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Produto: EST_SUPL1 - INFORMATICA - 6 - 16/03/09
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SEGUNDA-FEIRA, 16 DE MARÇO DE 2009 O ESTADO DE S. PAULO
SEGUNDA-FEIRA, 16 DE MARÇO DE 2009 O ESTADO DE S.PAULO
A RESSURREIÇÃO DO TOUCHSCREEN
MULTITOUCH PERMITE TOQUES SIMULTÂNEOS
ela. No início os detectores eram colocados em pequenos buracos na tela, o que foi logo abandonado porque eles juntavam poeira e resultavam em falhas ao “sentir” o dedo. Em seguida foi colocado um plásticotransparente para protegêlos. Mas os sensores infravermelhos também não duraram muito porque surgiram novas e melhores tecnologias para detectar os movimentos dos dedos e que realmente tornaram as próprias telas sensíveis,comosensoreselétricos, acústicos e óticos.
Oscaixas eletrônicos foram um dos primeiros redutos do touchscreen. Como nos anos 1980 a tecnologia engatinhava e não era capaz de reconhecer com precisãoa pressão feita pelos dedos, a moda não pegou. Novas tentativas comerciais foram feitas em quiosquesde revelação fotográfica e sistemas para pedidos em restaurantes. Um relativo sucesso só foi alcançadoquando surgiram os tablets PCs: portáteis que respondiam aos comandos dados em sua tela com uma canetinha. Mas fo-
ram os primos menores,os pockets PCs, como o Newton, da Apple, e o Palm Pilot, que garantiramsobrevida ao touch. E, permitiram que a tecnologia amadurecesse ao ponto de, já em 2006, 4% dos telefones vendidos no mundo terem sensibilidade ao toque.
Embora a Motorola já tivesse celulares que reconheciam toques daquelasfamosas canetinhas, foi com o anúncio do iPhone em janeiro de 2007 que os fabricantes se mobilizaram para criar telefones realmente touchscreen. A LG apresentou o primeiro, o Prada (foto), poucos meses depois do anúncio do iPhone. Com o tempo outras empresas também lançaram modelos parecidos, mas que ainda não traziam recursos de sensibilidade multitoque e tinham interfaces pouco amigáveis para telas de
toque. Pouco antes, as telas sensíveis já ganhavam destaque também nos videogames com o portátil NintendoDS, que tem duas telas – uma, touchscreen.A tecnologia também apareceu em tablets para uso médico, como no modelo da Philips na foto ao lado.
As primeiras pesquisas de interfaces com múltiplos toques em uma tela datam do início dos anos 80 e foram realizadas sobretudo na Universidade de Toronto, no Canadá, e na Bell Labs, nos EUA –, mas quase nada acabou sendo levado adiante. A tecnologia tem como propostaser uma alternativa aos dispositivos de interação entre humanos e máquinas, como o mouse eoteclado.Em1999,anorte-americana Fingerworks lançou uma linha de produtos multitouch, sem grande repercussão. Mais tarde, em 2005, a empresa viria a ser adquirida pela Apple, que não tardou a encantar o mundo com a tecnologia (leia mais ao lado). Em2006 (antes do iPhone ser revelado),uma apresentação feita pelo pesquisador Jeff Han (foto), da Universidade de Nova York, no TED (tinyurl.com/45jz4a), dava uma amostra das possibilidades e aplicações que o multitouch poderia vir a ter (leia mais no último box a direita). Na exibição, Han usava as duas mãos e todos os dedos para interagir de forma frenética com a tela deixando o público embasbacado. Após o sucesso da primeira exibição, Han abriu uma empresa chamadaPerceptive Pixel (www. perceptivepixel.com), que hoje
O INÍCIO DA ERA MULTITOUCH
LINK L7
A CONSOLIDAÇÃO DOS TOQUES MÚLTIPLOS DIVULGAÇÃO
Asprimeiras pesquisas com telas sensíveisao toque começaram na segundametade dadécada de 1960, nos Estados Unidos.Mas a primeiraaplicação datela foi no computador PlatoIV (foto), em 1972,usado em um projeto de uma redeeducacional adistância entre computadores,conhecido como sistema Plato,uma siglaem inglês para “LógicaProgramada para Operaçõesde Ensino Automatizadas” .Criadopelo pesquisadorDonaldBitzer,na Universidade de Illinois (EUA),o sistema chegou a ser usado em mais de uma centenade câmpusuniversitários pelomundo. A tela do Plato IV, que era de plasma, funcionava de uma forma bastante diferente das interfaces de toque atuais.Ela reconhecia o tato por meio de um sensor infravermelho, que calculava em qual parte da tela o usuário tocou. A ferramenta era usada para responder questionários educacionais, com simples toques. Na década seguinte, em 1983, a Hewlett-Packard (HP) lançou um computador que é considerado o primeiro aparelho comercial com tela de toque, o HP-150. A tela, de 9 polegadas, também utilizava sensores infravermelhos que detectavam um dedo ou qualquer objeto próximo a
TELA DE TOQUE NÃO DECOLA
FOTOS: REPRODUÇÃO
TOUCHSCREEN: COMO TUDO COMEÇOU
DIVULGAÇÃO
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fornece tecnologia para clientes como CIA e CNN. No ano seguinte Han voltou ao TED para mostrar um imenso muro que poderia ser tocadopor várias pessoas ao mesmo tempo. Enquanto no touchscreenapenas clicamos em pontos específicos da tela – um avanço mínimo em relação ao mouse ou mesmo aos botões tradicionais –, no multitouch toques simultâneos em diferentes pontos da tela são permitidos,assim o usuário tem uma experiência mais próxima da de manipularalgo.
O iPhone não foi apenas o primeiro produto multitoque para o público em geral, ele foi o primeiro aparelho com tela sensível ao toque a chegar até as pessoas com uma interface realmente precisa, que oferecia o que prometia. Além, é claro,de ser um ótimo gadget, indicado para ver vídeos e ouvir música, além de acessar a rede. Mesmo antes da Apple, entretanto, a francesaJazz Mutant já investia, a partir de 2004, num interessante mixer musical multitouch, chamado Lemur. O sistema possui um recur-
so que ilumina as partes tocadas pelo usuário. Em 2007, a Microsoft, que desde 2004 trabalha na tecnologia (que a época levava o nome de TouchLight), exibiu o protótipo de uma mesa interativa multitouch, chamada Surface (leia mais na página L8).
Emfevereiro do ano passado, durante as prévias do Partido Democrata, nos EUA, a CNN virou notícia graças à sua “Magic Wall” (parede mágica, em inglês), uma grande tela multitoque com a qual o apresentador interagia ao vivo enquanto se desenrolava a apuração. Mais tarde, a Globo também aderiu à tecnologia, criadapor Jeff Han, mas sem a mesma repercussão. O espaço Oi Futuro no teatro Casa Grande, no Rio , oferece ao público a oportunidade de interagir com uma tela do gênero. Atualmente, o
aparelho multitoque do momento é oPalmPre,apontado como o mais forte concorrente do iPhone até hoje. Seguindo o anúncio da Asus feito na CeBIT, de que prepara um netbook com tela multitouch, a Apple pode surpreender com novidades já no próximo dia 24.
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Ascensão da tela sensível ao toque e de sua versão avançada, o multitouch, levanta uma questão: o futuro da interface estará mesmo na ponta dos dedos?
Destaque do iPhone, tecnologia que permite vários movimentos com os dedos na tela se torna exclusividade da empresa. Isso vai emperrar a evolução?
Touchscreen é mais um degrau na evolução
Apple é dona de patente de comandos multitoques
:BRUNO GALO :JULIANA ROCHA :FILIPE SERRANO Apesar do touchscreen e do seu primo mais rico, o multitouch, não serem tecnologias exatamente novas (leia mais acima), não há nada mais “cool” em termos de interface tecnológica neste momento – ao menos é essa a impressão que os fabricantes de eletrônicos querem passar. A lista de lançamentos com tela sensível ao toque parece não ter fim e abrange toda sorte de aparelhos, nada escapa. Mas afinal o que está por trás da ascensão meteórica de aparelhos touchscreen nos últimos anos? Em janeiro de 2007, o iPhone, comsuasurpreendentetelamultitouch, foi mostrado pela primeira vez e, nos meses seguintes, protagonizou um fenômeno de marketing espontâneo sem igual, conquistando espaço sem precedentes no imaginário das pessoas. De repente, uma velha invenção – em uma belíssima e moderna roupagem, é verdade – havia se tornado algo, diga-
Revolução: interface dofuturo permitirá quePC ou celular ‘entenda’as pessoas mos, mágico. Quando ele finalmente chegou as prateleiras, seis meses depois, consumidores mais entusiasmados acampavam diante das lojas. “A revolução representada pelo iPhone é comparável à do surgimento do mouse. O multitouch facilita muito a interação das pessoas com a máquina”, afirmou – sem modéstia – Fábio Ribeiro, porta-voz da Apple no Brasil.Ofascíniodespertadopelo celular da maçã explica, em parte, o “boom” de produtos com telas sensíveis ao toque. Infelizmente a interface de diversos desses aparelhos costuma deixar muito a desejar e nem de longelembraogadgetcriadopela empresa de Steve Jobs. A Palm, que prepara o lançamento do mais forte concorrente ao iPhone até hoje, o Palm Pre, também acredita que a tecnologiamultitoqueéumarevolução. “O touch é o melhor jeito de interagir sem sombra de dúvida. No futuro ninguém vai saber como era teclado e mouse”, afirmou Marcelo Venga, diretor de marketing da empresa. Além do sucesso do iPhone, também a queda dos preços de telas sensíveis ao toque explicam a grande oferta de equipa-
mentos do tipo. “O touchscreen é uma tecnologia de pelo menos três décadas, mas sua recente popularidade deve-se ao seu natural barateamento”, disse ao Link Don Norman, cofundador da consultoria Nielsen Norman Group e autor do livro Design Emocional (Editora Rocco). Isso, somado ao fato de que a cada dia estamos rodeados por maistelas, demonstra quea tendência que vemos hoje deve prosseguir. “Esperamos uma significante expansão das interfacesdetoqueemumavastaseara de itens nos próximos três a cinco anos”, disse ao Link Paul Drzaic, presidente da SID, a maior organização mundial dedicada ao desenvolvimento de telas eletrônicas.
Futuro está em reconhecer voz Segundo David Liddle, responsável pelo desenvolvimento do Star – desktop lançado em 1981 pela Xerox que trazia características que se tornaram padrão nos computadores, como o mouse e a interface gráfica com ícones e janelas–, existem três fases para a adoção de uma tecnologia. A primeira é o entusiasmo, quando a novidade é explorada. Depois, o profissional, quando passa a ser usada para ajudar as pessoas atrabalhar. E a terceira,o consumo, quando está acessível a um preço que as pessoas podem pagar. “O touchscreen não é a revolução definitiva das tecnologias de
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informação.Essanãoirá acontecer até que tenhamos boas ferramentas para reconhecimento de voz”, disse Liddle ao Link. Um candidato à categoria de “bom reconhecedor de voz” é o serviço Google Voice, lançado na semana passada. Disponível só para convidados, transcreve mensagens deixadas em seu correio de voz para texto e as envia por SMS ou e-mail. Talvez voltemos à era dos primeiros telefones, quando em vez de apertar vários botões só precisávamos tirar o aparelho do gancho, falar o nome da pessoa e...pronto. J.R.
No fim de janeiro a Apple deu umrecadoaomundo:nãomexam com o nosso multitoque. A empresa de Steve Jobs obteve a patente dos gestos naturais com os dedos, um dos grandes atrativos do iPhone. A exclusividade de uso do multitouch não está limitado aos celulares, mas a qualquer “ dispositivo computacional”. Desde que os primeiros iPods foram lançados, com a revolucionária rodinha “clickwheel”, especulava-se que a Apple planejava lançar uma plataforma inteira de produtos baseados em comandos de toque. De lá para cá, as expectativas aos poucos se confirmaram. Primeiro, a empresa experimentou
o multitoque no trackpad de seusnotebooks, depois lançou o iPhone com sua tela que reconhece diversos tipos de gestos. A obtenção da patente acrescenta mais munição para a empresadesenvolvernovosprodutos multitouch. Se, por um lado, a propriedade sobre o multitoque pode barrarconcorrentes, poroutro,deve acirrar o desenvolvimento de sensores e comandos de gestos diferentes daqueles registrados pela Apple. “Em geral as patentes promovem o desenvolvimento de soluções alternativas. Mas, dependendo do seu conteúdo e de como ela é usada, também pode desacelerar o processo de inovação, principalmente se há muitas incertezas legais”, disse
ao Link Rainer Rosterwalder, diretor do Escritório Europeu de Patentes (EPO). Segundo ele, seria difícil ocorrer uma quebra da patente de multitoque registrada pela Apple. “Em uma economia de mercado a suspensão de patentes ocorre apenas quando há interesses nacionais relacionados, como saúde pública ou segurança nacional, o que não é o caso”, afirma Rosterwalder.
que usaria armas (judiciais) para combatê-las. A Palm afirmou que tem argumentos para se defender de uma possível ação na Justiça. “Essa disputa entre a Apple e a Palm é um imbróglio clássico de propriedade intelectual entreempresasdosetortecnológico”, diz o advogado Diego Vieitez, do escritório Patricia Peck Pinheiro. “A patente da Apple não cobre todo o conceito de multitouch, apenas alguns aspectos específicos do modelo da Apple. Em caso de disputa judicial, será preciso avaliar se o aparelho da Palm copia as característicasespecíficasdomodelodaApple, o que – pelo pouco que já foi visto – parece ser o caso”, disse Vieitez. ● F.S.,J.R.,B.G.
APPLE AMEAÇA A PALM
A Palm, porém, já partiu para a brigaao lançar,emjaneiro,ocelular Palm Pre, que também usa gestoscomos dedos. OCEO provisório da Apple, Tim Cook, logo alertou que não toleraria o “roubo”dapropriedadeintelectual por nenhuma empresa e
NA PONTA DO DEDO
Hoje o touchscreen é uma realidade presente não só em gadgets hi-tech, mas também em museus,livrariase aténa televisão.Mas quala perspectivadessa interface? Terá ela poder de fogo para banir teclados e mouses das nossas mesas? Será mesmo que o futuro, como defende a Apple e a Palm, está na ponta dos nossos dedos? Duas das maiores empresas de telefonia móvel, área propulsora desse modismo, acreditam que não. A HTC, empresa taiwanesa especializada em smartphones, prevêuma convivência entre as tecnologias. “Existe público para todo tipo de aparelho. Entre o grupo dos dez perfis de usuários mais conectados do mundo, há quem prefira o teclado físico e quem prefira o touchscreen. Nós não classificamos a tela de toque como algo mais avançado do que o teclado deslizante dos smartphones”, disse Allan Macintyre, diretor de marketing da HTC. A Nokia, maior fabricante de celulares do mundo, tem opinião semelhante. “Lançaremos em breve mais dispositivos touchscreen. Mas acreditamos que modelos com teclado tradicional permanecerão. O público quer ter escolha: tela de toque, teclado físico ou ambas as opções combinadas”, explicou Sari Stahlberg, diretora de produtos da empresa finlandesa. Entre os especialistas ouvidos pelo Link foi quase unânime a afirmaçãode que otouchscreen e também o multitouch são apenas mais um degrau até uma revolução muito maior nas interfaces tecnológicas. “O futuro da interface é ela sumir, quer dizer,interagirmos de forma natural com uma máquina quenosentenda”, ponderouSilvio Meira, do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.). ● ColaborouLucas Pretti.
ENTREVISTA
Don Norman,autor do livro Design Emocional
‘O computador logo sumirá’ Donald Norman é cofundador da consultoria em usabilidade Norman Nielson Group. Além de Design emocional, escreveu The Design of Future Things (O Design das Coisas Futuras, ainda sem tradução no Brasil). Ele falouaoLinkdiretamentedaCoréia,ondepassouasemanaanegócios. As telas sensíveis ao toque são uma revolução? Otouchscreennãoéumarevolução: nós o usamos há décadas. Gestos e movimentos é que são. As telas sensíveis ao toque são úteis, mas não precisamos exagerar: elas não irão resolver todososproblemasdaTerra.Éprecisopararcomesse“hype”.Precisamoscriaraparelhosquemelhorem nossas vidas, que completem as tarefas que estamos tentando fazer. Em um carro, eu controlo um computador pisandoempedaisoumovendoumvolante. Nenhuma tela é necessária. Nós devemos usar a melhor forma de interação para cada situação.Otouchscreenéumadelas; uma entre tantas outras. Quais mudanças o touchscreen causa na forma como as pessoaslidamcomatecnologia?Há alterações cognitivas como as discutidas em livros como “Cultura da Interface: Como o Computador Transforma nossa ManeiradeCriareCompreender”e “Surpreendente! A Televisão e o Videogame nos Tornam mais Inteligentes”, de Steven Johnson? Tudo o que fazemos modifica o cérebro.Ler eescrever modifica océrebro,jogarfuteboltambém.
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Tecnologia
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Não há nada de especial com as telas sensíveis ao toque. Estou mais interessado na maneira como as pessoasjogamgamesemseusNintendoWii do que no touchscreen. Telas sensíveis ao toque não serão a forma como as pessoas interagirão com as máquinas no futuro? O principal problema com o touchscreené a falta deum bom software para reconhecer os toques e o seu custo elevado. Eu mesmo tenho um HP Touchsmart que a minha família mantém no balcão da cozinha: e é bem legal. Mas não há um futuro único para os computadores e, sim, vários. As telas estarão por toda parte: nas paredes, nos desktops.Até os jornais serão telas. O computador desaparecerá, sendo integrado a outros objetos. Quando os PCs irão sumir? Eu previ há dez anos que os computadoressumiriameagoraparece que daqui a dez anos isso será verdade. Já até é um pouco: os computadores estão dentro de quase todas as coisas – de torradeiras e fornos a máquinas de lavar e TVs. Os automóveis podem ter até cem computadores neles. Nós não sabemos que eles estão lá – e é isso que significa um bom design. ● J.R.