Tribuna 08/15/09

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  • Pages: 32
QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Agosto de 2009 Ano XXIX - No. 1069 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

FALECIMENTO

Morreu Raul Solnado

Morreu aquele que fez rir Portugal, num tempo em que o nosso País vivia numa sonolência fascizante e onde os coronéis da censura tentavam cortar as raízes ao pensamento dos maiores artistas portugueses, e onde também a justiça (com algumas boas excepções) andava de mãos dadas com o poder retrógada daqueles que nunca foram eleitos em Portugal. Raul Solnado ainda teve a sorte de viver 35 anos em democracia. Portugal perdeu um grande Homem mas os Céus ganharam um grande Artista. Tinha 79 anos de idade.

A Juventude em duas Convenções

Convenção da UPEC: Princess Kaylee Faria, Supreme President Natalie Batista, UPEC Convention Queen Brittney Aceves, State Youth President Mary Batista

RECONHECIMENTO

PALCUS reconhece

Manuel Eduardo Vieira A PALCUS vai homenagear o industrial Manuel Eduardo Vieira atribuindo-lhe o Business Leadership Award, na Noite de Gala dos Leadership Awards que se irá realizar em 10 de Outubro no Club Português de Hartford, Connecticut. Os outros recipientes dos Prémios da PALCUS serão: Eduardo Vieira - Business David Leite - National Author - Portuguese Table Pilar Coelho - Young Portuguese JUVENTUDE



Michael Rosa, best performer Durante o espectáculo da Juventude da LusoAmerican, realizado no San José Center for the Performing Arts, a actuação de Michael Rosa, do San José Youth Council # 2, valeu-lhe o Prémio de “Best Individual Performer”, que foi entregue durante o Jantar. A reportagem da Convenção da Luso-American sairá na nossa próxima edição de 1 de Setembro.

Convenção da Luso-American - Grupo Vencedor na Categoria “Best Dancing” - Youth Council # 4 Sacramento. Embaixo: Grupo Vencedor na Categoria “Best Musical / Variety” - Youth Council # 11 Mountain View / Santa Clara

[email protected] • www.portuguesetribune.com • www.tribunaportuguesa.com

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SEGUNDA PÁGINA

EDITORIAL Pensar no futuro Aproxima-se a passos largos os 30 anos deste jornal. Mais quinze dias e aqui estaremos celebrando esta data, infelizmente não na California, mas na Terceira onde estaremos passando uns dias de férias. O jornal chegará às vossas mãos antes do dia 1 de Setembro, mas a edição do dia 15 de Setembro, sairá 4 dias atrasada. As nossa desculpas. Prometemos no entanto que durante o ano do aniversário iremos celebrar esta festividade de diferentes maneiras. O importante para já é que este nosso/vosso jornal continue a ser o arauto dos desejos e anseios da nossa comunidade. Que mostre a todo o mundo aquilo que somos. Verdadeiramente aquilo que somos, sem maquilhagens falsas de ser o que não somos, nem nunca fomos, nem mesmo queremos ser. Quando morrem grandes artistas, como é o caso de Raul Solnado, é que pensamos quão triste e miserável era Portugal (político) antes do 25 de Abril. Como foi possível não se poder falar de nada durante tantos anos, não se poder escrever livremente como hoje se faz, não se escrever poemas onde se mencionasse a palavra LIBERDADE. A censura cortava palavras como ladrão, assalto, prostituta, greve, reunião de estudantes, e tantas e tantas outras. Uma vergonha. Muitos de vós se lembrarão que quando chegávamos à Terceira de barco, vindos das outras Ilhas, abriam-nos as nossas malas e os caixotes que trazíamos. Que liberdade era essa? Como foi possível suportar tanta idiotice, tanta malandrice daqueles que nos queriam mandar, sem nunca, mas nunca, terem sido eleitos por nós. Miserável País que vivia com as costas voltadas para o Mundo. Só Portugal é que era bom, todos os outros não prestavam. A França, a Bélgica, a Holanda, a Inglaterra, perceberam os ventos da mudança e Portugal cego e atrasado, continuou a cantar as glórias do Minho a Timor. Ainda hoje estamos a pagar esse atraso. Que raiva...

jose avila

15 de Agosto de 2009

O Ego, meus caros... Todos nós temos as nossas manias. Antes mesmo da proliferação internética dos Facebook, Twitter, etc., eu e o meu amigo Miguel Canto e Castro, descobrimos uma maneira de comunicação que serve também para aumentar o nosso ego. Foi um processo muito simples. O Miguel manda-me semanalmente num envelope amarelo os jornais do Pico, e abaixo do meu nome acrescenta pequenas maravilhas titulares, tais como: José Ávila Vice-Rei das Índias e Algarves Comendador dos Mares Nunca Dantes Navegados Visconde da Graciosa e Carapacho Super Editor do Maior Jornal Português a Oeste de Mississippi Maior Cronista Taurino do Pacífico e Arredores E eu, de vez em quando, mandolhe cópias do semanáraio faialense Tribuna das Ilhas ou então CD’s de Fados antigos, com o mesmo tipo de referências elogiosas, tais como: Miguel Canto e Castro Barão do Pico e Arrochela Vice-Rei do Brasil Antes da Descoberta Comendador das Almas Penadas Embaixador das Ideias Progressistas e Abrangentes

Crónicas do Perrexil

J. B. Castro Avila Visconde de Alameda Ex-Ministro dos Assuntos Insulares Ministro das Repúblicas para o Central Valley E como estas coisas são tão visíveis (pois são escritas com letra muito grande para dar nas vistas), e passam por tantas mãos, não é que outro dia recebemos uma carta do Museu Smithsonian a pedir cópias desses envelopes, porque, segundo diz o psicólogo do Museu, esta é uma nova maneira de incutir na alma das pessoas um certo orgulho de ser aquilo de que gostariam de ter sido. É muito salutar e faz bem à saude, dizem eles. E mais. Também o Correio-Mór da America, congratulou-nos por esta tão brilhante ideia, que faz com que os carteiros possam aprender uma nova linguagem a que não estavam habituados. É incrível como uma bricandeira tem esta repercussão. Se não se tivesse passado connosco, eu nunca acreditaria. Outro dia numa reunião de amigos perguntaram-me qual teria sido a maior “bofetada” que eu tinha apanhado na minha vida. Sinceramente devo ter apanhado várias, em diversas fases da minha vida profissional ou social, mas há uma que eu nunca mais esquecerei. Não por ser muito importante, mas por me ter ferido enormente nos

meus sentimentos e no respeito que eu tenho pelas pessoas. Aconteceu, salvo erro, na última viagem da TAP directamente de Los Angeles para a Terceira. Era Dezembro, e só havia 11 passageiros, 9 da California e dois vindos da Austrália para irem de férias às Ilhas. Havia também uma dúzia de familiares dos tripulantes. Ao chegarmos às Lajes, Terceira, o tempo estava muito feio, muito escuro, muito vento e com possibilidades de chuva, se não mesmo alguns chuviscos. Fui o primeiro a sair do avião e fiquei parado no cimo das escadas. Pude ver um autocarro lá embaixo e uma hospedeira. Esta perguntou à hospedeira de bordo, que estava ao meu lado: “Vieram passageiros na primeira classe?” Respondeu a hospedeira da TAP: “Não, não vieram.” Então, a hospedeira da Terceira virou-se para o condutor e disse-lhe que ele poderia ir-se embora. Vi o autocarro desviar-se do avião, vazio, e nós descemos a escada do avião e percorremos cerca de 150 metros a pé, com o vento frio e húmido a bater-nos na cara, até ao edifício do Terminal. Naquele momento senti vergonha de ser da mesma terra daquela jovem hospedeira. Só espero que essa hospedeira tenha pesadelos de vez em quando, pelo acto inqualificável que praticou.

Year XXIX, Number 1069, Aug 15, 2009

COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

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mbora conhecido mundialmente pelo nome de Santo António do Egipto, onde nasceu em 251 e faleceu em 356 com a provecta idade de 105 anos, no entanto, p’ra nós portugueses ele continua a ser carinhosamente mais conhecido com o nome de Santo Antão. Linda festa vai na rua, Com linda iluminação, P’ra festejar o bom santo, Meu querido Santo Antão. Ó meu senhor Santo Antão, Deparai-me o que eu perdi: O meu saquinho de pão, Que há três dias não comi. Na sumptuosa Igreja Matriz de Nossa Senhora da Estrela, na “minha” Ribeira Grande, em S. Miguel dos Açores, existe um altar lateral com a imagem do anacoreta Santo Antão. Essa imagem é deveras preciosíssima, pois advém do século 16 ou 17. Na Vila do Porto, em Santa Maria, encontramos a igreja de Santo Antão, cuja primitiva ermida foi erecta no século 16. A sua antiguidade está comprovada através das referências de Gaspar Frutuoso no Livro III das “Saudades da Terra”, capítulos 6, 18 e 19. Na ilha Terceira, no tempo de

Frutuoso, a Praia da Vitória dispunha duma ermida de Santo Antão “pegada na rocha”, e duma fortaleza “pegada com o mar” de nome Santo Antão. Essa ermida desapareceu por completo nos anos 1800, devido a terramotos então ocorridos, enquanto a fortaleza, ou antigo forte, é presentemente um acervo de ruínas. Cruzando até à ilha de S. Jorge, deparamos com a freguesia de Santo Antão, com a respectiva igreja dedicada precisamente ao mesmo Santo Antão. Curiosamente, durante o domínio espanhol, as ilhas das Flores e do Corvo foram abrangidas com o nome de Ilhas de Santo Antão. (Manuel Luís Maldonado, Fénix Angrense, pgs. 690691, ed. 1990). O dia da festa litúrgica em honra de Santo Antão ocorre, anualmente, aos 17 de Janeiro. O seu patrocínio é invocado contra os contágios e doenças de pele; a ele recorrem os salsicheiros, porqueiros e cesteiros, bem como é considerado o protector dos porcos e dos animais em geral. Na iconografia é costume representar Santo Antão segurando, numa das mãos, um livro simbolizando o Livro da Natureza e empunhando (na outra mão) um cajado encimado com uma sineta. Junto aos pés encostam-se alguns animais, entre os quais o

Pregadores de Santo Antão porquinho. Aparentemente, o diabo comprazia-se em atormentar o cenobita Santo Antão com as mais sedutoras e obscenas tentações, quer na voluptuosa configuração duma mulher, quer na asquerosa forma duma porca, o que certamente motivou um afamado pregador a proclamar que a imagem da porca, aos pés da estátua de Santo Antão, representava a mulher de maus poderes, “daquelas que dão calda aos homens transtornados com os touros na Terceira depois de toureados”. Concordo que, originalmente, o porco denotava o diabo, mas no decurso do século 12 esta representação artística adquiriu novo significado, devido à popularidade dos Irmãos Hospitalares de Santo Antão, ordem religiosa fundada em 1906 em Clemont (França), cujas obras de caridade granjearam a admiração do povo, acumulando-lhes o prvilégio de poderem apascentar, livremente, os suínos com os frutos das matas. P’ra maior ênfase, atavam uma campainha no pescoço de uma ou mais porcas em cada vara de porcos. Esta a razão da sineta ou campainha no cajado ou bordão de Santo Antão. O saudoso sacerdote, professor e historiador, dr. Jacinto Manuel Monteiro da Câmara Pereira, no mensário mariense “O Baluar-

te”, em Fevereiro de 2000 relembrou a figura empolgante do padre Vicente Afonso (que ainda conheci em vida), cuja voz altissonante adaptava-se excepcionalmente à pregação eloquente e música clássica. Um autêntico crisóstomo, mas com o “senão” de possuir, simultaneamente, um temperamento irascível, que lhe causou, frequentemente, situações desagradáveis. Num sermão, encomendado p’rà Festa de Santo Antão, o padre Vicente Afonso serviuse do púlpito p’ra rebater a superstição popular, dispensando culto a um animal nojento e imundo, e símbolo da tentação, equiparando o porco com o diabo. Gesticulando e batendo no púlpito, num paroxismo de indignação, o pregador atacou a sensualidade contra a qual Santo Antão se fartara de lutar e rematou à mulher todas as culpas do pecado da carne. Em contraste com este estilo de oratória destacou-se o padre Se-

rafim de Chaves, distinto poeta e pregador, natural da Vila do Porto. Com graça e ironia, no seu sermão, lamentou que Santo Antão, no dia da sua festa, “se condoía por ouvir passar as labregas da Serra, levando à cabeça púcaros, caçarolas e até potes com massame de banha, e eu p’ràqui a tenir, a tenir, a tenir”. O tenir, neste caso, coincidia com a sineta dependurada no cajado de Santo Antão.

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COLABORAÇÃO

15 de Agosto de 2009

ESCOLAS PORTUGUESAS SAN JOSÉ e NEWARK, CALIFÓRNIA COMUNICADO A ESCOLA PORTUGUESA de San José, iniciará o novo Ano Lectivo de 2009/10, na Terça-Feira, dia 8 de Setembro, às 5:15 da tarde, dia destinado a matrículas e funcionará depois às Segundas-Feiras das 5:15 às 7:00 da tarde. As aulas terão lugar nas instalações da P.O.S.S.O., situada a 1115 East Santa Clara Street, em San José. A ESCOLA PORTUGUESA de Newark, iniciará o novo Ano Lectivo de 2009/10, na Quarta-Feira, dia 9 de Setembro, às 5:30 da tarde, dia destinado a matrículas e funcionará depois às Quartas-Feiras das 5:30 às 7:00 da tarde. As aulas terão lugar nas instalações do Centro Pastoral Português de Newark, situado a 5800 Thornton Avenue, em Newark. Ambas as escolas se destinam a crianças ou jovens que queiram aprender ou aperfeiçoar os conhecimentos da Língua Portuguesa. Apelamos à comunidade em geral, e aos pais e avós em particular, para que incutam nos seus filhos e netos o gosto pela aprendizagem da Língua de Camões, a sexta língua mais falada no mundo. Ajudem os seus filhos e netos a que se sintam orgulhosos da límgua dos seus antepassados. Os alunos interessados podem matricular-se a qualquer altura, de preferência no primeiro dia de aulas, 8 e 9 de Setembro, em San Jose e Newark, respectivamente. Para outras informações, podem telefonar-me pelos números (408) 251-8000, (510) 710-5804 ou correio electrónico [email protected]. Podem também contactar a POSSO (408) 293-0877, para informações sobre as aulas em San José, e o Sr. Manuel Alves (510) 793-6572 e (510) 3010360, sobre as aulas em Newark.



Director Pedagógico António Silveira

Português para Crianças A Escola JARDIM INFANTIL DOM DINIS apresenta Português Para Crianças, que terá início em Setembro. Este programa tem como objectivo assistir famílias que tentam ensinar as suas crianças a manter e desenvolver a língua portuguesa durante a infância.

Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 15:30h às 17.00h

Crianças entre os três e os seis anos de idade:

ou visite www.domdinis.com

Segundas-feiras e/ou Quintasfeiras das 9.30h às 11.00h Crianças entre os cinco e os nove anos de idade:

Chame já e reserve um espaço para a sua criança para Setembro. Para mais informações chame para o número

(408) 993-0383

Do Tempo e dos Homens

Manuel Calado [email protected]

Palavras, Só Palavras Ora então, vamos lá retomar a conversa.A semana passada não houve falas. Fui cavar em outra vinha.Mas como é a falar que a gente se entende. Ou dsentende, vamos lá dizer alguma coisa, para não ficar calado.Que, calado, devia ser o meu estado normal.Diz a sabedoria do povo que, quem muito fala, muito erra.Mas falar, é a melhor prova de que estamos vivos e a estrebuxar.E estar vivo,é estar em sintonia com a sinfonia do Universo. Com o correr do tempo, a nossa natureza, tanto física como psíquica e intelectual modifica-se. Eu, hoje, não penso como pensava quando, com os meus vinte e quatro anos, entrei no jornalismo, por uma porta que se me abriu sem eu esperar.As “Crónicas da Minha Rua” e as poesias de então, sao diferentes das que hoje consigo fazer.O meu pensamento, a minha visão do mundo, dos homens e do universo, modificaram-se .O meu estilo de agoa, não é o mesmo de então.Agora é simples, sem redondilhas, sem preocupações estilisticas, por vezes controverso,inconveniente ,contundente,malcriado.Tratando Deus por tu, como meu companheiro e meu irmão. Quando isto acontece, dirijome ao meu misterioso Amigo, e digo-lhe : “Tudo isto é por Tua causa.Tu és o dono do mundo,dos pensamentos, e de mim próprio. És a fala com que falo. Bem Te sinto a fervilhar dentro da minha “cachimónia”.Que eu, por mim, sou apenas um parafuso. Um pedaço de matéria viva que, ao fim e ao cabo, é apenas um pedaço do teu próprio corpo.És tu, meu

Caro,que estás arquitectando e ditando estas falas, que alguns dos meus irmãos vão julgar, que são um produto de genuino Bairrada ou Bagaceira.Mas não são, não senhores.que ainda hoje cá não entrou nenhum dos elixires que mencionei. E Tu bem sabes que é verdade.” É assim que eu Lhe falo, de cara levantada e sem aquela pedinchisse humilhante de mendigo, como se falasse a um ditador irascível e mal humorado , sempre de chicote na mão e pronto a castigar. Quando comecei a dizer coisas aos meus irmãos da chamada diáspora, no “papel” e através das ondas hertesianas,a minha forma de dizer era mais aérea, mais poética, mais baseada nos cânones da tradição espiritual herdada. Nestas falas irreverentes que agora vos atiro à cara,procuro incluir sempre qualquer coisa relacionada com a essência, o sumo, o espirito das coisas .Estes anos da “maratona final”, trouxeram-me um descartar das teias que primeiro enredaram o meu entendimento, e formaram o universo místico da minha forma de ser e de estar no mundo. Nunca estive tão imbuido da realidade do mundo como agora. Nunca me preocuparam tanto os ódios e os fanatismos.Se o mundo, como o conhecemos, algum dia se espatifar numa orgia de ódio e de fogo atómico,o responsável será o fanatismo suicida das religiões . A Vida, é a única religião que os povos deviam seguir.Diz o meu amigo filósofo de Agua de Pau, que Deus, é a vida.A vida

nas suas infinitas manifestações .Deus não está além, num paraiso secreto, entre as galáxias do universo.Deus está aqui e agora. Está dentro e fóra de nós.A Vida é a única coisa que merece ser adorada e defendida pelos humanos.A Vida é completa. Nada lhe falta.Nós, os animais e as plantas, somos parte desse corpo imenso.A vida é inteligente.A vida fala e pensa, como eu estou falando e pensando.A vida é esse sopro místico, que agita a matéria e a transforma.A mosca não fala, mas é capaz de ildudir o homem mais sábio e inteligente, não se deixando apanhar.A vida é béla, enigmática, misteriosa, por vezes perigosa, e não há mais nada para alem dela.E quando algum dia o Sol se apagar, nada mais restará, porque não haverá mais pensamento para o conceber. E chegou a altura de repetir o título destas falas: “Palavras, Só Palavras”.E eu só queria possuir a convicção do Sábio Sócrates e dizer: “ Só sei, que não sei coisa alguma”.Mas chegar a esse estado de espirito, de saber que nada sabemos, é já saber alguma coisa. Que a verdadeira sabedoria, está em aceitar humildamente as nossas limitações, a nossa ignorância.Se os “profetas” e os fanáticos julgam que sabem tudo, e estão dispostos a cometer crimes horriveis, para”glória de Deus”, ou a arrecadar milhões, para a compra de uma nova arca,ou um luxuoso iate, para se salvarem a eles e a mais ninguém, então, o mundo está perdido. Palavras, só palavras.Mas será mesmo assim ?

COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel Neto [email protected]

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recessão tem destas coisas. Os despedimentos sucedem-se. Quem não é despedido passa a ter de trabalhar em dobro. Onde não há rescisões contratuais há pelo menos desinvestimento. O discurso cresce em catastrofismo. A atmosfera puxa para baixo. O medo impera. Por outro lado, os restaurantes estão à pinha. Os bares e as discotecas, se se queixam, é por ladainha. Concertos, teatros, exposições, cinemas – a todos acorre aparentemente mais gente do que antes, tal a necessidade de evasão e de cor. E, entretanto, um designer de Londres lança o kit Traces Of An Imaginary Affair. “Vestígios De Um Caso Extraconjugal Imaginário”, eis como poderemos chamar-lhe em Portugal. E no que consiste ela? Numa caixinha com oito ferramentas diferentes, todas elas destinadas a inscrever no corpo e na indumentária do seu proprietário os mais variados indícios de que o mesmo anda a pular a cerca. Há uma bomba de sucção para simular chupões. Há cordas para imprimir sequelas de sexo masoquista. Há um alicate que finge mordidelas. Há um garfo para provocar arranhões. Há adesivos com marcas de batom. Há cápsulas com perfumes estranhos. Há cabelos para colar à roupa. Há até uma lima que provoca nos joelhos feridas supostamente resultantes da fricção numa carpete. A ideia pertence a Björn Franke

e será apresentada como obra de arte na Feira de Imobiliário de Milão. Mas tem merecido uma tal projecção mundo fora que está já em estudo a sua distribuição comercial como apenas mais uma caixa de ferramentas para a despensa lá de casa. Aparentemente, e apesar de destruir muitos casamentos, a infidelidade salva outros tantos. E como, muito mais do que a infidelidade, o que interessa são as provas da sua existência, Björn Franke e os seus apoderados entendem que há espaço para a comercialização em massa do kit. Que faz o mesmo efeito que a infidelidade ela própria – mas, como um comprimido, actua muito mais depressa do que ela. E eu, ao ler sobre a história, penso primeiro num cozinheiro. Anthony Bourdain, mais propriamente – e no seu extraordinário “Cozinha Confidencial”, manual sobre a condição humana como ela pode ser observada a partir das cozinhas dos grandes restaurantes da Nova Inglaterra. Diz Bourdain, a propósito dos seus primeiros e determinados passos em direcção ao Olimpo da culinária: “Olho frequentemente para a minha vida, à procura daquele momento em que o caminho se divide em dois, a tentar descobrir exactamente quando é que me tornei mau e passei a ser um sensualista esfomeado por prazer e ardente por excitação, sempre à procura de chocar, divertir, aterrorizar e manipular – a

Traços do Quotidiano

Margarida da Silva [email protected]

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Dia de Portugal foi celebrado, pela primeira vez, na sede da Irmandade do Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade, mais conhecida pela I.D.E.S.S.T., de Sausalito, no sábado, 6 de Junho, 2009. Em boa hora a direcção decidiu participar num evento tão importante para a comunidade portuguesa do Marin County. Esta Irmandade, fundada em 1888, está de parabéns pelo grande sucesso do mesmo que atraíu pessoas do norte ao sul da área da baía de San Francisco. Como era a primeira vez que se celebrava o Dia de Portugal nesta área, confesso que tinha alguma dúvida quanto ao seu resultado. Porém, foi uma enorme surpresa ao chegar ao salão da I.D.E.S.S.T., vê-lo cheio de gente e, para meu prazer, um grande número de

americanos, muitos dos quais souberam do acontecimento através da imprensa local e da página na internet. ( www.idesst.org) O bem delineado programa começou com um discurso alusivo à celebração pelo Cônsul de Portugal em San Francisco, Dr. António José Alves de Carvalho. Seguiu-se a actuação do Côro Juvenil da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, Grupo Folclórico Tradições da Nossa Terra, Hélio e Maria das Dores Beirão, Júlia e David Borba, a fadista Ilda Maria e o Conjunto de Guitarras Sete Colinas com Helder Carvalheira, João Cardadeiro e Manuel Escobar. Todos os artistas, que voluntariamente se fizeram representar, foram calorosamente aplaudidos. Bem hajam! No salão principal encontrava-se

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Estranho tempos estes «No fim, somos até capazes de nos acusarmos a nós próprios de traição conjugal. O que não queremos é ser obrigados a consumá-la. Isso, sim, dá trabalho. Isso, sim, já não tem emoção nenhuma. E não é por haver crise que passará a ter.» tentar, no fundo, preencher com algo de novo o espaço vazio na minha alma.” Depois, no entanto, lembro-me que, se há hoje em dia alguma coisa mais relevante para a caracterização da civilização ocidental do que o sensualismo emocional, essa coisa é a preguiça. E, inevitavelmente, ponho-me a pensar se, mais do que a simples necessidade de provocar e experimentar emoções, esta inusitada caixinha de ferramentas não responderá à urgência de provocarmos e experimentarmos emoções sem sequer termos de dar-nos ao trabalho de viver as aventuras que em primeiro lugar as provocariam. Ou seja: se, mais do que contornar o problema da falta de parceiro para uma infidelidade cirúrgica, o kit “Vestígios De Um Caso Extraconjugal Imaginário” não contornará mesmo a nossa falta de vontade para essa infidelidade. Ainda no outro dia o dono de um tasca onde arrisquei almoçar me falava do quanto ao mesmo tempo inveja e deplora a minha geração. Dizia-me ele, gordo e enxovalhado: “No meu tempo isto não era assim. Tínhamos de ir às prostitutas [não, não foi ‘prostitutas’ a palavra que ele usou]. Vocês, hoje em dia, têm tudo. Não há rapariga que não esteja disponível. E eu só não percebi ainda se isso é bom ou é mau. Vocês, hoje em dia, não dão valor a nada. Anda tudo para aí a fornicar de tal maneira [não, obviamente que não

foi ‘fornicar” a palavra que ele usou] que eu já nem sei como é que ainda têm vontade de fornicar, se é que ainda a têm.” Não, aparentemente não temos. Os nossos pais, se eram fiéis, eram-no por necessidade e obrigação. Teriam talvez alguma moral, mas tinham seguramente mais medo. Nós, pelo contrário, não temos medo de nada – e a moral é uma questão que nem se põe. No fim, somos até capa-

zes de nos acusarmos a nós próprios de traição conjugal. O que não queremos é ser obrigados a consumá-la. Isso, sim, dá trabalho. Isso, sim, já não tem emoção nenhuma. E não é por haver crise que passará a ter.

Dia de Portugal em Sausalito uma linda exposição de quadros dos artistas Goretti Carvalho, Maria Fernanda Simões, Hélia Borges Sousa e do Reverendo Padre Manuel Bernardo Soares que, infelizmente, faleceu recentemente, mas, cujas obras foram muito apreciadas, incluindo o quadro inacabado das Portas da Cidade de Ponta Delgada. Na sala de jantar havia representações da Padaria Nove Ilhas, Restaurante LaSalette, Fábrica de Queijo Matos, HJC Imports, Viños Unico e Adega Morey que ofereceram provas e vendas dos seus produtos. No Snack Bar foram servidas as saborosas bifanas, sanduíches de linguiça e malassadas. Na capela, além da exibição de várias coroas do Espírito Santo no altar, estiveram expostos muitos e lindos trabalhos de rendas, bor-

dados, colchas de retalhos,etc,. O que atraiu muita gente foi um fiadeiro, por acaso feito no Canadá, usado pela minha mãe, Margarida Nunes, que demonstrou o seu funcionamento, incluindo o cardar da lã. Algumas crianças, que nunca tinham visto um fiadeiro na sua vida, observaram embevecidas. Muitos adultos que

se lembravam do velho fiadeiro da sua mãe ou da sua avó, ficaram igualmente encantados mas nostálgicos pela demonstração. O Sr. Osvaldo Palhinha e esposa estiveram presentes a filmar o evento para um futura apresentação no Califórnia Contacto da RTPi.

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COMUNIDADE

15 de Agosto de 2009

SATA Internacional já pode transportar animais

Desde o passado dia 29 de Julho, que a SATA Internacional está reconhecida como “Cargo Hold Pet Carrier ” nos voos com destino aos Estados Unidos. Na prática, isto significa que passa a ser possível, a partir daquela data, o transporte de cães e gatos no porão dos aviões nas

viagens com origem e destino nos Estados Unidos. A este propósito, António Gomes de Menezes, Presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA, salientou que o Grupo SATA procura, de modo pró-activo, ir ao encontro das necessida-

des específicas dos seus passageiros, por uma questão de proximidade. “ Foi mais um passo que demos no sentido de satisfazer os nossos clientes que viajam nesta rota tão significativa para nós, pois sempre tivemos consciência da importância que os animais de estimação representam para os seus donos e o agrado que é, para estes, poderem levar os seus animais quando viajam ” refere o Presidente da transportadora. Recorde-se a este propósito, que foi recentemente concedido à SATA Internacional o estatuto de operador regular nos voos para os Estados Unidos e Canadá em contraposição ao formato de charter. Este formato de operador regular permite a implementação de

um modelo de distribuição, marketing e vendas mais contemporâneo e abrangente, viabilizando várias e positivas inovações como a venda de lugares on-line, inclusive no site www.sata.pt. Finalmente, é de salientar que os passageiros devem contactar os serviços da SATA (707 22 72 82) ou www.sata. pt para confirmarem a disponibilidade dos voos e procederem à respectiva préreserva de transporte.

Apontamentos da Diáspora

Caetano Valadão Serpa [email protected]

Da Casa Pia em Portugal às Instituições Católicas da Irlanda

O

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s abusos sexuais de crianças e menores têm sido e continuam a ser dos comportamentos mais indignos da espécie humana, com a agravante de que não provêem apenas de indivíduos psicológica e mentalmente insanos, praticam-se no próprio seio de instituições destinadas aos mais dignos ideais éticos. Dois casos tornados públicos nos últimos tempos são disto exemplos flagrantes. Primeiro, a Casa Pia em Portugal, fundada pela rainha D. Maria I, a Pia, donde lhe vem o nome, e organizada pelo Intendente da Polícia, Pina Manique em 1780, afim de amenizar as devastadoras consequências sociais do Terramoto de Lisboa de 1755. Durante três séculos, tem educado com reconhecido sucesso milhares de jovens de ambos os sexos, tornando-se a maior instituição educacional portuguesa dedicada à formação de jovens em risco de exclusão social ou sem apoio familiar. Ocupou o Castelo de São Jorge até à invasão francesa e hoje, com 10 Colégios e cerca de 4700 estudantes, conta com mais frequências que muitos institutos superiores e universidades portuguesas da actualidade. Através dos tempos, muitas figuras portuguesas de destaque nacional passaram pelos colégios casapianos e nenhuma outra instituição de ensino deu ao país tantos oficiais do exército e da armada. Em 1981, porém, a Polícia Judiciária apresentou queixa contra os responsáveis da Casa Pia por abusos sexuais documentados com fotos comprometedoras. No entanto, quando tudo parecia preparado para se iniciar o processo, as fotografias, misteriosamente, desapareceram dos arquivos policiais. Só em 2002, antigos estudantes da instituição, alguns deles formados em advocacia, formalizaram de novo as acusações de abuso e de tráfico sexual de crianças e jovens da instituição, envolvendo personalidades nacionais e estrangeiras. Os julgamentos iniciaram-se dois anos depois em 2004, mas até hoje, com adiamentos e apelos processuais contínuos e com sérias suspeitas de interferências alheias ao processo normal de justiça, o sistema legal português parece incapaz de resolver o problema. Um pouco mais a norte, na Irlanda, a ilha verde sem serpentes, onde o clero católico até hoje tem gozado de imensa influência e privilégios, este género de encargo sóciofilantrópico subsidiado pelo governo irlandês foi entregue à Igreja Católica. Esta, por sua vez, delegou a responsabilidade de tão digna tarefa nas suas instituições religio-

sas, entre elas os Christian Brothers e Sisters of Mercy, conhecidas em todo o mundo cristão. Infelizmente, tal missão falhou escandalosamente. Depois de inúmeras queixas e muitas suspeitas de actividades ilegais e criminosas, um inquérito foi requerido e realizado, revelando seis décadas de graves abusos físicos, psicológicos e sexuais de crianças e menores. Há semanas, foi tornado público o relatório desta investigação de nove anos, baseado no testemunho de duas mil vítimas, homens e mulheres que frequentaram as numerosas escolas destas instituições. Um relatório de 2600 páginas, cinco volumes de crimes silenciados durante mais de meio século. Silêncio endémico e comprometedor do mais imoral narcisismo eclesiástico que se possa imaginar, em que a reputação da instituição é mais valorizada que a dignidade individual, neste caso, crianças e jovens abusados impunemente por pessoas adultas, algumas delas com votos de castidade e pobreza, as duas mais admiráveis privações da vida. Já em 2002, a Igreja Católica e o Governo Irlandês, prevendo o resultado escandaloso do inquérito, haviam acordado, mutuamente, em indemnizar as 13800 vítimas. As instituições católicas contribuiriam com 175 milhões de dólares e o governo irlandês com 1.5 bilião, na condição de as vítimas renunciarem ao direito de processar o governo e a igreja, e manterem em segredo de justiça a identidade dos abusadores! Até ao presente, o acordo estabelecido está parcialmente cumprido, com o governo a pagar com o erário publico pelos crimes da igreja e as instituições religiosas detentoras de vastos bens imobiliários a reclamarem falta de recursos financeiros, oferecendo em contrapartida serviços de aconselhamento psicológico e possibilidades educacionais às vítimas e suas famílias. Por sua parte, o Vaticano, uma das mais ricas instituições do mundo, mantém-se à margem do problema e o governo irlandês, refém do moralismo católico, ainda bem patente na legislação do país referente ao divórcio e ao aborto, prefere as benesses da igreja à árdua tarefa de fazer justiça às vítimas dos abusos sexuais das poderosas ordens religiosas irlandesas. A complicar ainda mais todo este infeliz cenário, é aguardada para breve a publicação do resultado de outro inquérito ao clero diocesano também acusado de abusos sexuais. A Presidente da Irlanda, Mary McAleese, de visita a Boston, recomenda uma séria reflexão nacional sobre o problema.

COLABORAÇÃO

Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso

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Há quarenta anos

[email protected]

F

ins da década de sessenta. À boquinha da noite, prateada, vaidosa e luzidia, a Lua espreguiça-se Cheia e rechonchuda sobre os estrelados céus dos Açores. Nas nossas formosas ilhas de bruma, como é sabido, o sereno luar de Agosto não manda ninguem para casa. A essa hora, o mágico brilho do nosso vizinho astro apenas parece querer prolongar o dia. Apetece mesmo fazer serão. Cá fora, sentados ao portão, os sapientes velhotes do meu tempo dão largas à sua boa disposição apadrinhando dois gostosos dedos de conversa amenamente pincelada com a subtil experiência da vida. Dois deles, o Ti Gabriel do Benfica e o sr. Frank Barcelos, que até já andaram por terras da America, de quando em vez, não hesitam meter com graça a lingua no inglês macarrónico que por lá aprenderam às três pancadas no curto lazer das horas vagas. À sua volta, mergulhados na brincadeira que se prolonga noite dentro, os divertidos putos da vizinhança não arredam pé. Um deles, sem ter sequer ainda uma dúzia d’anos de idade, mas já com alguns anitos de escola primária e atenta ás recentes aventuras do homem no espaço, atreve-se a entrar na conversa fia-

da da Velha Guarda, lançando a ousada “blasfémia”: “O Ti Gabriel já ouviu? Os americanos acabam de chegar à Lua…” “Bulshit!” Inglesou o ranhoso velhote de imediato, com a lingua destravada entre o inglês rasqueiro e o português mexeriqueiro: “Quem foi que te disse isso?” “Veio no jornal d’ontem.” (O jornal d’então, a velha “União”, chegava-lhes às mãos quase um mês depois da professora que o assinava, do sapateiro que o pedia emprestado e antes do comerciante lhe dar uso na mercearia para embrulhar sabão, feijão ou então enfiá-lo na retrete junto ao cifão para limpar you know what I mean…) “O jornal só traz mentiras, rapaz.” Adiantou o sr. Frank, algo perturbado com o estranho teor da bombástica noticia a fazer-lhe chegar a mostarda ao nariz: “… Nem americanos, nem russos, nem chineses, nem o diabo que os carregue a todos. Por mais que se esfolem…lá acima é que não chegam. A Lua fica no céu. E no céu quem manda é Deus.” Conhecendo bem a força de ambos, meu avô, que tambem fazia parte do jovial grupo de castiços filósofos da rua, para lançar um pouco de água na fervura e livrar-me ao mesmo tempo daquela súbita alhada, levantou a sua bengala para o firmamento em

direção à redondinha Lua Cheia, sorridente: “Acho que vocês estão mas é bem enganados. Se reparares bem agora mesmo, Frank, vês lá um homem sentado com uma lata de cocacola na mão e a bandeira americana ali mesmo ao lado.” “Ó Manel, não queres ir berdamerda com essa conversa?” Comentou prontamente o Ti Gabriel, sem papas na lingua, sempre bastante aporcalhada: “Tu não és capaz de ver um palmo adiante do nariz e agora tambem já vês os americanos na Lua, a milhas e milhas de distância? Lá por eles te mandarem de mês a mês o cheque da reforma não quer dizer que tenhas agora que lhes andar tambem a beijar o cú.” Ante os olhos arregalados do Frank Barcelos, que tambem não tinha lá muito apurado o seu parco sentido de humor, meu avô riu-se uma vez mais por ter conseguido fazer escapolir da atrevida boca do Gabriel do Benfica “bullshit” e berdamerda, sinónimas coisas frescas a cagarem-lhe literalmente a ponta da lingua. Isto foi há quarenta anos. Todos conhecemos hoje o tremendo alcance do gigantesco passo que a histórica missão espacial da nave Apollo 11 significou para o extraordinário progresso da humanidade nas últimas quatro décadas. Se meu avô fosse vivo desmaiava

de certeza com certas peripécias que hoje em dia consideramos banais. Mas não tenho dúvidas que o Ti Gabriel, ferrenho adepto do Benfica, adoraria os tempos d’hoje e não teria outro remédio senão engolir a grosseira linguagem d’então. Não tanto porque ande o seu Benfica agora p’ráí a ganhar a torto e a direito mas porque não perderia um jogo ao vivo, via satélite. Ele que, já meio surdo, não perdia um relato que fosse com o ouvido bem encostadinho ao seu velho “Grundig em volume máximo ao pé da janela aberta – delirio absoluto da vizinhança em tardes de domingo e quartasfeiras à noite quando o grande Benfica dos bons velhos tempos dava então cartas em Portugal e no estranjeiro. Os inúmeros satélites em órbitra no espaço cada vez menos desconhecido oferecem-nos hoje opor-

tunidades impensáveis há quatro décadas atrás. O progresso tecnológico, o avanço cientifico e a insaciável apetência do homem em atingir metas incógnitas continuam e continuarão a dar que falar. Apesar da actual crise que se arrasta e das insuficiências gritantes deste planeta onde ainda vergonhosamente se morre demasiado à fome, o progresso geral é inegável e, em muitos aspectos, podemos e devemos considerarmo-nos uns felizardos. “Há quarenta anos” – é fácil ouvir-se dizer – “aquilo é que era mesmo um atraso de vida.” Mas o mundo, que gira em tempo que não volta, tem mesmo destes paradigmas insólitos. Se Deus me conservar por cá outros quarenta em bom estado, tenho a certeza que (já depois do Homem ter chegado a Marte) ouvirei então algum bisneto meu dizer exatamente o mesmo.

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! L L A C T S LA

15 de Agosto de 2009

COLABORAÇÃO Do Pacifíco ao Atlântico

Rufino Vargas

Portugal, País dos 3 F’s (9) FALTA DE EDUCAÇÃO- O sistema de ensino educacional, tanto na costa do Pacífico como no rectângulo peninsular, está pelas ruas da amargura. A California governada por um governador nascido na Áustria e com o sotaque gutural germânico, pronuncia correctamente California em vez de Calafornia. Assim como Ronald Reagan que também foi governador deste Estado e Presidente dos Estados Unidos alcançou celebridade em Hollywood como actor. É casado com Maria Shriver, da família Kennedy, considerada como família real americana, Temos instituições de ensino superior, universidades de renome internacional tais como: Stanford, Berkeley e Santa Clara. Esta última práticamente vizinha de porta, é dirigida pelos Jesuítas e “ipso facto”, o seu lema dos 3 C’s - Consciência, Compaixão e Competência, deveria ser farol universal. Engenheiros e doutores é tudo importado, ora da China ou India. A primeira produz 10 vezes mais engenheiros do que os Estados Unidos e a India ±1 milhão.No meu tempo juvenil a ameaça proveniente da Ásia chamava-se perigo amarelo e julgo que hoje se transformou numa realidade. Este Estado após ter sanado um buraco financeiro na ordem de ±$45 biliões abriu outro de >$20 biliões.O sistema educacional vai ser gravemente afectado. É um passo atrás para o desenvolvimento tanto deste Estado como a nível nacional. Em Portugal o governo de Sócrates e entourage, no que concerne à educação e exploração técnicocientifica, é na minha óptica avant- garde. O ensino de inglês a partir do 1º ciclo é a medida certa para preparar a nova geração para enfrentar a globalização sem fronteiras em que o idioma de Shakespeare é “lingua franca” universal. A aposta deste governo na construção do novo aeroporto e sistema rápido ferroviário, são 2 medidas essenciais, para o “grande salto em frente” da nossa economia. A oposição governamental é infelizmente demolidora, provocando um considerável retrocesso em relação à União Europeia. É a maldita saga dos velhos do Restelo e dos vencidos da vida do fin de siècle. Durante a II guerra mundial, o presidente da KLM-linhas aéreas holandesas - Albert Plesman, quando tentou negociar o estabelecimento de carreiras aéreas entre os 2 países, perante tanta frustação e obstinácia demonstrada pela missão Portuguesa, declarou: Portugal não faz e não deixa fazer. O governo em parceria com as multinacionais Intel e Microsoft está a construir com prata da casa – companhia- J. P. Sá Couto- o

famoso portátil (laptop) «Magalhães», para ser distribuído pelas escolas como instrumento complementar de ensino. Embora Fernão de Magalhães tenha nascido em Portugal, foi ao serviço da coroa espanhola que atingiu notorieadade com a primeira viagem de circum-navegação do globo, escolha esta que parece anti-patriótica. Sócrates assumindo o papel de caixeiro-viajante foi visitar Hugo Chavez, el caudillo da Venezuela, novo Simão Bolivar e apóstolo de Fidel de Castro da América Latina, com o intento de vender aos nuestros hermanos o célebre Magalhães. Em contrapartida, Lula da Silva presidente do Brasil- país irmão de Portugal- em gesto pseudo fraternal e capitalista aceitou 30 protótipos portáteis classmate pc ,(fac-simile do Magalhães) envolvendo uma eventual mega-compra da multi-nacional Intel desta pitoresca cidade de Santa Clara da Califórnia e minha vizinha de porta. FINALMENTE- Genuino Madruga, picoense e açoriano de gema completou, não uma mas duas viagens de circum-navegação ao planeta em que todos nós vivemos. É um feito extraordinário em que todos os Portugueses e particularmente Açorianos devem estar orgulhosos. Fernão de Magalhães, navegador Português ao serviço de Carlos V da Coroa Espanhola, detem a fama de ser o primeiro a circum navegar o nosso planeta, no entanto como foi assassinado nas Filipinas, o trajecto final de regresso à Espanha foi efectuado pelo seu pilotoSebastian Delcano. Aqui está um exemplo de um homem do Pico, que não teve que recorrer aos prefixos de doutoramemto ou licenciamento para se tornar famoso, mas sim assumindo garbosamente a sua profissão de PESCADOR Na minha opinião este grande valor que representa o Genuino deveria ser utilizado para orientar e formar os nosssos jovens nas lides náuticas e na arte da faina piscatória, seguindo a senda do Infante D. Henrique que a partir da escola de Sagres instruíu e formou marinheiros que deram «novos mundos ao mundo». Hodiernamente, a doutrina capitalista foi olvidada e condenada ao desprezo e socialismo é Ǖber alles. Tanto o governo regional como as autarquias têm aqui uma excelente oportunidade de investimento no futuro da nossa juventude. Com os clubes navais e outras instituições afins, temos a infra-estrutura ideal para materializar este projecto. A próxima geração é que beneficiará e ficará reconhecida por tal, no entanto a responsabilidade de implementar este programa é de todos nós., hic et nunc, aqui e agora.

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Adalino Cabral, coleccionador de mestrados

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á cerca de três décadas, numa comunidade luso-americana, ouvi um administrador dizer que os portugueses não valorizavam o ensino. A sua afirmação demonstrava as expectativas que muitos educadores tinham do nosso grupo étnico. Embora a taxa da desistência escolar fosse bastante elevada nos anos sessenta e princípios dos setenta do século passado (antes da implementação dos programas bilingues), a verdade é que hoje nas comunidades luso-americanas a norma entre os nossos jovens não é só de terminar os estudos secundários, mas de tirar um curso superior numa boa universidade. Um imigrante que nos serve de paradigma no que diz respeito à valorização do ensino é o Adalino Cabral. Natural de Ferreira Grande (Santana), Concelho do Nordeste, São Miguel, Açores, o Adalino— após serviço militar obrigatório, e com uma comissão de serviço na Guerra do Vietname no final da década de 60— começou os seus estudos académicos na Bristol Community College (Fall River, MA) onde recebeu o seu primeiro grau: um Associado em Artes (A. A.) Tirou dois Bacharelatos: um B. A. em Estudos Portugueses na antiga Southeastern Massachusetts University (SMU), hoje a Universidade de Massachusetts em Dartmouth, (vila encostada à “Cidade Baleeira” de New Bedford) e o outro, B. S., na University of the State of New York (Albany), em Psicologia. Desde então, é titular de dez (10) mestrados e um doutoramento. O Adalino possui três mestrados em artes/letras (M. A.): um em Estudos Luso-Brasileiros da Universidade do Novo México (Albuquerque); outro em Humanidades (especialidade em História) pela Califórnia State University, Domingues Hills; e outro em Recursos Humanos pela Framingham State College. O Adalino é titular também de três mestrados em ciências ( M. S.): o primeiro em Administração Pública, da Universidade de Massachusetts, Bóston, o segundo em Psicologia Clínica pela Salem State College (Massachusetts), e o terceiro em Justiça Criminal, com ênfase em Segurança Nacional, da Westfield State College (Massachusetts). Como professor e administrador escolar, em escolas da Grande Área de Bóston (Cambridge, Bóston, Malden e Hudson), bem como ex-professor das universidades Stonehill College e Bóston University), o nosso modelo de alguém que realmente dá valor ao ensino, tinha que tirar

cursos relacionados com a educação. Assim ele possui três mestrados em Ciências de Educação (M. Ed.): um pela prestigiada Universidade de Harvard com ênfase em Administração Escolar e dois pela Bóston State College— um em Estudos Bilingues e Multiculturais e outro em Inglês como Segunda Língua. O décimo mestrado do Adalino é o prestigioso Master of Business Administration (MBA) que ele tirou na Plymouth State University, de New Hampshire. Em 1985 o nosso amigo terminou o seu doutoramento (Ph. D.) em Administração e Supervisão Escolar na prestigiada universidade jesuíta Bóston College. Deve-se salientar que além de todos estes graus académicos,

entre o Exército, Força Aérea e Guarda Nacional. O Adalino é sem dúvida um excelente exemplo de persistência, perseverança, e sucesso académico. Porém, conhecendo bem este “português dos pés à cabeça,” sabemos que ele não vai ficar por aqui. Não ficaremos nada surpreendidos se daqui a uns anitos ele receber ainda outro mestrado! Ele mostra-nos que estamos toda a vida a aprender e que podemos frequentar as universidades com qualquer idade, uma vez que as oportunidades e as bolsas de estudo se disponibilizem. O nosso Adalino Cabral está de parabéns. E, como ele próprio termina, sem falta, os seus artigos e comunicações, de uma

o Adalino é ainda titular de numerosos certificados civis e militares: entre outros, estudos de guerra nuclear, biológica e química; polícia militar; transportes militares; inteligência militar: comunicações estratégicas; marketing; recursos humanos... Ele também possui diplomas dos cursos complementar e superior de língua e cultura portuguesas das Universidades de Lisboa e Coimbra. Ainda, como bolsista, estudou na Faculdade de Linguística da Georgetown University (jesuíta), na cidade capital de Washington, DC. Por fim, estudou enfermagem durante dois anos em Massachusetts; e tirou o curso de Liderança Militar do Exército dos Estados Unidos na prestigiada Massachusetts Institute of Technology (M.I.T.) de Cambridge, Massachuseets. Resta-nos salientar que ele serviu o total de 16 anos nas Forças Armadas dos Estados Unidos,

maneira invulgar, sempre encorajadora, cheia de força e solidariedade, repetimos aqui, com licença, prazer e orgulho, o seu lema de lei que vimos ouvindo, sentido e apreciando há longos anos. Sempre p’rà frente! (SPF!) Que assim seja, e sempre!

José Moreira Figueiredo, Ed. D. Hudson, Massachusetts

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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges

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[email protected]

verão no vale de S. Joaquim, para além de ser uma época de festas promovidas pelos emigrantes e luso-descendentes, de ser (continua a ser) a época das temperaturas na casas dos cem (na escala do Fahrenheit, como se sabe), daí que muita gente foge para outros lugares com temperaturas mais amenas, é, para mim, uma das estações do ano por excelência para as leituras. Daí que partilho alguns dos livros que me fizeram companhia neste verão de 2009. Logo que terminou o ano escolar, comecei a ler um pequeno/grande livro de Luís Sepúvelda, Crónicas do Sul. Há anos que leio Sepúvelda, escritor latino-americano, natural do Chile e que após o golpe de estado autorizado por Henry Kissinger e o presidente americano Gerald Ford (que depôs o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, colocando no poder o nefasto ditador Augusto Pinochet) foi viver para Espanha. É na península ibérica que Sepúlveda escreve os seus romances e crónicas. Recomendo os seus livros, gostei de todos menos o livro de crónicas Uma História Suja. Nesse livro, Sepúlveda mostra um anti-americanismo primário, que poderá caber em alguns cidadãos comuns europeus, mas não é para

a intelectualidade de Sepúlveda. Não tenho nenhum problema em criticar as políticas americanas, ou de outro país qualquer, mas Sepúlveda não soube conter a sua critica ao mundo político. Entretanto, recomendo vivamente, O Velho que Escrevia Romances de Amor, o seu primeiro romance e um dos seus melhores livros. Mas este, Crónicas do Sul, é também um livro extremamente interessante. Nele vive-se alguns dos dilemas do velho continente e aprende-se muito sobre o Chile e a luta do povo deste país pela democracia. Um forte opositor às guerras e às chacinas, Sepúlveda escreve esta frase lapidar: “Não devemos esquecer que uma bala não tem bandeira, limita-se a matar.” Em viagem pela maravilha que é o estado de Alasca tive oportunidade de ler, em parceria com um amigo meu, e colega de leituras em língua portuguesa, o mais recente livro de José Saramago, A Viagem do Elefante. Sou um leitor assíduo de José Saramago, mas este último livro dele decepcionou-me. Um livro com uma temática interessante, mas que se perde nas excessivas divagações. Para quem é leitor contínuo de José Saramago, o único Nobel da língua portuguesa, deve ler A Viagem do Elefante, porque neste livro se vê um outro Saramago.

15 de Agosto de 2009

Gabriel Garcia Marquez Para quem não é leitor de Saramago, ficaria muito mais bem servido lendo Levantado do Chão, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, o Ensaio da Cegueira, A Caverna, o Memorial do Convento, ou um livro que poucos gostaram, mas que é um dos meus preferidos do célebre autor português: O Ano da Morte de Ricardo Reis. Uma frase para meditar do livro A Viagem do Elefante: “Se toda a gente fizesse o que pode, o mundo estaria com certeza melhor.” Uma das surpresas em língua portuguesa foi o livro O Rastro do Jaguar. Um calhamaço com mais de 500 páginas que me prendeu deste a primeira página. É o primeiro romance do jornalista brasileiro Murilo de Carvalho. O que mais cativa neste romance são as descobertas que se faz sobre os povos indígenas do Brasil. A história baseia-se à volta das guerras que nos fins do século XIX envolveram o Brasil, o Paraguai, e Argentina contra o Uruguai. A história desfaz-se com pequenas recordações e uma caixa de cartas. Como indicou o próprio autor, o livro “trata fundamentalmente da vida de um índio brasileiro que foi criança para a Europa e que, nessa ocasião, está de retorno ao Brasil para reconhecer sua terra e seu povo. E quem o acompanha é um jornalista nascido em Portugal, Pereira, que é o narrador do livro.” Ao longo das quase 600 páginas o autor apresenta-nos uma amalgama de personagens as

quais ajudam-nos a compreender o Brasil de hoje. Escrito, obviamente, no português do Brasil, é um livro cativante e uma boa entrada no novo acordo ortográfico que aí vem para a nossa língua portuguesa. O que não foi surpresa, porque já só se espera bons livros dele, foi o novo romance do escritor moçambicano Mia Couto, Venenos de Deus - Remédios do Diabo. Um romance curto, cheio de ternura e com um enorme sentimento da magia de África e das vivências do povo moçambicano. Este é um livro de sonhos e de pesadelos, de verdades e de mentiras. Neste livro de 188 páginas estão algumas frases, que podem ser interpretadas como sentenciosas ou mesmo demasiadamente pesadas para o texto, mas são estas frases que fazem este, mais um grande livros de Mia Couto. Eis algumas: “Saudade do tempo em que tinha saúde para desprezar o próprio corpo.” “A gente precisa do viver para descansar dos sonhos.” “É o esquecimento e não a morte que nos faz ficar fora da vida.” “Quem tem medo da infelicidade nunca chega a ser feliz.” “Diz-se que o silêncio inspira medo porque, nesse vazio, ninguém é dono de nada.” “Os padres tratam a alma como uma árvore, podam-na.” De Ricardo de Saavedra, Os Dias do Fim. Um livro sobre o fim da presença colonial portuguesa em Moçambique. É o desenrolar da descolonização por quem estava

no lado de dentro. Aqui misturase o jornalismo, a crónica, a escrita diarística para em suma termos uma perfeita simbiose, um romance de grande fôlego. Por vezes violento, já que ninguém é poupado, este é um livro para se ler sem preconceitos. Como escreveu João de Melo: “Há uma leveza, um fio em suspenso no eixo desta longa e vibrante narrativa, o qual começa por enlear-nos nas primeiras páginas, para nunca mais nos desprender.” E porque nem só em português vive o homem, fizeram-me companhia ao longo deste verão alguns livros na língua inglesa que, para aqueles que lêem na língua de Shakespeare, recomendo. Um género literário pouco utilizado em Portugal, mas muito utilizado aqui nos Estados Unidos, e que gosto de ler é a biografia, particularmente quando é bem feita e sobre gente interessante. Daí que deliciei-me com a biografia escrita por Gerald Martin sobre o escritor latino-americano Gabriel Garcia Marquez, intitulado, A Life. Tenho uma enorme admiração pela escrita de Gabriel Garcia Marquez e recomendo a qualquer pessoa a leitura de pelo menos o seu grande clássico Cem Anos de Solidão. (conclui na página 25)

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Temas de Agropecuária

Egídio Almeida [email protected] A situação crítica continua na produção do leite, mas está cativando a merecida atenção

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complexidade da crítica situação económica que estamos atravessando é um enigma, até para aqueles cujas vidas e trabalho tem sido dedicadas à economia. No futuro e na próxima década haverá sondagens e volumes de livros publicados sobre as raízes da causa de toda esta desordem económica. Por agora saberá alguém qual a verdadeira causa dos nossos problemas financeiros? Dívidas do crédito? Mercado habitacional? Avareza do ”Wall Street”? Neste momento, apontar uma razão concreta é como decifrar a caída de uma linha de dominós. Sabemos qual caíu primeiro mas não sabemos o que causou a queda. Mais importante de que analizar os mais recentes económicos eventos para atribuir as culpas a alguém, seria analizá-los para recuperar o nosso poder económico, o mesmo devia acontecer na indústria da agropecuária. Qual

a verdadeira razão dos nossos problemas, a perca dos mercados? Demasiadas vacas? Falta de controle na oferta e procura? Ou simplesmente manipulação nos mercados? CWT está no processo de completar outro programa e direcionar mais 87.000 vacas do mercado do leite para o mercado da carne. Mas, numa recente conferência em Reno, Nevada, foi anunciado que graças à nova tecnologia que pode em parte alterar as funções da Mãe Natureza, devido ao uso de “Sexed Semen” há agora 161.000 extra vitelas para entrar em produção no próximo ano. Não obstante, alguns acontecimetos das últimas semanas vem encorajar um pouco a visão do próximo futuro da indústria, tais como, o aumento do preço mínimo do leite pago aos produtores, pela Administração do Presidente Obama e a apropriação de $350 milhões pelo Senado dos E.U., para aquisição de leite em pó magro e queijo cheddar para os seus programas de nutrição, embora esta com alguma polémica e oposição vinda da controversa organização

“International Dairy Foods Association”, que, como sempre julga que o leite nasce numa fonte cristalina, e por conseguinte não há que pagá-lo aos produtores. Tom Suber, Presidente de “United States Dairy Export Council” declarou na Sub-Comissão de “Livestock Dairy and Poultry” da Casa dos Representantes, que o Congresso e a administração Obama poderão ajudar a aumentar a nossa competitividade global, e influenciar, para mais rápidamente recuperarmos os nossos mercados de exportação dos produtos de lacticínios, à medida que os Países vão recuperando as suas economias. Nos primeiros cinco meses do corrente ano, as exportações diminuiram 52% em referência ao passado ano, uma severa redução da procura nos mercados globais chave. Como resultado, os produtos exportados são cerca de metade dos números conseguidos em 2008.

SJGI tem o prazer de apresentar

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15 de Agosto de 2009

Perspectivas Fernando M. Soares Silva

Em Busca da Felicidade (2)

[email protected] (continuação da última edição) Esta nova corrente filosófica apresentava também uma unificada visão do Ser e da Realidade Humana, com a sua elaborada Lógica formal, e, sobretudo, com o seu sistema ético naturalista. Este sistema era, na realidade, o foco principal das teorias epistemológicas estóicas, ou seja, das ciências sobre o Conhecimento humano. Para os estóicos, esses estudos levariam ao aperfeiçoamento ético do indivíduo e ao entendimento da “virtude” que consiste “no desenvolvimento de uma robusta força da vontade só possível mediante a concordância da vida com as leis naturais”. O Estoicismo preconizava a aceitação de todos os escravos, e defendia a igualdade de todos os seres humanos porque ”todos são igualmente filhos de Deus”. Aplicando esses princípios às relações interpessoais e sociais, o Estoicismo urgia compreensão mútua e harmonia em interacções humanas, controlo de impulsos e acções de abusiva zanga e cólera, abstenção de violência, bem como evitação de sentimentos de inveja e de ciúmes. No cumprimento dos seus deveres e obrigações, no caminho da virtude, no domínio e controlo dos seus desejos, das suas paixões e ambições, poderá o Homem sentir-se feliz.

personificado pelos famosos SENECA, MARCO AURÉLIO e EPICTETO, entre outros. No seu sermão proferido no cimo da Montanha (Evangelhos de São Mateus, capítulo 57), JESUS CRISTO, com as suas explícitas Bem-aventuranças ou Beatitudes, compendiou os seus principais ensinamentos morais conducentes a uma vida regrada e honesta, conducente ao caminho para uma efectiva paz de espírito e à felicidade que culmina na Felicidade Suprema na eternidade de Deus. No CRISTIANISMO CATÓLICO o, a final e mais importante meta da existência humana é essa “felicidade abençoada”, ou como a descreveu o grande teólogo e filósofo escolástico (São) Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.), “a visão beatífica” de Deus após a vida terrena. Seguindo os trilhos apontados por JESUS CRISTO aos seus Apóstolos, o Catolicismo indica a “prática das Bemaventuranças” como a “virtude”, a rota e o específico requisito para a relativa felicidade possível neste mundo. O conceito de “virtude” pode definir-se como um conjunto de boas qualidades morais que modelam o carácter humano e o dispõem e habituam para a probidade e rectidão tendentes à força moral da prática do bem. A prática do bem traz felicidade a quem o faz!

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A expansão do CRISTIANISMO através da Europa e do enorme Império Romano foi impulsionada pela difusão dos Evangelhos e dos ensinamentos doutrinais de CRISTO primeiramente no idioma grego, a língua internacional e cultural daqueles tempos, e, imediatamente após, pelo latim que rapidamente suplantou o grego como a língua indispensável em todas as facetas de interacção do universo ocidental. As estruturas teológicas do CRISTIANISMO, embora inicialmente baseadas no Judaísmo contemporâneo, gradualmente foram reforçadas e enfatizadas com conceitos provenientes de influentes pensadores helénicos, tais como PLATÃO e ARISTÓTELES. Outras perspectivas filosóficas populares na antiga Grécia e na Roma republicana e imperial afectaram também conceitos de moralidade no modo de vida e nas perspectivas cristãs de felicidade. Entre essas influências filosóficas salienta-se o ESTOICISMO de cariz romano,

Novos tempos têm trazido novos conceitos e mais variadas perspectivas às buscas da “felicidade” neste mundo onde a confusão e a intranquilidade reinam soberanas. Embora com diversas variantes, as correntes modernas e contemporâneas enraízam-se, quase todas, e de uma forma ou outra, no HEDONISMO, já falado neste estudo. Isto é, essas correntes ou tendências, apontam “o prazer” como o maior “bem” e o principal e desejado objectivo do ser humano. O valor real de uma coisa ou de uma acção é avaliado e aquilatado em proporção ao “prazer” que traz ao indivíduo, e, também, em relação ao possível sofrimento, amargura ou pena que lhe evita. Assim, os filósofos britânicos do século XIX, JEREMY BENTHAM (1748-1832 d.C..) e JOHN STUART MILL (1806 –1873 d.C.) formularam a teoria ética UTILITARIISMO que defende que os indivíduos devem fazer aquilo que lhes é mais útil e vantajoso e lhes proporciona o maior

Grande Espectáculo Jorge Ferreira no Artesia D.E.S.

19 de Setembro de 2009, pelas 7 horas

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“bem” ou “prazer”. Todas as acções devem ter como objectivo a obtenção do maior grau de felicidade, insistem os proponentes desta teoria. Note-se, todavia, que o Utilitarismo de John Stuart Mill é “altruísta”, isto é, julga a moralidade das acções pelo bem e pela felicidade que elas trazem ou produzem em prol do bem e da felicidade geral de todos. ***** Outra variante de Hedonismo moderno é o EGOÍSMO PSICOLÓGICO. Os adeptos desta modalidade acreditam que os seres humanos são sempre influenciados ou motivados por “interesse e proveito próprio”, mesmo em casos de aparente altruísmo. Segundo os seus proponentes, todas as acções voluntárias dos seres humanos são afectadas, ou impulsionadas, pelo desejo inato, consciente ou inconsciente, de sentir ou gerar “prazer”, ou de “evitar sofrimento”, Só assim, agindo segundo o seu próprio interesse, poderá o indivíduo alcançar “felicidade”. O famoso psiquiatra austríaco SIGMUND FREUD (1856 –1939 d .C.), é muito conhecido pelas suas singulares teorias da “mente incônscia” e do “mecanismo de defesa da repressão psicológica” e, sobretudo, por ter sido o criador de processos de psicanálise formulados para o tratamento de casos de psicopatologia. Os seus escritos sobre psicanálise e o subsequente movimento psicanalítico que se alastrou pela Europa e em muitas outras partes do mundo revolucionaram o estudo e a prática de psicologia desde o findar do século XIX. Entre novas técnicas terapêuticas, Freud introduziu o uso de “livre associação” ,“transferência”, e “interpretação de sonhos” como fontes de penetração e elucidação de “desejos inconscientes”. E foi ele, também, quem redefiniu o “desejo carnal ou sexual” como “a principal energia motivadora da vida humana”. Sigmund Freud é considerado hedonista psicológico, mas importa notar aqui significativas divergências entre o hedonismo de Freud e as ideias hedonistas tradicionais.. Por exemplo, Epicuro disse que o indivíduo deveria escolher e gozar os prazeres que lhe interessassem; mas ele nunca sugeriu ou insinuou que esse indivíduo vivesse uma vida egoísta ao ponto de impedir que outros chegassem ao mesmo objectivo.

Ainda mais: Freud, embora mantendo que “o instinto da vida” é o gozo dela, introduziu conceitos contraditórios e irreconciliáveis como o “instinto da morte” que ele equacionou com os “desejos de silêncio e paz”, calma e escuridão, que, por sua vez, segundo ele, se metamorfoseam em “felicidade”. A contradição está no facto de que o “instinto de morte” pode equivaler ao “desejo de morte”, ambos irreconciliáveis com o “instinto de sobrevivência”, fundamental e natural ao ser humano. Quem vive a desejar a morte nunca pode sentir-se feliz enquanto viver assim. ***** Recentemente, surgiram coligações de psicologistas e economistas cujos propósitos e objectivos alvejam a análise e a avaliação da “qualidade de vida” de um país para determinar a satisfação pública do seu respectivo “modis vivendi” económico , ou seja, da sua “FELICIDADE ECONÓMICA”, como determinante da felicidade geral desse país. Esses grupos percepcionam a felicidade humana como o resultado da “qualidade de vida” económica, ignorando outros factores essenciais e imprescindíveis a una completa inquirição, apontam os detractores desta nova percepção psicoeconómica, os quais asseveram que uma satisfatória “qualidade de vida” só por si não é sinónima de “felicidade”. Há ainda quem visualize a felicidade pelos prismas do “dinheiro” e das “riquezas materiais” e ainda quem diga encontrá-la em afiliações políticas, ou nas neblinas da toxicodependência. Bastará aqui só frisar respectivamente que o dinheiro não compra o verdadeiro amor, e o amor verdadeiro é parte essencial da felicidade; que basear a felicidade em afiliação política é tão lógico como medir alterosas ondas com um ioió; e que alucinações só mascaram mas não mudam as realidades da vida... ***** É interessante notar que, através dos anos, têm aparecido muitos e diversos estudos que estabelecem a correlação de religiosidade com “felicidade”. Recentes sondagens empreendidas por GALLUP, NATIONAL OPINION RESEARCH CENTER e PEW ORGANIZATION revelam que pessoas religiosas mais facilmente con-

fessam sentir-se mais felizes e menos “stressadas” do que pessoas irreligiosas. Análises de mais de 200 estudos sociológicos indicam que “alta religiosidade” parece ser o factor básico na redução da probalidade e dos riscos de depressão e de toxicodependência, bem como da muito mais baixa incidência de tentativas de suicídio. Os indivíduos religiosos ou envolvidos em espiritualidade também demonstram maior grau de satisfação com a sua vida sexual. Quatrocentos e oito estudos posteriores apontam positiva correlação entre dedicada religiosidade e mais elevados níveis de auto-estima e, ao mesmo tempo, mais baixos níveis de hipertensão e depressão. A grande maioria de centenas de outros estudos confirma também que altos níveis de envolvimento religioso estão positivamente associados com indicadores de bem-estar psicológico tais como satisfação, felicidade, positiva atitude mental, e alta moralidade. ****** Aqui tem o leitor uma sinopse explicada de percepções de “felicidade” através dos séculos. As percepções variam reflectindo os fundamentos, os valores, e as normas éticas de quem alimentou, ou alimenta, o sonho de viver “feliz” na sua caminhada existencial por este planeta, onde todos estamos de passagem… Analisando estas percepções de “felicidade”, o leitor, concordando ou discordando, poderá colher importantes dados para formular, ou reformular, os conceitos mais plausíveis ou mais apropriados à sua desejada “felicidade” dentro do contexto da relatividade da vida humana. Os horizontes da felicidade nunca se fecharão para quem compreenda que a verdadeira satisfação anímica não bafeja o egoísta, o arrogante, o malvado ou o malfeitor mas, sim, quem, sem enfiar a cabeça nas densas nuvens da abstracção das realidades humanas, e sem fincar os pés no duro solo do narcisismo ou da negação da perenidade ontológica abre o intelecto, a alma e o coração ao bem-fazer em prol de uma melhor Humanidade.

COLABORAÇÃO

Agua Viva

Filomena Rocha [email protected]

A saudade... É sempre com uma pontinha de tristeza que de longe vemos as festas das nossas ilhas de encanto. Creio que acontecerá não só com os Açorianos, nem tão pouco com os Madeirenses, mas naturalmente com os filhos de Portugal inteiro ou de qualquer lugar do Mundo. É uma reação natural de qualquer individuo que tenha um mínimo de sentimentos, cultura e educação moral e social. Infelizmente a situação económica global não está a não ser para as lamúrias que já vamos passando, devido a uns quantos aldrabões que mereciam mesmo ficar presos durante anos seguidos até conseguirem endireitar as dívidas que contraíram à custa da confiança que lhes foi atribuída por gente boa e trabalhadora. O pior é que os que fazem as falcatruas já as fazem há tanto tempo que até já acham que isso é normal, muito natural e que assim é que está certo. E têm sempre quem os defenda. Assim são os mentirosos compulsivos. Fazem da mentira a sua única verdade. Esquecem-se que é mais fácil apanhar um mentiroso que um côxo, porque todo o mentiroso tem memória curta. É apenas uma questão de tempo. Tempo é contudo o que vai faltando para alguns já em idade avançada. Talvez fosse este ano o último da sua vida, e que devido à crise não puderam visitar a santa terra, apesar das horas de vôo, das malas e bagagens que ficaram para tràs, mas quanto esforço compensado ao avistar o lugar de origem, as pessoas amigas e as festas que têm outro sabor se vistas nos caminhos e canadas de tempos idos. Este ano, até pudemos ver as Festas da Praia ao vivo e ao pormenor, o que infelizmente não aconteceu com as Sanjoaninas de Angra. Porque seria? Cidade Património, primeira presença da Unesco nos Açores e não teve honras de Televisão Portuguesa senão uma semana depois, quando já os ânimos estavam arrefecidos. Falta de verbas? Foi o que o imigrante ouviu dizer por aqui… Falta de interesse ou falta de lógica? - A começar pelas tarifas altíssimas aplicadas aos passageiros da Diáspora. E nós que tanto gostamos de receber os mensageiros dos programas da Festa Brava e outros que num estreito abraço nos falam do que ainda consideramos nosso. E todos os anos se repete o ritual. Os visitantes são recebidos com jantares e passeios, programas preparados para a circunstância e dáse-lhes o abraço como se fossem a Ilha inteira… Assim é o Imigrante e para o ano haverá mais. Por agora, resta-nos essa esperança de poder lá estar e ver, tanto as marchas alegres e garridas do Povo que sai à rua para dar largas à sua forma de ser constante ao São João, como talvez outros motivos da nossa história, outras sereias lindas da Praia e do Mar de Nemésio onde as lendas nos encantam como o seu cantar e a sua beleza nos atraiem para bem ou para mal, se outrora para as profundezas do Oceano Atlântico, hoje para esta Saudade que sempre nos amargura até às profundezas da Alma. Parabens Praia, pela imaginação, pelo cortejo e decrição do mesmo, pelo respeito e carinho para com o imigrante que não pôde estar presente. Até lá, continuarei a cantar: Esta Praia, linda concha à beira-mar/ tem mastros e velas/ e remos para a remar…

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Conclusões do XVII Encontro de

Professores de Língua Portuguesa O XVII Encontro de Professores de Língua Portuguesa nos Estados Unidos e Canadá, subordinado ao tema “Cruzando os Mares com a Língua Portuguesa”, realizado a bordo do navio Spirit da Norwegian Cruise Lines e no Clube Português Vasco da Gama das Bermudas, proporcionou, mais uma vez, a aprendizagem sobre técnicas de ensino do português como língua estrangeira, e a reflexão e apuramento de várias ideias e contributos que se prendem com o futuro da nossa língua e cultura no continente norte americano. 1. Neste Encontro os docentes tiveram oportunidade de aprender formas pedagógicas de ensinar a língua portuguesa como língua estrangeira, incorporando elementos da herança lusa, assim como elementos linguísticos e culturais das vivências lusoamericanas e luso-canadianas. O encontro foi exemplo, claro e inequívoco, que nas nossas comunidades existem os técnicos e os recursos para fazer formação de professores e que o governo português os deve utilizar por estarem mais ligados a esta realidade. 2. Mais uma vez se debateu a situação da língua portuguesa no continente norte-americano e se concluiu que há a necessidade do governo português implementar no continente norteamericano, com a máxima urgência, a nova lei orgânica do EPE de forma a abranger todos os níveis de ensino, incluindo as escolas comunitárias, o ensino oficial e as universidades. Chegou-se à conclusão que é imprescindível que as coordenações de ensino tenham como principais objectivos a abertura de vários cursos de língua e cultura portuguesas nas escolas públicas americanas e canadianas, a promoção de acções de formação regulares e com formadores que conheçam a realidade do ensino do Português como língua estrangeira, e o apoio às escolas comunitárias em zonas de forte concentração dos nossos emigrantes e onde esta é a ainda a única forma dos luso-descendentes aprenderem o português. 3. Constatou-se a necessidade de apoiar os professores com vínculo a Portugal ou contratados localmente, que leccionam nas escolas comunitárias do continente americano dandolhes condições e formação específica para que possam ser eles, também, factores de promoção da nossa língua e cultura junto das escolas oficiais dos dois países, uma vez que conhecem perfeitamente esta realidade.

4. Continua a ser consensual que a Associação de Professores de Português dos EUA e Canadá, deverá ser parceira no desenvolvimento das políticas da língua do governo português; que a mesma associação deve continuar a progredir no sentido de tornar-se uma voz activa nos movimentos de ensino das línguas estrangeiras no continente norte-americano; que se continue a trabalhar para que o segmento da associação dedicado aos Professores de origem portuguesa, leccionando outras disciplinas, seja fortalecido a fim de que APPEUC seja uma força congregadora de todos quantos trabalham no sector do ensino público e privado nos EUA e Canadá e que sejam de origem lusa. 5. No último dia, os participantes foram divididos em grupos de trabalho que abordaram os seguintes temas: 1 – Escolas comunitárias 2 – Ensino Integrado 3 – Formação de Professores e material de apoio 4 – Coordenações de Ensino nos EUA e Canadá e futuro da Associação de Professores (APPEUC) apresentando as seguintes propostas: 5. a. – Na área das escolas comunitárias os congressistas foram unânimes em reconhecer a importância destas escolas no futuro da língua e cultura portuguesas no Canadá e América; 5.b. – é urgente e absolutamente necessária a formação dos docentes destas escolas na área do Português como Língua estrangeira; 5.c. – é necessária uma comunicação e colaboração mais estreita entre as Coordenações de Ensino, os professores e os directores escolares; 5.d. – para aumentar o número de alunos destas escolas é urgente lançar uma campanha de marketing da língua junto das comunidades portuguesas, americanas e lusófonas, na comunicação social, nas associações, etc. 5. e. – é urgente a criação de um currículo (programa) específico para o ensino do português nas escolas comunitárias 6. Na área da formação de professores e materiais de apoio o grupo de trabalho decidiu: 6.a. É urgente desenvolver iniciativas de formação pedagógica para professores de diferentes ciclos/níveis de ensino 6.b. As acções de formação devem incidir sobre pedagogia, ensino do Português como língua estrangeira, planeamento de aulas, criação e desenvolvimento de materiais de apoio, elaboração de programas 6.c. É urgente a criação e desenvolvimento de materiais específicos para o ensino do Português como língua estrangeira 6.d. É necessário o envolvimento da família e o movimento associativo e a comunicação social das nossas comunidades 6.e. Sugere-se a criação de um blogue como plataforma de partilha de estratégias, actividades e sugestões 7. Na área do ensino integrado, o grupo de trabalho decidiu: 7.1. A necessidade

de se criar lóbis comunitários que possam pressionar as autoridades locais dos seus respectivos distritos escolares para a criação do Português como língua estrangeira de opção nos seus currículos 7.2. Para isso, é fundamental que sejam concertadas estratégias de actuação entre todas as forças vivas da comunidade, Embaixada, Consulados, Coordenações de Ensino e Conselho das Comunidades. 7.3. Promover a assinatura de memorandos de entendimento entre as escolas comunitárias e escolas secundárias de modo a que os créditos pelos anos de frequência a Português nas primeiras possam ser reconhecidos pelas escolas oficiais canadianas e americanas. 7.4. Criar um grupo de trabalho para articular programas/cursos de língua e cultura portuguesa a nível secundário e universitário. 8. Na área do futuro da Associação de Professores, o grupo de trabalho decidiu: 8.a. – dar uma nova designação em inglês à Associação de Professores que deve chamar-se North American Association of Portuguese Teachers (NAAPT/APPEUC), mantendo-se a sigla APPEUC como identificação em português; 8.b – criar dento dos corpos directivos a designação de delegados para as várias províncias do Canadá e estados americanos reflectindo assim a realidade geográfica dos associados; 8.c. – criar paralelamente uma Associação de Amigos da Língua Portuguesa (Friends of the Portuguese Language (FPL) para apoiar a associação na preservação e divulgação da língua e cultura Portuguesas 9. Por último, em relação à Bermuda, os participantes concluíram que é imperioso e absolutamente essencial que as autoridades portuguesas apoiem a escola do Clube Vasco da Gama por ser o único veículo de divulgação e promoção da língua portuguesa nesta ilha, particularmente porque grande parte da comunidade portuguesa aqui residente tem o seu regresso marcado no tempo consequência das leis de emigração. Neste cenário, é fundamental para estas famílias que os seus descendentes aprendam a língua

portuguesa de modo a que quando regressarem a Portugal não sejam descriminados ou excluídos nas escolas portuguesas. Bermuda, 16 de Julho de 2009 Há que registar os apoios recebidos para este XVII Encontro: Direcção Regional das Comunidades, Presidência do Governo dos Açores - alto patrocínio Secretaria de Estado da Educação Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) E a colaboração: Banco Espírito Santo, Newark, NJ Clube Vasco da Gama das Bermudas Connor’s Travel de Fall River, MA Órgãos da comunicação social em Portugal e na diáspora.

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ENTREVISTA

15 de Agosto de 2009

Antonio Alves Carvalho um apaixonado pela California

Chegou no fim do Verão de 2004 e a sua primeira participação pública foi assistir ao Festival em Honra de Cabrilho em San Diego. Assim começou uma relação entre este Cônsul-Geral e a Comunidade da California, que durou quase 5 anos. Como sempre, houve aqueles que gostaram dele, outros houve, que não o apreciavam. O grande problema destas divergências de opinião já vem de há muitos anos, quando o lugar de Cônsul-Geral era visto como uma entidade muitas vezes estranha, inserida na nossa Comunidade, mas sem uma relação estreita com ela. Aqui fica uma parte substancial da nossa conversa com o ultimo CônsulGeral, realizada em San Francisco. Depois da sua permanência durante cinco anos, defina-nos áreas de sucesso e áreas cujos resultados ficaram aquém das expectativas. Quando cheguei a San Francisco, em Setembro 2004, recordo-me que tive a oportunidade de enumerar alguns objectivos que pensei poderiam eventualmente orientar a minha acção, pelo menos, até ao momento em que melhor e mais aprofundado conhecimento viesse a ter da realidade da cultura, das artes, da tradição e da história, da língua, dos contactos empresariais/ económicos bilaterais e do associativismo em geral, prevalecentes na Comunidade ou que pudessem vir a constituir factores novos de abordagem daquelas matérias, sempre a pensar na defesa e promoção dos interesses dos portugueses e luso-americanos da Califórnia, bem como de Portugal. Tais objectivos, eram, uns, então, indicadores de intenção de acção imedita, outros, estruturantes, penso, com projecção no tempo, da acção de um qualquer Cônsul Geral em San Francisco. Nesta base, enumeraria algumas das áreas onde resultados foram mais visíveis e outras que necessitam de maior atenção por parte de todos. A título exemplificativo, ·O nível alcançado de relacionamento e abertura entre o Consulado Geral e a Comunidade no seu todo; ·Os novos patamares alcançados no plano do EP resultantes da instalação de uma coordenação autónoma e própria para a Costa Oeste a partir da Califórnia; a participação, envolvimento e influência do CG neste processo; - Os níveis alcançados de interacção e de parcerias com as universidades em várias áreas de intervenção e conhecimento; o alargamento, reintrodução e/ou reforço próximo de protocolos ou presença do português, em departamentos linguísticos, por exemplo nas Universidades de Santa Bárbara e de Stanford; as iniciativas conjuntas com o Departamento de Estudos Europeus, com o Programa de Estudos Portugueses de Berkeley e o nosso Leitorado ali; ·O envolvimento do CG no reforço da presença e acção da PALCUS na Califórnia; os networks tecnológicos iniciados em 2006; a génese e a concretização dos “mixers” da PALCUS na Califórnia, como consequência; ·A alteração qualitativa, reconhecida na generalidade, introduzida nas Celebrações de Portugal em Junho de cada ano através de uma sua maior abrangência temática, geográfica e social; ·Excelente nível de relacionamento institucional e oficial mantido com as autoridades portuguesas (Lisboa-Ministério dos Negócios Estrangeiros/Açores/Entidades privadas) bem visível no apoio dado aos projectos/propostas submetidos e nos patrocínios recolhidos sobretudo recolhidos nos planos cultural e das artes plásticas; resultados obtidos, como alguém disse, no plano de uma maior e mais forte consciencialização da riqueza própria imensurável

da Comunidade, sem distinções ou discriminações de qualquer ordem, natureza ou origem; ·Finalmente, mas de grande importância a manutenção de um magnífico espírito de working team no conjunto de excelentes funcionários deste CG sem o qual o trabalho do Cônsul Geral seria absolutamente inexistente. Vamos falar de estatísticas. Nestes anos quantos cidadãos portugueses é que se inscreveram no Consulado? Quantos passaportes foram passados e BI’s? No período da minha gestão (2004 a 2009) registaram-se cerca de 3.500 pessoas. O acto de inscrição consular é extremamente simples, não é obrigatório, é gratuito, mas, na generalidade, as pessoas apenas se inscrevem no CG quando necessitam de recorrer ao serviço consular. Campanhas não funcionam, nem neste nem noutros casos (vg, o recenseamento eleitoral). A consciência cívica de cada um deverá ditar o seu modo de acção e comportamento que, no fim, define o todo comunitário considerado. A inscrição consular, para além do seu carácter meramente formal ajuda o Estado e o Governo da República e os Governos Regionais a terem noção mais exacta e aproximada de quantos portugueses ou luso-descendentes existem pelo Mundo. Ajuda para as estatísticas e ajuda para argumentar a favor de políticas cada vez mais fortes e estruturadas viradas para as Comunidades. O exercício de direitos só pode ser reivindicado quando, e se cada um, cumprir com tais obrigações e deveres. De 10/01/04 a 06/30/08 foram praticados, na generalidade, cerca de 45.800 actos consulares. Em 2009, até Junho último, foram executados 4.566 actos consulares.

sendo propriedade do Estado português desde os anos 80, no edifício que tantos conhecem, aqui, em Pacific Heigths, San Francisco, que uma missão técnica do GTPE (Grupo de Trabalho de Gestão do Património) do Departamento Geral de Administração do Ministério dos Negócios Estrangeiros, deslocou-se de Lisboa para avaliar o estado deste importante património que afinal e de todos nós. Tal não deixará de se dever à sensibilidade, interesse e impulso de S. Exª o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. António Braga, por ocasião da sua Visita Oficial à Califórnia, no ano passado, o qual, em reunião de trabalho havida nesta chancelaria, constatou a necessidade de intervenções, no respectivo espaço de trabalho e atendimento aos utentes. Sei que o esboço existente aponta para intervenções faseadas, valor muito substancial, que alterarão e modernizarão por completo o espaço actual. Aguardam-se, para já, decisões superiores sobre eventual adjudicação da fase de projecto para depois se passar à escolha da equipe de construtores, sempre em estrita coordenação com as estruturas em Lisboa e o Cônsul Geral em San Francisco.

O papel de um Cônsul-Geral Quais são as funções de um Cônsul-Geral? As funções de um Cônsul Geral estão determinadas por lei e encontram-se, de resto, consignadas no recente e novo Regulamento Consular, aprovado recentemente em Março último. Cabe-lhe prosseguir e desenvolver os princípios gerais da política externa do Estado em estreita coordenação com a Embaixada de Portugal acreditada no país onde se encontra. É ainda sua função defender e promover os interesses dos nacionais e descendentes portugueses bem como de Portugal na observância da lei interna do Estado onde exerce funções. Tem igualmente competências em matéria de defesa

De 10/01/04 a 06/30/08 foram praticados, na generalidade, cerca de 45.800 actos consulares. Em 2009, até Junho último, foram executados 4.566 actos consulares. Comparativamente, de 2000 a 2003 foram praticados 39.124 actos. Também de 2004 a 2009 (Junho último) foram arrecadados cerca de $1,300.000 em receitas consulares. Ente 2000 e 2003, tais receitas alcançaram aproximadamente os USD500.000. Os números revelam uma tendência de aumento no universo geral da actividade do Posto. Os pedidos de aquisição de nacionalidade portuguesa registaram um aumento sustentado da ordem dos 30%. Comparativamente, de 2000 a 2003 foram praticados 39.124 actos. Também de 2004 a 2009 (Junho último) foram arrecadados cerca de $1,300.000 em receitas consulares. Ente 2000 e 2003, tais receitas alcançaram aproximadamente os USD500.000. Os números revelam uma tendência de aumento no universo geral da actividade do Posto. Os pedidos de aquisição de nacionalidade portuguesa registaram um aumento sustentado da ordem dos 30%.

As tão esperadas obras Qual o futuro das obras no Consulado? Pela primeira vez, penso, desde que as instalações consulares estão localizadas,

e promoção dos valores culturais de Portugal e também no âmbito da coordenação do Ensino do português, área agora tutelada directamente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros/ICA e que se encontra prevista na lei. Para além de tudo isto, e naturalmente, da sua função consular, em sentido estrito, cabe ao Cônsul Geral funções gerais de representação do Estado, interagir e actuar nas áreas económica, empresarial, das dinâmicas que contribuam para o incremento do relacionamento bilateral com Portugal, do conhecimento, da inovação, da ciência e da investigação. Em particular, aqui, na Califórnia, da interacção com o universo das Universidades

visando contribuir para o reforço dos programas existentes, de leitorados, da presença de professores visitantes ou residentes e, de uma maneira geral, para o reforço da presença dos estudos de português e da cultura portuguesa nos respectivos Departamentos de Português e Espanhol. Falei, acima, a propósito de alguns resultados alcançados nesta áreas. Falei dos casos de Santa Bárbara (que não é novo) e de Stanford, que “ressuscita” agora, através da acção deste Consulado Geral em 2008 e com a decisão do IC (Instituto Camões) relativa à instalação de Professor de português no Departamento, num exercício de “recomposição de equilíbrios” de vertentes linguísticas com reforço da “vertente portuguesa ibérica/europeia”. As novas tecnologias ajudaram o Consulado? Por estas e muitas outras razões que poderia adiantar, a manutenção de Consulados Gerais nada tem a ver com a introdução, muito oportuna e adequada, de resto, das novas tecnologias na função e serviço consular, o qual veio agora a beneficiar, aproveito para dizer, com a introdução de um sistema on-line de registo civil (SIRIC). Por exemplo, os registos e assentos de nascimento, casamento e óbito, que antes demoravam meses a ser integrados nas conservatórias, são agora “tratados” electronicamente pelo CG num dia. Por outro lado, veja-se afinal, que a decisão de criar ou decidir acerca da criação de um Consulado Geral num qualquer ponto do Mundo está ela também regulada no novo Regulamento Consular e obedece a critérios objectivos de numa óptica estratégica abrangente de servir os interesses estratégicos externos do Estado. Portugal ainda não compreendeu a importância da California. Porquê? Com os elementos que tenho procurado dar, na medida do possível curtos e pontuais, não posso concordar de todo que exista “cegueira” de Portugal em relação à Califórnia. Os contactos constantes com as tutelas competentes, a disponibilidade sempre encontrada, as visitas oficiais e de trabalho que poderia e que preencheriam longa coluna, quer vindas dos Açores quer de Lisboa, o apoio e patrocínio institucional incansável de departamentos públicos, de instituições e fundações privadas que permitiram lançar e concretizar projectos marcantes, na área da cultura e da inovação e desenvolvimento, o interesse pelas novas tecnologias e o entendimento e compreensão graduais gerados em torno de uma “diáspora tecnológica” de valor notável que honra e prestigiam a presença de Portugal na Califórnia e que deve estimular profissionalmente as novas gerações da nossa comunidade, objectivo que igualmente procurei lançar em 2006, tema que com satisfação vi, há pouco tempo, ser retomado nas páginas deste ilustre jornal, os prémios ganhos por ilustres representantes da Comunidade nos últimos dois anos (Prémio Empreendedorismo/COTEC em 2008 e 2009, distinção de personalidades com a atribuição de graus de ordens honoríficas portuguesas, finalistas nos prémios Talento, etc…etc…), constituem um vastíssimo conjunto de argumentos que me levam a refutar a tese da “cegueira” e

ENTREVISTA apelar para uma maior concentração de esforços da nossa Comunidade em torno de ideias e conceitos modernos que contribuam para uma crescente e sempre mais participante forma de “viver” Portugal e a “portugalidade”, em conjunto e diálogo com o Consulado Geral. Um Consulado Geral unido e próximo à sua Comunidade poder ter uma influência muito grande na promoção defesa e consolidação de valores que conhecemos e partilhamos. Apelo, outrossim, a que esse espírito progrida e se consolide, sem reservas e com dádiva de todos, a bem de todos e a bem, afinal, do Portugal que todos trazem bem dentro do coração. Termino, afinal, agora, depois do que partilho convosco, que o futuro cabe a todos e cada um de nós. O futuro passa sobretudo pela vontade e pelo engenho do homens. Os portugueses e aqueles que se sentem próximos a Portugal, às suas origens primordiais açorianas, são Homens e Mulheres de rija têmpera. Portugal quer conhecer mais e melhor esses Homens e Mulheres. Aperfeiçoamento de canais de contacto e convergência de vontades farão o futuro, estou convicto, de uma história emocionante e longa da presença dos Portugueses na Costa Oeste dos Estados Unidos, que levo comigo e que me transformou e influenciou muito positivamente, humana e profissionalmente.

Durante a sua permanência aqui, houve certas divergências com organizações portuguesas. Houve acções, que talvez não foram bem compreendidas, ou pelas organizações ou pelo Consulado. Que divergências foram essas? Da minha parte não houve divergências nenhumas, pelo contrário. Estando de partida, estive a arrumar papéis, a rever notas e recordo ver já em 2004 quando aqui cheguei, as ideias e objectivos que pensava ter nesta minha permanência na California. Delas nada retiro, nelas continuo a reverme como objectivos gerais. Não divergi, pois cabe ao Cônsul-Geral ter um papel de apaziguador e um papel de diálogo e de

relacionada com a actividade e a presença e com a história da comunidade portuguesa aqui na California. É uma editora que sempre reconheci e sempre divulguei. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi munir-me sempre de livros dessa editora, que me pudessem permitir sempre nas minhas deslocações oficiais e sempre que visitava autoridades do poder local ter essas obras para poder oferecê-las e deixar uma marca de qualidade, o mesmo acontecendo quando visitava Sacramento. Em que situação é que estamos àcerca do network entre a juventude da nossa comunidade?

Todos os Cônsules tem a sua maneira de ser, de fazer política, com diferentes personalidades. Que objectivos é que um Cônsul tem quando chega a California? Um Cônsul quando chega a California vem para aprender, para ver, estudar, avaliar e conhecer com humildade aquilo que é esta realidade. Um Cônsul não chega aqui com ideias pré-concebidas ou com cenários que traga debaixo do braço, muito bem enroladinhos, para exercer as suas funções. O Cônsul-Geral na California é aquilo que ele quiser ser, segundo aquilo que a Comunidade quiser fazer com ele e em termos de resultados o que for possível alcançar. Tudo isto com um espírito de grande humildade, por um lado para prosseguir os objectivos de política externa de Portugal, sempre em coordenação com a Missão Diplomática, a Embaixada de Portugal em Washington e sob a orientação do sr. Embaixador de Portugal, que esse sim, é o representante máximo de Portugal nos Estados Unidos. O cônsul-geral é um elo de ligação entre a comunidade, os poderes e as tutelas devidas na República, é um agente que se desdobra em actividades e funções sempre na promoção dos interesses de Portugal, nas áreas da cultura, economia, investimento, empreendedorismo, ciências, parcerias universitariás, sociais. O Cônsul-geral é tudo isto e muito mais.

zem, como é que podem ser úteis. Organizaram-se dois workshops em Berkeley e recordo-me ver a reportagem que o Tribuna fez sobre o primeiro workshop. Eram quase quarenta jovens, alguns deles já com sucesso assinalável e que hoje conheço bem e estiveram sempre com o Cônsul-Geral sempre que necessário. Esta ideia do network é ampla e foi abrangente. Uma ideia, um conceito, que tem que ser naturalmente continuado. Lembro-me que quando falei em criar pontes em 2006 muitas pessoas olharam para mim sem compeender o que eu queria atingir. Já em 2009 vi num editorial do Tribuna o tema ser bem tratado, àcerca de quem somos e para onde vamos. Fale-nos um pouco do que tem visto no dia de Portugal de Camões e das Comunidades?

O que é que mais apreciou na Comunidade Portuguesa da California? Cinco anos permitem-me dizer que a comunidade portuguesa ou luso-americana na California, é uma comunidade que pode ser considerada um exemplo para outras comunidades no mundo. Não há melhores, nem piores. Existem sim comunidades diferentes, geografias diferentes, problemas diferentes. O que me impressionou fundamentalmente foi a capacidade e riqueza, sobretudo a riqueza de preservar a identidade, de preservar hábitos, a história, a cultura, as tradições, e tudo isto com uma visão do futuro. Uma visão de integração na comunidade de acolhimento com sucesso a todos os níveis. Impressionou-me também a riquza humana das pesssoas, o contacto humano que as pessoas tão genuinamente mostram. Estas características que eu encontrei aqui na California são realmente identificadoras de uma comunidade que veio para ficar. Esta riqueza humana foi também uma auto-defesa, por manterem o seu portuguesismo, a sua fé, no acreditar que é possivel melhorar, longe das suas origens.

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Teresa Sotto-Maior Carvalho e António Alves de Carvalho - apaixonaram-se pela California

abertura constante e jamais ser um factor de divergências. O que é que aconteceu entre o Cônsul e a Portuguese Heritage Publications of California? Nunca houve nenhuma divergências da minha parte. Então como é que se explica que o Cônsul nunca tenha assistido às dez apresentações de livros feitas por esta importante Editora? Por não ter recebido convites algumas vezes e outras vezes poderei não ter podido comparecer, porque nalgumas vezes terão coincidido no tempo circunstâncias que não permitiram a presença do Cônsul Geral a iniciativas da PHPC. Mas existe uma Vice Cônsul que poderia ter assistido…

Foi uma ideia que eu lancei em 2006 quando tentei criar o Ano da Juventude. Até há a ideia de trocarmos impressões sobre aquilo que se fez e aquilo que não se fez. A juventude foi um tema que sempre me interessou muito e em todas as convenções que participei sempre batalhei nessa ideia. Criar condições para uma escola de associativismo de liderança, para podermos trazer a juventude para dentro das instituições, obedecendo e respeitando as diferenças entre gerações. Esse network já está a trabalhar? A ideia consolidou-se. Durante as minhas visitas às comunidades vi muitos jovens em posições de liderança, em sociedades, boards e essa juventude esta lá cada vez mais. Eu penso que o network da juventude ficou. Eu sei que há muita gente a trabalhar nisso e posso falar no nome da Ãngela Simões. A Ângela é o exemplo claro e evidente

Cinco anos permitem-me dizer que a comunidade portuguesa ou luso-americana na California, é uma comunidade que pode ser considerada um exemplo para outras comunidades no mundo Não, assim estamos a entrar completamente noutro campo, haveria que abordar este aspecto um de cada vez. O papel da figura da Vice Cônsul tem outra natureza. Não há condições de um Cônsul-Geral se fazer representar em centenas de eventos, que existem e acontecem na California. Sabemos que temos uma realidade geográfica enorme e por conseguinte só há um Cônsul-Geral. A Vice-Cônsul é tudo o que Cônsul Geral orienta, determina, coordena interiormente no Consulado Geral, mas é mais do que isso, é o autor e o garante do funcionamento da Chancelaria, que é uma das vertentes entre as tais, que se divide entre o Consulado Geral, quando o Cônsul está fora, ou quando está em funções junto da comunidade. Esta editora tem feito um trabalho notável de promoção com a colaboração de grandes nomes não só portugueses mas americanos, universitários, académicos, sobre temática tão diversa, quase toda ela

da pessoa que, sendo jovem é altamente madura e que tem várias responsabilidades aqui na California, e ao nível da PALCUS. Hoje não só temos network de jovens mas existe outra coisa que eu lancei que é este dialogo entre a juventude da comunidade com aquilo que nós chamamos a diáspora tecnológica. A juventude da nossa comunidade tem toda a vantagem de fazer, de realizar e compreender este diálogo. Viver na California tem vantagens extraordinárias e hoje em dia a juventude tem um futuro invejável. Era impensável há vinte ou trinta anos, que hoje em dia haveria tantos jovens nas nossas universidades e em locais chaves nas suas vidas profissionais. Houve uma evolução enorme para esta juventude de hoje, e é facil entender a necessidade de haver pontes entre eles. Este network é importante para sabermos quem é quem, onde estão, o que é que fa-

O 10 de Junho tem sido estatísticamente um sucesso e um sucesso em si mesmo. O meu primeiro 10 de Junho foi em San José, no Kelley Park. O que eu procurei fazer, foi tentar ajudar e dinamizar o conceito de Portugal. Tentar abraçar este grande Estado para sentirem Portugal duma maneira diferente. Há-de reconhecer-se que o Consulado sempre ajudou finaceiramente alguns projectos relacionados com o Dia de Portugal. Sempre tentámos ajudar o mais possível, através de fundações e outras entidades, o que se fazia no 10 de Junho, isto é, simpósios, exposições de arte, espectáculos de ópera, mixers tecnológicos em Stanford e Berkeley. Uma das coisas que mais me satisfez foi precisamente a ajuda que pudemos dar às Comemorações do Dia de Portugal. O que é que se poderia fazer para que os portugueses se inscrevam cada vez mais no Consulado? O acto de inscrição no Consulado é voluntário. Campanhas a favor da inscrição consular não são fáceis de fazer. Isto deve passar pela consciencialização das pessoas e das necessidades que elas tenham de ter direitos defendidos, de reconhecerem as vantagens de estarem inscritas no Consulado. A inscrição é um acto muito simples, é o preenchimento de uma ficha com uma fotografia e os dados básicos de identificação, mais nada e apenas isto. A sensibilização deste problema poderia ser feito através das organizações fraternais, até mesmo da Igreja, das festas tradicionais, no encontro de pessoas amigas. A inscrição está ligada ao interesse específico da pessoa. E quando a pessoa sabe que precisa, vai inscrever-se. Algumas pessoas temiam que ao inscreverem-se no Consulado e pedir a sua nacionalidade poderiam perder a sua cidadania Americana, o que não é verdade. Ninguém perde o que já adquiriu.

Nota do Editor: Dentro de pouco tempo vamos ter um novo Cônsul-Geral e outro ciclo irá começar. Vem de Paris, de uma cidade, embora muito grande, mas que não tem a grandeza e a complexidade da California e dos outros 12 Estados que estão à responsabilidade do Consulado de San Francisco. Continuamos a esperar que Portugal abra mais os olhos no respeitante às suas relações comerciais e tecnológicas com a California, muito em especial depois desta enorme crise económica que afectou o mundo inteiro. O futuro o dirá.

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CONVENÇÃO

15 de Agosto de 2009

Convenção da UPEC

Fotos de José Enes

Next Generation (20/30) Officers. Seated - Secretary Maria Julia Barreiro, President Monique Vallance, Vice-President Katie Woods. Standing: Master of Ceremonies Zachary Batista, Activities Director Jennifer Medeiros, Treasurer David Vallance. A 123ª Convenção Anual do Conselho Supremo da União Portuguesa do Estado da California (UPEC) teve lugar de 1 a 4 de Agosto em Palm Springs, California. O Conselho #43 do Chino foi o responsável por esta histórica Convenção, sendo esta a última Convenção da UPEC antes do começo de actividade da nova Portuguese Fraternal Society of America (PFSA). O programa da Convenção começou na noite de Sábado com a Youth Testimonial e o espectáculo de variedades. No Domingo houve a tradicional Missa, seguida da hora dos visitantes e o Grande Ball à noite. A President’s Reception na Segunda-feira à noite foi muito concorrida, com toda a gente vestindo as melhores recordações dos anos 60’s. Até Sonny Bono apareceu na festa. A nova Supreme President of UPEC, Marie Kelly Barreiro tomou posse na Terça-feira à noite, bem como sua filha Monique Vallance, como “Next Generation (2-30)” President. Também tomou posse Ashley da Silva como State Youth President. Uma Convenção para ser recordada. 2009 U.P.E.C. Scholarship recipients with parents and grandparents at Testimonial.

Past Supreme Presidents and Spouses. SEATED Marie B. Kelly Barreiro, Maria Aldina Silva, PSP Gloria Fresquez, PSP Mary I. Pereira, PSP Mary Medeiros, Maria Medeiros and Rose Rosa. STANDING-PSP Jonine Barreiro, PSP Joe I. Silva, PSP Joe Faria, Louis Fresquez, PSP Natalie Batista, Maria de Conciecão Corvelo, PSP George Corvelo, PSP Gary Dias, PSP Manuel Medeiros, PSP Timothy Borges and PSP Joe P. Rosa.

Family of Supreme President - David Vallance, Monique Vallance, Marie B. Kelly Barreiro, Jonine Barreiro and Maria Julia Barreiro.

CONVENÇÃO

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2009 UPEC Convention Grand March led by Mr. Richard Castro and Isolete Facão-Grácio

UPEC Board of Directors and Spouses. SEATED-Egidio Almeida, Chairman of the Board Joe I. Silva, Joe Pimentel, Secretary of the Board Gary Meyer, Vice-Chair of the Board Gary Dias. STANDING-Isilda Almeida, Lydia Wentz, Maria Aldina Silva, Maria Bertão, Robert Bertão, Maria Alice Meyer, Mary Medeiros, Caron Dias. Justine “Hannah Montana” Navarra at the 2009 Youth Talent show Youth Talent Variety Show with youth from Artesia Youth Council

Supreme Line Officers of UPEC- Seated Assistant Secretary/Treasurer Isolete Facão-Gracio, Supreme President Marie B. Kelly Barreiro, Marshal Katie Woods, STANDING-Guard Anselmo Sousa, Vice-President Edward Braun, Master of Ceremonies Michael Bryant, Secretary/Treasurer Timothy Borges

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COMUNIDADE

15 de Agosto de 2009

Visita da Equipa de Veteranos do Sport Club Barreiros Um Grupo de amigos está a preparar uma Recepção à Equipa de Veteranos do Sport Club Barreiro, que se irá deslocar à California de 17 de Agosto a 7 de Setembro. O Programa é o seguinte: Segunda Feira, 17 de Agosto, às 6:00 horas da tarde, recepção à caravana e suas famílias na Sede da Casa do Benfica, situada ao 1098 E. Santa Clara Street em San José, com copo de água. Sexta Feira, 21 de Agosto, às 7:00 horas da tarde, jantar de sopas e Cozido Regional a moda da Terceira, bebidas e sobremessa, na sede da Banda Portuguesa, situada ao 100 N. 27th Street em San José, seguindo-se entretenimento por Giria da Terra e baile por Artur Azevedo DJ: os Bilhetes para este jantar estão à venda na Casa do Benfica, no Rosa Trade Rite Market, ou ligue para o António Leonardo, 209-824 2950. Sábado, dia 22 de Agosto, jogo às 4:30 da tarde contra os Veteranos do Boavista de Escalon no Escalon High School, situado ao 1528 Yosemite Rd., em Escalon. Às 7:00 jantar de Tri-Tip e acompanhamentos na sede da Azores Band Escalon, situada ao 1432 First Street em Escalon. Para outra informação sobre o jogo ou o jantar, ligue para Luís Coelho, 209-847-6532. Sábado, 29 de Agosto, às 11.30, almoço à caravana e suas famílias oferecido pelos Veteranos do Tulare Angrense na sua Sede, às 5:30 da tarde, jogo contra os veteranos do Tulare Angrense no Mission Oak High School situ-

ado ao 3442 E.Bardsley, Tulare. Após o Jogo, jantar de BBQ de galinha, na Sede do Tulare Angrense situado ao 521 E. Bardsley Ave, em Tulare. Para outra informação sobre o jogo ou o jantar, ligue para o Armando Couto 559 970-7473. Quarta Feira dia 2 de Setembro, às 5:30 da tarde, jogo contra ex-atletas do Barreiro, no Anne Darling School, situado ao 333 N. 33rd Street em San José. Se foi jogador do Sport Club Barreiro e quer participar neste jogo, ligue para o Luís Melo 408-655-0055. Após o jogo, jantar de Alcatra de Cabrito na Casa do Benfica. Sábado, 5 de Setembro às 11:30 da manhã almoço oferecido pelo Grupo de Carnaval na sua Sede, situada ao 1610 Alum Rock Ave. em San Jose, às 4:00 da tarde, jogo com os veteranos da Casa do Benfica, no San Jose High School, situado ao 275 N. 24th Street em San José; às 7:00, jantar de BBQ de galinha e carnes de vaca com acompanhamentos na sede da Casa do Benfica. Após o jantar, música para baile por David Amarante DJ. O Sport Club Barreiro, fará nesse dia uma Homenagem aos seus exDirectores e Jogadores que fizeram parte dos quadros do Barreiro. Como não temos os contactos de todos, pede-se a quem foi Director ou Jogador do Sport Club Barreiro, ou se conhece alguém que o tenha sido, para contactar o Joe Filomeno Dutra 408-639 -5695, para nos dar a informação e assim podermos juntar o maior número possível de elementos que fizeram parte da família do

Barreiro no passado, para que ninguém fique esquecido. Os bilhetes para os jantares já estão à venda. Aproveite esta oportunidade para conviver com alguns dos melhores jogadores que representaram o Sport Club Barreiro. A comunidade está des-

de já convidada a participar nestes eventos. Para além dos nomes e números de telefones acima mencionados, poderá contactar qualquer outro elemento ligado à Comissão da sua área. Contamos consigo.

PATROCINADORES

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COLABORAÇÃO

15 de Agosto de 2009

Sabor Tropical

Elen de Moraes [email protected]

Q

uando se pensava que hoje em dia os serviços dos pombos-correios se restringissem ao passatempo dos seus criadores e das competições de columbofilia, onde milhares de aficionados continuam a fazer deles o seu animal de estimação, eis que a delicada avezinha volta a ser usada com uma engenhosidade de fazer inveja às mentes privilegiadas. Acho que nem Salomão em sua sabedoria, quando mandou espalhar pombais por todo seu Império para saber, rapidamente, o que nele se passava, nem os gregos que tinham aprendido com os caldeus e com os israelitas as vantagens dos pombos mensageiros, tampouco os egípcios, quatro mil anos antes, que já usavam essa ave tão atraente para mandar e receber noticia, poderiam imaginar que esses bichinhos inocentes, em alguma época, seriam colocados a serviço do crime organizado. Pois é, exatamente, o que está acontecendo! Os pombos-correio que foram usados nas duas grandes guerras do planeta e que bem antes, em 1880, em Portugal, constituíram uma rede de apoio aos telégrafos, com a construção em várias cidades, de pombais militares, agora, no inicio do século XXI, aqui no Brasil, estão sendo manipulados pelos “meliantes”, para lhes prestar “apoio logístico” na criminalidade. A bandidagem decidiu aliar à

tecnologia avançada das comunicações – o celular – o milenar e seguro transporte alternativo da noticia: o pombo-correio! Agentes penitenciários desconfiaram da atitude pra lá de suspeita de um pacífico pombinho que estava pousado no fio elétrico que passa sobre a ala destinada aos presos do regime semi-aberto, da penitenciária de Sorocaba - interior do Estado de São Paulo - e resolveram investigá-lo, por notarem que ele tinha algo amarrado ao seu corpo. Atraíram o animalzinho com alimento e usaram uma rede de pesca para capturá-lo. No dia seguinte pegaram outro pombo nas mesmas condições. Ao caíram na armadilha, os bichinhos foram detidos para “averiguação”. Traziam amarradas, em suas costas, pequenas sacolas com peças de celulares desmontados. Os policiais revistaram as celas e não encontraram pombos em poder dos detentos. Mistério! Noutra ocasião, ainda em Sorocaba, policiais “detiveram” outro pombo com um celular dentro de uma “mochila”, também amarrada às suas costas, como no caso anterior, e junto vinha especificado o nome e o numero da cela do preso que deveria receber a “encomenda”. Um “serviço” muito bem organizado! Mas a história com os pomboscorreio não começa aqui: ano passado, uma mulher, ao sair da cadeia de Marília, também em

Ao Sabor do Vento

José Raposo

Pombos-Correios e o crime organizado São Paulo, foi flagrada levando duas pombinhas escondidas numa marmita. As aves tinham pequenos sacos de tecidos amarrados ao seu corpo e a explicação dada, no maior descaramento, foi de que elas serviriam para levar alimentos para os presos, porém a policia desconfia que seriam usadas para o transporte de drogas e celulares. Funcionários do presídio ao notarem que o numero de visitas dos pombinhos às celas se intensificou, decidiram que daquele dia em diante pombos só entrariam no presídio depois de minuciosa revista. Recentemente novo caso de pombo-correio levando celular para o presídio tomou as manchetes dos jornais. Desta vez aconteceu em outro Estado, o Rio Grande do sul. Mais precisamente em Porto Alegre: um pombo que transportava carregador e bateria para celular, foi encontrado por policiais militares, no pátio do 4º Regimento da Policia Montada da brigada Militar. A delicada criatura fora atingida nas duas asas, por tiros de chumbinho, de autoria desconhecida, quando voava, tranquilamente, em direção ao presídio central. Ela foi resgatada e operada no Hospital das Clinicas Veterinárias da Universidade do Rio Grande do Sul e por se tratar de um procedimento cirúrgico delicado, não foi garantida a sua sobrevivência. Tudo indica

que a avezinha foi abatida por algum exímio atirador, de alguma quadrilha rival interessada em “detonar” a concorrência. De acordo com José M. Raposo, grande conhecedor de pomboscorreio por criá-los desde a adolescência, é difícil controlar os criadores clandestinos que nem sempre usam a ave para a prática de esporte e explicou que, ao contrário do que muita gente pensa, o pombo não é capaz de

viajar a diversos pontos. Simplesmente ele volta ao local onde foi criado. Então, se é assim, essa é a pior parte da notícia: os pombos são criados e alimentados pelos presos, lá na penitenciária mesmo, sem que as autoridades tomem conhecimento e o agravante é que, talvez, a farra esteja sendo feita com o dinheiro do contribuinte brasileiro. Era só o que faltava!

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Mas as pombas vão comigo

[email protected]

A

casa não se quer grande Para ser igual ao ninho. Amor em casa pequena Anda mais aconchegadinho.

Era esta quadra muito popular e via-se à entrada de muitas casas pequenas da minha ilha. Quando cheguei a este país minha mulher já havia arrendado um apartamento. Cinco ou seis meses depois compramos um duplex de parceria com minha cunhada e o marido. Dois anos e meio depois vendemo-lo e cada um de nós comprou a sua casa independente. Mais poucos anos passados e compramos uma casa maior, com quintal grande e piscina. Eu costumo dizer que compramos a piscina e a casa veio juntamente. Nos primeiros anos nadava todos os dias quer fizesse sol, chovesse ou ventasse. Depois a febre passou e agora tem havido anos que poucas ou nehumas vezes tenho usado a piscina. Plantei àrvores que dão bons frutos, que os esquilos e os gaios comem ou deitam para o chão a maior parte. São nespereiras, ameixeeiras, groselheiras, pessegueiros, damasqueiros e mais umas quantas outras. Tenho canários, pombas e galinhas e sempre que alguma foge do galinheiro, os cães saltam em cima e temos canja para o jantar. No jardim penso que temos 75 roseiras diferentes. Hortênsias, conteiras, uma até vinda do Brasil. Uma quantidade de ervas medicinais que sempre que minha mãe vem cá trouxe escondidas. A salsa nasce por todos os lados. Couves nem se fala. Tomates, feijão, abóboras e pepinos.

Quem olha a casa pela frente não se apercebe do que está nas trazeiras, mas, ao encarar com o quintal vê logo que ali moram Portugueses. A nossa ideia foi sempre viver nela até ao dia que a vendessemos para comprar uma mais pequena e onde não tivesse-mos que passar os nossos fins de semana a arrancar ervas e levantar folhas. Pensava que isso levaria mais uns anos até que resolvesse fazer essa decisão, porém quando comecei a ter problemas cardíacos disse para comigo: - Vai ser agora. Entretanto, lá me fui arranjando como pude. Quando o quintal precisava de ser cavado ia pegar dois ou três latinos para me ajudarem. Muitas vezes aconteceu isso quando ainda tinhamos a lavandaria. Na hora do almoço minha mulher vinha a casa ou cozinhava para comermos ou comprava a comida já feita num restaurante qualquer das redondezas. Qualquer pessoa que me veio ajudar a cavar o quintal, independente da nacionalidade, cor da pele ou crença religiosa, sentava-se sempre connosco à mesa. Se por acaso eu tinha que sair, as portas ficavam sempre destrancadas para que os trabalhadores pudessem fazer uso do quarto de banho ou abrirem o frigorífco e beberem o que quizessem. Nunca coloquei preço ao seu trabalho. Paguei sempre o que me pediam. Salvo raras excepções, fui sempre bem servido. Algumas vezes, depois de um dia de trabalho muitos deles se banhavam na piscina. Tratei todos como gosto que me tratem. Há poucos dias estava eu a colocar as canecas do lixo na berma da estrada e ao descer a rampa da minha casa para a rua, como as canecas estavam muito cheias e pesadas não me consegui segurar e fui ar-

rastado pela rampa abaixo. Eu pensei para comigo: - Basta! Tenho que dar outro rumo à minha vida. Pedi a minha mulher para começar a procurar casas na internet para a gente comprar uma mais pequena e arrendar a que temos ou vendê-la. Não quero luxos. Eu nasci e vivi uma grande parte da minha vida sem água corrente em casa, tinha todos os dias que ir ao fontenário público de barril às costas para trazer água a fim de encher o talhão de barro de Santa Maria. Não havia quarto de banho e a electricidade era em pó. Enfim vocês sabem como era. A minha saúde agrava-se

por via dos diabetes e quando se junta a fome à vontade de comer, é um problema resistir aos cozinhados da culinária Portuguesa. O coração embora batendo, já não bate como batia. O stress, coisa que antigamente ninguém falava, manifesta-se das mais variadas formas. Em vez de estar gozando a minha piscina, tenho é andado a apanhar sol na careca em paradas e procissões. Tenho-me preocupado mais com os outros do que comigo mesmo. É tempo de fazer mudança. De maneira alguma posso arrancar as àrvores e roseiras que plantei mas as pombas vão comigo.

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Luso-American Education Foundation Cultural Youth Summer Camp em USF Luso-American Education Foundation Cultural Youth Summer Camp em USF Teve lugar nos dias 13 a 17 de Julho, na Universidade de San Francisco (USF), o décimo-segundo Cultural Youth Summer Camp da LAEF com a presença de 24 participantes do norte ao sul da Califórnia, acompanhados por uma equipa com larga experiência educativa, liderada por Joann Malta-Weingard (co-chair), com apoio logístico proporcionado por Joe Resendes (co-chair), Arnold Rodrigues, Mary Jo Rodrigues e Carmen Odom. As actividades de língua portuguesa e culturas lusófonas estiveram a cargo de José Luís da Silva (professor de Português em San Jose High Academy), Francisco Alves (professor de Estudos Sociais em Independence High School, em San Jose) e Lisa Maria Pereira (professora de Inglês e coordenadora de actividades estudantis em San Jose High Academy). Nancy Nunes (professora de Matemática e coordenadora de actividades estudantis numa escola secundária em Tulare) coordenou os quatro mentores ( Lisa Pereira, Steven Resendes, Gary Resendes e Stacy Esteves). O “camp”, que teve como objectivos dar a conhecer o mundo universitário a jovens de escola secundária (do sétimo ao décimoprimeiro anos), ao mesmo tempo que lhes proporcionava conhecimentos e experiências da língua portuguesa e culturas lusófonas, foi uma vez mais um sucesso, graças ao empenho e boa vontade do grupo de trabalho que o organizou e à simpatia, boa disposição e energia dos jovens que nele participaram. O tema central do “camp” deste ano foi a realidade contemporânea em Portugal, Brasil e Estados Unidos, incluindo oportunidades académicas e profissionais. Todos os participantes ficaram acomodados num dormitório de USF - uma universidade jesuíta de grande renome - e tiveram à sua disposição uma ampla e confortável sala de reuniões. As refeições foram servidas no refeitório da universidade, com excepção de um piquenique no Embarcadero Center e um almoço numa pizzeria brasileira. O ponto alto da experiência gastronómica foi um jantar na sala de reuniões que tinha sido confeccionado de forma exímia por Antelmo Faria, chefe executivo do novo restaurante Horatius, em San Francisco. A ementa preparada pelo chefe Faria (salada verde, galinha à piripiri, acompanhada por legumes e puré de batata com queijo de São Jorge), fez as delícias de participantes, adultos e convidados (incluindo duas individualidades de USF). A seguir, Antelmo Faria explicou aos participantes como ele interpreta a nova cozinha portuguesa e falou do seu próprio percurso profissional. As actividades de socialização são sempre muito importantes num evento desse tipo. Entre as muitas acividades sociais, incluiram-se aquelas que aligeiraram as apresentações dos presentes e clarificação das regras do encontro, jogos de sueca, noite de

cinema, etc. Elaine Almeida ensinou todos os jovens a dançar o folclore português numa sessão muito animada em que os participantes foram capazes, no final da noite, de apresentar um número do nosso folclore. Noutra sessão, Mestre Chris apresentou aos participantes os movimentos essenciais da capoeira, forma artística de uma arte marcial brasileira, conseguindo que os adolescentes se movimentassem a rigor e aprendessem os cânticos tradicionais. Um painel composto pelos mentores, debruçou-se sobre a experiência universitária, ao longo de três reuniões que focaram a adaptação à vida universitária, incluindo aos dormitórios e colegas de quarto, como decidir o curso universitário e escolher aulas, e como obter ajuda financeira. Um painel de enorme importância no “camp” foi aquele que analizou as oportunidades profissionais para quem tem curso universitário. Esse painel, composto por jovens profissionais da Califónia e Portugal, falou das vantagens em ter um curso universitário, da realidade no mundo de trabalho no mundo global em que vivemos, especificando as vantagens em saber a língua portuguesa. Entre os jovens profissionais, encontravam-se duas figuras bastante conhecidas na nossa comunidade: Angela Costa Simões e Miguel Ávila, filho do proprietário da Tribuna Portuguesa e responsável pela secção do jornal em inglês. Seguiu-se uma sessão sobre como apresentar-se num ambiente profissional, incluindo maneira de vestir-se, falar e linguagem gestual. Noutra ocasião, o Dr. Manuel Bettencourt falou do seu percurso pessoal e profissional e incentivou os jovens a irem o mais longe possível na sua educação universitária. As actividades linguístico-culturais incluiram a aprendizagem de formas de cortesia, vocabulário, e como escrever um bilhete pos-

tal em português. Muito apreciada pelos participantes foi a aprendizagem de canções tradicionais portuguesas, utilizando o sistema de karaoke, terminando com um concurso de interpretação de canções em que os jovens cantaram e coreografaram as melodias, recebendo, no final, prémios pelo seu talento e entusiasmo. A realidade contemporânea do mundo lusófono foi um aspecto vincado no “camp”. Francisco Alves apresentou uma sessão intitulada “Estereótipos vs.Realidade” visando analizar as perspectivas dos jovens quanto a atitudes sobre a comunidade luso-americana e Portugal. Lisa Pereira debruçou-se sobre a realidade do Brasil contemporâneo. Nelson Ponta-Garça falou sobre a música contemporânea portuguesa, desafiando os jovens a conhecerem aquilo que de melhor se faz na área da música em Portugal. Qualquer evento em São Francisco não pode escapar aos encantos e vivacidade da cidade. Durante a semana, o grupo fez várias visitas, começando por uma volta pelo bonito campus de USF onde se encontra uma belíssima e grandiosa igreja. Noutro dia, os

participantes visitaram o distrito de negócios de San Francisco, terminando com uma visita guiada ao Federal Reserve Bank onde puderam observar o “armazém” que guarda milhões de dólares, além de verem a maior colecção de notas emitidas neste país. Seguiu-se um passeio por Chinatown onde visitaram o estúdio do artista gráfico luso-americano de grande renome John Mattos que, simpaticamente, falou aos jovens do seu trabalho e trajecto profissional. No penúltimo dia do “camp” houve um passeio à ponte Golden Gate (que os jovens atravessaram a pé na sua totalidade) e ao museu de Marin Headlands onde se encontra uma secção sobre a presen¬ça portuguesa naquele condado. No último dia, depois de arrumarem quartos e bagagem, os participantes despediram-se uns dos outros e dos adultos que os guiaram, depois de receberem, em ambiente de camaradagem e boa disposição, certificados alusivos à sua participação no evento. Esta iniciativa que a Luso-American Education Foundation vem fazendo ao longo de vários anos, com uma equipa de profissionais de educação que trabalha gratui-

ta e arduamente para que se torne realidade, é um exemplo do que se pode fazer em prol dos nossos jovens, visando estabelecer uma ponte entre o nosso passado comunitário e aquilo que gostaríamos de ver no futuro: uma comunidade moderna, educada, adaptada às novas realidades e que se interesse pela nossa língua e cultura, renovando-se neste mundo globalizado em actividades e atitudes que possam manter o interesse por aquilo que nos une . O Summer Camp está sempre aberto a qualquer jovem que queira participar. Várias organizações e entidades têm colaborado para que esse evento se possa realizar. Será nesse espírito de união que o próximo “camp” se realizará numa universidade a designar. É uma oportunidade a não perder por parte dos nossos jovens que todos queremos ver realizados e produtivos no futuro.

José Luís da Silva

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DESPORTO

15 de Agosto de 2009

Liga Sagres 2009/2010 CALENDÁRIO A Liga 2009/10 arranca no fim-de-semana de 16 de Agosto. F.C. Porto e Sporting começam fora de casa (em P. Ferreira e na Choupana, respectivamente), enquanto o Benfica recebe o Marítimo. O primeiro clássico está reservado para a sexta jornada (27 de Setembro), no Dragão, onde o F.C. Porto recebe o Sporting. Segue-se o derby de Lisboa, em Alvalade, à 11ª jornada (29 de Novembro), e à 14ª jornada (20 de Dezembro) é a vez da Luz receber um clássico, com o F.C. Porto. A segunda volta da Liga 2009/10 carrega aquele que será à partida o encontro mais escaldante: dia 2 de Maio, à 29ª jornada, o F.C. Porto recebe o Benfica. O Estádio do Dragão recebe um clássico que pode ser decisivo para as contas do título, à penúltima jornada. Os clássicos da segunda volta realizam-se todos nas dez últimas jornadas. O Sporting recebe o F.C. Porto à 21ª volta, dia 28 de Fevereiro, e desloca-se à Luz à 26ª jornada, dia 11 de Abril. De resto, a Liga encerra com o Benfica a jogar em casa, enquanto F.C. Porto e Sporting se despedem do campeonato fora de portas.

7ª Jornada, 04 Outubro: Sp. Braga-Vitória de Setúbal Académica-Marítimo Sporting-Belenenses Olhanense-F.C. Porto Leixões-U. Leiria Naval-Rio Ave Nacional-V. Guimarães P. Ferreira-Benfica

8ª Jornada, 25 Outubro: V. Guimarães-Sporting V. Setúbal-Leixões Benfica-Nacional U. Leiria-Naval F.C. Porto-Académica Belenenses-Olhanense Marítimo-P. Ferreira Rio Ave-Sp. Braga

9ª Jornada, 01 Novembro:

1ª Jornada, 16 Agosto:

Sp. Braga-Benfica Académica-V. Guimarães Sporting-Marítimo Olhanense-Rio Ave F.C. Porto-Belenenses Naval-Leixões Nacional-V. Setúbal P. Ferreira-U. Leiria

2ª Jornada, 23 Agosto:

V.Guimarães-Sp.Braga V.Setúbal-Olhanense Benfica-Naval U. Leiria-Académica Leixões-Nacional Belenenses-P. Ferreira Marítimo-F.C. Porto Rio Ave-Sporting

Sp. Braga-Académica V. Setúbal-V. Guimarães Benfica-Marítimo U. Leiria-Rio Ave Leixões-Belenenses Naval-Olhanense Nacional-Sporting P. Ferreira-F.C. Porto

V. Guimarães-Benfica Académica-P. Ferreira Sporting-Sp. Braga Olhanense-U. Leiria F.C. Porto-Nacional Belenenses-Naval Marítimo-Leixões Rio Ave-V. Setúbal

10ª Jornada, 08 Novembro:

11ª Jornada, 29 Novembro:

16ª Jornada, 17 Janeiro 2010: Académica-Sp. Braga V. Guimarães-V. Setúbal Marítimo-Benfica Rio Ave-U. Leiria Belenenses-Leixões Olhanense-Naval Sporting-Nacional F.C. Porto-P. Ferreira

17ª Jornada, 31 Janeiro: Benfica-V. Guimarães P. Ferreira-Académica Sp. Braga-Sporting U. Leiria-Olhanense Nacional-F.C. Porto Naval-Belenenses Leixões-Marítimo V. Setúbal-Rio Ave

18ª Jornada, 07 Fevereiro: Belenenses-Sp. Braga Sporting-Académica V. Setúbal-Benfica Marítimo-U. Leiria Rio Ave-Leixões F.C. Porto-Naval Olhanense-Nacional V. Guimarães-P. Ferreira

19ª Jornada, 14 Fevereiro: Naval-V. Guimarães U. Leiria-V. Setúbal P. Ferreira-Sporting Académica-Olhanense Leixões-F.C. Porto Benfica-Belenenses Sp. Braga-Marítimo Nacional-Rio Ave

20ª Jornada, 21 Fevereiro:

3ª Jornada, 30 Agosto:

Sp. Braga-U. Leiria Académica-V. Setúbal Sporting-Benfica Olhanense-V. Guimarães F.C. Porto-Rio Ave Belenenses-Marítimo Nacional-Naval P. Ferreira-Leixões

21ª Jornada, 28 Fevereiro:

4ª Jornada, 13 Setembro:

12ª Jornada, 06 Dez: V. Guimarães-F.C. Porto Leixões-Sp. Braga V. Setúbal-Sporting U. Leiria-Nacional Naval-P. Ferreira Marítimo-Olhanense Rio Ave-Belenenses Benfica-Académica

13ª Jornada, 13 Dezembro:

22ª Jornada, 07 Março:

Sp. Braga-Belenenses Académica-Sporting Benfica-V. Setúbal U. Leiria-Marítimo Leixões-Rio Ave Naval-F.C. Porto Nacional-Olhanense P. Ferreira-V. Guimarães

V. Guimarães-Naval V. Setúbal-U. Leiria Sporting-P. Ferreira Olhanense-Académica F.C. Porto-Leixões Belenenses-Benfica Marítimo-Sp. Braga Rio Ave-Nacional

5ª Jornada, 20 Setembro: Sp. Braga-F.C. Porto Académica-Belenenses Sporting-Olhanense U. Leiria-Benfica Leixões-V. Guimarães Naval-V. Setúbal Nacional-Marítimo P. Ferreira-Rio Ave

6ª Jornada, 27 Setembro: V. Guimarães-U. Leiria V. Setúbal-P. Ferreira Benfica-Leixões Olhanense-Sp. Braga F.C. Porto-Sporting Belenenses-Nacional Marítimo-Naval Rio Ave-Académica

Sporting-U. Leiria Sp. Braga-Naval Académica-Leixões Belenenses-V. Guimarães Olhanense-Benfica Marítimo-Rio Ave F.C. Porto-V. Setúbal P. Ferreira-Nacional

14ª Jornada, 20 Dezembro: V. Guimarães-Rio Ave V. Setúbal-Marítimo Benfica-F.C. Porto U. Leiria-Belenenses Leixões-Olhanense Naval-Sporting Nacional-Académica P. Ferreira-Sp. Braga

15ª Jornada, 10 Fevereiro: Sp. Braga-Nacional Académica-Naval Sporting-Leixões Olhanense-P. Ferreira F.C. Porto-U. Leiria Belenenses-V. Setúbal Marítimo-V. Guimarães Rio Ave-Benfica

F.C. Porto-Sp. Braga Belenenses-Académica Olhanense-Sporting Benfica-U. Leiria V. Guimarães-Leixões V. Setúbal-Naval Marítimo-Nacional Rio Ave-P. Ferreira

U. Leiria-V. Guimarães P. Ferreira-V. Setúbal Leixões-Benfica Sp. Braga-Olhanense Sporting-F.C. Porto Nacional-Belenenses Naval-Marítimo Académica-Rio Ave

V. Setúbal-Sp. Braga Marítimo-Académica Belenenses-Sporting F.C. Porto-Olhanense U. Leiria-Leixões Rio Ave-Naval V. Guimarães-Nacional Benfica-P. Ferreira

23ª Jornada, 14 Março: Sporting-V. Guimarães Leixões-V. Setúbal Nacional-Benfica Naval-U. Leiria

Académica-F.C. Porto Olhanense-Belenenses P. Ferreira-Marítimo Sp. Braga-Rio Ave

24ª Jornada, 28 Março: Benfica-Sp. Braga V. Guimarães-Académica Marítimo-Sporting Rio Ave-Olhanense Belenenses-F.C. Porto Leixões-Naval V. Setúbal-Nacional U. Leiria-P. Ferreira

25ª Jornada, 03 Abril: Sp. Braga-V. Guimarães Olhanense-V. Setúbal Naval-Benfica Académica-U. Leiria Nacional-Leixões P. Ferreira-Belenenses F.C. Porto-Marítimo Sporting-Rio Ave

26ª Jornada, 11 Abril: U. Leiria-Sp. Braga V. Setúbal-Académica Benfica-Sporting V. Guimarães-Olhanense Rio Ave-F.C. Porto Marítimo-Belenenses Naval-Nacional Leixões-P. Ferreira

27 ª Jornada, 18 Abril: F.C. Porto-V. Guimarães Sporting-V. Setúbal Académica-Benfica Nacional-U. Leiria Sp. Braga-Leixões P. Ferreira-Naval Olhanense-Marítimo Belenenses-Rio Ave

28ª Jornada, 25 Abril: Naval-Sp. Braga Leixões-Académica U. Leiria-Sporting Benfica-Olhanense V. Setúbal-F.C. Porto V. Guimarães-Belenenses Rio Ave-Marítimo Nacional-P. Ferreira

29ª Jornada, 02 Maio: Rio Ave-V. Guimarães Marítimo-V. Setúbal F.C. Porto-Benfica Belenenses-U. Leiria Olhanense-Leixões Sporting-Naval Académica-Nacional Sp. Braga-P. Ferreira

30ª Jornada, 09 Maio: Nacional-S. Braga Naval-Académica Leixões-Sporting P. Ferreira-Olhanense U. Leiria-F.C. Porto V. Setúbal-Belenenses V. Guimarães-Marítimo Benfica-Rio Ave

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TAUROMAQUIA

15 de Agosto de 2009

A segunda parte

valeu a viagem a Laton Praça de Laton

Festa de Santo António 3 de Agosto de 2009 Cavaleiros - Paulo Ferreira e Miguel Duarte Forcados de Turlock e do Aposento de Turlock Toiros de Joe Pacheco (3) e Açoriana (3) Banda de Tulare Director - José Sózinho Curro muito igual, médio alto de peso e trapio. Melhores toiros - 4º e 5º da Açoriana. Os três primeiros toiros da corrida eram de Joe Pacheco. Luz imprópria para uma corrida de toiros Casa cheia A Lua ia alta, mas um tanto pálida, porque na Terra havia um cavaleiro que iria brilhar na Praça de Laton, onde a luz é madrasta e pouco ilumina. Paulo Ferreira mostrou a todos aqueles que ainda tinham dúvidas, que é um cavaleiro de cinco estrelas, não só dentro da arena, mas como treinador de cavalos. Uma noite brilhante para este jovem de Vila Franca de Xira. No seu primeiro toiro, negro bragado, cravou o primeiro de castigo e bem o seu segundo, citando de meia praça, mas o terceiro foi a cilhas passadas. Mudou de cavalo para os curtos. Esteve bem nos curtos, muito embora o toiro não estivesse à altura do cavaleiro. Actuação positiva de Paulo Ferreira. Pega muito boa e segura de Jason McDonald, do Grupo de Turlock, bem ajudada por tudo o grupo. O segundo toiro, saro, manso, não deu nem podia dar qualquer hipótese ao Miguel Duarte. Toiro muito distraído, sem prestar atenção ao cavaleiro. Foi um passar de tempo com cravações possíveis, mas nem sempre desejáveis e alguns toques. Com toiros deste calibre deveria haver uma maneira de os meter dentro mais cedo, porque não beneficiam ninguém nem o ganadero, nem o artista, nem o público. O Director deu música neste toiro, o que é uma coisa impensável. Houve duas tentativas de pegas pelo Grupo do Aposento de Turlock, mas o toiro “queria era sangue”. Derrotava muito alto. Fez muito bem o Director mandar para dentro este toiro que nem para a pega prestou. No terceiro da noite, saro, bragado e último de Joe Pacheco, toiro que se prestou bem à actuação de Paulo Ferreira, com o senão de não carregar depois da cravação, o que é um mau sinal. Nos compridos houve dois ferros onde o cavaleiro não parou para citar, embora cravasse bem. Este pormenor é de rever. Não se deve rejonear quando podemos e devemos tourear. Paulo esteve bem e deve ter sentido que poderia ter uma noite de triunfo, pois, quer os cavalos, quer os toiros que lhe iam saindo, correspondiam ao seu estilo de toureio. Boa pega de Michael Lopes, do Grupo de Turlock.

A 2ª parte valeu a viagem O quarto toiro para Miguel Duarte, era negro bragado, bonito. No começo houve muitas voltas à praça para poder pôr o toiro em sorte. Estas voltas à praça tem de ser melhor compreendidas pelos cavaleiros. Se o toiro não se descola do cavalo, é para isso que existem peões de brega. Não devemos perder tempo a dar

Quarto Tércio

José Ávila [email protected]

Tiro o meu chapéu ao Paulo

Ferreira pela excelente noite de toureio na Praça de Laton, perante toiros de Joe Pacheco e Açoriana.

Dois chapéus ao alto porque,

Paulo Ferreira, uma grande noite de toureio

voltas à praça, que nada adiantam ao toureio. O seu primeiro comprido bateu no velcro e caíu no chão. Miguel teve uma boa tira e boa cravação no seu segundo. No seu terceiro, citou de longe, e cravou bem. Nos curtos esteve muito bem com o

toda a gente de Laton e arredores. Os curtos foram em crescendo, acabando com um bom violino. A noite era toda de Paulo Ferreira. Uma noite para recordar. A pega de Donaldo Costa foi oferecida ao seu antigo grupo, o do Aposento de Turlock. Gesto bonito.

pela primeira vez na minha vida assisti através da Internet a duas corridas de toiros ao mesmo tempo, graças à TVI (Corrida do Emigrante, Campo Pequeno) e Via Oceânica (Corrida das Festas da Praia da Vitoria, Monumental de Angra). Só foi pena algumas locutoras da TVI não saberem o que dizem. Uma delas perguntou a uma senhora que vive em França: ”A senhora anda lá lutar pela vida, não e?”. Possívelmente em Portugal anda-se a lutar contra a morte. Estes jovens locutoras/es precisavam mesmo era de uma boa ensaboadela. Qualquer dia temos mesmo que fazer uma homenagem a este bandarilheiro. Mário Teixeira merece tudo o que se possa fazer. É preciso começar a pensar nisso.

Miguel Duarte - actuação positiva na segunda parte toiro a corresponder também. Actuação positiva de Miguel Duarte. Só precisa ter mais cuidado com os toques. Foi pena o meu amigo Carlos Diniz ter-se ido embora ao terceiro toiro, pois perdeu uma segunda parte muito boa. Nunca se deve abandonar uma corrida quando há duas ganadarias em jogo, porque, se a primeira parte corre mal, há sempre a possibilidade da outra ganadaria fazer melhor e salvar a corrida. Foi pena que as pegas de Michael Menezes não tivessem sido concretizadas a 100 %. Na primeira tentativa, boa pega, o toiro derrotou alto e o Michael aguentou-se na córnea. Infelizmente o grupo não consegiu travar o toiro. Na segunda tentativa o Michael não consegiu embarbelar e o primeiro ajuda deitou-o fora. Na terceira tentativa, mais carregada, o toiro baixou muito a cabeça e os dois forcados ficaram muito para a frente e toiro derrotou-os fácilmente. O Director e bem, mandou o toiro para dentro. Azar dos jovens do Aposento de Turlock.

A Noite de Paulo Ferreira E veio o quinto (dizem que não há quinto mau) da Açoriana para confirmar o bom momento de Paulo Ferreira. Toiro saro bragado, nobre, bravo, que deu todas as possibildades para Paulo Ferreira brilhar. Quer nos compridos, com especial referência para o primeiro e terceiro, quer nos curtos, Paulo deu vantagem ao toiro, bregou bem e entusiasmou

Pega muito boa, mas houve uma altura, quando o toiro se desviou do grupo, que foi preciso Donaldo se empenhar muito bem para se manter na cabeça do toiro. O grupo fechou-se bem. Foi um bom treino para as corridas em Porugal, no dia 20 no Campo Pequeno e a 26 em Albufeira. O sexto toiro da Açoriana, saro bragado, baixel de cornamenta, não foi tanto bom como o quarto e quinto, mas deu o seu jogo e foi muito prestável para Miguel Duarte. Este cavaleiro esteve relativamente bem, muito embora não tivesse redondeado as suas lides. Aqueles toques, aquelas voltas à praca, são para prestar atenção em futuras corridas. Houve ferros bons, em especial o primeiro e segundo curtos. Para finalizar a lide tentou um par, mas um caíu-lhe no chão depois de ter batido noutro já cravado. Uma nota final sobre o Miguel - aquele colarinho aberto, fica mal. Pode ser moda, mas não gosto nada. Fernando Machado “Junior” fez uma bela pega. Aguentou-se imenso na cara do toiro mas o grupo não consegiu aguentar o toiro. Segunda tentativa, com outra grande pega do Junior, com este a sofrer imensos derrotes e o grupo a demorar a fechar. Já com o toiro rodeado de todos os forcados e parado, de repente escapuliu-se e o Director mandou o toiro para dentro. Todos os grupos tem a sua noite negra e este dia também chegou aos do Aposento de Turlock. Melhores dias virão. Ao Director - cuidado com a música. A praça de toiros não é um Coreto.

Pega de Jason McDonald ao primeiro toiro da noite

Pega de Michael Lopes no terceiro toiro

Pega de Fernando Machado Junior, depois não consumada

COLABORAÇÃO

À

minha volta os meus amigos falam animadamente mas eu não estou prestando atenção. Observo as pessoas mais perto de mim, falam baixinho e olham furtivamente uns para os outros e para o pessoal composto pelos demais que não pertencem à sua mesa. Procuro o pastor — todos os rebanhos necessitam de um, penso. Ouço palavras soltas. A garrafa de vinho é passada à volta da mesa. Quando chega a minha vez, não me faço rogada. Alguém pede logo outra. A conversa continua salpicada. “Fados. Cruzeiros. Açores. Paposecos. Fulano. Sicrano.” O Clube, sabe-se bem, não é o lugar indicado para grandes discussões ou conversas sérias. Às vezes sinto saudades das grandes declamações e tiradas dos tempos universitários. Mas essas aconteciam sempre entre um pequeno grupo de amigos íntimos num espaço mais minúsculo ainda e num ambiente imparcial e sem preconceitos. Éramos todos tão jovens quando entrámos para o Clube. Alguns recém-casados, como nós, outros bem-casados e outros bem mal-casados. Mas todos casados. Não há lugar para solteiros e muito menos para solteiras neste clube. Mal conhecia estas pessoas antes do Clube, mas tenho a certeza que, noutras circunstancias, os meus amigos seriam outros. Olho para mim e para as minhas amigas; os maridos todos de camisas engomadas, gravata de seda e sapatos bem engraxados. Nós quase todas temos o mesmo penteado, saias curtas, saltos altos, maquilhagem e unhas pintadas. De repente sinto o desconforto desta roupa — ovelha com necessidade de uma boa tosquia. Há pessoas que estão no Clube como se estivessem em sua casa: descontraidos e à vontade. Eu não tenho essa sorte. Quando entro no salão, sinto sempre um certo temor e uma certa reverência e respeito por todos os que já lá estão presentes. Suspeito sempre ver olhares desdenhosos e sorrisos disfarçados. Uma vez dentro e

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bem instalada a uma mesa na companhia dos meus amigos, relaxo e preparo-me então para ser eu agora a admirar os que vão entrando. O Clube é o arraial de antigamente. O lugar ideal para olhar sem incomodar ninguém e até para namorar abertamente às escondidas. Olho para a mesa ao meu lado. A mesa que dois grandes amigos sempre ocupavam mas já não ocupam. Eram ambos, sem dúvida, ovelhas perdidas deste rebanho, mas disfarçadas. Tentavam aderir às convenções sociais mas o olhar, às vezes mordaz ou então distante traia-os. Um ano lembraram-se de nos ensinar uma lição e morreram. Que pena, um grande sacrifício e não aprendemos nada. Olho de novo à minha volta. Já não vejo os meus amigos. Vejo sim os pais dos meus amigos nos tempos em que eram eles que pertenciam ao Clube. Sinto-me atordoada; decerto é o vinho. Não, não é uma miragem! Surpreendida vejo que essas caras, esses corpos de cinquenta e sessenta anos, não são os deles, são os nossos! Felizmente a aparição desvaneceu-se tão bruscamente como aparecera. De novo vejo os meus amigos com os olhos do sonho, da poesia — da juventude. Quando nos juntamos seremos sempre os filhos dos nossos pais e não os pais dos nossos filhos. Aliviada, sinto que o meu mundo e a realidade se reconciliaram. Acalmo-me. Sinto os olhos molhados. Pertenço, faço parte, sou sócia, do passado, presente e futuro do Clube. Enternecida, levantome e abraço os meus amigos, um a um. Olham para mim e sorriem, a sua ovelha perdida, mais uma vez regressara. De súbito, todos se calam e olham na direcção da porta. Reparo e vejo que o pastor do rebanho acaba de entrar. Alegro-me, para mim ele será sempre o homem jovem e belo das minhas memórias. Pastor ou ovelha perdida, rebanho ou clube, às vezes é difícil discernir, e o baile principia. Afinal a lição não foi em vão queridos e saudosos amigos.

Gabriel Garcia Marquez (continuação da página 10) Nesta biografia, Martin, um dos intelectuais que melhor conhece a obra de Marquez, dá-nos um relato fascinante sobre o romancista internacional mais popular dos últimos 50 anos. Do jornalista Richard Wolfe, Renegade— The Making of a President. Um livro baseado em entrevistas e reportagens com o Presidente Barack Obama. Ao longo de 338 páginas ficamos sentados na primeira fila e podemos viver o percurso extraordinário entre o momento em que Barack Obama anunciou a sua candidatura à nomeação do Partido Democrático para a Presidência dos EUA e o dia em que foi empossado presidente deste grande país. Estamos perante o verdadeiro sonho americano. De Jonathan Alter, outro distinto jornalista ligado à revista Newsweek, The Defining Moment, FRS’s Hundred Days and the Triumph of Hope. Um livro que conta os primeiros cem dias de uma das administrações americanas mais marcan-

tes de sempre e, seguramente, a mais marcante do século XX, a administração de Franklin Roosevelt. Um livro empolgante que vai além da análise política e com o qual ficamos a conhecer muito melhor a idiossincrasia de Roosevelt e de alguns dos seus mais respeitados aliados. Com este livro fica-se a conhecer muito melhor a história dos EUA. Finalmente um livro que há 3 anos anda na lista para ser lido, War by Candelight (em português algo como—Guerra à luz da Candeia) por um escritor novo, Daniel Alarcon. São um conjunto de narrativas que se interligam. São textos que começam

inocentemente e que acabam sendo, verdadeiramente explosivos. Foram estas as minhas companhias num verão que está a acabar, pelo menos em termos de leituras contínuas e assíduas, já que com o sair desta edição do Tribuna Portuguesa, a 15 de Agosto, começam as aulas na escola secundária e no community college onde tenho o privilégio de leccionar. Mas querendo os deuses e a organização necessária para conjugar a carga que vem com o ano lectivo, em termos de aulas e de serviço à comunidade, é possível que aqui e ali hajam uns momentos de leitura e reflexão.

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ARTES & LETRAS

15 de Agosto de 2009

No mais profundo das águas, de Norberto Avila

Victor Rui Dores

N

ão é impunemente que se é dramaturgo, tradutor, poeta e romancista. Observador infatigável dotado de discernimento crítico, a viver em permanente desassossego criativo, Norberto Ávila reinventa uma contínua e continuada necessidade de expressão literária, escrevendo com mestria narrativa e imaginação verbal. É conhecido o seu intenso e obstinado trabalho oficinal, ele que é autor do apuro formal, da exigência estética, da preocupação estilística. Há, efectivamente, uma qualidade literária que escreve Norberto Ávila, qualidade literária essa que perpassa toda a sua obra dramatúrgica, que inclui 29 títulos e traduções em 16 idiomas. Aliás, as suas peças são elas próprias um belíssimo exercício literário. Embora um texto teatral tenha como objectivo maior a sua representação, o que é facto é que cada peça de Norberto Ávila se lê com o mesmo prazer com que se lê um romance. Estamos perante uma escrita requintada, engenhosa e eivada de uma fina ironia, apanágio de quem escreve comédias de enganos e sátiras sócio políticas… Norberto Ávila domina a carpintaria literária tão bem como o faz com a carpintaria teatral. Os seus romances Frente à Cortina de Enganos e A Paixão Segundo João Mateus são precisamente a transposição de uma linguagem dramatúrgica para um discurso de ficção narrativa. Isto é, o autor transformou duas peças de teatro em dois romances, ainda inéditos. De um escritor diz-se sempre que o seu melhor livro é aquele que ainda não escreveu. Até ver, No Mais Profundo das Águas (Salamandra, 1998), que aquando da sua publicação passou completamente despercebido entre nós, é o melhor romance de Norberto Ávila. Através de um narrador omnipresente e omnisciente, esta obra lança olhares sobre o poeta filósofo Antero Tarquínio de Quental e à Geração de 70, e é, por assim dizer, uma viagem histórica, social e cultural pelo século XIX português e europeu. Acima de tudo, o livro traça um retrato profundamente humano de Antero, esse “génio que era um santo”, no dizer de Eça de Queiroz. Não se trata, porém, de uma biografia romanceada, já que Norberto Ávila renunciou à cronologia, optando por bem conseguidas elipses e analepses (digo, “flashbacks”), o que empresta a este livro grandes potencialidades cinematográficas. Estamos na presença de uma biografia literária, um relato minucioso da época de Antero, da sua vida nas ilhas, em Portugal e no estrangeiro, bem como das personali-

Apenas Duas Palavras

Uma vida de cena

Diniz Borges

Norberto Ávila nasceu em 1936 em Angra do Heroísmo. De 63 a 65 frequentou em Paris a Universidade do Teatro das Nações. Foi fundador e director da revista “Teatro em Movimento” e, entre 74 e 78, chefiou a Divisão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura. Em 1960, a segunda das suas peças, “O Homem que Caminhava sobre as Ondas”, foi representada em Évora, por um grupo amador. Desde então nunca mais abandonou a cena: ao todo escreveu 27 peças, para companhias como o Teatro Experimental do Porto, Teatro de Portalegre, Teatro da Trindade, Teatro Experimental de Cascais e Teatro Animação de Setúbal. A estreia no teatro profissional foi em 1962, com “O Servidor da Humanidade”, no Teatro Popular de Lisboa. Em 65 passou à estreia internacional, em Paris, com “A Ilha do Rei Sono” - e é hoje o dramaturgo português mais representado internacionalmente. A sua peça “As Histórias de Hakim”, que teve grande êxito em Portugal logo na estreia no Monumental de Lisboa em 69, conquistou depois os palcos do mundo: Alemanha, Áustria, Coreia do Sul, Croácia, Eslovénia, Espanha, Holanda, República Checa, Roménia, Servia e Suiça. Faz também parte duma colecção alemã em que se integram obras dos maiores dramaturgos universais, de Shakespeare a Fassbinder, passando por Molière e Strindberg. De sublinhar que em 1975 a SPA, no concurso comemorativo do seu 50º aniversário, atribuiu o 1º Prémio à sua peça “As Cadeiras Celestes” (a obra continua por representar, o que não a impediu de ser estudada, por exemplo, na Universidade de Hamburgo). Norberto Ávila é também tradutor. Uma vida muito orientada pelas luzes do palco. In Sociedade Portuguesa de Autores

[email protected]

dades com quem conviveu, havendo a destacar a íntima amizade que manteve com o historiador Oliveira Martins. Ao ler este livro entramos na intimidade de “figuras de alto coturno” e que, de igual modo, ajudaram a construir o século XIX português: Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro, João de Deus, Batalha Reis, Germano Meireles, Alberto Sampaio, Teófilo Braga, José Fontana, Bulhão Pato, Adolfo Coelho (o primeiro português a ter a coragem de preconizar a separação do Estado e da Igreja), Salomão Sáragga, entre tantos

Norberto Ávila com Luisa Costa na Escola Secundária Vitorino Nemésio na Praia da Vitória.

outros nomes que questionaram Portugal e entreviram a direcção definitiva do pensamento europeu. Aqui também se evocam e convocam nomes como Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Bordalo Pinheiro, Columbano, António Feliciano de Castilho, Joaquim de Vasconcelos, Carolina Michaelis. E aqui se recordam autores estrangeiros indissociáveis da Geração de 70: Flaubert, Proudhon, Victor Hugo, entre outros. Há também figuras obscurantistas, gente conservadora da tradição e do passado: Basílio de Sousa Pinto, o tenebroso rei-

tor da Universidade de Coimbra, “inimigo de estimação” de Antero; o marquês Ávila e Bolama, que assinou a portaria que mandava encerrar definitivamente as Conferências Democráticas… Mas, ainda e sempre, é a figura de Antero que prevalece, um homem que, durante os 49 anos que viveu, ousou sonhar uma nova forma de sociedade para o nosso país. “Portugal ou se reformará política, intelectual e moralmente, ou deixará de existir”, escreveu ele no dia 26 de Janeiro de 1890, no jornal “A Província”. Palavras de uma brutal actualidade! No Mais Profundo das Águas traça ainda importantes retratos de gente açoriana que privou de perto com Antero: José Bensaúde, Afonso Chaves, Carlos Machado, Tavares Carreiro, Montalverne de Sequeira, entre outros. A celebrar este ano 50 anos de actividade literária, Norberto Ávila escreve bem e descreve ainda melhor. Os relatos que nos faz referentes às peripécias que envolveram as Conferências do Casino são de antologia. E inesquecíveis são as páginas dedicadas ao suicídio de Antero. Estamos perante um livro (universal e intemporal) com grande poder evocativo e boa capacidade expressiva que o leitor mais distraído ainda vai a tempo de ler. O açoriano Norberto Ávila não é só um dramaturgo consagrado, dentro e fora de Portugal, é também um ficcionista de grande qualidade literária. Por conseguinte, estejamos atentos a este autor que ajuda a engrandecer a língua portuguesa.

Em pleno mês de Agosto, com ainda algum verão pela frente, aqui estamos com mais uma edição da Maré Cheia. Esta dedicada a um escritor açoriano. É que este ano o dramaturgo, poeta e escritor Norberto Ávila celebra 50 anos de vida literária. Aliás, celebramos todos nós. Tive o privilégio de conhecer Norberto Ávila há vários anos, através do nosso saudoso amigo, o poeta Emanuel Félix. Já conhecia a sua obra, tendo lido várias das suas peças de teatro. Gosto da poesia e da ficção narrativa de Norberto Ávila. É uma referência nas letras dos Açores, nas letras do mundo da língua portuguesa. Para celebrar os 50 anos de vida literária de Norberto Ávila o nosso amigo, colaborador desta página de artes e letras e distinto poeta Victor Rui Dores escreveu um texto sobre o romance No Mais Profundo das Águas. Aqui fica o texto de Victor Rui Dores e um outro pequeno texto da sociedade de autores. Aqui fica a nossa simples mas justíssima homenagem a Norberto Ávila, com a promessa que continuaremos a falar destes seus 50 anos de vida literária. Parabéns, Norberto! Abraços diniz

Horta, 17 de Julho de 2009

MARGEM CREPUSCULAR a Tsuneo Matsumoto Um discreto rumor. Gotejam as palavras no limiar da noite pressentida. Virás tu, Poesia, ansiada mensageira, num voo de gaivota, no quebrar duma vaga? Demora-se o crepúsculo um instantinho

mais, até que esta criança tenha dito, na linguagem de conchas alinhadas, o que tem a dizer. (Tal como eu o faço com as palavras.) Com pouco se entretém esta criança. E da mínima coisa faz o poeta o seu canto. NORBERTO ÁVILA

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Miguel Valle Ávila

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LaSalette and Gabriel’s tuguese restaurant in Somerville, and for those not willing to drive 22 miles to Newark, occasionally a good alternative for Portuguese cuisine. If restaurants were classified as a soccer league, Gabriela’s would be a good candidate in the 3rd Division.

Gabrielas’: faux façade

Both LaSalette Restaurant in Sonoma, California, and Gabriela’s Authentic Portuguese Cuisine in Somerville, New Jersey share a passion for Portuguese food and both have been previously reviewed by The Portuguese Tribune. But that’s where the commonalities end.

Gabriela’s Authentic Portuguese Cuisine 42 West Main Street Somerville, NJ 08876 908.526.7070 www.gabrielasrestaurant. com LaSalette: Serrano ham and scallops

LaSalette Restaurant And while Gabriela’s offers more traditional Portuguese cuisine, LaSalette, located in downtown Sonoma in one of California’s most beautiful wine regions, offers inventive, contemporary Portuguese cuisine — its Cozinha Nova Portuguesa.

Gabrielas’s: another view of the dinning room

Gabriela’s Authentic Portuguese Cuisine Gabriela’s in downtown Somerville, NJ, has a quaint and well decorated dining room with earthy colors and Portuguese pottery on the walls. Visiting on a Monday evening in the late Spring, it was almost empty except for a cute young Portuguese family enjoying their dinner. Besides al la carte items, Gabriela’s also offers a prix fixe menu at $19.99 for dinner. Tonight’s prix fixe was a choice of caldo verde (traditional Portuguese kale soup) or salad, espada da doca (“Peixe-espada” translates as largehead hairtails, beltfish or by its scientific name, Trichiurus lepturus; but this was actually swordfish, scientific name Xiphias gladius or “espadarte” in Portuguese) or costeleta de porco (pork chop), and for dessert a slice of Key lime cheesecake or flan. I opted for the caldo verde, espada (espadarte), and flan. The caldo verde was nothing special, but with plenty of chouriço sausage. The main dish was actually very disappointing. The swordfish steak was cut too thin and was overpowered by a thick tomato and olive sauce. The steak was also disproportionately too small to be accompanied by a large cup of rice. For dessert, the flan almost compensated for the meal — rich and sweet, but the coffee that accompanied it was bad, really bad. Nothing changed since my last visit — still the only Por-

Chef and owner Manuel Azevedo continues to update its menu with some of best flavors of Portuguese mingled with the best Sonoma has to offer. For appetizers, the bolinhos de bacalhau (cod cakes with cilantro aioli) are fluffy and fried to perfection and the Serrano ham crusted scallops are seared in the wood oven with sweet potato puree, leek confit, and molho cru (traditional raw onion and garlic sauce) — amazing! As one of the main dishes, the pork loin recheado (stuffed with olives, figs, and almonds) in a Port wine reduction sauce served with potato croquettes brought together all its ingredients without overpowering or minimizing any one of them. The arroz à valenciana is a well-prepared paella dish with seafood, linguiça, and chicken in saffron rice. The bacalhau à Alexandre (salted cod) poached in olive oil served with grated potatoes, leek confit, and garlic chips — one of the best bacalhau dishes ser- Vintage Porto ice cream ved on the West Coast. The lamb duas maneiras (two styles) includes a Portuguese-style slow braised lamb leg and an oven roasted lamb chop served with baked polenta. Without a doubt, one of the best lamb dishes this reviewer has ever tasted. For dessert, we could not pass the Vinho Verde and apple sherbet and the Vintage Port ice cream — outstanding choices to complete this lunch in a warm Summer day in wine country. The Vinho Verde sherbet is crisp and tart while the Port ice cream is rich and smooth. LaSalette manages to offer excellent local Sonoma wines and powerful Portuguese wines. Even when its owners, Manuel and Kimberley AzeBolinhos de bacalhau vedo, are not there, LaSalette continues to offer excellent service and outstanding Portuguese-inspired food. LaSalette would definitively be in the Premier Soccer League and be a candidate to the UEFA Champions League if it were to compete in soccer tournaments.

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ENGLISH SECTION

Longing for My Homeland Ever-pulling homeland My heart and soul yearn for you Pátria, place of my fathers Land of cliffs and sheltered coves Flashing waterfalls and greening hills Rocky paths trod by generations Land of farmers and of oxen adorned with gold-tipped horns Of cows, mottled black and white, wary and gentle Giving milk to make round, thick cheeses, tangy when aged To be eaten with coarse cornbread, freshly baked Removed with flat-handled spatulas From ovens ember-warmed with sapling branches Island of earth and sea and sky and God Of thick-soled shoes and black-shawled widows Of rites that make each season valued on its own Without TV cameras or reality shows A cycle reflecting nature and the Church Easter, Pentecost, wine-making, sausage-stuffing Smoky kitchens, wooden floors, storage cellars Newborn chicks, motley colored, trailing

Testing in an open field

29

Pela Primeira Vez Nesta Praça

Jim Verner [email protected]

I

n Portuguese, it is called “tenta a campo aberto” and for many breeders of brave cattle it is considered the best way to evaluate the bravery of a young heifer to determine if she will be saved for breeding. Most tentas are done in a ring or corral, and while they also serve to show the bravery of the animal the fact that there is no way to escape leaves the heifer no choice but to charge. In the field, it is a far different story. Cattle have a strong herd instinct. In fact, it is possible to walk near brave fighting bulls that are in a group. As long as there are no threatening movements, the bulls will stay together and merely watch the humans. So, when a heifer is separated from the herd by only a hundred yards and then approached by a man with a cape, she can choose between running back to the herd or attacking the intruder. I recently had the opportunity to test a heifer a “campo aberto” at the ranch of Manuel Costa Jr. It was a deli-

Passe por alto

Mother hens who scratch to find treasured corn kernels Children with rosy cheeks, caramel-colored hair Unprimped, braided. Cow-licked boys with shy smiles I long for your goodness, your earthiness For your poverty of material and your wealth of spirit

Rose Silva King

Modesto, California [email protected]

Fontes sisters make up 50% of DeZire Sisters Nancy and Vanessa (Nezza) Fontes are half of the four friends who make up the new Portuguese-American all-girl band, DeZire. Nancy and Vanessa are graduates of James Lick High School in San Jose, California. Nancy, 24, completed a Bachelor’s Degree in Accounting from the University of Phoenix and works as an accountant at Overstreet Associates. Vanessa, 20, is currently a student at DeAnza College and works at a clothing company. She has been singing since age 5 and recorded a CD at age 14. She has sang at Portuguese festas and hopes to pursue a musical career. Nancy and Vanessa are the daughters of Rita and Serafim Americo Fontes of San Jose.

Young Talents at Summer Camp The Luso-American Education Foundation hosted its 12th annual Summer Camp at the University of San Francisco in July. Part of the week-long summer camp attended by about 24 California students, Frank Alves, the director and teacher at San Jose’s Independence High School Academy of Finance, hosted a career panel with young Portuguese-American professionals from some non-traditional fields. The panel included (from left in the photo): Evonne Silva, a future lawyer and current program associate at ACLU of Northern California, Philip Bastião, a civil engineer at a San Francisco firm, Angela Costa Simões, a public relations manager at software company Autodesk, Torben Rankine, a partner at Portuguese firm Leadership Business Consulting, Alicia Cota, future politician and regular columnist for The Portuguese Tribune, João Botto, a visiting intern from Porto, Portugal at Portuguese firm Leadership Business Consulting, Emily Alves, a current college student, and Miguel Ávila, director at Johnson & Johnson’s cardiology business unit and English section editor for The Portuguese Tribune.

A wind-blown natural

The heifer charges Manuel Costa’s ATV

ghtful experience to watch Manuel skillfully separate the heifer from the herd while “mounted” on an ATV. He showed all the ability of the best horsemen that know how to handle fighting cattle, and the young cow showed all the bravery of the finest fighting bull blood as she charged the ATV. Once the heifer was alone on the other side of the pasture, we started the bullfighting part. Although she could see her sisters on the other side of the pasture, she stayed

focused on the human who was calling for her to charge and moving the capote and muleta. This brave cow charged aggressively, following the lures with nobility and a smooth charge in spite of a strong wind that blew the capes wildly and limited the ability to give her the low passes her bravery deserved. But one thing was for sure – she would be saved for breeding and contribute to the growing herd of brave cows that make the ganadaria of Manuel Costa Jr. one of the best in California.

Manuel Costa enters the herd to separate the heifer

PT online survey results Soon after the launch of TribunaPortuguesa.com and PortugueseTribune.com, The Portuguese Tribune published a demographic survey on its website. Based on those completing this online survey, males outrank females 2 to 1 and those above 50 years old dominate (51.6%) with only 12.5% 30 years old or younger. Among the respondents, 68.4% of them have college experience (junior college through doctoral degrees) with only 3.5% having less than high school experience. Not surprisingly, Roman Catholics dominate (89.3%) and Portuguese (Continental and Brazilian) was the first language for 86.5% of the respondents. They are almost equally most comfortable communicating in either Portuguese or English (47.8% versus 46.3%). 51% of respondents are current subscribers, only 4.3% of them buy The Portuguese Tribune at a local store, and 69.8% read this newspaper online. 93.0% of households have 2 or more residents and 74.5% of them read The Portuguese Tribune; 85.7% of

households have 2 or more people who read English. Out of all readers of The Portuguese Tribune, 66.7% include multiple (2 or more) readers in the household. The respondents associate themselves mainly with the Azores (84.2%)

Detailed Results

Sex: male 66.7%, female 33.3% Age breakdown: 51-60 years old (30.4%), 41-50 (19.6%), 31-40 (16.1%), 61-70 (14.1%), 22-30 (8.9%), 71 and older (7.1%), 18-21 (3.6%), and younger than 18 (0%) Educational level: high school (28.1%), 4-year college /Bachelor’s (24.6%), 2-year junior college/Associate (17.5%), Master’s (10.5%), some college (10.5%), professional degree/ JD/MD (3.5%), less than high school 3.5%, doctoral/PhD (1.8%) Religion: Roman Catholic (89.3%), Christian/non-Catholic (1.8%), no religious affiliation (1.8%) First Language: European Portuguese (81.4%), English (10.2%), Brazilian Portuguese (5.1%), French (3.4%), Creole Portuguese (0%) Language Most Comfortable Com-

municating: Portuguese (47.8%), English (46.3%), French (3.0%), Spanish (3.0%) Current PT Subscribers: Yes (51.0%), No (49.0%) Read PT paper version at someone else’s house: Yes (32.7%), No (67.3%) Buy PT at local store: Yes (4.3%), No (95.7%) Read PT online: Yes (69.8%), No (30.2%) Typical household: 93.0% with 2 or more people (17.6% with 5 or more people); 74.5% 2 or more people read the PT; 85.7% read English; 66.7% of two or more read the PT paper version; 28.3% of 2 or more read PT online Portuguese-speaking region identified with: Azores (84.2%), Continental Portugal (17.5%), and Brazil (7.0%) Country of residence: USA (82.4%), Canada (8.8%), Portugal (5.9%), and Brazil (2.9%) This survey was conducted between February 25 and August 2, 2009 using Survey Monkey, an online survey tool.

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COMUNIDADE

15 de Agosto de 2009

Feira do Condado Todos os anos visitamos a Feira do Condado de Stanislaus, em Turlock, com três propósitos: primeiro, ver os jovens portuguese orgulhosos das suas vacas e bezerras e dos prémios que ganham; segundo, para ver os produtos que crescem nesta terra abençoada do Vale Central, ali expostos; terceiro, para dançar algumas musiquinhas ao som do nosso amigo Chico

Ávila, que todos os anos é sócio habitual desta feira, que este ano foi mais uma vez um grande sucesso. Também encontramos muitos portugueses que vão lá, com o mesmo propósito do que o nosso. A juventude tem, naqueles dez dias, uma maneira de se expor e de mostrar aos pais aquilo que podem e sabem fazer.

Cheyanne Sousa com a “Supreme Champion Replacement Heifer”

Johnnny e sua mãe Sandra Toste, uma presença habitual na Feira

Savannah Sousa mostra-nos orgulhosa a sua vaquinha

Em cima: Elijah Pacheco, de Turlock Embaixo: Megan Silveira, Denair Anton Fernandes, Hilmar Vanessa Martins com a sua preguiçosa bezerra

Taylor Brasil, Newman Melissa, Madalena, David e Ariana, de visita à Feira

FESTAS

Festa de Santo António em Tracy

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Fotos de Jorge Ávila “Yaúca”

As três Rainhas e aias acompanhadas pela Chairman Elaine Tavares e Co-Chairman Frank Gomes e Padre Manuel de Sousa

Chairman da Festa Elaine Tavares e Frank Gomes, Co-Chairman

Realizou-se nos dias 8 e 9 de Agosto de 2009 a Festa de Santo António em Tracy. No Sábado, dia 8, houve Rosário, seguindose o tradicional jantar de peixe, finalizando com a apresentação

das Rainhas e Baile. No Domingo, houve a Parada, Missa Festiva pelo Padre Manuel de Sousa, almoço e arrematações durante a tarde. É uma festa pequena mas muito bonita.

Frank Gomes e Richard Castro com as Rainhas de 2008/09 e 2009/10, vendo-se a imagem de Santo António na porta do Salão

Rainha Grande Lesley Coelho e aias Elizabeth Arduim e Melissa Silva À direita: Rainha Junior, Madaline Agueda e aias Kelsea Garcia e Alyssa Borges Vaz

Rainha Pequena Monet Coffman e aias Makayla Gomes e Rylie Silveira

Quando já não se pode acompanhar a Parada a pé, deve-se usar um bom carro

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ÚLTIMA PÁGINA

Comunidades do Sul

Fernando Dutra

C

umprindo a tradição, a comunidade de Artesia esteve em festa durante uma semana, celebrando as tradicionais festas em honra ao Divino Espírito Santo. As festas tiveram início no Domingo, dia 19, com um cortejo que saíu da Sociedade e juntou-se a outro, organizado na residência do Presidente, Ercílio e Fátima Cardoso, todos juntos formaram um só cortejo, regressando à Sociedade acompanhado pela Filarmónica local. Todos os dias da semana houve terço na Capela da Sociedade. Na Sexta-feira, dia 24, como é habitual, foi a apresentação das Rainhas e respectivas Aias e a leitura das suas mensagens que são sempre muito interessantes. Seguiu-se baile ao ar livre, animado pelo conjunto “Rock Harbor”. Sábado, dia 25, pelas 17h00, Cortejo de Oferendas, que saíu da residência de Ercílio e Fátima Cardoso, em direcção à Sociedade, onde era aguardado pelo Padre José Fernandes, que procedeu à benção das esmolas e proferiu algumas palavras, relacionadas com o evento. Seguiu-se o bodo com distribuição de massa sovada e vinho a todos os presentes, com arraial e concerto pela Filarmónica Nova Aliança, de San José. Pelas 20h00 houve cantoria com os seguintes cantadores: José

Imagem da Rainha Santa Isabel

15 de Agosto de 2009

Espírito Santo em Artesia Fotos de Robert Braga

Borges, da Florida, António Resendes, de Massachusetts e Alberto Sousa, de Artesia, acompanhados por Jason Machado e Jimmy Enes. Pelas 21h00 horas teve lugar baile ao ar livre. Domingo, auge da festa, pelas 11:00 horas, a Procissão com as Rainhas e representacoes de diversas comunidades do Estado da California, Filarmónicas de Artesia, Chino, San Diego, Tulare e San José, Directores e público em geral, dirigiram-se para a Igreja da Sagrada Família, onde o Padre José Fernandes, celebrou a Missa da Coroação, cantada pelo grupo coral de Artesia. Após a Missa, a Procissão regressou à Sociedade, tudo isto sob uma onda de excessivo calor que se tem sentido no Sul da California. As deliciosas sopas foram servidas ao meio-dia e novamente após o regresso da Procissão. Seguiram-se concertos pelas filarmónicas presentes, arraial e arrematações. Na Segunda-feira, também como é tradição, houve corrida de toiros, mas devido a alguns problemas que surgiram durante o ultimo evento desta natureza, a corrida foi da inteira responsabillidade da Direcção do Artesia D.E.S. e felizmente tudo correu dentro da normalidade. A Direcção está de parabéns pelo maravilhoso programa organizado e concluído.

Aia Alyssa Gonçalves, Rainha Grande Alana Lourenço, aia Emily Gilliland

Aia Kaylee Ourique Rainha Pequena Alaine Gonçalves, aia Aia Justine de Freitas Atrás podem-se ver os pais destas jovens: Carlos e Kristian Ourique; Fernando e Elizabeth Gonçalves; Tony e Jeannette de Freitas

Presidente Ercílio e Fátima Cardoso (ao centro) rodeado pelas Directoras (esq.) Nicole Miranda, Susie Esteves, Teresinha Ortega, Shiela e Tony Martins, Maria Rocha e Susana Machado

Guida e Vital Lourenço (pais da Rainha Grande); Clara e Richard Gilliland

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