Eli ~ Rectângulos Sensíveis

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  • Words: 428
  • Pages: 38
ELI

RECTÂNGULOS SENSÍVEIS

FOTOGRAFIAS

FOTOGRAFIAS DE ELI Legendas de Gundula Steglitz

Resto, rasto sólido de um rumo, caminho que o Tempo, a seu tempo, irá destruir.

Pétalas num labirinto no branco efémero de uma flor.

Reflexos, sombras apressadas de árvores nuas.

Voar sem remorsos de não enfrentar a tempestade.

Pescador. como se pescasse, apenas escutando a voz possante do mar, um fragor amigo, um segredo de espuma e vento.

No Céu um fogo sem cinzas, na Terra a sombra eterna das Catedrais.

Coloriram a névoa e deixaram a cidade adormecida.

Janelas abertas para janelas fechadas, vidas ocultas frente a frente.

Linha d’água, linha do Sol estirado, linha do horizonte, subitamente iluminado.

Abstracção translúcida, o real banal reinventado.

Sobre a cidade a alegria infantil na aparição fugaz de um raio colorido.

Flores anónimas, a beleza tranquila sem valor comercial.

Fogo com a chama que te chama que te inflama o olhar.

Construção de pedra, construção de seiva, enquadradas, serenas, lado a lado.

Rolos vivos de espuma e mar, rolos de luz que se não cansam de chegar.

Pássaro humano indiferente ao Sol, máquina apenas com pressa de chegar.

Chamam-lhe Pôr do Sol, lugar onde a Noite mergulha o Sol na superfície sensível do Mar.

As últimas folhas do Outono, delicadas como asas voláteis de uma borboleta.

Esperando, pacientes, que o mar desfeito, lhes conceda um dos seus frutos.

Procura, sobre o caminho onde passaste, as fartas migalhas do teu nada.

Névoa pura, iluminada, despedindo o Sol.

Pássaro, como gente, escondido de si mesmo, vestido de um ramo nu.

No interior, aveludado, de uma flor o brilho do teu Sol, uma gota de orvalho de uma manhã, só tua!

Colunas, ruínas, sombras, espectros de Deuses, que nos vão morrendo.

Lugar de espuma onde o mar se desfaz e tinge de vento o rigor do olhar.

Como nave branca carregando o orvalho da manhã através do Tempo.

Nuvens negras, anúncio metereológico, sopro mensageiro da tempestade.

Ervas sem ter nome como sombras levantadas do chão.

Chuva por detrás da vidraça, luz húmida, tímida baça.

Imagem, de outra imagem que se não vê, sombras antigas de outro Tempo, do teu tempo por ti guardado na tua memória.

O sorriso discreto de rochas nuas, fragas doces a olhar o rio.

Como se da Noite, do fundo de uma flor, nascesse a luz.

E a Luz, adormecida, também te amanhece.

Névoa, véu que restou das sombras absolutas da Noite.

Qual leito de Ofélia, de águas serenas, berço de flores derramadas.

Com o perfume melancólico de uma despedida, mas com a certeza tranquila de um regressar.

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