Eli ~ A Janela Iluminada

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  • Words: 429
  • Pages: 38
ELI

A JANELA ILUMINADA FOTOGRAFIAS

FOTOGRAFIAS DE ELI Legendas de Gundula Steglitz

Braços nús para acolher o Inverno, espectros esquálidos amigos do vento.

Incêndio no céu, o fogo derradeiro do Sol que morre. O excesso da Luz, o grito antes da Noite.

Pássaros de sombra, asas de vento, silêncios de névoa no acabar, sempre suspenso, do tempo.

Pôr-do-sol Põr-do-dia Pôr-do-vento, repousa o tempo no sulco da noite aguardam manhãs o Despertar

O que resta do que resta do Verão que se acaba. O caminho que recomeça para reencontrar a Primavera.

Árvore pintada de sol poente, cor do vento que a ilumina e em silêncio se esvai e desaparece.

Água desarticulada, meandros desfeitos gota a gota. Composição efémera de um artista louco, soberanamente desconhecido.

Tronco de lenho e seiva a força da vida em pé!

Olhar felino do fundo do Tempo, olhar, que o Homem, nunca domesticou.

Braços de sombra e vento guardados em botão, esperando uma Primavera.

Contra a luz, a sombra recortada da cidade, uma cidade outra, muda, adormecida.

Pombas no limiar da noite, trazem uma sombra sensível da Liberdade.

Pássaros serenos velas vivas navegando no vento apagado do sol poente.

Arde o céu sem um lamento, esconde-se o Sol no véu do Tempo.

O frio que desce e repousa, de branco, no rigor pálido do Inverno.

Árvores nuas, novelos de silêncio como fantasmas do desespero.

Asas que voam e que pousam sem o destino de ficar.

Como se uma flor, uma couve, uma prosaica couve, vestida de branco.

Uma gota de orvalho, uma pinga de chuva presa em cama colorida de Outono.

Não a lua patética dos poetas ou o destino dos astronautas, apenas luz, um foco suave que iluminará a tua Noite.

O Sol que, enfim, se deixa olhar.

Ramos secos gritos sólidos, despojos, de árvore morta.

Como revolta de vento e fúria, luz fantástica, chama de nenhum fogo.

Esvai-se o olhar na vastidão quebrada da serra, muros com distância.

Pássaros tranquilos olhando o crepúsculo, vultos, assumindo a Noite.

Paisagem lenta do Outono derramado

Ondas desencontradas num mar de vento, vazio de barcos com o Sol em desalento.

Vulto de Homem que quer encontar no mar a Razão de um dia mais.

Sombras aguardam, pacientes, sem ter medo do escorrer do Tempo.

Corola, inundada de cor, amamentando.

Bailado imóvel de folhas efémeras, escultura orgânica acontecida.

Como súplica de mãos descarnadas, no azul frio do Inverno.

Pôr-do-sol reinventado a preto e branco.

Voavam como folhas de sombra, dispersas pelo vento.

Nuvens de luz, farrapos, acima de todas as Verdades.

Adormece o Sol exausto, no mar da Noite.

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