A Sina dos monumentos de São Paulo por Pedro Nastri
O Beijo Eterno O Beijo Eterno, ou O Idílio Proibido como queiram alguns, é uma das obras de arte do escultor Willian Zadig, exposta em local público, que mais gerou polêmica e preconceitos, inclusive, mudanças de local. Hoje, a obra está exposta no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito. Em 1920, por iniciativa dos alunos daquela Faculdade, foi encomendada ao escultor, para homenagear Olavo Bilac, a obra de arte, que só foi entregue
em 1922 e instalada, inicialmente, à rua Minas Gerais. A obra recebeu inúmeras críticas dos modernistas, por se tratar de uma grande mistura de personagens encontrados na poesia de Olavo Bilac. Em 1936, foi desmontado e transferido para o depósito da Prefeitura de São Paulo. A escultura é representada por um francês sem vestimentas, abraçando uma índia brasileira. O casal está se beijando apaixonadamente. Já, em 1956, o prefeito Jânio Quadros mandou que se instalasse a obra no Largo do Cambuci. A escultura durou apenas 24 horas no local, pois, os moradores do bairro, diante de tamanha obscenidade, solicitaram que retirasse aquela imoralidade do Largo. O Beijo Eterno voltou ao depósito, onde ficou guardado por 10 anos. Em 1966, a Prefeitura de São Paulo voltou a instalar a obra em via pública, porém, na entrada do túnel Nove de Julho. Ali, pouco permaneceu. Os moradores da tão nobre área escandalizaram-se com aquilo que chamavam de “Pouca Vergonha”. Antes que a sina do depósito fosse novamente cumprida, os estudantes do Largo São Francisco resolveram seqüestrar a obra e levá-la ao jardim em frente à Faculdade de Direito, sendo reinaugurada pelo então prefeito Faria Lima. Enfim, O Beijo Eterno, escultura tão polêmica, está em seu devido lugar. Lugar este, onde a obra deveria ser instalada inicialmente e nunca ser tirada.
O Fauno São Paulo, 1940, o prefeito Prestes Maia adquiriu a escultura O Fauno do escultor Victor Brecheret.
A Cúria mandou instalar no mesmo lugar um Cruzeiro em granito, em homenagem a Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, Arcebispo de São Paulo. Nunca mais foram encontrados velas ou pedidos, no pé do Cruzeiro. Provavelmente, praga do Fauno... Inicialmente instalada em um terreno doado pela Cúria Metropolitana, a obra começou a ser objeto de adoração. Era comum se encontrar junto ao monumento, velas e pedidos. A Igreja Católica entendeu se tratar de um culto ao demônio e recorreu à Prefeitura, solicitando a mudança da escultura para outro local, argumentando que, quando da doação daquele terreno ao poder público, não desejava ter qualquer conotação com as práticas que ali aconteciam. A Prefeitura de São Paulo concordou e deslocou O Fauno para o interior dp Parque Trianon, onde permanece até hoje.