Reflexões Empoeiradas Sobre A Miséria Humana

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FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Escrevinhação n.º 746

REFLEXÕES EMPOEIRADAS SOBRE A MISÉRIA HUMANA Redigido em 24 de fevereiro de 2009, sétima semana do Tempo Comum, dia de Santo Sérgio e de Tomás Maria Fusco, Bemaventurado. Por Dartagnan da Silva Zanela - - - - - + - - - - O tempo da Quaresma é uma época singular na vida de todo Cristão. Este é o estrato temporal em que devemos dar primazia à reflexão sobre as nossas misérias existenciais e o quão grande é o remédio para elas, remédio este

que

se

obtém

através

de

nossa

sincera

e

devota

conversão interior. “Vaidade estas

palavras

do

das

vaidades,

Livro

do

tudo

é

Eclesiastes

vaidade!” (I;

2)

Com nos

defrontamos com a Verdade sobre a nossa existência neste Vale de Lágrimas tocado todas os dias pelo raiar do Astro Rei.

Orgulhosos,

muitas

das

vezes

cremos

que

todos

os

nossos esforços, até mesmo os mais pífios são gloriosos em si, que estamos dando a nossa contribuição para alavancar o progresso da sociedade ou mesmo para libertar a todos do domínio das Potestades das Trevas. Vanglória! Nada mais nada menos que isso. Uma reles e vazia vanglória. Esse pequeno traço apontado nas linhas acima praticamente é uma marca constante na humanidade que vive nos idos paridos pela modernidade. Acreditamos que somos os

FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - senhores de nossas forças, cremos que podemos edificar e derrubar tudo que há em nossa volta em nome daquilo que julgamos ser mais digno e mais perfeito. Todavia, este insignificante escrinhador fica a se perguntar como pode uma criatura indigna, corrompida pelo pecado e, por isso mesmo, imperfeita, pode saber o que é algo mais perfeito do que outro? Que modelo de referência tomamos

para

fazer

essa

comparação

e

chegar

a

esta

conclusão? É claro! Como pude ser tão tolo! É mais do que óbvio que o que há de mais perfeito sobre a face da Terra é o modelo de mundo idealizado por nós que, no entendimento do

homem

moderno,

é

mais

digno

e

perfeito

do

que

os

desígnios de Deus. E, via de regra, esse é o mesmo tipo humano

que

despreza

com

patéticos

ares

de

suposta

superioridade Olímpica. Na desprezada

modernidade

pelas

pessoas

a

Providencia

quanto

o

Divina

acumulo

de

é

tão

erros

e

atrocidades que são cometidos em nome de nossas vaidades e de nosso orgulho. O homem moderno faz questão de esquecerse de que ele não passa de pó diante da Majestade Divina, que não

passamos

de

um

algo

insignificante

em

meio

da

infinitude da criação. Insignificância que apenas tem algum significado diante da Misericórdia Divina que é derramada sobre nós das mais variadas e incompreensíveis formas.

FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Mas, segundo os desígnios modernos, é claro que é

muito

mais

prático,

para

não

usarmos

outros

termos,

reduzimos o significado da existência humana a apenas uma esfera contingente e material, reduzimos a dignidade da pessoa

humana

a

mera

satisfação

de

suas

necessidades

físicas e desejos carnais. Bem, é isso que vem a significar a

palavra

felicidade

na

sociedade

hodierna.

Ser

feliz

nestes tempos resumiu-se a um estado de mera satisfação de nossas necessidades básicas, satisfação de alguns desejos mundanos

(sexuais,

ou

de

consumo,

ou

qualquer

coisa

superficial) e, como se diz, sentir-se bem consigo e com os outros. Tal formula de felicidade se resume no cacoete mental

repetido

chique

e

“qualidade

como

pelas de

uma

espécie

Potestades

vida”,

seja

de

Estatais lá

o

que

mantra

pela

que

a

eles

é

mídia

tal

entendam

da por

qualidade, seja o que for o que eles entendam por vida humana. O

engraçado

nisso

tudo

é

que

quanto

mais

“qualidade de vida” as pessoas têm, mais elas temem a morte e

mais

lutam

para

dissimular

as

marcas

do

tempo,

o

inevitável envelhecimento, não é mesmo? Bolotas! Que raio de felicidade é esta que leva a pessoa ter medo de viver a vida em toda a sua plenitude? É um conceito de felicidade que leva a pessoa a pensar que a vida humana realiza-se

FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - plenamente neste plano, que o melhor do ser humano é vivido neste plano, que a perfeição humana se desenha maximamente nesta vida. Isso, amigos, é a tola “felicidade” do homem moderno que trás mais insatisfação consigo do que qualquer outra coisa. Como nos lembra Santo Antônio de Pádua em um de seus magistrais Sermões, não temamos, pois tudo não acaba aqui. A vida, tal qual se apresenta para as meninas de nossos

olhos,

é

apenas

uma

boa

oportunidade

para

nos

tornarmos melhor e assim, quem sabe sermos agraciados pela misericórdia da Divina Providência. Tudo a nossa volta, que encanta as janelas de nossa alma, é apenas um momento, um pequeno momento diante da Eternidade. E nós, homens modernos, o que fazemos com nossas

empoeiradas

idéias

de

felicidade?

Trocamos

a

eternidade por esse breve momento. Ao invés de aproveitamos essa oportunidade para lapidar nossa alma, nós a turvamos na cupidez de nossas paixões seculares. Em fim, vivemos a vida como se tudo acabasse aqui. Por essa razão, lembremos aqui, neste ínterim, as sapienciais palavras do Doutro Angélico, Santo Tomás de Aquino em um de seus luminosos Sermões, onde nos ensina que: “A alma racional é, por essência, imortal. Por onde, a morte não é natural ao homem quanto à sua alma. Quanto ao corpo do homem, uma vez que é composto de elementos

FALSUM COMMITTIT, QUI VERUM TACET - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - opostos, dele se segue necessariamente a corruptibilidade. [...] E assim, a morte é natural pela condição da matéria; e

é

penal

pela

perda

do

benefício

divino,

que

dela

preservava”. Sei que sou indigno de redigir essas palavras e de

proferir

essa

mísera

admoestação.

Mas,

Nosso

Senhor

Jesus Cristo nos diz (Matheus XVI; 19) que: "[...] tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus". Ora, o que nós pretendemos ligar e desligar? Esta

pergunta,

obviamente,

não

serei

eu

que

terei de responder. Porém, antes de respondê-la, lembre-se do pouco que somos e compare com o quanto imaginamos ser na ordem do dia e da vida para assim termos a real dimensão de nossa miséria

e

da

amplitude

de

nossa

vaidade

que

nos

impedem de sabermos o que significa Felicidade para seres que, como nós, vieram do pó e, inevitavelmente, retornarão ao pó. Feito

isso,

lembre-se

Daquele

que

É

e,

ao

contrário do que nos ensina a modernidade, peça que se faça em você

a

vontade

Dele,

não

mais

os

nossos

poeirentos

desejos.

Pax et Bonum http://professordartagnan.tk

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