Boletim Athanor 016 Junho 2007

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  • Words: 10,128
  • Pages: 20
BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16

BOLETIM ESOTÉRICO Edição n.º 16 – Junho de 2007 (Ano 2)

Nesta Eedição: Editorial

“Felicidade”, Pelo R∴Ir∴ Ulisses “O Mistério da Forma” (4), Pelo R∴Ir∴J. Barão “Dicionário da Maçonaria” (10), Pelo R∴Ir∴ Jeremias Serapião

“Efemérides Maçónicas”, Pelo R∴Ir∴ J. Melo Brás “Mitos Gregos: Apolo”, Pelo R∴Ir∴ João Silas “Estamos de Passagem” e “Isaac Newron e o Cientista Ateu”, Pelo R∴Ir∴ M. Afonso “Palavras de Ísis” (7), Tradução do Frater Lugh “O Mito de Ísis e Osíris” (2), Pelo R∴Ir∴ G. Sequeira

“A Pedra Angular …” (12), Pelo R∴Ir∴ Fr∴ Incógnitus

“A Santíssima Trinosofia” (6), Conde de S. Germain

“Kabbalah”, Adaptação do R∴Ir∴ A. Secretus “ADN e Emoções” (Das Investigações de Gregg Braden), Coordenação do R∴Ir∴ João Guimarães

“Palavras Sábias”, Recolha org. p/ R∴Ir∴ T. Cabral

1

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16

E

MOTIVAÇÃO

DITORIAL

No dia 24 de Junho tem lugar uma importante efeméride do Rito Egípcio de Memphis e Misraïm: o 2º aniversário da sua implantação por estas terras herméticas1. Para além de se tratar de um relevante acontecimento para a história da Arte Real, veio trazer a inúmeros obreiros a oportunidade de vivenciar uma das mais antigas e puras tradições iniciáticas e ritualísticas, à qual pertenceram Cagliostro, Napoleão, Garibaldi, Blavatsky, Yarker, Besant, Leadbeater, Reuss, Steiner e Papus, entre muitas outras figuras de destaque. Como o tempo passa… Damos por nós a preparar o Athanor, continuamente, como se os meses fossem dias… e deixasse de haver noites. Mas o Athanor vale bem esse esforço, e sentimo-nos compensados quando olhamos para o trabalho já efectuado. Perdoem-nos os leitores esta nossa fraqueza, mas c r e i a m q u e n ão é va i da d e n em o r gu lho . É simplesmente satisfação e alegria. É puro júbilo ! Na nossa capa apresentamos a imagem de Cagliostro, que foi, sem dúvida alguma, um dos maiores sábios herméticos e humanistas que esta terra teve o previlégio de conhecer. Os que o quiseram denegrir, insistiram em confundi-lo com Joseph Balsamo2, e até pessoas de boa fé se deixaram iludir e enveredaram por este caminho… Mas os que conhecem a história oculta do mundo sabem quem ele era (e é) e qual a sua importante missão.

TT∴AA∴FF∴ para TODOS. Os artigos apresentados são da responsabilidade dos seus autores e poderão eventualmente, num ou noutro aspecto, não expressar os pontos de vista dos fundadores.

1

O Deus Egípcio Thoth (Hermes) foi venerado pelos Celtas como “Lugh”. As tribos que o veneravam designavam-se por “Tanus” (seria o termo Celta para a palavra “tribo”). Por isso, os “Lusitanos” (Lugh + Tanus) eram o “povo de Lugh” (ou de Hermes). 2 Joseph Bálsamo estava ao serviço da “Santa Inquisição”, para ridicularizar Cagliostro, servindo-se para isso da sua extraordinária semelhança física.

FELICIDADE Pelo R∴Ir∴ Ulisses

Felicidade? Procuro-a, apesar da dificuldade insuperável, de não saber o que procuro... Porque nestas coisas convém saber o que outros, mais apetrechados que nós, já pensaram sobre o assunto, fiz uma incursão nalguns dos poucos livros que possuo (são sempre poucos os livros que possuímos...), na esperança de retirar deles ensinamentos para guardar as poucas e desarrumadas ideias que tenho sobre o assunto. Comecei por ir às origens da filosofia e dei por mim a ler Aristóteles. Eu sabia que para os Gregos (antigos) o fim último da vida era a procura da Felicidade, sendo precisamente com o elogio da Felicidade que Aristóteles começa a sua "Ética a Nicómaco", livro em que define a Felicidade como sendo o "prazer supremo". A Felicidade é, para Aristóteles, o fim para o qual se deve encaminhar toda a nossa vida. Toda a acção humana teria, pois, por fim a Felicidade, soberano bem e fim último da vida humana. Aos seus olhos, um homem é Feliz quando realiza aquilo para que foi feito e, como realizar aquilo para que foi feito é dever do homem, ele tem o dever de ser Feliz. Sendo os deveres correlativos aos direitos, a Felicidade também é um direito que deve estar acessível a todos os homens. Aristóteles considera (tal como Platão), que o homem é espírito. Sendo tarefa do homem o exercício do pensamento é aí, exactamente aí, que reside a Felicidade. É certo que cada um a procura à sua maneira, mas mesmo aqueles que a rebuscam num hedonismo que lhes compraz o corpo, mesmo esses, mais não fazem do que utilizar o corpo como instrumento do espírito...

2

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 Li Aristóteles. Gostei do que li, mas fiquei tão esclarecido como já estava... Fiz depois uma incursão num dos Doutores da Igreja. Abri "O Livre Arbítrio" de Santo Agostinho e caí no Capítulo 14, da terceira parte do livro I – "Motivo de nem todos conseguirem a desejada Felicidade". E o Doutor da Igreja lá diz que "não há um só homem que não queira e deseje, de todos os modos, viver uma vida Feliz". Deduz o Santo que, se há quem

não

consiga

ser

Feliz é porque o não merece. Todos querem a Felicidade, mas nem todos podem ser Felizes, pois nem todos querem viver com rectidão, única forma de

ter

direito

à

Felicidade... Li

Santo

Agostinho.

Gostei do que li, mas fiquei

tão

esclarecido

como já estava depois de ter lido Aristóteles... E saltei para Kant, para os seus "Fundamentos da Metafísica dos Costumes". Como ele discorre, sobre " o poder, a riqueza, a honra, a saúde, todo o bem e esse perfeito contentamento a que se chama Felicidade, que nos dá confiança" e que, segundo ele "frequentemente até degenera em presunção”. Nas suas palavras a boa vontade parece ser condição indispensável para nos tornarmos dignos e Felizes, sendo que a boa vontade apenas existe pelo querer, residindo no princípio da vontade, e não no sentido do dever, o mérito do que fazemos. Acrescenta o filósofo que "por um lado a Felicidade é empírica e tirada da experiência e, por outro, a ideia de Felicidade exprime um todo absoluto, um máximo de bem estar presente e futuro tão indeterminado que, muito embora todos queiram ser Felizes ninguém pode dizer de maneira determinada e consequente o que deseja e quer verdadeiramente". Por outras palavras: nenhum homem consegue determinar com plena certeza o que o tornaria verdadeiramente Feliz. E remata o filósofo dizendo que "uma coisa é fazer um homem Feliz, outra torná-lo bom" e que, por isso, nem sempre os caminhos da Felicidade são os da virtude...

Li Kant. Gostei do que li, mas fiquei tão esclarecido como já estava depois de ter lido Santo Agostinho e Aristóteles... E parti à redescoberta de Schopenhauer (filósofo que por curiosidade li há muitos anos, depois de o ver referido em várias obras de Eça). Em "Dores do Mundo", colectânea dos seus pensamentos, (re)apercebo-me que o filósofo é uma autentica destilaria de pessimismo. Diz-nos ele que "a primeira metade da vida é uma infatigável aspiração à Felicidade e a segunda metade é dominada por um doloroso sentimento de receio, porque percebemos que ela não passa de uma quimera e que só o sofrimento é real". Acrescenta que "a vida do homem oscila entre a dor e o tédio", porque "só sentimos a dor mas não a ausência de dor e porque o tédio nos dá a noção do tempo". Só "sentimos a inquietação mas não a ausência de inquietação; sentimos mais o temor que a segurança" e, "à medida que os prazeres aumentam, ficamos insensíveis, porque o hábito não é um prazer". No meio de tantas dores e misérias a Felicidade não existe. Reli Schopenhauer. Não sei se gostei do que li, mas fiquei tão esclarecido como já estava depois de ter lido Kant, Santo Agostinho e Aristóteles… E passei pelo " Existencialismo é um Humanismo": Sartre e Camus à lapela de Virgílio Ferreira. E (re)concluí que existimos antes de sermos o que somos. E que fomos abandonados no mundo à mercê dos valores que nós próprios, pacientemente, construímos.

3

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 Condenados à liberdade só nós somos responsáveis pelos nossos actos e somos, por definição, aquilo que fazemos. E a Felicidade? Se não somos Felizes, seja lá isso o que for, a culpa é nossa. Li Sartre e Camus, á lapela de Virgílio Ferreira. Gostei do que li, mas fiquei tão esclarecido como já estava depois de ter lido Kant, Schopenhauer, Santo Agostinho e Aristóteles... E abri ainda "Os Ensaios" de Michel de Montaigne, "A Natureza Humana" de Thomas Hobbes, a "Alegria de Viver e Morrer em Paz" do Dalai-Lama e alguns livros mais... E fiquei sem saber se quanto mais sabemos mais infelizes somos, o que nos conduz à ignorância como estado supremo da Felicidade, ou se a ignorância é a morte, como dizia Pitágoras... E fiquei sem saber se uma Humanidade Feliz só é possível com um Homem novo, porque a construção de um Homem novo tanto tem conduzido às mais fraternais experiências como às mais ferozes tiranias... E fiquei sem saber se sou Feliz, por falta de definição... Foi então que Almada Negreiros me cochichou ao ouvido: Livros? "Deve haver outra forma de um homem se salvar". Se não, estás perdido... Conclui que as Felicidades são tantas que, mais por cautela que por atrevimento, duvido que a Felicidade exista para além daqueles momentos em que nos sentimos aquecidos e bafejados pela sorte... Sou Feliz nos momentos em que estou bem comigo e com os outros...

DA CIÊNCIA O MISTÉRIO DA FORMA… … E DA ENERGIA (4) CAOS E FRACTAIS – PARTE II Pelo R∴Ir∴ Joaquim Barão

FRACTAIS São figuras, como já sabemos. Mas a melodia resultante do “murmúrio das ondas do mar” apresenta também características fractais: sempre aparentemente aleatória mas com um efeito de conjunto agradável, onde qualquer parte é semelhante ao todo, sem nunca saturar, mesmo quando ouvida durante horas, dias ou anos seguidos. Sabemos ao que nos referimos porque já vivemos junto ao mar.

A transposição dos fractais para a música, ou para qualquer outro aspecto da arte, seria coisa mais elaborada e merecedora de um trabalho específico, desenvolvido e fundamentado para o efeito, o qual está longe do âmbito desta simples e despretensiosa exposição de ideias. Então, o que vêm a ser os fractais a que nos queremos referir? Comecemos pela descrição de Geometria dada por dois sábios de épocas diferentes (Kepler e Mandelbrot), onde se revelam pontos de vista que as pessoas aceitam facilmente, ainda que sejam diametralmente opostos. Kepler (1610):

“Por que usar palavras? A geometria existia antes de nós. É co–eterna com o espírito do Deus, é o próprio Deus. A geometria com as suas esferas, cones, hexágonos, espirais, deu a Deus um modelo para a criação e foi implantada no homem como imagem e semelhança de ULISSES Deus”;

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BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 Mandelbrot (1983):

O contorno consiste numa linha cuja grandiosidade vai

“Há alguma razão para a geometria não descrever o formato das nuvens, das montanhas, das árvores ou da sinuosidade dos rios? Nuvens não são esferas, montanhas não são cones, troncos de árvores não são hexágonos e rios não desenham espirais”. Para a Ciência, os fractais correspondem a uma Evolução Paralela na Pesquisa Científica da Teoria do Caos. Como curiosidade, o termo foi criado por Mandelbrot, quando este, ocasionalmente, folheava o dicionário de latim do seu filho, e se deparou com o termo fractus (fracturar, fragmentar), entendendo que era a expressão mais indicada para aquilo que, até então, não considerava mais do que uma abstracção. Na Natureza tudo é fractal, e nada do que se refira ao homem pode ser classificado como “exacto”. Ciências Exactas e Vida não combinam: o que é bom num determinado momento ou circunstância, pode ser mau no momento seguinte, e o Método Científico não pode, de forma alguma, ser aplicado ao homem. Como o fractal é a representação da Natureza, linhas rectas e superfícies planas só existem na artificialidade que o homem gerou para complicar o funcionamento da sua já limitada mente, e construir a sua própria infelicidade (ao procurar o que não lhe é legítimo nem natural; aquilo que a Natureza não reservou para ele). Sintetizando, poderíamos concluir que o Fractal corresponde à Perfeição, enquanto a geometria euclidiana corresponde ao “Erro”. Números inteiros são abstracções inventadas pelo homem! Qualquer aspecto da Natureza revela sempre dimensões fraccionárias.

até ao infinito. No entanto, a área resultante é sempre inferior à área do círculo que a envolve, concluindo-se que uma linha infinita é rodeada por uma área finita. O “Triângulo de Sierpinski”

Este triângulo estabelece-se a partir de um triângulo equilátero, ao qual se unem os pontos médios interiores de cada um dos seus lados, repetindo-se o processo indefinidamente em todos os triângulos obtidos.

Á medida que é ampliado, este triângulo revela sempre a sua definição inicial. É infinito e tem a área zero. São sucessivamente retirados à base os pontos cuja distância ao vértice esquerdo é múltipla de L × (1/2) n, sendo L o comprimento dos lados, e n = 1, 2,.... Os pontos cuja distância ao vértice são produtos de L por um número irracional nunca são removidos (porque os números irracionais não são o quociente de dois inteiros). Ficam assim no conjunto um número infinito de pontos da base. A cada passo, a área reduz-se para 3/4 da área do passo anterior. Se a área inicial for 1, ao fim do primeiro passo é 3/4, ao fim do segundo é 3/4 × 3/4, ao fim do terceiro é 3/4 × 3/4 × 3/4. A área limite é 3/4 × 3/4 × 3/4 × ... = 0.

A “Curva de Floco de Neve”, de Kock

Existem fórmulas e até programas informáticos para

O fractal “floco de neve” obtém-se a partir de um triângulo equilátero, adicionando a cada um dos seus lados, sucessivamente, um triângulo com 1/3 do seu tamanho.

criar e demonstrar a formação dos fractais. Comprovamno de tal modo que algumas imagens chegam a parecer fotografias de paisagens que conhecemos. Tais figuras foram determinadas apenas com o recurso à matemática e à aceleração do processamento de dados, que só um computador pode permitir. Caso contrário, seriam necessárias várias gerações para resolver algumas dessas fórmulas, e só então uma imagem de “paisagem real” poderia ser observada. É evidente que “o Caos geometriza”..., mas não necessariamente da maneira como até há pouco tempo se acreditava! JOAQUIM BARÃO

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MAÇONARIA DICIONÁRIO DA MAÇONARIA (10) Pelo R∴Ir∴ Jeremias Serapião

C

profana e o começo da verdadeira vida. Isto explica a sua presença na câmara de reflexões, quando da cerimónia de iniciação de um novo franco-maçom. A caveira marca a passagem da vida unicamente material para uma existência a partir daí iluminada pela consciência espiritual. Encontram-se igualmente representações em diversas ocasiões no universo maçónico, como no quadro de loja de Mestre, onde está representada por quatro ou seis exemplares, acompanhadas por tíbias entrecruzadas, estas últimas representando, simbolicamente, a matéria.

Carta. A carta e um documento que uma Obediência endereça a uma instituição maçónica que ela reconhece como loja. Através deste título oficial, a que Cerimónias. O número e a especificidade das corresponde um número de Ordem e um nome, a cerimónias maçónicas diferem consideravelmente em Obediência autoriza a loja a trabalhar sob a sua função do contexto em que são iniciadas, do Rito autoridade e de acordo com o seu rito. praticado, da Obediência em causa e do grau a que dizem respeito. Toda a cerimónia depende com efeito, da Constituição e do Regulamento Geral que definem a actividade da Obediência e dos quais decorrem os rituais a que estão intimamente ligadas as cerimonias. Se bem que haja um grande número de cerimónias diferentes, distinguem-se, no entanto, algumas cuja presença existe em quase todos os Ritos: ƒ Iniciação ƒ Aumento de Salário ƒ Banquete ƒ Festa solsticial ƒ Cerimónia fúnebre ƒ Instalação de uma Loja Caveira. A caveira é por excelência a expressão ƒ Instalação de um Grão Mestrado material mais impressiva da morte física. Do ponto de ƒ Inauguração de um Templo maçónico vista iniciático tem, contudo, outro significado: se ƒ Abertura e fecho de um Congresso traduz a morte do profano evoca, ao mesmo tempo, o ƒ Abertura e fecho de uma Assembleia de Grande renascimento do iniciado. É o fim da existência Loja

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BOLETIM BOLETIMMENSAL MENSAL––ED. ED.N.º N.º16 16 Cinco. Desde sempre o número cinco é particularmente carregado de sentido. Já em tempos muito antigos era considerado como o número da prudência e da harmonia.

O número cinco tem igualmente direito a ser citado na evolução dos graus maçónicos, atribuindo-se a cada um deles uma idade simbólica. Após o grau de Aprendiz, a que corresponde a idade simbólica de três anos, e antes do grau de Mestre, que tem sete anos de idade (número carregado de grande significado), é o Companheiro que herda o número cinco e se vê, assim, ligado à energia primordial do homem.

A este respeito lembremos os cinco dedos da mão, os cinco sentidos, e a estrela de cinco pontas que representa um homem de pé com os membros afastados. No Tarot iniciático dos imaginários da Círculo. No universo maçónico, o círculo é a emanação Idade Média – período durante o qual a Maçonaria directa de um dos instrumentos mais representativos operativa se desenvolveu com grande vigor – o cinco da figuração quotidiana: o compasso. É resultado da era atribuído ao papa, símbolo da prudência. Era Sabedoria e do Conhecimento de quem utiliza este inevitável que o número cinco tivesse um papel instrumento. Em função do rito praticado e do grau a considerável no universo maçónico, onde poderá ser que respeita, assim é dado um significado particular ao encontrado em numerosas ocasiões. É uma das maiores círculo, fazendo-o intervir de um modo específico no referências na construção do Templo: a medida de seio dos rituais. Quaisquer que sejam as cinco côvados (1 côvado = 50 cm), está, com efeito, interpretações, conduzem à mesma conclusão: desde omnipresente. Entre outros numerosos exemplos, foi a sempre o círculo é, por excelência, a forma perfeita, o utilizada para as asas dos querubins e para os capitéis símbolo do infinito. das colunas.

Não sendo nossa intenção elaborar um dicionário extenso e completo, devido a razões de espaço e tempo, e face à periodicidade de publicação do Athanor, optámos por apresentar apenas as palavras de cada letra do alfabeto que nos pareceram mais aliciantes. Ainda assim, a listagem apresenta uma significativa extensão.

JEREMIAS SERAPIÃO

7 7

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E

1841 30

FEMÉRIDES3

DE JUNHO (ORDENADAS POR PAÍS, ANO E DIA)

1919 08

Pesquisa do R∴Ir∴ José Melo Brás

Iniciação de Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias. Fundação da Primeira Loja feminina (no Rio de Janeiro), a “Loja Ísis”. Fund∴ da G∴L∴ do Rio de Janeiro. Fund∴ da G∴L∴ do Rio Grande do Norte.

ALEMANHA 1830 23 Goethe celebra o jubileu maç∴, com 81 anos.

1927 22

AMÉRICA (USA) 1789 08 Fund∴ da G∴.L∴ de New Hampshire, na “William Pitt Tavern” (hoje monumento).

COLÔMBIA 1833 17 Fund∴ do G∴O∴.

1733 24

ESPANHA 1780 24

1812 13 1821 11 1889 13 1890 21

1974 23

EQUADOR 1921 19 Fund∴ da G∴L∴.

Benjamin Franklin fundou, na “Old Tun Tavern” a 1.ª L∴ em Philadelfia, com C∴P∴ da G∴L∴ de Massachussets. Fund∴ da G∴L∴ da Louisiana. Fund∴ da G∴L∴ de Alabama. Fund∴ da G∴ L∴ do North Dakota. Nasc∴ do fundador da Ordem DeMolay, Frank Shermann Land (em Kansas City, Missouri).

1874 15 FRANÇA 1736 24

1774 10 1778 07

ARGENTINA 1939 25 Dissidentes da G∴L∴ fundam o G∴O∴ Federal Argentino. BÉLGICA 1907 10 No 3º Congr∴Intern∴ dos SSup∴CCons∴ (com Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Cuba, França, Grécia, Itália, Jurisdições Norte, Sul e Centro da América, México, Paraguai, Portugal, República Dominicana, 1908 08 Suíça, Uruguai e Venezuela) determinou-se o reconhecimento de organismos regulares e irregulares. BRASIL 1822 17 Fundação do Grande Oriente Brasílico, do Rito Adoniramita.

3

Incluir-se-ão apenas as efemérides que estejam directa ou indirectamente relacionadas com o R∴ Egípcio de M∴M∴ ou que, por alguma razão, se revistam de interesse especial.

8

Fund∴ do G∴O∴ de Espanha, e eleito o Conde de Aronda para G∴M∴. O Sup∴Cons∴ abate colunas, na sequência do golpe de Estado. 4 L∴ de Paris, autoconstituídas (sem C∴P∴ de nenhuma Pot∴) reunem-se com 60 IIr∴ e fundam a G∴L∴ de França, que teve como 1.º G∴M∴ o conde Charles Radcliffe. Fund∴ do R∴ de Adopção (maç∴ feminina) pelo G∴O∴ de França. Inic∴ de Voltaire, com 84 anos, na Loja Les Neuf Soeurs (Paris), apoiado por Benjamin Franklin (quando era Embaixador da América em França) e Court de Gebelin. Assistiram 250 IIr.’.. Lalande, que era o V∴M∴, colocou a Voltaire o avental que foi de Helvetius, oferecido pela viuva para aquele acto. Os GG∴MM∴ Papus e Victor Blanchard organizam o “Congr∴ Espiritualista” (Paris), onde se reúnem a Or∴ Martinista, a Or∴ Cabalística R+C e o R∴ de Misraïm, entre outras, dando origem à FUDOSI – Fed∴ Universal de Ordens e Sociedades Iniciáticas (actualmente extinta).

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 1917 28 /30 Congr∴Maç∴ de Paris com a presença dos países aliados e neutros, organizado pela G∴L∴ e G∴O∴ de Franca, para aprovação da Carta preliminar da Soc∴ das Nações. Também decorreu em Berlim uma reunião dos GG∴MM∴ dos países centro europeus. INGLATERRA 1641 08 Foi deliberado autorizar o ingresso na Maç∴ a pessoas que não eram construtores. 1721 21 A G∴L∴ aprova as “General Regulations”, compiladas por George Payne. 1736 03 A G∴L∴ emite C∴P∴ a uma L∴ de Lisboa, que terá sido a 1.ª L∴ de Portugal, fund∴ por Ingleses. A carta fora solicitada em 17 de Agosto do ano anterior. 1739 01 Funeral de J. Anderson, conduzido por 5 padres maç∴ e pelo Reverendo Desaguliers. 1772 ? Estabelecido um Tratado entre o R∴ dos Clérigos e a Estrita Observância. 1934 27 A Rainha inaugura a Escola Superior “Royal Masonic Institution for Girls”, em Londres, no Rickmansworth Park. ITÁLIA 1859 24 Garibaldi, inspirado pelo Ir∴Massini, com planos dos IIr∴ Cristi, Bertini e Cafarini, com navios do irmão Fauché, dinheiro dos IIr∴ Lafarini e Buscaglione, e com um corpo de oficiais e voluntários maioritariamente maçons comanda a “expedição dos 1.000" para a conquista das Sicilias. JUGUSLÁVIA 1990 26 Reabertura da G∴L∴, com represent∴ maç∴ da Austrália, Áustria, Canadá, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Luxemburgo e Suíça. PERU 1831 ? Fund∴ do G∴O∴. PORTUGAL 2005 24 Primeira L∴ do R∴ Egípcio em território português, fundada em Lisboa. Deu origem à actual “Loja Quinto Imperio”. URUGUAI 1855 14 Fund∴ do G∴O∴. VENEZUELA 1824 24 Consagr∴ da G∴L∴ da Grande Colômbia, tendo como primeiro G∴M∴ Diego Bautista Urbaneja. É actualmente a G∴L∴ da Rep∴ da Venezuela. JOSÉ MELO BRÁS

MITOLOGIA MITOS GREGOS(4)) – APOLO Pelo R∴Ir∴João Silas

Apolo, tal como a sua irmã Artémis, pertence à segunda geração de deuses do Olimpo, uma vez que é filho de Zeus e de Leto, filha do titã Ceos e da titânide Febe. A jovem mãe enfrentou a cólera de Hera, que não lhe perdoou os amores extraconjugais com Zeus, e procurou em vão um lugar para colocar no mundo os seus filhos (esperava o nascimento de dois gémeos), já que receosos de provocar a cólera da deusa, ninguém se atrevia a dar-lhe guarida. É finalmente na ilha flutuante e infértil de Delos (até então apelidada de Ortígia) que Leto encontra refúgio e dá ao mundo Artémis e Apolo. Logo que o deus viu a luz do dia, o senhor do Olimpo, seu pai, ordenou que levassem o seu filho para Delfos, o Centro do Mundo. Porém, em primeiro lugar, Apolo foi levado ao país onde tinha nascido, o país dos Hiperbóreos, onde permaneceu um ano. Só após essa iniciação foi conduzido a Delfos já aclamado pelos humanos e pela Natureza. O detentor do poder em Delfos era o dragão5 Piton, filho de Gaia (a Terra mãe). Logo que chegou, Apolo matou-o com certeiras setas do seu arco divino, apoderou-se do oráculo e, arrancandolhe a pele, sepultou-lhe as cinzas no Omphalos (umbigo), centro de Delfos e também Centro do Mundo. 4

Adaptação do livro “Mitos Gregos”, de Zacarias Nascimento. O dragão é o símbolo da autoctonia e da soberania primordial das forças da Terra.

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BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 Com a pele forrou um trípode de bronze (banco de três pés), símbolo da sua vitória sobre o dragão e onde viria a sentar-se a Pitonisa ou Pítia, a sacerdotisa que transmitia os novos oráculos, os de Apolo, intérprete da vontade de Zeus. Essa vitória vale-lhe o sobrenome de Apolo Pítio e dá igualmente nome à sacerdotisa encarregue de revelar os oráculos e aos jogos Píticos de Delfos, que se realizavam de quatro em quatro anos, durante os quais nenhum condenado podia ser executado em Atenas6. Apolo era um deus magnífico, dotado de uma bela estatura e de uma espectacular cabeleira com madeixas negras de tons azulados e muitos foram os sucessos e insucessos da sua vida amorosa. Teve inúmeros amores com ninfas e com mortais. Ficaram célebres os seus amores com a ninfa Dafne que o repudiou atingida pelas setas de Eros, que tanto despertam a atracção como a repulsa. Sentindo-se perseguida, Dafne pediu a seu pai o deus-rio Peneu, que a metamorfoseasse, sendo transformada em loureiro – a árvore de Apolo, de folhas perenes, símbolo da imortalidade alcançada pela glória que coroa os heróis, os génios e os sábios. Eram também de loureiro as folhas que a Pitonisa passaria a mascar ou a queimar antes de entrar no interior do templo para tocar o omphalos e proferir as palavras inspiradas: o Oráculo. Das suas ligações com ninfas, Apolo teve numerosos filhos, entre os quais Orfeu e Calípole, Asclépio, Linos, Aristea, Troilos e outros7.

Para além das suas aventuras amorosas com mulheres, o deus privava igualmente com jovens rapazes, dos quais os mais célebres eram Hiacinto e Ciparissos, cuja morte ou metamorfose (o primeiro transformou-se em jacinto e o segundo em cipreste), muito o afligiram. Apolo matou o dragão, tornou-se o senhor de Delfos e purificou-se no vale de Tempe, abandonando as práticas de vingança8. O seu arco e setas transformaram-se em raios de sol, luzes de orientação, “apolíneas”, símbolos do “bom” e do “belo”, os dois marcos em que se baseou o humanismo grego. Foi considerado como o pai de Pitágoras.

JOÃO SILAS Por esta razão, Sócrates teve mais alguns dias de vida após a sentença que o obrigou a ingerir cicuta. 7 Himeneu era filho de Apolo e de uma Musa. Era a personificação 8 Delfos foi o centro inspirador de novos comportamentos sociais. do canto nupcial nas cerimónias de preparação para o casamento. Aos poucos a justiça foi substituindo a antiga Lei de Talião: “olho Era como um hino de adeus à virgindade feminina. por olho, dente por dente”. 6

10 10

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SOCIEDADE

EGIPTO

ESTAMOS DE PASSAGEM… Recolha do R∴Ir∴ Miguel Afonso

"Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, no Egipto, com o objectivo de visitar um famoso sábio. O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples, cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco. - Onde estão seus móveis? – perguntou o turista. E o sábio, bem depressa, perguntou também: - E onde estão os seus...? - Os meus ? - surpreendeu-se o turista - Mas eu estou aqui só de passagem! - Eu também... - concluiu o sábio. "A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes."

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ISAAC NEWTON E O CIENTISTA ATEU

PALAVRAS DE ÍSIS (7) (‘ST: O Caminho da Vida) Tradução do Frater Lugh

XX Hoje vês ante ti o símbolo da Imortalidade. Vês um mensageiro dos deuses de pé, frente a um instrumento soando, na coberta de um barco que transporta o cadáver reconstruído de Osíris. Homens e mulheres levantam-se das suas tumbas com os braços esticados. Representam a Humanidade a abandonar a tumba, a morte, deixando-a atrás para sempre. Gostosamente saúdam o som do instrumento que anuncia uma nova era, uma era de imortalidade. A morte, a enfermidade, a guerra e a

Sir Isaac Newton estava sentado na sua poltrona, a ler, quando foi visitado por um seu colega cientista, conhecido por ser um ateu convicto. Sobre a mesa da sala encontrava-se um engenho mecânico – uma representação do sistema solar, com todos os planetas colocados harmoniosamente em volta do Sol, o qual funcionava com uma pequena manivela. O cientista ateu girou a manivela, e perguntou, estupefacto: - Quem foi que inventou esta maravilha de engenharia? - "Ninguém" – respondeu Isaac Newton. - Como? – retorquiu o cientista ateu. Newton continuou a ler, e o colega cientista insistiu mais uma vez. Newton respondeu-lhe a mesma coisa – "Ninguém fez isso". - Ora essa, Newton. Diga-me lá quem fez, para que eu possa dar os parabéns à pessoa brilhante e inteligente que fez isto. Isto é uma maravilha de engenharia e não posso deixar de congratular quem criou um tal engenho mecânico. Newton respondeu-lhe: - "Se você chegou à conclusão de que esta miniatura mecânica do sistema solar precisou que alguém "maravilhoso, inteligente e brilhante" a construísse, como é possível que você chegue à conclusão ridícula e absurda de que o "Original" do nosso sistema solar não foi feito por "alguém"? MIGUEL AFONSO

injustiça desaparecerão para sempre. A imortalidade evolui a partir da plenitude da vida, tal como a saúde radiante impede a enfermidade. Hoje, filho meu, estás no final do Caminho de ‘St e podes ver todo o teu desenvolvimento. Quando estudaste as Sagradas Escrituras do Livro de Toth e tiveste permissão para transpor as portas do mundo invisível, que se abriram ante ti, no Primeiro Passo deste Caminho, recebeste instrução falada e a promessa cumpriu-se no Segundo Passo. Foste então avaliado pelos Juízes imparciais. Experimentaste a Verdade no Terceiro Passo. Desta maneira adquiriste valor e poderes Mágicos, através do Quarto Passo, para superar os ataques do Mal (Quinto Passo). Lutaste contra as leis terrenas e assim libertastes-te

da

limitada

moralidade

terrena.

Dedicastes-te aos deuses, fugiste ante a deusa primitiva e uniste-te

a

ela

no

Sexto

Passo.

Conseguiste

a

imortalidade através deste Passo Final. Recebeste o que se te prometeu no princípio. As portas do mundo invisível abriram-se ante ti e pudeste ver atrás da cortina. Completaste O CAMINHO DA VIDA.

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Textos Tradicionais

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16

O MITO DE ÍSIS E OSÍRIS9

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Traduzido e adaptado pelo R∴Ir∴ Gervásio Sequeira

Porém, ele tinha um inimigo cruel: o seu irmão Set. Durante a primeira ausência de Osíris, a sua esposa (e irmã) Isis governou o país. Fê-lo tão bem que resistiu a todas as artimanhas de Set para se apoderar do trono. Mas depois do regresso do rei, Set maquinou um plano para se livrar do seu irmão, aliando-se a Aso, a rainha da Etiópia e a setenta e dois conspiradores. Para o efeito, obteve secretamente a medida exacta do corpo do rei e mandou construir um cofre maravilhoso, ricamente adornado, destinado a alojar o corpo de Osíris. Feito isto, convidou o seu irmão, e também os conspiradores, para um grande banquete. A rainha vinha advertindo Osíris para que tivesse cuidado com Set, mas, na sua pureza, o rei não via a maldade nos outros, e por isso aceitou o convite. Quando o banquete terminou, Set mandou trazer para o salão o precioso cofre, dizendo que aquela obra de arte deveria ser pertença de quem coubesse dentro dela. Um após outro, os convidados foram-se deitando no cofre, sem que as suas medidas se ajustassem a qualquer deles, até chegar a vez de Osíris. Inconsciente da traição, o rei deitou-se no grande cofre, sem saber o que o esperava: em segundos, os conspiradores fecharam a tampa, derramando sobre ela chumbo derretido, para selar qualquer eventual abertura, e abandonaram o cofre no Nilo. Segundo umas versões, estes acontecimentos tiveram lugar no vigésimo oitavo ano da sua vida; segundo outras, terão ocorrido no vigésimo oitavo ano do seu reinado. Quando Ísis recebeu a notícia cortou uma madeixa de cabelo e vestiu-se de luto. 9

Fonte: “Egipto”, de Lewis Spence. Colecção Mitos e Lendas, Studio editions.

Consciente de que os mortos não podem repousar até que os seus corpos sejam sepultados segundo os ritos funerários, Ísis empreendeu a busca do corpo do seu marido. Durante muito tempo, esta busca foi infrutífera, apesar de ter perguntado a todos os homens e mulheres se tinham visto um cofre ricamente adornado. Por fim, ocorreu-lhe perguntar a umas crianças que brincavam nas margens do Nilo, e foi assim que teve conhecimento que Set e os seus cúmplices tinham abandonado ali o cofre noutro local, mas nas margens daquele rio. A partir deste momento, os egípcios consideraram que as crianças eram possuidoras da faculdade da adivinhação. Pouco a pouco, a rainha foi obtendo informações mais precisas, acabando por saber que o local exacto era Byblos e que as ondas arrastaram o cofre para junto de um arbusto, que milagrosamente se tinha transformado numa árvore magnífica, encerrando o cofre no seu tronco. O rei daquele país, Melcarthus, ficou encantado com a altura e a beleza da árvore, e mandou-a cortar, de modo a poder utilizar o tronco para pilar de suporte do tecto do seu palácio. O cofre que continha o corpo de Osíris acabou assim por ficar oculto dentro desta coluna. Quando Ísis chegou a Byblos, sentou-se junto a uma fonte, sem dirigir palavra a ninguém com quem cruzou no caminho, com excepção das aias da rainha, a quem se dirigiu graciosamente, fazendo-lhes lindas tranças e perfumando-as com o seu próprio alento, cuja fragancia era superior ao aroma das flores. Quando as aias regressaram ao palácio, a rainha perguntou-lhes como haviam conseguido embelezar e perfumar de forma tão deslumbrante o seu cabelo e as roupas. Estas contaram-lhe sobre o encontro com a bela forasteira. Ouvindo isto, a rainha Astarte (ou Athenais), mandou que a trouxecem ao palácio, acolhendo-a de braços abertos, e nomeou-a preceptora de um dos jovens príncipes. (continua) GERVÁSIO SEQUEIRA

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ALQUIMIA A PEDRA ANGULAR DA CREAÇÃO DIVINA E A ASSUNÇÃO DA MATÉRIA VIRGEM (12) Os Verdadeiros “Eunucos” e as Autenticas “Estéreis” "E conhecereis a verdade, e a verdade vos fará livres" (João 8:32). "... Meditai no vosso coração estando na vossa cama, e calai" (Salmos 4: 4). "... A vós vos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus... revelei coisas escondidas desde a fundação do mundo" (Mateus 13: 11, 35). "... E há eunucos que a si próprios se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. O que seja capaz de perceber isto, que o perceba" (Mateus 19 : 12). "... Não diga o eunuco: Eis aqui quem é árvore seca. Porque assim disse Jeová: aos eunucos que guardem os meus dias de repouso, e escolham o que eu quero, e abracem o meu pacto, eu lhes darei lugar na minha casa e dentro dos meus muros, e nome perpétuo lhes darei, que nunca perecerá; melhor que o de filho e filhas " (Isaías 56 : 3, 4, 5). Já vimos o referente às "águas da vida" para acalmar a sede para sempre e já vimos também como a árvore se seca… E um dos pontos do pacto inicial com Jeová ao "sair a mulher do varão" era a de que é bom para o homem "não estar só" e ser uma só carne com a sua mulher. A castidade do verdadeiro sacerdote pode ser de grande vantagem com uma sexualidade superior – digna do espírito, dos colhedores (dos campos do Pai, já maduros…). O EUNUCO referido na Bíblia (quando fala sobre aqueles "que se fazem por amor a Deus") não é um castrado físico. Vejamos: "Não entrará na congregação de Jeová o que tenha maculados os testículos, ou amputado o seu membro viril" (Deuteronómio 23 : 1). Naturalmente, aqueles que por enfermidade irremediável não reúnam este requisito "sacerdotal", não ficarão fora da misericórdia divina. A actual Ciência que estuda a sexualidade afirma (e bem) que reprimir a libido acarreta tão grande risco de cancro

como as excessivas perdas de sémen, na exagerada actividade genital (destrutiva e desgastante), que não é natural nem nos animais em estado selvagem (mas sim nos animais domésticos, que reflectem o conflito humano, da socialização artificial). O mais sinistro é o acto da “castração voluntária” por razões que não sejam a da enfermidade ou acidente; o mais desejável é a transmutação creadora (ensinada por todas as escolas esotéricas de todas as épocas, mas que poucos foram capazes de compreender). Os que separaram o que Deus uniu são incompetentes e perigosos, impedindo que se cumpra a promessa feita a Abraão e à sua semente (a qual é Cristo). Ver Galatas 3 : 16, 19. Os “fazendeiros da quinta do Pai” continuam maltratando os seus enviados, e o chamado converge para as ruas, onde são obrigados a estar os inúmeros grupos marginalizados pelo poder absoluto, que é cúmplice da corrupção. Mas devemos recordar que para participar no ágape se devem ter "vestes limpas" (e estas “vestes” não são roupas); de contrário, o Pai mandará expulsar quem não preencha este requisito. No simbolismo bíblico, o que para o homem é o “estado de eunuco”, para a mulher corresponde o vocábulo "estéril". Vejamos: Assim como "eunuco" não é mera castração, "estéril" não é a mulher que não pode gerar fisicamente, mas a mulher “casta”, que dentro do matrimónio "recolhe a sua semente" e a transmuta numa sexualidade superior. É o mesmo que dizer: “como o sacerdote e a sacerdotisa segundo a Ordem de Melquizedeck” (segundo os mistérios). "Mas, ainda que estéril, ditosa é a incontaminada que não conheceu leito pecaminoso" (Sabedoria 3 : 13). E isto pode ocorrer mais facilmente no matrimónio superior do que no estado de monja abstémia (que fica muito próxima do lesbianismo ou das uniões sexuais às escondidas, para em seguida produzir abortos e chegar à histeria). "Regozija-te, oh estéril, a que não dás à luz; levante a sua voz e cante de júbilo, a que nunca esteve em parto ..." (Isaías 54 : 1). Claro está que se decidem ter filhos, isto não deverá ser motivo de escândalo ou sinal de fracasso, desde que mantenham o ritmo sexual ordenado, depois de alcançarem estados interiores que não permitam já a presença do mal ou o desvio da meta espiritual. (continua) FR∴ INCÓGNITUS

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A SANTÍSSIMA TRINOSOFIA

o círio Majûsi

,

(Autoria atribuída ao Conde de Saint-Germain)

e o altar Hallâj Tu voltarás, a seu tempo, ao Altar, Pássaro e Círio. Precisas agora, para alcançares o lugar mais secreto do Palácio das ciências sublimes, de percorrer todos os desvios. Vem... devo primeiro apresentar-te aos meus irmãos." Pegou-me pela mão e introduziu-me numa grande sala. Os olhos vulgares não podem conceber a forma e a riqueza dos ornamentos que a enfeitavam. Era cercada por trezentas e sessenta colunas de todos os lados. Havia no tecto uma cruz, com as cores vermelha, branca, azul e negra, suportada por uma argola de ouro. No centro da sala havia um altar triangular, composto pelos quatro elementos; sobre os seus três ângulos estavam pousados SECÇÃO VI o pássaro, o altar e o círio. "Eles mudaram de nome" – Virei-me e vi um palácio imenso. A sua base repousava disse-me o meu guia – "aqui, o pássaro chama-se: Aspirna sobre nuvens. A sua estrutura era composta por mármores e tinha forma triangular. Quatro andares de colunas elevavam-se uns sobre os outros e o edifício (advérbio que significa “diligentemente”), terminava numa bola de cristal. A primeira fila de colunas era branca, a segunda negra, a terceira verde, e a o altar - Kahena última era de um vermelho brilhante. Depois de admirar esta obra dos artistas eternos, desejei (padre, forma caldéia), retornar ao lugar onde estavam o altar, o pássaro e o círio, pois queria observá-los melhor. Mas eles tinham e o círio-Nephrith (?) . desaparecido. Procurava-os com os olhos, quando as portas do palácio se abriram. Delas saiu um venerável ancião. A sua roupa era semelhante à minha, excepto (câmara num pormenor: sobre o peito brilhava um sol dourado. A A sala é chamada Hajalah nupcial), e o altar triangular – Athanor sua mão direita segurava um ramo verde; a outra carregava um incensório. Do seu pescoço pendia uma corrente de madeira e a sua cabeça branca estava coberta por uma tiara pontiaguda, como a de Zoroastro. Aproximou-se de mim, com o sorriso da benevolência nos seus lábios: "Adora Deus" – disse-me em língua persa –, "foi Ele que te susteve durante as provas; o seu espírito está contigo. Meu filho, tu deixaste passar a oportunidade, podias ter-te apoderado do pássaro

Hakim,

. Em volta do altar estavam dispostos oitenta e um tronos, sendo o acesso a cada um deles efectuado através de nove degraus de altura desigual. Estavam cobertos por tapetes vermelhos. Enquanto eu examinava os tronos, soou uma trombeta. Ao mesmo abriram-se as portas da sala Hajalah

,

para deixar passar setenta e nove

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BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 pessoas, todas vestidas como o meu guia. Eles aproximaram-se lentamente e sentaram-se nos tronos. O meu guia pôs-se de pé ao meu lado. Levantou-se um ancião, que se distinguia dos seus irmãos por ter um manto púrpura com bordos bordados com alguns caracteres. O meu guia tomou a palavra em língua sagrada, dizendo: "Eis um dos nossos filhos, que Deus quer que seja tão grande quanto o seus pais". O ancião respondeu: "Que a vontade do Senhor seja cumprida". «Meu filho" – acrescentou ele, dirigindo-se a mim –, “o teu tempo de provas físicas terminou... resta-te fazer grandes viagens. De hoje em diante chamar-te-ás “EI

forma caldaica, rasch, talvez cabeça). O sétimo entregou-me a figura

de

um pássaro

(a palavra semelhante à forma Evei hebraica lEVE, escrita no sentido inverso), mas sem as suas cores brilhantes, porque era de prata. "Tem o mesmo nome” – disse-me ele –, "cabe-te a ti dar-lhe as mesmas virtudes". O oitavo deu-me um pequeno altar, que fazia também lembrar o altar Nephrith

. Por fim, o meu guia colocou-me na mão um círio,

. Antes de Taâm” (o alimento?) percorrer este edifício, eu e oito dos meus irmãos vamos composto como Marah , de fazer-te, cada um, um presente». O primeiro aproximou-se e deu-me, com um beijo da paz, partículas brilhantes, mas que estava apagado. "Cabe a ti dar-lhe as mesmas virtudes”, repetiu ele, as mesmas um cubo de terra cinzenta. Chamam-no Human palavras dos que o precederam. "Reflecte sobre estas dádivas" – disse-me em seguida o chefe dos sábios – "todas tendem igualmente para a (cinzas ou lava de vulcão). perfeição, mas nenhuma é perfeita por si mesma. É do O segundo deu-me três cilindros de pedra negra, seu conjunto que deve sair a obra divina. Sabe ainda que todas são nulas, se não forem empregues segundo a ordem em que te foram dadas. A segunda, que serve para chamada Qenka (teu ninho). utilizar a primeira, não será mais do que uma matéria O terceiro deu-me um pedaço de cristal arredondado que bruta, sem calor, sem utilidade, se lhe faltar o auxílio daquela que a segue. Guarda cuidadosamente os presentes que recebeste e começa as tuas viagens depois (caracteres desconhecidos, se chama de teres bebido da taça da vida". talvez sírios). Ele apresentou-me uma taça de cristal com um licor O quarto, um penacho de penas azuis chamado brilhante e açafroado. O seu gosto era delicioso e exalava um perfume estranho. Depois de molhar os meus lábios no licor, quis devolver a taça. "Acaba” – disse-me o (?). Ashqushaq O quinto presenteou-me com um vaso de prata que tem o ancião – "essa bebida será o único alimento que tomarás durante o tempo das tuas viagens". Obedeci e senti um fogo divino percorrer todas as fibras do meu corpo. Eu (chuva ou estava mais forte, mais corajoso, e as minhas faculdades nome de Geshem corpo). intelectuais pareciam redobradas. O sexto, um cacho de uvas, conhecido entre os sábios Apressei-me a saudar, com a saudação dos sábios, a com o nome de Mara-resha ilustre assembleia, que iria deixar. Sob as ordens do meu guia, entrei numa longa galeria, que se encontrava à minha direita. (a primeira palavra significa amargura, a segunda é uma

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(A Secção VII será divulgada no próximo Boletim)

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16

KABBALAH Adaptação do R∴Ir∴A∴ Secretus

Na Tradição Esotérica Ocidental, a Kabbalah constitui uma forma de desenvolvimento pessoal e de auto-realização, baseando-se num esquema de consciência denominado “Árvore da Vida”. Trata-se de um modo de inspiração para os que procuram a sabedoria interior, independentemente da crença ou religião onde se apoiem. A Kabbalah transforma a vida comum e diária numa viva expressão da nossa espiritualidade, proporcionando ao mesmo tempo uma visão coerente e integrada do mundo, da natureza, da existência, da inter-relação entre todos os seres, o planeta e o universo. “Tudo é Um”. Pode dizer-se que “a Kabbalah é a ciência de Deus e da Alma”. A “Santa Kabbalah” é o centro de toda a iniciação ocidental". O seu objectivo é conduzir a mente, através de um sistema prático, à compreensão, cada vez mais clara, da verdade espiritual. Esta “viagem” é tão mais rápida quanto mais apta esteja a consciência a perceber a “realidade”. Não é possível conduzir uma pessoa, de imediato, do estado comum de percepção (falsa percepção), aos mais altos níveis da consciência mística. Mas todos possuem condições para chegar lá, passo a passo, através da interpretação e da correcta compreensão dos símbolos. Na Kabbalah servimo-nos dos caracteres hebreus e do esquema designado por “ÁRVORE DA VIDA”. Estes símbolos, combinados com sons e cores, numa multiplicidade de exercícios, auxiliam o desenvolvimento da habilidade de controlar os veículos superiores da alma, e chegar conscientemente a níveis elevados de compressão. Os Kabalistas nunca interpretam uma verdade como definitiva, acreditando que a verdade não é finita, tal como o espírito também não é. Uma “Verdade” deve apenas ser vislumbrada na perspectiva que se relaciona ao momento, à experiência e ao objectivo concreto, casual e irrepetível. A palavra Kabbala deriva da raiz “receber” (ou “aceitar”. Com muita frequência é utilizada para, simplesmente, designar "tradição esotérica". Já todos reparámos que existem diversas formas de escrever esta palavra, sendo as mais usadas “Kabbala” e “Qabalah”. Alguns evitam a forma “Cabala”, por entender que se refere a “cavalos”. Fernando Pessoa

dizia isso. No fundo, isto acontece porque as letras do alfabeto hebraico não têm uma representação “exacta” no alfabeto português. Segundo alguns, a tradução mais correcta para a palavra Kabbalah é “REVELAR”. E este revelar não é mais do que a descoberta da nossa própria natureza. Quando se interpreta como “RECEBER”, refere-se à nossa aptidão para receber a SABEDORIA interior e a COMPREENSÃO. CONHECIMENTO é teoria; COMPREENSÃO é prática. "QBL" pode ser traduzido como "da boca para o ouvido", o que equivale a dizer: “tradição oral." Os judeus têm-se ocupado da interpretação oculta da Bíblia e transformado esse conhecimento em “escola secreta”, numa contínua cadeia de iniciados. O Grande Segredo, revelado por Deus a Adão e a Abraão, foi assim transformado em “ciência oculta”. Os dois Livros cabalística mais "puros" são o “Sepher10 Yetzirah” (Livro da Criação) e o “Sepher Zohar” (Livro do Esplendor). O “Sepher Bahir” (Livro da Luz) também é considerado relevante por alguns estudiosos. “Thorah” significa "ensinamento". Pode referir-se ao Pentateuco (5 primeiros Livros da Bíblia), à Bíblia Hebraica (Tehnach), ou mesmo a toda a Tradição Judaica. “Tehnach”, ou Tahnach (a Bíblia Hebraica) é uma palavra formada pelas primeiras letras dos títulos das 3 divisões: Thorah (Pentateuco), Neviim (Profetas) e Ketuvim (Hagiógrafos "Salmos, Provérbios, etc."). “Massorah”, define as regras de ler a Thorah: soletração, vocalização, letras excepcionais, divisão em orações e parágrafos, considerações especiais sobre o sentido místico dos "caracteres Sagrados", etc.. “Mishnah” refere-se às leis suplementares que eram transmitidas oralmente, de geração em geração, e que foram codificadas e compiladas por volta do ano 200 da Era Comum, pelo Rabino Judah Há Nasi. O Talmud é composto pela Mishnah e a Gemara (comentários e interpretações rabínicas das leis da Mishnah). Existem duas versões do Talmude: o de Jerusalém e o Babilónico. Diferem nalguns aspectos. O Babilónico, elaborado entre os séculos III e V da Era Comum, e editado por Rav Ashi e Ravina, é considerado como mais completo. Apesar de não ser sistemático nem conciso, por se tratar de registos de discussões, o Talmude é tido como o tesouro das leis, tradições e costumes. É a obra que mais tem influenciado o pensamento e a cultura judaica, ao ponto de ainda ser a consulta de referência para as decisões legais. 10

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“Sepher” significa “Livro”.

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 O “Sepher Yetzirah” (Livro da Criação), já referido, é a obra mística da tradição do Maase Bereshit ("Trabalho do Inicio da Criação"). Pensa-se que foi escrito no século III, apesar de alguns pretenderem remontá-lo ao patriarca Abraão. Os seis capítulos desta obra descrevem a Criação do Cosmos, através dos dez Sephiroth e das 10 Letras do Alfabeto Hebraico. É no Sepher Yetzirah que a Palavra Sephiroth aparece pela primeira vez. O “Sepher Zohar” (Livro do Esplendor), também já referido, foi escrito em aramaico, como um “Midrash” (comentário) da Bíblia. É atribuído aos seguidores de Simão Bar Iochai (séc. II), que registou os ensinamentos místicos aprendidos de "Elias", durante os anos em que viveu escondido numa caverna. O texto foi publicado no século XIII, por Moisés de León (que alegou estar na posse de um antigo manuscrito enviado da Terra Santa a Espanha, por Nachmanides. Quando se tentou obter este manuscrito, após a morte de De León, a sua mulher declarou que ele não existia, e admitiu que o seu marido havia atribuído os seus próprios escritos a Simão Bar Iochai, para poder vendê-los aos interessados em textos místicos antigos. Alguns estudiosos modernos acreditam que foi efectivamente De Leon quem escreveu a maior parte do Zohar, pelo facto da obra manifestar a influência da cultura espanhola. Este livro descreve a realidade esotérica, subjacente na experiência quotidiana. Segundo ele, “o mundo emana da Divindade, do Ayn Soph, por meio das Sagradas Sephiroth que pulsam com vida divina”; “um subproduto deste processo de emanação é o poder do mal, liderado por Samael e a sua hoste de demónios”; “a missão do homem é ajudar a unir o aspecto masculino do divino com o aspecto feminino, porque este último está sob ataque contínuo do «Sitra Achra» (inclinação para o mal)”. Cada palavra da Thorah e cada Mitsvah (Mandamento) simbolizam um aspecto dos Sephiroth, e a importância da Thorah reside nos seus segredos místicos. Cumprir os mandamentos tem um efeito positivo sobre a esfera superior, enquanto o pecado fortalece o “sitra achra”, tendo em conta que o homem é um Microcosmos e a alma humana tem as suas raízes no divino. A redenção do mundo acontecerá quando cada indivíduo, através de um processo de transmigração as alma, completar a sua missão de unificação. O “Sepher Bahir” (Livro da Luz) é uma obra do início da Idade Média, atribuída a um sábio mishnáico do século I. Parece ser de origem babilónica, mas foi editado na Provença, no final do século XII, por discípulos do místico Isaac, o Cego. De acordo com os seus ensinamentos, o mundo inferior representa o mundo

superior (divino), através dos Sephiroth, que são as forças divinas activas em manifestação através dos mandamentos bíblicos. Assim, só se encontrará a verdadeira compreensão destes mandamentos com a sua interpretação mística. O mal do mundo provém da revolta de Satã e das suas hordas demoníacas contra Deus. A obra atribui grande importância à doutrina da Transmigração das Almas, usada para explicar que os justos sofrem porque pecaram numa vida anterior. O Bahir baseia-se no misticismo das Letras do Sepher Yetzirah, e no uso mágico dos Nomes Sagrados. Os Sagrados Sephiroths. Sephiroth é o plural de Sephirah. Alguns atribuem-lhe o significado de "número" outros de "emanação". O Sepher Yetzirah diz: "dez são os números saídos do nada, e não nove; dez, e não onze. Compreenda esta grande sabedoria, entenda este conhecimento, investigue-o, pondere a seu respeito, torne-o evidente, reconduza o criador ao seu trono"; "a década de existência saída do nada, tem o seu fim ligado ao seu começo; o seu começo ligado ao seu fim, tal como a chama está ligada à brasa; como o senhor é um, e segundo não há, antes do um o que contarás?" Os 10 Sephiroth simbolizam as ideias primevas, as Forças Primevas, as Energias primevas, ou os 10 Atributos básicos e estruturadores deste Universo. Estes conjuntos de 10 Sephiroths constituem uma unidade chamada "Árvore da Vida" (Otz Shim). Os 10 Sephiroth manifestaram-se como um Raio, ziguezagueando.

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ANONIMOUS SECRETUS

BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16

SAÚDE ADN E EMOÇÕES

(da Investigação de Gregg Braden11)

Traduzido e adaptado por João Guimarães

Vamos falar de experiências com o ADN, que comprovam as qualidades de auto-cura associadas aos sentimentos, tal como foram apresentadas por Gregg Braden, no programa intitulado: CURANDO CORAÇÕES / CURANDO NAÇÕES: A CIÊNCIA DA PAZ E O PODER DO DISCURSO. Gregg Braden começou como cientista e engenheiro, antes de formular as grandes questões. Experiência 1

A primeira experiência foi realizada pelo Dr. Vladimir Poponin, um biólogo quântico. Nesta experiência começou-se por se vazar um recipiente (criou-se um vazio no seu interior), apenas ali ficando fotões (partículas de luz). Mediu-se a distribuição destes fotões e verificou-se que estavam distribuídos aleatoriamente dentro do recipiente. Era este o resultado esperado. Depois colocou-se dentro do recipiente uma amostra de ADN e voltou a medir-se a localização dos fotões. Nesta fase os fotões estavam organizados em linha, junto ao ADN. Por outras palavras, o ADN (de um organismo biológico) exerceu influência sobre os fotões (que não são biológicos nem supostamente materiais). Depois disto, a amostra de ADN foi removida do recipiente e foi medida novamente a distribuição dos fotões. Os fotões continuavam ordenados e alinhados onde tinha estado o ADN. - Afinal, as partículas de luz estão ligadas a quê? Gregg Braden diz que somos levados a aceitar a possibilidade da existência de um novo campo de energia e que o ADN se comunica com os fotões por meio deste campo.

compartimento equipado com um aparelho para medição de alterações em campos eléctricos. Nesta experiência o dador era colocado numa sala e submetido a "estímulos emocionais" através da visualização de clips de vídeo programados para gerar essas emoções. As células estavam colocadas noutra sala, mas no mesmo edifício. Ambos, dador e células, eram monitorizados. Verificou-se que os altos e baixos emocionais do dador (medidos em ondas eléctricas) eram coincidentes em intensidade e espaço/ tempo com os das células (tudo medido em ondas eléctricas). Parecia incrível que aquelas células estivessem separadas do corpo e comportassem como se lá estivessem. Os militares quiseram depois saber qual o limite máximo de afastamento entre o dador e as células, que permitisse continuar a observar este efeito. Foram fazendo experiências até ao afastamento de 80 Kms entre as células e o respectivo dador, continuando a verificar-se o mesmo resultado, sem o mais pequeno lapso de tempo. Pensa-se que este resultado se obteria indefinidamente, mesmo a milhares ou milhões de kms (por todo o universo), mas não foram continuadas as experiências. O ADN e o dador responderam sempre ao mesmo tempo. - O que significa isto? Gregg Braden diz que as células vivas se reconhecem por uma forma de energia desconhecida. Esta energia não é afectada pela distância nem pelo tempo. Não se trata de uma energia localizada, mas de uma energia que existe em todo o lado e por todo o tempo. Experiência 3

A terceira experiência foi realizada pelo Instituto Heart Math, e o documento que a ele se refere tem o título: EFEITOS LOCAIS E NÃO LOCAIS DE FREQUÊNCIAS COERENTES DO CORAÇÃO E ALTERAÇÕES NA CONFORMAÇÃO DO ADN. Nesta experiência utilizou-se ADN de placenta humana, o qual se colocou num recipiente onde se pudesse medir as alterações do mesmo. Distribuíram-se 25 amostras em tubos de ensaio, e entregou-se uma a cada um dos 25 investigadores presentes. Cada investigador foi previamente instruído para gerar e vivenciar determinados sentimentos, chegando às mais fortes emoções. Experiência 2 O que se descobriu foi que o ADN mudou de forma de Esta experiência foi levada a cabo por militares. Recolheramacordo com os sentimentos dos investigadores: se amostras de leucócitos (células sanguíneas brancas) de 1. Quando os investigadores sentiam gratidão, amor alguns dadores. Estas amostras foram colocadas num e apreço, o ADN respondia relaxando-se e estendendo os seus filamentos, aumentando de 11 Greg Braden é autor de "The Isaiah Effect" e "Awakening to the tamanho. Zero Point". Fonte: http://www.greggbraden.com/

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BOLETIM MENSAL – ED. N.º 16 2. Quando os investigadores sentiam raiva, medo ou stress, o ADN respondia contraindo-se, ficando mais pequeno e indiferenciando (apagando) muitos dos códigos. – Haverá alguém que não se tenha já sentido “descarregado”, na sequência de emoções negativas? Sabemos agora a razão da perda de energia do corpo. 3. Os códigos do ADN religaram-se de novo quando os investigadores experimentaram sentimentos de amor, alegria, gratidão e apreço. 4. Esta experiência foi posteriormente aplicada a pacientes com HIV, verificando-se que os sentimentos de amor, gratidão e apreço criavam uma resposta imune 300.000 vezes superior à que seria possível por qualquer outro processo. Isto esclarece-nos quanto à forma de podermos permanecer com saúde, sem importar o poder destrutivo do vírus ou da bactéria que este nos esteja a ameaçar. E para tão grande prodígio é apenas necessário manter os nossos sentimentos centralizados na alegria, no amor, na gratidão e no apreço. Estas alterações emocionais foram mais além dos efeitos electromagnéticos. Os indivíduos treinados para sentir amor profundo foram capazes de alterar a forma do seu ADN. Gregg Braden diz que isto nos revela uma nova forma de energia que liga toda a creação. Esta energia parece ser uma REDE FINAMENTE TECIDA, que estabelece ligações com toda a matéria. E esta REDE DA CREAÇÃO pode ser influenciada através da nossa VIBRAÇÃO.

continuamente a linha de tempo por meio da REDE DA CREAÇÃO, que liga a energia e a matéria do universo. Nesta perspectiva, a Lei do Universo faz com que atraiamos aquilo onde focalizamos a nossa consciência. Se ocupamos a nossa consciência no temor a qualquer coisa desagradável que nos possa ocorrer, estamos enviando um forte apelo ao Universo para que nos crie essa condição. Pelo contrário, se nos mantemos com sentimentos de alegria, amor, apreço e gratidão, não nos desviando deles por nada, atrairemos mais condições que nos proporcionem prazer e bem-estar, tornando absolutamente impossível que alguma coisa desagradável nos possa ocorrer. Estes sentimentos constroem uma LINHA DE TEMPO diferente, e funcionam como “vacina contra tudo o que possa ser mau ou desagradável”. Podem impedir o contágio de qualquer vírus, mantendo-nos indefinidamente num estado de imunidade invulnerável. – O que poderemos fazer para (re)programar a nossa “realidade”, partindo do estado de absoluta inexperiência relativamente a estas importantes Leis Universais? Poderemos muito simplesmente começar por, de hora a hora, parar um pouco as nossas tarefas laborais (ainda que seja por poucos minutos) e procurar algo (no pensamento, na leitura, na actividade) que nos confira alegria. Isto permitir-nos-á, com o tempo, estabelecer o hábito de manter permanentemente o estado inalterável da alegria. Não é complicado, e constitui a melhor das protecções que podemos adquirir. Tradução e Adaptação de JOÃO GUIMARÃES

Em conclusão.

– O que têm a ver os resultados destas experiências com a nossa situação presente? Esta é a ciência que nos permite escolher uma linha de tempo que nos garantirá estar a salvo, não importando o que ocorra ao nosso redor. Como Gregg explica, no livro “O Efeito Isaías”, o tempo não é apenas linear (passado, presente e futuro) mas também profundidade. A profundidade do tempo consiste em todas as linhas de tempo e de oração que possam ser pronunciadas ou que existam. No essencial, todas as nossas orações JÁ FORAM RESPONDIDAS. O que acontece é que activamos emocionalmente a situação que estamos vivendo, por meios dos nossos SENTIMENTOS. (Re)criamos novamente a “nossa realidade”, ao reprogramá-la com os nossos sentimentos. Activamos

SABEDORIA PALAVRAS SÁBIAS Recolha do R∴Ir∴ Teixeira Cabral

“Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um trazendo um pão, e ao se encontrarem trocarem os pães, cada homem continuará o seu caminho com um pão…. Mas se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um trazendo uma ideia, e ao se encontrarem trocarem as ideias, cada homem irá embora com duas...” Ditado Chinês

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TEIXEIRA CABRAL

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