Pedro Nastri *
Primo Carbonari
Faleceu na noite de terça, dia 21/03/2006, aos 86 anos, Primo Carbonari, um dos maiores documentaristas brasileiros. Carbonari realizou a produção de mais de três mil documentários, que eram exibidos nos cinemas, antes das seções. O velório aconteceu no Cemitério do Araçá, mesmo local do enterro. Primo nasceu em São Paulo, em 1º de janeiro de 1920. Começou a carreira profissional como fotógrafo lambe-lambe, no Jardim da Luz, ainda no início dos anos 30. Logo passou a fotografar casamentos, batizados e foi fotógrafo das editorias de polícia e esportes do jornal A Gazeta e dos Diários Associados. Carbonari ingressou no meio cinematográfico na segunda metade dos anos 30. Trabalhou no laboratório da empresa Matarazzo, distribuidora de fitas estrangeiras, e depois no da produtora Companhia Americana de Filmes, cujo diretor técnico Achille Tartari o contratou para ser assistente de Francisco Madrigano. Como cinegrafista, Carbonari trabalhou para o Bandeirantes da Tela, cinejornal da produtora Divulgação Cinematográfica Bandeirante e para o Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP), que também produzia cinejornais. O decreto federal nº 21.240 de 1932 tornou obrigatória a exibição de um curtametragem nacional antes da projeção do longa-metragem estrangeiro, o que beneficiou bastante a indústria do cinejornal . Em 1950, Carbonari fundou a Primo Carbonari Produções Cinematográficas, que se transformaria na Amplavisão. De 1964 até o final da década de 70, dominou o mercado paulista de complementos cinematográficos. Mas dedicouse principalmente aos cinejornais, sendo o produtor mais importante do estado de São Paulo . Nos anos 70, Carbonari participou ativamente da política cinematográfica. Foi presidente do Sindicato da Indústria Cinematográfica, membro da Comissão Estadual de Cinema e defendeu a legislação de obrigatoriedade e controle de exibição de curtas-metragens nos grandes circuitos de exibição. Depois de mais de vinte anos de sucesso, a medida provisória nº 151, assinada em 1990 pelo presidente Fernando Collor de Mello, extinguiu todas as entidades federais envolvidas com o cinema e acarretou uma crise gravíssima
para a atividade cinematográfica brasileira, contexto que levou a Amplavisão a encerrar suas atividades . Primo Cabonari viveu toda sua vida na Barra Funda. Agora, Regina, sua única filha, e o cineasta Eugênio Puppo, lutam pela recuperação de seu valioso acervo, com a colaboração da Cinemateca Brasileira.
* Pedro Nastri / Pedro Oswaldo Nastri – Jornalista e Escritor