Dia Dos Pais - Fiv

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JORNAL DO BRASIL

DOMINGO, 12 DE AGOSTO DE 2007

DIA DOS PAIS I Casais com problemas de fertilidade celebram data depois do sucesso da técnica

Juliana Anselmo da Rocha

Para alguns casais, como Rodrigo Cunha e Kássia Gomes, o sonho de segurar um filho nos braços demora a se concretizar. Depois de oito anos de tentativas infrutíferas, Rodrigo descobriu ter problemas na produção do esperma que deixavam seus espermatozóides inaptos para a corrida da reprodução. O casal optou, então, pela fertilização in vitro (FIV) e hoje comemora o nascimento de seus quadrigêmeos. – Minha mulher está muito atarefada com as crianças, mas estamos muito felizes – conta Rodrigo. – Pedro, Miguel, Thiago e Carlos já estão com cinco meses. Dirceu Mendes Pereira, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana informa que,

Inseminação fica mais comum com carreira sendo priorizada em relação aos filhos ao ano, são realizadas no Brasil mais de 12 mil fertilizações in vitro. – Com homens e mulheres optando por adiar o planejamento familiar para crescer profissinalmente, o número de casos aumentará – aposta. João Ricardo Auler, diretor-médico da Clínica Pró Nascer, completa estar claro para a medicina hoje que os casais que não conseguem ter filhos devem ser avaliados em conjunto: – Em 40% dos casos, há problemas com o homem e em outros 40%, com a mulher. Ainda há si-

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tuações em que não sabemos o que acontece, mas se especula que existam complicações relacionadas à hostilidade imunológica de um com o outro. Nas mulheres, as causas da infertilidade podem ser divididas nos seguintes grupos: ovulatórias, anormalidades nas tubas uterinas ou no útero, problemas imunológicos e a presença de doenças como a endometriose, que provoca cistos e dificulta a implantação do embrião no útero. Nos homens, causam infertilidade a presença de varicocele – problema vascular que leva ao inchaço da veia que liga os testículos aos rins, levando à deformação testicular e em alguns casos à disfunção erétil – inflamações como as prostatites e problemas endócrinos. – Tem crescido o número de casos de infertilidade masculina por causas ambientais, como a ingestão de agrotóxicos e químicos nos alimentos – ressalta Pereira. Auler revela não ser mito a crença popular de que muito tempo sentado e o uso de roupas apertadas também prejudica a função testicular. O médico explica que o excesso de calor no saco escrotal afeta a produção de espermatozóides, diminuindo seu número e motilidade. – O estresse também é um fator de risco – completa. Os casais não precisam se desesperar: a fertilização in vitro pode ser indicada para a maioria dos casos. O procedimento só não garante filhos geneticamente idênticos aos pais nos casos em que o homem não produz espermatozóide algum ou a mulher entrou na menopausa. Mas, mesmo nesses casos, há chance de ser mãe e pai: basta recorrer aos bancos de sêmen e óvulos para obter a matéria-prima para a técnica.

À espera de um milagre

As chances de sucesso da fertilização in vitro são determinadas pela idade do casal. – Até os 35 anos, há 60% de chances de pelo menos um embrião implantado seguir até o fim da gestação – observa João Ricardo Auler. – Quando a mulher ultrapassa esse limite, as chances existem, mas caem para 30%. Segundo resolução do Conselho de Medicina, podem ser implantados até quatro embriões por vez. Mas Dirceu Mendes Pereira defende que esse número caia para dois ou três embriões. – A gestação múltipla aumenta significativamente a chance de bebês prematuros, com lesões ou problemas de formação devido ao nascimento precoce – justifica. Rodrigo Cunha revela ter ficado surpreso ao saber que todos os embriões implantados em Kássia haviam sobrevivido: – Tomei um susto. Mas no momento seguinte eu não queria perder nenhum deles, torcia para que todos chegassem até o fim. Armilton Pereira da Silva também enfrentou surpresas e decepções até a confirmação da gravidez da mulher, Marinalva. – Ela está de cinco meses. Quando soubemos, foi uma emoção e choradeira só – lembra. Armilton já tinha duas filhas do primeiro casamento e era vasectomizado há sete anos. Não

imagina construir uma nova família, mas quando Marinalva manifestou a vontade de ter filhos, buscou ajuda médica. – As irmãs dela começaram a engravidar e ela ficava corujando os sobrinhos – conta. – Pensamos em adotar, mas preferimos tentar a fertilização in vitro. Por punção, Armilton teve seus espermatozóides colhidos e o casal fez sua primeira tentativa. Sem sucesso. – Foi uma decepção – lamenta. – Minha mulher estava exausta com a batelada de exames e, então, decidi reverter a vasectomia e tentar pelos meios naturais. Mas havia se passado muito tempo da cirurgia e as chances da reversão ser bem-sucedida eram poucas. Um ano depois da reversão, ainda sem filhos, o casal voltou a considerar a FIV. – Marinalva havia se recuperado e tentamos novamente. Agora aguardamos nosso filho para dezembro – diz. – As minhas filhas participaram de perto do processo. Estamos todos vibrando. Armilton dá, ainda, um conselho aos futuros pais: – Não se pode desanimar. Mesmo se há contratempos, temos de insistir. Para quem, como nós, quer muito ter filhos, vale a pena – garante. I Comente a fertilização in vitro no JB Online. www.jb.com.br/24 horas

LU TEIXEIRA/AJB

Fertilização in vitro garante a paternidade

Rodrigo Cunha comemora o primeiro Dia dos Pais com os quadrigêmeos Miguel, Carlos, Pedro e Thiago

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Minha mulher está Fertilização passo a passo muito atarefada com as deferentes ou vasectomia, Exames crianças, mas estamos O casal deve ser investigado ou por punção ou biópsia, muito felizes. Os nos casos em que o sobre as causas da espermatozóide não infertilidade por um médico quadrigêmeos já desembarca do saco competente. Ao homem, têm cinco meses escrotal no esperma. Em não pode faltar um Rodrigo Cunha, pai

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Fizemos duas tentativas, antes de minha mulher engravidar. Não se pode desanimar. Mesmo se há contratempos, temos de insistir. Para quem, como nós, quer muito ter filhos, vale a pena Armilton Pereira, pai

espemograma completo, que verifique a forma, vitalidade e motilidade dos esper matozóides. Estimulação Os ovários são estimulados por meio de injeções de hormônios por entre 12 e 14 dias. Normalmente, uma mulher produz um óvulo por mês, mas com a estimulação muitos mais amadurecem e podem ser colhidos. Coleta O esperma pode ser colhido por masturbação, quando não há problema de obstrução dos canais

sala anexa, os óvulos são aspirados por ultrasom vaginal. A junção é feita em laboratório e quatro dias depois se dá a implantação. Implantação Um a quatro embriões são transferidos para o útero. A fertilização não é oferecida no SUS e o custo médio do tratamento varia entre R$ 15 mil e 20 mil. A Clínica Pró Nascer oferece a partir de amanhã um plano para a população carente. As interessadas devem procurar o serviço de ginecologia do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle para triagem.