As Porteiras Do Brás

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Pedro Nastri *

As Porteira do Brás

Antigos moradores do bairro ainda se lembram das “Porteiras do Brás”, que ocasionavam graves problemas, com o crescimento da cidade. Em 1937, um jornal escrevia: “Enquanto a picareta, trabalhando incessantemente, vai metamorfoseando, de maneira radical, a fisionomia da cidade, um velho problema há, que continua sem solução: é o das porteiras. E quando se fala em porteiras, vem a baila, como talho de foice, as do Brás. Estas já são tradicionais. Estão estreitamente ligadas ao passado e ao presente da Capital paulista: e tudo indica que assim prosseguirá no futuro, como verdadeiro entrave à vida do populoso bairro e tormento dos que têm necessidade de transitar pela Avenida Rangel Pestana em demanda dos bairros do Belém, Quarta Parada, Penha e muitos outros”. Mais adiante o articulista descreve o drama cotidiano. O título é “Quando tudo atravanca”. Escreve: “Vai passar um comboio. De carga ou de passageiro. Ou simplesmente, uma locomotiva se põe a fazer manobras. Pronto. O funcionário da estrada surge e faz correr as porteiras. O grande movimento de há pouco estaciona imediatamente. Bondes, carroças, ônibus, automóveis, pedestres, carrinhos de mão, tudo! De um e de outro lado se formam extensas fileiras dos mais variados veículos. Nota-se a impaciência em todas as fisionomias, mormente nos que têm pressa em chegar ao serviço dentro do horário, ou urgência em fechar um negócio importante”. “Que fazer, porém? Esperar, apenas até que a composição – e não raras vezes – composições passem. Quando as porteiras se abrem, cada qual tratando de passar primeiro pelo leito da estrada de ferro”. Fim

do

problema

Em 1937 os poderes municipais se dispõem a solucionar o problema pela construção de uma passagem, na própria Avenida Rangel Pestana. A Companhia Construtora Nacional SA, vencedora da concorrência, se propõe a construir um viaduto em forma de “U”. Aguardava a ordem de início das obras, quando a mudança de governo veio tornar nulo o que se havia projetado. Em maio de 1946, o engenheiro César Lacerda, apresentou à Comissão de Obras da Câmara Municipal, cópia do projeto que ele encaminhara em tempo hábil, a Prefeitura, projeto este em que estudava a solução do problema. “Era uma passagem superior lateral, em “V” aberto, com largura de 30 metros, uma extensão de 300 metros aproximadamente e com rampas de 6%”. Era mais um projeto que iria ser arquivado como tantos e tantos outros... Finalmente, o Governador do Estado e o Poder Municipal resolveram solucionar de vez o caso. Abriram uma concorrência pública para a execução das obras de um viaduto que partindo da Rua do Gasômetro subisse em rampa de 7,5% e, após transpor as linhas férreas, descesse para o Largo da Concórdia, com a largura de 15 metros.

Venceu a concorrência a Companhia Construtora Nacional S/A, desta capital, entidade que vinha a muito tempo se dedicando a obras de grande vulto, como: Ponte das Bandeiras, Ponte do Rio Pequeno da Via Anchieta, etc. O seu excelente corpo de engenheiros e de técnicos se colocou em campo e, finalmente exatamente no dia 25 de dezembro, em cerca de 270 dias, pode entregar aos Poderes Públicos, a obra terminada, a obra que veio resolver o eterno problema das Porteiras do Brás.

Pedro Nastri – Jornalista e Escritor

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