Noticia Jornal Valor - Leis Virtuais

  • Uploaded by: Alexandre Atheniense
  • 0
  • 0
  • December 2019
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View Noticia Jornal Valor - Leis Virtuais as PDF for free.

More details

  • Words: 1,172
  • Pages: 3
Valor Econômico - Tecnologia & Telecomunicações

Página 1 de 3

Valor Online Tácito Nobre, da Serasa: documento eletrônico com validade jurídica Segunda-feira, 21 de outubro de 2002 - Ano 3 - Nº 620 - Tecnologia & Telecomunicações

Faltam normas que regulamentem a internet e o comércio eletrônico no Brasil, mas o setor teme que um eventual excesso de regras possa ser ainda pior

Leis virtuais :: :: :: :: ::

1º Caderno Empresas & Tecnologia Finanças Eu& Legislação & Tributos

:: Guia Valor Veículos :: Suframa :: Tecnologia & Telecomunicações :: Empresa & Comunidade

:: Geral :: Empresas Citadas

:: :: :: ::

Angela Bittencourt Fernando Luiz Abrucio Gustavo Loyola Ribamar Oliveira

:: :: :: :: :: :: ::

Valor + News Valor 1000 Valor Econômico Valor Financeiro Valor Indicadores Valor Notícias Valor Setorial

:: Estampa

:: Inteligência Digital e Comércio Eletrônico :: Merc. Imobiliário e Construção Civil :: Outros temas

:: Valor Social :: Ethos Valor

:: :: :: ::

Assine o jornal Edições anteriores Expediente Fale Conosco

:: Publicidade

Ricardo Pinto Cesar, para o Valor, de São Paulo A etérea rede mundial de computadores não chega ser um território sem lei. Mas se ressente da falta de regras claras em uma série de questões vitais para seu funcionamento e evolução. Em vários países, diferentes instâncias do poder e da sociedade civil debatem fórmulas que tentam adequar a legislação tradicional à internet. Não é uma tarefa fácil - e o caso brasileiro é um bom exemplo da complexidade do desafio. Tramitam hoje pelo Congresso Nacional mais de uma centena de projetos de lei que, direta ou indiretamente, envolvem a internet e o comércio eletrônico. Se boa parte dessas propostas fosse aprovada, a web nacional seria transformada em um campo minado, com regras de relevância e efeitos no mínimo duvidosos, como obrigar todos os web sites a se submeterem a uma classificação do conteúdo que oferecem. Embora essa hipótese de aprovação de boa parte das propostas seja remota, a possibilidade que se apresenta no extremo oposto, de quase completa ausência de regulamentação, também assusta- a falta de leis específicas contribui, por exemplo, para que práticas lesivas, como a captura e venda de informações pessoais na internet, ocorram livremente. O Brasil vive uma situação peculiar: a quantidade de projetos de lei sobre o assunto é enorme, mas quase não há legislação aprovada e em vigor. O desafio é equilibrar a balança - o prato da regulamentação não pode ficar vazio; não pode tampouco ficar tão cheio que jogue o prato da livre iniciativa pelos ares. "A maioria dos projetos hoje em andamento é repetitiva, inócua e simplesmente dispensável", afirma Cid Torquato, presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), entidade que reúne empresas que atuam na área de internet com o objetivo de estabelecer diretrizes para a regulamentação do setor. "Esses projetos representam um grande desperdício de tempo e dinheiro para o Congresso." A questão torna-se mais premente à medida que a internet se populariza. Segundo o Ibope eRatings, existem quase 7,7 milhões de usuários domésticos de internet no país - 50% mais do que o contingente verificado há dois anos. O comércio eletrônico entre empresas (B2B) vai movimentar, segundo as projeções, US$ 5,4 bilhões no Brasil até o final de 2002, enquanto o varejo on-line deve girar outros US$ 874 milhões ao longo do ano, de acordo com estimativas feitas pela IDC. São cifras que evidenciam a importância desse mercado virtual. O senso comum sugere que nada com esse tamanho pode ficar sem regulamentação. Trata-se, no entanto, de uma área em constante processo de mudanças tecnológicas. Qualquer legislação deve se preocupar em não engessar um setor dinâmico, oferecendo um ambiente

http://www.valoronline.com.br/valore.../materia.asp?id=1481123&ed_ref=456&edicao=45 18/11/02

Valor Econômico - Tecnologia & Telecomunicações

Página 2 de 3

jurídico que garanta a empresas e usuários segurança e flexibilidade. "Não faz sentido que existam tantos projetos de lei. A maior parte não pode ser aprovada porque regulamentaria em excesso a internet", diz o deputado federal Júlio Semeghini (PSDB-SP). "Mas isso não quer dizer que não precisamos de leis. Os projetos que tipificam os crimes de informática, por exemplo, são importantes", afirma. A resistência à regulamentação da internet chega a ser quase doutrinária e remete às origens da rede. Existe o temor de que o excesso de regras esturrique o terreno de liberdade criativa da web, que até agora gerou tantos bons frutos, como o Hotmail e o software de comunicação instantânea ICQ, criados por pessoas sem recursos financeiros e depois vendidos para a Microsoft e a AOL. Os jovens fundadores das empresas pontocom, em meados da década de 90, também cultivavam um ambiente livre em todos os aspectos. Trabalhar sem gravata, comendo sanduíche e varando noites seguidas na expectativa de ganhar o primeiro milhão de dólares mais ou menos junto com a primeira úlcera eram características de uma "contracultura empresarial". Quem vivia nesse ambiente tinha orgulho de quebrar regras e era avesso a burocracias. Ainda hoje, mesmo a Câmara-e.net, que representa corporações do calibre de Microsoft, IBM, AOL e HP, mostra-se mais preocupada com a possibilidade de regras em excesso do que com a ausência delas. "Seria muito interessante que o governo não baixasse medidas provisórias para travar o comércio eletrônico", afirma Ricardo Theil, vice-presidente de finanças da Câmara-e. "Trabalhamos para que haja uma autoregulamentação e o mínimo de gerência pública, porque hoje o governo não tem conhecimento para interferir nessa área. O mundo de comércio eletrônico é novo para todos." Para a Câmara-e.net, o governo deve colocar o dedo em questões como crimes de informática e também pode contribuir com o estabelecimento de regras de incentivo ao setor - como liberação de linhas de financiamento para que as empresas nacionais se informatizem. Nada muito além disso. Theil destaca que "um grande caminho" para o setor seria a autoregulamentação, com o estabelecimento de um conjunto de melhores práticas. Uma das possibilidades consideradas mais atraentes é a formação de câmaras de arbitragem para resolver atritos entre empresas que atuam nesse mercado. A entidade já está trabalhando em uma organização deste tipo para atuar em questões de comércio eletrônico, resolvendo disputas não-judiciais por meio de acordos. A previsão é de que essa idéia saia do papel em três ou quatro meses. Ninguém defende que a internet tenha controles rígidos como um Estado absolutista. O desafio é criar um equilíbrio no qual os agentes desse mercado não sejam engolidos pela voracidade de criar regras do Congresso, e nem fiquem indefesos como cordeiros diante de práticas ilícitas pela ausência de leis. Convém não arriscar. Mesmo na "economia digital", a máxima de Hobbes continua válida. "Homo homini lupus" (o homem é o lobo do homem), diria o filósofo diante do estado natural que a internet brasileira vive até hoje.

Leia mais >>Para juristas, regulamentação deve focar apenas os pontos específicos

http://www.valoronline.com.br/valore.../materia.asp?id=1481123&ed_ref=456&edicao=45 18/11/02

Valor Econômico - Tecnologia & Telecomunicações

Página 3 de 3

Copyright Valor Econômico S.A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página Em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Valor S.A.

http://www.valoronline.com.br/valore.../materia.asp?id=1481123&ed_ref=456&edicao=45 18/11/02

Related Documents


More Documents from "Alexandre Atheniense"