Tribuna 11/15/09

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QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Novembro de 2009 Ano XXX - No. 1075 Modesto, California $1.50 / $40.00 Anual

Hilmar - a última festa

TELEVISÃO



www.portuguesetribune.com

www.tribunaportuguesa.com [email protected]

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SEGUNDA PÁGINA

15 de Novembro de 2009

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

EDITORIAL Liberdades... Sempre tivemos por objectivo que este jornal seria uma amostra daquilo que somos - tradicionalistas, religiosos, agnósticos, de diferentes facções políticas, como é natural numa sociedade democrática como a nossa. Não podemos é aceitar rótulos, como aqueles que o nosso ex-assinante na sua carta de desistência (página 13) nos quer impingir. Este jornal sempre esteve aberto a todas as correntes de opinião, por isso não aceitamos aquilo que o nosso amigo e ex-assinante escreveu. Não tem razão e nem sequer é justo para a nossa comunidade. Não acreditamos que todos os congressistas tenham lido as 2000 páginas do novo programa da reforma da saude. No entanto, ficámos imensamente satisfeitos por ter sido a primeira vez na história deste País que tal tentativa de lei passou no Capitólio. Concerteza que haverá erros na lei, até talvez injustiças, más interpretações, mas este primeiro passo mostra bem que podemos mudar as coisas para melhor. Não nos podemos esquecer que esta reforma é quase exclusivamente dedicada aos 40 milhões de pessoas que não têm seguro de saude. A quem os tem e que gosta do que tem, esta reforma não os abala minimamente. O Partido Republicano votou contra, porque HISTÓRICAMENTE sempre votou contra este tipo de reformas. Não nos devemos admirar disso. Sempre foi assim. Se perguntarem a muitos congressistas porquê, eles não saberão responder. Ainda em 2009 continuamos a ser comandados muitas vezes pela partidarite aguda, que vai destruindo o melhor que nós temos. Aqui e em toda a parte. Não somos ingénuos ao ponto de não perceber que a guerra da saude não está ganha. O Senado tem muitos amigos nas indústrias que estão contra esta lei. Vai ser interessante saber como muitos deles votarão. Por convicção, por interesses, por partidarismo? Sabe-se lá. O homem, quando quer, é um desmancha-prazeres, mesmo contra a sua própria vontade. jose avila

[email protected]

Ver-se ao espelho

H

á mesmo alguma diferença entre um açoriano residente na sua terra natal e aquele residente no estrangeiro quando se vêm ao espelho? Os genes são identicos. As tradições são identicas. As ambições são semelhantes. Mas o ambiente é mesmo diferente. Enquanto um açoriano residente nas nossas ilhas está reduzido ao seu ambiente empresarial, cultural e social, o açoriano das nossas comunidades não vive reduzido à sua comunidade açoriana. Quando quer ouvir rádio, não está reduzido às poucas rádios em língua portuguesa. Tem acesso a dezenas ou mesmo centenas de estações. Quando quer ver TV, não está reduzido à RTP Internacional, SIC Internacional, ou SIC Notícias. Tem acesso a centenas de estações. Quando quer ir ao teatro, não está reduzido ao pouco teatro comunitário ou ao nosso maior teatro popular – as Danças de Carnaval. Tem acesso a dezenas dos melhores teatros. Quando quer ir a um museu, não está reduzido ao Museu Histórico

Português de San José. Tem acesso a alguns dos melhores museus nacionais. Quando quer ir a um espectáculo, não está reduzido às noites de fado, bailes de música pimba, exibições de folclore, ou à pouca música alternati-

va. Tem acesso a centenas de espectáculos. Quando quer ler um jornal, não está reduzido a ler a Tribuna Portuguesa. Tem acesso a centenas de jornais e revistas. Quando quer ir jantar fora, não está reduzido aos poucos restaurantes portugueses – Sousa em San José, LaSalette em Sonoma entre outros. Tem acesso a milhares de restaurantes das mais variadíssimas gastrono-

mias. Quando quer criar uma empresa, não está reduzido a ter como clientes os seus conterrâneos açorianos ou lusodescendentes. Tem acesso a milhões de potenciais clientes. Só mesmo em termos de comparação, a cidade de San José da California tem uma área (462 km²) superior à da ilha Terceira (402 km²). A sua população, 1.006.892, é quatro vezes maior que a da Região Autónoma dos Açores. Quando incluimos a zona metropolitana de San José (Condado de Santa Clara), a área aumenta para 3.377 km² (maior que o Distrito de Lisboa) e a população para mais de 1,8 milhões de habitantes (semelhante à população do Distrito do Porto). A comunidade açoriana da Califórnia está mesmo quase totalmente inserida na sociedade americana. Não está reduzida a um ghetto social, cultural e empresarial. As escolhas e as oportunidades são mesmo muitas.

Year XXX, Number 1075, Nov 15, 2009

COLABORAÇÃO

Tribuna da Saudade

Ferreira Moreno

A

01 de Novembro ocorreu a festa litúrgica de Todos-osSantos. Decidi aventurar-me numa imaginária excursão pelas Ilhas dos Açores a fim de visitar localidades ostentando nome de santos e santas. Evidentemente que a origem de alguns topónimos derivou da invocação atribuída à construção de recintos religiosos e fortificações costeiras. Porém, não é esse o meu propósito. Tenciono concentrar-me tão somente em vilas e freguesias, bem como em lugares, povoados ou não. Presentemente, haverá a possibilidade de esbarrar com nomes já obscurecidos, e outros mais recentes mas fora do meu alcance. Nesta digressão evocativa seguem dois categorizados cicerones: Carreiro da Costa (1913-1981), com dezenas de nomes anotados na série “Tradições, Costumes & Turismo” (Março 1968) e José Rodrigues Ribeiro (1919-2001), com múltiplas referências contidas no “Dicionário Topográfico dos Açores” (Edição 1979). SANTO AMARO vem ao nosso encontro em duas freguesias (Pico e S. Jorge), e quatro lugares (Graciosa, Faial e S. Miguel). SANTA ANA, ou Santana, aparecenos em lugares distribuídos por S. Miguel, Santa Maria, Terceira, Pico e Graciosa. SANTO ANDRÉ tem vistoso Largo na Ribeira Grande, em S. Miguel. SANTO ANTÃO preside a uma freguesia jorgense e um lugar mariense. SANTO ANTÓNIO, além de duas freguesias (Pico e S. Miguel), marca presença em lugares dispersos por S. Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa e S. Jorge.

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Santos e Santas nas Ilhas

SANTA BÁRBARA abençoa freguesias em Santa Maria, S. Miguel e Terceira; lugares no Faial e Pico, e ainda uma ponta micaelense e uma serreta terceirense. SÃO BARTOLOMEU está instalado numa freguesia terceirense e dois lugares jorgenses. SÃO BENTO dá o nome a uma freguesia terceirense. SÃO BRÁS, além duma freguesia micaelense e outra terceirense, tem o seu nome anexo a uma lagoa, um pico e uma ponta em S. Miguel. SÃO CAETANO acolhe-se numa freguesia picoense e num bairro micaelense. SÃO CARLOS empresta o seu nome a um pitoresco povoado terceirense. SANTA CATARINA domina num alto e num largo em S. Miguel, e em pontas na Terceira, Graciosa e Pico. SANTA CLARA é bastante conhecida e venerada numa freguesia micaelense. SÃO GONÇALO tem o seu nome inscrito numa zona micaelense. SANTA IRIA evidencia-se numa ponta, miradouro e porto em S. Miguel. SÃO JOÃO encontrase numa freguesia, num mistério de lava e numa ponta no Pico, e ainda numa fajã e ponta em S. Jorge. SÃO JOÃO de DEUS patrocina um lugar terceirense. SÃO JOAQUIM é o nome dum lugar e dum cemitério em S. Miguel. SÃO JORGE é o conhecido nome atribuído a uma ilha açoriana. SÃO JOSÉ surge numa importante freguesia micaelense e dois lugares (Terceira e S. Miguel). SÃO JUDAS, lugar micaelense, é o único topónimo assim designado nos Açores. SÃO LÁZARO concentra-se numa freguesia e num lugar em S. Miguel. SÃO LOURENÇO, além dum lugar faialense,

convida-nos p’ra uma visita à região do seu nome, com aprazível povoação, ilhéu com maravilhosa furna e baía de lindos recortes em Santa Maria. SÃO LUÍS é o nome dum lugar terceirense. SANTA LUZIA figura em duas freguesias (Terceira e Pico) e dois lugares (S. Miguel e Terceira). SANTA MARIA MADALENA, ou simplesmente Madalena, preside a uma vila picoense e um lugar micaelense, a que se ajuntam os ilhéus picoenses da Madalena, vulgarmente chamados Ilhéu Deitado e Ilhéu Em-Pé. SANTA MARGARIDA oferece um ar de graça a lugares na Terceira e no Pico. SÃO MATEUS assenta arraial em duas freguesias (Terceira e Pico) e num lugar graciosense. SÃO MIGUEL é o angélico patrono duma ilha açoriana de parceria com uma freguesia em Vila Franca (S. Miguel). No Pico deparamos com os sobrenomes de S. Miguel Anjo (lugar) e S. Miguel Arcanjo (povoação). SÃO PEDRO estende as suas redes de pescador numa freguesia mariense, noutra terceirense e quatro micaelenses, mais seis lugares povoados em diferentes ilhas, e ainda duas pontas em S. Miguel, uma enseada nas Flores, e duas ribeiras (Faial e S. Jorge). SÃO PEDRO GONÇALVES, ao abrigo da expressão popular de Corpo Santo, está referido em dois lugares micaelenses e um terceirense. SÃO RAFAEL espera-nos num lugar terceirense e noutro micaelense. SANTA IRIA pertence a uma povoação e lugar micaelenses, juntamente com uma povoação terceirense. SÃO ROQUE tem à sua conta uma freguesia em S. Miguel e uma vila no Pico. SANTA ROSA está

registada num lugar micaelense e outro jorgense. SÃO SEBASTIÃO está vinculado a duas freguesias (S. Miguel e Terceira). SANTA TERESA é lembrada num lugar micaelense. SÃO TIAGO ergue-se numa serra terceirense, e abençoa uma lagoa e lugar em S. Miguel. SÃO TOMÉ continua a pontificar em S. Jorge e SÃO VICENTE, além dum lugar picoense, reside numa freguesia micaelense.

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COLABORAÇÃO

15 de Novembro de 2009

Da Música e dos Sons

A Outra Voz

Nelson Ponta-Garça

Goretti Silveira

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[email protected]

As mais ouvidas

Quem está ensinando estes rapazes a serem homens? A jovem de quinze anos vestiu o seu lindo e cintilante vestido roxo e foi para o tradicional baile de Homecoming da sua escola Richmond High. Toda a nação está horrorizada com o que aconteceu duas horas mais tarde. O ataque, roubo, e violação da jovem por cerca de dez assaltantes com idades entre os quinze e vinte anos, enquanto outros tantos olhavam, riam, e filmavam ou então passavam ao largo para não se envolverem. O ataque levantou questões sobre a segurança da escola e da falta de pais a supervisionar e falam de pôr em prática um novo sistema com câmaras de vigilância que funcionem. Muitas jovens testemunharam que não se sentem seguras na escola devido à falta de polícias ou guardas. Quantas câmaras de vigilância, quantos polícias, quantas cadeias serão necessárias para que metade da humanidade se sinta segura e protegida da outra metade? Como se explica tal agressividade, crueldade e barbaridade na nossa sociedade? Quem está ensinando estes rapazes a serem homens? Não acredito que nascessem assim. Não se consta de nenhum outro animal onde os machos sejam os maiores inimigos das fêmeas da sua própria espécie. Este tipo de comportamento tem que ser forçosamente aprendido. O livro In Raising Cain (1999), procura uma explicação a este dilema. Dan Kindlon e Michael Thompson, dois famosos doutores em psicologia, descrevem nesta obra a sua experiência e o que aprenderam trabalhando com rapazes e as suas famílias durante mais de trinta anos. Apresentam uma sociedade onde os

rapazes correm um grande risco de suicídio, alcoolismo, drogas, violência, e isolamento. Neste livro Kindlon e Thompson examinam as influências e as forças que ameaçam os nossos rapazes ensinando-os a acreditar que o machismo e a infalibilidade são sinónimos de masculinidade. Os autores desmascaram as tradicionais explicações que a culpa é das mães, ou então a biologia e os altos níveis de testosterona. Em vez disso, revelam-nos a formação de carácter destrutiva que os rapazes da nossa sociedade recebem — a sua falta de educação emocional. Através de casos e narrativas, Kindlon e Thompson demonstram os desafios que os rapazes enfrentam nas escolas e ensinam-nos como podemos ajudá-los a desenvolver certas qualidades tais como empatia, susceptibilidade, e compaixão. Inúmeros estudos apontam para a importância da definição da palavra masculinidade. O que é que faz um homem, homem? Masculino? Desejável? Que qualidades atribuímos à masculinidade? A resposta é sem dúvida uma peça central para a solução do dilema da agressividade e crueldade nos rapazes da nossa sociedade. Numa colecção de artigos da coordenação da escritora Rebecca Walker, What Makes a Man?(2004), mais de vinte escritores, de diversas etnias, incluindo homens, mulheres, e um transexual, chamam-nos à atenção para o significado e às definições artificiais que damos à palavra masculinidade no século XXI. Desde a ideia que damos às raparigas que um dia serão arrebatadas por um homem num cavalo branco, ou que para provar a sua feminidade necessitam andar

com machos que nunca aprenderam a respeitar uma rapariga. Ou então que os homens não devem chorar, que quanto mais valentes melhor, que são naturalmente violentos, e que quanto mais ricos e poderosos, mais homens e mais desejáveis são. Outros estudos e pesquisas confirmam o que educadores verificam dia a dia nas escolas, que os rapazes mais agressivos são os mais rejeitados e os menos sucedidos nos estudos. O que é curioso e surpreendente é que também descobriram que os rapazes mais agressivos e mais rejeitados pelos seus colegas, tinham níveis de testosterona menores do que os rapazes que eram mais populares, fortes mas não agressivos fisicamente. Tal como as raparigas, os rapazes necessitam sentir e ouvir que são amados e apreciados. Os rapazes precisam aprender que há muitas maneiras de ser homem; de ser forte e valente; de ser um bom pai; de ser carinhoso; e de ter sucesso na vida. Os rapazes vão crescer de muitos tamanhos, com diferentes habilidades e interesses, necessitam. Vou terminar citando Kindlon & Thompson, uma vez mais: “ In all our years as therapists, we have never met a boy who didn’t crave his parents’ love and others’ acceptance and affirmation of their humanity. We all have a chance to do that every day, every time we are in the presence to say to him, “I recognize you. You are a boy—full of life, full of dreams, full of feeling.”(Kindlon & Thompson, p.258).

50° Aniversário José Vargas e Maria Bernardett Pereira, comemoraram o seu 50° Aniversário de Casamento, no passado dia 31 de Outubro de 2009. Vivem em Gustine e estão ambos reformados. Filhos, netos e bisneta ofereceram-lhes uma Missa, seguida de uma bonita recepção no Newark Pavilion, onde compareceram outros familiares e muitos amigos. Tribuna Portuguesa congratula-se por esta tão especial data na vida do casal Pereira.

COLABORAÇÃO

Muito Bons Somos Nós

Joel Neto [email protected]

N

o outro dia, em Angra, cruzei-me com J. S.. Faltavam-me meia dúzia de dias para o regresso a Lisboa, e eu vinha subindo devagar a Rua da Sé, levado já por essa doce melancolia de quem se despede mas sabe que regressará. Dei de caras com ele em frente ao Atanásio – e gelei. Durante toda a infância, e depois pela adolescência dentro, eu habituara-me a ter medo daquele homem. Tinha medo da sua pose sobranceira, do seu rabo de cavalo, do sinal que lhe dava expressão ao rosto – e tinha sobretudo medo da sua fama. J. S. era um bandido. “O” bandido: o ladrão, o traficante, o extorcionário, o receptador. Olhei melhor para ele: parecia agora mais gordo e mais mirrado, mais rubicundo e até certo ponto mais inofensivo. Mas a determinada altura os nossos olhares cruzaram-se – e, então, eu voltei a gelar da mesma forma que teria gelado na infância, se alguma vez nos olhássemos mutuamente nos olhos. Soube-o pouco depois, pelo Carlos, que ainda passou lá em casa

para uma última mini: J. S. já não se dedica ao crime. Da última vez que saiu da cadeia, decidiu não voltar a perder o Rendimento Social de Inserção, que lhe retiravam sempre que reincidia – e reformou-se. Calculam os meus amigos carcereiros que passou dois terços da sua vida cinquentenária na prisão, cumprindo penas grandes e penas pequenas, partindo em liberdade condicional e logo recaindo, saindo em precária e sendo apanhado, nessa mesma tarde, num furto qualquer. Agora, não quer prevaricar mais. “Está velho e cansado”, diz o Carlos. “Se for apanhado novamente, tiram-lhe o subsídio de vez. De maneira que anda aí pela cidade, como um triste. Se deixares cair a carteira no chão, não ta vai entregar. Mas também não ta vai buscar ao bolso.” Nos Açores, é assim: é tal a dependência do RSI que os próprios ladrões já pensam duas vezes antes de voltar à profissão. Segundo a Segurança Social, há agora no arquipélago (que tem, oficialmente, uma das mais baixas taxas de desemprego do país) mais de 18 mil beneficiários. E o

Democracias Modernas

Àquelas 18 mil pessoas, como de resto aos seus milhares de dependentes, basta-lhes comparecer a uns encontros com a assistente social – e o resto, para muitos deles, é ir ao multibanco, gastar rapidamente o dinheiro pelos cafés, viver o resto do mês da esmola e, no dia das eleições, ir votar no PS problema é que os beneficiários têm dependentes. No outro dia, numa espécie de debate público, calculei em 54 mil os açorianos a viver deste expediente. Caíram o Pico do Ferro e o Ilhéu das Cabras: que não, que não – que os números não eram esses de maneira nenhuma. Pedi os números: não há. E, portanto, só tenho os dados do INE quanto à dimensão média das famílias: 2,8 elementos de média nacional, 3,3 elementos nos Açores. Calculado, dá um total de 59 mil bocas por 18 mil beneficiários. Mas que sejam 50 mil, vá: é um quinto da população. Ou seja: um quinto da população dos Açores vive com base no RSI, habituando-se ao ócio, à pedincha, à inutilidade e à humilhação. em nenhum momento, como muito bem assinalava há dias Isabel Jonet (possuidora de inigualável experiência no terreno), o Estado lhes pede sequer que retribuam o subsídio com algum tipo de serviço cívico, seja ele colaborar na desmatação das florestas ou simplesmente ajudar velhinhas a atravessar a rua.

E

Recordação da túnica vermelha

E

ducado numa família de funda tradição católica, comecei, de muito novo, a ajudar a missa vestido de menino de coro, isto é, de túnica vermelha e de sobrepeliz de renda branca. Eu manuseava, com grande familiaridade, as galhetas, os cálices, a patena, as sagradas hóstias, a água e o vinho… A minha tia Teodolinda era quem, uma vez por semana, fazia as hóstias para a igreja. Eu ia para casa dela e assistia, com redobrado enlevo, àquele ritual de água e farinha, de ferros e cozedura. Quando retirava as hóstias do forno, a minha tia deixavame comer as aparas das mesmas. Eu amava na religião o aparato das missas cantadas ao órgão (tocado por minha mãe, servindo eu e os meus irmãos de ajudantes, pois era preciso alguém para “dar ao fole”), apreciava a grandiosidade das naves, a cintilação do sacrário, a talha dourada do altar-mor, as capas recamadas de ouro reluzindo, o pau preto da sacristia, as jarras de porcelana, os lustres de cristal… E despertava em mim grande fervor as expressões de dor e agonia das imagens do Cristo Crucificado e de todos os santos que cheiravam a cedro. E olhava, com enlevo, os círios, as velas, os castiçais, os candelabros, os damascos, os veludos, as flores cheirosas, os incensadores de prata, os paramentos, as relíquias… Na catequese haviam-me ensinado que Deus era Todo Poderoso, omnipotente, omnisciente e eterno (palavras que eu não compreendia mas que decorei), enquanto que o Homem era fraco, limitado e mortal… “Santo Anjo do Senhor Hoje e sempre me governa Rege, guarda e ilumina”. O senhor padre Genuíno Madruga assegu-

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rava-nos que a masturbação era pecado e que a menstruação era um papão… Dizianos que Nossa Senhora fora concebida sem pecado e alertava-nos para os sete pecados mortais: soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. E que não restassem dúvidas: as almas pecadoras acabavam sempre por arder nas profundas

Àquelas 18 mil pessoas, como de resto aos seus milhares de dependentes, basta-lhes comparecer a uns encontros com a assistente social – e o resto, para muitos deles, é ir ao multibanco, gastar rapidamente o dinheiro pelos cafés, viver o resto do mês da esmola e, no dia das eleições, ir votar no PS. Diz o Governo Regional, como em Lisboa diz o Governo da República, que o mecanismo ajudou a “tirar muitas pessoas da pobreza”. Pois eu acho que o RSI efectivamente tira muitas pessoas da pobreza durante três ou quatro meses, mas a partir daí as afunda numa miséria ainda maior. Culpa dos beneficiários? Pelo contrário. Os açorianos são pessoas especiais. A dia 1 de Janeiro de 1980, e poucas horas depois de um terramoto que varreu três ilhas, já havia por todo o lado pessoas a reconstruírem as suas casas com as próprias mãos. Estou a falar de gente de trabalho, que arregaça as mangas, que se chega à frente. Mas estou a falar de gente. E a gente habituase. Nós habituamo-nos. Alguns precisam mesmo do Redimento

Crónicas Terceirenses

Victor Rui Dores [email protected]

em África, Índia e outras geografias longínquas… Vivia em desassossego eclesial e inquietação cristã. Sonhava despojar-me das coisas materiais e viver uma vida de simplicidade e espiritualidade. Comecei então a dizer às pessoas que queria ser padre, o que causou profunda alegria em minha mãe. De resto, na sala de

E aprendi, na ponta da língua, os nomes de rios, riachos, afluentes, cidades, vilas, aldeias, regiões, províncias, concelhos, serras, cordilheiras, montes, montanhas, linhas de caminhos-de-ferro, pontes, aquedutos do inferno e que devíamos fugir às tentações do demónio e da carne e evitar as más companhias… E, no varandim do púlpito, inclinava-se com ar colérico e dedo ameaçador em riste, e dizia: -E se não seguirdes os Mandamentos da Lei de Deus, o castigo divino abater-se-á sobre vós: com vulcões, sismos, cheias e tempestades… Para nós, pecadores, impunha-se a desobriga, a penitência, o confessionário, o acto de contrição: “Pesa-me de vos ter ofendido e, com o auxílio da vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender; peço e espero perdão das minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Ámen”. Cheguei à poesia pela oração e vivia, cheio de fervor e unção o amor de Deus, cuja misericórdia, dizia-se, era infinita. Despertara para o mistério de uma intimidade com Cristo e fora tocado pela luz bruxuleante e pelo sopro do Espírito Santo. Tive um assomo de vocação sacerdotal, experimentando arroubos místicos e contemplativos… E, levado pelo exemplo do franciscanismo, e por leituras que fazia da revista “Vida Cristã”, cheguei a sentir ardores apostólicos de partir para missões

Social durante muito tempo – e ainda bem que ele existe. Outros precisam dele apenas durante uns meses – e, infelizmente para eles próprios, têm-no durante tantos anos quantos aqueles que demoram a afundar-se de vez. E esse, numa região onde o índice de beneficiários é o dobro da média nacional (7,2% contra 3,85%), já não é apenas um problema económico: é um problema que suga a própria massa crítica do arquipélago. O que não é só bom para os bandidos: é óptimo para os políticos também.

estar da minha casa, eu dizia missas em latim, compenetradíssimo do meu papel, em altar improvisado e perante assembleias de devotos e curiosos… Vestido a rigor (as casulas eram feitas por minha mãe), eu encenava, na perfeição, os actos litúrgicos: dava a comunhão (as hóstias eram substituídas por pastilhas de mentol), confessava crianças e adultos, fazias procissões e coroações pelas ruas da vila da minha infância, perante o espanto de todos e a desconfiança do padre Simões…

P

or conseguinte, o cristianismo atravessou-se-me no caminho e era um cristianismo que desaguava em missas, horas santas, lausperenes, ladainhas, sacrifícios, pregações, cânticos, jaculatórias, jejuns, penitências, orações, terços, novenas, meditações, doutrinas, liturgias, sacramentos, ritos, conversas pias, cantigas paroquiais, bênçãos, vidas devotas… Na escola primária senti, à flor da pele, as reguadas do senhor professor Louro. E aprendi, na ponta da língua, os nomes de rios, riachos, afluentes, cidades, vilas, aldeias, regiões, províncias, concelhos, serras, cordilheiras, montes, montanhas,

linhas de caminhos-de-ferro, pontes, aquedutos… E decorei as produções das longínquas colónias ultramarinas. Portugal uno e indivisível do Minho a Timor! Mas passava mais tempo na igreja do que na escola. E a minha obsessão pelos mistérios da fé tornava-me distante e distraído… Um dia, estava eu de sacristão à missa da manhã, quando, durante o ofertório, o senhor padre fez tamanha careta após levar o cálice aos lábios. Toda a gente ficou intrigada com aquele esgar… Eu é que não esperei pela demora: no fim da missa, levei um doloroso puxão de orelhas do senhor padre. E tudo porque, inadvertidamente, eu havia colocado, numa das galhetas, vinagre em vez de vinho… Depois, com 10 anos de idade, fixei-me na ilha Terceira e por causa dos olhos verdes de uma menina de Angra disse à minha mãe que já não queria ingressar no Seminário – o que a desgostou profundamente. Crescidote, passei de lagarta a crisálida e vieram os sonhos da puberdade, o suor e o sémen, as insónias ontológicas… Em pecado mortal e com a alma condenada às fornalhas ardentes do inferno, mandei às malvas a temência a Deus, bem como a continência às coisas boas da vida e comecei a olhar para os “rabos de saia” e para o deleite do corpo… Pus de lado o Texas Jack e as histórias do oeste americano e outros livros aos quadradinhos (que ia comprando no “Grandela”, na Rua da Sé) e optei pela leitura de revistas que mostravam mulheres deliciosamente nuas… Desde então ainda não deixei de ser um boémio de espírito… E continuo a viver em transgressão com os ditames da ordem estabelecida.

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COLABORAÇÃO

15 de Novembro de 2009

Traços do Quotidiano

Margarida da Silva

A

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proxima-se mais um “Thanksgiving” que é a minha festa preferida. Outro ano se passou e agora é tempo de, novamente, darmos graças por tudo o que recebemos e pensar nos menos afortunados. Sinto-me feliz por este ano ter antingido um importante marco etário na minha vida gozando boa saúde e muito grata pelo amor do meu marido e filhos que são a razão do meu viver. Por ver que os filhos tem boas carreiras professionais e pelas suas sempre tão apreciadas visitas e chamadas telefónicas e por, ao contrário da crença popular, ser uma sogra muito estimada. Também estou contente por ter um emprego numa cantina escolar a dois passos da nossa casa, pois gosto da colega de trabalho e dos miúdos a quem assisto. Felizmente, ainda tenho a minha mãe que, apesar da sua avançada idade, ainda cuida de si e do seu lar e continua a cozinhar as nossas saborosas comidas, especialmente, o sempre delicioso bolo do Pico e o queijo fresco. Sinto muito a falta do meu pai que faleceu há dois anos, mas, ao mesmo tempo, estou reconhecida por ele ter tido uma longa vida. Continuo agradecida pela decisão que os meus pais tomaram em emigrarem e por ter vivido sempre perto deles e dos meus irmãos de quem nunca senti saudades. Igualmente estou muito grata pelos familiares e amigos ausentes cuja amizade não encontra barreiras nem distância. Aos que residem mais perto e com quem mais

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convivo estou muito reconhecida pela sua estima e dedicação. Não há nada que recompense o mútuo amor familiar e o carinho amigável. É que, sem esses sentimentos, não pode haver a verdadeira felicidade. Este ano também estou muito grata por haver um novo timoneiro ao leme do destino deste país. Oxalá que a liderança do Presidente Obama possa levar a América à prosperidade que todos os cidadãos merecem e que consiga reconquistar a proeminência de outrora. Enquanto estou reconhecida por tanto, também estou triste pela guerra, violência, racismo, doença, fome e abusos humanos que continuam a atormentar milhões de vítimas inocentes. Que eles possam finalmente encontrar a merecida felicidade e a desejada paz. Ao sentar-me à mesa com a minha família para saborearmos o tradicional perú recheado, vou lembrar as famílias que perderam os seus filhos na guerra e que agora tem um lugar vazio à sua mesa. Desejo que os soldados feridos e mutilados nos hospitais possam ter a coragem de enfretarem a situação e que obtenham a desejável recuperação. Às famílias que têm membros encarcerados ou hospitalizados desejo-lhes resignação esperando que em breve eles possam regressar aos seus lares. Que os governantes silenciem as armas e lutem pela paz. Que todos possam ter um, FELIZ THANKSGIVING!

Coisas da Vida

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Maria das Dores Beirão [email protected]

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hegamos ao fim de mais um verão, dum verão quente em emoções, umas de alegria, de amor, de amizade e de beleza. Outras de sofrimento, angústia e lágrimas. É assim a vida, para a alegria ter autenticidade é preciso conhecer a sua ausência, para a saude ser compreendida, tem que se experimentar a doença, a paz só faz sentido quando é interrompida pela guerra, enfim são as contradições que validam o estado normal da vida. Decidi escrever sobre estes temas, porque acho importante partilhar sentimentos que com a idade e a passagem do tempo se vão tornando pertinentes e nos fazem pensar na importância que estas dualidades podem ter na nossa vida. É indiscutível que todos nós temos momentos na vida menos aprazíveis, mas que devido à sua efemeridade não merecem a importãncia que lhe damos e que muitas vezes os caracterizamos como momentos de angùstia ou sofrimento, quando não passam de nódoas negras na pele das nossas sensibilidades, que depressa se desbotam quando a dor nos bate à porta e entra sem sequer pedir licença. Uma das doenças que apoquenta tanto as famílias são aquelas que atacam o ser humano no que ele possui de mais intimo e pessoal, a sua mente, o cofre de todas suas as experiências e memórias da vida. Ora quando isso acontece, como tem acontecido em amigos muito próximos, ficamos magoados, tristes e desolados, mas nunca podemos avaliar o sofrimento que a situação causa à família, sobretudo a quem está constantemente ao lado deste ente querido. Ora quando a doença acontece a um familiar nosso, então todo o processo de negação, de sofrimento e duma grande angústia se trans forma em simpatia para com as outras famílas que estão vivendo o mesmo drama e com as quais fomos aprendendo lições de humanidade, paciência e até de certas tácticas necessárias e uteis para uma possível comunicação e bem estar do doente. O ideal seria comprender e

aceitar, mas isso só vem a acontecer depois de muita falha e negação, porque a vítima mantem as suas caracteristicas físicas, a sua presença e até alguns dos seus hábitos, só muda aquilo que não podemos observar. A pessoa que vemos, já não comunica com lógica, vive num mundo que vai construindo à maneira que a doença progride que esbarra com nossa realidade, mas que é a sua verdade e tem que ser reconheciada, para evitar conflito e certamente mais sofrimento no doente. Para mim, tem sido um abrir de olhos e um apreço para com as coisas que se alojam nas mentes de cada um ser humano, neste caso a meninice, a juventude, e que marcou a vida das pessoas, por vezes sem justificação possível. No meu caso é o olhar dum irmão que sempre foi o melhor, e ver dúvida, vazio, confusão mas sobretudo amor, sempre muito amor. Ainda há conversa, mas é sempre dum passado que parecia distante, mas que agora é a sua unica realidadee...sempre a ilha, já não vive em Napa, agora está sempre na ilha, na freguesia, na casa que já não existe e é para lá que parte todos os dias, sem partida nem regresso, até penso que já se despediu da saudade, porque não houve abandono nem partidas, os seres humanos do passado estão de vez em quando presentes, a morte não é barreira, porque eles ressuscitam. Esta maneira de estar na vida é o mistério que não se comprende, embora tenha o nome de demência ou outra doença semelhante, é impossível vislumbrar ou até adivinhar o que será a próxima fase, o próximo comportamento, a próxima queda da sua fágil realidade. Não se conhece a dor, não se conhece o alívio, não se conhece a cura, só resta aceitar com serenidade. Meus caros leitores, isto não passa do desabafo duma irmã, duma amiga que nada sabe, mas que apenas compreende agora um pouco do sofrimento e frustação que alguns de vós tão bem conheceis e que me têm dado tanto exemplo de abnegação e espírito de sacrifício. Para todos a minha sincera admiração e gratidão.

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Rasgos d’Alma

Luciano Cardoso

Discurso Dúbio

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osto imenso de escrever. Admiro muito quem escreve. No colossal mundo da escrita, normalmente, há lugar para tudo e espaço para todos. Até mesmo para aqueles anónimos marabilistas no arguto domínio da nossa mimosa lingua de berço que, ao darem subtilmente a bem medida volta ao texto, me deixam deveras impressionado com a sua nata habilidade para nos doarem boa disposição. Não minto se disser que, na generalidade, há muito que andamos desiludidos e nauseados com a demagogia fútil de certo desgastado tipo de discurso politico que acaba tantas vezes por cair no ridiculo, levando o povo à risota. O povo ri mas não gosta nada de quem o tenta manhosamente ludibriar com palavras mansas e discursos dúbios quando, virados do avesso ou lidos nas entrelinhas, são mesmo um autêntico escândalo. Escrever um discurso politizado com duas mensagens diametralmente opostas, não é tarefa fácil. Escrever, com engenho e arte, dois discursos num só, ainda se torna mais dificil. No irónico mundo da escrita, sempre houveram e hão-de haver brincadeiras de mau gosto. Não é o caso desta. O mimoso email chegou-me há pouco do meu prezado compadre da Fonte do Bastardo, sempre atento a um texto bem urdido com graça de ratão que pique mas não ofenda. De politicos bem falantes está o mundo cheio. Dos seus discursos empolados estamos todos fartos. Porquê? Porque, em geral, antes de tomarem posse, mais palavra menos palavra, discursam-nos quase sempre em termos tão floreados e agradáveis ao ouvido que, às vezes, é mesmo caso para desconfiar:

O nosso partido cumpre o que promete. Só os tolos podem crer que não lutaremos contra a corrupção. Porque, se há algo certo para nós, é que a honestidade e a transparência são fundamentais. para alcançar os nossos ideais Mostraremos que é uma grande estupidez

crer que as máfias continuarão no governo, como sempre. Asseguramos sem dúvida que a justiça social será o alvo da nossa acção. Apesar disso, há idiotas que imaginam que se possa governar com as manchas da velha politica. Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que se termine com os marajás e as negociatas. Não permitiremos de modo nenhum que as nossas crianças morram de fome. Cumpriremos os nossos propósitos mesmo que os recursos económicos do país se esgotem. Exerceremos o poder até que Compreendam que Somos a nova política. Depois de tomarem posse? Facam-me o favor de lerem o texto de baixo para cima, ou, de trás para a frente – como queiram! – e digam-me lá se um politico que se atreve a discursar desta mesquinha maneira não merece logo cadeia. Para nao dizer tareia. Ou, então, como dizia meu avô: Vão lá brincar com a bichinha pr’áreia!

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Comunidades do Sul

Fernando Dutra

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omo foi anunciado, os festejos em honra do popular Santo António tiveram início na sextafeira dia 25 do passado mês de Setembro, com baile ao ar livre com o DJ David Barcelos. No Sábado, dia 26, pelas 16:00 horas teve lugar a apresentação dos livros dos autores Dr. Vasco Pereira da Costa e do Dr. Eduardo Mayone Dias, respectivamente – Poesia – “My Californian Friends” e “The Portuguese Presence in Califórnia” Serviu como mestre de cerimónias o dinâmico manager e locutor da Rádio Televisão Artesia, Manuel Aguiar, o qual fez a apresentação dos livros e da mesa de honra – Presidente do Artesia D.E.S. Ercílio Cardoso, Mayor da Cidade Tony Lima, Katharine Baker, tradutora dos livros, Dr. Mayone Dias, Dr. Vasco Pereira da Costa, José Rodrigues, Presidente da Portuguese Heritage Publications, Frank Gaspar, Presidente da Comissão da Rádio Televisão Artesia. Usaram da palavra, Ercílio Cardoso que saudou os visitantes, apresentou as boas-vindas e agradeceu a presença de todos naquela simbólica recepção. Seguiram-se Tony Lima e os quatro ilustres visitantes. Em nome da Cidade de Artesia, Tony Lima, acompanhado pelo vereador João Martins, entregaram aos dois escritores, diplomas de reconhecimento pelo evento realizado nesta cidade. Seguiu-se a venda dos livros e respectivos autógrafos em simultâneo com um magnifico beberete oferecido a todos os presentes. Da nossa parte agradecemos a José Rodrigues a oferta de dois exemplares e congratulamos os nossos estimados visitantes e os organizadores daquele evento. A partir das 17:00 horas houve a distribuição das tradicionais brindeiras, leite e vinho. Pelas 18:00 horas foi apresentado um espectáculo com comédia e acto de variedades por um grupo de Hilmar e Gustine. Pelas 21:30 horas teve inicio um baile ao ar livre com o Conjunto Beira-Mar. Domingo, dia 27, pelas 13:30, foi

celebrada Missa Solene na Igreja da Sagrada Família, pelo Padre Domingos Machado e cantado pelo Grupo Coral de Artesia. Após o acto religioso, foi organizado o cortejo no qual tomaram parte representantes da Cidade, Directores, Rainhas e respectivas aias, três antigas Rainhas do primeiro festejo em honra de Santo António, carros alegóricos, Grupo Folclórico de Artesia, o Grupo do Pézinho, Filarmónicas do Chino e Artesia, diversas representações e o publico em geral. Durante o percurso, o cortejo parou em frente à residência do Presidente da Direcção, o casal Ercílio e Fátima Cardoso, onde foram cantadas algumas modaspelo Grupo do Pézinho, relacionadas com a celebração, partindo seguidamente para a Sociedade. Após a chegada sob a regência do Maestro David Costa, as duas filarmónicas tocaram em simultâneo o Hino de Santo António. Os cantadores do Pézinho, Alberto Sousa, Manuel Ourique (o Tigela) e José Rodrigues iniciaram uma cantoria como é habitual à porta da Capela, a qual foi acompanhada por excelentes tocadores e foi muito apreciada pelos presentes. Seguiu-se um lauto jantar de feijoada e carne assada a todos que desejaram saborear uma magnifica refeição portuguesa. Pelas 18:00 horas tiveram início os concertos pelas duas filarmónicas presentes, Chino e Artesia, não tendo faltado as tradicionais arrematações. Pelas 19:00 horas actuou o Grupo Folclórico de Artesia (Retalhos Antigos) e depois o Grupo Juvenil da LusoAmerican. A realidade dos factos, é que há menos pessoas a assistirem às nossas festas, talvez devido às altas temperaturas havidas no Sul da Califórnia. Todos os serviços foram realizados no Salão pequeno enquanto as obras do Salão grande continuam.

15 de Novembro de 2009

Festa de Santo Antonio em Artesia

Mayone Dias falando sobre o seu livro “The Portuguese Presence in California”

Sentadas - as três primeiras Rainhas das Festas de Santo António

Ercílio Cardoso e esposa com a Filarmónica do Chino

Os três cantadores do Pézinho - Manuel Ourique (Tigela), José Rodrigues e Alberto Sousa

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Do Tempo e dos Homens

Manuel Calado

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Crise de leadership?

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assim que David Gergen, editor da revista “U.S.News”, intitula o seu último comentário. Segundo ele, este estado de confusão política que afecta a América no actual momento deve-se a uma crise de “leadership”, de comando, da falta de uma figura carismática que consiga inflamar o ânimo, a vontade e imaginação da maioria dos americanos. David Gergen é um homens moderado que aparece com frequência nas discussões, e mesas redondas da CNN. O estado odioso de paixão e divisão, que caracteriza a cena política americana, e que há meses vem inflamando a mente dos cabeças falantes da extrema direita, acaba de produzir um arremedo de projecto de lei de saúde pública, que escapou por um triz de ser lançado no cesto dos papéis da Câmara dos Representantes, e ainda não está livre de o ser. A sua passagem no Senado vai ser ainda mais difícil, senão impossível. As companhias seguradoras, que nada sabem de doenças, nem têm qualquer simpatia pelos doentes, especialmente os pobres, e cujo único objectivo são os lucros dos seus directores e accionistas, têm gasto milhões às carradas nesta campanha anti-governo e anti-Obama. Não há muitos meses, os poderosos “CEOs”, da Wall Street, apresentavam-se como senhores do Universo, repartindo anualmente entre si e os seus colaboradores, dezenas de biliões de dólares. Eles eram, e continuam a ser, os verdadeiros donos da riqueza do país. Enquando o resto do povo trabalhador, se estava endividando até à ponta dos cabelos, eles iam arrecadando nas suas empresas fictícias “offshore”-- criadas para não pagar impostos -- a maior parte da riqueza do país. E embora tivessem dinheiro suficiente para salvar as suas colossais companhias, foi o americano pé-descalço que teve

de os salvar da bancarrota fraudulenta que ameaçavam declarar. Esta saga financeira, de criar riqueza com vento, e arrecadar o metal sonante nas suas caixas fortes, deve ter sido o crime mais vergonhoso cometido pelo homo sapiens, nesta era pré-Harmagedon marcado para Dezembro de 2012,-- segundo o que os profetas biblicos andam por aí a apregoar, e a “armazenar” também.

arte do possível. E essa qualidade de “leadership”, de carisma, de poder, actua numa zona diferente do poder intelectual.Obama nos livros que tem escrito, temse revelado um intelectual de primeira água, e desde o início do seu mandato, uma das suas preocupações, tem sido criar um ambiente de cooperação bipartidária. Esforços que têm sido to-

talmente ignorados pelo partido contrário. Mas parece-me que é tempo de ele reconhecer, que o intelecto, às vezes, não se coaduna com o poder politico feito a martelo. Ele tem sido, talvez, demasiado moderado e transigente, na esperança de cativar os republicanos, para apoiar o seu plano de um seguro nacional de saúde pública. Mas estes não têm cedi-

do um ponto sequer. Ao contrário, 80 por cento dos membros democratas do Congresso, talvez por uma questão de patriotismo, apoiaram a sofismada mentira com que W. Bush, os enganou, atirando o país para o atoleiro sangrento do Iraque, onde a nação continua a queimar inglóriamente, vidas e fazenda.

E o mesmo que aconteceu aqui, aconteceu em Portugal e à volta do mundo. O governo - que Reagan dizia ser o “problema e não a solução” - teve de ir a correr, com a agulheta dos biliões, apagar o incêndio que ameaçava lançar o país no fogo de uma depressão semelhante à da década de vinte. Barack Obama aparece no momento em que a nação americana se afundava, e está procurando trazê-la à tona. A situção está ainda longe de se normalizar. Entretanto os cabeças falantes da direita radical, na sua fúria retórica, não escondem uma pontinha de ódio racial, e tudo estão fazendo para que Obama não consiga levar a porto de salvamento, a barca combalida da nação. As palavras, ideias e programas de Barack Obama, cativaram a imaginação das massas democráticas, afro e latino americanas e imigrantes. Mas os problemas que o novo Presidente herdou do seu antecessor - duas guerras, a queimar vidas e fazenda e o maior défice de sempre, não lhe têm permitido fazer melhor. Diz Bergen - segundo a sua tese de falta de “leadership” - que no princípio, com apenas três milhões de habitantes, a America produziu líderes como Washington, Jefferson, Franklin, Adams, Madison e Hamilton, entre outros. Mas que agora, com uma população cem vezes superior, o país tem produzido apenas um ou dois. Todos sabemos que a política é a

Agradecimento

Falecimento

Leontina Cardoso, na impossibidade de o fazer individualmente, aproveita esta oportunidade para agradecer a todos os parentes e amigos, todas as manifestações de amizade e solidariedade que demonstraram para com o seu marido - Manuel Cardoso - quando foi submetido a uma delicada intervenção cirúrgica e prolongada convalescença. Estamos extremamente

Faleceu recentemente na cidade Palo Alto, California, Paula do Amor Divino. Contava 84 anos e era natural do estado da Baia, Brasil. Foi durante muitos anos directora do Club Amigos do Brasil, com sede em San Francisco, e uma das fundadoras dessa organização, tendo sido a Paula quem assinou a Acta da inauguração do

reconhecidos, pelas inúmeras visitas e telefonemas, cartões, flores, plantas e Missas encomendadas e celebradas pelas rápidas melhoras do seu esposo. Queremos expressar a todos a nossa eterna gratidão.

clube, em Setembro de 1969 no cargo de Directora Executiva. “Foi sempre muito cumpridora e dedicada ao “Friends of Brazil”. Partiu mas deixou a saudade em seu lugar e nunca a esqueceremos”, segundo declarou Aracy da Cruz, de San Francisco, que tambem fez parte da direcção e eram amigas intimas.

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Reflexos do Dia–a–Dia

Diniz Borges

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[email protected]

oncordo, plenamente, com o que o filósofo e pensador francês, Voltaire escreveu algures: “posso não concordar com o que diz, mas defenderei até à morte o direito de o dizer”. Daí que saúdo, vivamente, a jovem Melinda Lourenço de 21 anos de idade, residente em Fresno, que na edição de 1 de Novembro deste jornal, através de uma carta ao editor, escrita em inglês, apresentou as suas ideias sobre a reforma no sistema de saúde pública nos Estados Unidos da América, tendo como referência uns reflexos que eu tinha escrito numa edição anterior e que também foram publicados, em forma de crónica, em jornais dos Açores, da Costa Leste dos Estados Unidos e no Canadá. Há porém que responder a algumas acusações que a Melinda Lourenço faz que não são correctas e a outras provenientes de dissemelhanças de opiniões, de perspectivas ideológicas dissimilares e de vivências diferentes. Vamos por partes. Quando a Melinda escreve que as pessoas presentes nas sessões de esclarecimento promovidas por vários Congressistas não eram activistas, está a fugir à realidade ou então prefere simplesmente a citar o que diz a Fox News. É que ficou mais do que provado que organizações como a “Freedom Works”, entre outras, estavam a transportar reformados e activistas, alguns até de outros distritos para as respectivas reuniões. Ninguém disputa que entre todo o barulho feito ao longo do verão, lá estavam, muitos cidadãos com questões e preocupações genuínas, mas também é do conhecimento geral que lá estavam plantados, com instruções para provocarem distúrbios, homens e mulheres que tinha sido impulsionados por movimentos da extrema direita americana, que, infelizmente, tem-se apoderado das rédeas do Partido Republicano. Mais, quando a Melinda escreve que a reforma da saúde pública vai colocar o país na bancarrota, citando os sistemas de Social Security e o Medicare, gostaria de relembrar-lhe que para além de não concordar consigo, esse era mesmo o absurdo:

é que cidadãos a receberem do sistema de Social Security e Medicare estavam a gritar: não quero que o governo toque no meu plano de saúde, nem que o Medicare não fosse um plano de saúde do governo federal. Mais, sei que com 21 anos a última coisa que se pensa é na terceira idade, porém, garanto-lhe que como mais velho que sou, bastante mais velho, conheço muitas pessoas a receber do sistema de Social Security e a usufruirem do Medicare e não conheço nem uma dessas pessoas, nem pobre nem rico, que queira abdicar desses benefícios, cruciais para a sobrevivência de muitos cidadãos na terceira idade, para muitos mesmos. Até talvez a Melinda tenha alguém na sua família a receber destes serviços? Quando a Melinda fala em racismo, não vou acrescentar mais ao que escrevi, porque acho que fui extremamente claro, mas apenas recomendar que e reflicta sobre as afirmações feitas pelo antigo presidente Jimmy Carter (com quem nem sempre concordo) sobre a temática. É que ele, um profundo conhecedor do sul do país, e de outras regiões, fez afirmações importantes sobre este problema que, infelizmente, ainda é um dilema nacional. No que concerne à ignorância, digo-lhe que não se deve de tirar frases fora de contexto, daí que recomendo-lhe um magnífico livro, que até talvez já conheça “What is Wrong With Kansas” de Thoams Frank. É que está lá tudo bem explicado, como diria a minha avó. No que concerne à alusão que faz ao sistema de saúde em Portugal, conheço-o bem. Tal como a Melinda também tenho lá família que o utiliza, tenho amigos que são médicos e enfermeiros, portanto trabalhando dentro do sistema e tenho a felicidade de ter alguns amigos que estão na governação do arquipélago, trabalhando no cerne da saúde pública. Se é certo que o sistema não é perfeito, posso acrescentar que nenhum dos meus parentes, com quem converso sobre estes temas, deseja modificá-lo; nenhum dos profissonais da saúde deseja mudá-lo. Mais, nenhum partido político, nem tão pouco o partido da

Memorandum João-Luís de Medeiros [email protected] 1 – o areal ainda lá está, mas o tempo já partiu... ! Suponho não ser o único nativo da zona de Rosto de Cão a quem, amigavelmente, lhe terá sido incumbida a graciosa tarefa de narrar alguns dos mistérios “gozosos” da sua infância (não desvalida) vivida naqueles inóspitos “calhaus” do litoral da freguesia. Sim, refiro-me aqueles “calhaus” recentemente disfarçados pela jovem avenida “Prior do Crato” (perdão! Afinal a graciosa artéria litoral foi crismada com o apelido de “Avenida do Mar”: - pois, paciência!...). O presente está à vista. Vamos revisitar algumas das alamedas do passado comum. Até hoje, ainda não consegui desvendar, com precisão, a circunstância do meu “commencement” natatório... que suponho ter acontecido há quase seis décadas, na travessia marítima entre os antigos “ferrinhos” do beco do Castelo e a “língua” do areal presentemente ligada à rectaguarda do actual edifício dos Correios. A propósito, será razoável sugerir que a rapaziada do meu tempo (1950-1960) já nascia sabendo nadar? Não sei. Mas recordo – lá isso sim – que a gente “tomava banho” lado-a-lado com os briosos cavalos do senhor Marianino Vieira, que também iam a banhos e se mantinham geralmente indiferentes à balbúrdia da rapaziada.

Posso não concordar com o que diz, mas... direita o PSD propõe alterar o sistema de saúde pública. O único que partido que por vezes fala nisso (presentemente cada vez menos) é o CDS-PP, mas, como se sabe, este partido que hoje está na extrema direita, amanhã está no centro e nunca vai além dos 10% dos votos dos portugueses. Acrescento ainda Melinda, que um estudo feito pelo sociólogo Pedro Alcântara da Silva, indica que os portugueses, na generalidade, estão satisfeitos com o SNS-Sistema Nacional de Saúde. A precentagem de satisfeitos cresceu, desde 2001 para 2007, na ordem dos 12%. Aliás, o sociólogo aponta como progresso na saúde pública em Portugal o facto de em 2001 15,1% da população estar sem médico de família e em 2007 essa percentagem ser apenas de 7,9%. Poder-se-á perguntar se é o mesmo aqui nos EUA? Ninguém duvida que os Estados Unidos da América possuem o mais sofisticado sistema de saúde, porém os custos são exorbitantes e têm que ser controlados ou ficaremos com saúde apenas para as elites. Aliás, a Melinda deve saber que segundo a Organização Mundial de Saúde estamos em 31º lugar no que concerne à qualidade de saúde para todos os nossos cidadãos. Quando a Melinda diz que as pessoas em Portugal têm que esperar, também deve saber que depende da urgência. Concordo consigo quando diz que em 3-4 meses pode-se perder a vida, como aqui nos EUA temos 45 mil pessoas que morrem todos os anos porque não possuem seguro de saúde—mais de 140 por dia. Uma vergonha nacional no país mais rico do mundo. Quando a Melinda diz que está preocupada (segundo a sua carta ao editor) com o custo do plano para reestruturar a saúde na América, cerca de 900 biliões de dólares, pergunto-lhe: e não está preocupada que já gastámos muito mais na desnecessária guerra do Iraque? Sabe Melinda, 900 biliões de dólares para melhorar a saúde publica neste nosso país é muito, mas não me assusta. O que me assusta são os quase dois triliões que já se gastou a matar pessoas, muitas delas americanas. Gastar dinheiro do erário público para melhorar

a vida das pessoas não me desassossega, mas gastar dinheiro a matar e a provocar sofrimento (incluíndo os soldados americanos que voltam com as suas vidas para sempre estragadas) isso devasta-me. Mais, quando a Melinda diz que se preocupa com o aumento do défice, queria apenas recordar-lhe que quando o Presidente Clinton acabou os seus dois mandatos tínhamos um excesso no orçamento geral do estado, e que se hoje temos o maior défice de sempre, esse mesmo défice foi provocado pelo Presidente George W. Bush. Não vamos agora reescrever a história, pois não?! Gostaria também de comentar a afirmação que fez sobre democracia e ditadura. Vim de Portugal com 10 anos de idade, daí que vivi debaixo de uma ditadura. Conheço pessoas que foram presas ou exiladas pela ditadura de Salazar. A pobreza que se vivia em Portugal, particularmente nos Açores, era um resultado directo do ditador de Santa Comba Dão. Daí que não acredito em ditaduras sejam elas da direita ou da esquerda. Nem tão pouco este presidente, que apoiei na sua candidatura e pelo qual votei, acredita em ditaduras, basta ler os seus dois livros, escritos antes de se candidatar. Para mim, qualquer voz conservadora que vem com o papão de que o presidente Barack Obama quer “desrespeitar” a constituição é pura fantasia e temo que seja apenas camuflagem para outos pensamentos mais retrógrados, funestos e até mesmo perigosos para o multiculturalismo e a multietnicidade americanas. E, como sabe, a precedente administração está conotada com inúmeros abusos à constituição e aos direitos humanos. Mas esses toda a gente os quer esquecer, até mesmo o actual inquilino da Casa Branca. Como vê Melinda estamos em lados opostos na esféra política e como diz, uma das belezas deste país (porque tem muitas belezas) é podermo-nos expressar livremente. Porém, acho ser extramente importante que o façamos sem mistificar os factos. Estou grato à Melinda Lourenço pela sua carta ao editor, porque permitiu este espaço de debate, e isso é sempre saudável em qual processo democrático.

Em São Roque - o futuro é o passado virado do avesso (?)

Recordo que naquele tempo, seria acto lesa-majestade aconselhar o dono daquelas simpáticas “alimárias” a respeitar os critérios mais elementares de higiene pública, visando a protecção das crianças, muitas das quais conviviam com o gado frequentador da água fresca do valioso chafariz do largo do Poço Velho... No tempo da nossa criançada, se nos fosse perguntado o segredo da nossa invulgar resistência física para a prática do futebol no chão arenoso da nosssa praia (rapaziada entre dez e catorze anos, a jogar duas horas sem intervalo), a nossa resposta seria a seguinte: para quem é nado e criado perto do mar, a melhor posição para correr e dominar a bola é sempre a zona paralela à orla marítima; o terreno é mais firme p’rá corrida, e os remates nascem com melhor direcção.. Para alguns de nós, o quotidiano não se circunscrevia aos desafios de futebol. Face à endémica pacatez sócio-cultural de Ponta Delgada (até finais da década de 1950), nem sempre parece compreensível que um adolescente tivesse sido intensamente surpreendido pela precoce leitura do “Primo Basílio”, e um pouco mais tarde desafiado pelo pioneirismo neo-realista do “Cavalo Espantado”, de Alves Redol (para não reclamar a escusada convivialidade com a novela “A Carne”, da escaldante brasileira

Cassandra Rios) – tudo isto muito antes de ler os egrégios contos queirozianos ou as peças teatrais do grande Gil Vicente... Ora como até 1963, a electricidade teimava em não “dar à luz” na nossa modesta moradia em São Roque, tive de passar toda a minha adolescência a ler junto ao candeeiro de petróleo. De quando em vez, era assaltado pelo temor duma súbida (enganosa) escuridade visual. Felizmente, não se tratava de ataque de cegueira. Era tão simplesmente o raio da “torcida” do candeeiro a finar-se à míngua de petróleo disponível, quando a madrugada já se preparava para arragaçar as mangas ao novo dia... Seja-me permitido lembrar que, desde novito, aderi ao princípio de que o pensar não envelhece: cedo assentei praça, como soldado-raso, no batalhão minoritário que protege a verdade relativa da existência humana, de preferência distante da opulência obscena do mandarinismo político lusitano. Imagino que há dentro de nós o guerrilheiro-moral a esgrimir a verdade. Promessas de amor não são juras jesuíticas; preferia fossem consideradas gotas de palavras que se esgueiram pelas sinuosidades do Eterno-Bem; ou então, se quizerem, lascas de verdades arrancadas ao madeiral do pensamento... Entretanto, na nossa Terra, a maioria dos poetas, escritores – numa palavra, a maio-

ria dos artistas – prefere singrar à deriva uns dos outros, no respectivo delírio criativo. Por outro lado, os diáconos da teantropia da genialidade das Letras & Artes desfilam assistidos pelos assalariados da cultura, aperaltados no professionalismo das suas diligências burocráticas; são pessoas que se esgotam na tarefa de reflectir com imaginosa perícia, a luz alheia que lhes vem do alto. O desbotado projecto emocional de amar os pobres e odiar a pobreza já deu provas da sua ineficácia operacional. Não podemos eliminar a pobreza através da aritmética paternalista. Há que mudar sistemas, porque as pessoas – essas não mudam. Imagino que a prioridade da comunidade de São Roque assenta na educação cívica: a democracia participativa, não sobrevive sem o oxigénio do pluralismo politico. Aceitamos que os líderes da freguesia tenham apreço pela cooperação da sua municipalidade, mas devem cultivar o orgulho de dispensar esmolas institucionais derivadas duma suposta fidelidade partidária... Não se deseja que o futuro seja apenas o avesso do passado... Afinal, quem somos? “anjos caídos, ou bárbaros que se levantam...?”

COLABORAÇÃO

Temas de Agropecuária

Egídio Almeida [email protected]

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oi com respeito e acção de graças, que o mundo assistiu à passagem desta vida para melhor, no início deste Outono, do Nobel da Paz de 1990, Norman Borlaug, largamente pelo resultado da sua incansável e visionária investigação cientifica, com excelente resultados, na cultura do trigo e do arroz. A produção agrícola destes e outros alimentos duplicou entre 1960 e 1990. Borlaug foi creditado por salvar da fome, 1 bilião de vidas sómente na Ásia.

Norman Borlaug

Sinceramente o mundo é melhor alimentado devido aos esforços de Norman Borlaug, e milhares de outros cientistas que em diversas formas contribuíram para o

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O futuro abastecimento mundial de alimentos é uma ironia por resolver

aumento dos inventários globais de géneros alimentícios. No entanto há ainda imenso trabalho para ser feito. Durante os próximos 40 anos espera-se que a população mundial vá crescer dos presentes 6-7 biliões para mais de 9 biliões. Enquanto o nível de vida das populações atinge graus superiores em volta do Globo, espera-se que a demanda por alimentos crescerá em 100% por volta do ano 2050, isto de acordo com a Organização das Nações Unidas, “Food and Agricultu-

ral Organization”, a demanda por carnes e proteínas do leite espera-se que dobrará, durante este período de acordo com estes estudos.

Há uma ironia ainda não resolvida para reflectir quanto ao suprimento mundial, presente e futuro. Os produtores de alimentos tem uma responsabilidade ética e moral para ajudarem a alimentar o mundo. O maior problema no entanto é que debaixo da presente situação económica muitos produtores estão com receio de não poderem sobreviver os próximos 4 meses, muito menos as próximas quatro décadas. Olhando o passado com ironia, todos nós ligados à produção agrícola temos ouvido com insistência que pertence a nós a tarefa de suprir e alimentar a crescente população mundial. Devemos continuar a aperfeiçoar os nossos métodos, ser mais eficientes e mais produtivos, em ordem para providenciar nutrição nos quatro cantos do Mundo….depois de tudo a terra lavradia é limitada e não podemos fabricar mais, muito menos resolver um dos maiores problemas da produção agrícola, carência de agua. No final, e paradoxalmente aqui estamos, com os preços do leite, carnes, ovos e a maioria das maiores colheitas muito abaixo dos custos de produção. Exportação de alimentos dos Estados Unidos, o maior exportador de alimentos mundial, espera-se diminuirão pelo menos 17% este corrente ano. O número de pessoas no planeta que se deitam com fome, vai ultrapassar 1 bilião este ano, de acordo com ”World Food Program” das Nações Unidas. O (FAO) “Food Agricultural Organization” regista que diáriamente 16.000 pessoas deste Universo, morrem de causas originadas pela fome.

Alguma coisa está definitivamente mal no mundo em que vivemos. Estes números são assustadores e não sabemos se são ou não fruto da ganância, desprezo pelos mais fracos, ou falta de Justiça Social. Boas notícias para a agricultura dos Estados Unidos, “Farmers Markets” aumentaram 13% desde 2008, segundo o Secretário da Agricultura Tom Vilsak. Uma recente informação no ‘On-line Farmers Market Directory” regista 5.274 mercados nacionais registados, comparado com 4.685 registados em 2008. Desde que este grupo começou a registar esses mercados em 1994 estes numeros aumentaram quase 4.000. ”The United States Department of Agriculture” promove estes mercados como um incentivo de dizer ao consumidor, (conhece os teus produtores, e conhece os teus alimentos).

SJGI tem o prazer de apresentar

Eduardo da Silveira, M.D. Diplomado em Gastroenterologia. Especialista em Doenças do Fígado e do Aparelho Digestivo.

O Dr. Eduardo da Silveira fala múltiplas línguas incluindo o Português, Inglês, Espanhol e Francês. Bem-vindos a San Jose Gastroenterology (SJGI)

Agradecemos a oportunidade de oferecer os melhores cuidados médicos em Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva.

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15 de Novembro de 2009

Minha Língua Minha Pátria

Eduardo Mayone Dias [email protected]

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batalha de Puebla, travada a 5 de Maio de 1862, não é hoje em dia grandemente celebrada no México. Sem embargo, para as comunidades mexicanas radicadas nos Estados Unidos, a data tornou-se quase um feriado nacional, como símbolo de uma heróica resistência ao invasor estrangeiro. Tudo havia começado quando o Imperador francês, Napoleão III, com o apoio de conservadoras elites do México, havia concebido um grandioso plano de criar nesse país um império francófilo que se opusesse à crescente influência norte-americana sobre o continente. Uma vez consolidado, tentar-se-ia uma incursão rumo ao norte que contribuísse para dividir o território americano em duas repúblicas, reduzindo deste modo o potencial político e bélico dos Estados Unidos. Estalara a Guerra Civil Americana e o imperador esperava que uma aliança com a facção sulista pudesse facilitar os seus propósitos. Um primeiro passo consistiu no envio de uma força expedicionária de, segundo fontes mexicanas, 4 677 homens. Tratava-se na realidade de um contingente internacional, já que nele figuravam 447 sudaneses, núbios e abissínios, comprados pela França ao Sultão do Egito, supostamente mais adaptáveis ao clima e resistentes a doenças tropicais, assim como elementos da Legião Estrangeira e três batalhões austríacos de infantaria. Entre as tropas francesas chegaram um regimento de hússares (1)e outro de ulanos.(2) e uma bateria de artilharia. Desembarcado em Veracruz, a ele se juntaram tropas mexicanas opostas ao governo liberal de Benito Juárez. (3) Algumas referências aludem quanto a estas forças, a um total de 8 000 homens. Avançando em direcção à capital, encontraram escassa resistência. (4) A sua marcha viu-se todavia bloqueada frente à cidade fortificada de Puebla de los Angeles, a cem quilómetros da capital. Com o seu exército de, segundo fontes francesas, cerca de 6 000 homens,(5) o comandante destas forças, General Laurencez ordenou um ataque frontal ao sector mais poderoso das posições mexicanas, protegido por um curso de água e um muro de tijolo. Os defensores. comandados pelo General Zaragoza,(6) orçavam pelos 4 000. (7) Segundo algumas fontes mexicanas,

“CINCO DE MAYO” uma data polémica

tratava-se sobretudo de “peones” armados com “machetes” e antiquadas espingardas. Encontravam-se contudo, entre os efectivos mexicanos, desertores espanhóis, aventureiros ingleses e liberais europeus, incluindo franceses.(8) Dispunha-se também de artilharia, de um batalhão de atiradores e de cavalaria, comandada por Felix Díaz, irmão de Porfírio Díaz (9) Foi por certo imprudente a táctica de assalto determinada pelo general francês. Após um forte bombardeamento por dez peças de artilharia, três cargas sucessivas pela infantaria e cavalaria francesas não conseguem alcançar as linhas mexicanas. O fogo dos defensores faz destroçar dois batalhões de zuavos (10) e contingentes de caçadores e de infantaria de marinha vindos em seu auxílio. Segue-se uma debandada geral e Zaragoza ordena à cavalaria que fustigue os fugitivos. Um furioso temporal impede todavia a perseguição e evita maior número de baixas. (11) Calcula-se que, entre mortos e feridos, os atacantes tenham perdido cerca de 800 homens. (12) As autoridades mexicanas anunciam 83 mortos, 132 feridos e 12 desaparecidos entre os seus. (13) México havia ganho uma batalha mas não a guerra. Napoleão III sentiu-se indignado. O seu antes quase invencível exército havia sofrido a humilhação de ser desbaratado por outro que se considerava inferior, desorganizado e deficientemente armado e equipado. Decidiu então vingar o ultraje e repor o prestígio do seu exército enviando ao México nova expedição, desta vez de 20 000 homens. A História repete-se - até certo ponto. Desembarcando em Veracruz o corpo francês, reforçado por cerca de 10 000 soldados mexicanos fiéis, avança sobre Puebla sem encontrar sensível oposição. Ocorre sem embargo um episódio que se perpetuará nos anais da Legião Estrangeira. Cerca de 2 000 soldados mexicanos atacam a fazenda de Camarón, ocupada por 64 legionários sob o comando de um capitão. Após um dia de combate apenas cinco sobrevivem. Como último gesto desesperado calam baionetas e lançam-se sobre os atacantes. Somente dois, feridos, puderam viver e narrar os acontecimentos. A segunda batalha de Puebla tem início a 16 de Março de 1863, quando os franceses

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começam a cercar a cidade, então defendida por uns 21 000 soldados. Seguiu-se um intenso bombardeamento pelos atacantes e repetidos ataques. Alguns fortes caíram o quando se esgotaram as munições e mantimentos da cidade sitiada, o seu comandante militar inutilizou a artilharia e a maior parte de restante armamento e pediu a capitulação, o que ocorreu a 17 de Maio. Estava agora aberto o caminho para a capital. Contudo, o projecto de Napoleão III só parcialmente se concretizou. Em 1864 persuadiu o arquiduque Maximiliano de Áustria a ocupar o trono do México como imperador. Contando com o apoio de tropas francesas e do sector mais tradicionalista da sociedade mexicana, Maximiiano chegou à capital no ano seguinte.(14) Culto, dedicado às artes e às ciências, o seu breve império foi marcado por medidas liberais que no entanto não permitiram um acercamento aos republicanos encabeçados por Benito Juárez. Quando Napoleão III retirou as suas forças do México, a situação de Maximiliano tornou-se crítica. Os republicanos ganhavam terreno e, derrotados os monárquicos, Maximiliano foi capturado e condenado à morte, havendo sido executado a 19 de Junho de 1867. (15) Dada a evolução destes acontecimentos, o “Cinco de Mayo” não foi pois uma batalha decisiva para a história do país, apenas um algo episódico feito, notável sobretudo por assinalar uma das raras ocasiões em que o exército mexicano, através dos anos, pôde com êxito opor-se a uma invasão estrangeira.

NOTAS (1) Os hússares eram a cavalaria de elite do exército francês. (2) Os ulanos constituíam uma cavalaria ligeira, armada com lanças, sabres e pistolas. (3) Benito Juárez, um índio de etnia zapoteca, nasceu em 1806. Formado em Direito, iniciou uma carreira de activismo político que o levou à presidência da república. Faleceu em 1872, quase idolizado como um apóstolo das liberdades democráticas. (4) Diziam então os soldados franceses que estavam conquistando o país com as pernas, não com as baionetas.

Sabores e Sons dos Açores A associação estudantil SOPAS-Society of Portuguese-American Students-das escolas secundárias Tulare Union, Tulare Western e Mission Oak, apresenta no sábado, 21 de Novembro de 2009, a sétima anual feira gastronómica Sabores e Sons dos Açores (Tastes and Sounds of the Azores). É uma noite com uma mini feira gastronómica, onde as pessoas terão oportunidade de provar mais de 30 pratos e sobremesas diferentes da nossa rica gastronomia açoriana. Este acontecimento terá lugar no refeitório da nova escola secundária Tulare, a Mission Oak, na avenida Bardsley no sábado, 21 de Novembro, a partir das 19h00—sete da noite. O preço é de $12 por pessoa e os bilhetes são limitados. Para mais informações devem contactar com qualquer jovem director desta associação de jovens estudantes ou com o professor encarregado na escola secundária Tulare Union, Diniz Borges pelo telefone 559-686-7611. Os bilhetes serão vendidos até ao dia 17 de Dezembro e não teremos bilhetes à porta. Para além da comida haverá a apresentação dos alunos de Português-IV

com algumas modas tradicionais dos Açores e música popular portuguesa com talentos da nossa comunidade, nomeadamente, Idalina Vieira, Manuel Conceição, João Sales e Michael Vieira. Com os melhores cumprimentos Luis Rebelo, presidente SOPAS-Tulare Union Victória Simas, presidente SOPAS-Tulare Western Serena Silva, presidente SOPAS- Mission Oak

(5) 340 militares doentes haviam sido deixados num hospital de Orizaba, sob a promessa mexicana de que seriam devidamente atendidos. (6) Ignacio Zaragoza havia nascido no Texas, então território mexicano. Após uma brilhante carreira militar, assumiu o cargo de comandante do Exército do Oriente. Faleceu em Puebla em Setembro de 1962. (7) Uma fonte francesa aponta para 12 000, dada a chegada de reforços. (8) Uma mulher lutou com tal bravura na defesa da cidade que foi promovida a tenente-coronel. (9) Porfirio Díaz, que viria a ser o ditatorial Presidente que governou o México de 1876 a 1880 e de 1884 a 1911, comandou uma brigada de infantaria durante a batalha de Puebla. (10) Infantaria criada no Norte de África, no início composta por soldados berberes mas mais tarde integrada exclusivamente por franceses. (11) Existem também referências a outras “forças inimigas”, uma manada de gado bovino impulsada por camponeses índios a galopar em estampida contra os invasores. (12) Outra fonte refere 463 baixas entre mortos e feridos. 13) Estranhamente, pouquíssimos prisioneiros foram feitos pelas tropas mexicanas, dois segundo uma fonte e de oito a dez segundo outra.(14) Havia desembarcado em Veracruz, com a sua esposa Carlota, a 28 de Maio de 1864.(15) No meio da tragédia ocorreu um episódio irónico. Quando o imperador perguntou a um dos seus generais, também condenado à morte, que uniforme devia usar para a execução, este respondeu: “Não sei, Majestade, é a primeira vez que me fuzilam”.

Agradecimentos 1. In Loving Memory & Thank You / Family of Bel R. Martin. We want to thank our friends, relatives and neighbors who were therefor us at this extremely painful time in our lives. The phone calls, visits, flowers, cards, prayers, food, mass offerings, donations in Bel’s name and the attendance at the funeral services were such a comfort to us at this time of sorrow. The outpouring of love and support is overwhelming. He touched many lives and will be greatly missed. A special thank you to Msgr. Rick Urizalqui, Father Raul Marta, Msgr. John Griesbach, Millers - Tulare, Mary Mendonca and The Knights of Columbus. With our Love and Gratitude, Gilda, Louie, Mary, Mary Marlene, Armand, Liz, Linda, Gabe, Julianne and families. 2. João Martins e família, residente em Modesto, vem por este meio agradecer a todos aqueles que participaram na festa dos seus 80 anos, realizada no Salão da Banda de Escalon, e que tornaram aquele dia como um dos mais felizes da sua vida. Bem hajam!

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Agua Viva

Filomena Rocha [email protected]

O Muro que era da vergonha...

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á passaram vinte anos que o Muro de Berlim, também chamado de Cortina de Ferro ou Muro da Vergonha, foi finalmente derrubado, depois de 28 anos ter dividido um povo e um país em dois, sob uma visão política de dictadura e repressão, onde a palavra liberdade não passava de sonho e utopia. O que outrora terá sido também um muro de lamentacões, visto que durante anos inúmeras famílias choraram do outro lado, por não puderem ver-se e muitas vidas se perderam para que esta liberdade de novo se conquistasse, foi agora motivo de festa e celebração na passagem de mais um aniversário de derrube. Mas se esta conquista se deu, outras ainda estão por realizar. E se alguns muros se destroiem muitos outros ainda se levantam, como o chamado Muro do Império, entre México e Estados Unidos da América. Todavia, pior que a fronteira política é o muro da religião, como no Médio Oriente, e na Irlanda do Norte e a República da Irlanda, a menos que a crise da nova economia em vez de ser mais uma divisão, seja uma forma de aproximação. É muitas vezes nos tempos difíceis que o povo encontra força e razão para conviver e fazer a festa da partilha. Infelizmente, o Mundo não parece querer aceitar essa dádiva, apesar de cada dia estarmos mais próximos uns dos outros pela tecnologia, porque o extremismo instalou-se no lugar da moderação e do equilíbrio humano, de tal forma que me parece estarmos a caminhar para a Idade das Trevas. Se não tivermos cuidado, é aí que chegaremos, se não nos agarrarmos aos valores que nos foram incutidos e os passarmos aos nossos filhos e netos. inda me lembro de quando em criança, na catequese e aos Domingos na Missa ouvir nas homilias sobre a vida de Deus que era o Cristo com toda a trajectória de nascimento, morte e ressurreição, e a par, a vida dos santos, com devotas novenas que terminavam sempre com Sermão e Missa Cantada. Sermões empolgantes, em igrejas cheias sobre gente como nós mas que devido ao muito amor a Deus, muita tragédia, muito sacrifício, se tornaram mártires, pregadores, missionários da bondade e da pobreza, que nos faziam meditar e a muitos fizeram tomar o rumo do sacerdócio, do convento e alguns até o voto da castidade mesmo no casamento. Hoje, as igrejas estão vazias e dos Santos ninguém fala porque os padres de hoje já nem conhecem o percurso dessas pessoas que foram exemplos e motivação de Fé de novas vidas humanas e agora as suas imagens são apontadas nos nichos ou altares que ocupam como estátuas de estorvo, perturbantes, empatas, e distracção dos fiéis para com Deus. Isto acontece na Igreja das Cinco Chagas, a mais linda da Diocese de São José, construida pelas mãos de Portugueses, que neste fim de semana cumpre 95 anos de fundação, a que ainda há-de ser museu apenas, (vontade não falta aos que ùltimamente têm vindo pastorear) se isso der mais dinheiro que as colectas dominicais, e se os Portugueses não tiverem mão nos santos e no resto, vai acontecer isso ou o mesmo que ao arquivo de documentação de casamentos, - um século de história das Cinco Chagas, - que por mãos de voluntárias e voluntários ignorantes foi parar à lixeira da Câmara Municipal desta cidade.

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Tribuna do Leitor

RECORDAÇÃO & HOMENAGEM 


No Domingo 1 de Novembro, 2009, festa litúrgica de Todos-os-Santos, na igreja nacional portuguesa das Cinco Chagas em San José, Califórnia, teve lugar a Missa do trigésimo dia sufragando a alma do Padre Carlos Macedo, falecido a 1 de Outubro. Foi deveras apropriada a narrativa evangélica desse domingo de festa e saudade. Estou 
a referir-me, evidentemente, à leitura das Bem-aventuranças, ainda hoje com a designação de o Sermão da Montanha. De facto, ao ver-se rodeado por grande multidão, Jesus subiu à montanha, aí sentou-se e meigamente começou a ensinar. Curioso apontar que, na Bíblia, as montanhas revestem-se de muito simbolismo por serem os lugares onde, tradicionalmente, alguém se avista com Deus ou escuta a voz divina. Por exemplo, Moisés subiu a montanha do Sinai p’ra receber os Dez Mandamentos. O evangelista Mateus apresentou Jesus, superior a Moisés, proclamando no alto da montanha um pratico e acessível modo de vida. 
No entanto, as Bem-Aventuranças diferem dos Dez Mandamentos. Jesus nunca acumulou uma lista de leis p’ra serem obedecidas cegamente. De preferência, através das Bem-aventuranças, Jesus anunciou a consecução duma vida mais abundante e feliz, de liberdade sem conformismo, e de justiça sem alineação. 
As Bem-aventuranças não são preceitos indicando como ser feliz, pois que a escrevem apenas o tipo de pessoa que e feliz. As Bem-aventuranças demonstram atitudes que revelam compromissos em seguir a vontade de Deus e resultam em meios de salvação, ou seja, em verdadeira felicidade. 
O Padre Carlos Macedo, que paroquiou na Igreja das Cinco Chagas de 1963 até 1986, evidenciou ter seguido sempre, de alma e coração, os ensinamentos estabe1ecidos por Cristo nas Bemaventuranças. Assim, “Felizes os pobres que o são no seu intímo, porque é deles o Reino dos Céus.” Macedo, genuinamente humilde, tinha a sua confiança posta inteiramente em Deus. “Felizes os que choram, porque hão-de ser consolados.” Macedo, consciente das suas fraquezas, procurava arrimo no conforto do amor e graça de Deus. Felizes os mansos, porque

possuirão a Terra como herança.” Macedo tudo aceitou resignadamente, sem rancor ou vingança, sem presunção ou egoísmo. “Felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados.” Macedo movia-se por um espírito de bondade e norteava-se nas suas acções por um espírito equitativo de justiça, sem maldade nem traição. Felizes os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.” Macedo foi modelo virtuoso de paciência e acolhimento a quem dele se aproximava na expectativa ou necessidade de ajuda e compreensão. “Felizes os puros de coração, porque hão-de ver a Deus.” Macedo procurou servir a Deus com rectidão e honestidade. “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” Macedo mostrou sempre um autêntico instrumento de paz e reconciliação adentro da nossa comunidade. Finalmente, “Felizes os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque é deles o Reino dos Céus. Felizes sereis quando, por minha causa, vos insultarem de toda a espécie de mal. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos Céus a vossa recompensa”. Apraz-me anotar a jovial idade e carinho que Macedo dispensava a todos, acudindo com prontidão e zelo. Mais ainda, a serenidade extraordinária que sempre acatou em momentos de adversidades e incompreensões. Como expressivamente assinalou José Rodrigues, Presidente da Portugueses Heritage Publications, na eulogia proferida nas Cinco Chagas na ocasião da Missa de aniversário: 
“O Padre Macedo foi um homem bom e simples, de trato fino e nobreza de carácter; um sacerdote cujo comportamento pessoal foi sempre exemplar e dignificante; um parceiro sempre pronto p’ra aju-

dar nas melhores iniciativas da comunidade portuguesa.” 
O Padre Macedo, adiantou Rodrigues, emprestou grande empenho no melhoramento das relações entre as sociedades e irmandades vizinhas, e contribuiu p’ró desenvolvimento de várias organizações. Acima de tudo, serviu a Igreja com dignidade e manteve unida a nossa comunidade.” 
A fechar, só tenho a acrescentar que, em troca do amigo e colega, de nome Carlos Macedo, contamos agora com um privilegiado mensageiro a repousar na celestial e divina Bemaventurança, chamada Eternidade. Carlos Macedo era natural de Ponta Delgada, S. Miguel, onde nasceu em Novembro de 1924. Recebeu a ordenação sacerdotal em Dezembro de 1948 em San Francisco, California.

Ferreira Moreno

I’d like to cancel my subscription to Tribuna. Too much disdain of America, the common folk of our community, and the Catholic Church. Lots of heat about each one, little light though. We’re not living in Europe. If a community newspaper becomes just a voice for leftist thought, more and more people like myself will feel left out. Maybe you want that. Serious lapses and errors of judgment are at this time being made in the general tone and direction of the paper. It’s gotten too leftist in a very parochial way. Too predictable. I cancel my subscription with some regret.

Luis Cardoso San José

Oração Espírito Santo, Vós que me esclareceis tudo, Vós que me iluminais todos os caminhos para que eu atinja o meu ideal, Vós que me dais o Dom Divino de perdoar e esquecer o mal que me fazem, e que em todos os instantes da minha vida estás comigo, eu quero, neste curto diálogo, agradecer-vos por tudo, e, confirmar mais uma vez, que nunca me quero separar de Vós, por maior que seja a ilusão material, não haverá o mínimo de um dia sem estar convosco e todos os os meus irmãos na glória perpétua. Obrigado mais uma vez. A pessoa deve fazer esta Oração três dias seguidos sem dizer o pedido. Dentro de três dias será alcançada a graça por mais difícil que seja. Publicar assim que receber a graça. I.A.

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15 de Novembro de 2009

Hilmar - lindo Bodo de Leite

Fotos de Jorge Ávila “Yaúca”

Muita juventude nos nossos Bodos de Leite O Folclore a lembrar a nossa melhor música tradicional

PATROCINADORES

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FESTAS

15 de Novembro de 2009

O tema da lã nos Açores foi muito bem tratado, como já é habitual em Hilmar. Esta pequena localidade no centro do Vale de San Joaquin foi a pioneira em tratar o Bodo de Leite com temas que são queridos da comunidade portuguesa. O que será para o ano?

Embaixo: Padre Julio Rocha acompanhado pelo seu colega da paróquia de Hilmar, Hilary Silva, procede à benção dos animais no fim do Bodo de Leite.

Padres Hilary Silva e Julio Rocha, Manuel e Maria Almada (Secretários), Anna Maria Silveira (Presidente), Mary Xavier e marido (Tesoureira); Past President Manuela e Frank Enes

FESTA EM HILMAR

Esta festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário em Hilmar é uma das mais genuinas da nossa comunidade. O seu crescimento tem vindo a ser notado e a nossa gente está-se a aperceber da simplicidade e da beleza desta festa. As novenas começaram no dia 16 de Outubro até ao dia 23. O convidado deste ano foi o Padre Júlio Rocha, da Ilha Terceira. Na Sexta-feira, dia 23, depois da Novena houve um acto de variedades por um grupo de paroquianos. No Sábado, dia 24, teve lugar o tradicional

Bodo de Leite, este ano com o tema: “A Origem dos primeiros vestuários de lã nos Açores”. Como se pode observar pelas fotografias da página anterior, este tema foi muito bem representado, como é apanágio da boa gente de Hilmar. No Bodo de Leite incorporaram-se os Grupos Folclóricos Mar Bravo, da Casa dos Açores; Luso, do Conselho de Jovens # 4 de Modesto; Mar Alto, de Nossa Senhora da Assunção e Grupo Etnográfico do Vale de San Joaquin. Depois da benção dos animais, foram dis-

tribuidos massa sovada e leite. Às 6:30 pm houve Novena, seguida de Missa e Procissão de Velas. Às 9:30 cantoria no Salão com Manuel dos Santos, João Pinheiro, António Azevedo, Vital Marcelino, Adelino Toledo, José Ribeiro, acompanhados por Dimas Toledo, Victor Pedro Reis, Manuel Avila e Justin Rocha. Houve também baile com o Conjunto Zodiac, de San José. No Domingo houve Missa Campal cantada pelo Coro Português da Paróquia, seguindo-se a Solene Procissão de Nossa Senhora do Rosário, acompanhada pelas

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imagens das paróquias vizinhas. Tomaram parte na Procissão as filarmónicas Lira Açoriana, União Popular, Filarmónica de Tulare e Banda Portuguesa de San José. Seguiu-se o almoço tradicional de torresmos. Durante a tarde houve concertos pelas filarmónicas presentes. À noite cantaram Fernando Correia Marques, da Costa Leste e Carmencita, de Los Banos. E também houve baile para finalizar a festa com Marson Brothers DJ.

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FESTAS

Coro Português da Paróquia de Hilmar

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FESTAS

Festa de Nª Senhora do Rosário em Hilmar

Manuel dos Santos, António Azevedo, João Pinheiro, Vital Marcelino, José Ribeiro, Adelino Toledo

Filarmónica Portuguesa de Tulare

Os Três Pastorinhos A Imagem do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Pilar

Filarmónica Lira Açoriana de Livingston

Secretário Manuel e Maria Almada, Presidente Anna Maria Silveira, Tesoureira Mary Xavier e marido, Past President Manuela e Frak Enes

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15 de Novembro de 2009

Ao Sabor do Vento

José Raposo [email protected]

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enso que minha mãe ainda deve ter lá por casa um livro ao qual chamávamos o rol dos fiados. Era um livro muito velho, com as capas já meias rotas, mas que se podiam ver nele os nomes das pessoas que gastaram a crédito na loja do meu avô e que, por uma razão ou outra, não pagaram as dívidas. O meu avô morreu quando a minha mãe tinha 12 anos e ela guardava aquilo como uma relíquia. Lembro-me que meus pais continuaram a usar o mesmo método de meu avô e havia alguns clientes que vinham às compras mais vezes e para esses, tinham uma caderneta individual, onde apontávamos o que a pessoa havia comprado e os devidos pagamentos. O interessante é que tal era a confiança e honestidade, que o cliente era quem guardava a caderneta e nós nem pensávamos, sequer, em ter uma cópia da mesma.

Nem faz contacto nem tem talento

Lembro-me, ainda, que pela altura do Carnaval se faziam umas danças e numa delas entrava um senhor o qual lhe vestiam uma camisa muito grande e enchiam-na de tal maneira que o homem ficava muito gordo. E então o grupo cantava: Olha o vendeiro arrebentado Não tem dinheiro e dá fiado. E ele então dizia: Cá na minha veniaga, Com vocês sempre perdi. Vocês só me deram em paga Home assenta isso p’raí. De que me serve ter vista Senhora santa Luzia, Só para ler esta listra Todas as horas do dia. Vai-te embora cão ruim, Sai da minha presença, Que se eu tenho o bucho assim, Saibas que é tudo doença. E lá ia a dança dessa maneira. Tivemos a nossa lavandaria aqui na Califórnia durante 33 anos e só nos últimos seis é que nós resolvemos aceitar cartões de crédito. Tínhamos um rol

dos fiados como o meu avô e a minha mãe lá tinham na loja e aquilo nunca falhava. Quando resolvemos aceitá-los, veio o representante de uma companhia, assinamos a papelada toda e o homem nos deixou uma máquina de marca TALENTO. O diabo da máquina trabalhou por uns tempos e depois avariou. E eu disse que queria outra, mas que não fosse daquela marca. O homem disse que talvez eu tivesse tido azar, porque a marca era boa e que se eu a devolvesse, dentro de 72 horas me mandaria a mesma reparada ou uma nova. Devolvemos a máquina e dentro do prazo combinado recebemo-la reparada. Trabalhou mais uns dias e avariou de novo. Eu, todo enfurecido, telefonei novamente e disse que não queria mais máquina nenhuma daquela marca. Foi uma menina que me atendeu dessa vez e lá teve a paciência de estar comigo não sei quanto tempo a dizer o que eu deveria fazer. Pergunta ela: Onde você está? Eu respondi: California. Ela pergunta de novo: a máquina tem contato? Como vi o mostrador iluminado, respondi que sim. Ok! Diz ela. Então temos um bom contacto. Desligue e volte a

ligar de novo. A máquina fazia contacto com a central, mas não contactava a conta do cliente no banco e era isso o que me interessava. Ela pedia para eu ligar e desligar de novo e eu disse: Vou fazer isso mais uma vez. Fiz e não trabalhou. Já zangado então disse para a menina: por favor mande-me uma máquina de outra marca porque esta porcaria não faz contacto, nem tem talento. Palavras santas. Ela mandou uma da marca Omni, que trabalhou que foi uma maravilha. Na altura, pensei de novo: - É como tanta coisa e muita gente que há por aí: que tem talento e não faz contacto; que faz contacto e não tem talento; e ainda há alguma que nem faz contacto nem tem talento.

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Sabor Tropical

Elen de Moraes [email protected]

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or ter sido criada numa cidadezinha interiorana, meu vínculo com a morte sempre foi espontâneo, isto porque desde criança minha mãe nos levava a quase todos os velórios, muito por não ter com quem nos deixar e, mais, porque quem conhece esses lugarejos sabe que não há muito que se fazer e sempre que éramos convidados, estávamos lá, fosse festa de casamento, batizado ou funeral. Sábia, embora sua pouca instrução, mamãe nunca fantasiou a morte dizendo, por exemplo, que ao morrermos viraríamos uma estrelinha. Ela aproveitava essas ocasiões para explicar, à luz da Bíblia, o que acontecia às pessoas que “iam dormir com o Senhor”. Acrescentava: “um dia todos nós morreremos”. Cresci sabendo que “dormiria” também! No interior, um velório, não fosse pelas pessoas chorando em volta do morto, poderia ser considerado como uma festa. Explico: aqui no Brasil, salvo as devidas exceções, quando alguém morre fica exposto à visitação pelo menos por 24 horas, até ser enterrado. Aos convidados são oferecidos lanches, comidas variadas, bebidas e para que a noite passe mais rapidamente, uns contam piadas, outros dizem “casos” da vida do falecido, alguns cantam e muitos choram em volta do caixão. Numa cidade grande, os cemitérios oferecem o local (capelas) para o velório. Como a superstição está presente no quotidiano de todos os povos, ela não poderia faltar na hora da morte. Dizem que jogar um punhado de terra sobre o caixão, enquanto o mesmo baixa à cova significa um pedido para o morto arranjar um bom lugar no além, para essa pessoa. Isso se ele for para um bom lugar, porque se não for, quem jogou a terra terá se danado junto. Por isso, segundo os supersticiosos, o melhor é não se arriscar e só jogar a terra na sepultura dos “anjinhos”, “porque esses vão para o céu, com certeza”.

Custo: $150,000.00 dolares. Aceitam-se ofertas

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Nascer para morrer ou... Morrer para nascer?

Aqui no Brasil não temos o hábito de queimar os corpos, mas tal procedimento era adotado desde a pré-história, para evitar que fossem devorados pelas feras. A cremação não é uma unanimidade entre as religiões. Os budistas, espíritas e alguns cristãos a aceitam. Judeus e Muçulmanos a proíbem. Talvez por sermos um país de católicos, só 5% a adotam, pois a nossa orientação, por causa da ressurreição no juízo final, é enterrar os mortos – “és pó e ao pó voltarás” - se bem que alguns seguimentos do Cristianismo não vêem nenhum mal nessa prática. A reverência aos mortos, uma tradição milenar, seguia os preceitos dos costumes dos povos. No Egito, 3000 anos antes de Cristo, as tumbas dos faraós já traziam inscrições sobre a vida e os atos do morto. Os Romanos não falavam sobre a morte, só recordavam a vida e na homenagem dos antigos gregos - que era feita em fevereiro - eles ofereciam alimentos para os mortos, como os antigos egípcios.. Com o objetivo de diminuir a influencia das festas pagãs, na Idade Média, como o “Halloween” (31 de outubro), que os Celtas (povos que habitavam a região da Irlanda) celebravam - colocando nas portas da suas residências caveiras, máscaras, abóboras enfeitadas, etc., por acreditarem que isso espantaria os espíritos dos mortos que saiam dos cemitérios para se apossarem dos corpos dos vivos - coube à Igreja Católica criar uma data para que seus seguidores reverenciassem seus entes queridos quando partissem. Daí ter sido escolhido o dois de novembro o “dia de finados” ou dia dos mortos. E o “All Hallow’s Eve” ou Halloween, passou a ser naquela época o “dia das bruxas” e quem o comemorasse era condenado a morrer na fogueira, pela Inquisição. A história termina aqui pelo espaço restrito da página, no entanto, a vida tem o espaço que Deus nos dá e o tempo que nós nos permitimos merecer. E tudo é só

isso? Não! Que sentido teria a vida se ela acabasse em nada? E é aqui, neste exato momento, que me aflijo pelos ateus: para eles é o fim, o nada, o vazio, a decepção, a inutilidade. Para nós, que acreditamos em Deus, é só o começo. MORRER PARA NASCER... Elen de Moraes Creio que após a morte existe vida. Na eternidade da alma também creio E que será, pelo Pai, acolhida Para descansar, em paz, em seu seio. Eu só não sei se morri ao nascer Para viver esta a vida, afinal... Ou, se ao contrario, será ao morrer, Que nascerei para vida real. Não vivo a pensar que o vindouro passo Do meu dia seguinte seja a morte, Pois ela, de qualquer modo, ao compasso Do tempo que esvai, será minha sorte. Mesmo que eu ande nesse vale escuro, Não o temo, pois bem sei que ele é a causa,

Sucessão e fim deste “lar” seguro Que EU sou, antes que se execute a pausa. Quando meu corpo frágil, delicado, Etéreo, tão belo como o cristal, Quebrar-se... Seu vinho, for derramado... Será, da minha matéria, o final! E só então, será desencarcerado Meu Espírito... Meu Eu celestial.

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DESPORTO

15 de Novembro de 2009

Liga Portuguesa de Futebo Benfica dispara; Porto estagna; Sporting afunda-se Cumprido um terço da Liga pode constatar-se que o Benfica melhorou em quase todos os aspectos: número de pontos conquistados, golos marcados e sofridos. Já o Sporting tem saldo negativo em tudo... menos nos golos marcados. Apesar de os encarnados terem subido de rendimento, essas melhorias não se reflectem directamente na tabela. Tal como no ano passado, estão no segundo lugar, ainda que com mais três pontos (25). Em 2008/09 estavam a um do líder, Leixões, agora estão em igualdade pontual com o Sp. Braga. Para os tetracampeões está quase tudo na mesma. O F.C. Porto tem os mesmos 20 pontos e repete a terceira posição. A formação de Jesualdo Ferreira regista, ainda assim, mais dois golos marcados (19) e menos um sofrido (8). Dos três grandes, sem surpresa, o Sporting é o que mais perde em relação à época passada. Os leões estão no oitavo lugar, com menos cinco pontos do que em 2008/09, para uma descida de quatro posi-

ções na tabela. A equipa até marcou mais um golo (12), mas também sofreu mais quatro do que na temporada 2008/09. Também sem surpresa, é o Benfica quem mais se destaca pela positiva no ataque: os encarnados já marcaram mais 13 golos do que no ano passado, tendo sofrido menos três (7).

Robert Henke suicidou-se O guarda-redes in-

André Villas Boas é o eleito

ternacional alemão Robert Henke, exguarda-redes do Benfica, que alinhava no Hannover 96, da primeria divisão alemã, suicidou-se hoje aos 32 anos, deixando mulher e uma filha adoptiva de oito meses. “Posso confirmar que se trata de suicídio. Robert suicidou-se pouco depois das 18:00 [17:00 em Lisboa]”, afirmou à agência desportiva alemã SID Jorg Neblung, amigo e agente de Enke, que jogou no Benfica entre 1999 e 2002. Devido a uma infecção bacterial, o antigo guarda-redes do Benfica esteve algum tempo afastado dos relvados, não participando nos jogos do seu clube nem sendo convocado para os últimos quatro encontros da selecção, depois de ter conquistado a titularidade. Também não tinha sido chamado aos trabalhos da equipa nacional para os jogos particulares com o Chile e a Costa do Marfim, a 14 e 18 de Novembro. No entanto, o seleccionador Joachim Low tinha deixado claro que contava com ele para número um da baliza alemã no Mundial de 2010 na África do Sul. Enke, internacional AA oito vezes, nasceu a 24 de Setembro de 1977, em Jena, na então República Democrática da Alemanha, e ao longo da sua carreira representou Carl Zeiss Jena, Borussia de Moenchengladbach, Benfica, FC Barcelona, Fenerbahçe, Tenerife e Hannover 96, no qual alinhava desde 2004. Sapo Desporto c/Lusa

Leixões: de primeiro para penúltimo Entre as equipas em perda, o Leixões, que chegou à décima jornada de 2008/09 no primeiro lugar é quem regista uma quebra mais acentuada. Olhando para a tabela, as diferenças são evidentes. A formação orientada por José Mota ocupa a penúltima posição (15ª), com menos 15 pontos do que na temporada anterior. Por comparação com a época passada, caiu 14 posições na tabela, tem menos 15 pontos, marcou menos sete golos e sofreu mais nove. O Rio Ave foi a única equipa que melho-

Ponto final na especulação de nomes: André Villas Boas, 32 anos é o treinador eleito por José Eduardo Bettencourt para suceder a Paulo Bento no comando técnico do Sporting, mas ainda não estão reunidas todas as condições que permitam oficializar a ligação nas próximas horas, até porque ainda faltará o sim definitivo do ainda treinador da Académica. O antigo colaborador de José Mourinho, que esta temporada enveredou pela sua emancipação como treinador - iniciou carreira em Coimbra rendendo Rogério Gonçalves na Académica a meio do mês passado - , foi o treinador que mais interesse suscitou e o que mais consistência ganhou nos últimos dias nos corredores de Alvalade. Ao ponto de, inclusive, já ter decorrido um encontro entre o presidente dos leões e o ainda treinador da Briosa. Ou seja, no que concerne a Bettencourt, que chamou a si a responsabilidade da escolha depois da queda da estrutura que suportava o futebol leonino, André Villas Boas é o eleito para suceder a Paulo Bento em Alvalade.

rou em todas as vertentes - classificação, pontos, golos marcados e sofridos. A formação de Vila do Conde ocupa o sexto lugar, enquanto na temporada passada estava no último, com apenas sete pontos. Agora, o conjunto orientado por Carlos Brito soma mais oito pontos. Para além disso, os vilacondenses têm 11 golos marcados, mais cinco que em 2008/09, e sofreram menos três (8). Outra equipa que melhorou claramente em relação à época anterior foi o Sp. Braga. O líder da Liga está seis lugares acima do que ocupava em 2008/09 e conquistou mais nove pontos durante os dez jogos disputados. O Sp. Braga fez balançar as redes adversárias por 15 vezes, mais quatro que na época passada. O conjunto ori-entado por Domingos Paciência regista, entretanto, o mesmo número de golos sofridos (5), que lhe valem o estatuto de melhor defesa da Liga

Sá Pinto na direcção de futebol

O antigo jogador do Sporting Ricardo Sá Pinto vai integrar a direcção de futebol do clube, avança esta quarta-feira a ‘SIC’. O ex-capitão leonino ocupa actualmente o cargo de relações externas do Sporting e é visto como um elemento com carisma dentro do clube, depois de ter representado emblema nove anos. Luís Freitas Lobo e Carlos Freitas são outros nomes apontados para a estrutura do futebol leonino. O presidente, José Eduardo Bettencourt, terá também comunicado a equipa técnica que não conta com ela para a nova estrutura, que ainda não foi conhecida. Manuel Cajuda e Lazlo Boloni foram os nomes mais recentes apontados para suceder ao cargo de Paulo Bento, mas o primeiro já veio rejeitar qualquer vínculo com o clube de Alvalade. A BOLA

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COMUNIDADE

15 de Novembro de 2009

Novo Salão do Artesia D.E.S.

Este é o aspecto do novo Salão do Artesia D.E.S. em construção, no dia 7 de Novembro de 2009. É uma obra grande que muito beneficiará a comunidade portuguesa de Artesia e

arredores. Lá estaremos para a sua inauguração.

foto de jose avila

Falecimento Bel R. Martin (Belchior Reis Martin) went home to be with the Lord on October 26, 2009. Born on January 6, 1924 in San Bartolomeu, Terceira Azores to Maria & Jose Martin, the youngest of 4 children. He served in the Azorian Military and was very proud to become a US citizen in the early 70’s. He had a passion for horses and spending time at their 2nd home in Pismo Beach and his reputation, as the “Famous Portuguese Cantriga Folk Singer” was well known everywhere. Bel was married in the Azores Islands to Gilda Barcelos, September 9, 1948. They migrated to Hanford California on February 4, 1950 and immediately upon their arrival gave birth to their first son, Louie. He started in the Dairy Industry in Hanford and it was truly his passion. Over 60 years ago he started his own dairy which eventually became the Partnership of Bel R. Martin & Sons Dairy with his three sons located on Avenue 200 in Tulare, CA., truly a success story. With money and language barriers he is proof of what a man may accomplish with lots of hard work while sacrificing the luxuries to provide a good solid life for his family. His community involvement included Membership with the Tulare Chamber of Commerce, St. Aloysius Catholic Church, Tulare County Farm Bureau, S.E.S., Over 55 Year Membership with Land O Lakes, Western United Dairyman, D.H.I.A., Knights of Columbus, 4th Degree, Moose Lodge-Pismo Beach, Brotherhood of St. Anthony, 1977 Pres. Our Lady of Fatima, 1981 Pres. St. Anthony Celebration, 1991 T.D.E.S. President, 1991 Dairy Family of the Year, 1994 Pres. UPEC Council. He was a quiet, caring and kind man who never met a stranger and had a smile for everyone. He sponsored many Azorian men teaching them the dairy and farming trade while providing free room and board with the help of his spouse and family. Regardless of who they were, he was always there with a kind heart and helping hand and believed that everything was possible with the Lord’s Blessing. As a true leader he taught his children the ethics of hard work and having peace in the family

and so enjoyed his time with family and friends. At the age of 85 the word “Retirement” never entered his mind. In addition to wife Gilda of 61 years, Bel is survived by his five children, Louie Martin (Mary) Armand Martin (Liz) Linda Martin, Gabe Martin (Julianne) all of Tulare and Mary Marlene Warburton/Monterey. Grandchildren Gina Mayer (Tim)/Boston, Gary Martin/Long Beach, Erika Warburton/ Oakland, Daniel Martin (Jill), Amanda deCampos (John) Lisa Martin, Cole and Blake Martin all of Tulare and two Great- Grandchildren Davin Alex deCampos and Kestin Reis Martin. Visitation will be Thursday, October 29, 2009 from 4-8 pm at Miller’s Tulare Funeral Home, 151 North H Street, Tulare, CA. Recitation of the Rosary and Mass of the Resurrection will be Friday, October 30, 2009 at 11:00 am at St. Aloysius Catholic Church, 125 E. Pleasant Ave., Tulare, CA. Interment will be at Tulare District Cemetery. Arrangements were entrusted to Miller’s Tulare Funeral Home. Courtesy of Tulare Advance Register

foto de jose avila

Actividades para os mês de Novembro 2009

State Youth President Ashley da Silva, Supreme President Marie Kelly and Next Generation President Monique Vallance

November 21 - Council 8 Pleasanton November 22 - Council #21 Selma

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ARTES & LETRAS

15 de Novembro de 2009

Encontro com Eduino de Jesus em Ponta Delgada

Apenas Duas Palavras

Diniz Borges [email protected]

Francisco Fagundes

A

quando da minha breve estada em São Miguel para participar no encontro Escritas Dispersas – Convergência de Afectos, organizado pela Direcção Regional das Comunidades, tive o imenso prazer de assistir ao lançamento, no Auditório da Biblioteca Pública de Ponta Delgada, na presença do homenageado, do volume Eduíno de Jesus: A Ca(u)sa dos Açores em Lisboa, homenagem de amigos e admiradores. O volume foi co-organizado por Onésimo Teotónio Almeida e Leonor Simas-Almeida, sendo Onésimo o apresentador do livro na sessão de lançamento. Estas breves palavras não pretendem ser uma recensão do volume, que ainda não tive tempo de ler com o cuidado e atenção que ele merece. Pretendo tão-só registar aqui a impressão que me causou o simples folhear do livro, no vestíbulo do hotel após o homenageado mo haver devolvido com um autógrafo. Abrindo com “Uma justificação desnecessária”, de Onésimo e Leonor Almeida, o livro está dividido em três partes: Testemunhos, que contém homenagens, impressões da obra do Poeta e alguns breves estudos da mesma; Memorabília; e Diário em e-mail. É nestas últimas duas secções que desejaria concentrar-me, pois é nelas que creio surpreender aspectos da personalidade de Eduíno de Jesus que não conhecia bem: o seu exemplar sentido de humor, e a sua também exemplar resistência ao que chamarei os efeitos deletérios do correio electrónico. Memorabilia consiste de uma série de “escritos,” como lhes chama a sua compiladora, Maria Angélica Ribeiro, os quais constituem notinhas de despedida-até-amanhã dos amigos e colegas, muitas vezes escritas em páginas de calendário, mementos, um texto poético redigido numa caligrafia miudinha mas impecável e eminentemente legível e que me faz pensar no esmero com que eu, menino de escola, cultivava a minha própria caligrafia – que depois a emigração fracturou. O importante é que destes breves textos emerge a reconhecível personalidade do Mestre – a finura que todos nós (re)conhecemos que temos tido algum trato com Eduíno de Jesus, a elegância de pensamento e expressão e (aqui, sim, surge uma faceta que eu conhecia mal): o eloquente sentido de humor. Nunca humor a expensas de outrem, nunca humor que de longe se aproxime do grosseiro, nunca humor de

magoar ninguém. Aliás, caracterizá-loia como um humor em grande parte derivado de jogos verbais, de brincadeiras ortográficas, da transliteração duma frase em inglês, da citação dum verso duma cantiga medieval invocado por e inserido num (des)contexto quotidiano, uma frase latina citada a (des)propósito, uma graciosa paródia de final de carta cliché. Aqui ficam, a título de exemplo, alguns dos meus espécimes favoritos: “solissita-se à diguenícima prezidente do Concelho Directivo a finesa de acinar estas pautas. Com respeitosos comprimentos. Eduíno”; “Se não fô-sse muito encómado, agardecia às Setoras do Concelho Directíssimo o obséquio de enformar há cerca de quem é agora o Delegado de Inguelês. Mui respeitosamente, Eu”; “comprimenta ifuzivamente a elôstre cetora e fás-lhe çaber o emenço praser que cente em lhe poupar alguns paços por causa deste pressiozo ducomento”; “No prosseguimento da minha assídua correspondência com a Dr.a Laura Godinho, solicito a gentileza de mandarem dactilografar etc. Tem que i u véri mâch. Eduíno”. Numa das missivas, porém, assina “e do hino”.

zes convida e conduz. Não assim com Eduíno de Jesus, que trata os e-mails do amigo e os dele próprio com o mesmo grau de deferência com que os trataria se eles tivessem sido batidos à velha máquina Underwood. Também é comovente a genuína humildade do Sábio que mantém, para a aprendizagem do mais corriqueiro termo, uma disponibilidade total: “Meu Caro [...] E obrigado pela lexia ‘juke-box”. Tinhas percebido bem ‘jug-box”, porque foi o que eu disse e é como vem num conto do Borges Garcia. Ele deve ter transcrito de ouvido. O meu dicionário não traz nem “jug-box”, nem “juke-box”. Também não regista “juke”. Deve ser termo da linguagem familiar, não?”

Assim que o meu encontro com Eduíno de Jesus, tanto em pessoa como através deste volume que me trará horas de leitura prazenteira, foi também o prazer de (re)descoberta de facetas para mim já conhecidas e de outras mal conhecidas de uma personalidade humana de grande riqueza: uma inteligência que não tem necessidade de se exibir, uma finura de gentleman que eu sabia ser um dos marcos da sua personalidade, uma Cerca de metade do volume é dedica- genuinidade espontânea que convida do à correspondência, por e-mail, entre à aproximação, uma simplicidade que Eduíno de Jesus e Onésimo Almeida, realça a profundidade do homem e do sendo incluídos no volume apenas os Artista, e um humor suave que suaviza textos eduinianos. Trata-se tanto duma o momento. correspondência entre grandes amigos como dum minucioso diário, em que Obrigado, Eduíno. a amizade se traduz numa partilha de minudências de mesa-de-café, onde nem falta a anedota minuciosa e deliciadamente contada. Comoveu-me, em alguns trechos desta prosa epistolográfico-diarística, a resistência do Poeta à efemeridade a que o e-mail tantas ve-

Eduíno de Jesus, é um nome de referência na cultura portuguesa. Nasceu a 18 de Janeiro de 1928 nos Arrifes, ilha de S. Miguel, Acores. É entretanto em Lisboa, onde vive há várias décadas, que tem desempenhado um papel importantíssimo na dilvulgação dos Açores. É um exímio escritor, um inigualável pesquisador, um poeta sublime. E acima de tudo, é um ser humano muito especial. Conheci o poeta há muitos anos através de poemas publicados em várias antologias. Conheci-o pessoalmente graças a Onésimo Teotónio Almeida (a quem devo tantos favores e tantos conhecimentos) que mo apresentou há vários anos. A partir daí vieram as duas presenças do Eduíno de Jesus no simpósio literário Filamentos da Herança Atlântica e vários encontros quer na Casa dos Açores em Lisboa, onde teve a amabilidade de agendar duas apresentações de livrinhos meus, quer em outros congressos e encontros em várias partes de Portugal e da diáspora. Estar com Eduíno de Jesus é como estar numa aula, naquelas aulas que se gosta de estar e onde se aprende do principio ao fim. Ele é, como gostava de dizer a minha avó paterna: um poço de sabedoria (perdoa-me a banal alusão, Eduíno). Mas a verdade é que cada vez que estou com o Eduíno de Jesus aprendo algo. Ele é, sobretudo, um ser humano extremamente culto. Um profundo conhecedor da literatura, das artes plásticas, da música, da história, da filosofia, etc., etc.—não esquecendo um conhecedor dos bons vinhos. Depois, Eduíno de Jesus é de uma generosidade infinita. Quando lhe faço as perguntas mais disparatadas, ele responde-me com delicadeza e com uma sabedoria espantosa. Gosto muito de conversar com ele! Adoro ouvir as suas explicações, minuciosamente documentadas, cada qual com a sua nota de rodapé, independentmente do tema que lhe tenha proposto. Daí que esta Maré Cheia é mesmo especial, porque é dedicada a Eduíno de Jesus. Recentemente, no encontro de escritores, tradutores e divulgadores, realizado em Ponta Delgada, foi lançado o livro Eduíno de Jesus A CA(U)SA DOS AÇORES EM LISBOA— homenagem de amigos e admiradores, organizado pelos seus (e nossos) amigos Onésimo Teotónio Almeida e Leonor Simas-Almeida. A propósito desse livro, temos um texto do nosso amigo, o escritor, ensaísta e professor universitário Francisco Cota Fagundes, a quem agradecemos mais este contributo para esta humilde página de artes e letras. Ainda bem que o Onésimo e a Leonor organizaram este livro, o qual está repleto de preciosidades, quer os textos sobre o Eduíno, quer a memorabilia e os diários em e-mail. É que como escreveram o Onésimo e a Leonor no prefácio: “Eduíno de Jesus é uma espécie de mascote para várias gerações açorianas que ele, coevo e polícrono, acompanhou, e que sempre o olharam com afecto e veneração.” Parabéns Eduíno. Não é preciso dizer que sou um desses açorianos que te admira, que te venera, (como escreveram o Onésimo e a Leonor) com toneladas de afectos, porque tu já o sabes. Abraços diniz



Lufada de Ar Fresco

Paul Mello [email protected]

N

o meu artigo anterior tentei fazer algumas comparações entre o sistema de ensino Americano e o sistema de ensino Português no que diz respeito aos primeiros 12 anos de escolaridade. Neste artigo, o objectivo será continuar com algumas comparações, desta vez feita analisando características do ensino superior e o acesso ao mesmo. Nesta altura do ano, milhares de jovens do 12º ano Americano vivem dias de pressão intensa pois o prazo para a candidatura ao ensino superior termina (para a maioria dos estudantes a concorrerem para universidades da Califórnia) no último dia de Novembro. Logo neste aspecto se notam contrastes enormes entre os processos de candidatura entre ambos países. Nos Estados Unidos o aluno candidata-se ao ensino superior 8 ou 9 meses antes do início do próximo ano lectivo. Até ao dia 30 de Novembro o aluno tem de enviar as notas dos seus anos de liceu assim como os resultados dos seus exames nacionais (SATs). Adicionalmente, também é pedido a cada aluno que faça uma lista das suas actividades extracurriculares (desporto, artes, actividades culturais, etc). Por fim, cada aluno tem de escrever uma composição a falar de si próprio. Após terem enviado as candidaturas, seguem-se meses de ansiedade esperando que no correio cheguem cartas que tragam boas notícias. Este período de espera varia mas até ao do 1º de Maio, o aluno já deve conhecer a sua “sentença” e tem 3 ou 4 meses para encontrar residência

COLABORAÇÃO

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Educação:

USA vs. Portugal

caso seja necessário. Em Portugal, o aluno geralmente candidata-se ao ensino superior 2 ou 3 meses antes do início do ano lectivo pois é nesta altura (geralmente no mês de Julho) que os alunos conhecem os resultados dos exames nacionais. O processo de candidatura é relativamente simples pois o aluno apenas tem de enviar as suas notas assim como os seus resultados nos exames nacionais. Depois é esperar para ver. Em Portugal o aluno apenas chega a conhecer os resultados da candidatura poucas semanas antes do início das aulas e geralmente tem pouco tempo para encontrar residência caso seja necessário. Portanto, nos Estados Unidos, a competência do aluno é baseada nos seus “números” , nas suas actividades extracurriculares assim como na forma como este se exprimiu na sua composição escrita sobre si próprio. Em Portugal, o aluno não é visto como um todo mas sim como um conjunto de “números”. Se este método é justo ou injusto, deixo para o leitor averiguar, mas imaginem que apenas falta preencher uma vaga e existem 2 candidatos com os mesmos “números”? Qual será o critério de desempate? Será que atiram a moeda ao ar?Será que podemos resumir as competências de um ser humano numa mão cheia de números? É verdade que as universidades Americanas colocam grande ênfase nos números mas é importante notar que eles não olham só para os números. Ao conhecerem as respostas das universidades, os alunos são forçados a escolher

o caminho a seguir. Neste aspecto, o estudante Americano tem muito por onde escolher (dependendo se a sua candidatura foi aceite ou não). De acordo com a Times Higher Education, os Estados Unidos têm 56 universidades entre as 200 melhores universidades do Mundo. Só na Califórnia existem 10 universidades neste Top 200 Mundial. Aliás, no que diz respeito a universidades públicas, a Califórnia possui 6 universidades entre o Top 15 nacional onde figuram nomes como Berkeley, Davis, Los Angeles, Irvine, San Diego, e Santa Barbara. É verdade que é muito difícil conseguir acesso a qualquer universidade desta lista, mas também é verdade que existem várias alternativas passando por universidades estaduais assim como os “community colleges” que com o passar dos anos ganham cada vez maior preponderância. Aliás, hoje vê-se um elevado número de excelentes alunos a optarem por uma destas alternativas devido a factores familiares, fnanceiros entre outros. Em Portugal, as escolhas são obviamente mais limitadas. Quando eu estava no liceu, só se falavam em três nomes: Universidade de Coimbra, Lisboa, e Porto e tenho pena saber que nenhum destes grandes nomes nacionais se encontra na lista das 200 melhores universidades do mundo. Para frequentar uma destas 200, o aluno Português poderá optar por estudar noutro pais Europeu.

(2ª parte)

D

epois de ter feito a sua escolha o aluno agora prepara-se para uma longa caminhada. Contudo, a duração desta caminhada varia. Nos Estados Unidos, a maioria dos cursos leva entre 4 a 5 anos, tempo este que é necessário para a obtenção do Bachelor`s Degree que é equivalente à licenciatura em Portugal. Para os chamados cursos Profissionais como Medicina (Humana, Veterinária, Dentária), Farmácia, Fisioterapia e Direito, são necessários mais 3 a 5 anos. Em Portugal, com a assinatura do Processo de Bolonha, a maioria das licenciaturas pode agora ser obtida em apenas 3 anos. Por sua vez, cursos como Medicina ou direito geralmente completam-se em 6 anos. Meus amigos, isto são apenas algumas comparações pois se fizéssemos uma análise pormenorizada, haveria material para escrever um livro. Recebi várias mensagens de pessoas que queriam saber mais sobre este assunto e portanto, espero que estes artigos vos tenham deixado com uma melhor ideia das diferenças educacionais entre os Estados Unidos e Portugal. Queria aproveitar esta oportunidade para desejar boa sorte aos jovens da comunidade Portuguesa que se preparam para enviar as suas candidaturas ao ensino superior e uma nota especial: ao preencherem as vossas candidaturas, não se esqueçam de mencionar a vossas participação em actividades da cultura Portuguesa!

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ENGLISH SECTION

15 de Novembro de 2009

serving the portuguese–american communities since 1979

Ideiafix

Miguel Valle Ávila

portuguese

• E N G L I S H S ECTIO N

[email protected]

Words od Wisdom

T

his morning I walked into a Starbucks coffee house in Fremont, California at 6:00 AM on my way to the office and it was unusually empty. There are two doors and I walked through one and an older gentleman walked through the

other. We both seemed to be competitive because there was a rush to see who got to the counter first. Caffeine deprivation? The result was a tie. To my surprise, he turned to me and said: “You first!” and signaled me to proceed. I returned the gesture – “You, sir!” To which he answered “I’m retired, I have no hurry!” I insisted that he go first and he finally did. He took his coffee and sat outside in the brisk air of a dark autumn morning. After I got my coffee and breakfast sandwich I made sure to walk by him and wished him “Have a good day, sir!” He replied “You too……..[pause]…………If they let you!”

What words of wisdom! You can take the retired gentleman’s words to mean many things. Your bosses may make your day miserable. Your employees may not be too cooperative today. Something or someone on the road may tick you off. A voicemail or email may bring sad news. So many things and people can ruin your day. Carlos Castaneda (1925-1998), the Peruvian-born new age writer had the quote of the day: “We either make ourselves miserable, or we make ourselves strong. The amount of work is the same.” The Starbucks gentleman’s simple gesture and wise words can make all the difference in the world. And they did… A 180-degree difference from the previous day. So next time, even a little competition to reach the espresso counter can result in a wonderful learning experience

P.Tribune on Wikipedia The Portuguese Tribune’s history has been deemed relevant and notable by the Wikipedia editors to be included in the free online encyclopedia. Wikipedia is a multilingual, Web-based, free-content encyclopedia project based mostly on anonymous contributions. Wikipedia hosts over 3 million English language articles and 519,000 Portuguese language articles. A search for Portuguese Tribune or Tribuna Portuguesa in the English or Portuguese sections provides the reader with the history of our 30-year-old newspaper. http://en.wikipedia.org/wiki/The_Portuguese_Tribune http://pt.wikipedia.org/wiki/Tribuna_Portuguesa

Portuguese Discoveries Dr. Manuel Luciano da Silva had the proof that ancient Portuguese fishermen looking for cod were on the shores of North America long before Columbus. The mysterious Dighton Rock inscriptions continue to intrigue historians, scholars, and anti quarians, as they have for centuries. Dr. Manuel Luciano da Silva, who has puzzled over the famous markings for years, asserts that they prove Portuguese explorers discovered the North American continent before 1492, and established colonies before the British. He has made numerous trips to Dighton Rock, on the left bank of the Taunton River, near Dighton, Mass., and has spent many hours studying the faded markings on its surface in his at tempt to unravel this perplexing puzzle. Marks on which lie bases his argument can be seen in the earliest known drawings of Dr. John Danforth in 1680, those of Cotton Mather in 1712, and others in following years. But they were not at first correctly interpreted, Dr. da Silva maintains. According to his extensive research the Portuguese found their way to the Americas prior to the 22nd of August 1424, a whopping 68 years before the Genovese Columbus accidentally stumbled on the “New Land.” History reveals that Columbus was the first European to set foot in the Americas. He was on his way to India and thought he had arrived via the East when in fact he “stumbled” on America on the 12th of October 1492. Dr. da Silva uses some very convincing arguments proving that contrary to popular belief, Columbus arrived over half a century too late to claim him as being the first. Using a nautical map and scroll drawn up by Zuanne Pizzigano dated 1424, archaeological and

toponimical proofs, Dr. da Silva elaborately contests history. The nautical map, a part of the James Bell Ford collection at the University of Minnesota, reveals the contours of the “Terra Nova” and “Nova Escocia” as well as several islands in the Caribbean sea. Several other places in Central America are easily identified. Another convincing piece of evidence presented by Dr. da Silva is the Stone of Dighton discovered at the mouth of River Taunton in Massachusetts. Professor Edmund Delabarre of the Brown University identified many important inscriptions on this stone in 1918. The 40-ton stone bears the name, Miguel Corte Real, the date 1511, and the Portuguese coat of arms, as well the symbol of the Portuguese Order of Christ. This stone had been submerged by water for many years. A final piece of evidence presented is a list of 92 names compiled by Canadian Reverend George Patterson. He states that the 92 names of places and people in Canada date back to Portuguese origins. Examples are: Bacalhao, Fogo, Minas, Ilha das Gamas,

Portugal, Porto Novo, etc. In studies carried out among the ancient Indian tribes, they reveal that Portugal was indeed the first European presence in Canada, and several tribes attribute their name to the Portuguese national emblem. Dr. da Silva has lived in Rhode Island, U.S.A. for the last 40 years. He is presently presenting his theory in conferences (he has conducted over 300) throughout Portugal and America. His book, Christopher Columbus was Portuguese! is available on Amazon. Dr. da Silva gave a conference at The Atlantic Conference, a notfor-profit company whose sole aim is to further the study of early trans-Atlantic contact. His conference can be seen online at: http://www.atlanticconference. org/2009/presentSilva.html His website is: www.DightonRock.com Dr. da Silva can be contacted at: [email protected]

Portuguese Books for S. Tomé If you have books written in Portuguese that you are no longer using, please consider donating them to an elementary school in São Tomé, a small nation off the west coast of Africa. In particular, In African Shoes is seeking storybooks, reference and nonfiction books. Adult books can also be put to very good use. In African Shoes (www.InAfricanShoes.com) is a 501(3c)(3) organization that gives sub-Saharan African kids an educational “leg up” by establishing learning centers to fill the academic gaps in impoverished African schools. Last June, IAS opened its first learning center in a rural South African village, and in a few months will be opening learning centers in Sierra Leone and Ghana.

IAS recently had a request for books for an elementary school in São Tomé that has merit. Assembling English language libraries is easy — Portuguese is a new challenge for us, and that’s why we are asking for your help. The US Navy has generously offered to ship the books to São Tomé, but in order to take advantage of this opportunity we need to deliver them to the Navy by December 1st. It’s not a lot of time, but with your help, we believe we can meet this deadline. Please contact Betsy Fullagar (408-307-8818, [email protected]) to arrange pick up of your books.

ENGLISH SECTION

Festa de Vinho e Tenta





Left to right: Jim Verner, Karlene Ewing, Joe Pacheco, and the Leonardo’s - Katie, James, Maria, João, Brianna and Manuel.

nominated as Rising Stars The Visalia Times-Delta published nominees for this year’s ROI Rising Stars “5 under 40” young professionals in Tulare County making a difference in their industry or community. This is an annual award created by ROI, the Times-Delta’s online business publication, and presented by Amy Pack, president and publisher of the Visalia Times-Delta and Advance Register. This year, there were 19 nominees; the “5 under 40” were named at a luncheon and annual meeting of the Tulare County Economic Development Corporation on Oct. 28 at the Visalia Convention Center.

Relay For Life and set out to involve others, including her employer the International Agri-Center. She also has been involved in her church Portuguese Youth Group, Jovens, for more than 20 years, leading the group on yearly weekend retreats and trips that have included attending World Youth Days to see the pope in Denver, Colo., and Toronto. She also has led the group on an overseas trip to the Azores, Portugal, for a cultural program and conference.

ROI Rising Stars: Lisa Valadão Garcia

Title/company: Principal, Tulare Western High School, Tulare Age: 34 Nominated by: Janice Minyard, department chairwoman

Age: 37 Company/Title: Show Operations Manager, International Agri-Center Nominated by: Employer As show manager of the World Ag Expo and California Antique Farm Equipment Show, Garcia is responsible for coordinating electronic registrations, handling “Top 10 New Product Nominations” and managing the shipping and receiving for the expo, which adds up to about 6,400 boxes. In the execution of this project, Garcia not only coordinated between exhibitors, attendees and staff, she also had to teach an entire group of volunteers a completely new form of technology. The establishment of electronic registration could not have been done without her ability to communicate with people and her willingness to take on a challenging task. Garcia also manages to combine her passion for community and her commitment to her job. She became involved with

Rising Star: Lucy Ferreira Van Scyoc

Before becoming principal at Tulare Western, Lucy Van Scyoc was an assistant principal. She was in charge

Pela Primeira Vez Nesta Praça

Jim Verner

[email protected]

The Leonardo family decided to have a party to celebrate this year’s wine and ganaderos Joe Pacheco and Dennis Rodrigues brought brave heifers to make it complete afternoon. With a large number of guests, food, wine, and heifers combined for an enjoyable and exciting afternoon. While most of the cows were played by those brave enough to enter the ring, Joe Pacheco brought four animals he wanted to test to see if they were worth of remaining in his herd of fighting cattle. So these heifers were tested in a serious fashion. All four animals were brave, continuing to charge readily throughout the test to prove their worth for bree-

Two Portuguese-Americans of our accreditation report, which involved organizing various committees within the school and community. She allowed each committee to do its part of the job and then brought it all together for one cohesive report. She has provided data to teachers and worked with them to seek improvements based on evidence. The staff sees her as a leader. She makes us want to look at the data and analyze what’s there. She allows us not just to ask the questions, but to search for the answers. Van Scyoc led our administration to develop an attendance policy for student participation in school dances. For years, teachers voiced concerns that students were allowed to miss school, but still participate in the social activities. Students are now required to attend class before they are eligible for school dances, both after-game and formal. Van Scyoc came up with the idea of safety contracts with students. The students work with the administration to develop a plan to create a safe environment to aid in their school participation and education. The contracts are agreed upon and enforced. Van Scyoc is a current member of Greater Tulare Kiwanis (morning). She has always been involved in the Portuguese community serving on various boards over the years, including he Luso-American fraternal organization, and CPEC.

29

ding. Two of the heifers were especially noble and charged with the style that bullfighters want in their bulls. Based on these animals, Joe Pacheco’s herd is producing top quality animals that should make for artistic bullfighting in next year’s corridas. Some of the other animals were used to test the bravery of the men who sat at a poker table, until the cow decided that she, too, wanted to get in the game. Then, regardless of the hand the men were dealt, the heifer won as she scattered the poker players, tables and chairs. Then it was back to the delicious food and wine for a most enjoyable afternoon.

Frank X. Gaspar’s

new book

In his second novel, award-winning poet-novelist Frank X. Gaspar (Leaving Pico) explores an unnamed Massachusetts burg (with a strong resemblance to Provincetown) through its Portuguese-speaking community, a collection of rich, emotionally stormy characters. Centered on Fr. Manuel Furtado, the story begins during Manny’s nightly ritual of liquor, pills and prayer late on All-Hallows’ Eve, when he finds his long-lost childhood friend, Sarafino Pomba, breaking into his church. Dying from AIDS and running from the law, Sarafino takes up residence in a spare room, intent on convincing Manny that he’s been visited by the Virgin Mary. Other mysteries involve Manny’s family, lesbian church secretary Mariah Grey and her partner, and a missing religious statue; meanwhile, fellow priest John Sweet investigates Manny’s substance abuse problem, hoping to acquire his own parish. Gaspar’s winding sentences keep the pace measured, but leave deep impressions regarding the fishing community and its inhabitants. (The author is especially affectionate toward Sarafino, ”So flimsy and brittle, like a dry leaf, with the wind raking the world outside.”) Gaspar’s masterful prose should absorb any reader intrigued by immigrant communities. Stealing Fatima Frank X. Gaspar. Counterpoint, $15.95 paper (320p) ISBN 978-1-58243-516-9

30

TAUROMAQUIA

15 de Novembro de 2009

Temporada de 2009 fechou com alegria e beleza 2ª Corrida da Feira de Thornton 19 de Outubro de 2009 Cavaleiro - Rui Fernandes Matadores - José Ignácio Ramos e Luís Gonzalez Forcados Amadores de Turlock Director da Corrida - João Gonçalves Toiros da Ganadaria do Pico dos Padres Casa cheia. Curro aquém das expectativas. O primeiro toiro para Rui Fernandes teve uma saída muito bonita, sempre à procura do cavalo. Rui bregou muito bem e deixou o toiro em sorte, para sem parar e citar, cravar numa tira

tador até faz com que os toiros com comportamentos assim-assim, possam dar a impressão de serem bons, o que não foi o caso deste saro. O terceiro toiro era saro bragado com patas brancas. Luis Gonzalez no primeiro tércio teve uma boa série, acabada por um vistoso farol. As bandarilhas metidas por este matador foram muito más, salvando-se o par de José Ignácio Ramos. Houve muita gente que gostou muito deste toiro. Achei que o recorrido dele era forçado e não tinha a alegria do outro. Mesmo assim, ao princípio Luiz Gonzalez deu alguns passes interessantes, dando a impressão de estar a tourear num salão. Passes onde

ma. O toiro era pequeno mas houve muitas dificuldasdes para o parar. O quinto toiro para Ramos, castanho, nervoso de cabeça, saltou a barreira (mais de cem pessoas estavam na barreira - a fazer o quê?). Se o toiro ao saltar tivesse ido para a sua direita tinha sido o diabo. Felizmente foi para a esquerda onde estavam pessoas mais novas. Porque é que a organização autoriza tanta gente entre-barreiras? Primeiro tércio nada houve. Nas bandarilhas, salvou-se o seu par. Com a muleta, José Ignácio tirou tudo o que ele tinha dentro de si. Aproveitou o que tinha no seu principo, tirou alguns bons passes e depois o toiro começou a fazer estranhos e Ramos acautelou-se. Fez um desplante merecido pela sua entrega, pelo seu profissionalismo e pela sua arte. Um Grande Homem dos Toiros.

Quarto Tércio

José Ávila [email protected]

Tiro o meu chapéu ao jo-

vem forcado David Berbereia que se despediu das arenas, depois de 10 anos no Grupo de Forcados de Turlock.

Vi que o sexto toiro era negro e pequeno. No primeiro tércio nada aconteceu. Como tive que sair mais cedo não vi o resto da faena de Luiz Gonzalez, que não me deixou saudades algumas. Deveria ter havido por parte da organização uma explicação da razão porque não veio o matador anunciado. Se houve, eu não ouvi. João Gonçalves esteve bem, com o senão de ter dado musica tardia ao Luiz Gonzalez (mesmo que ele a merecesse). Depois da Corrida de Patterson e mesmo da de Gustine, as expectativas para o curro do Pico dos Padres era enorme. bem desenhada. No segundo comprido, parou, citou mas não teve tanta sorte e cravou a cilhas passadas, tendo rematado bem. No primeiro curto esteve muito bem, citou de perto e cravou bem. Ferro saltou e caíu no chão. Boas bregas. No segundo curto houve velocidade a mais e isso prejudicou a cravação, no ultimo, com muito salero, citou e esteve muito bem em frente ao toiro. Jason McDonald pegou muito bem, esteve quase fora da cabeça do toiro, mas voltou a colocar-se bem, e o grupo fechou-se. Houve muita dificuldade em colocar o toiro para a pega e a metê-lo nos curros. Foi preciso laçá-lo, e mesmo assim foi uma eternidade para ele sair. Grande laço do António. Toiro foi de mais a menos, mas mesmo assim ofereceu lide apropriada.

Jose Ignácio Ramos - é sempre uma aposta ganha O segundo toiro era saro, médio de peso e curto de cornamenta. No primeiro tércio houve dois passes à alimon pelos dois matadores. Foi só. Nas bandarilhas aproveitou-se o primeiro par do Ramos, muito bom. O outro matador espanhol nunca bandarilhou na sua vida e tudo lhe saíu mal. Estes jovens dizem que sabem bandarilhar e depois é o que se vê. Mentem a quem os contrata. No princípio do terceiro tércio, o toiro teve um certo recorrido e uma certa alegria e José I. Ramos aproveitou-se disso e tirou bonitos passes pela direita e esquerda, enquanto o toiro deu. Como sempre temos dito, este ma-

Alguns toiros cumpriram mas não houve comparações possíveis.

O Adeus Houve nesta corrida uma cerimónia muito simples, mas de grande significado - a entrega da casaca de ramagens ao Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Turlock, Jorge Martins, pelo forcado David Berbereia, que se despedia nessa noite das arenas da California, depois de 10 anos a ajudar este grupo do Vale de San Joaquin.

faltaram a emoção que o José Ignácio põe nas suas faenas. Claro que podemos dizer que se o Ramos tivesse tido este toiro, talvez o seu comportamento tivesse sido melhor. Para o fim, o toiro fez alguns estranhos, que devem ter incomodado o matador. A música apareceu já quando o toiro estava no fim. Tarde de mais.

Rui Fernandes um ar do seu valor O quarto toiro para Rui Fernandes era pequeno e foi inferior ao primeiro. Não vimos o primeiro comprido, mas o segundo foi muito pescado. Nos curtos vingou-se e mesmo com um toiro manso pela frente, Rui Fernandes soube dar a volta e cravou bons ferros, com o senão de não estar acostumado a cravar ferros de velcro. Actuação muito positiva. Pena que o toiro não o tivesse ajudado ainda mais.

Boa temporada dos Forcados de Turlock Donaldo Mota pegou bem. O toiro ao chegar perto do grupo desviou-se para a direita e de derrote em derrote, derrotou Donaldo. Na segunda tentativa, mais carregada (porquê?), Donaldo esteve muito bem, com o primeiro ajuda (Kyle) em boa for-

Pegas de Jason McDonald (em cima) e Donaldo Mota

TAUROMAQUIA

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2ª Corrida da Feira de Thornton

Jose Ignácio Ramos e o toiro a sair por alto

Um derechazo com alma

Ramos - será isto uma declaração de amor à espanhola?

Um natural com salero e o toiro a humilhar bem

Luis Gonzalez mandando no toiro Jose Ignácio Ramos em mais um derechazo

Luis Gonzalez num derechazo de bom recorte Rui Fernandes - reparem bem nas posições do toiro e do cavalo



Até para o ano taurino de 2010

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15 de Novembro de 2009

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