Valor Econômico - Tecnologia & Telecomunicações
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Valor Online Fantini, da MapriTextron, que investe em sua reestruturação Terça-feira, 22 de outubro de 2002 - Ano 3 - Nº 621 - Empresas & Tecnologia
Internet Operadoras investem em provedores gratuitos para garantir receita gerada por milhões de internautas
Disputa entre teles prejudica acesso pago Patricia Cornils e João Luiz Rosa, De São Paulo :: :: :: :: ::
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Uma questão restrita ao setor de telecomunicações está colocando em xeque o futuro da internet no Brasil. A briga das operadoras de telefonia fixa pela receita gerada pela cobrança de interconexão está atingindo os provedores que vivem da receita de assinatura, como UOL e Terra. As operadoras descobriram que podem reforçar seus caixas com receitas de interconexão se controlarem um provedor com milhares de assinantes - por isso elas mantém o acesso gratuito. O primeiro negócio realizado nessa área foi a compra do iG pela Telemar, em março de 2001. A operadora planejava, então, concorrer pelo tráfego de outras regiões, quando pudesse atuar fora de sua área original. Como o iG tem centenas de milhares de assinantes, bastaria construir um ponto para receber chamadas encaminhadas pelas demais operadoras. Ao final, suas concorrentes seriam obrigadas a pagar pela interconexão nas áreas onde a Telemar decidisse atuar. Com seus quatro a cinco milhões de usuários no Brasil, a internet grátis tem sido uma das limitações ao crescimento do mercado de serviços online. Todos os provedores gratuitos em operação são ligados a operadoras. Somente um, dos 11 criados na primeira fase da internet brasileira, sobreviveu: o iG. Os outros em atividade são o iBest, da Brasil Telecom; o Pop, da GVT; e o iTelefônica, da Telefônica - em fase de pré-lançamento, exatamente no momento em que a empresa pode vir a sofrer a concorrência de outras concessionárias em sua região. Marcelo Lacerda, ex-executivo do Terra, sempre coloca aspas na palavra "grátis", quando se refere a esse tipo de acesso. Para ele, os provedores gratuitos só existem porque seus acionistas podem abrir mão da receita de acesso e receber, em compensação, receitas de interconexão e dos pulsos pelas ligações aos provedores. Nesse sentido, são indiretamente pagos pelos usuários do serviço telefônico. Crítico desse modelo de negócios, Lacerda acredita que a briga das operadoras por essas receitas poderá inviabilizar o crescimento da indústria de internet no Brasil, ao reduzir o mercado potencial de acessos pagos. "Pelo menos 40% dos usuários desses provedores pagariam pelo acesso se eles não existissem", acredita. Para os que consideram o fim dos provedores grátis uma agressão aos usuários, ele sofistica seus argumentos. Observa que 75% da receita do Terra, por exemplo, são gerados pelo pagamento de assinatura mensal. Uma queda nessa receita, explica Lacerda, reduziria os investimentos em conteúdo e tecnologia e acarretaria perdas certas para os consumidores. Ao longo do tempo, antecipa ele, essas perdas podem ser dramáticas, do ponto de vista de funcionalidade e suporte aos serviços, porque as operadoras não têm incentivos para investir em inovação ou qualidade da
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internet. "Seus objetivos concentram-se na disputa de tráfego, que é apenas parte da indústria de internet" conclui. A regra de interconexão criticada pelos provedores foi uma das medidas tomadas para criar competição, favorecendo as novas operadoras de serviço telefônico. Quando uma operadora chega ao mercado, a tendência é que gere um volume maior de chamadas para os assinantes da empresa dominante, que são em número muito maior. A rede que completa as ligações recebe um pagamento da operadora que originou a chamada. Se pagasse tarifa de interconexão cheia, a nova empresa teria que repassar grande parte de suas receitas à dominante. Por isso, a regra estabelece que só quando uma operadora recebe mais que 55% do tráfego entre duas redes tem direito a receber taxa de interconexão, pelos 45% excedentes. As empresas-espelho perceberam que se atraíssem clientes que recebem grande volume de chamadas, como provedores, call centers ou rádios, deixariam de ser pagadoras e se tornariam credoras de interconexão. Essa estratégia foi usada pela GVT, diz Amos Genish, presidente da empresa. A interconexão respondia por 35% da receita da operadora, em 2001 - hoje, representa 10%, diz Genish. As operadoras dominantes também gostaram da idéia. Quando a Telemar decidiu comprar o iG, um dos argumentos era de que o provedor geraria receitas para a empresa, na área de suas concorrentes. De acordo com reportagens da época, o contrato entre as empresas previa que o iG receberia, a partir de 2002, pelo tráfego gerado fora da área da Telemar. Em 2002, seriam R$ 39 milhões na área da BrT; R$ 92 milhões na da Telefônica e iria economizar R$ 81 milhões em interconexão na sua região. A Telefônica foi a última a criar seu provedor gratuito, o iTelefônica. A empresa diz que tomou a iniciativa para se defender da perda de tráfego, mas que pode voltar atrás se a forma de remuneração mudar. As operadoras concordam com os provedores pagos na crítica à regra de desbalanceamento, mas não querem mudá-la. Temem os questionamentos jurídicos que poderiam surgir de empresas como a GVT. Por isso, acreditam que a melhor solução seria identificar as chamadas para os provedores e considerá-las como se fossem tráfego de dados, em vez de telefonia - já que a regra diz respeito somente ao tráfego telefônico. Fernando Madeira, presidente do Terra, considera esta uma boa solução. Caio Túlio Costa, diretor geral do UOL, não acredita em mudanças na forma de remuneração. Prefere defender a isonomia dos provedores pagos em relação aos gratuitos. "Eles não pagam pelos meios que usam. E o contrato do UOL com a Telemar prevê o pagamento de receitas de interconexão ao provedor", diz. "Queremos ser tratados do mesmo jeito." A Embratel é contrária à transformação do tráfego internet em tráfego de dados e defende a adoção de tarifas de interconexão baseadas em custo, para reduzir o preço da interconexão. Propõe também a ampliação geográfica das áreas locais do país, para que haja um número menor delas, e parte das chamadas que hoje são de longa distância se transformem em locais. A posição da empresa deixa claro que a internet é um dos muitos pontos de conflito entre operadoras a respeito de interconexão. Há disputas no pagamento das empresas de longa distância pelas redes locais e no de telefônicas locais pela interconexão com as celulares. Mudar qualquer ponto dessa relação, sem mexer no quadro total, pode gerar distorções piores ainda, dizem especialistas.
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Leia mais >>Classes C e D são desafio dos provedores
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Sete anos depois de a internet começar a ganhar contornos de negócio no Brasil, os provedores de acesso debatem-se diante de uma questão: como ampliar o número de usuários pagos para ganhar o volume necessário à sua lucratividade. No Brasil, o número de pessoas que acessam a internet em casa é considerável: são cerca de 15 milhões de usuários, segundo o Yankee Group, instituto de pesquisa especializado na área de tecnologia. O número de contas pagas, no entanto, é muito menor: apenas três milhões. Como cada assinatura é usada por mais de uma pessoa, esse universo é calculado em 10 milhões de usuários. Pelas contas da Abranet, entidade que reúne os provedores de acesso, existem quatro milhões de contas pagas, que se desdobram em dez milhões de consumidores, mesmo número do Yankee. Além deles, há mais cinco milhões de usuários que só usam a web gratuita. Uma parte dos usuários pagantes também tem conta nos gratuitos, mas é difícil definir o volume. Em quaisquer dos dois cálculos, a conclusão é semelhante: falta público, ainda mais diante da forte concentração do setor. Existem pelo menos 1219 provedores no país, segundo a Abranet. A diferença entre elas, porém, é abissal. No topo estão provedores com atuação ampla e marcas fortes, como os pagos UOL, Terra e AOL e os grátis iG e iBest. "As maiores empresas concentram 70% do acesso à internet a partir de casa", diz Roque Abdo, presidente da Abranet. Em geral, diz o empresário, o número de usuários desses provedores ultrapassa a marca de 800 mil. Logo em seguida, há um enorme v ácuo. "Entre 50 mil a 800 mil clientes, não há ninguém", diz Abdo. O degrau seguinte é o de companhias com 7 mil a 50 mil clientes. "São 15, no máximo". Todo o resto está concentrado em faixas abaixo de 7 mil usuários. O número de provedores caiu 1,77% em relação ao ano passado, mas isso não será nada comparado ao que pode acontecer se não forem encontradas maneiras de estimular o mercado. "Em dois anos, o número será reduzido à metade e, em quatro anos, pode diminuir para 25%", prevê Abdo. Qual o caminho a seguir? "O grande desafio da internet é incluir as classes C e D e conquistar as pequenas empresas", afirma Dário Dal Piaz, presidente do Yankee Group no Brasil. As companhias de pequeno porte são fundamentais porque representam um mercado quase ignorado. "O produto das pequenas e médias vai crescer 26% ao ano, segundo o Sebrae, enquanto a economia talvez só aumente 1%", compara Dal Piaz. O tamanho da oportunidade é dado pelo volume de pequenas empresas que têm internet: apenas 7%.
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18/11/02
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No caso das classes C e D, está em jogo a inclusão digital, que inclui esforços do governo e da sociedade para levar a internet a essas comunidades. O Fust, que vai destinar US$ 2 bilhões para a informatização de escolas, tornou-se uma das maiores esperanças na área, mas acabou paralisado este ano. Explorar quaisquer desses mercados, no entanto, vai requerer uma mudança no modelo de pagamento de quem se conecta à internet pelas redes de telefonia. "Em todo o país, apenas 700 cidades têm cobertura local", diz Dal Piaz. Para os moradores dos demais municípios, a conexão é feita por meio de interurbano, com custo muito mais alto. "A democratização da internet não está no provedor, mas no custo do pulso", diz Abdo. "A verdadeira inclusão digital é levar o sinal até o provedor local de internet." (PC e JLR)
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18/11/02