DIABETES E MORBIDADE • Primeira causa de cegueira •
• •
adquirida Primeira causa de ingresso a programas de diálise no Primeiro Mundo e entre as 3 causas mais freqüentes na América Latina Importante determinante de amputações de membros inferiores Entre os principais fatores de risco cardiovascular
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS: PREVALÊNCIA %
60
350 Pacientes DM2
50 40 30 20 10 0
Cardiopati a isquêmica
Morte
AV C
Vasculopat Neuropati a ia Nefrop Retinop periférica sensitiva atia atia
Amputações
IRC
Cegueira
REDUÇÃO DE COMPLICAÇÕES ATRAVÉS DE BOM CONTROLE GLICÊMICO Porcentagem de diminuição
Controle Intensivo no UKPDS 0
50
12%
16%
Menor
Menor
Risco de evento final relacionado ao diabetes
Risco de infarto do miocárdio
21% Menor
24% Menor
Risco de Retinopatia em 12 anos *
Risco de amputação Catarata *
25% Menor Risco de evento final Macrovascular *
* Diminuição com significância estatística UKPDS 33 Lancet 1998; 332: 837-853
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DM
MECANISMOS glicosilação não enzimática ativação da rota dos polióis ativação da proteína quinase C stress oxidativo
1. Teoria da glicosilação avançada
glicose em excesso liga-se aos amino-ácidos e proteínas circulantes e dos tecidos PRODUTOS AVANÇADOS IRREVERSÍVEIS (AGE)
alteração QUANTITATIVA e QUALITATIVA da estrutura e função das proteínas intra e extracelulares
glicose glicosilação não-enzimática de proteínas intra e extra celulares AGE extracelular
AGE intracelular
RAGE
ativação de moléculas de sinalização celular proteína quinase C proteína quinase ativadora da mitose (MAP) fator nuclear κ-B expressão gênica e função protéica alteradas
disfunção e dano celular Ex: hemoglobina - flexibilidade e sobrevida leucócitos - quemotaxia, diapedese e fagocitose
2. Teoria da via da aldose redutase ROTA DOS POLIÓIS
GLICOSE
SORBITOL aldose redutase
(alta atividade)
FRUTOSE sorbitol desidrogenase
menor captação de mioinositol redução de fosfoinositídeos e fosfatidilinositol da membrana e menor atividade da bomba Na-K
glicose NADPH
AR
NADP/NADPH NADP+
glutationa
sorbitol NAD
NO
stress oxidativo alterações enzimáticas
+
NADH/NAD
SD NADH
frutose
stress osmótico
catarata
3. Teoria da oxidação reativa glicose glico-oxidação
fosforilação oxidativa
(não-enzimática)
(enzimática)
AGE
LDL-oxidado
intermediários reativos de O2
ativação de moléculas de sinalização celular proteína quinase C (PK-C) proteína quinase ativadora da mitose (MAP) fator nuclear κ-B
stress oxidativo NO
expressão gênica e função protéica alteradas
disfunção e dano celular
4. Teoria da proteína quinase C glicose glicólise gliceraldeído-3-fosfato
disfunção e dano celular
diacilglicerol
ativação da PK-C β (aorta, coração) α, β, ε (retina) α, β, δ, ε, ξ (glomérulo)
expressão gênica alterada citoquinas fatores de crescimento função protéica alterada
hiperglicemia glicólise
AGE
sorbitol NADP/NADPH NADH/NAD
DAG
ativação da PK-C βeδ
fosforilação oxidativa glico-oxidação
stress oxidativo NO
ativação da MAP e fator nuclear κ-B
ativação de moléculas de sinalização celular
expressão gênica alterada citoquinas fatores de crescimento IGF-I, EGF, FGF, TGF-β
função protéica alterada
DISFUNÇÃO E DANO CELULAR
PATOGÊNESE DAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS
Hiperglicemia crônica Produtos finais de glicação avançada
Via do sorbitol
Proteína quinase C (PKC β)
estresse oxidativo de óxido nítrico
Proliferação celular
Permeabilidade vascular
Adesão celular
angiogênese - crescimento celular - permeabilidade - fluxo sanguíneo - contratilidade - espessamento da membrana basal adesão leucocitária - cardiomiopatia - trombose
Complicações Crônicas
RETINOPATIA DIABÉTICA Em algum grau em quase todos os pacientes Principal causa de novos casos de cegueira legal nos USA, na faixa 20 – 74 anos (5000 novos casos / ano)
DM TIPO 1: inicia 3 a 5 anos após diagnóstico quase 100% após 15 a 20 anos de doença DM TIPO 2: afeta 50 a 80 % em 20 anos, mas pode estar presente no diagnóstico
RETINOPATIA DIABÉTICA MECANISMOS aumento do fluxo sanguíneo e permeabilidade na retina acúmulo de sorbitol glicosilação não enzimática fatores genéticos EVOLUÇÃO espessamento da m. basal e perda de sulfato de heparan perda dos pericitos (células murais contráteis) e da regulação do fluxo extravasamento de lipídios e proteínas ( exsudato duro) proliferação de cel. Intraluminares: tortuosidade, oclusão substâncias vasoproliferativas (FGF, EGF, IGF-1) isquemia e proliferação vascular (neovasos)
RETINOPATIA DIABÉTICA
RETINOPATIA
NÃO PROLIFERATIVA (“background”) PROLIFERATIVA
RE TI NOPATI A NÃ O P RO LI FER ATI VA INICIAL
microaneurismas hemorragias intraretinianas permeabilidade vascular (exs. duro) obstrução capilar exsudatos algodonosos
MODERADA
alteração do calibre dos vasos IRMA perda de capilares isquemia
SEVERA
hemorragias extensas microaneurismas
RE TI NOPATI A PR OLI FER ATI VA
AVANÇADA
neovascularização da mácula e da retina hemorragias pré-retinianas e vítreas proliferação fibrovascular tração retiniana, ruptura e descolamento
RETINOPATIA DIABÉTICA EVOLUÇÃO CLÍNICA E ACOMPANHAMENTO puberdade e gestação podem acelerar rara em crianças antes da puberdade, independente do tempo de DM
1a. AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA: - após 5 anos do DM tipo 1, se mais de 10 anos - no diagnóstico do DM tipo 2 - 1 ano antes e no início de gestação
TRATAMENTO DA RETINOPATIA CONTROLE INTENSIVO: DCCT
76 % risco 63 % progressão 26 % edema de mácula
FOTOCOAGULAÇÃO COM LASER RP não proliferativa leve a moderada: seguimento a cada 6 - 12 m RP não proliferativa severa s/ edema macular e RP proliferativa: cada 3 - 4 m e pan-fotocoagulação Edema de mácula: fotocoagulação focal
VITRECTOMIA
NEFROPATIA DIABÉTICA
DM é a causa mais comum de irc nos USA e Europa (35-40%)
35 % dos DM 1 e 10 a 40 % dos DM 2
Associada com aumento de mortalidade 100 xx em DM 1 e 5 xx em DM 2
NEFROPATIA DIABÉTICA
Fatores genéticos Fatores ambientais (metabólico-hormonais) Fatores hemodinâmicos
FATORES GENÉTICOS agregação familiar de nefropatia, HAS e card. isquêmica maior predisposição para NP em pacientes com marcadores para HAS alterações na sequência do gen da enzima conversora da angiotensina, alterando o equilíbrio entre bradicinina (vasodilatação) e angiotensina II (vasoconstrição) aumento da pressão de perfusão e FG perda de sulfato de heparan na membrana basal (perda de sítios aniônicos
albuminúria)
Fatores Metabólico – hormonais e Hemodinâmicos HIPERGLICEMIA vasodilatação
aumento do fluxo e FG
hipertensão ao nível do glomérulo por dilatação preferencial da arteríola aferente
glicosilação não enzimática
alteração da
membrana basal e matriz extracelular
aumento da atividade na via dos polióis acúmulo de sorbitol, depleção de mioinositol
DANO CELULAR
GLOMERULOESCLEROSE
NEFROPATIA DIABÉTICA - estágios Normoalbuminúria: EUA < 20 µg/min
Microalbuminúria: EUA 20 - 200 µg/min
Macroalbuminúria: EUA > 200 µg/min
Insuficiência Renal Crônica
Risco de Morte
NEFROPATIA DIABÉTICA FASE INICIAL
presença de marcadores para NP hipertrofia e hiperperfusão renal superfície glomerular e FG
NEFROPATIA INCIPIENTE
microalbuminúria
10 – 15 anos NEFROPATIA CLÍNICA 15-20 anos
macroalbuminúria ou proteinúria clínica
NEFROPATIA INCIPIENTE
microalbuminúria FG espessamento da m. basal e expansão mesangial
MICROALBUMINÚRIA aumento dos níveis pressóricos (descenso nuturno) dislipidemia alterações da função endotelial e fatores de coagulação 30 - 45 % em DM 1 13 - 26 % em DM 2 (aumenta 20% ao ano sem tratamento)
20 a 200 µg/min em urina de 24 horas 17 a 174 mg/L em amostra casual
NEFROPATIA CLÍNICA 15 – 20 anos glomeruloesclerose difusa e nodular FG hipertensão em 73 a 90% outras complicações (neuro, retino e macroangiopatia) cardiopatia isquêmica EVOLUÇÃO: FG
1 ml / min / mês
macroalbuminúria
> 200 µg/min (>174 mg/L)
proteinúria ≥ 500 mg/24 h (≥ 431 mg/L)
MEDIDAS TERAPÊUTICAS a) CONTROLE METABÓLICO: DCCT e UKPDS b) DIETA: RESTRIÇÃO PROTÉICA : 0.8g/kg/dia a 06g/kg/dia albuminúria e a velocidade de queda da TGF c) CONTROLE DA HAS: < 130 / 85 (≈ 125/75 mmHg) d) INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA e ANTAGONISTAS DO RECEPTOR DA ANGIOTENSINA reduzem a pressão transglomerular –
pressão na
arteríola eferente (efeito da angiotensina II) e reduzem microalbuminúria.
TRATAMENTO DA MICROALBUMINÚRIA Ensaio clínico randomizado irbesartan vs. placebo em pacientes DM2 com microalbuminúria e hipertensos Incidência de Nefropatia Diabética (%)
2 0
placeb o
1 0
Irbesartan 150 mg
0
Irbesartan 300 mg 24
0
3
12
Meses de Acompanhamento Parving HH et al NEJM 345:870, 2001
NEUROPATIA
DURAÇÃO DO DM: tempo de exposição à hiperglicemia CONTROLE METABÓLICO: nível de hiperglicemia
DCCT: 1441 indivíduos DM 1 por 5 anos em tratamento intensivo
redução de 69% e 57% no aparecimento
e na progressão da NP
NEUROPATIA LESÕES MAIS FREQÜENTES: alterações dos nódulos de Ranvier (engrossamento e desunião axoglial) perda de fibras mielinizadas alterações microvasculares:
permeabilidade
e passagem de proteínas desmielinização segmentar: glicosilação não enzimática e endocitose da mielina por macrófagos
QUADRO CLÍNICO DISTÚRBIOS SENSITIVOS dores, parestesias tipo queimação, formigamento, dormência; dores latejantes (“neuralgias”), pioram à noite e melhoram com exercício
DISTÚRBIOS MOTORES: menos freqüentes geram amiotrofia localizada ou difusa Ex.: quadríceps ou interósseos da mão
ARREFLEXIA DO TENDÃO DE AQUILES LESÃO DE NERVO CRANIANO Facial (VII), Hipoglosso (XII), Oculo-motor e Troclear (III e IV) Dor na região do Trigêmio e após, ptose palpebral, perda do reflexo pupilar e diplopia; gte unilateral; 6 – 12 semanas
NEUROPATIA - FORMAS CLÍNICAS
NEUROPATIAS DISTAIS E SIMÉTRICAS – PNPSS
NEUROPATIAS PROXIMAIS SIMÉTRICAS MOTORAS
NEUROPATIAS FOCAIS E MULTIFOCAIS
NEUROPATIA AUTONÔMICA
PNPSS 90% das neuropatias periféricas lesões bilaterais e simétricas dos Ms Is parestesias e disestesias 70% dos casos são lesões mistas (mielinizadas e não)
Fibras pequenas não mielinizadas DOLOROSA e TÉRMICA Fibras médias e longas, mielinizadas VIBRATÓRIA, TATO FINO, PROPRIOCEPTIVA e REFLEXOS OSTEO-TENDINOSOS
NEUROPATIAS PROXIMAIS MOTORAS Fraqueza
ou deficit muscular,
insidioso e progressivo
Geralmente das raízes do membros inferiores (quadríceps), preservando os glúteos; com dores nas coxas e sem distúrbio sensitivo
Mais em pacientes DM 2 idosos
NEUROPATIA - TRATAMENTO tendem a melhorar espontaneamente MELHOR CONTROLE GLICÊMICO SINTOMÁTICO
estabilizadores de membrana (
descargas
ectópicas e bloqueiam canais de Na e Ca) tópicos - capsaicina antidepressivos – amitriptilina 75 mg/d carbamazepina – 100 a 200 mg, bid gabapentina – 300 mg, 2 a 3 xx/d benzodiazepínicos ou AINE – poucos estudos narcóticos – codeína, tramadol corticoterapia para amiotrofia proximal INIBIDORES DA ALDOSE REDUTASE
Início insidioso
Início agudo
Tto tópico
Amitriptilina
Gabapentina
Capsaicina
10 mg/d até 100-150mg/d
600 mg 3x/d
+ amitriptilina + codeína
Suspender amitriptilina Iniciar gabapentina
10 mg/noite
+ codeína
NEUROPATIA AUTONÔMICA fibra nervosa autonômica é quase desmielinizada: maior suscepibilidade ao dano metabólico
a neuropatia autonômica geralmente é assintomática
a neuropatia autonômica sintomática geralmente ocorre após 10 anos de DM
NEUROPATIA AUTONÔMICA
ALTERAÇÕES DA SUDORESE intolerância a temperaturas elevadas, hiperhidrose da ½ superiror do corpo (face, peito, axilas, mãos)
ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS gastroparesia (vago) diarréia, geralmente noturna constipação
ALTERAÇÕES UROGENITAIS bexiga neurogênica ( menor no. de micções ou 1a. diurese >400 ml) disfunções sexuais ( ejaculação retrógrada, ereção)
MACROANGIOPATIA ATEROSCLEROSE NO DIABÉTICO
~ 80% da mortalidade total em diabéticos 75% doença arterial coronariana 25% doença cerebrovascular ou vascular periférica
> 75% de todas as internações por complicações em diabéticos
> 50% dos diabéticos tipo 2 diagnosticados têm aterosclerose National Diabetes Data Group. Diabetes in America. 2nd ed. NIH;1995
Indivíduos diabéticos têm o mesmo risco de mortalidade do que indivíduos que já sofreram infarto n= 1373 pacientes diabéticos e 1059 não diabéticos
Mortalidade em 7 anos (%)
50,0
45,0
40,0 30,0
18,8
20,0 10,0
20,2
3,5
0,0 DM - DAC -
DM - DAC +
DM + DAC -
DM + DAC +
Haffner et al, N Engl J Med 1998;339:229-34
PÉ DIABÉTICO amputações de MsIs ocorrem 100 vezes mais em diabéticos pacientes diabéticos com lesões graves nos pés constituem 51% das internações em serviços de endocrinologia universitários 85% dos casos graves se originam de lesões simples
ÚLCERA NEUROPÁTICA
em locais de apoio hiperceratose indolores geralmente com granulação
ÚLCERA ISQUÊMICA
locais de apoio e outros bordos irregulares tecido desvitalizado dolorosas