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Escrevinhação n.º 753
OURO DE TOLO DOUTO Redigido em 14 de abril de 2009, Oitava de Páscoa dia de Santa Liduína e São Benezet, o pequeno Bento. Por Dartagnan da Silva Zanela "Não há nada mais terrível do que uma ignorância ativa". (Johann Goethe)
- - - - - + - - - - Em várias ocasiões o filósofo Olavo de Carvalho nos chamou a atenção, através de seus escritos e aulas, para o amor que as pessoas nutrem por determinadas palavras ou por certas frases que são enunciadas e repetidas até a exaustão pelos indivíduos. Tal afeto não advém do fato de que essas palavras traduzem de modo claro a realidade que se apresenta para as meninas dos olhos das pessoas, mas sim, porque simplesmente elas estão a enunciar essa ou aquela palavra faz com que se sintam como seres superiores aos demais, atribuindo-se a idéia de que elas são mais justas, mais boazinhas, mais politicamente-corretas que as demais. É incrível! Para você convencer uma multidão apatetada basta que você faça um colóquio flácido todo enfeitado com algumas palavras que a multidão reconheça um determinado
valor
para
que
todos
se
sintam
como
se
estivessem imbuídos de uma espécie de missão civilizacional
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onde o futuro da humanidade dependa da adesão integral deles a esse conjunto vazio enfeitado com essa ou aquela palavra sem valor, mas que os faz se sentir como sendo uma espécie de “super homem” no parvo sentido nietzscheano que é atribuído ao termo. Querem pensamento Essas,
meus
um
crítico,
exemplo? da
amigos,
são
Lá
vai
criticidade, palavras
então: do
olhar
encantadas.
o
tal
de
crítico. Você
está
diante de um indivíduo que é portador de um diploma de qualquer coisa (a coisa, em si, não importa aqui neste caso), e este vem lhe falar sobre a importância de ser crítico em
relação
a
tudo,
porém,
o
que
significa
ser
crítico para um elemento desta estirpe? Simplesmente nutrir o mesmo afeto em relação a determinadas palavras e firmar a mesma
postura
de
desprezo
pelas
pessoas
que
pensam
de
maneira contrária ao do que esses pensam. Se você repetir bem certinha as mesmas palavras e mimetizar os mesmos trejeitos poderá ser considerado uma pessoa “crítica” e, desde modo, sentir-se-á mais boazinha e mais justa que toda a sociedade junta, mesmo que, de fato, você não o seja nada disso. No fundo o que essas pessoas desejam apenas é sentir-se melhorzinhas que as demais. No fundo o que toda pessoa que se afinca a engessar o seu pensamento através do
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uso
ordinário
de
um
vocabulário
politicamente
correto
deseja é compensar algum tipo de complexo de inferioridade. Tal fato se percebe pela forma pedante com que os baluartes do dito pensamento crítico querem impor a sua visão a todos como se esta fosse à única visão humanamente passível de ser aceita e fazem isso não através de uma depuração dialética paciente e sincera, mas sim, recorrendo ao expediente sórdido do enquadramento do debate através do “polido” uso de seu vocabulário politicamente correto prédeterminada por elas. Porém, quem determinou isso a elas? Fazendo isso, o que temos não é a possibilidade de um debate, mas sim, a proibição sutil da apresentação de argumentos contrários ao que se está doutrinando de maneira descarada.
Tal
ardil
é
deveras
rasteiro.
Basta
que
se
projete sobre todo argumento contrário às suas palavrinhas amadas uma pecha odiosa e tchan! Tchan! Tchan! As pessoas não vêem mais o significado do que você está comunicando meu
amigo
politicamente
incorreto,
mas
apenas
os
sentimentos delas que são projetados sobre você. Trocando
em
miúdos:
você,
por
não
falar
as
mesmas bobagens politicamente corretas, não é tão bonzinho como elas que vivem escondidas atrás de vocábulos ocos fingindo ser algo que nem elas mesmas sabem o que é.
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Aliás, você já reparou que as pessoas que mais insistem em convencê-los de algo são, via de regra, as pessoas que menos se sentem seguras do que estão dizendo e, por essa razão, precisam que outras pessoas concordem com elas para que se sintam seguras? Aliás, você, por um acaso, já
se
viu
nesta
situação?
Infelizmente
é
muito
fácil
cairmos nessa e nos auto-enganarmos. E mais! É para isso que serve todo essa meleca meus caros! Para você sentir-se inseguro frente à realidade e sempre depender do que os outros vão dizer a respeito do que está se apresentando a você, chegando ao ponto de não mais confiarmos naquilo que estamos vendo se não existir alguém que nos diga (confirmando ou negando) o que estamos vendo
para
assim
não
sermos
enganados
pela
nossa
consciência individual. De mais a mais, quem disse que o fato de muitas pessoas afirmarem a mesma coisa é sinônimo de veracidade? Quem disse que o consenso de muitos está mais capacitado para
compreender
a
realidade
do
que
a
consciência
individual lúcida e solitária? Provavelmente
os
mesmos
que
há
séculos
vem
gritando “crucifica-o”.
Pax et bonum
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