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SEGUNDA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2008 O ESTADO DE S.PAULO
ENTREVISTA
DERRICK KERCKHOVE, pesquisador da Universidade de Toronto DIVULGAÇÃO
‘Nuncaescapamos danossarelação comatecnologia’ Futuro : JULIANA ROCHA Derrick de Kerckhove, considerado um dos mais criativos pesquisadores em comunicação digital, chegou sorridente para a entrevista com o Link. Em visita ao País para o lançamento do livro Do público para as Redes, organizado pelo professor Massimo di Felice, da Universidade de São Paulo, o canadense trazia nas mãos um MacBook Air e um iPhone, devidamente protegido por um
Fim? ‘Por que quando algo novo aparece, achamos que irá destruir o que está aí?’ capa de silicone azul para evitar riscos no frágil corpo de alumínio. “Sou um grande fã da Apple, embora não de Steve Jobs. É semelhante à relação que nutro pelos Estados Unidos: eu gosto da América, mas não do presidente George Bush”, divertiu-se. O autor de A Pele da Cultura, Connected Intelligence e Global Village (os
dois últimos ainda sem tradução em português) se mostrou um otimista quanto aos desdobramentos das relações internacionais e falou sobre a integração entre o ser humano e as máquinas e sobre a evolução da comunicação e das formas de governo. A internet ainda é anglófona?
O inglês não é mais a língua dominante, mas ainda desempenha e continuará desempenhando um papel forte nas comunicações internacionais. Uma crítica comum à comunicação online é a de que favorece o empobrecimento do vocabulário pelo uso de gírias, abreviaturas e grafias alternativas. A internet nos faz mais estúpidos no falar?
No filme Blade Runner – O Caçador de Andróides, de 1982, há uma língua estranha que supostamente seria o inglês do futuro ou, ao menos, o falado em Los Angeles. Sempre me recordo disso quando perguntado sobre as mudanças na língua. Acredito que exista uma previsão acertada ali, mas não a estenderia para o nível global. Acredito que o inglês, que é a língua internacional e pela qual se estabelecem as pontes transculturais, ficará mais aberto a contribuições externas no
meio digital. Mas continuará estável na mídia e na publicidade. Eu não diria que a internet tem um influência majoritária nas distorções de um idioma. Qual seria, então, a influência maior da rede sobre os idiomas?
Tem um papel protetor, mesmo das línguas mortas. Não acredito que irá lapidar a forma como nos comunicamos na direção de um espanglês (fusão de espanhol com inglês) ou outra variação destas. Por que sempre que algo novo aparece insistimos em pensar que irá destruir o que já estava aí? A mídia entra em pânico: “Ó céus, a língua irá morrer, os jornais irão morrer”. Qual é?! O sr. acha que a integração homemmáquina tem crescido ao ponto de nos levar a uma era onde o homem não mais controla a máquina, mas é apenas outro ponto na rede?
Nos anos 60, era moda dizer que os seres humanos eram os brinquedos sexuais das máquinas. Não éramos responsáveis pelas atividades executadas, mas pobres vítimas da técnica. É o reverso desta idéia de que estamos no comando. Mas, na verdade, não faz sentido pensarmos a oposição máquina e não-máquina. Nossos corpos, nossas mãos, nosso cérebro
BOA!– Ele acha que a internet mudará a política: ‘Nunca tantos desonestos coordenaram a vida social’
nunca escaparam da relação com a tecnologia. Como devemos pensar a interrelação homem e máquina?
A questão contemporânea é se existem evidências de uma integração maior e mais profunda, com cada célula se comunicando com cada outra célula viva ou elétrica no sistema. O que podemos dizer é que estamos vivendo a transição da era das mentes e grupos políticos isolados para a era das mentes interconectadas e grupos globais, onde cada rede pode agir e competir por espaço. Quais as influências dessa multiplicidade de vozes para a política?
A explosão das comunicações deixa às claras a deterioração do sistema político. Nunca vimos tantos desonestos coordenando a vida social. Para atender ao ambiente atual, penso que seria mais adequado um governo sob demanda. O que é e como funcionaria um governo sob demanda?
Eu não me considero um pensador de esquerda e nem estou dizendo que a internet substituirá o governo. O que proponho, na realidade, é apenas uma maneira de sobreviver mais adequada ao nosso tempo. A municipalidade continuaria nos moldes como já é. Acredito que os impostos per-
manceriam para que fosse mantida a infraestrutura de tráfego e serviços públicos. Mas a esfera federal só seria composta em momentos de crise e teria de ser transparente. Talvez sob a forma de consultores, que poderiam ou não receber salários, e surgiriam quando houvesse conflito entre os municípios. Seria quase como ter o telefone vermelho de volta. Há algum exemplo já existente que se assemelhe a esse governo sob demanda?
O que vemos na União Européia hoje, que é um sistema maduro, é uma fórmula bastante interessante.
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Último elo de fibra ótica será encaixado na África DIVULGAÇÃO
DESERTO DIGITAL - Estrada corta o deserto do Kalahari, em Botswana, um dos países sem cabos
Inclusão digital : XAN RICE THE GUARDIAN Elessão as artériasdo mundo moderno. Estendendo-se por dezenas de milhares de quilômetros sobre o leito oceânico, a vasta teia de cabos intercontinentais submarinos trouxe a possibilidade de acessoàinternetbaratodealta velocidade e de chamadas telefônicas nítidas de longa distânciaparatodasasprincipais partes do mundo. Com exceção de uma. A África Oriental continua a ser a única costa habitada e degrandesproporçõesexcluída da rede global de fibras óticas. Mas isso está prestes a mudar.Emoutubro,asprimeiras seções de um novo cabo submarinodequase15milquilômetros serão carregadas num navio e então estendidas soboOceano Índico.O mundo
inteiro estará, enfim, conectado. Hoje, moradores do oriente africano dependem inteiramentedecarasconexõesvia satélitee pagam algumas das taxas mais pesadas para acessar a internet outelefonar.Asuniversidadeslocais recebem uma cobrança até 50 vezes maior pelo acesso à internetdoqueauniversidadeamericana típica, tornando a pesquisa online lenta ou impossível.
Passado ou presente? Lá só há conexão discada via satélite, muito cara e lenta “Imagine ter todos os estudantesdeOxfordtentandoacessar a internet através de uma única conexão doméstica britânica”, disse Calestous Juma, um professor queniano que chefia o Projeto de Ciência, Tecnologia e Globalização da Universidade Harvard. “É assim que as coisas são para a maioria dos estudan-
tes na África.” O cabo Seacom de 322 milhões de libras, pertencente em sua maior parte a investidores africanos, vai se estender para o norte a partir da África do Sul, passando por Moçambique, Madagáscar, TanzâniaeQuêniaantesdesedividir para chegar à rede internacional na França e na Índia. Comprevisãodeiníciodofuncionamento para junho de 2009, ele será seguido de perto por mais dois cabos da espessura de um dedo, incluindo o ambicioso Sistema de Cabos Submarinos da África Oriental (EASSy), que irá conectar 21 países na metade oriental da África uns aos outros e ao resto do mundo. “Pela primeira vez as pessoas naregiãoterãoumarampadeembarque para a estrada da internet mundial”, diz Alan Mauldin, da TeleGeography, uma firma americana de telecomunicações. “Avelocidadecomqueoconhecimento se move na África atualmenteéde10quilômetrosporhora. Agora, chegarão na velocidade da luz”, afirma Juma. ●