Outra Resposta Necessária

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Artigo 721 – OUTRA RESPOSTA NECESSÁRIA Redigido em 17 de setembro de 2008, dia de São Roberto Berlamino. Por Dartagnan da Silva Zanela "Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta." (John K. Galbraith) "É necessário que os princípios de uma política sejam justos e verdadeiros." (Demóstenes)

- - - - - - - - - Como é que pode apenas a menção feita, por uma indigna pessoa como eu, sobre a validade do voto nulo deixou tantas pessoas ouriçadas. Bem, isso faz parte da ambiente democrático e são justamente essas divergências que dão o tom desta criação grega. Mais uma vez, lá estava o meu perfil no Orkut recebendo comentários sobre o meu artigo PENSO, LOGO ANULO. Todavia, desta vez não era uma pessoa magoada e manhosa que estava tecendo os seus queixumes quanto as minhas convicções políticas, não mesmo. A pessoa levantou um questionamento bastante interessante, o que literalmente demonstra que a pessoa que escreveu o comentário meditou e refletiu sobre minhas parvas palavras e isso, meus caros, muito me alegra, pois, neste caso, sinto que atingi o meu magno intento, que é o de convidar as pessoas a pensarem com a devida seriedade e _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e-mail: [email protected]

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serenidade

sobre

um

momento

como

este

e

não

apenas

se

empastelar em panelinhas de petralhas que torcem por “A”, “B”, “C” ou por nenhum deles. Este novo comentador questionava-me sobre o fato que nós deveríamos dar um voto de confiança, sim, para os políticos,

pois,

confiança

para

via

de

nós,

regra,

os

professores,

pais no

dão

um

momento

voto que

de

eles

matriculam seus mancebos em uma Instituição de Ensino. Muito bem, ótima colocação. Mas, vamos analisar um pouco esta observação. Se os pais dos jovens e crianças confiam em nós, professor, da mesma forma que eles confiam nos

representantes

públicos,

muito

se

explica

porque

o

sistema educacional brasileiro está do jeito que está, não é mesmo? Aliás, o maior fruto de nosso sistema educacional que muitos pais

confiam

internacionais,

cegamente

sempre

ficam

são nos

alunos últimos

que,

nos

lugares

testes (WEBER;

2007). De mais a mais, se os pais colocam os seus filhos nas escolas da mesma forma que eles elegem um candidato, não teremos como discordar do filósofo Olavo de Carvalho quando ele afirma que a diferença do sistema educacional brasileiro e

do

crime

organizado

seria

que

o

crime

é

organizado

(CARVALHO; 2007).

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Ainda sobre este ponto, o economista Claudio de Moura Castro (2001), fala-nos que “O programa mostra que a escola brasileira não está ensinando seus alunos a ler um texto escrito e a retirar dele as conclusões e reflexões logicamente permitidas. ‘Das mil coisas e conteúdos que a escola faz ou tenta fazer, o Pisa está nos mostrando que ela se esquece da mais essencial: dar ao aluno o domínio da linguagem’." Bem, um pai que confia, cegamente, a formação de seus filhos para um sistema educacional como o brasileiro, deve se questionar o mais rápido possível sobre a confiança que ele deposita nesta instituição decrépita que é o ensino obrigatório em Instituições de Ensino (ILLICH; 1977). Aliás, nós, professores, se realmente amamos nosso ofício, devemos, urgentemente,

também

refletir

sobre

este

ponto

e,

fundamentalmente, agir para modificar este cenário. Doravante, se fôssemos calcular a porcentagem de pais que acompanham a vida escolar de seus filhos o número seria assustador, visto que, estes, ao “confiarem” a educação de seus filhos para uma Escola, não o fazem como faria um bom cidadão, fiscalizando tanto o andamento do seu filho como o funcionamento da Escola onde o pequeno fora matriculado, mas sim, age como a maioria dos cidadãos brasileiros de meiapataca: largando (não confiando) seus filhos nas mãos dos _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e-mail: [email protected]

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educadores

e

apenas

vão

se

preocupar

como

eles

se,

porventura, ele vier a reprovar de ano ou não. Ora, não é assim que acontece? E

mais!

As

Instituições

de

Ensino

não

são

entidades etéreas que existem acima da sociedade. Estas, via de

regra,

sociedade

refletem

e

(BOURDIEU;

reproduzem

1998)

e,

os

para

valores

piorar

o

da angu,

própria servem

muitas vezes (no Brasil, constantemente) como um mecanismo de controle do Estado e não como um ambiente para fomentar o crescimento individual do aluno (ALTHUSSER; 1974). No

caso

de

nosso

país,

também

não

podemos

esquecer que as escolas, tal qual a sociedade em que ela está inserida, impera a troca de favores, o apatrinhamento (velado ou não), os redutos eleitorais (ou currais eleitoreiros, se preferirem), o mandonismo e tutti quanti. Estes, que se fazem presentes e muitíssimo vivos na cultura política de nosso país

também

estão

Instituições

de

dentro Ensino

da

maioria

brasileiras

avassaladora (ALMEIDA;

das

1996).

Infelizmente, não temos como negar este fato (bem que eu gostaria de ser desmentido). Por havíamos

dito

essas no

e

artigo

outras citado

que no

reiteramos início

o

desta

que



missiva

(2008a) e no artigo UMA RESPOSTA NECESSÁRIA (2008b). A parte de menor relevância na vida política de uma cidade é o ato de _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e-mail: [email protected]

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votar. O que é mais importante na vida cívica é o que você faz no dia a dia em sua CIVITAS. Claro que não se deve dar tanta importância para as palavras escritas por um professor caipira como eu. Por isso, vejamos como os gregos, nos áureos tempos de Péricles (pai da democracia), faziam. Nestes idos, em muitas ocasiões não

havia

votação

para

ocuparem-se

determinados

cargos

públicos. Fazia-se apenas um sorteio entre os cidadãos, pois, para

serem

cidadãos,

os

indivíduos

deveriam

ser

pessoas

dignas e que tivessem servido ao bem da POLIS (WELLS, 1970). Ou seja, no nascedouro da democracia, o votar não era o centro da vida cívica. O ponto central era a sua dedicação na preservação

dos

valores

da

comunidade

(HELD;

2001).

Cada

cidadão não via o governo como algo externo e distante, mas sim,

se

consideravam

como

parte

integrante

e

atuante

da

máquina governamental (ROSTOVTZEFF; 1977). Ora, se formos tecer uma análise, por mais breve que seja, a respeito de nossa sociedade e de sua cultura política, tomando como modelo comparativo a cultura política da Grécia Clássica, inevitavelmente chegaremos a conclusão que nos é apresentada pelo Estagirita (ARISTÓTELES; [s/d]). Este nos diz que quanto um governante (Rei, Aristocratas ou Povo) governam para o bem, nós temos um governo virtuoso (Monarquia,

Aristocracia

e

Democracia,

respectivamente).

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Todavia, quando os governantes governam para o seu próprio bem, nós temos o governo dos medíocres tomados e cegos pelos vícios.

Ou

seja:

uma

Tirania,

uma

Oligarquia

ou

uma

Oclocracia. Nossa

cultura

política,

como

ela

é

vivida

em

nosso dia a dia e que é reproduzida em nossas Instituições de Ensino se enquadraria em qual dos “tipos” apresentados pelo filósofo grego Aristóteles? Seja sensato. Muito bem. No que tange o sistema educacional, as considerações

tecidas

necessariamente

no

cabíveis,

parágrafo

acima

principalmente

em

também uma

são

sociedade

como a nossa onde as Potestades Estatais controlam direta e indiretamente todo o sistema educacional e ameaçam prender todo pai e toda mãe que ouse educar os seus filhos em casa contrariam os ditames dos iluminados do MEC (HOFFMAN; 2008). E mais! Junte a isso uma sociedade tomada pelo parasitismo clientelista e pelo descaso em relação a vida cívica

e

você

terá

uma

clara

visão

deste

acampamento

de

refugiados chamado Brasil. Se você quer se entregar a esse angu (depre)cívico, tudo bem, eu respeito. Mas, não me peça para participar disso como se fosse algo digno, elevado e bom, pois, a duras penas, venho me esforçando para deixar de ser tal qual a sociedade brasileira descrita por Machado de Assis: uma sociedade cínica e dissimulada. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e-mail: [email protected]

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E confesso: nadar contra toda esta maré, não é fácil. Mas creio, piamente, que vale a pena, pois a reforma do sistema educacional não começa pelas instituições ou pela troca

de

governantes,

mas

sim,

pela

reforma

de

nossas

atitudes e, conseqüentemente, de nós mesmos. Eis aí, o grande desafio

político

e

educacional

de

nossa

nação

que

nós

preferimos nos esquivar através do fascínio ululante que um ano eleitoral causa em nossas almas.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Ana Maria Fonseca de. O jogo com a regra – Clientelismo na administração da educação pública. In: Revista Educação & Sociedade – UNICAMP (pág. 52 – 89), n. 54 – 1996. Alunos brasileiros ficam em último lugar em ranking de educação. In: Folha de São Paulo, 04 de dezembro de 2001. Disponível na internet: http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u7328 ARISTÓTELES. A Política. Tradução de Nestor Silveira Chaves. São Paulo: Editora Atenas, 6ª edição, [s/d]. ALTHUSSER, Louis. Ideología y aparatos ideológicos de Estado. Traducido por Alberto J. Pla. Buenos Aires/Argentina: Ediciones Nueva Visión, 1974. BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. CARVALHO, Olavo de. De Platão a Mangabeira. In: Jornal do Brasil, 04 de outubro de 2007. Disponível na internet: http://www.olavodecarvalho.org/semana/071004jb.html HELD, David. Modelos Editorial, 2001.

de

democracia.

Madrid/Espanha:

Alianza

HOFFMAN, Matthew Cullinan. Adolescentes que estudam em casa alcançam vitória surpresa em confronto com o governo. IN: Escola _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ e-mail: [email protected]

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em Casa, 04 de setembro de 2008. http://escolaemcasa.blogspot.com.

Disponível

na

internet:

ILLICH, Ivan Illich. Sociedade sem Escolas. Petrópolis: Editora Vozes, 1997. ROSTOVTZEFF, Michael. História da Grécia. Jorge. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977.

Tradução

de

Edmond

WEBER, Demétrio. Entre os piores também em matemática e leitura. In: O Globo, 05 de dezembro de 2007. Disponível na Internet: http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=398093 WELLS, Herbert George. História Universal – Vol. 03. Tradução de Anísio Teixeira. São Paulo: Editora Companhia Nacional, 1970. ZANELA, Dartagnan da Silva. PENSO, LOGO ANULO. In: FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET, 31 de agosto de 2008a. Disponível na internet: http://dartagnanzanela.k6.com.br. __________. UMA RESPOSTA NECESSÁRIA. In: FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET, 04 de setembro de 2008b. Disponível na internet: http://dartagnanzanela.k6.com.br.

Site: http://dartagnanzanela.k6.com.br

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