Peter Hall
CIDADES DO AMANHÃ
A CIDADE DOS MONUMENTOS O Movimento City Beautiful: Chicago, Nova Delhi, Berlim, Moscou (1900-1945)
A CIDADE DOS MONUMENTOS O Movimento City Beautiful: Chicago, Nova Delhi, Berlim, Moscou (1900-1945)
BURNHAM E O MOVIMENTO CITY BEAUTIFUL NA AMÉRICA
City Beautiful O movimento originou-se nos bulevares e passeios públicos das grandes capitais européias.
O CITY BEAUTIFUL SOB O RAJ BRITÂNICO
CAMBERRA: O EXCEPCIONAL EM CITY BEAUTIFUL
O CITY BEAUTIFUL E OS GRANDES DITADORES
Modelos clássicos: Paris (Haussman) e Viena Ringstrasse.
Burnham e o Movimento City Beautiful na América: Destacam-se como obras importantes que impulsionaram a sua carreira sua posição de chefe de obras da Exposição Mundial Colombiana (1893) e o projeto da White City, às margens do Lago Michigan. Para muitos dos que compunham a burguesia de mentalidade citadina, obrigados a enfrentar uma crescente heterogeneidade étnica e cultural e a ameaçadora escala da desordem, o problema parecia resumir-se na preservação da textura social urbana. Henry Morgenthau (banqueiro e grande proprietário, 1909): o objetivo primordial do planejador era eliminar os focos geradores de doenças, depravação moral, descontentamento.
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O CITY BEAUTIFUL E OS GRANDES DITADORES
O plano de Chicago de 1909 foi a mais importante obra de Burnham, depois de ter deixado um projeto de um passeio público inacabado em Washington, que acabou se desfigurando após ser tomado pelo comércio e ser cortado por uma ferrovia, tornando-se para muitos o símbolo de tudo que havia de errado nas cidades norte-americanas. Ao formar uma comissão com Fredrick Law Olmsted Junior e o arquiteto Charles McKim e, mais tarde, também o escultor Augustus St. Gardens, Burnham insistiu para que fossem à Europa estudar o que lá havia de mais requintado em modelos urbanos (mesmo sendo estes criados exatamente pelas tiranias que os americanos se opuseram). Burnham tenta então dotar as grandes cidades industriais e portuárias dos Estados Unidos da ordem cívica que careciam. Cleveland (1902) Burnham foi escolhido como chefe de uma comissão para avaliar a cidade.
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O projeto Burnham
O Plano de Chicago de 1909
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Proposta: Construção de um novo centro cívico, em que prédio municipais seriam agrupados num conjunto de parques públicos interligados, ao longo do passeio da orla e sobre a ampla alameda traçada em ângulo reto com ele, o que formaria um espaço aberto diante das novas instalações da principal estação ferroviária da cidade. Demolição de mais de 100 acres de densos e miseráveis cortiços, inclusive da zona de bordéis da cidade. A proposta foi muito bem recebida pelos dirigentes locais, entretanto, ao que parece, ninguém se importou com o destino dos moradores dos cortiços. Chicago foi o projeto Burnham em seu realização definitiva. Tinha como conceito: “devolver à cidade sua perdida harmonia visual e estética, criando, assim o pré-requisito físico para o surgimento de uma ordem social harmoniosa”. A solução para uma cidade caótica, nascida de um crescimento rápido e de uma mistura demasiado rica de nacionalidades seria: abertura de novos logradouros, remoção dos cortiços e ampliação dos parques.
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Comparava-se às soluções européias: “A tarefa realizada por Haussman em Paris corresponde ao trabalho que precisa ser feito em Chicago”. Assim, para agradar os investidores, passou a usar o argumento de que a City Beautiful de Napoleão demonstrara ser um bom investimento. “As Transformações por ele efetuadas tornaram aquela cidade famosa e, como resultado, a maioria dos ociosos detentores das grandes fortunas do mundo têm por hábito passarem ali longas temporadas, e eu pessoalmente fui informado de que os parisienses lucram por ano com os visitantes mais do que o Imperador gastou com as mudanças.” O projeto consistia num conjunto de parques e grandes avenidas que transcendiam a grade de ruas no padrão remanescente da tradição francesa barroca, principalmente pela Paris do século IXX. A integração física de sistemas de transporte e recreação era o elo de organização dos prédios, ruas e parques.¹
¹ Encyclopedia Chicago History. Disponível em: http://www.encyclopedia.chicagohistory.org
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Burnham fazia-se de poeta ao falar da cidade de Chicago. Era um texto publicitário. Burnham dizia que seu projeto não era para os ricos “que estes podem cuidar de si mesmos”, mas sim para a grande massa que depende da circulação em seu meio de grandes somas de dinheiro vivo, conseguido, assim com a presença de pessoas abastadas. Peter Hall coloca a partir dessa declaração que seria o City Beautiful uma urbanização movida a esbanjamento. Lewis Mumford rotulava o plano de Burnham de cosmético municipal.
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Burnham era atacado por ter ignorado itens como habitação, escola e saneamento básico. A beleza claramente ocupou para Burnham a posição suprema, a conveniência comercial teve importância significativa, mas a saúde quase não se fez presente. Na Primeira Conferência Nacional sobre Planejamento Urbano e Superpopulação, chegaram a conclusão que esta utopia exigiria mais do que estavam dispostos a pagar. À City Beautiful sucedeu-se rapidamente a cidade funcional.
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O City Beautiful sob o Raj Britânico Busca da consolidação dos poderes amiúde recentes e precários em território conquistado. Ansiedade pela construção de símbolos visíveis de autoridade e domínio. Interesse em alojar seus funcionários dentro do estilo de via a que estavam habituados. 1911 → mudança da capital da Índia Britânica de Calcutá para Delhi • Local de posição central
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• Local de fácil acesso • Local de clima salubre • Tinha significativa importância política como capital histórica
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Delhi • Tornou-se objeto de grande exercício monumental. • Povo desprovido do gosto pela monumentalidade. • Levou 20 anos para ser construída. • Era formada por duas cidades:
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- “Cidade nativa” - “Linhas civis” Herbert Baker → suas idéias sobre arquitetura eram “nacionalistas e imperialistas, simbólicas e rituais”. Rapidez do surgimento das decisões essenciais em 1913 → dois meses → fevereiro e março. Partindo da acrópole no alto de Raisina, o eixo principal toma rumo em direção ao leste simbolizando “a pedra angular do estatuto regulamentador do Império da Índia”.
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City Beautiful clássico cortado por uma radial transversal que ligaria a nova Catedral anglicana, ao sul, com a estação ferroviária, ao norte. Projeto de geometria formal.
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Edifícios assumem dimensão de ruas. Os grandes são realmente imensos.
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O Departamento de Obras Públicas clamava por um estilo indiano de arquitetura → necessidade de um tema indiano forte. Lutyens → geômetra abstrato
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Baker → “sentimento nacional e humano”. Dentro dos reticulados hexagonais, as casas foram distribuídas segundo uma forma desconcertantemente complicada de raça, nível profissional e status socioeconômico.
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Como acontece nas cidades pós-coloniais, tudo continua da mesma maneira até os dias de hoje: • Estilos arquitetônicos e padrões habitacionais ainda coloniais;
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• Leis municipais obsoletas; e • Favorecimento do grupo social de mais alta renda.
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Sul e leste da África → chegada dos ingleses produziu uma série de minicapitais a toque de caixa: • Cidades completamente brancas
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• Área separada para bazar indiano, situada a distância respeitosa. Preocupação básica com a higiene → doenças tropicais → transferência para as colinas. Via de regra: europeus com as melhores e mais altas áreas → indianos com as áreas de qualidade imediatamente inferior → nada restou para os africanos Existência de divisão racial → segregação do “por baixo dos panos”
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Lusaka → mesma divisão entre bairros europeus e primitivas áreas africanas.
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Projetos dos construtores para as capitais africanas jamais tiveram como meta complexidades geométricas.
Em comum tinham o uso do solo e a estrutura colonial, circundados por áreas residenciais de baixíssima densidade.
Implantação de leis de passe. CAMBERRA: O EXCEPCIONAL EM CITY BEAUTIFUL
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Programas determinados por uma elite africana que se mudou para casas abandonadas pelos colonizadores → melhora da qualidade da construção → novo direito do povo de construir suas próprias moradias. Desova de inúmeros assentamentos informais.
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Centro cívico de Chicago
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Camberra: O Excepcional em City Beautiful Termo City Beautiful termina desfigurado
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1911 → instituição de concurso internacional para planejamento da cidade. Crescimento tipicamente australiano dos subúrbios. Meados de 1980 → projeto próximo da conclusão.
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Cidade considerada como “anfiteatro irregular” Construção recente dos anos 70 e 80 em estilo “internacional-modernorespeitoso”.
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Falta de excessos monumentais. Excesso de grandiosidade → nobre, elegante, repousante. Projetos de subúrbios residenciais. Diagrama original → unidades como hexágonos. Vizinhança dos anos 80 concretizadas. Consideravam o gênero City Beautiful como “agradável”.
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O City Beautiful e os Grandes Ditadores O retorno do City Beautiful à Europa não foi um dos mais felizes. Ocorreu na era dos Grandes Ditadores, (...)
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Era a Roma de Mussolini que puxava bis. A ideologia fascista tinha, em relação à cidade, muitos pontos em comum com o nazismo: a seu ver, só a vida familiar rural era verdadeiramente saudável; a metrópole era a origem da maioria das coisas ruins, inclusive agitação operária e socialismo Aprovação das Leis – em 1928 e 1939 – para controlar a migração. (...) Levavam-se igualmente a efeito, acompanhados por forte onda publicitária, esquemas de recuperação de terras no campo, como implantados nos Charcos Pontinos, sul de Roma, onde se construíram cinco cidades inteiramente novas. Dentro da Metrópole a urbanização exercia uma função deliberadamente monumental: redescobrir as glórias de Roma, removendo ao máximo os rastros nela deixado pelos dois milênios subseqüentes.
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Na verdade, o novo projeto promulgado – em 1931 – traz no bojo uma contradição: o alargamento das ruas, a localização do centro na Piazza Venezia como praça cerimonial poderiam, mais do que revelar a Roma Imperial, tê-la encoberto ou destruído. (...) Quando , finalmente, as linhas devastadoras do Plano Diretor foram traduzidas em projetos detalhados, os amplos bulevares e as praças panorâmicas transformaram-se misteriosamente em lotes de edifícios; o caos obsoleto, a transigência e a corrupção salvaram Roma das depredações do mestre-construtor O pensamento nazista sobre a cidade abrigava contradição idêntica. A ala teórica do partido dos anos 20 era fortemente anti-urbana. (...) Seu jornal o Völkische Beobachter (Guardião da Raça), descrevia a metrópole como o cantinho onde se mesclavam todos os males (...) a prostituição, os bares, as doenças, o cinema, o marxismo, os judeus, as strip-teasers, as danças afro e toda a nojenta progênie da chamada “arte moderna”. Pouco depois de os nazistas terem tomado o poder, seus projetos – inspirados nas idéias de Weimar – priorizavam as Kleinsiedlungen (pequenas colônias) junto às grandes cidades, a exemplo de Marienfelde, Falkensee e Falkenberg, situadas nos arrabaldes de Berlim; (...).
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O posicionamento nazista definitivo com relação a política urbana, exposto por Gottfried Feder em Die nue Stadt (A Nova Cidade), de 1939, guarda estranhos ecos do Gartenstadtbewegung (movimento Cidade-jardim) ao enfatizar a urbanização de vilarejos rurais auto-suficientes, com populações de aproximadamente 20.000 habitantes, (...) ou seja: um retorno ao campo e sem meias medidas. Isso tudo parece estar a centenas de milhas, tanto liberal quanto figurativamente, dos planos que Hitler e seu Generalbauinspektor (inspetor geral de obras públicas), Albert Speer (1905-1981), estavam incubando para a reconstrução de Berlim. Conformes com essa nova lógica, os projetos teriam envolvido a destruição sem paralelo dos velhos centros urbanos medievais para darem lugar a eixos cerimoniais, áreas e recintos para assembléias, vastos arranha-céus e esparramados complexos administrativos, fazendo a conta passar dos 100 bilhões de marcos. Daí a ironia: os nazistas, que haviam abraçado o culto da virtude rural e das cidadezinhas medievais, e exorcizavam a cidade-gigante, acabaram tentando produzir uma cidade de ostentação e espetáculo, totalmente mecanizada, totalmente anti-hurbana.
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Hitler não conseguia ingressar na Academia de Viena para estudar arte, e tinha a mania de repetir sem cessar para Speer: “Como eu gostaria de ter sido arquiteto!” (...) conhecia as medidas exatas dos Champs Elysées, e estava obcecadamente determinado a dar a Berlim um eixo leste-oeste de tamanho duas vezes e meia maior; (...) Mostrou a Speer dois esboços seus dos anos 20, onde já estavam presentes seus sonhos de um edifício com cúpula de 650 pés e de um arco de 330:(...)“Por que sempre o maior?” perguntava, retoricamente, a uma assistência composta de trabalhadores da construção, em 1939: “Faço isso para restituir a cada alemão, como indivíduo, o seu auto-respeito”. Aborrecia-se com os projetos que estendiam o princípio City Beautiful para a periferia da cidade e até mesmo além; Speer, que admirava Washington e a Exposição Colombiana de Burnham, evidentemente levava a sério a exortação de Burnham no sentido de não planejar pequeno.
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Em seus princípios básicos o projeto de Speer patenteava qualidades bastante convencionais: uso incompatíveis do solo foram segregados, exclui-se o tráfego direto das áreas residenciais, havia ar, luz e espaço à vontade; na verdade, pouco ou nada dele mereceria objeções por parte de qualquer dos membros do CIAM. A obsessão saiu caro. (...) Como o rearmamento, veio a protelação. (...) A Berlim nazista teria sido a supina manifestação do City Beautiful. (...) O estranho é que uma capital imensamente mais pobre, sob um ditador igualmente megalomaníaco, Iossef Stalin, tivesse conseguido realizar em pouco tempo o que Hitler não fizera mais do que sonhar.
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Plano de Berlim, Albert Speer. Gravação de Alexander Friedrich, 1941, Landesarchiv Berlin.
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A primeira década do planejamento soviético, por si só, merece um livro. Os urbanistas queriam pôr todos morando em arranha-céus, tendo Le Corbusier como seu deus e aliado; (...) Os desurbanistas preferiam a dispersão total, propondo a instalação de moradias móveis pelo campo afora e, eventualmente, a demolição de Moscou; suas afinidades espirituais tendiam para Frank Lloyd Wright, (...) Os dois grupos consultaram peritos estrangeiros: May, como era de se prever, sugeriu cidades-satélites; Le Corbusier, uma nova Moscou reconstruída de alto e abaixo em outro local. Exposto em Julho de 1935, o plano exigia que se impusesse um limite ao futuro crescimento da cidade, aliado à sua modernização forçada. A cidade devia ser urbanizada como unidade integral isolada; a reconstrução devia basear-se na “unidade e harmonia de composições arquitetônicas”; o City Beautiful chegara a Moscou.
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E Stalin sabia do que gostava. “Daí em diante, arquitetura teria que ser expressiva, representacional, retórica. Cada edifício, por mais modesta que fosse sua função, devia, doravante ser um monumento”. Ele em pessoa aprovou os projetos para os edifícios mais importantes; quando lhe ofereciam duas versões, escolhia ambas, e atemorizados, os arquitetos obedeciam, produzindo uma estrutura cujo lado esquerdo não combinava com o direito. A Moscou dos anos 30 foi, portanto, uma espécie de aldeia Potemkin. Exatamente como na Washington e na Chicago de Burnham, ou mesmo na Paris de Haussmann, as novas fachadas ao longo das gigantescas auto-estradas ocultavam atrás de si a massa dos antigos cortiços. (...) o fenômeno do City Beautiful se manifestou por todo um período de quarenta anos, dentro de uma grande variedade de diferenças circunstanciais econômicas, sociais, políticas e culturais: como serviçal do capitalismo financeiro, como agente do imperialismo, como instrumento de totalitarismo pessoal, tanto de direita quanto de esquerda, até onde possam esses rótulos ter algum significado.
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(...) era a total concentração no monumental e no superficial, na arquitetura como símbolo de poder e, por conseguinte, uma quase absoluta falta de interesse pelos objetivos sociais mais amplos do planejamento urbano. É planejamento de ostentação, arquitetura como teatro, projeto para causar impacto.
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Fonte das Ilustrações Plano de Chicago de 1909 e Projeto de Burnham (slide 4). Encyclopedia Chicago History. Disponível em: http://www.encyclopedia.chicagohistory.org
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Centro Cívico de Chicago (slide 13). Encyclopedia Chicago History. Disponível em: http://www.encyclopedia.chicagohistory.org
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Plano de Berlim, Albert Speer (slide 20). Vitruvius Portal de Arquitetura. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/.../arq000/esp115.asp
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO Disciplina: Teoria e História da Formação da Cidade Profª: Vera Lúcia Ferreira Motta Rezende Alunas: Ana Paula Gomes Adriana Amorim Mariana Menezes