondo taxas e contribuições, enviando navios entulhados de ferramentas, madeiras e materiais de guerra. Tanto assim que, “para com mais fervor e menos gastos se findassem as obras desta fortaleza, decretou a todos os tribunais que, nas sentenças dos criminosos que merecessem pela qualidade de seus delitos ser lançados a galés, lhes comutassem a pena remetidos às obras do Castelo de S. Felipe da Ilha Terceira. Com esta ímpia crueldade purgavam os miseráveis dez e doze anos de obras, e o pior era que quan-

do livres do fadário na determinação do tempo, a poucos andados tornavam a elas. E daqui se pode coligir a muita ânsia o desvelo com que El Rey anelava o fim das obras desta fortaleza, porque ela dominava não só a Ilha mas as Ilhas, com o seguro de todas as suas conquistas e embarcações e frotas que nela se refugiariam”. António Cordeiro (1641-1722), igualmente terceirense, sacerdote e historiador, escreveu que, passado o ano de 1590, El Rey Felipe tratou de fundar um Castelo no Monte Brasil. “É muito de notar que houve logo ali quem exclamou e disse que na fortaleza fundavam um grilhão p’ra toda aquela Ilha, como o tempo depois mostrou quanto este dito parece ter sido uma profecia”. (História Insulana, pg. 265, Ed. 1981). Aparentemente, no que diz respeito ao início da construção do Castelo, há quem favoreça o ano de 1591 (data do falecimento de Gaspar Frutuoso), e há quem se incline

pelo ano de 1601. Curiosamente, “já em tempo do Cardeal Rei D. Henrique se inventou edificar o Castelo no Monte Brazil, o que se não verificou por divergência de pareceres entre os da governação da cidade de Angra”. (Ferreira Drumond, Anais da Ilha Terceira, Volume I, pg. 384). Na próxima crónica apresentarei outras “memórias” de investigadores terceirenses nossos contemporâneos. Até lá, deixo-vos com este par de quadras: Quando cheguei ao Castelo, Voltei logo p’rà direita; Cortaram o meu cabelo, Foi a primeira desfeita. Quando cheguei à Terceira, Fiquei c’má noite escura; Ai, triste Castelo d’Angra, És a minha sepultura.

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COLABORAÇÃO

15 de Setembro de 2009

Da Música e dos Sons

Nelson Ponta-Garça [email protected]

A

Direcção Regional das Comunidades, em parceria com a Direcção Regional da Juventude, realizou, na cidade de Ponta Delgada, de 2 a 6 de Agosto de 2008, o Encontro Jovens 2008 – Açores / Comunidades: uma ponte para o futuro. Este encontro teve como objectivos proporcionar a reflexão e o debate aos jovens oriundos das comunidades, aproximando-os do movimento associativo juvenil dos Açores, despertar o interesse pela terra de origem dos seus antecessores e estabelecer pontes para o futuro e para a consolidação da participação política e cívica nas comunidades através dos jovens. Visando encontrar novas formas de comunicação e colaboração entre a juventude luso-descendente e os jovens dos Açores, neste encontro participaram, de igual modo, jovens de diversas associações da Região Autónoma dos Açores. Deste encontro, surgiu uma plataforma de entendimento (Declaração de Ponta Delgada), entre os presentes, projecto que dará um maior dinamismo à comunicação entre os Açores e as suas comunidades. Este grupo tem como objectivos aprofundar e dinamizar as relações entre os Açores e as comunidades, através da união de esforços; fomentar a participação activa dos jovens nas actividades cívicas; divulgar e promover a contemporaneidade das comunidades e dos Açores, respeitando a tradição; desenvolver, partilhar e executar projectos através da implementação de estratégias globais. Com a criação do Núcleo de Mandatários, formado por representantes das comunidades açorianas e dos Açores, os seus membros continuaram em permanente diálogo, formatando ideias e projectos, bem como um protótipo do portal de internet. De 5 a 7 de Dezembro de 2008, foi realizada a primeira reunião do Núcleo de Mandatários, na U.P.E.C. – União Portuguesa do

Estado da Califórnia, em San Leandro, e na Casa do Benfica, em São José, Califórnia, onde participaram, para além dos mandatários, os jovens lusocanadianos actuais conselheiros das comunidades portuguesas do Canadá. ENCONTRO DE 2009 Destinado aos jovens dos Açores e das comunidades açorianas, este encontro tem como objectivos proporcionar a reflexão e o debate dos jovens oriundos das comunidades, aproximando-os do movimento associativo juvenil dos Açores; divulgar a actualidade dos Açores nas suas múltiplas vertentes; promover o incremento dos intercâmbios de jovens, bem como traçar linhas orientadoras a curto, médio e longo prazo de acção plena nas comunidades e nos Açores. Este Encontro, cujo programa incluirá sessões plenárias, workshops e visitas de estudos, surge na sequência de outros encontros já realizados nos Açores e Comunidades, e que tem como apresentação de projectos consolidados que forma delineados em 2008, aquando do Encontro Jovens 2008 – Açores / Comunidades: uma ponte para o futuro, realizado em de Ponta Delgada, de 2 a 6 de Agosto de 2008. Este Encontro teve como objectivos proporcionar a reflexão e o debate aos jovens oriundos das Comunidades, aproximando-os do movimento associativo juvenil dos Açores, despertar o interesse pela terra de origem dos seus antecessores, bem como estabelecer pontes para o futuro e para a consolidação da participação política e cívica nas Comunidades através dos jovens. Visando encontrar novas formas de comunicação e colaboração entre a juventude luso descendente e os jovens dos Açores, neste Encontro participaram, de igual modo, jovens de diversas associações da Região Autónoma dos Açores.

Português para Crianças A Escola JARDIM INFANTIL DOM DINIS apresenta Português Para Crianças, que terá início em Setembro. Este programa tem como objectivo assistir famílias que tentam ensinar as suas crianças a manter e desenvolver a língua portuguesa durante a infância. Crianças entre os três e os seis anos de idade: Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 9.30h às 11.00h Crianças entre os cinco e os nove anos de idade: Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 15:30h às 17.00h

Chame já e reserve um espaço para a sua criança para Setembro. Para mais informações chame para o número

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ou visite www.domdinis.com

Plataforma de Entendimento Jovem Açores - Comunidade Deste Encontro surgiu uma Plataforma de Entendimento (Declaração de Ponta Delgada), entre os presentes, projecto que desenvolverá um maior dinamismo na comunicação entre os Açores e as suas Comunidades. Este Grupo tem como objectivos aprofundar e dinamizar as relações Açores/ Comunidades/Açores, através da união de esforços; fomentar a participação activa dos jovens nas actividades cívicas; divulgar e promover a contemporaneidade das Comunidades e Açores, respeitando a tradição, bem como desenvolver, partilhar e executar projectos através de implementação de estratégias globais. Com a criação do Núcleo de Mandatários (representantes das Comunidades Açorianas e dos Açores), estes continuaram um permanente diálogo, formatando ideias e projectos, bem como a

criação de um Portal de Internet, dirigido a todas as associações das Comunidades e Açores e que será apresentado no Encontro deste ano.

PEJAC – 2009/2011 Plataforma de Entendimento Jovem Açores – Comunidades Www.pejac.org

SECRETARIADO Mandatário Geral: Rogério Sousa Mandatário Estados Unidos da América E Bermuda: Nelson Ponta-Garça Mandatário Açores: Paulo Nascimento Cabral Mandatário América do Sul: Glauce Paes Mandatário Canadá: Lucília Santos

Mandatário Portugal Continental: Nuno Bettencourt

ASSEMBLEIA GERAL Presidente: Carla Gomes – Brasil Vice-Presidente: Nuno Pais – Bermuda Secretário: Antelmo Faria – Estados Unidos da América Vogal: Sandy Gonçalves – Canadá

CONSELHO FISCAL Presidente: Martin Medeiros – Canadá Vice-Presidente: Paulo Marques – Estados Unidos da América Secretário: Ricardo Ramalho – Açores Suplente: Emanuel Gomes – Canadá

COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel Neto [email protected]

N

unca votei em José Sócrates. Vindo da esquerda (esquerda bem esquerdinha, como aliás deve vir qualquer pósadolescente com coração), fui votando todos os anos um partido mais à direita – e, entretanto, arrastando-me cada vez mais penosamente em direcção às mesas de voto, incapaz de reconhecer qualquer boa-vontade, qualquer altruísmo, qualquer emoção entre essa desengraçada classe que se propõe gerir o nosso património comum. Este ano, gostava de estar recenseado na Terra Chã, para poder decidir entre o Zé Luís e o Rómulo: entre uma linha mais urbana e outra mais rural, entre a possibilidade de ter à porta uma tourada de fama e a promessa de garantir para os nativos três ou quatro empregos na nova cadeia a construir no fim da freguesia – e, sobretudo, entre o filho do sr. Bretão e o filho do sr. Weber (ou, melhor ainda, entre a educação que o sr. Bretão deu ao Zé Luís e a educação que o sr. Weber deu ao Rómulo, que é aquilo a que cada vez

mais acho que as pessoas devem ser reduzidas). Estando recenseado em Lisboa, resta-me votar em candidatos à Junta que não conheço e em candidatos à Câmara cujas prioridades estão no pólo oposto das minhas (tal como, de resto, já tinha de votar em candidatos a primeiro-ministro em que não me revejo, nem no discurso, nem na pose, nem no trajecto, nem na sensibilidade, nem em nada). No essencial, estou indeciso – e, portanto, lá terei de decidir-me em cima da hora, como se vai tornando habitual. Mesmo assim, Sócrates é que será difícil. Quando Sócrates apareceu, já eu tinha passado por aquela região há algum tempo – e, entretanto, ainda não consegui juntar dois bons argumentos para começar a fazer o caminho inverso. E que importância tem isto tudo? Bom, nem mais nem menos importância do que saber que há aí pela imprensa um tipo que deixou de fumar, que fez nudismo durante uma tarde, que adora o seu iPhone, que desconfia de Paulo Bento, que come pipocas como

Dá-me a tua camisola

... há quem o considere o mais importante de tudo: em quem vai votar Joel Neto? Em quem vai votar Paulo Alexandre? Em quem vai votar José Augusto? Em quem irá votar aquele tipo que chamou corruptos aos gajos do BPN? um alarve e que deplora dejectos de cão, temas com os quais, no passado, já consegui atarefar-vos durante um bocado. E, no entanto, há quem o considere o mais importante de tudo: em quem vai votar Joel Neto? Em quem vai votar Paulo Alexandre? Em quem vai votar José Augusto? Em quem irá votar aquele tipo que chamou corruptos aos gajos do BPN? Que camisola veste aquele outro que dispõe de coluna fixa no Expresso? E o que quererá dizer aquele outro ainda que usou a sua coluna no Público para chamar corruptos aos gajos do BPP e, “paradoxalmente”, pedir justiça no caso Casa Pia – quererá ele dizer que vota PS ou PSD, que é de esquerda ou de direita, que está connosco ou contra nós? Folgo em saber que de bom grado me receberiam na esquerda. Foi o que percebi na semana passada quando, depois de um ano a criticar o abjecto telejornal de Manuela Moura Guedes, me vi de repente no papel de amigalhaço do nosso Primeiro. No telefone e no email, no site e no FaceBook – em todos os canais através dos

O “Santo Amaro” ou as agonias do enjoo

S

ete de Setembro de 1969. Tarde sombria e mar picado. É “Dia de São Vapor” e paira no ar um intenso cheiro a maresia. O cais está apinhado de gente, que embarca, desembarca e espera que alguma coisa aconteça… E há também muitas vacas que aguardam a sua vez para serem embarcadas no “Lima”, com destino a outros matadouros... Menino e moço, vou de viagem pela primeira vez. Deixo a casa da minha infância e, pela mão de minha mãe, dirijo-me ao cais de partida. Desço, a medo, os degraus esverdeados da escaleira, e salto para bordo do “Santo Amaro”, barco de cabotagem, com dois mastros, o casco pintado de preto e a casa de branco. No convés amontoam-se caixotes, malas, barris, sacas, lonas… Há cestos e cabazes cobertos com toalhas brancas que exalam o cheiro de frutas maduras: ameixas, uvas, peras e figos… Depois de terem carregado o porão com telhas, fecham o alçapão do mesmo e, acto contínuo, um piano é içado para bordo, o que desperta a curiosidade dos que estão no cais. Gaivotas voam em terra e vejo o embate estrondoso das vagas contra as rochas… Sinto frio na cara e a humidade dos borrifos de água salgada na boca. - Vamos ter vaga cavada… Vagas de respeito! – sentencia um velho lobo do mar. O motor, com um estampido, arranca e o “Santo Amaro” estremece… Na ponte de comando, mestre Ezequiel, picaroto de rija têmpera e marinheiro experimentado, estuda os ritmos do mar, contando mentalmente as vagas grandes e pequenas, enquanto ordena ao marinheiro que está em cima do cais: -Segura firme o cabo da popa! Mestre Ezequiel decide-se: aproveitando um período de vagas pequenas, inicia as manobras. Grita para o contramestre e para o maquinista: -Larga! Marcha à ré! Guina! P´ra vante!

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quais alguém pode insultar-me, elogiar-me ou fazer-me chegar a informação de que me morreu uma tia rica e posso finalmente mandar os deadlines às urtigas, pingaram ao longo de uma semana mensagens de ódio ou afecto a propósito de um texto em que defendia a decisão da TVI. Para muitos, eu era afinal amigo. Para outros tantos, inimigo. Para todos, havia-me posicionado. Havia-me definido. E eu fiquei estupefacto, porque pensava que seis anos de crónicas e artigos e comentários e críticas – ainda por cima persistindo na ideia de que um homem só pode ser jornalista se for antes um cidadão, e portanto tiver ideias, perspectivas, parcialidades – tinham chegado para definir-me. Afinal, não: faltava o clube. Não o do Sporting e do Benfica – já se sabe que sou do Sporting. Não o do McIntosh e do PC – já se sabe que sou do MacIntosh. Não o do jazz e da clássica – já se sabe que sou do jazz. Não o do ISCSP e da Nova – já se sabe que sou do ISCSP. Simplesmente, é mês de eleições. Faltava a política parti-

dária. Pois eu acho que este hábito não passa de cobardia: incapacidade de pensar pela própria cabeça – e, entretanto, medo de ser apanhado na curva, pensando uma coisa que mais ninguém pensa. Embora os clubistas da esquerda e da direita se empenhassem em mostrar-me que Manuela Moura Guedes era um problema político, Manuela Moura Guedes nunca passou, para mim, de um problema fundamentalmente jornalístico. Só quando conseguiu dividir ao meio as melhores cabeças deste país se tornou num problema político. E isso tem muito mais a ver com a fragilidade das ditas cabeças do que com a força do dito fenómeno.

Crónicas Terceirenses

Victor Rui Dores [email protected]

Zarpamos, baloiçando à voga picada. Um cheiro a gasóleo começa a toldar-me o estômago… O “Santo Amaro” apita três vezes e foge às ondas que avançam em colunas cerradas, umas atrás das outras. O barco rola, assustadoramente, de bombordo para estibordo, de estibordo para bombordo. Abre-se um abismo à proa e o “Santo Amaro” desce para logo subir. Passamos pelo “Lima”, ao pé do qual o “Santo Amaro” é uma autêntica casca de noz… Lá está o navio atarracado e pesadão, adornado a bombordo. Olho a sombra do casco reflectida fantasmagoricamente no mar. Assusto-me com os jorros de águas espumosas que saem de vários buei-

pode comprar sandes, bolachas, pirolitos e cerveja… Na câmara comum, janelinhas quadradas, fiada de um lado, fiada do outro, os passageiros, encolhidos e estremunhados, entregam-se à viagem. Alguns fingem-se despreocupados. Nanja minha mãe que me abraça e vai rezando baixinho… Viajamos recostados nos desconfortáveis bancos… Há um calor abafadiço, um bafo tépido, um cheiro a suor e a tintas que me dão voltas ao estômago… Olho, impaciente, pelas vigias e vejo os vagalhões espumosos que desabam sobre a embarcação. E sinto a pancada das ondas no costado e o ranger do cavername… A meu lado, um soldado vocifera pragas a cada solavanco

ros do negro costado do navio…Aprecio o dorso da chaminé e reparo que aquele vapor é bem mais alto do que a torre sineira da igreja da vila onde nasci… A minha ilha vai ficando para trás, cada vez mais longe, até se extinguir na distância… A bordo, as acomodações são mais que rudimentares. Há uma sala comum, que alberga a maior parte dos passageiros, com bancos de madeira transversais e pegajosos… À popa, mais bancos corridos e apenas utilizados quando o mar está bom. À proa, uma cozinha improvisada, onde se

do barco. À minha frente uma velhota, de xaile pela cabeça, vai gemendo um “ai Jesus” de quando em vez. Ao lado dela, uma rapariguinha rói nervosamente as unhas. Há uma mulher que come laranjas, outra que maldiz a sua sorte. Há um padre que se esforça para ler um jornal e, além, um funcionário público a contas com as agonias do enjoo… (Vomitava-se para dentro de umas latinhas de alumínio em forma de ampulheta…). O vento rodou para noroeste e um temporal desfeito abate-se sobre nós. As vagas rolam contra o costado do barco, galgam-

lhe a proa, a borda… Uma das grandes eleva o “Santo Amaro” no ar e fá-lo depois afocinhar nas grandes covas de água cavadas pelo vento desabrido. O motor abranda a marcha, desembraia nas vagas maiores. Só vejo lençóis de espuma, poalha de espuma. Estamos entregues à experiência e perícia de mestre Ezequiel. O movimento surdo da hélice faz estremecer os vidros das janelas. Não retiro os olhos do mar. Lá estão as vagas a correr pela popa e tudo aquilo me parece aterrador e enervante! Os tripulantes não têm mãos a medir a acudir este e àquele outro: contínua e continuadamente, vão despejando para o mar o conteúdo das latinhas de alumínio… Despejam, lavam na borda, voltam a trazer as malditas latinhas. Paira ali um cheiro azedo e nauseabundo… Estou lívido, mas não vomito… Lá fora, a chuva tomba, grossa como cabos de amarras, e ouvimos as refregas do vento que assobia nos mastros e nas enxárcias… Um tripulante vem informar-nos que há quatro camarotes disponíveis (cada camarote tinha dois beliches). Digo à minha mãe que quero ir para lá descansar. Tenho a cabeça tonta e o corpo em desequilíbrio com os tombos do barco… Não consigo adormecer. (Os beliches eram feitos de tábuas de forro cheirando a sujo e a vomitado…). …O tempo é lesma a passar… E continuamos, inseguros, enfrentando a fúria das ondas alterosas. Ao fim de sete horas de tormenta, chegamos à baía de Angra em águas tranquilas. Durante a manobra de atracagem no Porto das Pipas, não consigo conter tanta emoção: debruço-me na borda e vomito prosaicamente… - Lá vai engodo para o mar! – ironiza mestre Ezequiel.

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COLABORAÇÃO

15 de Setembro de 2009

Falecimento

Crónica de Montreal

Antonio Vallacorba

Faleceu no dia 17 de Agosto de 2009, no Hospital de Angra do Heroismo, Ilda da Encarnação Silva, com a idade de 90 anos, viuva de Rui do Valle. Deixa de luto tres filhas, Manuela Vale de Ferragudo, Algarve, Lúcia casada com Francisco Botelho de Angra, Açores, e Ilda casada com José Ávila de Modesto, CA; nove netos — Margarida Kondak de Homer, Alaska, Daniel Stone de Buffalo, NY, Deborah Stone de Los Angeles, CA, Jim Stone de Baltimore, MD, Marco Stone na US Navy, Ana Botelho de Angra, Açores, Miguel Ávila de San José, CA, Roberto Ávila de Santa Clara, CA, e Paula ÁvilaHernandez de Gilroy, CA; 12 bisnetos and 1 trineto. O funeral teve lugar no dia 18 de Agosto, 2009 em Angra do Heroismo, Terceira.

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meu distinto amigo e antigo dirigente da Casa dos Açores do Quebeque, Manuel A. Pereira, esteve este verão nos Açores, donde teve a amabilidade de me trazer um exemplar do livro “Grandes Festas do Espírito Santo de Ponta Delgada”, a cujo lançamento assistiu naquela data, assim como ter-se-á regalado também com as respectivas sopas da festa! Da autoria do Dr. José de Almeida Mello, esta muito inspiradora obra, profusamente ilustrada com lindíssimas e artísticas fotogravuras, revela-nos toda a riqueza e nobreza desta tradição que mais irmana o Povo açoriano onde quer que ele se encontre - nas ilhas, no Continente ou nas comunidades açorianas. Conforme a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Dra. Berta Cabral, que prefaciou o título em referência, “Reviver intensamente este património (do Espírito Santo) conhecendo as suas origens é a essência do livro que a Publiçor, com a sua importante sensibilidade editorial, nos apresenta através da reconhecida destreza factual do nosso prezado Dr. José de Almeida Mello”. Para o auto, dito Almeida Mello, “O trabalho que agora se publica em livro (...) é um contributo à divulgação, valorização e preservação do património cultural e religioso do arquipélago dos Açores, mais concretamente do concelho de Ponta Delgada (...). Continuando, acrescenta tratar-se de “um estudo sumário, com o intuito de facilitar ao leitor uma noção destas festividades no concelho e na cidade”. Paralelamente, o autor re-

corda aqui as proféticas palavras da poetisa açoriana (micaelense), Natália Correia, que escreveu que “O culto do Espírito Santo encontrava o seu território ideal num povo que no simbolismo da auto-investidura do Imperador - Sacerdote - a realeza espiritual e temporal do Eu Colectivo - configurada no rito da coroação, satisfaz a um tempo a sua idiossincrasia (temperamento peculiar de cada pessoa) comunitária e a sua relação vitalista com o transcendente”. Foram os condes da Ribeira Grande os grandes impulsionadores do culto ao Espírito Santo em Ponta Delgada, cujo solar estava situado no largo Mártires

de decisão e da corte, isolados pelo mar durante séculos, os açorianos de todas as ilhas criaram e edificaram a sua própria identidade cultural, assim como religiosa, expressa em manifestações religiosas, que se materializaram em festas e em templos em todas as ilhas. O Dr. José de Almeida Mello, natural da Salga, concelho de Nordeste, S. Miguel, é licenciado em História e actualmente assessor para a cultura da Câmara Municipal de Ponta Delgada, entre muitos outros lugares que ocupa em diversas instituições sócio-culturais. Também, e para além dos inúmeros projectos museológicos de

da Pátria, antigo Terreiro do Paço Como se sabe, a presença do homem nas ilhas e a sua convivência com as castátrofes naturais criaram uma forma própria de viver e de sentir a religiosidade ao longo dos séculos. Vivendo longe do reino, dos poderes

que é autor, salienta-se ainda o cargo de consultor da Exposição sobre a Diáspora Portuguesa, organizada pelo Museu da Presidência da República, em Setúbal, Lisboa e Fafe, entre 2007 e 2008. Por outro lado, tem diversos livros publicados, entre os quais: “Sociedade Filarmónica Estrela d’Alva”, “Poetas e Cantadores Nordestenses”, “Memórias da Emigração”, “Sinagoga de Ponta Delgada”, “Presépios de S. Miguel”, “João Paulo II, Recordando a sua passagem pelos Açores”, etc. Felicitamos o autor, o município de Ponta Delgada e todas as suas freguesias, com votos de as maiores felicidades.

COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso

Escultor de Sorrisos

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[email protected]

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velho ânimo nacional passa por um mau bocado… A crise não desarma. O Governo decepciona. A seleção desilude. O povo lamenta-se. …Não está fácil comprar-se um sorriso. Sorrir era com ele. Não o conheci pessoalmente. Comecei por escutá-lo na rádio. Mais tarde, viu-o na televisão. E não levou tempo nenhum para adoptá-lo como membro eleito da familia restrita dos bem humorados portugueses que me fizeram sorrir e mantiveram bem dispostos sempre que a oportunidade surgiu em ouvir a sua voz ao longo da minha vida. Nao foi cínico palrador de retórica legislada nem pregador obstinado de ilusões inatingiveis. Foi sim portador nato de alegrias densas e gargalhadas imensas que o povo ansiosamente buscava e aplaudiu ao longo duma sacrificada geração lusitana que viu o país paulatinamente mudar da noite para o dia. Era, pura e simplesmente, um despretensioso comediante com piadas bem articuladas na ponta da lingua…fazendo uma nação inteira rir à farta. “Podió chamá-lo?”

Raul Solnado, embora tivesse a idade de meu pai, enriqueceu a minha geração com o seu original espirito de humor sem rival na era que me viu nascer. Nasci nos fins dos anos cinquenta num arquipélago imensamente subdesenvolvido devido a uma ranhosa ditadura que, como a tantos milhares de portugueses, me impeliu a embarcar. Antes de partir, porem, ainda ri que me fartei à custa do divertido Raul. E (honra lhe seja feita) continuo a rir à grande. Hábil escultor de sorrisos, o homem era senhor duma graça genuina, cativante, verdadeiramente dificil de imitar. Foi original e marcou alegremente uma era, que já lá vai. Não era fácil fazer rir um povo triste, ridiculamente amordaçado pelas rigidas amarras da tirana ditadura. A censura vigiava tudo e todos. As palavras eram passadas a pente fino, as vírgulas reajustadas a belprazer e muitas reticências controlavam misteriosamente a punida criatividade das piadinhas, onde até as entrelinhas eram espiadas a rigor. Matreiro homem do povo, humorista refinado, Solnado soube tantas vezes dar subtis voltas ao texto, ridicularizando o brutal regime e suas abusivas prepotências ante o riso quase geral duma intimidada nação que, às escon-

didas, não teve outro remédio senão ir aprendendo a rir-se de si própria. “Tá lá? É da Guerra? Olhe, daqui fala o inimigo. Era só para dizer que, se não se importam, a gente está a pensar em atacar amanhã antes da hora do almoço…” Ao contrário do belicoso Portugal de então – em Guerra declarada no Ultramar e mal visto politicamente ao redor do planeta – Solnado não tinha inimigos. Antes pelo contrário, beneficiava do carinho caloroso do bom povo português, seu grande aliado. Respeitavam-se mútuamente. O povo adorava Solnado que, por sua vez, dava tudo para fazer rir a gente da sua gente. E fazia-o com a imensa graça que lhe era peculiar. Mete dó, hoje em dia, olhar para alguma televisão portuguesa que cá nos chega rotulada de cómica e ver a nova vaga de pretensos humoristas que lá se formam, coitadinhos, com tão pouca graça. Todos sabemos que os tempos mudam, a gente afasta-se, o conteúdo transforma-se, a lingua evolui e, quer queiramos quer não, certas piadas acabam mesmo por escapar-se-nos com a maior naturalidade. Mas – Caramba! – tentar desfrutar um programa humoristico no nosso idioma de berço sem con-

seguirmos descascar a gosto uma gargalhada de jeito…não deve ser lá muito bom sinal. Quem sabe se, afinal, serão eles mesmo engraçados e somos nós os sisudos que não lhe achamos a graça devida? Teremo-nos porventura distanciado assim tanto? Não digo que não. Mas digo que sim – com todo o à vontade – a noticia da morte de Raul Solnado não me fez correr uma lágrima que fosse. Antes pelo contrário, estampou-me um sorriso permanente no fundo desta minha alma imigrada. E sei perfeitamente bem que, a partir de agora, sempre que tiver a oportunidade de rever a sua deliciante obra através de gravações sonoras ou de imagens televisivas, esse nostálgico sorriso subirme-á logo ao rosto com um misto carregado de alegria e saudade. É que, para alem das genuinas

piadas e sobretudo da forma irreverente mas delicada com que as dizia, o bonacheirão do Raul entráva-nos fácilmente na alma como alguem de casa que acolhiamos sem cerimónia de porta aberta à nossa mesa. Alegrou-me de sobremaneira o Portugal sombrio que me viu nascer e viver até aos vinte anos de idade. E, por isso, estou-lhe imensamente grato. Ao contrário de muitos ilustres portugueses que ao longo destas três décadas tambem já partiram sem nada me dizerem, e de muitissimos outros que por lá andam e nada me dizem – Raul Solnado diz-me muito – muito mais do que eu pensava. Afinal, devo-lhe mesmo uma fortuna. Um sorriso não se compra.

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PATROCINADORES

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COMUNIDADE

GRANDE NOITE DO IMPROVISO EM NEW BEDFORD

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Festa do XXX Aniversário da PHCS

e novo DVD e CD de Cantigas ao Desafio

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ai ter lugar no dia 31 de Outubro de 2009 no Clube dos Pescadores, 639 Orchard Street, New Bedford, MA, uma grande noite de cantigas ao desafio, com jantar e espectáculo entre as 6:30 e 11:30 da noite. À semelhança de muitas outras iniciativas culturais no mundo da arte do improviso, o nosso amigo e colaborador José Brites e a sua Peregrinação Publications tentam reavivar as cantorias na cidade baleeira, onde, ao que consta há muitos anos eram frequentes e aos poucos passaram a ser esporádicas, e estiverem mesmo quase em fase de extinção na Nova Inglaterra. Porém, há doze anos Brites pegou a sério nesta centenária arte poética popular na forma de desafio, e lançou-se na sua investigação, recolha e divulgação, dando de novo vida a esta actividade artística e cultural na Costa Leste dos Estados Unidos. Historiando um pouco, Brites, continental, formou uma dupla com o conhecido cantador micaelense José Plácido, e ambos começaram a organizar cantorias dos veteranos das guerras, num total de três, a que se seguiram cinco festivais de cantigas ao desafio. Terminada esta série, iniciaram a de “guerras de cantigas”, cinco das quais já tiverem lugar. Na sequência destas, o ano passado regressaram aos encontros de veteranos, precisamente o IV, estando já planeado para 27 de Fevereiro de 2010, no Centro Cultural Santa Maria, em East Providence, RI, o V Encontro e a respectiva cantoria dos veteranos. De referir que nestas cantorias cantam apenas cantadores que andaram nas guerras africanas. São eles: Gilberto Sousa, José Gaudino, José Plácido e Pedro Beleza. Curiosamente um dos tocadores habituais, J. L. Medeiros, também é veterano das guerras coloniais portuguesas. Segundo fomos ainda informados, está também já à venda através do editor, e brevemente nalgumas casas de negócio, o último DVD e CD da editora, referente à cantoria beneficente realizada

em Janeiro de 2009 pelos Amigos das Cantigas, a cujo trabalho foi dado o título de Cantigas para Johnatan Resendes. Adiantamos que este grupo não inclue cantadores, e continua a ser formado pelos seus fundadores: Gervásio Frangaínho, José Brites, José Luís Medeiros e Manuel Braga. José Plácido é o elemento consultivo e elo de ligação com os cantadores. O grupo é de índole beneficente. Este mais recente trabalho tratase do oitavo audiovisual de cantigas ao desafio da Peregrinação Publications, que também já publicou oito livros de recolha de cantigas ao desafio, recolhas feitas por Brites e Plácido, sendo o último intitulado, José Plácido, Quarenta Anos a Cantar ao Desafio, lançado por altura da homenagem prestada também pelos Amigos das Cantigas a este cantador em Outubro de 2008, na Banda Nossa Senhora da Luz, Fall River, MA, a que assistiram mais de 400 pessoas. Sabemos que um outro livro de cantigas se encontra na forja, pesquisa e recolha da dupla acima mencionada. ara a cantoria de 31 de Outubro, no Clube dos Pescadores, os cantadores anunciados são António Resendes, Eduardo Papoila e José Plácido. Sabemos, contudo, que cantará um outro cantador, mas a surpresa será revelada no dia da cantoria. Cantarão assim quatro cantadores, acompanhados por Luís Melo à viola portuguesa, e ao violão por José Luís Medeiros. O evento será gravado em áudio e audiovisual pela referida editora, e posteriormente lançado no mercado pela mesma. A Peregrinação Publications pode ser contactada através de José Brites, telefone (401) 435-4897, email: [email protected] ou escrevendo para 36 Brayton Avenue, Rumford, RI 02916 USA

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O homenageado Frank Dias e sua esposa Maria

organização Portuguese Historical and Cultural Society, Sacramento, celebrou o seu trigéssimo aniversário com um banquete que teve lugar no salão da Sociedade Portuguesa do Divino Espírito Santo, Sacramento, na tarde de Domingo, dia 12 de Setembro . Com a sala esmeramente decorada, duas centenas de convivas, vindos de todas as partes do nor-

(Fotos de Joe Ferreira)

ções culturais na Feira Estadual, apoio ao programa de intercâmbio de estudantes portugueses, atribuição de nomes portugueses a várias ruas da área e ainda representação da comunidade portuguesa em várias actividades civicas e culturais como o Festival das Camélias. O orador da tarde, Dr. Elmano Costa, Professor da Universidade Estadual da California, Stanislaus, utilizou o seu discurso,

Foram ainda reconhecidos com certificados de apreço todos os ex-presidentes da organização. Para alem da beleza das lindas decorações e flores em cada mesa, a comissão da festa teve ainda a brilhante ideia de colocar em cada lugar um pequeno cartão com um dos mais populares ditados portugueses, com a sua tradução em inglês, e de ainda oferecer a cada convidado um lapel pin com o simbolo da

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Elmano Costa, o orador da noite

te da Califórnia, quizeram estar presentes para homenagearem esta prestigiosa organização e os seus dirigentes pela sua dedicação e sucesso na disseminação e preservação da presença portuguesa naquela area. Para além da publicação do excelente trabalho histórico Portuguese Pioneers of the Sacramento Area, esta organização tem desenvolvido um papel importantíssimo em várias das iniciativas que muito enobrecem a presença dos portugueses na área de Sacramento: criação de parques e outros lugares de lazer com os nomes de vários pioneiros portugueses, atribuição de bolsas de estudo, educação de membros do governo estadual para a necessidade do ensino da lingua portuguesa nas escolas públicas, preservação de edificíos e estruturas de significado histórico para a nossa comunidade, coordenação de exposições de caracter histórico e cultural em vários museus locais, exibi-

John Bento, presidente da Palcus e Dolores Silva Greenslate

muito efectivamente, para realçar o impacto, importância e eficácia desta organização na resolução dos vários dilemas que tem enfrentado ao longo destes anos na sua missão de preservar a história da presença portuguesa na área. E ao terminar a sua curta alocução, o corrente membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, lançou um desafio à PHCS e à audiência, e por extensão a toda a comunidade portuguesa deste estado - a criação do Museu da Cultura Portuguesa. Neste XXX aniversário da sua fundação, PHCS deliberou homenagear duas personalidades da vida portuguesa local que, ao longo dos anos, têm desempenhado um papel muito importante na liderança da organização e ao serviço da comunidade portuguesa: Frank R. Dias, director do programa Ecos Portugueses, e Al Balshor, conhecido florista daquela cidade.

PHCS. A tarde terminou com um espectaculo de fados por Ramana Vieira acompanhada pelo seu conjunto.

Joseph D’Alessandro, primeiro presidente e um dos fundadores da organização, actual Presidente da San Francisco Convention and Visitors Bureau.

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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges [email protected] E digo-vos que o trabalho contínua, as causas persistem, a esperança ainda vive e o sonho nunca morrerá. Senador Edward Kenndy em 1980

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uando cheguei aos Estados Unidos, com 10 anos de idade, no agora longínquo ano de 1968, meus pais foram visitar um primo e antigo sócio de meu avô quando ele tinha vivido na Califórnia nas décadas de 1910 e 1920. Jamais me esquecerei que ao entrar na sala de visitas da casa do primo João Ranchão (verdadeiro nome João Homem, a alcunha foi-lhe dada porque havia tido várias propriedades), dei de caras com três fotografias: no centro lá estava uma bela foto da família, à direita uma foto do Papa Paulo VI, e à esquerda uma foto do Presidente John F. Kennedy. Foi a minha apresentação à extraordinária família Kennedy, cujo rebento mais novo, o homem com 47 anos de serviço público no Senado dos EUA, Edward M. Kennedy, acaba de falecer. A história dos Kennedy é sobejamente conhecida. Uma família com raízes na Irlanda e de grande prestigio na sociedade americana, que perdeu três filhos ao serviço do país: Joseph na Segunda Grande Guerra, John assassinado enquanto Presidente dos EUA e assassinado Robert enquanto concorria à nomeação do Partido Democrático para a Presidência em 1968. Daí que cedo, muito cedo, o príncipe dos Kennedy, como era cognominado, tornou-se o Patriarca de uma das famílias mais conhecidas e respeitadas no continente norteamericano e em várias partes do

mundo. Daí que o eterno príncipe, embora seguindo os passos dos seus irmãos, tivesse, simultaneamente, a tarefa árdua de construir uma identidade original uma identidade que o permitisse viver uma vida com significado, uma vida de serviço público. E fê-lo, tornando-se num dos melhores e mais influentes Senadores na história americana e no grande pensador e porta-voz do liberalismo americano. Através de quase cinco décadas no Senado, para o qual foi eleito com apenas 30 anos de idade, pelo estado de Massachusetts, Ted Kennedy, como era conhecido na família, entre os amigos e até mesmo entre a população do seu estado e do país, foi responsável por algumas das leis mais importantes que marcaram a sociedade americana nos últimos 50 anos. Foi um dos arquitectos principais da Civil Rights Act, a legislação que permitiu a igualdade aos afro-americanos; da Hospital Insurance Program Under Social Security for the Aged, ou seja o Medicare, o seguro de saúde para a terceira idade; do American with Disabilities Act, legislação que aboliu qualquer descriminação contra pessoas com qualquer incapacidade física ou mental, do Immigration and Naturalization Act of 1965, que aboliu quotas especiais para países da Europa ocidental e abriu as portas a emigrantes de outras latitudes e de outras etnicidades. Estas, e tantas outras peças legislativas, mudaram o rosto da América. É que Edward Kennedy, para além de ser um homem do seu tempo, era, indubitavelmente, um homem com uma visão que ia além do seu tempo. As centenas de leis que escreveu, ou

Memorandum João-Luís de Medeiros

O Leão do Senado

A alma do Partido Democrático que promoveu, no Senado, terão um impacto nos Estados Unidos durante várias gerações. É que embora fosse proveniente de uma família de riqueza e notoriedade, Edward Kennedy passou a sua vida pública a defender o cidadão comum. No começo de 1980, tinha eu 21 anos e produzia um programa de rádio de língua portuguesa aqui nos EUA, quando Edward Kennedy concorreu à nomeação do Partido Democrático, o partido que ele adorava. Foi a minha entrada no mundo da política estadunidense. Foi a primeira vez que fiz algum trabalho para uma campanha política. Achava que Kennedy era a resposta para a inércia e o apagamento de Jimmy Cárter, que apesar de ser um homem íntegro, tem sido, como se sabe, melhor ex-presidente to que foi como presidente. A luta de Kennedy pelo seguro nacional de saúde para todos os americanos, um dos pontos basilares da sua campanha, apaixonoume. E desde então, apesar de não ter conseguido a nomeação, e de nunca mais a ter cobiçado, Edward Kennedy tornou o combate pelo seguro nacional de saúde para todos os americanos, a luta da sua vida. E a vida de Edward M. Kennedy não foi uma actividade perfeita. Nem que houvessem vidas perfeitas! Ele foi, como disse o filho mais velho na cerimónia fúnebre, um “homem com grandes imperfeições”. Mas foi um homem que acreditava, intensamente, no poder da remissão. Um homem com raízes fortes na Igreja Católica e nos ensinamentos de justiça social vindos das mensagens dos Evangelhos. Porém e apesar das pressões, e actos injustos

das hierarquias da mesma igreja, nunca mudou a sua opinião de favorecer, veementemente, o direito das mulheres escolherem o destino dos seus corpos. É que Edward Kennedy era um homem que acreditava no poder da liberdade e nas regras da democracia. Teve inúmeras amarguras pessoais, mas nenhum desses sofrimentos o tornou num homem ignóbil, um ser humano cínico, pelo contrário, as tragédias pessoais deram-lhe vigor e empatia para com o sofrimento dos outros. Daí que tivesse sido o campeão, em peças legislativas, que beneficiaram os mais marginalizados da sociedade americana. Tal como ele próprio escreveu algures: “as nossas transgressões e as nossas fragilidades não devem ser desculpas para nos deixarmos cair, nem tão pouco a imunidade para que cessemos de trabalhar, de dar de nós próprios para o bem comum.” Há ainda que salientar que Edward Kennedy será também relembrado como um legislador de acertos, que sabia trabalhar com os seus opositores republicanos, sem abdicar dos seus princípios. Foram centenas as leis em que estendeu uma mão aos conservadores, muitos dos quais se tornaram amigos dele. Conservadores que apesar da amizade sempre o utilizaram como o cartaz preferido para lúciferarem as causas progressistas do Partido Democrático. Em 1995, após o seu partido ter sido derrotado nas eleições legislativas de Novembro de 1994, quando muitos dos seus colegas proponham uma viragem ainda maior à direita, Kennedy foi peremptório: “temos que ser quem somos e não pretendermos ser quem não somos ou seremos.”

Tal como disse o presidente Barack Obama no brilhante discurso proferido nos serviços fúnebres, Kennedy respeitava os seus adversários porque vinha duma era em que “o júbilo e a nobreza da política impediam as diferenças partidárias e filosóficas de se tornarem barreiras de cooperação e respeito mutuo—um tempo em que os adversários ainda se viam uns aos outros como patriotas.” Embora durante mais de quatro décadas tivesse sido alvo favorito dos conservadores, Kennedy orgulhava-se do dístico de liberal e progressista, porque tal como disse em Bóston no ano de 2004, esse rótulo é algo que “uso com honra, porque significa que estive na vanguarda de assuntos pertinentes que fizeram a diferença à vasta maioria das famílias americanas.” Despedimo-nos (eu e muitos americanos) de Edward Kennedy agradecendo a sua força e a sua visão. Mais do que um liberal, foi um baluarte na protecção de qualquer americano que não tivesse tido as oportunidades que ele e a sua família tiveram. Foi um amigo dos portugueses e da comunidade luso-americana no estado de Massachusetts e dos que estão espalhados pelos Estados Unidos. Dizemos-lhe adeus, sabendo de antemão que a sua visão jamais morrerá. Estou convicto que o seu sonho de uma América cada vez mais equitativa e mais livre, e de um mundo em paz, viverá não só nesta, mas sobretudo, nas futuras gerações. * da alocução feito pelo Presidente Obama nas cerimónias fúnebres do Senador Edward Kennedy

conversa à paisana

[email protected] JLM - … meu caro João Taveirós... por onde tens andado? Andas a pregar no deserto? Estou a ver: continuas o “gato sem coleira” dos velhos tempos... João Taveiros:- Atina! Queres que as tuas palavras serem traduzidas como saudação fraternal, ou preferes que as entenda como crítica evangélica às “topadas” da minha existência? (... foi assim que aconteceu esta conversa entre amigos que se conheceram há 40 anos, durante a quaresma marcelista que nos levaria ao “alçapão” da esperança democrática. Recordo que a nossa mais recente conversa aconteceu por volta de 2005, época em que a utopia da política lusitana começara a emprestar claridades ao socialismo até então guardado na pardacenta gaveta soarista... Vamos então continuar o diálogo entretanto interrompido). JLM – Sou por vezes levado a pensar que nunca foste indiferente ao exemplo cristãosocialista do padroeiro da nossa freguesia. Segundo os rumores da tradição, S.Roque era oriundo duma família aristocrática, possuidora de fortuna material; terá sido educado na magna universidade de Montpellier, no sul da França... J.T. – Ora que conversa! Como bem dizes,

o Santo de Montpellier foi “menino-fino”, oriundo duma família abastada mas não esquecida da dignidade humana. Segundo a tradição, São Roque viveu para “ser”, sem ser maculado pelo delírio de “ter”... Ele viveu no tempo em que as epidemias eram consideradas “pragas” cíclicas enviadas pela providência para admoestar a bestialidade humana. Na ânsia de ajudar os infelizes, rezam as crónicas que foi facilmente contaminado pela lepra. Consta que a adversidade física não arrefeceu o vigor humanitário do jovem herdeiro de Montpellier: optou pelo apostolado da pobreza voluntária. JLM - ... sabes, João Taveirós, já lá vão anos, andava eu pela Andaluzia, terra de gente famosa como Pablo Picasso e frei Bartolomeu de las Casas, e resolvi seguir rumo leste em direcção a Montpellier. Talvez ainda te lembres de que naquela época o linguajar “francês” era modesta ferramenta de recurso que me servia melhor do que gaguejar castelhano com pronúncia micaelense... J.T. – Eh pá! Montpellier parece estar mais perto do mediterrâneo do que a Ribeira Grande do nosso ilhéu de são Roque... JLM – Já vejo que “sabes da poda”! E talvez saibas que o rei D.Diniz foi contemporâneo europeu daquele humilde servo do

cristianismo. Até hoje, que eu saiba, nenhum papa teve a coragem de subscrever a sua canonização. Mas isso não impdediu que, nos últimos 600 anos, a cristandade ocidental lhe venha reconhecendo, amorosamente, o estatuto de santidade... J.T. – Tá calado! Alguns dos papas são uns bons pontos! Imagino que conheces algumas migalhas tristes da história do papado romano; a propósito, ainda me lembro do episódio duma das tuas habituais “palestras” à tropa em descanso, depois dumas “laurentinas” bem frescas, algures na redondezas da praia do Xai-Xai, em Moçambique. Lembro-me de que na altura conversavas àcerca do genuíno santo-padre João XXIII, que viera ao mundo para “purificar” a herança maligna do anti-papa que há séculos usara o nome João XXIII... JLM – Sabes, João Taveirós, o que lá vai, já foi... Na nossa história pátria tivemos “seis” reis com o nome João. Para mim, três deles foram azelhas; abro excepção ao nosso querido D. João I... J.T. – ... eh pá, parece que estás esquecido de D. João II? Ele teve de facto alguns episódios de assassinato, mas foi porventura mais “príncipe perfeito” do que alguns líderes do catolicismo da sua era... (ó diabo, estou agora mesmo a lembrar-me do seu contemporâneo, o papa Inocente VIII,

“who had contracted the frightful vice of sodomy...”) JLM – Eh pá! Vamos parar com essas comparações... Fala-me em português. O materiaslismo dialéctico queixa-se de que o mistério da religiosidade é muito escuro para ser visto; mas eu diria que afinal há claridades magistrais que nos obrigam a fechar os olhos, como por exemplo a luz solar... J.T. – ...tens razão: creio que já é tarde para aprendermos a tocar acordeão religioso. Se quizeres, vamos conversar um pouco àcerca de saúde mental. A propósito, estou agora a lembrar-me daquilo que dizia o saudoso médico, dr. José Maria de Medeiros “... do berço à tumba, o barro humano é inseparável do verbo modelar, conjugado sucessivamente nas três formas: passiva, reflexa e activa (...) o destino natural do homem é ser modelado em criança, modelar-se desde a adolescência, e modelar na maturidade”. JLM – Será que, em teoria, essa sequência deveria ser aplicada ao percurso constitucional da autonomia politica das regiões atlânticas? (conclui na página 27)

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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida [email protected]

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crise financeira na agropecuária está agora tornando-se numa crise ao crédito para esta industria. Os preços do leite caíram drasticamente em Janeiro passado, enquanto que os custos da produção se mantiveram iguais ou em muitos casos subiram, e foi essencialmente todas as explorações, que não conseguiram recuperar os seus custos desde o princípio do corrente ano. Sob esta tremenda situação económica todos os produtores, que têm que pagar as suas contas, é vulgar comentar-se, que esta desvantajosa situação não pode continuar. Neste momento é já uma triste realidade de que muitas famílias venderam já as suas vacas, ou individualmente ou através do programa de “Cooperatives Working Together” e é penoso pensar que o mais difícil pode estar ainda para chegar. A corrente crise financeira pode transformar-se numa crise do sistema de credito à agricultura. Empréstimos delinquentes na agricultura dos Estados Unidos cresceram de “$500 milhões” para “$3 Biliões” de volume durante o primeiro trimestre do corrente ano. Aplicações para empréstimos de ultimo recurso na agência Governamental “Farm Service” tiveram uma subida de 81%, e em Maio aplicações para recuperar empréstimos em flagrante subiram 132%. Em 2009 e até ao presente, aproximadamente 60 Bancos assegurados pelo Governo Federal foram à falência, comparado com 28 durante todo o ano 2008. Muitas destas falências estão directamente liga-

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A crise financeira na agropecuária

...uma sugestão pelo Presidente da “Western United Dairymen”, Ray Souza, para que o Departamento da Agricultura compre 100 milhões de libras de queijo para usar nos seus programas de nutrição das à vida rural. Empréstimos mais arriscados em outros segmentos da economia, têm especialmente, posto à prova o sistema Bancário, e a Agencia “FDIC”. Com receio de que os seus empréstimos venham a ser duvidosos muitos Bancos e outras instituições de credito, essencialmente fecharam os seus cofres, e em regra geral limitam o seu credito a baixos riscos naqueles que o procuram, com os bens de raiz especialmente terra lavradia a diminuir de preço. A situação pode tornar-se muito, muito pior.

Considerando a corrente situação da agropecuária, o Secretário Tom Vilsack, prometeu a sua pronta atenção nos assuntos apresentados, incluindo uma sugestão pelo Presidente da “Western United Dairymen”, Ray Souza, para que o Departamento da Agricultura compre 100 milhões de libras de queijo para usar nos seus programas de nutrição, cujos armazéns se encontram praticamente vazios. Tal passo mudaria os inventários para o consumidor, ao mesmo tempo que alertava os mercados com uma mensagem positiva, e poderia assim levantar os preços do leite em geral para um nível aceitável de pelo menos cobrir os custos da produção. O Senhor Secretario comentou que se o Congresso regressar a Washington trazendo qualquer programa para aliviar a

industria, ele estará pronto a executá-lo, acrescentando que financeiramente o seu departamento está esgotado até ao inicio do novo ano fiscal Outubro 01, 2009. Em noticia de ultima hora, e enquanto os preços do leite teimam em baixar, alguns processadores estão encorajando os produtores a produzir mais e receber menos pelo seu leite. Esta é a verdadeira ocasião para que a industria da produção tome o seu destino nas suas mãos, caso contrario o preço justo nunca chegará. .

A convite do Congressista local Denniz Cardoza no dia 25 de Agosto, o Secretario da Agricultura dos Estados Unidos visitou o Condado de Stanislaus atraindo uma numerosa assistência de pessoas, particularmente ligadas à agropecuária e agricultura em geral, com uma bem orientada sessão de trabalhos, com perguntas e respostas, associadas à corrente situação destas industrias, incluindo, reserva e distribuição das águas, problemas ambientais, preços do leite e outros produtos do mesmo etc..

SJGI tem o prazer de apresentar

Eduardo da Silveira, M.D. Diplomado em Gastroenterologia. Especialista em Doenças do Fígado e do Aparelho Digestivo.

O Dr. Eduardo da Silveira fala múltiplas línguas incluindo o Português, Inglês, Espanhol e Francês. Bem-vindos a San Jose Gastroenterology (SJGI)

Agradecemos a oportunidade de oferecer os melhores cuidados médicos em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva.

Dois escritórios para o servir em San Jose MONTPELIER OFFICE: 2340 Montpelier Dr., Suite A O'CONNOR OFFICE: 231 O'Connor Dr.

Telefone: (408) 347-9001

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COMUNIDADE

15 de Setembro de 2009

Renato Leal

“Não sou vendedor de banha de cobra” tarifas da SATA e TAP, problema consular, Renato Leal respondeu: “Disse ao Secretário Regional da Economia e Presidente da SATA barbaridades e palavrões que não vou repetir aqui. Em termos de mercado o modelo não está adequado e não me venham falar do serviço público. Não entendo a SATA.” Quanto à TAP, “está cada vez mais uma low-cost. Não há orgulho em serem companhias de bandeira em servir este mercado da saudade.”

“Ouço críticas e horrores sobre os consulados”

Perante uma assistência de 23 pessoas no Portuguese Athletic Club de San José no passado dia 25 de Agosto, o actual deputado do Partido Socialista (PS) pelos Açores à Assembleia da República e candidato a deputado pelo Círculo Fora da Europa ao mesmo parlamento, Renato Leal, apresentou as razões porque os emigrantes recenseados no Consulado de San Francisco devem votar por ele. Poucas horas antes tinha dado uma entrevista nas estações de rádio do Grupo Baptista Vieira. Durante este encontro acedeu a perguntas do Tribuna Portuguesa e Contacto California assim como da assistência. A votação para as Eleições Legislativas do próximo dia 27 de Setembro é feita por correspondência para os emigrantes que o podem fazer entre os dias 10 e 27 de Setembro enviando o boletim de voto acompanhado por uma fotocópia do cartão ou certidão de eleitor.

ropa foi em 1999 e cabe a Renato Leal, ex-Presidente da Câmara Municipal da Horta, Faial, antigo deputado na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, e actual dseputado no parlamento concorrer pelo seu partido contra os actuais detentores desses dois lugares, ambos do Partido Social Democrata (PSD) – o ex-Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, e o empresário radicado no Brasil, Carlos Páscoa Gonçalves.

“Interessa-me uma ligação com a comunidade e seria deselegante dizer que vou resolver os vossos problemas.” Quando ao Consulado Geral, “na Venezuela, a Consul Geral Isabel Brilhante Pedrosa tem itinerâncias. [...] As bichas desapareceram, fazem-se marcações” e a Consul Geral desloca-se com o apoio da Polícia e de dois funcionários do consulado

depois de visitar o Canadá] mostra que não se leva tempo a pensar o que se passa nas comunidades” criticou uma pessoa da assistência. “Não há detalhes no manifesto político – não há ‘juice’ [sumo]” acrescentou a mesma. As prioridades do candidato incluem educação, participação cívica e política, juventude e apoio aos idosos. Também questionado por este jornal sobre o projecto de lei da sua autoria e de outros deputados do PS, entre eles o ex-Secretário de Estado das Comunidades José Lello, que visava retirar o direito dos emigrantes votarem por correspondência e terem de o fazer presencialmente, Renato Leal destacou que “queriamos que o voto fosse blindado. Actualmente não é fiável [sendo feito por correspondência].” Este decreto foi vetado pelo Presidente da República Cavaco Silva em Fevereiro deste ano. Tinham votado a favor os deputados do PS e de todos os partidos à sua esquerda tendo o PSD and CDS-PP votado contra. Acrescentou que é a favor do “voto presencial mas com mais mesas de voto.” Mas a favor dos emigrantes, Renato Leal fez questão de mencionar que “defendi a nacionalidade portuguesa até à terceira geração.”

Renato Leal encabeça a lista pelo PS seguindo do empresário radicado no Brasil, José Duarte, a administradora de empresas na Venezuela, Maria das Dores Faria, e o jornalista e director do Tribuna de Macau, Rocha Diniz. Quando questionado por este jornal sobre o nível de faltas dos actuais deputados pelo Círculo Fora da Europa na Assembleia da República – José Cesário e Carlos Páscoa com 146 e 140 faltas respectivamente em 460 sessões plenárias, ou seja mais de 30% das sessões não estão presentes – Renato Leal não quis comentar.

O Círculo Fora da Europa é composto pelos continentes da América (Norte e Sul), África, Ásia e Oceania. Os Estados Unidos contam com o maior número de emigrantes portugueses (1.153.351) seguidos do Brasil com 700.000, Venezuela com 400.000, Canadá com 400.000 e África do Sul com 300.000. Seguem-se Macau e Hong Kong (160.700), Austrália (31.500), Angola (20.000), Argentina (16.000), Moçambique (13.299), Zimbabwe (2.500), Índia (2.300) e Uruguai (1.200), para um universo de 3,2 milhões de emigrantes neste círculo eleitoral. Segundo Renato Leal, o número de inscritos ronda os 94 mil (nas últimas eleições de 2005 eram 72.475) dos quais cerca de 54 mil, ou 57%, se encontram no Brasil. A abstenção neste círculo tem rondado entre os 81% nas Eleições Legislativas de 2005 e os 97% nas Eleições Europeias deste ano.

Se for eleito e tendo quase a certeza que não conseguirá mais de um deputado pelo PS, Renato Leal tem um acordo de cavalheiros para se ausentar da Assembleia da República para dar a oportunidade a José Duarte de também exercer funções. A Assembleia reune em plenário quartasfeiras à tarde, quintas à tarde e sextas de manhã. Renato Leal comprometeu-se com a comunidade portuguesa a faltar ao plenário uma semana por mês para contactar directamente com as comunidades portuguesas, número de viagens que dependerá do seu orçamento anual.

“As minhas prioridades para as comunidades”

A última vez que o PS obteve um deputado (dos dois) pelo Círculo Fora da Eu-

Quando questionado sobre alguns dos anseios da comunidade portuguesa como

“A sua chegada repentina [tinha sido anunciada no dia anterior que viria à California

“Disse barbaridades e palavrões [sobre a SATA]”

a outras cidades para apoiar os emigrantes portugueses. “Se na Venezuela com o risco todo isto é possivel fazer, noutros países também há-de ser” acrescentou. “Ouço críticas e horrores sobre os consulados” e “o Consulado Virtual [online] tem tido sucesso nalgumas áreas” mas não é muito acessivel aos mais idosos.

O que o levaram a concorrer a este lugar: a Lei da Paridade (não pode haver três homens ou mulheres seguidos numa lista política sendo ele o terceiro eleito pelo PS pelos Açores), foi escolhido pelos orgãos do seu partido, é flexivel e tem esperiência executiva (como Presidente da Câmara Municipal da Horta). Renato Leal é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês/Alemão) e foi professor antes de se virar para a política.

NASCIMENTO A Sofia Isabel Soares Ávila nasceu no passado dia 1 de Agosto de 2009 no Hospital O’Connor na cidade de San José, California. A bébé pesava 3 kg 260 g (7 lbs 3 oz) e media 51 cm (19.5 polegadas) de comprimento. A Sofia é filha de Lúcia de Fátima Soares e Miguel Valle Ávila e irmã de Amélia Te r e s a Soares Ávila de San José. É neta de Ilda Maria Vale e José Bettencourt de Ávila de Modesto e de Cidália Vidal e José Franklin Soares de San José.

COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena Rocha [email protected]

...os Açores

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ste ano, sem muito alarido, já quase todos regressaram depois das sonhadas férias. Para muitos, os Açores só por um canudo… E até mesmo para outros passeios a outras partes da Europa, que se fazem de cruzeiro, a crise actual não permitiu longínquas viagens que aguardam melhor oportunidade. Ficar foi a melhor opção, não sendo sempre o melhor remédio, quando para muita gente o viajar é a mais saudável terapia, sobretudo se a Saudade aperta mais do que é normal. Mas num País tão grande como esta América, sempre se tem outra alternativa. Que tal se em vez de ir por caminhos andados, começarmos a percorrer o desconhecido, desbravar e apreciar outros Estados, observar de perto o que antigamente e ainda hoje muito boa gente apenas conhece através do cinema, dos mapas geográficos ou através das reportagens televisivas, que na maioria dos casos nos entram em casa só porque aconteceu um crime e não se fala de outra coisa até que outro maior desastre aconteça e nos faça sentir medrosos e inseguros num país de tantas cautelas. Por incrível que pareça, assim é. Mas já me estou convencendo de que ficar em casa com medo do imprevisível, é um erro muito grande. Afinal, se até na hora da refeição nos pode cair um avião no prato… Isso já aconteceu em New Jersey, mais do que uma vez. Quem é que me garante que enquanto estou a dormir, não me entre um carro pela porta ou Que tal se em vez de ir por caminhos andados, começarmos a percorrer o desconhecido, desbravar e uma avioneta pela janela…? Isso também já foi notícia… Entre tantas do género. Como dizia o saudoso cómico brasileiro Badaró: “Pode não ser o meu dia, mas quem é que me garante que não seja o dia do comandante?” - Há que ter fé e esperar sempre pelo melhor. É como escolher não ir de cruzeiro com medo que o barco afunde como o Titanic. Ou porque em pequena se teve má experiência nas viagens inter-ilhas com mar bravíssimo, feitas em autênticas cascas de nóz que nos faziam vomitar as tripas, pelos baldões e cheiro a gasóleo. “Agora, - como diz o emigrante visitante, está tudo diferente para melhor, é um consolo!”. Mas que bom… Lá no mar das ilhas, actualmente navegam outros barcos, grandes, vistosos e aparentemente mais seguros. Mas nunca é demais todo o cuidado… Não vá acontecer que a prancha da saída se despegue com os passageiros em cima, a fazerem a travessia… Que desta vez, mal tinham todos o pé em terra e lá se foi a dita cuja para o mar. - Que sorte tiveram naquele dia, a minha filha e outros passageiros que viajavam do Pico até à Praia da Vitória. Foi mesmo por um rasgo de sorte, ou então o Bom Jesus do Pico, resolveu retribuir-lhes a visita e lá foi dar uma mãozinha depois da Sua Festa… Podem crer até os mais cépticos. Porém, nem sempre calha assim. Mas ainda bem que a Fé prevalece para unir o Povo. É em tempos de crise que mais se necessita ter em que acreditar. E não há-de ser por causa de umas quantas coisinhas de nada que a havemos de perder. O que não se pode perder é a consciência, a noção de quem somos e do que valemos para que possamos continuar a construir um Mundo melhor, baseado na verdade, no equilíbrio emotional, na paz de espírito com os nossos filhos, a família, os nossos semelhantes e os outros…

1600 Colorado Avenue Turlock, CA 95382 Telefone 209-634-9069

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14 FESTAS

15 de Setembro de 2009

Festa de Nossa Senhora da Assunção

O Bodo de Leite da Festa de Nossa Senhora da Assunção de Turlock, teve como tema “Namores de Outrora”

A juventude sempre presente nas nossas festas tradicionais

Fotos de Jorge Ávila “Yaúca”

Um quinteto de peso na improvisação: José Ribeiro, António Azevedo, Vital Marcelino, Adelino Toledo e João Pinheiro

As lavadeiras namoravam mesmo lavando a roupa. Nesse tempo a produtividade era muito maior do que hoje em dia. Outros tempos.

A maioria dos açorianos namorou desta maneira - de janela e não muito chegados

Presidente José e Jovina Matos e directores da festa à saida da Igreja. Os restantes elementos da Direcção são o Vice-Presidente, Luis e Iva Ferreira; Secretário, Jesuino e Odete Reis; Tesoureiro, João e Fatima Mendes

O folclore das nossas terras, com as suas músicas e vestimentas, alegram sempre qualquer bodo de leite À direita: Padre Manuel Sousa, à frente da imagem de Santo Antão, com o Presidente e Directores da Festa, dirige-se para a benção dos animais



FESTAS

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Na desfolha do milho houve sempre muitos casamentos

Os caixões, os toiros, os foguetes, alguns músicos, tudo isto faz parte integrante de qualquer bodo de leite que se preze.

Carros de bois são uma marca importante em todas as nossas festas

Grupo Voz da Saudade, do Canada - duas noites de muita música popular portuguesa

Cada ano que passa esta festa torna-se mais requintada, dentro da sua simplicidade e genuidade. Como já temos dito todos os anos, esta Festa em Louvor a Nossa Senhora da Assunção, prima pela organização, pela maneira quase tradicional com se fazem as coisas. Como sempre, um dos pontos mais altos é a Missa da Juventude, seguida pela Procissão.

O tema do Bodo de Leite deste ano foi “Namores De Outrora”. Houve actuações de diversos ranchos folclóricos - Crianças da paroquia, Mar Bravo, Luso Youth Council #24 de Modesto e Tempos de Outrora. A novidade deste ano foi a vinda do Grupo Voz da Saudade, de Quebec, Canada, cujas actuações foram muito apreciadas. No Pézinho tivemos Adelino

Toledo, José Ribeiro, Vital Marcelino, António Azevedo, João Pinheiro, acompanhados por Pedro Reis, Dimas Toledo, Manuel Avila, Carlos Arruda. Para o novenário e pregação da festa tivemos o Padre Gregório Rocha, Reitor do Seminário Diocesano de Angra do Heroísmo, Açores. Padre Manuel Sousa, dirigiu a Procissão, como é habitual, mencionando um pouco da história de todos os santos portugueses que participaram na mesma

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FESTAS

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Padre Harmon Skillion acompanhado pelos diáconos Eduino Santiago e Victor Silveira

Maria Rosa, Assistente Pastoral durante muitos anos, despediu-se da Comunidade

O mais novo Santo Português, D. Nuno Álvares Pereira

Presidente José e Jovina Matos; Vice-Presidente Luis e Iva Ferreira

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FESTAS

Parece que foi outro dia que esta bonita Igreja foi inaugurada, para continuar uma tradição de 26 anos de celebração da Festa da sua Padroeira, Nossa Senhora da Assunção

The Knights of Columbus, sempre presentes

Padres Michael Barry (fundador da Evangelization Ministries) e Manuel Sousa

O interior da bonita Igreja de Nossa Senhora da Assunção em Turlock

Aspecto da Procissão, reconhecendo-se Jesuino e Odete Reis, Secretário da Festa

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FESTAS

15 de Setembro de 2009

Turlock orgulha-se da sua festa

Banda Lira Açoriana de Livingston

Our Lady of the Assumption In 1972 a group of Portuguese-Americans, most of them young people, inspired by two Portuguese-speaking missionaries, Father Jose Carlos and Father Ivo Rocha, decided on a place where they could cherish their Portuguese heritage and the Catholic faith. To that end they bought 5 acres at 2602 South Walnut Road in Turlock. This was a major step that took courage, hope and vision. A good number of young people and families participated enthusiastically and generously from the very beginning. Soon a non-profit cooperation called Portuguese Cultural Center was established with the following official members: Father Ivo Rocha, Father Jose Carlos, Luis Azevedo, Antonio Luis Borba, Antonio Carvalho, Maria de Jesus Martins, Antonio Simoes, Joao Simoes, Armelim Fontes Sousa, Joao Fontes Sousa, Honorio Teixeira and Jesuina Teixiera. Father Joaquim Esteves, a senior priest and friend of the community, was very helpful and supportive. In December of 1972 religious services began in a mobile home at the Center and on June 11 of the following year, 1973, the first church was blessed and dedicated by Bishop Don Merlin Guilfoyle. In October of 1981

the Center was established as Our Lady of Assumption of the Portuguese Church and Father Ivo Rocha was appointed pastor and Father Valentim Freitas associate pastor. Some time later Father Richard Forti is invited to celebrate mass in English at 9 AM and begins to work in our youth program . Although dedicated as a Portuguese personal parish with a special ministry to the Portuguese- speaking, Our Lady of the Assumption is open to all that want to join. In 1982 the Parish Hall was built as a place of worship, education, an social activities. Father Eugene Trainer is appointed Administrator in 1986 and Father Manuel Fontes Sousa Co-Administrator January 17, 1987. Padre Gregório Rocha, Reitor do Seminário Diocesano de Angra do Heroísmo, convidado In August of 1989 Father Manuel is instal- para pregador da Festa em Louvor de Nossa Senhora da Assunção led as Pastor at the mass of the feast of our patroness. More recently we have begun working in our new home. Let this new church be a sign of the living church which we are. Let us be living stones in love and service. in www.olassumption.net

PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO

15 de Setembro de 2009

Ao Sabor do Vento

José Raposo [email protected]

P

ara qualquer ilhéu, ver o mar é como ser transportado por momentos para a ilha onde nasceu. Foi o que aconteceu comigo quando da ultima visita a Pismo Beach e molhei os pés nas águas do Pacífico. Ao senti-la na pele um alegre saudosismo encheu-me a alma e por momentos até sonhei com lapas, carangueijos fidalgos, cavacos, bodeões, garoupas, peixe rei, sargos e outros mais variados peixes do nosso mar azórico. Por momentos fechei os olhos e o marulhar das ondas na areia soava aos meus ouvidos como cânticos de sereias. Ali embevecido pelas canções, perdi por completo a noção do tempo até que alguém me chamou e eu acordei do meu sonho em pleno dia. Se bem que o propósito da nossa visita a Pismo Beach fosse visitar o nosso amigo Tony Carvalho e a família, assim como estar com os outros amigos que todos os anos se juntam, lá em casa, para o convívio e saborearem os diversos cozinhados que o Tony e a família faz, desta vez resolvemos ir ao local onde cozinham e servem as sopas. Devo dizer que a KaryMancebo-Ingram e o marido, assim como as restantes pessoas que lá estavam foram de uma delicadeza impar e tiveram até prazer em falarem sobre a festa e tudo o mais. O ano passado o Billy, marido da Kary foi o presidente e ela é presentemente a secretária. O sr. Christian Pereira é o presidente deste ano. O que me admira é que a maioria dos directores e oficiais da organização de Santo António, de Pismo Beach, vivem em cidades como Tulare, Nipomo, Hanford e outras

Orgulho da nossa Raça

mais distantes e quase todas no Vale de São Joaquim. Fiquei deveras impressionado com o tamanho dos tachos onde cozem a carne. Kary me informou que haviam cozinhado 22 vacas para a festa. Distribuiram gratuitamente pelas casas 900 “panas” de carne. No Sábado ao almoço foram servidos 1200 “steaks.” Várias pessoas do nosso grupo quizeram experimentar o quão difícil era mexer a carne nos tachos. Falei com muita gente e todos mostraram uma alegria e satisfação. Havia orgulho. As pessoas estavam todos nos seus repectivos lugares e via-se perfeitamente que eram competentes de desempenhar as funções para as quais se tinham voluntariado ou foram escolhidas. A parada ou procissão como lhe queiram chamar, na minha opinião, é uma das mais bem organizadas nesta Califórnia e via-se representações das mais variadas partes deste estado. Eu admiro mais em cortejos deste género o respeito que alguns têm em

levar uma bandeira do que as vestimentas de luxo que por aí se vê a desflardar... Num email que a Kary me madou ela dizia: Billy e eu adoram fazer parte desta festa. É muito trabalho mas, vale a pena para que se mantenham as tradições. Esta foi a segunda vez que fomos a Pis-

mo Beach. Era-mos um grupo de 14, todos gostaram e para o ano se tudo correr bem, lá estaremos. É uma cidade maravilhosa e os Portugueses que contribuem para que o nosso povo aí matenha presença, são sem dúvida alguma orgulho da nossa raça.

Vende- se Leitaria de Cabras 8.9 acres com irrigação própria Casa com 3700 pés quadrados, 5 quartos de cama, 3 quartos de banho, toda remodulada. Perto da auto-estrada e Shopping Center Fica situada a 1 milha do novo Hospital do Kaiser Permanente, em Dale Road, Modesto, California Perto do novo Liceu Extraordinário investimento de $990K dolares Os animais existentes não estão incluídos Contactar AHMAD SHAMA

(209) 505-5268

COLABORAÇÃO

Lufada de Ar Fresco

Paul Mello

N

[email protected]

os últimos anos, colegas universitários, familiares, amigos, e algumas pessoas da comunidade portuguesa local, têm me questionado acerca da minha opinião do ensino dos Estados Unidos e frequentemente pedem para que eu faça uma comparação com o ensino em Portugal. Em Março de 2008, numa entrevista ao KIGS, o senhor Euclides Álvares colocou-me estas mesmas questões e confesso que tive algumas dificuldades para dar uma resposta que espelhasse a realidade. A dificuldade para responder a tal questão prendese sobretudo com o facto de uma pessoa não poder estar em dois sítios simultaneamente. Embora eu tenha frequentado o ensino em ambos os países, a verdade é que nunca experimentei o mesmo “nível” de ensino nos dois países. Por exemplo, como eu completei o 12º ano em Portugal, não posso estar a fazer comparações concretas com o 12º ano escolar Americano se não o frequentei neste país. O mesmo se aplica ao ensino superior. Por apenas frequentar o ensino superior nos Estados Unidos, não posso fazer comparações concretas com o ensino superior Português. No entanto, nos últimos anos, com os relatos que eu tenho ouvido e as experiências que eu tenho vivido, especialmente ao dar explicações a estudantes do liceu Norte Americano, tenho me educado mais um pouco sobre este assunto. No que diz respeito aos primeiros 12 anos de ensino, creio que as diferenças estão no nível de liberdade, mentalidade, e dificuldade. Durante este período, mas so-

Custo: $150,000.00 dolares. Aceitam-se ofertas

bretudo nos anos de liceu (high school), as “liberdades” concedidas aos alunos variam entre os países. Em Portugal, um aluno, ao começar o liceu, é forçada a escolher entre 4 áreas de estudo onde, qualquer fosse o caminho escolhido (ciências, economia, humanidades, etc), a exigência seria sempre elevada pois o objectivo é preparar todos alunos para o rigor do ensino universitário. Nos Estados Unidos, o aluno no liceu tem maior flexibilidade, ou seja, pode optar por “escolher” a rigorosidade do seu trabalho escolar. Há quem diga que isto é um dos maiores defeitos do ensino préuniversitário nos Estados Unidos, mas também existe quem defenda este modelo. Os profissionais de educação dizem que tal flexibilidade é necessária tendo em vista o actual contigente de imigrantes dos países da América Latina. Os alunos que têm como objectivo prosseguir para o ensino universitário geralmente escolhem um currículo mais rigoroso enquanto os que não têm esse pensamento acabam por escolher um caminho mais fácil. Ou seja, existe como que um sistema para aquele que quer continuar a estudar e outro para aquele que apenas quer o diploma. Outra diferença que acho determinante prende-se na carga horária. Nos meus tempos do liceu era comum sair de casa às 7 da madrugada e apenas voltar pelas 6 da tarde em alguns dias da semana. Com horários deste género e com muita matéria para aprender em várias disciplinas não havia tempo para mais nada. Quando eu estava no liceu, nenhum dos 25 alunos da minha turma tinha um emprego, o mesmo não se pode dizer dos alunos America-

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Educação: Estados Unidos vs. Portugal - 1ª parte nos, onde uma elevada percentagem de alunos se encontra empregada. A meu ver um dos factores responsáveis por tal diferença prende-se no facto de em Portugal, o jovem só pode ter carta de condução aos 18 anos, enquanto que nos Estados Unidos este direito é atribuído ao jovem com 16 anos. Isto implica que no décimo ano de escolaridade, o aluno já possa conduzir um automóvel até ao liceu enquanto que o aluno Português ainda depende do autocarro para se deslocar. Por consequência o jovem americano vê-se obrigado a encontrar um emprego para suportar despesas como gasolina ou seguros, enquanto o jovem em Portugal ainda não tem preocupações desta natureza. Outra razão que leva estes jovens a procurarem emprego baseia-se na cult ura /mentalidade materialista que cedo se cria nos jovens americanos onde o desejo de pertencer a certas classes sociais torna “necessária” a compra de certos bens materiais como telemóveis com tecnologias recentes ou roupas de determinadas marcas. É verdade que este fenómeno também se observa em

Portugal mas lá o jovem que frequenta o liceu geralmente não tem emprego e portanto tem um poder de compra limitado. Para além de empregos, vários alunos americanos estão envolvidos em actividades extracurriculares como desporto ou trabalho voluntário, o mesmo não se aplica ao ensino em Portugal. O desporto que se pratica nos liceus portugueses resume-se às aulas de educação física. É verdade que o sistema Americano permite ao aluno ter uma vida variada e equilibrada. O aluno português dedica a sua vida quase exclusivamente aos estudos tornando-se num ser preparado para as exigências dum ensino superior rigoroso, mas demonstra lacunas em algumas áreas extracurriculares. Nos Estados

Unidos, o liceu tem menos exclusividade na vida do estudante, onde empregos e actividades extracurriculares assumem grande preponderância no dia-a-dia do jovem fazendo o crescer com os horizontes alargados, mas quem sabe, menos preparados para as exigências do ensino superior. Os contrastes entre os sistemas parecem óbvios, mas é difícil classificar um sistema como superior ao outro pois ambos têm aspectos positivos e negativos e ao olhar para ambos verificamos situações que num sistema são “oito” e no outro são “oitenta”. Não defendo um sistema mais do que o outro, mas acredito que uma eventual combinação do sistema Americano com o Português poderia vir a dar frutos.

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DESPORTO

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Portugal Desportivo Ronaldo vai para o real madrid

Porto - Sporting O jogo entre FC Porto e Sporting, a contar para a 6ª jornada da Liga, vai ser dirigido por Duarte Gomes. O árbitro da AF Lisboa será auxiliado pelos assistentes Venâncio Tomé e José Lima. Duarte Gomes esteve recentemente ligado a um caso num jogo do Sporting, quando, antes da partida com o Vitória de Setúbal, teve uma acesa discussão com o treinador de guarda-redes dos “leões”, acabando por empurrar Ricardo Peres. A Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional absolveu Duarte Gomes, mas o Sporting recorreu para o Conselho de Justiça da Federação

Portuguesa de Futebol, que ainda não se pronunciou. O árbitro de 36 anos já dirigiu na presente época desportiva dois jogos da I Liga e um da II Liga, tendo arbitrado o Benfica 8-1 Setúbal, Sporting Braga 1-0 Académica e o Portimonense 2-1 Beira-Mar da II Liga. O clássico realiza-se já no próximo sábado, 26 de Setembro, às 19h15, no Estádio do Dragão. Por seu lado, o líder Sporting de Braga visita sexta-feira o Olhanense, numa partida que será dirigida pelo portuense Jorge Sousa, enquanto o lisboeta João Cape-

la estará sábado na partida entre Benfica e Leixões no Estádio da Luz. in sapo

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TAUROMAQUIA

15 de Setembro de 2009

Forcados de Turlock honraram a forcadagem

Quarto Tércio

José Ávila [email protected]

Tiro o meu chapéu ao Rui

Bento Vasques, por ter tido a coragem taurina de contratar o Grupo de Forcados de Turlock, que orgulhosa e galhardamente representaram bem a Festa Brava da California, na Praça do Campo Pequeno em Lisboa.

Também tiro o meu chapéu ao Fernan-

do Santos, por ter convidado os Forcados de Turlock a actuarem na sua Praça de Toiros de Albufeira, com um cartel de luxo - Rui Salvador, Luis Rouxinol e Vitor Ribeiro.

Fiquei muito contente por ter visto com

Fim da corrida realizada a 20 de Agosto de 2009 na Praça do Campo Pequeno. Estes jovens mostraram em Lisboa as suas qualidades, a sua maneira de estar nas arenas em qualquer lugar do mundo. A California deve-se orgulhar deste grupo e das suas vitórias.

os meus próprios olhos, as actuações do Grupo de Forcados de Turlock, quer em Lisboa, quer em Albufeira. Dentro e fora das arenas, estes jovens portaram-se como grandes representantes da nossa festa brava, bem liderados pelo veterano cabo de forcados Jorge Martins.

Tiro-lhes o meu chapéu várias vezes e com muita amizade. Tiro o meu chapéu ao Jorge Ortigão

Costa, por nos ter proporcionado uma visita à ganadaria da sua família em Elvas e ao João Simões por nos ter mostrado a sua Tertulia, uma das mais completas e bonitas de Portugal, acompanhada por uma excelente Sopa de Pedra. Qualquer dia vou mostrar-vos a Tertulia aqui nesta página.

ULTIMA HORA Segunda consta, as corridas a realizar no mês de Setembro em Las Vegas, foram transferidas para Outubro e Novembro. Os interessados devem entrar em contacto com a organização para saberem as novas datas. Grande pega de Donaldo Mota ao quinto toiro da noite, que depois foi muito bem ajudado por todo o grupo.

Os três Grupos de Forcados - São Manços, Amadores de Turlock e Amadores de Cuba, perfilhados no fim da corrida, esperando pelo resultado do Juri, que deliberou atribuir a melhor pega da corrida ao Michael Lopes, do Grupo de Forcados de Turlock. Pena foi que os toiros de Manuel Assunção Coimbra não tivessem ajudado, nem os cavaleiros nem os forcados. Todas as pegas, excepto a primeira, foram muito difíceis. Os toiros deram muito trabalho, não só ao forcado da cara, como a todos os ajudas. Os preços da corrida variavam entre 17.50 e 65.00 euros.

Cumprimentando o Director da Corrida

PATROCINADORES

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ARTES & LETRAS

15 de Setembro de 2009

My Californian Friends

Apenas Duas Palavras

de Vasco Pereira Costa

Álamo Oliveira

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y Californian Friends é um livro de autor mas que sugere ser de múltiplas autorias. Cada poema foi construído ao longo de vários anos, sob a pertinente inspiração que os afectos foram fomentando e usados os verdadeiros nomes, pois este é um livro que, na verdade, é de amigo para os amigos. Os encontros aconteceram com pensada regularidade e a poesia foi-se deixando assediar pelo poeta (talvez tenha sido ao contrário), com o resultado que se pôde apreciar na Califórnia, em Maio de 1999, quando este livro foi apresentado na sua língua de origem – a portuguesa. O estado da Califórnia fica neste livro, como espaço cenográfico de amizades que escolheram florescer desde San Diego a San Jose, passando pela Artesia, Tulare, Gustine, com um apêndice de asterisco para Onésimo Almeida, que reside no outro lado da América, mas sempre muito presente nos encontros da Califórnia. E, por conta disso, vem à colação uma frase de Genuína Baganha de Nemésio: «a Califórnia é mum grande»…, e, neste caso, com uma imensidade de gentes e, muitas delas, «friends». My Californian Friends é o título óbvio para um conjunto de poemas que entende como os sentidos e os sentimentos podem navegar por rumos certos e, sobretudo, decifrar o efeito das aculturações, mostrando-as como objectivos de sucesso ou como formas de ludibriar a saudade. Este jogo duplo, captado com a melhor poesia, constitui uma tese enorme sobre a emigração especificamente açoriana, nesse contraste psicossocial de saudade/sucesso, ou, para dizer de forma mais simples, como a abundância dá prestígio mas sem conseguir afogar a saudade. Por isso, a felicidade de Matateu é a solidão com um nó górdio à volta do pescoço; o reencontro com Manuel Homem tem o sabor do chá e o peso incómodo dos anos; a fartura do primo Manuel dá-lhe direito à espondilose da resignação; os arpões do pescador de San Diego acertam sempre na «alma das águas a sulcar»; Tony Goulart é o retrato mais recente da ilha deixada, mas não abandonada; o português de Abel Alves adoça

o sotaque da memória; o professor Diniz Borges teima com a língua da saudade; a viola de Hélio Beirão não se cala vibrando no «corpo cheio da ilha»; a vagamundagem de Onésimo dá acesso aos mundos da amizade; e o Álamo é interpelado pela sua condição de partido e repartido sem conserto; «gente feliz com lágrimas» dá azo a uma conversa surdinada com João de Melo. Todos são «my californian friends» para juntar o Steven Borges, então músico da banda «em Domingo de Bodo»; Nancy – prestigiada rainha do Divino Espírito Santo – muito consciente da importância do cargo e da efemeridade da sua função; e Rosa, que não se desfolha porque já não é rosa, mas Rose. Resta a evocação de duas pequenas cidades emblemáticas do andarilhar insular: Gustine e Artesia. A primeira, pela Senhora dos Milagres tão ao jeito da Serreta, «gastinha» fonética sem cuidados linguísticos de maior. A segunda, outra extensão da ilha Terceira, onde a fartura tem o dom milagreiro da rainha Santa Isabel. Ambas referem gentes que são também «californian friends» de Vasco Pereira da Costa. Esta retenção do nome do verdadeiro e único autor deste livro não voltará a ser exercida. Como se sabe, Vasco Pereira da Costa é escritor (poeta e ficcionista) e esse saber do ofício da escrita permite-lhe construir um livro (mesmo que de poesia) com a sequência provocadora de apelos de leitura, porque sabe criar crescendos emocionais, respeitar os necessários momentos de pausa, pois, em cada poema, há que ter em conta o ritmo respiratório das palavras em função da acessibilidade interpretativa do leitor. Neste livro, a sequência dos poemas cumpre os desígnios do poeta. Ele coloca os amigos de página em página, como se os quisesse acomodar no hotel do coração – naquele mesmo hotel da cidade de Tulare, onde cimentou e distribuiu afectos. Mas, o livro fecha com um poema que é o remate literariamente perfeito e ideologicamente perturbador das nossas consciências civilizadas por séculos de colonização e de guerras, com finais mal resolvidos, mas que nos vão permitindo dormir sem

pesadelos porque sempre vamos fazendo emergir subterfúgios e desculpas. Este comportamento europeu e auto-universalista encobre que as Guerras Mundiais não resolveram questão nenhuma no velho continente, nem outra guerra (e foram tantas!) antes destas. Aliás, as guerras na América têm sido feitas por mentalidades europeias importadas sem mais virtude ou pecado. Esta irremediável verdade histórica está epicamente expressa em «Ode nativa» – um extenso poema de constatação e contestação, da humildade do «mea culpa», da imprecação do perdão, por quanto se conhece ter sido feito aos nativos desta América, que só foi mundo novo porque o mundo velho o desconhecia. «Ode nativa» é, na verdade, um poema onde o épico se transforma na metáfora da vergonha e do remorso. Ninguém pode declinar a sua responsabilidade pelos genocídios étnicos. Por isso, o poeta anuncia que «talvez um dia aqui retorne um filho meu/ liberto dos vossos olhos invisíveis/ e íntimo se confessará de vós/ sem remorso possível/ resgatado pelo poder do poema». O poema consegue este resgate. Acrescente-se que esta «ode nativa» é um dos mais belos poemas escritos em Língua portuguesa. É este livro que a Portuguese Heritage Foundation apresenta em língua inglesa – uma língua que o poeta utilizou já como enriquecimento fonético ou mesmo como forma de complementar expressões linguísticas do foro da aculturação. My Californian Friends está agora na língua que se diria ser uma espécie de herdeira natural, ganhando, porventura, um maior número de leitores, sobretudo dos que, tendo submergido na dúvida lexical lusíada, sobrevivem já na língua de adopção. Por isso, está mais que justificada a edição deste livro. Ela fica a dever-se aos responsáveis pela editora e também a quem se entusiasmou pelo trabalho de tradução – Katherine Baker e Diniz Borges. Traduzir poesia é sempre um trabalho difícil, aqui, facilitado, porventura, pela partilha de conhecimentos linguísticos.

A Presença Portuguesa na Califórnia

vinda em 1814 até ao baleeiro jorgense Joseph Miller (José de Sousa Neves) que à Califórnia chegou por volta de 1836, ao ensaio “A emigração em massa” que nos relata em prosa de quem sabe penetrar os labirintos da escrita, as sucessivas ondas de emigração para este estado do pacífico onde hoje, segundo o Census do ano 2000, efectuado pelo governo dos Estados Unidos, residem perto de 400 mil portugueses e luso-descendentes. Prosseguindo a leitura deste pequeno/ grande livro de história, nem que os livros se medissem aos palmos ou ao peso, encontramos a nossa experiência e o nosso contributo nas industrias dos laticínios, da baleagem e da pesca do atum. Há um capítulo dedicado às festas sociais da nossa comunidade, desde o espírito santo ao carnaval, passando pelo fenómeno recente (da última década) das touradas, de praça

e à corda, que mobilizam milhares de pessoas em todo o vale de San Joaquim e no sul da Califórnia, mais concretamente nas cidades limítrofes de Los Angeles: Artesia e Chino. Há um capitulo dedicado ao movimento fraternalista, as sociedades fraternais que ainda movimentam milhões de dólares de poupanças e investimentos da comunidade e que continuam a ser uma importante parcela da vida social das nossas comunidades. Com raízes profundas na segunda e terceira gerações, as sociedades fraternais são de suma importância para a ponte que todos queremos que se estabeleça entre as gerações emigrantes e aqueles cujos pais, avós ou bisavós um dia, por necessidade, emigraram dos Açores e plantaram raízes na terra prometida. Um dos capítulos mais aprazíveis é o que o Professor dedicou ao fenómeno da mistura

Diniz Borges [email protected] A Portuguese Heritage Publications of California acaba de publicar mais dois livros. São duas traduções, com as quais tive o privilégio de colaborar. Um projecto que foi abraçado por Katharine Baker e Bobby Chamberlain. Aqui ficam dois textos, um do poeta Álamo Oliveira sobre o livro d Dr. Vasco Pereira da Costa (meu amigo de há muitos anos) My Californian Friends, o outro, apenas um curto excerto dum texto que escrevi sobre o livro do Professor Doutor Eduardo Mayone Dias, The Portuguese Presence in Califórnia, quando o mesmo foi publicado em português. E já então sugeria que o livro deveria ser traduzido para inglês. É que estes dois livros da PHPC são traduções de obras originalmente publicadas em português e que agora no idioma inglês tentarão chegar a milhares (para não dizer milhões) de luso-descendentes que não lêem ou falam português, um número cada vez maior. Um abraço de gratidão à Portuguese Heritage Publications of Califórnia, habilmente presidida por José Rodrigues, pelo seu trabalho. Um abraço a Tony Goulart, impulsionador e vice-presidente da PHPC pelo excelente trabalho gráfico e um abraço às comunidades que mais uma vez abrem as suas portas para lançamentos de livros. diniz

The Portuguese presence in California …Mas o que é este novo livro, A Presença Portuguesa na Califórnia, agora publicado pela Peregrinação? Trata-se, essencialmente, do primeiro livro da história dos portugueses na Califórnia. Mais do que uma colectânea de crónicas, que do professor Dias seriam uma delícia, este livro dá-nos, em 124 páginas, a história das gentes portuguesas no gigantesco estado da Califórnia. Começando com um trabalho intitulado “Os primeiros tempos: presenças fugazes” onde percorremos os primórdios da nossa presença desde João Rodrigues Cabrilho a Sebastião Rodrigues Sermenho, passando para “Os primeiros emigrantes” no qual encontramos a história de António José Rocha e a sua

dos dois idiomas no linguajar das nossas comunidades. O “portinglês” é um ensaio que explicita as razões destes vocábulos e a riqueza dos mesmos. Vistos em tempos idos como algo depreciativo, tratados em Portugal e nos Açores pejorativamente, foi o Porfessor Doutor Eduardo Mayone Dias que sempre lutou, com todo o rigor académico, e patenteou perante os puristas de todos os “Terreiros do Paço” que a utilização destes vocábulos no discurso quotidiano das nossas gentes era e é indicador do poder de adaptação dos emigrantes. Dedicando um longo capítulo à “comunicação social de expressão portuguesa” o autor mostra-nos, ainda mais esta vez, a tal empatia que Vamberto Freitas nos falava. (continua na página seguinte)

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Conversa à paisana (conclusão da página 10)

A Presença Portuguesa Um estudioso da nossa comunicação social e um colaborador fiel da mesma, Mayone Dias sempre colaborou nos jornais, nas rádios e nas televisões das nossas comunidades. Muitos dos seus artigos, dos seus ensaios, coleccionados em vários dos seus livros, viram primeiro a luz do dia em jornais da Califórnia, da Costa Leste, do Canadá e claro também de Portugal continental e dos Açores. Nos momentos de pujança e de contratempo as crónicas do Professor sempre brilharam nas páginas da nossa imprensa. Nos 16 anos que fiz rádio nas nossas comunidades, nunca me recusou uma entrevista, um comentário, uma conversa. E foi ainda o responsável pelo guião que conduziu a produção videográfica de David Martins “Os Portugueses na Califórnia.” Daí que o seu capítulo sobre a comunicação social seja um dos mais enriquecedores desta história dos Portugueses na Califórnia. Outro capítulo deslumbrante é o que dedica à nossa literatura de expressão portuguesa neste estado. Não tivesse sido ele um dos responsáveis pelo seu estudo durante tantos anos! Desde a literatura de cariz popular aos escritos mais eruditos, Mayone Dias, dá-nos um retrato fidelíssimo das narrativas dos portugueses nesta parcela norte-americana. E termina, muito ao seu estilo de observador eminente: “E o futuro? É evidente que esta literatura oferce um carácter intrínseco e de considerável efemeridade, já que é produzida por e para o nú-

cleo transplantado. A ser interrompido o fluxo migratório, ficará inexoravelmente condenada a tornar-se peça de museu.” 4 Já na parte final deste livro há “Um Balanço Geral” em que o escritor e estudioso das nossas comunidades e da vida, fala do que fomos e somos. São três páginas de prosa empolgante convidando os leitores a reflectirem as vivências e o futuro, a curto e longo prazo, da nossa presença neste estado, e a tal metamorfose que todos, aqueles vivem e se interessam pelas nossas comunidades, andámos a falar já lá vão muitos anos. E é nesta prosa sadia que termina, afirmando: “Será difícil prever por que trajectória enveredará a emigração portuguesa para a Califórnia. Nas últimas décadas as chegadas diminuíram substancialmente. A manterse este decréscimo será pois de conceber um envelhecimento da comunidade e um progressivo domínio da vida social por uma geração de luso-descendentes. Não é porém de crer que com facilidade desapareça a tradição cultural que os portugueses trouxeram a essa região e que tão vigorosamente tem marcado a sua presença por mais de 180 anos.”5 As últimas páginas de A Presença Portuguesa na Califórnia são de uma riqueza prodigiosa para a nossa história de comunidades portuguesas neste estado banhado pelo pacífico. Primeiro apresentanos uma cronologia (1542 a 1999) da nossa presença com os principais acontecimentos que marcaram as nossas comunida-

des, segundo, as bibliografias (especial e geral) são documentos riquíssimos para os arquivos comunitários. Daí que se recomende a leitura deste livro e até mesmo uma possível tradução para inglês. A sua presença em língua portuguesa é importantíssima para uma geração que ainda consegue ler em português, para os estudos das nossas comunidades nas universidades americanas e portuguesas, para as bibliotecas em Portugal onde devem estar as obras de quem nas comunidades, corajosamente, ainda escreve em português para que a nossa língua sobreviva mais algum tempo, para registar, com todo o rigor, os nossos feitos em terras americanas e estabelecer a tal ponte que todos queremos entre a terra de origem e as comunidades. Em português ainda, porque tal como outras obras da nossa emigração, este livro deveria ser leitura obrigatória pelos políticos portugueses antes de visitarem as nossas comunidades. E em inglês, numa futura tradução, porque sem ser maçador, este pequeno/grande livro traça a história dos portugueses na Califórnia, a história, que muitos luso-descendentes, desconhecem e estão apetitosos para conhecê-la. (excerto de um texto sobre A Presença Portuguesa na Califórnia incluído no livro O Outro Lado da Saudade de Diniz Borges.)

J.T. – Desculpa lá: hoje, quem faz perguntas sou eu... A democracia não é meta de chegada para glorificar vencedores. Prefiro dizer que democracia é um sistema porventura frágil mas suficientemente pragmático para harmonizar o pluralismo cívico-cultural. Em democracia, compete à maioria merecer a cooperação da minoria no esforço em prol do bem-comum. De resto, em politica, não há vitórias nem derrotas eternas... nem juras de amor ou de ódio. JLM – Tens razão. O país está em campanha eleitoral. Os observadores mais argutos consideram que a data para as eleições foi bem escolhida, dado que a maioria do eleitorado português irá às urnas ainda cheirando a férias. Ainda temos esperança em que a adversidade inerente à crise (nacional e global) seja um factor revigorante para a maturidade cívica. Mais do que erguer cadafalsos inquisitoriais para dependurar culpados, vamos escolher (eleger) gente competente e corajosa para assumir responsabilidades... J.T. – meu caro... continuas a ser membro da confraria de poetas, para quem o ideal mora sempre ali ao lado! Já é tempo de acordar! Andas esquecido da aristo-

cracia do mérito... Olha, ainda me lembro dos dizeres do dr. Simão Leite de Bettencourt : “... o fazer-se tolo é um recurso incomparável na luta pela vida e factor seguro de êxito junto das pessoas que são tolas de facto.” JLM – Agora, deixa-me falar... J.T. – Qual falar? Ainda não reparaste que há mais de trinta anos andas aí a falar sozinho. Agora é a minha vez! Repara: consta que desta vez a designação “Espírito Santo” não vai ser dedicada a nenhum banco comercial da nossa praça; vai ser exibida no frontispício dum museu a construir num novo edifício, em Fall River... JLM - ... desculpa interromper. Vamos esperar para ver de que tipo de museu se trata: - será uma especie de “capelalaica” circunscrita às alfaias tradicionais da religiosidade alusiva ao Divino? - será um espaço tipo “ecomuseu” para fomentar e divulgar as nossas tradições, costumes, artesanato, folclore (com cenas da “odisseia” comparada da emigracão, ombreadas por uma secção de letras & artes...? J.T. – Sabes uma coisa? Ainda não é pecado acreditar em milagres...

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ENGLIH SECTION

15 de Setembro de 2009

serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• ENG L ISH SECTION

[email protected]

Adeuzinho Avó, Até sempre! to special seating at the table during the holidays or simple weekend lunches — none of this go-to-the-children’s-table routine. After my grandfather passed away, she continued to visit the grandchildren in the US into her 80s.

I

t is not every day that someone reaches the ripe age of 90. For someone whose parents didn’t even reach 60, but whose grandmother reached around 94 years old (all records were lost in a church fire and avó velhinha didn’t even remember how old she was in her later years), my last surviving grandparent was hanging on in a small room in the city of Angra do Heroísmo on Terceira Island. Avó Ilda da Encarnação Silva (she didn’t take my grandfather’s last name—Valle) still ocassionally surprised the family with her wit and a smirk, like don’t-getsmart-with-me-I-know-what’sin-the-soup. Her days had their ups and downs, but recently, it was mostly downs. But her “Ai, querido!” expression of surprise when she first saw me last year was well worth the 10-plus hours of travel between Oakland, California, and Lajes International Airport (via Hamilton, Canada). That expression, that smile, that tender kiss, will forever stay with me in my memories of the greatest grandmother in the World. I know we all think our grandparents are the best in the World, but avó Ilda is up there with the best. She taught me how to cook (she was one of the best seafood cooks and she didn’t even like seafood), how to sew (“a boy has to survive and can’t just wait for the wife to do everything,” she would tell me as a young child), how to draw (she even perfected her painting skills well into her 70s), and how to love. In her house, the grandchildren were all respected and treated

As she always said, “não sei se vou chegar” (I don’t know if I’ll get there), “mas há-de ser o que Deus quiser” (God willing). This was what she had told me once again last fall during my visit. And I promised that I would again visit her for her birthday on October 5th of this year. But God took her peacefully — like a little bird, my aunt told me on the phone — in the morning of August 17, 2009.

Ilda da Encarnação Silva 5 Oct 1918—17 Aug 2009

Ilda da Encarnação Silva passed away peacefully on Monday, August 17, 2009 at the Angra do Heroismo Hospital in Terceira at age 90. She will be greatly missed by her three daughters — Manuela Vale of Ferragudo, Algarve, Lúcia married to Francisco Botelho of Angra, Azores, and Ilda married to José Ávila of Modesto, CA; nine grandchildren — Margarida Kondak of Homer, Alaska, Daniel Stone of Buffalo, NY, Deborah Stone of Los Angeles, CA, Jim Stone of Baltimore, MD, Marco Stone in the US Navy, Ana Botelho of Angra, Azores, Miguel Ávila of San José, CA, Roberto Ávila of Santa Clara, CA, and Paula Ávila-Hernandez of Gilroy, CA; 12 great-grandchildren and 1 greatgreat-grandchild. The funeral took place on Tuesday, August 18, 2009 in Angra do Heroismo, Terceira. A special intention Mass was said at Five Wounds Portuguese National Church in San Jose on Sunday, August 23. Avó Ilda joins her parents Adelaide and Daniel da Silva, her brother Jorge Daniel da Silva (of Stockton) and her husband Rui do Valle in Heaven.

The New Portuguese Table is a hit Portuguese-American author David Leite may well have a big hit in his hands. In late July, his book The New Portuguese Table: Exciting Flavors from Europe’s Western Coast (Clarkson Potter/ Publishers) seems to be flying off the shelves at brick and mortar bookstores and online stores as well. David, a late blooming lusophile as he confesses in his book’s introduction, is a three time winner of the James Beard Award for his decade-long website, Leite’s Culinaria (www.leitesculinary). For the first 32 years of his life “I wanted nothing to do with Portugal, its food, or its culture,” but upon the death of his grandmother, vóvó Costa, he became curious about his family’s recipes. “I stole my mother’s ‘cookbook,’ a green-leather telephone address book […] where she had dutifully logged some of my grandmother’s dishes, in her perfect cursive handwriting.” A native of Fall River, Massachusetts, and an Azorean-American descendent from São Miguel, David Leite visited Portugal for the first time in the 1990s and became a Portuguese citizen in 2004. Having visited most regions of Portugal including Madeira and the Azores, in 2007 “I snagged an appartment in the luxe neighborhood of Sé, in Lisbon” in his journey of discovery to explore Portuguese culinary delights — “exciting cutting-edge food, up-and-coming restaurants, a nascent TV food culture, elegant home entertaining” without betraying his family’s old ways. He beautifully describes the cultural clash between his Fall River immigrant community’s Portuguese dishes and what he found when he visited Portugal. Over 100 recipes were tested for the American kitchen, are expertly described by David Leite and beautifully photographed by Portuguese photographer Nuno Correia. “Pevides picantes” (spicy pumpkin seeds), “robalo com funcho e laranja” (sea bass with fennel and orange), and “camarões com piri-piri” (shrimp with piri-piri sauce) were the first wonderful and savory dishes tried by this reviewer. The Portuguese Table is available online at Amazon.com at a discount ($21.45).

The family appreciates all who sent condolence messages and attended Mass at Five Wounds Portuguese National Church.

Miguel Valle Ávila, The Portuguese Tribune

May avó Ilda’s soul rest in peace!

“Beautifully illustrated, The New Portuguese Table is a smart, delicious and highly personal travelogue through both memory and terrain.”

Join us in bringing more content and even better quality to the oldest Portuguese bilingual newspaper on the West Coast. Subscribe TODAY for only $40/year!

Other Reviews

—Maricel E. Presilla, MiamiHerald.com “In Leite’s The New Portuguese Table, the author performs a multitude of feats: first, he provides [a] culinary travel guide to the country of his ancestors...introduces, with great specificity, a multitude of regional delicacies...

and finally presents recipes ranging from the most remarkably parsimonious...to the more extravagant and modern. Leite’s book is a stunning passport to a food and a people virtually unknown to most Americans, even though they are only five hours away from our mainland.” —Elissa Altman, The Huffington Post “This is the perfect cookbook for lovers of salt cod, and it just might be the perfect cookbook for those who dislike the mild, Atlantic fish. Leite, a three-time James Beard award winner and proprietor of the Web site LeitesCulinaria.com, offers a wealth of recipes for the brackish dried fish, including a traditional version of pastéis de bacalhau (salt cod fritters) and a newfangled mini salt cod sandwich that is the Portuguese equivalent of McDonald’s Filet-O-Fish. By highlighting the eclectic ingredients and modern techniques that define the country today, Leite brings the often-overlooked foods of Portugal center stage. This fully illustrated book begins with an extensive glossary of Portuguese staples, plus a port primer and an introduction to Madeira, and ends with a chapter devoted to workhorse sundries such as fiery piri-piri paste and smoked paprika oil. Along the way home cooks are introduced to a delectable jumble of dishes that range from classic to contemporary. A comforting adaptation of the fabled stone soup is enlivened with spicy chouriço sausage; simple-yet-elegant duck breasts are sauced with white port and black olives; and a dip made with anchovies, green olives, cilantro, and whole milk is surprisingly harmonious. The desserts are comparatively docile–molasses cookies, baked custard tarts–but the recipe variation for fatias douradas (Portuguese sweet bread French toast) is truly over-thetop. (Aug.)” —Publishers Weekly (Starred Review) “If your finances don’t permit a trip abroad this year, perhaps this cookbook will provide some comfort–though it might just reinforce your urge to hit the sunny beaches of the Algarve. Leite, a noted Portuguese American food writer and publisher of the James Beard Award-winning web site Leite’s Culinaria (www.leitesculinaria.com), begins by outlining Portugal’s diverse regional cuisines and then describes traditional ingredients. From there it is a straightforward listing of appetizers, soups, fish, meat, poultry, vegetable/egg/rice dishes, breads, sweets, liqueurs, and condiments, with approximately 150 recipes overall. Each recipe begins with a paragraph relating its background, which adds to the book’s homey feel. The recipes, many inspired by Leite’s memories of his grandmother’s cooking, are designed for the home cook and generally don’t require exotic ingredients, although a supplier

for salt cod may be necessary. A list of sources is provided for the few hard-to-find items, and color photos add to the presentation. Full of delicious-sounding recipes, this title is sure to appeal to adventurous cooks wanting to try a new ethnic cuisine and will also be popular with Portuguese American communities.” —Susan Hurst, Miami Univ. Libs., Oxford, OH (Library Review) “David Leite’s The New Portuguese Table is in fact three superb books in one volume: a thrilling travelogue, a thorough guide to Portuguese regional dishes and ingredients, and a transporting kitchen companion. The recipes in it will not only spirit you to an exotic, alluring place, they’ll change the way you cook. We’ll wager that after making Potato Skin Curls with Herbs, you will never look at potato peelings the same way again!” —Matt Lee and Ted Lee, authors of The Lee Bros. Simple, Fresh, Southern “David Leite takes you right to the heart of the good stuff, scrupulously (and appetizingly) exploring and explaining an egregiously overlooked and unappreciated range of flavors and ingredients. Portugal once ruled the known world, and the recipes in this book are–in many ways– the history of the world–on your plate.” —Anthony Bourdain “This book begs the question why, in heaven’s name, have we ignored Portugal for so long? David Leite’s Portuguese dishes practically stand up and salute with flavor. And he is smart about the Portugal he portrays. The temptation is to look only to the past and the traditional, but David knows cuisines are restless, ever shifting beings. He gifts us with the land of his family as it was and as it is now. We’ll be cooking from this book for a long time.” —Lynne Rosetto Kasper and Sally Swift, authors of The Splendid Table’s How to Eat Supper “I am very impressed with The New Portuguese Table. It is a welcoming, wonderful, satisfying, and passionate cookbook, an enticing view of Portugal through the lens of its food. David Leite is a terrific writer and he has a lot to teach us about one of Europe’s most extraordinary and diverse cuisines. Bravo!” —Paula Wolfert

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UMD dedicates Ferreira-Mendes Portuguese-American Archives The University of Massachusetts Dartmouth announces the public dedication of the Ferreira-Mendes Portuguese-American Archives at the Claire T. Carney University Library, on Friday, September 18, 2009.

Proposed by the Center for Portuguese Studies and Culture in 2004, and endowed under its auspices in 2005, the Archives are named after Affonso Gil Mendes Ferreira, a founder of Portuguese-American radio in 1933, whose daughter, Otilia Ferreira, made the lead gift to the Ferreira-Mendes Portuguese-American Archives Endowment. The Endowment was further made possible by generous gifts from the LusoAmerican Foundation of Lisbon, Anthony Andrade, Frank B. Sousa, Luis Pedroso, Mark and Elisia Saab, Maria Alves Furman, and John Galant. The donations will

help foster research, publications, colloquia, and exhibitions based on collections in the Archives while facilitating the continued growth of the collections. Future fundraising will also enable the development of pedagogical materials for teaching Portuguese-American history and culture at K-12 and university levels. “The Archives are the first of its kind and national in scope,” according to Prof. Gloria de Sa, Faculty Director of the Archives.” The Archives contain papers of Portuguese-Americans distinguished in politics, business, law, entertainment, the arts and literature. Among its holdings are genealogical records, newspapers, books, recordings, family photographs, scrapbooks and correspondence that document social history, illustrating the collective experience of immigration, settlement and life in the United States.” Collections include the literary papers of noted immigrant author Alfred Lewis, original runs and microfilms of newspapers like the Diário de Notícias, Portuguese Times and O Jornal, the televised interview program “The Portuguese Around Us,” the Ferreira-Mendes Radio Recordings (from the 1940s), and the American-Portuguese Genealogical and Historical Society Collection. The primary goal of the Archives is to make these rich and growing resources easily accessible to anyone interested in Portuguese-American history. To that end and through the generous support of the Government of the Autonomous Region of the Azores (Carlos César, President), Mark and Elisia Saab and Luis Pedroso, the Ar-

UMD hosts media colloquium As part of the activities associated with the dedication of the Ferreira-Mendes PortugueseAmerican Archives, the University of Massachusetts Dartmouth announces a colloquium, “Media and Identity in Portuguese America,” featuring Mr. Pedro Bicudo, director of RTP Açores; Prof. Kimberly DaCosta Holton, associate professor and program director of Portuguese and Lusophone World Studies at Rutgers University; and Prof. Andrea Klimt, associate professor and chair of the Department of Sociology, Anthropology and Crime and Justice Studies at UMD.

Pedro Bicudo

The event will take place in on Friday, September 18, 2009, from 1:00 to 3:00 p.m. in the Board of

Trustees Room of the Foster Administration Building (Parking Lot 6) and includes light refreshments. It is free and open to the public. Mr. Pedro Bicudo will deliver a lecture entitled “Portuguese Ethnic Media: Quest for Survival” and Professors Holton and Klimt will discuss the book /Community, Culture and the Makings of Identity: Portuguese-Americans Along the Eastern Seaboard/, a collection of essays edited by the two and recently published by the Center for Portuguese Studies and Culture at UMD. During the colloquium, Mr. Bicudo will present the FerreiraMendes Portuguese-American Archives with a collection of television programs he produced for Portuguese Public Television (RTP) about the Portuguese in the U.S. The colloquium is co-organized by the Ferreira-Mendes Portuguese-American Archives, the Center for Portuguese Studies and Culture and the Claire T. Carney Library. Following the colloquium, participants are invited to attend the ribbon-cutting ceremony and formal dedication of the FerreiraMendes Portuguese-American Archives, which will take place in front of the Claire T. Carney Library.

chives have begun a major effort to digitize and make available online, free of charge, all significant Portug uese-American newspapers. The Portuguese-American Newspaper Digitization Initiative, undertaken in conjunction with the Center for Portuguese Studies and Culture, has already completed a searchable version of the Diario de Noticias (19191973). The new home of the Archives features the Prince Henry Society of Massachusetts, Inc. Reading Room, the Costa and Silva Families Vestibule, the William Q. and Mary Jane MacLean Gallery, and the Dorothy Santos Lobby, along with an office suite, a processing room, and a climate-controlled storage vault—named for several individuals who have generously donated their personal collections and supported the renovation project: The Dennis Rezendes Azorean Ancestral and Personal Life Collection, the Edmund Dinis Portuguese-American Political, Legal and Public Service Collection, the Frank B. Sousa Business and Entrepreneurship Collection, and the Carlton Viveiros Collection. Materials of interest to the Ferreira-Mendes Portuguese American Archives include: Family papers and papers of prominent individuals such as letters, diaries, photos and passports; records of cultural, religious and civic organizations (churches, political organizations, community groups, voluntary associations, special event committees, etc.), such as articles

of incorporation, charters, photographs, pamphlets, correspondence and minutes of meetings; records of private businesses including ledger books, correspondence, photographs, architectural records and brochures; oral histories and other interviews documenting Portuguese-American history; special artifacts: awards, medals, photographs, and posters that document a particular event, such as Dia de Portugal; rare books, posters, maps and other items that document the history of the Portuguese in the United States. For more information contact: Sonia Pacheco Archives and Special Collections Librarian and Archivist for the Ferreira-Mendes Portuguese American Archives at the Claire T. Carney Library, University of Massachusetts Dartmouth (285 Old Westport Road, N. Dartmouth, MA 02747, 508. 999.8695).

Camões’s Lyric Poetry fessor in the Department of English and American Literature and Language at Harvard University, followed by a reading by Richard Zenith.

The University of Massachusetts Dartmouth Center for Portuguese Studies and Culture, the Massachusetts Foundation for the Humanities, and the ConsulGeneral of Portugal in Boston announce a public program to celebrate the publication of Sonnets and Other Poems, a new edition of the lyric of Luís de Camões (c. 1524-1580), with translation by Richard Zenith. The event will be held in the Orientation Glass Room at the Boston Public Library on Thursday, September 24, 2009, from 6:30 until 8:00 p.m., and will feature a presentation by Helen Vendler, the A. Kingsley Porter University Pro-

Sonnets and Other Poems—the third (hardcover) volume in the Adamastor Book Series—is the first bilingual edition in English to offer a crosssection of lyric poetry by Portugal’s foremost author, Luís de Camões (the Shakespeare of the Portuguese language), whose great Renaissance epic, The Lusiads (1572), memorialized Vasco da Gama’s inaugural voyage to India (1497-99). A selection of forty sonnets is followed by poems using other metrical patterns and rhyme schemes, including terza rima, ottava rima, the sestina, the canzone, and the redondilha, a verse form typical of Portuguese folk poetry. The publication of Sonnets and Other Poems was made possible by generous support from the Luso-American Foundation of Lisbon and the Ministry of Culture of Portugal (Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas). Richard Zenith is one of the preeminent translators from Portuguese and Brazilian literature today. Besides Camões, his translations include works by António

Lobo Antunes, Fernando Pessoa and João Cabral de Melo Neto. Fernando Pessoa & Co.: Selected Poems (Grove Press) won the 1999 PEN Award for Poetry in Translation, his new version of Pessoa’s The Book of Disquiet (Penguin) was awarded the 2002 Calouste Gulbenkian Translation Prize, and Melo Neto’s Education by Stone: Selected Poems received an award from the Academy of American Poets. He has published his own poetry in reviews, a book of short stories titled Terceiras Pessoas (2003), and numerous essays on Portuguese literature. Forthcoming in Renaissance and Baroque studies in the Adamastor Book Series: The Traveling Eye: Retrospection, Vision, and Prophecy in the Portuguese Renaissance by Helder Macedo and Fernando Gil, and The Sermon of Saint Anthony to the Fish and Other Texts, by António Vieira, with translation by Gregory Rabassa. For more information on these and other publications of the Center, visit: http://www. portstudies. umassd.edu. The publications of the Center for Portuguese Studies and Culture are available at Amazon.com, Baker Books in North Dartmouth, MA, and the UMass Dartmouth Campus Store. For more information, call 508.999.8255 or write to greis@ umassd.edu.

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FESTAS

15 de Setembro de 2009

FEIRA DE THORNTON

Praça de Toiros de São João Dia 17 de Outubro de 2009, pelas 3 horas

Cavaleiros

Rui Fernandes Alberto Conde Matador

José Ignácio Ramos 6 Toiros da Ganadaria Açoriana 6 Grupos de Forcados do Aposento de Turlock e Amadores de Merced

Dia 19 de Outubro de 2009, pelas 8 horas

Cavaleiro

Rui Fernandes Matadores

José Ignácio Ramos Sanchez Vara 3 Toiros do Pico dos Padres 3 Toiros TBA Não falte à melhor Feira Taurina da California

Grupo de Forcados de Turlock

Admissão $30

ENGLISH SECTION

California Chronicles

Ferreira Moreno

T

he onion, called cebola in Portuguese, has been widely used over the centuries, as both a vegetable and a seasoning. Maguelonne Toussaint - Samat (History of Food) wrote that the Romans were passionately fond of onions. Apparently, one of the onion’s virtues was to stimulate thirst, so the Romans ate it throughout the meal. Later the Franks adopted the same custom, and are said t have eaten onions as avidly as they drank tankards of beer. One of the useful qualities of the onion is that it can be eaten raw. The ancient Chaldeans and then the frugal Egyptian peasants adopted it to relieve the monotony of their staple diet of dates and fish. Egyptian mummies were set for the.afterltfe with a stock of onions carefully wrapped in bandages. It has been recorded that the Pharaoh Cheops paid the labor on the Great Pyramid in onions, garlic and parsley. Due to its beneficial effects, the onion became part of the basic rations for sailors. It helped to prevent -scurvy-during long voyages without fresh, food. The onion was an essential part

of the diet of the Greeks and the Phoenicians, great sailors themselves. Notorious for inducing tears when peeled, the onion obviously- had the power, to make people weep even by its absence. Thus, in the eleventh chapter of the Book of Numbers (Old Te s t a me nt), we read how Moses heard the people weeping and lamenting the lack of onions in their dtet after the exodus from Egypt. Curiously, the onion is also supposed to be a meteorogical vegetable. The thickness of its skin is said to forecast the weather of the coming winter. A French proverb points out that “when the onion has three skins, winter will be very cold.” Granted that a crop of thick-skinned onions is a sign of’ a severe winter, it may be accepted as well the saying that to dream of

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The onion, called cebola in Portuguese onions meansgood luck. Still it is a superstitious belief that it brings good fortune when you burn onion peels in the fire. Allegedly, in the British Isles, sometimes young girls put the name of their suitors on each of four onions, a n d le a ve

them in the dark to sprout. The first one to sprout bears the name of the one she will marry. According to Funk & Wagnalls. Standard Dictionary of Folklore, Mythology & Legend, a European folk belief transferred to the New World states that to carry a red onion in the left hand or left pocket wards off disease. A necklace of small crushed onions,

placed around the neck of a child with diphtheria, could overpower the disease. It is also stated that New England settlers brought with them from the Old World the belief that a string of onions hung over the door would absorb disease germs as they enter and thus save the household. However, those onions could never be eaten. Another belief states that an onion taken into a sick room and left there would draw the fever out. When it has done so will have turned black. Countless folk remedies call for onions. The one for sores prescribes an onion, cooked for 35 minutes, to be rubbed on the sore and then thrown to the pigs. If this is done, the sore will heal. To cure earache, drop the juice of an onion that has been roasted in wood coals into the aching ear. Onion syrup, prepared by boiling equal parts of sliced onion and sugar over the teakettle, and. swallowed slowly a teaspoonful at a time, is good for colds and phlegm in the throat. Hot onion poultices will get rid of fever, chest colds, and croup. These may be applied to the chest or tied to the soles of’the feet. An

onion, cut in half, rubbed on a wart, tied together again, and buried until it decays, is a remedy for warts. As the onion decay’s the wart disappears. Actually, it can be said that onions are one of the most versatile vegetables. They are eaten raw in salads, are cooked or pickled in a variety, of ways, and are used as a flavoring or seasoning. Dehydrated onion products provide popular flavoring for soups and stews. In California, the word onion appears in several place names, including two settlements called Onion Valley in Plumas and Calaveras Counties, so named for the profusion of wild onions. Justly in jest, the Portuguese apply the name cebola to a large, old pocket watch. A lazy and idotic individual is equally known as cebola (onion). In closing, this pair of proverbs: Keep on peeling an onion and it will disappear. Onions, smoke and a shrew make a good man’s eyes water.

The most beautiful and best situated soccer Stadium in the world - Velas, São Jorge, Azores

São Jorge is a Portuguese island in the central Azorean archipelago of Portugal. It is separated from its nearest neighbors (Pico and Faial islands) by a 15 km strait (consequently, the islands are sometimes referred to colloquially as the “Triangle” group or just “The Triangle”). São Jorge’s is a relatively long thin island that runs northnorthwest to south-southeast (its east to west length is 53 km and its north to south

width is 8 km and its area is 237.59 km²). It’s coast is, generally, tall cliffs with some population centers located along small deltas in the north and south coasts (the population is approximately 10,500). The island was discovered in 1439, but not inhabited until twenty years later when colonists arrived from northern Europe. São Jorge is a volcanic island, and at least six significant eruptions occurred between 1580 and 1907.

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ÚLTIMA PÁGINA

15 de Setembro de 2009

Forcados Amadores de Turlock orgulhosamente em Portugal

Fotos de José Ávila

Grupo de Forcados Amadores de Turlock na Praça do Campo Pequeno em Lisboa numa corrida de Concurso de Pegas, ganha pelo Michael Lopes do Grupo de Turlock. Actuaram os Cavaleiros Ana Batista, Filipe Gonçalves, Manuel Caetano, Manuel Ribeiro Telles, Marcos Tenório e Tomás Pinto. Grupo de Forcados de São Manços e de Cuba. Toiros de Manuel Assunção Coimbra. A iluminação da Praça é fabulosa.

Os toiros “Coimbras” foram duros para os três grupos de Forcados. Michael Lopes ganhou a pega na sua terceira tentativa, ao segundo toiro da noite. Aguentou-se na cabeça uma enormidade de tempo depois de sofrer vários derrotes. Merecido prémio para este jovem forcado.

Rui Bento, responsável taurino da Praça do Campo Pequeno, Michael Lopes, vencedor do troféu para a melhor pega e João Franco, elemento do Juri.

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