Jornal Sedufsm De Fevereiro 2009

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S I N D I C AT O

ANDES NACIONAL

SEDUFSM

FEVEREIRO DE 2009 Publicação Mensal

Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

Pelotas sedia Congresso que enfatiza a defesa do Sindicato Nacional A cidade de Pelotas (RS) sedia entre os dias 10 e 15 de fevereiro, o 28º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes (ANDES). O evento, que deve reunir mais de 300 professores eleitos em assembléias por todo o país, dará ênfase à defesa de um sindicato que representa hoje a principal ferramenta em defesa da universidade pública brasileira. O ANDES, mesmo com os ataques sofridos, de forma coordenada, do ProIfes-CUT, com o beneplácito do governo Lula, se mantém firme, na luta. Acompanhe mais detalhes sobre o Congresso, sobre a participação da SEDUFSM no encontro, e de outros temas da conjuntura nacional nas págs. 06 e 07.

NAJLA PASSOS

Diretores do ANDES reuniram-se dia 21 de janeiro com a cúpula do MEC

MEC entende que o ANDES deve participar em GT sobre Carreira Em audiência no MEC, dirigentes do ANDES ouviram do ministro Fernando Haddad a posição favorável a que o sindicato participe do Grupo de Trabalho que discute a Carreira do magistério de 1º e 2º graus das Instituições Federais de Ensino. Pág. 07

VILMA OCHOA

Ainda nesta edição:

Presidente da SEDUFSM fala sobre desafios de 2009 Entrevista especial, pág. 10

Entidades convidadas para coordenar ‘eleição' a Reitor na UFSM Pág. 06

REUNI continua gerando polêmica Ponto & contraponto, págs. 04 e 05 S I N D I C AT O

ANDES NACIONAL

Mentor do projeto sócio-musical CUICA explica como a arte pode transformar Com a palavra, págs. 08 e 09

Confira o Encarte Especial com AS MUDANÇAS SALARIAIS que serão implementadas em Fevereiro de 2009

ANDES-SN: nosso único e legítimo representante

S I N D I C AT O

ANDES

NACIONAL

02

FEVEREIRO/2009

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EDITORIAL

Clauber

Em defesa do sindicato Desde julho do ano passado, quando foi modificada pelo governo a carreira dos professores do 3º grau e também dos de 1º e 2º graus, com a alteração das gratificações, a SEDUFSM, assim como outras seções sindicais, em virtude da suspensão do registro sindical do ANDES, não pode mais fazer alterações via sistema informatizado do ministério do Planejamento (SIAPE). A conseqüência disso é que a seção sindical não está descontando a mensalidade sobre essas novas gratificações. Dessa forma, a arrecadação da entidade, que é utilizada para manter sua estrutura e sustentar a luta em defesa da categoria, foi prejudicada. Enquanto não se resolve definitivamente a questão do registro sindical, a saída encontrada pela direção da SEDUFSM foi propor aos filiados a efetivação do débito da mensalidade diretamente na conta corrente. Para isso, foi enviada uma correspondência impressa e também pelo correio eletrônico, chamada de “carta aos associados”, com a explicitação dos motivos dessa iniciativa. O débito diretamente na conta é a única forma que se tem de não depender do SIAPE governamental. Na forma atual, em que se depende da burocracia do governo para poder fazer o desconto, há o risco de estrangulamento financeiro. Por isso, torna-se urgente que os sindicalizados autorizem essa nova metodologia de desconto, garantindo assim a manutenção da estrutura do sindicato, sem prejuízos. É importante lembrar que a Seção Sindical dos Docentes da UFSM, que completará 20 anos em novembro de 2009, nasceu da vontade da categoria. Antes da Constituição de 1988, a luta sindical se dava “à margem da lei”, através das associações de professores. Transformadas em seções sindicais do ANDES-SN, as associações/sindicatos tiveram participação fundamental ao longo dos anos 90 até a atualidade nas conquistas da categoria. Por isso, não será por formalismos legais que tanto o ANDES como a SEDUFSM deixarão de cumprir o papel para o qual foram criados. A defesa da categoria depende dessas entidades. E o funcionamento destas depende do apoio e reconhecimento da categoria.

PONTO A PONTO Unimed A SEDUFSM informa aos conveniados do plano de saúde os percentuais de reajuste fixados pela Unimed no segundo semestre de 2008. Para os associados que tinham os planos antigos (C1 e C2), o percentual de reajuste corresponde a 11,53% e aconteceu em agosto de 2008. Para os que possuem os chamados planos regulamentados (CR2A e CR2B), o reajuste aconteceu em dezembro de 2008 e correspondeu a 12,31%. O sindicato está implementando o débito em conta para todos os tipos de convênio, inclusive o do plano de saúde. Os filiados devem procurar a secretaria da seção sindical.

Autorização para débito em conta Oferecemos uma opção para o professor filiado à SEDUFSM que não tem tempo de passar no sindicato para assinar a autorização para o débito em conta da mensalidade. Você pode recortar o trecho em destaque com os dados que precisam ser preenchidos e enviar por envelope, através do correio, ao sindicato. O endereço da SEDUFSM é rua André Marques, 665, Cep 97010-041, Santa Maria/RS. AUTORIZAÇÃO PARA DÉBITO EM CONTA DA MENSALIDADE SEDUFSM Eu, ____________________________________________________________________________________ professor(a) universitário(a) sindicalizado(a), autorizo a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (SEDUFSM) e o Banco _____________________________, a realizar o(s) débito(s) na Agência ___________________________, Conta Corrente Nº __________________________, referente a mensalidade e, desde já, fica autorizado que os referidos descontos sejam efetuados em meu contracheque, caso volte a ser viabilizado pelo SIAPE. Santa Maria,_________ de _________________________________ de 2009.

EXPEDIENTE A diretoria da SEDUFSM é composta por : Presidente em exercício: Fabiane A. Tonetto Costas (Dep. Fundamentos da Educação – CE); Secretário-Geral: Rondon Martin Souza de Castro (Dep. Ciências da Comunicação - CCSH); Primeiro secretário - Maristela da Silva Souza (Dep. Desportos Individuais CEFD); Tesoureiro-geral – Hugo Blois (Dep. Arquitetura – CT); Primeiro tesoureiro- Cícero Urbanetto Nogueira (Colégio Politécnico); Primeiro suplenteJúlio Ricardo Quevedo dos Santos (Dep. História – CCSH); Segundo suplente: Hélio Neis ( Aposentado); Terceiro suplente: Ricardo Rondinel ( Dep. Ciências Econômicas - CCSH) Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033) Relações Públicas: Vilma Luciane Ochoa Estagiária de jornalismo: Regina Vogt Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda Ilustrações: Clauber Sousa e Reinaldo Pedroso Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.600 exemplares Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax) (55)3222.5765 ou pelo e-mail [email protected] Informações também podem ser buscadas no site do sindicato: www.sedufsm.com.br A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa Maria(RS).

SEDUFSM

___________________________________________________ ASSINATURA

ATUALIZAÇÃO de dados Cadastrais: CPF: _____________________________________________________________________________ Endereço: _________________________________________________________________________ Fones Prof: _____________________Res: _____________________ Cel: _____________________ E-mail: ___________________________________________________________________________ Centro: ___________________________________________________________________________ Departamento: _____________________________________________________________________ Classe: ___________________________________________________________________________ Nível: ____________________________________________________________________________ Titulação: _________________________________________________________________________

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

FEVEREIRO/2009

03

RADAR

Sindicato altera forma de descontar mensalidade VILMA OCHOA

Em assembléia ocorrida no dia 15 de janeiro, no auditório da SEDUFSM, foi aprovada a nova de forma de desconto da mensalidade dos sindicalizados, que será feita direto na conta corrente, após a assinatura de uma autorização. Os demais convênios, como o da Unimed e da Vivo celular também serão cobrados do mesmo modo, ou seja, através do débito em conta. O encontro foi coordenado pela professora Fabiane Costas, que assumiu interinamente a Presidência do sindicato, após o pedido de afastamento do professor Sérgio Prieb, em dezembro de 2008. Um total de 24 filiados assinou a lista de presenças. Em função da suspensão temporária do registro sindical do ANDES, desde julho de 2008, o sindicato tem tido dificuldades para fazer o descon-

to sobre as novas gratificações criadas pelo governo ao alterar a carreira do magistério superior e também a dos docentes do ensino básico, técnico e tecnológico. Até o momento em que o governo implementou essas alterações, negociadas somente com o ProIfes, a mensalidade era calculada pela fórmula em cima do vencimento, mais GAE e mais GED, no caso dos professores do 3º grau. E, sobre o vencimento básico, GAE e mais GEAD no caso dos professores de 1º e 2º graus. Devido a impossibilidade de acessar o sistema informatizado do Ministério do Planejamento, a SEDUFSM teve uma queda de 30% na arrecadação. Por isso, a saída encontrada pela direção sindical é a efetivação do desconto através da agência bancária. (Leia mais sobre este tema na entrevista da presidente do sindicato, professora Fabiane Costas, à página 10)

Ricardo Rondinel explica, em assembléia, as dificuldades enfrentadas pela SEDUFSM

Entenda como é feito o desconto

FRITZ NUNES

O Estatuto do ANDES-SN, em seu art. 72, trata da seguinte forma a questão da mensalidade: “Nos termos definidos no X Congresso do ANDES - Sindicato Nacional, que enunciou a política de contribuição dos sindicalizados ao ANDES, recomenda-se às seções sindicais a padronização da mensalidade dos sindicalizados no patamar de 1% da totalidade dos vencimentos ou remuneração de cada sindicalizado”. Já no Regimento da SEDUFSM, em seu art. 52, está previsto que: “A contribuição mensal dos associados à SEDUFSM será igual a um percentual do salário bruto de cada docente pago pela UFSM”.

Em busca das autorizações

Cálculo para o 3º grau Antes da MP 431/08 Vencimento Básico + GAE + GED = Total x 1% = Mensalidade Depois da MP 431/08 Vencimento Básico + GAE + GTMS = total x 1% = Mensalidade Obs: No entanto, com o registro sindical do ANDES-SN suspenso, não foi possível incluir a GTMS (criada) no lugar da GED (extinta), resultando num decréscimo em torno de 30% na arrecadação do sindicato. Cálculo para os demais Antes da MP431/08 Vencimento Básico + GAE + GEAD= Total x 1% = Mensalidade Depois da MP431/08 Vencimento Básico + GEDBT + RT = Total x 1% = Mensalidade Obs: Para esta carreira houve a incorporação da GAE ao vencimento básico. Foram extintos os incentivos de titulação (5% aperfeiçoamento, 12% especialização, 25% mestrado e 50% doutorado) e criada a Retribuição por Titulação (RT). Além disso, foi criada a (GEDBT) e extinta a GEAD. A GEAD nunca constou no cálculo da mensalidade dos associados antes da MP 431/08. Conforme art. 72 Estatuto ANDES e art. 52 Regimento da SEDUFSM a recém criada RT deve ser incorporada a base de cálculo da mensalidade do associado. O que as siglas querem dizer: GED = Gratificação de Estímulo à Docência GTMS = Gratificação Temporária para o Magistério Superior GEDBT = Gratificação Específica de Atividade Docente do Ensino Básico Técnico e Tecnológico GEAD = Gratificação Específica de Atividade Docente RT = Retribuição de Titulação

Lima autorizou débito da mensalidade na conta corrente

Desde o início de janeiro, a SEDUFSM está numa campanha junto aos seus associados para que seja assinada a autorização para o débito da mensalidade na conta corrente. Funcionários do sindicato têm feito visitas periódicas aos departamentos da instituição e até mesmo à residência dos associados para obter essa autorização para o débito, que permitirá a normalidade da arrecadação. Na sexta, 30 de janeiro, a campanha foi implementada junto ao prédio da Reitoria. O reitor Clovis Lima foi um dos que assinaram a autorização.

Conselho Fiscal Durante a plenária ocorrida no dia 15 de janeiro também foi escolhido o novo Conselho Fiscal da SEDUFSM, em função de que, conforme o estatuto da seção sindical, o mandato dos então conselheiros já havia se esgotado. Os nomes que passaram a compor o Conselho são: Carlos Alberto da Fonseca Pires, Rinaldo Pinheiro e Deivid da Silva Pereira, como titulares. Na suplência, os professores Clovis Guterres, Thomé Lovato e Sonia Tolfo. Os conselheiros foram eleitos por ampla maioria, havendo apenas uma abstenção.

04

FEVEREIRO/2009

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

PONTO &

SIM

O REUNI está garantindo expansão

É preciso reconstruir nossos sonhos

Thomé Lovato Prof. do departamento de Solos do centro de Ciências Rurais da UFSM. Pró-reitor de Graduação Substituto.

A pergunta feita por este jornal, sugerida pela assessoria de imprensa da SEDUFSM, só poderá ser respondida plenamente após a total implantação dos projetos do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, mais conhecido por REUNI. O aumento quantitativo na educação superior pública nacional, através de novos cursos e vagas, tanto de graduação como de pós-graduação é um sonho acalentado desde os primórdios do sistema universitário público brasileiro. No aspecto quantitativo já em 2008 a UFSM recebeu novas cotas de bolsas de mestrado e doutorado em função do REUNI. Neste início de 2009 continua a implantação com os cursos de graduação que aumentaram de tamanho com novas vagas. Também começa a implantação gradativa de novas cotas de bolsa de assistência estudantil, que tem previsão de crescimento até a consolidação do REUNI em 2012. No 2º semestre de 2009 com os novos cursos de graduação. De 2010 em diante segue da mesma forma, na medida em que novos cursos e/ou vagas, tanto de graduação, como de pós-graduação forem criados. Além de aumentos quantitativos a melhoria na qualidade da educação pública superior brasileira, por outro lado, é uma meta historicamente perseguida pelas Instituições Federais de Educação Superior. Ao ingressar na carreira docente o compromisso com a qualidade é inerente a qualquer pessoa que passa a ter o privilégio do contato direto com os estudantes. A perspectiva da contribuição com um trabalho pedagógico de qualidade que os ingressantes na carreira têm, salvo raras exceções, é das mais animadoras possíveis, haja vista o percurso de desafios já enfrentados pelos candidatos e o prévio conheci-

mento das condições do exercício atender exigências da comunicação do magistério superior. Isto não quer clara entre docentes e discentes, que dizer que vão encontrar tudo pronto estimulem os últimos a também e em ótimo estado, com projetos produzirem conhecimento sobre os vultosos já elaborados e o fluxo de problemas que conhecemos, os que recursos financeiros fartos, em ple- vão surgindo e os que nem conseno andamento e de fácil acesguimos imaginar ainda. so. Encontrarão sim a Os indicadores balizaoportunidade de se dos no REUNI de “Para saber lançarem ao desafio 1:18 como relação se a expansão de vencer as limidocente:discente e ocorrerá com tações existentes e 90 % de concluinqualidade, somente de contribuírem tes em relação ao com inovações, número de ingresdepois da força de trabalho e santes 5 anos antes implantação total inspiração para a são fonte permanendo REUNI” elaboração das solute de debate e tem ções que vão se impongerado muita controvérdo. Também a oportunidade sia, especialmente pela idéia de ousarem a implantação de novos inicial de que são apenas aspectos e desafiadores formatos pedagógi- quantitativos. Sabemos que as especos, especialmente no sentido de cificidades de alguns cursos não

permitem uma relação docente/discente próxima a esta meta, mas já temos muitos cursos na própria UFSM com ultrapassagem numérica desta relação, inclusive com taxa de concluintes superior a 90%. Contribuem para isto o fato de os estudantes poderem estudar em tempo integral e programas como o publicado semestralmente via editais de Reingresso/Ingresso para ocupação de vagas ociosas e o Benefício SócioEconômico, que auxilia na permanência, grandemente contemplado com o REUNI, com destaque para o aumento de bolsas de ensino. Além disto, estão contemplados no REUNI em estudo quanto as formas de implantação, programas de apoio a todos os estudantes que tiverem perspectivas de baixo desempenho em virtude de fragilidades na sua formação pregressa, já com indicativos pelo rendimento no processo seletivo de ingresso inicial. Temas como a perspectiva de universidade e o seu papel para a sociedade, as expectativas de todos os atores envolvidos (estudantes, técnicos administrativos, docentes, sociedade...), as concepções sobre sua função para a sociedade, sobre o seu ”produto”, a formação focada para o mercado de trabalho ou para a transformação da sociedade e para que sociedade, entre outros, geram um conjunto efervescente de questões que inexoravelmente levam a uma continua e fértil reflexão pessoal e coletiva. A garantia propriamente dita da expansão com qualidade, por mais belos e cativantes que sejam os planos de expansão, só poderá ser alcançada se houver o comprometimento pessoal, que começa, na minha opinião com a recuperação da contínua reconstrução do sonho individual e coletivo de universidade que temos!

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

FEVEREIRO/2009

05

CONTRAPONTO

do ensino com qualidade?

REUNI: cooptação e/ou estratégia de governo?

Francisco Estigarribia de Freitas

Glades Tereza Félix Profa. do departamento de Administração Escolar, Centro de Educação da UFSM

O ensino superior público no Brasil, tem corroborado com os conflitos político-partidários. Isso está intimamente atrelado à falta de autonomia administrativa, financeira e acadêmica prevista no artigo 207 da Constituição Federal/1988, fato este que fragiliza a gestão universitária proporcionando as constantes intervenções dos governos no interior das Instituições. Não é sem outro motivo que o atual Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) lançado em 2007 deve ser entendido no debate geral das políticas de educação superior vinculadas às estratégias de inserção da economia que vem ocorrendo na base produtiva do capitalismo em âmbito mundial. Internamente esse Plano se consubstancia num enorme painel de programas indo da instalação de energia elétrica nas escolas, distribuição de óculos à expansão do ensino superior.

NÃO

Prof. do departamento de Metodologia do Ensino, Centro de Educação da UFSM

Neste conjunto um dos projetos conclusão média dos cursos de gramais importantes para as intenções duação presenciais de 60% para governamentais é o Programa de 90% ao final dos próximos cinco Apoio a Planos de Reestruturação e anos (2008/2012), revela um atrelaExpansão das Universidades mento vinculado às estratégias de Federais (REUNI) criado lucro. Isso evidencia que pelo Decreto N. 6.096, tal Programa precisa “O debate de 24 de abril de ser compreendido na sobre a expansão dimensão de amea2007, e regulado por outras ça que repercutirá das Universidades Portarias. No sobre todo o sistenão poderá ser entanto, mesmo ma nacional de colocado no âmbito educação uma vez que seu principal do contra ou objetivo trate da que o ensino supeexpansão, do acesso rior brasileiro, a a favor” e da permanência na médio prazo será deseducação superior, a coinqualificado, especialmencidir com as principais bandeiras de te com a reconfiguração das IFES luta do movimento docente, cabe a servindo mais uma vez a reformas problematização, cooptação ou utilitaristas, tudo para atender o proestratégia? jeto de inserção subalterna do país Uma reflexão mais detida sobre os ao contexto da globalização. meios utilizados para atingir uma Nenhum discurso pode explicar das “metas globais” do REUNI melhor as entrelinhas do REUNI como elevar o aumento da taxa de senão compreendermos a indissociabilidade entre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o PDE, que por seu turno tem como escopo justamente a ampliação da oferta de vagas no ensino superior público e como plano de reestruturação está totalmente conectado ao PAC. Esse em suas primeiras metas aponta um significativo congelamento salarial, pois prevê aumentos não mais de 1,5% por ano num período de dez anos. Portanto, não é com a desconexão (PAC, PDE e REUNI) que tais medidas enganosas vão melhorar o que sabidamente não é bom, na medida em que, a proporção entre a quantidade e a qualidade vai jogar os cursos de graduação e o trabalho docente em contradição, pois duplicar a oferta de vagas a partir de um incremento de apenas 20% das atuais verbas de custeio e pessoal é confirmar que a

reestruturação implicará na subutilização dos atuais e parcos recursos existentes nas IFES. O certo é que este tipo de negócio vem com o discurso de melhoria, mas estrangular salários, não prever garantias que as IFES, de fato, receberão verbas de manutenção nestes cinco anos, ao mesmo tempo em que a continuidade dos recursos necessários à expansão, após o término do atual governo, dependerá das políticas da próxima equipe governamental, inibirá qualquer esboço de elevação da qualidade. Portanto, o que parece ampliação em um curto espaço-temporal se transformará em superlotação das salas e em sobrecarga do trabalho docente, bem como, sacrificará a qualidade do tripé ensino, pesquisa, extensão e a autonomia universitária. O debate sobre a questão da expansão das Universidades não poderá ser colocada no âmbito do contra ou a favor, exige dos segmentos que compõem cada IES uma profunda discussão sobre os rumos que a sociedade brasileira projeta para os brasileiros, uma vez que, esse é um problema que ultrapassa interesses de governos e envolve a cada um de nós. Nessa perspectiva cabe enfatizar que olhar o REUNI como um programa em si mesmo, induz o público não familiarizado com o cotidiano da Universidade se posicionarem contra ou a favor, mas a discussão tem permeado outros entendimentos, como por exemplo, do embate ferrenho que aponta o REUNI como um programa que atrela definitivamente a formação dos egressos da Universidade com a lógica mercadológica, emerge a possibilidade de projetar uma formação a afirmar uma formação voltada a problematizar o próprio arquétipo de convívio social baseado no imediatismo e no utilitarismo dessas relações.

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FEVEREIRO/2009

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

OPINIÃO

O REUNI está garantindo uma expansão do ensino com qualidade? (*) Fotos: REGINA VOGT

Edgar Bueno Vares, 59 anos, professor do departamento de Clínica Médica, do Centro de Ciências da Saúde. “A idéia do Programa de Expansão das universidades federais (REUNI) é boa. Mas, temos dúvidas se a execução vai ter um resultado satisfatório. Até porque sua implantação demanda dinheiro, verbas, e o nosso país ainda é pobre. Ou, ao menos, ainda distribuímos mal os nossos recursos. Então, se isso (REUNI) realmente for implantado, vai ser uma coisa boa, vai ficar. Se não, vai ser mais um dos tantos projetos fracassados.” Ivon Chagas da Rocha Junior, 54 anos, professor do departamento de Desportos Individuais, do Centro de Educação Física e Desportos. “O que eu posso falar é mais em termos do meu Centro (CEFD). Nós estamos vivendo uma situação particular lá no Centro de Educação Física, que é o fato de termos duplicado os cursos antes mesmo do REUNI. Talvez tenhamos sido até um pouco ingênuos. Nós fizemos essa duplicação sem ter um professor a mais contratado. De certa forma, a nossa participação no REUNI acabou se dando pelo aumento de vagas, pois o aumento dos cursos a gente fez antes mesmo do anúncio do programa. Então, a gente vê com certo temor o fato de assumirmos compromissos no papel, que ainda não têm garantido um aceno mais rigoroso por parte do governo de que realmente serão cumpridos. Eu, particularmente, sou um pouco cético quanto a isso. Por enquanto, a qualidade não se materializou, não está garantida. Tem que esperar para ver.” Iberê Nodari, 66 anos, professor do departamento de Engenharia Mecânica, do Centro de Tecnologia. “Ao menos na UFSM, o REUNI garante uma tremenda expansão na oferta de ensino. A qualidade vai depender muito da administração dessa expansão. Mas, todo o empreendimento dessa ordem começa deficiente. A qualidade só é garantida, acaba vindo somente com o tempo.” (*) REUNI- Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Acompanhe mais detalhes sobre este tema na seção “Ponto & contraponto”, nas págs. 04 e 05.

Reitor mantém apoio à sede do sindicato no campus da UFSM Fotos: FRITZ NUNES

A presidente em exercício da SEDUFSM, professora Fabiane Costas, juntamente com os diretores, Hugo Blois Filho e Julio Quevedo dos Santos, esteve na manhã de sexta, 30 de janeiro, em audiência com o reitor da UFSM, Clovis Lima. O principal objetivo do encontro foi tratar do processo que envolve a solicitação para que seja cedida uma área no campus que permita a construção de uma sede para a seção sindical. O pedido tramita nas instâncias da universidade desde o Diretores da SEDUFSM questionaram Clovis Lima sobre ano de 2002, quando a decisão da área para sede no campus categoria foi deliberada em assembléia e, após, encaminhada à Reitoria. permanente, definida a partir de 15 de janeiro, no Entretanto, os diretores do sindicato manifestaram último dia 22 foi concluída a discussão do caderno preocupação ao reitor pelo fato de haver documento de textos para o 28º Congresso do ANDES-SN, que da Procuradoria Jurídica manifestando a ocorre em Pelotas, de 10 a 15 de fevereiro. Após a impossibilidade de atender o pedido. Lima disse última atividade também foram escolhidos os que mantém seu apoio à idéia de o sindicato ter uma delegados que participarão do encontro de Pelotas. sede no campus. Porém, sugeriu que o processo seja São eles: Fabiane Costas, Hugo Blois Filho, reiniciado, com a apresentação de novos Adriano Figueiró, Leila Wolff e Julio Quevedo dos argumentos da assessoria jurídica da SEDUFSM. Santos. O jornalista que integra a assessoria de imprensa da SEDUFSM, Fritz Nunes, também SEDUFSM em Pelotas Depois de algumas reuniões dentro da assembléia acompanhará o encontro.

Eleição na UFSM pode repetir voto paritário resultado da escolha foi referendado pelo Consun dentro do que estabelece a legislação e após, foi enviado ao MEC. Clovis Lima informou aos representantes do Sindicato dos Docentes (SEDUFSM), Diretório Central de Estudantes (DCE), Associação dos Professores (APUSM), Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos (ASSUFSM) e Associação dos Servidores Aposentados (ASITA), que no dia 20 de janeiro encaminhou ofício ao Conselho Universitário abrindo o debate sobre o Sindicatos e associações convidados a organizar processo eleitoral. O procurador jurídico da UFSM, 'consulta' para reitor Athos Renner Diniz, também esteve na reunião com O reitor da UFSM, professor Clovis Lima, se as entidades. reuniu na manhã de terça, 3 de fevereiro, com A presidente em exercício da SEDUFSM, representações sindicais, do DCE e de Fabiane Costas, manifestou simpatia pela associações de professores e servidores 'consulta informal', mas deixou claro “Somente aposentados. O dirigente máximo da que o tema ainda precisa ser o reitor sendo instituição manifestou o desejo de discutido em reunião de diretoria e escolhido pela que o processo de escolha do reitor mesmo com a sua categoria. O comunidade e vice da universidade este ano representante do DCE, Anderson seja aos moldes do que foi Machado, considerou importante universitária implementado em 2005. que seja trazido à luz o debate garante legitimidade Naquele ano, o Conselho sobre o peso dos votos. Segundo política” Universitário (Consun) delegou às ele, os estudantes são defensores do (Clovis Lima, reitor entidades a realização de uma voto universal e que esse modelo da UFSM) 'consulta informal', que acabou pode ser vislumbrado como uma estabelecendo o critério do voto paritário, perspectiva futura. Loiva Chansis, da com peso proporcional dos segmentos (30% aos ASSUFSM, também comentou que o voto universal docentes; 30% aos técnico-administrativos; 30% pode ser um avanço futuro. O tema eleitoral deve aos estudantes e 10% para os aposentados). O voltar com força a partir de março.

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

Pelotas sedia 28º Congresso do ANDES A instância máxima do ANDES-SN se reunirá, de 10 a 15 de fevereiro, em Pelotas, no 28º Congresso com o tema: Resistir e avançar na defesa do ANDES-SN, da universidade pública e dos direitos dos trabalhadores. No evento serão tratadas questões cruciais como as contra-reformas conduzidas pelo governo Lula na área do ensino superior, assim como na legislação sindical e trabalhista do país. Para a professora Elaine Neves da ADUFPel - Seção Sindical, entidade que sedia o Congresso, tudo está sendo organizado para recepcionar os docentes das Instituições de Ensino de todo o País. “O evento será realizado no Colégio Municipal Pelotense. Escolhemos um espaço público por entendermos que investindo e divulgando a escola pública valorizamos a educação pública e gratuita. Algumas reformas foram realizadas no auditório, como pintura interna e externa, iluminação, sanitários e rampa de acesso para portadores de necessidades especiais. Além disso, vamos utilizar toda a estrutura da Escola, como xérox, cantina, entre outros. Para o congresso, climatizadores de ar também foram instalados. A organização se preocupou com os detalhes para tornar um local agradável e confortável para receber os congressistas que ficam cinco dias em Pelotas debatendo temas importantes para o movimento docente do país”, explica a professora. A diretora da ADUFPel afirma que a perspectiva quanto ao número de docentes é grande pela conjuntura que se apresenta e pelas importantes decisões que serão tomadas no evento. “Esperamos um número grande de docentes das universidades de todo país pelas questões importantes que serão discutidas, tais como: campanha salarial, carreira, imposto sindical, registro sindical, entre outros”, enfatiza. (Fonte: ADUFPel/ANDES-SN

MEC avaliza participação do ANDES em GT O Ministério da Educação – MEC concorda e considera adequado que ANDES-SN participe do Grupo de Trabalho sobre Carreira do Magistério de 1º e 2º graus de Instituições Federais de Ensino, instituído pelo Ministério do Planejamento – MP por meio da Portaria nº 3.210, de 27/11/2008. Esse foi o posicionamento do ministro Fernando Haddad, em audiência com o presidente do ANDES-SN, Ciro Correia, e a secretáriageral, Solange Bretas, além do chefe de gabinete do MEC, João Paulo Bachur, no último dia 21 de janeiro. Na audiência foram discutidos também outros temas propostos pelo ANDES-SN, como a questão do registro sindical da entidade, os efeitos da lei de conversão da MP-431, Lei nº 11.784/08, na remuneração docente, o financiamento das universidades públicas, o acórdão do Tribunal de Contas da União – TCU limitando os poderes das fundações de apoio e o direito de opção dos docentes de 1º e 2º graus de manterem vínculo funcional com as universidades. A audiência com o MEC para tratar da exclusão do ANDES-SN do GT Carreira foi solicitada pelo Sindicato Nacional após a diretoria da entidade confirmar a intenção do MP de manter o ANDES-SN fora das discussões, em função do sindicato não ter assinado o acordo salarial de 2008. Conforme a Portaria nº 3.210, apenas PROIFES e SINASEFE estão autorizados a fazer interlocuções sobre o tema com os representantes do governo e dos dirigentes dos CEFETs. O ministro se disse favorável à participação do ANDES-SN no GT e disse que não faz o menor sentido excluir uma entidade de uma discussão sobre políticas públicas pelo fato dela não ter assinado um acordo com o governo. O ministro reconheceu que os dois fatos são independentes e que o ANDES-SN está no seu direito ao não assinar um acordo que não contempla os anseios da base que

representa.

Registro Sindical Apesar de terem demonstrado que ainda não haviam se apropriado das informações do memorial sobre o registro sindical do ANDES-SN, protocolado no MEC em 14/10/2008, o ministro e seu chefe de gabinete pediram explicações sobre questões pouco claras para eles, como o fato de o ANDES-SN ter sido criado após a CONTEE e, mesmo assim, insistir no direito à representação de todos os docentes do ensino superior. O presidente do ANDES-SN, Ciro Correia, explicou a ambos que, até 1988, a Constituição Federal vedava aos servidores públicos o direito de se organizar em sindicatos. Nas universidades públicas e também em várias instituições de ensino superior privadas, os docentes se organizavam em Associações Docentes. Em outras escolas, a representação genérica de todos os professores de instituições privadas, independentemente de se de primeiro, segundo ou terceiro graus, era feita pelos SINPROS, muitos deles organizados pela CNTEEC, e que hoje em parte se reúnem na CONTEE. Com a promulgação da Constituição de 1988, os servidores públicos asseguraram o direito à sindicalização. Os docentes do ensino superior organizados na Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior - ANDES, após ampla, pública e democrática discussão nacional, decidiram então criar um sindicato que unificasse os três ramos da categoria: os docentes do ensino superior das federais, os das estaduais e, também, os das particulares. Com o registro em cartório do novo sindicato dos docentes do ensino superior e seu depósito no Ministério do Trabalho, a CNTEC entrou com recurso judicial contestando a validade do novo sindicato. A vontade da categoria, entretanto, foi respaldada por decisão do Superior Tribunal de Justiça, transitada em julgado no Supremo Tribunal Federal, que reconheceu o direito ao desmembramento dos docentes das instituições de ensino superior públicas e privadas para a constituição do ANDES-SN, como representante único dos docentes do ensino superior. O Ministério do Trabalho, porém, levou oito anos para fazer valer a decisão do STF. E, quando o fez, em agosto de 2003, suspendeu arbitrariamente o registro sindical do ANDES-SN. (Fonte: ANDES-SN)

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Ondina de Oliveira Alves, professora aposentada do departamento de Metodologia do Ensino, do Centro de Educação. “Penso que é prematuro afirmar que a expansão do ensino com qualidade, preconizada pelo REUNI,esteja assegurada, concretizada através da dinamização do projeto As metas e os objetivos delineados são altamente ambiciosos e atingem os pontos nevrálgicos de nosso sistema de ensino: aumentar o número de vagas,ampliar/abrir cursos noturnos, combater a evasão escolar, entre outros, isso demanda expectativas e inquietações, principalmente , no que se refere a necessidade de garantir recursos humanos e materiais, para viabilizar um ensino com qualidade. Aí reside minha inquietação.” João Carlos Gilli Martins, 60 anos, professor do departamento de Matemática, do Centro de Ciências Naturais e Exatas. "Apropriando-se de bandeiras históricas do movimento docente da Educação Superior no Brasil? o aumento do número de vagas nas universidades públicas e a democratização de acesso a esse nível de ensino são duas dessas bandeiras? o governo Lula desfere, com o Programa REUNI, um ataque sem precedentes contra o ensino superior público brasileiro. E é justamente na qualidade desse ensino que serão sentidos os primeiros efeitos nefastos desse ataque. Embora sejam necessárias a expansão do número de vagas nas universidades públicas brasileiras e a permanência de discentes nessas instituições até a conclusão de seus cursos, não vejo como o REUNI, nos seus propósitos, viabilizaria essas necessidades sem promover a perda de qualidade nos processos de ensino e aprendizagem nos cursos de graduação presenciais nas IFES. Por último, é importante destacar que o REUNI está atrelado ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que preconiza, para os próximos anos, incrementos não superiores a 20% em relação às atuais verbas de custeio e pessoal (não contando os inativos) para a implementação do REUNI e estabelece que a folha de pagamento dos servidores das IFES estará limitada, no seu teto, por um valor estabelecido pelo governo, onde o gasto com pessoal, nas universidades públicas, não poderá crescer além de 1,5% ao ano."

ELES DISSERAM “Sob meu governo, os EUA não vão torturar”. (Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, sobre a tortura de prisioneiros em sua gestão, Folha de São Paulo, 10 de janeiro de 2009). “Os programas sociais mantêm o sujeito vivo, mas não o tornam cidadão”. (João Pedro Stedile, líder do MST, sobre os programas sociais do governo Lula, Carta Capital, 28 de janeiro de 2009).

“Efetivamente, o deputado ainda não morreu. Os órgãos estão paralisados, mas ele ainda tem vida”. (Senador Paulo Paim, do PT-RS, se desculpando após gafe cometida, em que antecipara na tribuna do Senado a morte do deputado Adão Pretto (PT-RS), fato que só viria a ocorrer no dia seguinte. Correio do Povo, 5 de fevereiro de 2009, coluna de Taline Oppitz)

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COM A PALAVRA

Zé Everton

A música do CUICA transforma

Fotos: VILMA OCHOA

Ele era um estudante carente que decidiu ser músico. Aproveitou as oportunidade, fez uma faculdade de Música na UFSM, se especializando em Percussão. Contudo, José Everton da Silva Rozzini via a música não apenas como uma habilidade que lhe dava prazer pessoal. Zé Everton, como é mais conhecido, fez da música uma forma de transformar muitas vidas, em especial as dos jovens da periferia. Aos 38 anos, atualmente é ele quem encabeça a Associação CUICA (Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes). Ao longo dos últimos anos, a idéia de Zé Everton ganhou visibilidade, apoios e parcerias, e, especialmente, reconhecimento pelo alcance social. Além disso, José Everton Rozzini é oficineiro musical da prefeitura de São Martinho da Serra e também do renomado Festival de Inverno da UFSM, que ocorre anualmente em Vale Vêneto. Para Zé Everton, é preciso intervir no mundo, ser sujeito da história. Saiba nesta edição o que é o CUICA através do seu principal idealizador.

PERGUNTAS&RESPOSTAS P- Como surgiu o projeto CUICA? Com que motivação? R- Na minha infância muito humilde eu sempre tive vontade de tocar um instrumento, mas eu não tinha condições de comprá-lo. Quando eu trabalhava na Caixa Econômica Federal como menor carente, num convênio da CEF com a Febem, eu conheci o baterista da banda da Base Aérea de Santa Maria, que foi meu professor de música. A partir daquele momento eu aprendi a ler música e queria ser baterista. Em determinado momento eu fui num concerto de percussão, quando eu vi aquilo, eu disse: é isso que eu quero estudar. Me inscrevi no curso extraordinário de Música e o professor Ney Rosauro me convidou para participar do grupo de percussão. Aí eu fiz vestibular para o Curso de Bacharelado em Música e passei a participar do grupo de percussão. Durante o curso eu fui ao Encontro Latino-Americano de Percussão em Campinas/SP.

Dentre as oficinas deste encontro tinha uma que era chamada de O papel social do percussionista. Nessa oficina eu conheci alguns projetos que usavam a percussão como instrumento de inclusão social. Quando eu voltei para Santa Maria eu comecei a pesquisar projetos. Eu concluí o meu curso, e em 2002 eu tocava na banda Os Watts. Nós gravamos um CD pela Lei de Incentivo à Cultura e fizemos um show de lançamento no Theatro Treze de Maio, que foi reproduzido pela TV Câmara. Eu estudei na Escola Municipal de E n s i n o F u n d a m e n t a l Vi c e n t e Farencena, e a minha filha também estudou nessa escola. Um dia, a professora de Educação Física me chamou para conversar. A quadra de esportes da escola estava em reforma, e a professora não podia usar a quadra para as suas aulas. Daí ela convidava os pais dos alunos para falar da sua profissão nas aulas de Educação Física. Aí eu fui contar para os alunos como era ser músico. Passaram alguns dias, e a minha filha chegou em casa e falou que tinha um trabalho de solidariedade para fazer e me pediu para ajudar no trabalho. Quando gravamos o CD da banda pela Lei de Incentivo à Cultura, uma das contrapartidas era fazer shows gratuitos. Aí nós fizemos

um projeto que denominamos “Fazendo Arte e Solidariedade”. P- O que era o projeto? R- Nós fizemos um show no Centro Comunitário ao lado da escola. A minha filha e o grupo dela que era encarregado de fazer o trabalho de solidariedade. Fizeram a divulgação e mobilizaram a escola e cobraram um agasalho, um material escolar ou um quilo de alimento como ingresso para o show. E tudo o que foi arrecadado naquele dia, o grupo da minha filha levou para a Escola Municipal Renato Nochi Zimmermann, e a gente fez o mesmo show nessa escola. O show era a gente contar como é ter uma banda. Como era a relação com os parceiros, a definição do repertório, ensaios, a gravação do disco, fazer o show de lançamento, toda a história da banda. Novamente arrecadamos alimentos como ingresso do show e levamos para outra escola. Nós adoramos fazer aquilo. Aí a professora da minha filha me chamou na escola e me pediu para criar um grupinho de percussão para uma apresentação de final de ano. Aí peguei a minha filha mais um grupinho de amigas que estava sempre lá em casa, e nós montamos um grupo de cinco meninas e três meninos e começamos os ensaios lá em casa e fizemos a apresentação. Nesse meio tempo eu havia entregado um projeto na secretaria de cultura do município para trabalhar com meninos e meninas de rua que habitam a região central da Praça Saldanha Marinho e trabalhar na Casa de Cultura. Mas eles me chamaram e disseram que não tinha dinheiro, que não era possível viabilizar o projeto, mas seria importante inscrever o projeto na Lei de Incentivo à Cultura. Conseguimos a aprovação do projeto, captamos nove mil reais com a UNIMED e bancamos o projeto no primeiro ano. Isso foi em 2005. Como era o projeto lá em 2005? Eu colocava os instrumentos no meu carro, colocava um tapete e enchia de tambores em cima do carro e ia para escolas. No dia 28 de fevereiro de 2005 foi a primeira aula na escola de Ensino Fundamental Vicente

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Farencena. Durante quatro semanas eu fiquei trabalhando nessa escola com 11 alunos. A oficina ocorria na quarta de manhã e na segunda no final da tarde no centro comunitário ao lado da escola. Montamos um repertório com três músicas e levamos a oficina para outras três escolas: a Escola Municipal Renato Nochi Zimmermann, e duas da rede estadual, a Edna May Cardoso e a Margarida Lopes. Naquele ano tivemos 186 alunos, fizemos 62 apresentações. Isso teve um resultado muito legal de envolvimento da comunidade e a mídia foi muito generosa conosco. Aí eu inventei o Park Encantado da Música. Nesse evento nós reunimos a Orquestra Jovem de Santa Maria, o grupo de percussão da UFSM, o grupo de flautas de Horizontina e alguns outros artistas. Isso teve uma repercussão nacional. Essa iniciativa já foi repetida por quatro vezes. Em novembro de 2006, o Hotel Morotin nos convidou para um café da manhã no hotel. Nesse café também tinha um pessoal do Rotary Clube, e uma pessoa do Rotary me pediu para contar um pouco do projeto. Aí ela perguntou onde era nossa sede. Eu disse que nós não tínhamos sede. Como aconteciam os ensaios? No sábado à tarde o pessoal ia na minha casa para ensaiar. Teve sábado com 60 crianças na minha casa. Eu contei isso para essa senhora. Ela me deu um endereço e disse para eu ir até lá. Eu vim e era esse espaço onde nós estamos hoje (em Camobi). A senhora que eu falo, mora na frente. No ano seguinte o projeto foi novamente aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura. Com esse dinheiro reformamos o prédio, e passamos a ter a possibilidade de fazer outras oficinas. Nos damos conta de que precisávamos ser uma instituição, com CNPJ que pudesse apresentar projetos e captar recursos. Naquela época eu já tinha o apoio do Edu (Pacheco). Ele estava concluindo o mestrado, e toda a vez que ele tinha uma folga, vinha para cá. Aí precisávamos de um nome. E eu pensava que deveria ser algo que viesse da percussão, mas que tivesse a ver com a nossa história. Um dia eu cheguei e escrevi no quadro CUICA. Pronto, estava resolvido. Em dezembro do ano passado (2007) fizemos a assembléia de fundação e criamos a Associação Cuíca - Cultura, Inclusão, Cidadania a Artes. O projeto que era a oficina de percussão, um projeto idealizado por mim, ele passa a não ser o projeto do Zé, passa a ser um projeto da CUICA. O Zé continua sendo responsável pela CUICA, mas deixa de ser a “coisa” do Zé para ser a “coisa” do grupo. P- Quais são as atividades desenvolvidas hoje pela Associação CUICA? R- A CUICA tem a oficina de percussão que é o nosso carro-chefe, que é o projeto que aparece e que chama, que faz as coisas acontecerem, e os outros projetos que vêm junto. Que são os projetos de parceria com a universidade, em que os

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alunos da universidade fazem suas pacientes do Hospital Psiquiátrico da oficinas aqui, o “CUICA Dança”, que é Universidade. Aqueles que tinham um dia em que a gente tira todos os condições de sair, toda quinta-feira à tambores daqui e isso aqui vira um tarde vinha uma Kombi com o pessoal espaço de dança. A gente chama de jaleco branco. Vinham fazer oficina professores diversos que estabelecem com a gente aqui. Nós somos abertos, parceria para desenvolver atividades tem um pessoal que tem um trabalho relacionadas à dança. Tem o “CUICA muito legal na “Associação Fernando Comunidade”, que é um canal de do Ó”, que é um trabalho com crianças e relacionamento com pessoas e adolescentes, mas que não trabalha com instituições. Como a gente pensa isso? a questão da música. Então eles vêem a A gente entende que só conseguimos gente tocando e querem que as crianças manter o nosso projeto porque a gente deles também participem das oficinas. se relaciona com grupos e pessoas. Tudo bem. A gente abre toda segundaE s s e s g r u p o s p o d e m s e r d e feira à tarde para que as crianças dessa empresários, de autônomos, de Associação venham para cá. Vários instituições como a UFSM, a Unifra, a alunos da UFSM vieram fazer aula Ulbra, que por diversas vezes a gente já conosco, como estágio de final de se relacionou em projetos específicos. curso, cumpriram a carga horária, mas Por exemplo, as pessoas que estão aqui quiseram continuar. Nós não temos hoje (no dia da entrevista, em janeiro de como pagar, mas se quiser vir, tudo 2009) tendo aula de percussão, bem. Agora no final do ano nós fomos integram um grupo de recuperação de fazer uma apresentação no Abrigo usuários de drogas. Espírita Oscar José Pithan. Em função P- Além das crianças, o projeto de um pedido do diretor do abrigo nós também atende adultos. Como elaboramos um projeto e vamos atender funciona isso? dez crianças que eles vão indicar e, em R- Tem coisas que fogem do contrapartida, o abrigo vai controle da gente. Quando prestar uma ajuda de custo eu pensei o projeto, eu para manter as despesas “Eu quero imaginava assim: eu com o atendimento não tenho manhã para destas crianças. ser sujeito da trabalhar com Basicamente são minha história. crianças, então eu estas as ações que a tenho que pegar os gente desenvolve. Em Não quero passar todo o local que nós maiorzinhos. Assim eu escrevi no projeto de vamos a gente fala que em branco” as idades de 9 a 17 anos. o CUICA é um projeto Por que 17? Porque 17 é o em construção. Quem limite dessa galera de quiser se juntar a essa idéia que periferia, porque quando eles chegam venha até nós e diga: olha, eu tenho aos 17, 18 anos eles precisam trabalhar. uma idéia. Eu não posso vir aqui nunca, Eles vêm de uma realidade em que mas eu tenho uma idéia para dar. Se a precisam “se virar”. Ou eles vão ser gente conseguir viabilizar ou julgar serventes de pedreiro ou eles vão fazer importante a gente toca em frente. bico; ou eles vão arrumar um emprego Disso tudo, o que tem de concreto? A aqui, ali, e tal. Então, essa é a faixa g e n t e c o n s e g u i u u m s e l o d e etária que eu trabalho. Quando eles reconhecimento do Ministério da chegam aos 17 anos para continuar no Cultura, que é o prêmio “Cultura projeto eles precisam ter uma função no VIVA”. Também fomos reconhecidos projeto. Não pode ser só um membro como Projeto Solidário pelo SESC/RS. que fica tocando; ele tem que ser Por quê? Porque o SESC tem um monitor, ele tem que ser responsável projeto chamado “Mesa Brasil”. O que pela manutenção, ele tem que ter algum a gente fez? Quando fizemos o Park vínculo, ele tem que fazer alguma coisa Encantado da música, o ingresso era um pelo projeto para poder estar junto. É quilo de alimento. No primeiro ano, nós uma exigência que a gente faz. Esse é o destinamos os alimentos arrecadados grupo que a gente trabalha. Beleza. Aí para a Escola Municipal Renato Nochi fomos fazer uma apresentação lá na Zimmermann. Isto gerou no SESC o Associação do Bem Viver, que é de entendimento de que foi uma ação portadores da síndrome de Down. No solidária da gente. Neste ano outro dia vieram três mães aqui e recebemos novamente este certificado. disseram: “- Pelo amor de Deus! Vocês Também fomos escolhidos para têm que fazer um trabalho com essas representar o Rio Grande do Sul no crianças”. Eu disse, eu não tenho programa “Beleza do Meu Lugar” do conhecimento com educação especial, canal Futura. O Ministério da Cultura como eu vou trabalhar com essas tem um convênio com o canal Futura crianças? “- Não, pelo amor de Deus!” para dar visibilidade para os Agora eu estou, toda quarta-feira audiovisuais produzidos pelos pontos atendendo um grupo de portadores da de cultura bancados pelo Ministério da síndrome de Down. Aí, por exemplo, Cultura, como a TV OVO em Santa veio no ano passado um grupo de Maria.

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P- Hoje, como é mantida a Associação CUICA? R- Nós criamos um grupo que quando se apresenta, cobra um cachê de quem pode pagar. Agora no Natal, nos apresentamos no Instituto São Lucas, e o cachê desta apresentação vai possibilitar o pagamento da conta de água e de telefone por três meses. O projeto da lei de Incentivo à Cultura paga o meu trabalho, o trabalho do Edu (Pacheco) enquanto oficineiros, e nós pegamos parte deste dinheiro para pagar as despesas que temos no projeto. Cada vez mais estamos buscando parcerias e projetos para manter e viabilizar o funcionamento do CUICA. P- Acreditas que projetos como o CUICA devam ser de iniciativa do Poder Público ou de esforços particulares, em parcerias? R- Eu entendo que existe uma carência enorme por parte das comunidades em apresentar alternativas. Por exemplo, se eu pegar os meninos e meninas que tocam aqui, daqui um pouquinho tu vai vê-los tocando nos melhores grupos que têm, pela dedicação e pela oportunidade que eles tiveram. Eu acho que isso deve ser incentivado, deve ser bancado, deve ser apoiado pelo Poder Público. Isso aqui só deu certo porque tinha uma pessoa que deu o sangue. Eu fiquei muitas vezes sem ter gasolina para andar, fiquei com a luz, a água cortada aqui no projeto. E isso nunca foi motivo para desistir, mas para persistir. Isso aqui é um sonho particular de reescrever minha história. A emoção que a gente sente em trabalhar com essas crianças é grande, pois eu já circulei pelos principais palcos do Rio Grande do Sul, e as maiores emoções eu senti tocando com os meninos e meninas do CUICA. Eu acho que não adianta nada a gente sonhar e fazer as coisas da cabeça da gente, se aquelas que são as pessoas diretamente envolvidas não estiverem imbuídas do mesmo ideal, que é a coisa de fazer a nossa revolução, do nosso jeito revolucionar o mundo. O meu jeito de intervir no mundo em que eu vivo é esse. E eu quero intervir, eu não quero ser um objeto, eu quero ser sujeito da minha história. Eu não quero passar em branco. Eu quero mudar o meu mundo do meu jeito, que seja aqui na minha rua.

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ESPECIAL/ENTREVISTA

Fabiane Costas Fotos: RONDON DE CASTRO

Fabiane Costas: é preciso entender o que é gasto e o que é investimento

Sindicato não é empresa para dar lucro A professora Fabiane Adela Tonetto Costas, do departamento de Fundamentos da Educação, está na condição de vice-presidente da SEDUFSM pela segunda gestão consecutiva. Na primeira, de 2006 a 2008, foi a número dois na diretoria comandada pelo professor Diorge Konrad. Na eleição do ano passado, na chapa “Unidade Docente”, novamente concorreu a vice e foi reeleita. No último mês de dezembro, em virtude do pedido de afastamento do professor Sérgio Alfredo Massen Prieb, coube a Fabiane assumir a presidência de forma interina. Em meio a situações difíceis, em que repercute política e financeiramente o fato de o registro sindical do ANDES estar suspenso, iniciativa que tem por trás a articulação Governo-CUT-Proifes, a presidente em exercício fala sobre os desafios de 2009.

P- Após o pedido de afastamento da presidência por parte do professor Sérgio Prieb, em dezembro de 2008, assumiste a direção do sindicato. Como encaras esse desafio? R- Como dizes é de fato um desafio, pois temos um governo que apresenta um projeto de universidade que cada vez mais parece distante daqueles historicamente defendidos pelo movimento docente. Como exemplo posso citar a nossa própria carreira. A título de reposição, o governo alardeou que teríamos um vultoso aumento salarial a partir de março de 2008, que foi negociado ao final do ano de 2007. Ora! Após o mês de agosto de 2008, quando o contracheque foi recebido sem o retroativo acumulado desde março de

2008, penso que nossos filiados tomaram ciência do que, de fato, representou a nossa “recomposição salarial”. Mas a meu ver isso não é o mais alarmante, o mais preocupante, como já abordei, foi a modificação ocorrida em nossa carreira, através da diferenciação de percentuais repositórios. Esta negociação, ocorrida ao final de 2007, que o ANDES se recusou a assinar, pois excluía os servidores do ensino médio, fere e quebra a isonomia da nossa carreira e este é um dos princípios fundamentais para a constituição uma categoria. P- O grupo de professores que comanda a SEDUFSM enfrenta um momento difícil, que decorre do fato de o ANDES estar temporariamente com seu regis-

tro sindical suspenso, o que está impactando na própria arrecadação do sindicato. Qual a perspectiva desse problema ser solucionado? R- Sofremos um decréscimo de 1/3 da nossa arrecadação mensal. Evidentemente vivenciamos uma situação nada confortável em termos de finanças, porém, já estamos implementando várias medidas para conter gastos e, atualmente, estamos solicitando aos nossos filiados que autorizem seu débito mensal através de desconto direto em conta, o que acreditamos, minimize o nosso desequilíbrio momentâneo e possibilite a normalização do fluxo arrecadatório. Destaco que alguns de nossos funcionários vem se empenhando em visitas aos departamentos, telefonemas a professores e via e-mail no sentido de recolher estas assinaturas. Esperamos que até o final do mês de março estejamos com a receita e despesa equiparadas. P- Desde julho do ano passado, a SEDUFSM, em função de o ANDES estar com o registro suspenso, está com sua arrecadação momentaneamente reduzida. A alternativa encontrada pela diretoria foi de deflagrar o processo de solicitação da autorização dos associados para o débito em conta da contribuição sindical. Qual a importância de os sindicalizados autorizarem esse desconto direto no banco? R- Para responder é necessário explicar como ainda é realizado o desconto da mensalidade da SEDUFSM. Este se dá mediante o SIAPE do professor através de consignações. O governo federal via Decreto 6.386/2008, alterado em parte pelo Decreto 6.574/2008 e pela Portaria nº 01/2008, estabelece novas normas para recadastramento de entidades consignadas, o que inclui o ANDES-SN e suas seções sindicais. Como é sabido nosso registro está suspenso e uma das condições para o recadastramento é a entidade possuir seu registro sindical, o que vem inviabilizando inclusões – via SIAPE – de novos filiados, descontar quando o filiado muda de classe e/ou nível na carreira e até o desconto sobre as novas gratificações não estamos conseguindo efetivar. Assim, a relevância em autorizar o débito em conta está não apenas em manter a entidade funcionando em termos operacionais, mas principalmente em dar seguimento à luta em favor das pautas relativas ao movimento docente, desde a discussão sobre a nossa carreira, perpassando sobre as mudanças que afetam a universidade hoje e as novas formas de flexibilização do trabalho que afetam diretamente a nossa categoria. P- Em período recente, o conselho fiscal da SEDUFSM levantou questionamentos quanto aos gastos da diretoria, frisando a questão das viagens. Como isso foi respondido em assembléia pela diretoria? R- Na última assembléia datada do dia 15/01 do corrente ano, a resposta da diretoria foi no sentido de esclarecer a todos que ali estavam, inclusive aos membros do conselho fiscal presentes

sobre o que se entende por gastos e o que se entende por investimentos. Penso que uma viagem, como por exemplo, a do dia 06 de setembro de 2008, quando fomos a São Paulo, contando inclusive com um dos membros do conselho fiscal, para participar da assembléia que, através de 485 procurações, “criou” uma entidade paralela ao ANDES-SN, não pode ser considerada gasto. Foi sim um grande investimento, pois apesar de todos os subterfúgios criados que impediram a nossa entrada na sede da CUT, local em que se realizou a dita assembléia, que representou um atentado a mais rudimentar noção de democracia, histórica e politicamente foi uma ação em que demandava a presença máxima de sindicalizados, pois reafirmou que o ANDES é o nosso único e legítimo representante, pois aqueles que fazem parte de sua diretoria e de suas seções sindicais foram eleitos pelo voto direto e não através de procurações e meios eletrônicos. E nós, da SEDUFSM, uma das bases do ANDES, não poderíamos estar alheios a este ato e a este fato. Portanto, é um investimento no sentido de manter a unidade docente. P- No entendimento da direção do sindicato, as ponderações do conselho fiscal são bem fundamentadas? É papel dos conselheiros dizer como a diretoria deve ou não gastar os recursos provenientes da arrecadação dos filiados? R- Como já mencionei, depende do que se entende por gasto e investimento. Há a compreensão de que investir na luta política, ainda que ela reverta em ganhos ao movimento docente, seja um gasto. Isso revela uma concepção de sindicato. Entendo que o sindicato não tem por finalidade o lucro, não é uma empresa que presta serviços de qualquer natureza. Sindicato é a soma de muitas pessoas que tem como interesse maior os ganhos políticos, salariais e da sua carreira, que se congregam para arregimentarem esforços na defesa dos seus direitos de trabalhador, pois entendo que somos trabalhadores da, na e pela educação. Portanto cabe ao conselho fiscal, conforme nosso regimento em seu Art. 43 a “fiscalização a gestão patrimonial e financeira da SEDUFSM”, não sendo, desse modo, propositivo.

Presidente interina acredita que arrecadação se equilibre até fim de março

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EXTRA-CLASSE

Cartola e a música popular no último Cultura na SEDUFSM de 2008 Fotos: FRITZ NUNES

A sorrir, eu pretendo levar a vida. É assim que inicia um dos sambas de Cartola que leva o título de “O sol nascerá”. E era assim que Cartola vivia, com felicidade, apesar dos momentos nem sempre fáceis que enfrentou. A 35ª edição do projeto Cultura na SEDUFSM e a última do ano de 2008 exibiu no dia 10 de dezembro o longa-metragem Cartola, música para os olhos, que narra a história de um dos mais geniais sambistas brasileiros. O documentário mostra um panorama da vida do compositor. Do menino que não gostava de estudar, e sempre preferiu um violão aos cadernos; do Cartola que sumiu da Mangueira, nos anos 50, alcoólatra e sem destino. O encontro com Zica, sua Cerca de 40 pessoas assistiram documentário sobre a vida de Cartola

Experiências do cotidiano Brasil três dias antes da morte do criador de ''Quem me vê sorrindo'' e ''Tive Sim''. O professor de música da Unicruz e da UNISC, Eduardo Guedes Pacheco, falou que são muitos os casos de cidadãos anônimos que tocam violão, que compõem e se reúnem no final de semana numa roda de samba. “A Debate teve Orlando Fonseca, Julio Quevedo, diferença é que Zé Everton e Edu Pacheco Cartola teve a Após a exibição do filme, o escritor e o p o r t u n i d a d e d e m o s t r a r s u a professor do departamento de Letras da genialidade. Isso que a gente precisa de UFSM, Orlando Fonseca, fez uma rápida filme para ver acontece toda hora em explanação sobre algumas composições diversos locais da nossa cidade”, A coordenação foi do do letrista. Fonseca enfatizou que o afirmou. repertório de Cartola foi composto a professor do departamento de História partir das experiências cotidianas de e diretor da SEDUFSM, Júlio Quevedo. vida, em rimas simples e com um vocabulário pouco rebuscado. “Ele era capaz de transformar temas da vida simples e palavras do dia-a-dia de maneira peculiar, tinha uma aguda percepção da vida, e uma crença inabalável que o levou a produzir construções poéticas impressionantes”. O músico e coordenador do projeto Cuíca, José Everton Rossini, fez a leitura de uma crônica escrita por Drummond de Andrade para homenagear o compositor mangueirense Angenor de Oliveira, o Pacheco: Cartola foi um gênio descoberto, mas há os anônimos Cartola, que foi publicada no Jornal do

companheira também na música. A junção dos seus nomes batizou a casa de shows “Zicartola”. Cartola foi um dos fundadores da Escola de Samba Mangueira, a popular verde e rosa. Compôs mais de 500 canções, mas apenas com 66 anos de idade gravou o primeiro disco. Participou de programas de televisão, mas suas letras alcançaram sucesso na voz de intérpretes como Nara Leão e Beth Carvalho. A única mágoa do compositor foi não ter suas canções gravadas por Roberto Carlos. O cantor teria se recusado a gravar as composições de Cartola por discordar de uma das letras mais famosas do sambista, “As rosas não falam”. O documentário foi lançado em 2006, tem duração de 85 minutos, é dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.

Funk e o papel da mídia Os questionamentos da platéia foram em relação a atual configuração do cenário da música popular brasileira. O funk, com letras depreciativas pode ser considerado cultura, e qual o papel da mídia na sua divulgação? De acordo com os debatedores, precisamos Grupo de percussão do CUICA considerar o momento que vivemos. As letras de Cartola dificilmente alcançariam o mesmo sucesso do funk nos dias atuais, e cada época tem suas manifestações, fruto do espaço social em que seus autores estão inseridos, e não cabe a nós fazer julgamentos. O Cultura na SEDUFSM encerrou ao som do samba tirado dos pandeiros do Grupo de percussão integrante da Associação CuICA (Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes). Veja entrevista com Zé Everton, coordenador do grupo, na seção “Com a palavra”, nas págs. 08 e 09. Cerca de 40 pessoas participaram da atividade cultural no auditório do sindicato, dia 10 de dezembro.

REINALDO PEDROSO

- Acordo Ortográfico benfeito ou mal-feito?

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Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

ARTIGO

40 anos depois do AI-5 40 anos depois, o 13 de dezembro de 1968 medidas, no entanto, foram insuficientes para continua a travar sua luta contra certa memória. “pacificar” uma população talhada na tradição da Naquela fatídica data, a Ditadura Civil-Militar, resistência. Se operários e lideranças do campo e de instaurada pelo Golpe de 1964, aprofundava a partidos foram reprimidos ao nascer do Golpe, repressão do seu regime. restaram os intelectuais, os artistas, os estudantes, Se em quatro anos e meio, os golpistas não os militantes clandestinos e outros tantos que não se conseguiram impedir a resistência ao modelo intimidaram, denunciando a Ditadura aqui e no associado e dependente, o AI-5 foi derradeiro para exterior. concluir o processo iniciado em 31 de março. Foi contra essa resistência que se deu o que se Logo que tomaram o poder, depondo o governo convencionou chamar de “Golpe dentro do Golpe”. legítimo, legal e constitucional de Jango, os O que certa historiografia e a majoritária memória reacionários asseclas do Tio Sam na América Latina midiática tentam mascarar, depois de 40 anos, foi o procuraram demover a organização da sociedade apoio político-econômico de grandes corporações civil construída no período democrático, entre 1945 nacionais e multinacionais, financiadoras do a 1964. regime para seus interesses. Os primeiros alvos foram os Apenas em “contos da carochinha” “Os movimentos sociais do campo (como as ainda se acredita que os militares da Ligas Camponesas), as organizações “linha dura” foram os únicos primeiros sindicais (como o Comando Geral dos protagonistas do AI-5. Só em visões Tr a b a l h a d o r e s – C G T ) e a s alvos foram os justificadoras e coniventes com o instituições partidárias do campo terrorismo de Estado, que matou, que movimentos torturou, popular, trabalhista, democrático e que exilou, que reprimiu, sociais” socialista. Seus líderes foram que escorraçou de cargos públicos seus colocados na lista dos “inimigos da “inimigos”, pode se encontrar o pátria”, tudo para que se consolidasse a argumento extemporâneo e a-histórico de “redentora”, auto-denominada “revolução”, para que o fim do habeas-corpus, a instituição da pena varrer do Brasil a transformação e o progresso de morte, a criação dos decretos-secretos (tão social, como as “Reformas de Base” – a reforma execráveis como a retroativade da lei dos tempos agrária, a reforma urbana, a reforma universitária, a nazistas) e tantas outras anomalias jurídicas, foram reforma administrativa, a reforma tributária, etc. construídas como conseqüência da luta armada e de Não é verdade, como querem determinadas esquerda. viúvas de uma memória que justifica o corte A partir do AI-5 a Ditadura consolidou seu projeto abrupto da democracia, que o Brasil estava que, em 21 anos de duração, elevou a dívida externa ameaçado pelo comunismo. As reformas propostas, de 4 para 100 bilhões de dólares, massacrou todas elas nada socializantes, procuravam gerações e impediu que o desenvolvimento sócioarredondar a revolução burguesa incompleta, econômico do país encontrasse maioria de seu dirigida por uma elite “sócia menor” do estrangeiro, povo. defensora do latifúndio monocultor e exportador e Passados 40 anos do AI-5 ainda disputamos essa do imperialismo ávido em manter estruturas memória. Falta a abertura de muitos arquivos para o colonialistas de dominação. completo resgate desta história, sempre em As medidas autoritárias, e não foram poucas, consonância com o lema anti-ditadura: “para que através de quatro Atos Institucionais e outras não se esqueça, para que nunca mais aconteça”.

Diorge Alceno Konrad Professor de História da UFSM, Doutor em História Social do Trabalho pela Unicamp (SP)

DICA CULTURAL Operação Condor, o seqüestro dos uruguaios. Uma reportagem dos tempos da ditadura.

Autor: Luiz Cláudio Cunha

Quem leu? Vitor Biasoli*

Editora: L&PM, 2008, 464 páginas

LIVRO

Em novembro de 1978, os órgãos de repressão do Uruguai mais o DOPS gaúcho realizaram uma ação conjunta em Porto Alegre. Eles prenderam e torturaram Lílian Celiberti e Universindo Dias, dois membros do PVP (Partido da Vontade do Povo) que residiam legalmente no Brasil. Os agentes dos órgãos de repressão do Uruguai e Brasil estavam abrigados por um acordo entre as polícias do Cone Sul, capitaneadas pela DINA chilena: a Operação Condor. Organizada em 1975, as “asas do Condor” abrigavam um acerto de colaboração para troca de informações, busca, prisão e às vezes interrogatório e tortura dos inimigos políticos dos países membros (Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil). Lílian e Universindo caíram na malha da Condor, mas sobreviveram. O jornalista Luiz Cláudio Cunha, então chefe da sucursal da Veja em Porto Alegre, recebeu a notícia de que algo de sinistro estava ocorrendo e foi conferir junto com o fotógrafo J.B. Scalco. Os dois encontraram uma situação “estranha” no apartamento onde residiam os uruguaios e arregaçaram as mangas. O livro Operação Condor: o seqüestro dos uruguaios é o relato minucioso desse “arregaçar as mangas”: a investigação jornalística a respeito do caso e também os seus desdobramentos policiais, jurídicos e políticos. Organizado em duas partes, o livro tem as primeiras 340 páginas como uma espécie de história policial: o relato documentado de um episódio que desnudou a segurança interna do Estado brasileiro. Na segunda parte, o autor apresenta dois longos anexos sobre o Uruguai e a Operação Condor. Mais do que o relato e o registro de uma operação truculenta, o livro, no seu conjunto, é uma radiografia de um episódio que terminou confrontando “o sistema de repressão em que se sustentava o Regime Militar” brasileiro. Uma obra imprescindível para quem se interessa pela história política, policial e também da imprensa daqueles tempos em que os governos brasileiros eram orientados pela Doutrina de Segurança Nacional. Um livro que pode ser lido como um thriller policial. (* Prof. do depto. de História da UFSM)

S I N D I C AT O

ANDES NACIONAL

SEDUFSM

Encarte Especial Fevereiro de 2009

Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

Salário docente em 2009 Acompanhe a seguir, neste encarte, a análise técnica efetuada pelo professor do departamento de Ciências Econômicas da UFSM e diretor da SEDUFSM, Ricardo Rondinel, a respeito do reajuste concedido em 2009.

A inflação de 2008 ficou em 6,5% pelo INPC e 9,8% pelo IGP-M. O primeiro índice geralmente é usado nos dissídios coletivos de trabalhadores. O segundo corrige contratos de alugueis, planos de saúde, mensalidades escolares. Nas campanhas salariais, geralmente os trabalhadores reivindicam a inflação passada como forma de manter o poder aquisitivo dos salários. No caso dos professores da Universidade Federais, o Governo impôs em 2008 uma reestruturação nas carreiras que desestruturou a hierarquia salarial das universidades, criando muitas situações injustas. Para fevereiro de 2009 na UFSM estão previstos para professores não titulares, em regime de dedicação exclusiva, percentuais de reajuste que chegam a ser inexpressivos. Para graduados e com curso de aperfeiçoamento, os percentuais de “reajuste” variam entre 0% e 1,1%. Para professores com doutorado, que representam 50% da categoria entre ativos e aposentados, em média 3,2%. Para professores com curso de especialização, 5%. Para docentes com Mestrado, 10%. Apenas para professores titulares (9% do total) e associados (18% do total) o reajuste será acima da inflação. Para Titulares, 13% e Associados, 18%.

ÍNDICE INTRODUÇÃO DOCENTES DO MAGISTÉRIO SUPERIOR Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$) Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais) DOCENTES DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$) Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais)

2 3 3 3 4 4 4

A reestruturação da carreira docente imposta em 2008, pelo Governo Lula, vem gerando grande inconformidade não apenas pelos reajustes abaixo da inflação, mas também porque a carreira docente nas Universidades Federais está obsoleta. Na quase totalidade das novas contratações, no caso do magistério superior, exige-se o curso de doutorado. Em 14 anos, um docente com essa titulação estará em final de carreira (professor associado 4). Entretanto, pela legislação atual, o tempo de trabalho é de 35 anos para os homens e 30 para as mulheres. Ou seja, a carreira docente ficou curta para o horizonte do tempo de aposentadoria.

02

ENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

INTRODUÇÃO

Aumento salarial em valores e percentuais dos docentes de ensino superior, ensino básico, técnico e tecnológico previsto para fevereiro de 2009

Apresentamos a seguir o aumento salarial decorrente da MP 431 de 14 de maio de 2008, previsto para o ano de 2009. Para a carreira do Magistério Superior, a partir de fevereiro de 2009, está prevista a incorporação dos 160% da Gratificação de Atividade Executiva (GAE) no Vencimento Básico (VB). Entretanto, deste VB foram retirados os incentivos de titulação (aperfeiçoamento, 7,5%; especialização, 18%; mestrado, 37,5%; doutorado, 75%) que fazem parte do referido VB desde a criação do atual Plano de Carreira, Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE), aprovado pela Lei 7.596, de 10 de abril de 1987. Deste modo, a partir de fevereiro de 2009, deixam de existir esses incentivos de titulação como integrantes do VB. Em substituição aos incentivos de titulação do PUCRCE foi criada a Retribuição por Titulação (RT) expressa em valores nominais e diferenciada para cada classe, nível e titulação. Os valores são expressos em moeda brasileira (Reais), mas sem nenhuma vinculação com o VB. Também a partir de fevereiro de 2009 desaparece a Gratificação Temporária do Magistério Superior (GTMS) que foi criada em março de 2008 em substituição à Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Em lugar da GTMS foi criada a Gratificação Específica do Magistério Superior (GEMAS). A diferença entre a GED, a GTMS e a GEMAS é que esta última também é expressa em valores nominais, mas é diferenciada apenas por classe e nível. Portanto, não haverá mais diferenciação nesta gratificação, ora criada, por titulação. A forma como a GEMAS foi criada leva a acreditar que o objetivo do Governo é não conceder reajustes no VB e sim, continuar com a política de criação de gratificações, que foi iniciada durante o governo Collor, em 1992, quando em vez de conceder reajustes no VB foi imposta a criação da GAE. O quadro abaixo mostra um comparativo da alteração que a remuneração terá em fevereiro de 2009. Deve lembrar-se que docentes ativos e aposentados passaram a ter a mesma composição de remuneração desde março de 2008, sem considerar as vantagens pessoais embutidas na remuneração de cada docente.

Estrutura da Remuneração dos Docentes do Magistério Superior Situação atual

Alteração em fevereiro de 2009

Finalmente, em relação ao Magistério Superior há que se salientar que na MP 431 não é possível visualizar o vencimento básico para a classe de professor auxiliar, nível 1. Portanto, em nossos cálculos comparativos não foi possível considerar tal classe. Por outro lado, na carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, a partir de fevereiro de 2009 serão concedidos reajustes na Gratificação Específica de Atividade Docente do Ensino Básico Técnico e Tecnológico (GEDBT) e na Retribuição por Titulação (RT), que foram criadas em julho de 2008. Não há previsão para 2009 de reajustes no VB dos docentes desta carreira. As tabelas a seguir apresentam o aumento salarial em valores e percentuais dos docentes de Ensino Superior, Ensino Básico, Técnico e Tecnológico previsto para fevereiro de 2009.

continua >

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

TABELAS

03

ENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

Elaboradas pelo Prof. Ricardo Rondinel

DOCENTES DO MAGISTÉRIO SUPERIOR ATIVOS e APOSENTADOS Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$)

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais)

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA CLASSE

TITULAR

ASSOCIADO

ADJUNTO

ASSISTENTE

AUXILIAR

NÍVEL

1

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

419,03

456,41

514,11

871,34

DOUT.

CLASSE

1.541,41

TITULAR

NÍVEL

1

ASSOCIADO

ADJUNTO

ASSISTENTE

AUXILIAR

ADJUNTO

ASSISTENTE

AUXILIAR

10,1%

10,3%

10,9%

14,6%

17,3% 18,8%

1.482,61

3

18,3% 17,9%

ASSOCIADO

2

1.419,82

2

1

1.366,14

1

17,6%

4

20,00

42,70

223,63

494,46

270,76

4

0.6%

1,1%

5,6%

10,1%

3,9%

3

0,00

13,32

186,82

441,42

207,34

3

0,0%

0,4%

4,8%

9,3%

3,1%

ADJUNTO

2

0,00

3,03

169,22

413,28

165,84

2

0,0%

0,1%

4,5%

8,9%

2,5%

1

7,37

7,36

166,37

392,61

225,71

1

0,2%

0,2%

4,5%

8,7%

3,5%

4

22,26

22,25

168,26

364,75

4

0,7%

0,7%

4,8%

8,5%

3

27,58

27,58

167,42

396,25

3

0,9%

0,8%

4,9%

9,5%

2

29,59

29,59

163,71

422,48

2

1,0%

0,9%

4,9%

10,3%

1

29,60

29,60

158,31

445,53

1

1,0%

1,0%

4,8%

11,1%

4

29,59

29,60

148,38

4

1,0%

1,0%

4,7%

3

29,59

29,59

143,57

3

1,0%

1,0%

4,7%

2

29,59

29,58

138,98

2

1,1%

1,0%

4,6%

ASSISTENTE

AUXILIAR

1

NÍVEL

1

40 HORAS

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

DOUT.

CLASSE

29,00

-0,02

148,84

-6,26

135,29

TITULAR

NÍVEL

1

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

DOUT.

1,0%

0,0%

4,5%

-0,2%

2,6%

4

37,34

4

0,8%

3

50,91

3

1,1% 1,4%

ASSOCIADO

2

65,99

2

1

129,41

1 4

1,0%

1,0%

5,0%

0,9%

3,1%

2,8%

4

26,46

26,45

143,21

29,00

129,54

3

35,46

35,47

147,42

29,00

159,44

3

1,4%

1,3%

5,3%

0,9%

3,9%

2

45,09

45,10

152,32

29,02

189,88

2

1,8%

1,7%

5,6%

0,9%

4,8%

1

54,75

54,75

157,35

29,01

219,88

1

2,2%

2,1%

5,9%

1,0%

5,6%

4

52,79

52,80

147,00

36,48

4

2,2%

2,1%

5,7%

1,3%

3

29,01

32,50

119,25

44,03

3

1,2%

1,3%

4,7%

1,6%

2

29,01

32,48

115,53

48,44

2

1,3%

1,4%

4,7%

1,7%

1

29,02

32,50

112,14

50,99

1

1,3%

1,4%

4,8%

1,9%

4

29,01

32,49

63,67

4

1,3%

1,4%

2,8%

3

29,02

32,49

46,09

3

1,3%

1,5%

2,1%

2

29,01

32,49

48,04

2

1,4%

1,5%

2,2%

ADJUNTO

ASSISTENTE

AUXILIAR

1

NÍVEL

1

20 HORAS

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

27,63

43,38

49,05

50,38

4 ASSOCIADO

DOUT.

3

20 HORAS

TITULAR

MEST.

4

1

CLASSE

ESPEC.

1.563,80

40 HORAS

TITULAR

APERF.

4

1

CLASSE

GRAD.

DOUT.

CLASSE

49,43

TITULAR

51,25

NÍVEL

1

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

DOUT.

1,4%

2,1%

2,3%

2,1%

1,7%

4

1,9%

3

54,60

3

2,1%

2

40,37

2

1,6%

1

40,17

1

57,22

40,18

4

1,6%

1,7%

1,9%

2,8%

1,7%

36,02

ASSOCIADO

1,6%

4

27,63

30,94

3

27,63

30,94

40,02

59,50

39,64

3

1,6%

1,7%

2,2%

3,0%

1,7%

2

27,63

30,94

40,87

62,73

39,14

2

1,6%

1,7%

2,2%

3,2%

1,7%

1

27,63

30,94

41,84

65,49

38,69

1

1,6%

1,8%

2,3%

3,4%

1,7%

4

27,63

30,94

39,39

67,51

4

1,7%

1,8%

2,3%

3,6%

3

27,63

30,94

40,74

70,06

3

1,7%

1,8%

2,4%

3,8%

2

27,63

30,94

42,07

73,44

2

1,7%

1,9%

2,5%

4,1%

1

27,63

30,94

43,57

76,22

1

1,7%

1,9%

2,6%

4,3%

ADJUNTO

ASSISTENTE

4

27,63

30,94

42,11

4

1,8%

1,9%

2,6%

3

27,63

30,94

43,88

3

1,8%

2,0%

2,8%

2

27,63

30,94

45,75

2

1,8%

2,0%

2,9%

1

AUXILIAR

1

continua >

04

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

ENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

TABELAS

Elaboradas pelo Prof. Ricardo Rondinel

DOCENTES DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO ATIVOS e APOSENTADOS Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$)

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais)

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA CLASSE

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA MEST.

DOUT.

CLASSE

1.541

U

3

788

1.564

DV

2

893

1.483

NÍVEL

GRAD.

APERF.

ESPEC.

U DV

1

NÍVEL

GRAD.

APERF.

ESPEC.

MEST.

DOUT.

17,3% 3

13,7%

18,8%

2

16,1%

18,3%

894

1.410

16,3%

17,8

D IV

S

419

456

419

894

1.366

D IV

S

10,1%

10,3%

8,5%

16,4%

17,6%

D III

4

0

23

23

474

251

D III

4

0,0%

0,6%

0,5%

9,7%

3,6%

3

0

13

13

441

207

3

0,0%

0,4%

0,3%

9,3%

3,1%

2

0

3

3

413

166

2

0,0%

0,1%

0,1%

8,9%

2,5%

1

7

7

7

393

226

1

0,2%

0,2%

0,2%

8,7%

3,5%

4

22

22

22

365

234

4

0,7%

0,7%

0,6%

8,5%

3,7%

3

28

28

28

396

232

3

0,9%

0,8%

0,8%

9,5%

3,7%

2

30

30

30

422

246

2

1,0%

0,9%

0,9%

10,3%

4,0%

1

30

30

30

446

253

1

1,0%

1,0%

0,9%

11,1%

4,1%

4

30

30

30

546

246

4

1,0%

1,0%

0,9%

14,4%

4,1%

3

30

30

30

556

284

3

1,0%

1,0%

0,9%

14,8%

4,8%

2

30

30

30

567

322

2

1,1%

1,0%

1,0%

15,6%

5,5%

1

30

30

30

507

354

1

1,1%

1,1%

1,0%

14,1%

6,2%

ESPEC.

MEST.

DOUT.

NÍVEL

GRAD.

ESPEC.

MEST.

DOUT.

D II

DI

1

D II

DI

40 HORAS CLASSE

NÍVEL

GRAD.

APERF.

40 HORAS

135

U

3

29

130

DV

2

29

130

U DV

CLASSE

1

APERF.

2,6% 3

0,8%

2,8%

2

0,8%

2,8%

29

130

0,8%

2,8%

D IV

S

29

29

29

29

130

D IV

S

1,0%

0,9%

0,8%

0,8%

2,8%

D III

4

29

29

29

29

130

D III

4

1,1%

1,1%

1,0%

0,9%

3,1%

3

29

29

29

29

159

3

1,1%

1,1%

1,0%

0,9%

3,9%

2

29

29

29

29

190

2

1,1%

1,1%

1,0%

0,9%

4,8%

1

29

29

29

29

220

1

1,2%

1,1%

1,0%

1,0%

5,6%

4

29

29

29

36

97

4

1,2%

1,2%

1,1%

1,3%

2,6%

3

29

32

29

44

97

3

1,2%

1,3%

1,1%

1,6%

2,6%

2

29

32

29

48

97

2

1,3%

1,4%

1,1%

1,7%

2,6%

1

29

32

29

51

97

1

1,3%

1,4%

1,2%

1,9%

2,7%

4

29

32

44

50

97

4

1,3%

1,4%

1,9%

1,9%

2,7%

3

29

32

46

49

97

3

1,3%

1,5%

2,1%

1,9%

2,7%

2

29

32

48

49

97

2

1,4%

1,5%

2,2%

1,9%

2,8%

1

29

32

50

49

97

1

1,4%

1,5%

2,3%

2,0%

2,8%

ESPEC.

MEST.

DOUT.

D II

DI

1

D II

DI

20 HORAS CLASSE

NÍVEL

GRAD.

APERF.

20 HORAS ESPEC.

MEST.

CLASSE

49

U

3

53

51

DV

2

57

1

57

U DV

DOUT.

NÍVEL

GRAD.

APERF.

1,7% 3

2,3%

1,9%

55

2

2,5%

2,1%

40

1

2,6%

1,6%

D IV

S

28

43

49

57

40

D IV

S

1,4%

2,1%

2,3%

2,6%

1,6%

D III

4

28

31

36

57

40

D III

4

1,6%

1,7%

1,9%

2,8%

1,7%

3

28

31

40

60

40

3

1,6%

1,7%

2,2%

3,0%

1,7%

2

28

31

41

63

39

2

1,6%

1,7%

2,2%

3,2%

1,7%

1

28

31

42

65

39

1

1,6%

1,8%

2,3%

3,4%

1,7%

4

28

31

39

68

38

4

1,7%

1,8%

2,3%

3,6%

1,8%

3

28

31

41

70

38

3

1,7%

1,8%

2,4%

3,8%

1,8%

2

28

31

42

73

38

2

1,7%

1,9%

2,5%

4,1%

1,8%

1

28

31

44

76

38

1

1,7%

1,9%

2,6%

4,3%

1,8%

4

28

31

42

100

38

4

1,8%

1,9%

2,6%

6,0%

1,8%

3

28

31

44

103

38

3

1,8%

2,0%

2,8%

6,4%

1,9%

2

28

31

46

108

37

2

1,8%

2,0%

2,9%

6,8%

1,9%

1

28

31

48

111

37

1

1,9%

2,0%

3,1%

7,0%

1,9%

D II

DI

D II

DI

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